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Aluno: Gustavo Stoffel Kolrausch

O acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) referente a um Recurso


Especial. O caso trata de uma ação monitória para cobrança de uma dívida de
jogo contraída em um cassino norte-americano. O acórdão defende que, como
a dívida foi integralmente constituída nos Estados Unidos, deve ser aplicada a
lei estrangeira, em conformidade com o artigo 9º da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (LINDB). A corte entende que não há ofensa à
ordem pública nesse caso, uma vez que existe equivalência entre a lei
estrangeira e o direito brasileiro. Além disso, a vedação ao enriquecimento sem
causa, prevista no Código Civil, deve ser considerada em substituição à noção
de ordem pública. O acórdão também trata de outros pontos, como a
prescrição da dívida, a incompetência do órgão julgador e o cerceamento de
defesa. O recurso foi conhecido em parte e, nessa parte, parcialmente provido.

O texto apresenta um recurso especial interposto por Carlos Eduardo de


Athayde Buono, que impugna um acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo. O acórdão tratava de um caso de dívida de jogo, em que o
recorrente emitiu cheques em favor de um cassino norte-americano e
posteriormente se recusou a pagar a dívida. O TJSP entendeu que a dívida era
válida, mas o recorrente alega cerceamento de defesa, pois teve seu pedido de
produção de provas pericial e oral indeferido. Ele também argumenta que a
Corte julgou a ação por um órgão incompetente e que os títulos originais
deveriam ter sido apresentados para dirimir quaisquer dúvidas quanto à
autenticidade dos documentos apresentados. O recurso especial aponta
violação a diversos dispositivos legais, incluindo o Código de Processo Civil de
1973, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e a Lei do Cheque.
O texto refere-se a um recurso especial interposto no Superior Tribunal de
Justiça (STJ) contra decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que julgou
procedente uma ação monitória movida pela empresa WYNN LAS VEGAS LLC
contra o réu CARLOS EDUARDO DE ATHAYDE BUONO, para cobrar uma
dívida de R$ 2.306.400,00 (dois milhões, trezentos e seis mil e quatrocentos
reais), representada por cinco títulos assinados pelo réu no valor total de US$
1.000.000,00 (um milhão de dólares), que foram adquiridos em um cassino em
Las Vegas, nos Estados Unidos.

