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AO JUÍZO DA 34° VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE

SÃO PAULO – SP

Processo n°:...
Requerente: Júlia
Requerido: Herdeiros de Jonas...
Natureza da Ação: Ação Declaratória de União Estável Pós Mortem

Júlia..., já qualificada aos autos em referência, vem através de advogado


e procurador regularmente constituído, já qualificado aos autos, com fulcro no
artigo 350 do Código de Processo Civil, apresentar IMPUGNAÇÃO Á
CONTESTAÇÃO oferecida pelos Herdeiros de Jonas, já qualificados aos autos
em referência.

I. DA CONTESTAÇÃO

Na Contestação, aduzem os requeridos que esta Requerente não teria


interesse de agir, haja vista que o de cujus não teria deixados pensão de
qualquer origem à autora, afirmando ser inútil a alegação de que manteve união
estável;
Afirma-se ainda haver litispendência de ação de inventário dos bens
deixados pelo de cujus que tramitava na 1° Vara de Família e Sucessões desta
comarca, em que pede não haver os mesmos elementos identificados em ambas
as ações;
Quanto ao mérito, afirmam os requeridos que não há União Estável, haja
vista que o de cujus mantinha outros relacionamentos. Alegam que o mesmo
possuía relacionamento na cidade vizinha, que se encontravam regularmente.

II. DAS PRELIMINARES

A) DO INTERESSE DE AGIR DA AUTORA

Afasta-se a preliminar de falta de interesse de agir da parte autora. Pois,


na presente ação não seria inútil como alegaram a parte requerida, haja vista
que não se aplicam no presente caso devendo a ação seguir conforme o devido
processo legal.
Pretende a requerida obter sentença judicial declaratória de união estável
que mantinha com Jonas, para ter benefício de pensão por morte. Dessa forma,
remanesce prejudicada a preliminar de falta de interesse de agir, conforme
jurisprudência prevalece nas cortes de Justiça Federal, reconhecida a união
estável pela Justiça Estadual. Nesse sentido:
“PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE PENSÃO POR
MORTE DE COMPANHEIRO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
UNIÃO ESTÁVEL. COISA JULGADA MATERIAL.
ART. 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. (...) 1. Devidamente
comprovada nos autos a condição de dependência
econômica da autora em relação ao falecido companheiro,
por meio da ação declaratória de união estável juntada aos
autos. 2. Não poderia a ré pretender rediscutir a condição
de companheira da autora, tendo em vista a ocorrência de
coisa julgada material, a teor do disposto no art. 5º, XXXVI,
da Constituição Federal. (…)” (TRF4, proc.
200404010460967, Rel. Des. Néfi Cordeiro, DJ de
16/03/2005)

B) DA AUSÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA

Aduzem os requeridos que haveria litispendência, que já tramitava ação


de inventário dos bens deixados pelo de cujus, razão que acrescentam naquele
juízo deveria ter sido discutido qualquer tema relativo a interesse do espólio, pois
como postularam, o juízo do inventário atrairia os processos em que o espólio é
réu, fundamento esse que não merece ser acolhido.
Nestes termos, Humberto Teodoro Junior conceitua que:
“(...) A finalidade do procedimento sucessório contencioso é definir os
componentes do acervo hereditário e determinar quem são os herdeiros que
recolherão a herança (inventário), bem como definir a parte dos bens que
tocará a cada um deles (partilha). Para alcançar esse objetivo, caberá ao juiz
solucionar todas as questões suscitadas, seja em torno dos bens e obrigações
do de cujus, seja em torno da qualidade sucessória dos pretendentes à
herança. Sobre o campo de atuação do juiz nesse procedimento especial,
dispõe o art. 612 que ‘o juiz decidirá todas as questões de direito desde que os
fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias
ordinárias as questões que dependerem de outras provas”. Disso decorre a
regra geral que é a de competir ao juiz do inventário a solução de toda e
qualquer questão de que dependa o julgamento do inventário e da partilha.
Como procedimento especial da sucessão causa mortis não contempla dilação
probatória, sempre que os documentos disponíveis não forem suficientes para
a solução das questões surgidas, o magistrado do inventário remeterá os
interessados para as vias ordinárias (...) O que justifica essa remessa para as
vias ordinárias não são as complexidades do direito, mas apenas as
dificuldades de produção das provas pertinentes. As questões apenas de
direito, por mais controvertidas e complexas que sejam, haverão sempre de
ser enfrentadas e decididas pelo juiz do inventário (...)” (THEODORO JÚNIOR,
Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Procedimentos Especiais – vol.
II – 50ª ed. Rev. Atual. E ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 277, versão
digital)

Assim, afasta-se a preliminar de litispendência, pois o objeto da ação


anterior é distinto do pretendido na ação presente.

III. DO MÉRITO

Quanto ao mérito, dizem os requeridos não haver União estável por


supostamente o requerido possuir outros relacionamentos.
De antemão, é de observar que os próprios requeridos reconhecem que
esta requerente residia de fato com o de cujus no período aduzido nestes autos.
Não obstante, em que se pede de latente má-fé, tentarem induzir ao erro
este juízo, as alegações de que o de cujus supostamente teria outros
relacionamentos não devem ser levadas a termo, até mesmo porque são
alegações infundadas, totalmente desprovidas de qualquer documento
comprobatórios que às embasem.
Ademais, é válido que o caso de cujus tivesse outros relacionamentos e
extraconjugal, tal fato não é motivo para desconfigurar.

IV. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer pela improcedência das preliminares aduzidas na


contestação, bem como as razões de fato e de direitos apresentadas também
em contestação, devendo ser reconhecida a União Estável da autora com o de
cujus.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

São Paulo – SP, 12/10/20...

Advogado
OAB...

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