O réu alegou que a cobrança de dívida de jogo é ilícita no Brasil, mesmo que a
dívida tenha sido contraída legalmente no exterior, e que, portanto, a cobrança
não poderia ser admitida no país. Ele também argumentou que o tribunal de
origem deixou de analisar a controvérsia à luz dos dispositivos legais que foram
apontados como ofendidos. No entanto, o STJ entendeu que não houve
omissão por parte do tribunal de origem e que, como a obrigação foi constituída
integralmente nos EUA, a cobrança deve ser regida pelas leis americanas.
Além disso, o STJ destacou que, embora o jogo explorado por cassinos seja
proibido pela legislação brasileira, ele é lícito em diversos estados americanos,
assim como em outros países. O STJ, portanto, negou provimento ao recurso
especial e manteve a decisão do tribunal de origem.
O recurso apresentado sustenta que a apelação e os embargos de declaração
foram julgados por um órgão absolutamente incompetente, a Décima Quinta
Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Isso
porque, segundo alegação do recorrente, essa câmara não possui competência
para julgar ações de cobrança de dívida de jogo, uma matéria que seria de
competência residual da Primeira a Décima Câmara da Seção de Direito
Privado do Tribunal paulista. No entanto, para se constatar se houve
julgamento do recurso por órgão incompetente e se, no caso, a competência é
absoluta, seria necessário examinar a competência interna da Corte estadual,
algo que não pode ser realizado em recurso especial. Isso se deve ao fato de
que a competência interna do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo está
estabelecida em resolução e em seu Regimento Interno, normas que não se
revestem da qualidade de lei federal e, portanto, não são passíveis de análise
em recurso especial.
Discute a possibilidade de uma dívida originada de um jogo de cartas realizado
em um cassino dos Estados Unidos ser exigida perante o Poder Judiciário
brasileiro. Segundo a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, as
obrigações são regidas pelas normas do país em que foram constituídas e
essas obrigações só são exigíveis no Brasil quando não ofendem a soberania
nacional, a ordem pública e os bons costumes. A ordem pública tem a função
de afastar o direito estrangeiro quando estiver em desacordo com o
ordenamento jurídico brasileiro. A cobrança de dívida originada de jogo ou de
aposta não é permitida no Brasil e não obrigam ao pagamento, mesmo que
seja utilizado qualquer subterfúgio para encobrir a origem da dívida. Portanto,
não é possível exigir o pagamento de uma dívida advinda de jogos ou apostas
em território brasileiro. Conforme a doutrina de Maria Helena Diniz, para não
haver ofensa à ordem pública brasileira, deve existir um mínimo de
equivalência entre a lei nacional e a estrangeira, sob a qual se constituiu a
obrigação. No entanto, como o jogo de cartas realizado em cassinos não está
autorizado nem regulamentado no ordenamento jurídico brasileiro, não há
equivalência entre as leis brasileira e estrangeira e, portanto, não é possível
exigir o pagamento da dívida.
A Wynn Las Vegas LLC ajuizou uma ação de cobrança contra Carlos Eduardo
de Athayde Buono por emissão de cheques no valor de US$ 1.000.000,00 em
Las Vegas, Nevada, nos Estados Unidos da América. A sentença condenou
Buono ao pagamento da quantia pleiteada convertida à taxa de câmbio da data
da contratação (14/3/2011). Buono interpôs recurso de apelação, que foi
negado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. O Tribunal entendeu
que a dívida é reconhecida como válida na norma do país em que foi
constituída, nos termos do art. 9º da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro. Buono interpôs um recurso especial alegando violação de diversos
artigos do Código de Processo Civil, Lei nº 3.688/41, Lei do Cheque, Código
Civil e Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. O relator do recurso
votou no sentido de negar provimento ao recurso especial por não vislumbrar
ofensa à ordem pública brasileira. No entanto, a Ministra Nancy Andrighi
inaugurou a divergência, alegando que a cobrança de dívida fundada em jogo
não é permitida pelo direito brasileiro e ofende a ordem pública.
Trata-se de um recurso especial interposto por Carlos Eduardo de Athayde
Buono, em que se aponta a violação de vários dispositivos legais. O recorrente
alega a impossibilidade jurídica do pedido, uma vez que se trata da cobrança
de dívida de jogo, que é contravenção penal no Brasil. Além disso, aponta a
existência de nulidades do processo, como o julgamento antecipado da lide, e
a falta de juntada dos documentos originais. O relator concluiu por negar
provimento ao recurso, afirmando que a dívida de jogo lícito contraída em local
estrangeiro deve ser reconhecida em território nacional, nos termos dos arts. 9º
e 17 da LINDB. Quanto às questões processuais, o relator afirmou não ter
havido cerceamento de defesa tampouco violação de regras processuais. A
Min. Nancy Andrighi abriu divergência, defendendo que as atividades de
cassino não podem ser equiparadas aos jogos de loteria, regulamentados no
Brasil.
O texto trata de um caso julgado pelo Superior Tribunal de Justiça envolvendo
um servidor aposentado do Ministério Público de São Paulo que foi cobrado por
uma dívida contraída em um cassino em Las Vegas, nos Estados Unidos, no
valor de US$ 1 milhão. O tribunal debateu a possibilidade jurídica da cobrança
e o cerceamento de defesa, além de questões relacionadas ao direito
internacional privado, já que a dívida foi contraída em outro país. Enquanto
alguns ministros reconheceram a possibilidade jurídica da cobrança, outros
consideraram que a ação não poderia ser exercida no Brasil. O caso levantou
questões sobre a aplicação da legislação estrangeira no Brasil e a
possibilidade de cobrança de dívidas de jogos não regulamentados no país.

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