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EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA E DOS

REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE BRUSQUE:

USUCAPIÃO Nº 5010455-28.2021.8.24.0011
AUTORES: LURDETE MARIA REITZ E BRAZ REITZ
RÉUS: ESPÓLIO DE WALMOR JOSÉ REITZ E AUGUSTA TEIXEIRA REITZ E
OUTROS

ESPÓLIO DE WALMOR JOSÉ REITZ, já qualificados nos autos em epígrafe,


vem respeitosamente perante Vossa Excelência, nos termos dos art. 335 do CPC,
apresentar CONTESTAÇÃO, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I - DOS FATOS
Os Autores requerem a tutela jurisdicional visando à declaração de
propriedade por usucapião de um terreno rural, dotado de 1.086,31 m², localizado no
lado esquerdo da Rua Otaviano Rosa, s/n, Bairro São João, na cidade de Brusque. O
referido terreno estaria inserido em uma área maior, correspondente à matrícula de nº
60.913 do Ofício de Registro de Imóveis de Brusque, de titularidade do espólio de
Walmor José Reitz e Augusta Teixeira Reitz e dos demais Réus.
Segundo consta na petição inicial, os Autores vem mantendo há 39 anos a
posse mansa, pacífica, sem qualquer oposição ou interrupção e com animus domini do
já citado terreno rural de 1.086,31 m². A posse teria como termo inicial o ano de 1982,
“[...] momentos após o casamento da Requerente Lurdete com o Requerente Braz,
filho dos proprietários registrais já falecidos [...]”. Para os Autores, eles poderiam
pleitear o reconhecimento da prescrição aquisitiva do citado imóvel em seu favor “[...]
já no ano de 1998 [...]”, eis que sempre teriam residido no imóvel “[...] sem oposição
dos então proprietários registrais [...]”.
O pedido deve ser julgado improcedente, uma vez que não restam atendidos
os requisitos para aquisição da propriedade pela usucapião.

II - DO DIREITO
II.1 - PRELIMINARMENTE

O art. 334, caput, do Código de Processo Civil dispõe o seguinte:


Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não
for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima
de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20
(vinte) dias de antecedência.
[...]
§4º A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse
na composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.
Como se pode notar, ao receber a petição inicial, o juiz deve citar o réu para
comparecer a audiência de conciliação ou de mediação, audiência esta que será
dispensável em tão somente duas situações: se ambas as partes declararem de forma
expressa não ter interesse em buscar um acordo (1) ou se a demanda tratar de objeto
sobre o qual não se admite a autocomposição (2). Nas situações que não se
enquadram nessas duas hipóteses, a norma determina a designação da audiência.
No presente caso, nenhuma das partes excluiu a possibilidade de chegar a
um compromisso que ponha fim ao litígio, nem sequer de forma velada, e o objeto da
demanda consiste em direito patrimonial sobre o qual admite-se a composição
consensual. Portanto, não há fator algum a afastar a necessidade de designação de
audiência de conciliação ou de mediação entre as partes.
Cabe observar que há possibilidade concreta de que o litígio tratado neste
processo encerre-se com uma conciliação entre os contendores: o autor Braz Reitz é
um dos herdeiros de Walmor José Reitz e Augusta Teixeira Reitz, de maneira que
suas reivindicações patrimoniais podem, em parte, ser satisfeitas a título de sucessão
hereditária em processo de inventário que já está em curso - ou seja: o autor poderá
obter como herdeiro parte daquilo que pede como usucapiente. Não se pode
esquecer o fato de que lides judiciais envolvendo familiares são provocadas por
rancores e mágoas que transcendem questões atinentes a bens móveis e imóveis,
que são levantadas por parentes emocionalmente feridos com o objetivo de promover
um “ajuste de contas” com aqueles que consideram responsáveis por algum tipo de
injúria. Tendo isso em vista, a designação de uma audiência de conciliação afigura-se
como oportunidade de busca da paz familiar e de depuração da lide, constituindo-se
em momento propício para identificar a parcela da demanda judicial concernente a
pretensões sinceras, racionalmente fundadas, e a parcela concernente a pretensões
sabidamente exageradas, motivadas por vingança ou revanchismo.
Em sede de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, o Tribunal de
Justiça de Minas Gerais firmou entendimento de que o processo é nulo caso não seja
designada a audiência de conciliação prevista no art. 334 do CPC::
EMENTA: INCIDENTE DE DEMANDAS REPETITIVAS - RECURSO
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA - ARTIGO 985 DO CPC -
AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO -
OBRIGATORIEDADE - INCIDÊNCIA ARTIGO 334 DO CPC -
VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL E AO PRINCÍPIO DA
IGUALDADE.
- Para efeitos do artigo 985 do CPC, firma-se a seguinte tese:
"É obrigatória a realização de audiência preliminar a que alude o
art. 334 do CPC, quando inexistente manifestação expressa de
ambas as partes pelo desinteresse na composição consensual. -
É nulo o processo, quando o juiz, diante da manifestação de
apenas uma das partes, deixa de designar a audiência de
conciliação prevista no art. 334 do CPC."
(TJMG, IRDR - Cv 1.0000.17.027556-4/003, Relatora: Desª Juliana
Campos Horta, 2ª Seção Cível, julgamento em 25/08/2022,
publicação da súmula em 14/09/2022)
Em caso semelhante ao presente, assim decidiu o Tribunal de Justiça de
Goiás:

EMENTA: Agravo de Instrumento. Ação de Usucapião.


Indeferimento de Pedido de Designação de Audiência de
Conciliação. Desinteresse que deve ser manifestado por ambas
as partes. 1 - O atual Código de Processo Civil estimula a
autocomposição incentivando a solução dos litígios através da
conciliação. 2 - Apenas o desinteresse de ambas as partes na
realização da audiência de tentativa de conciliação autoriza a não
realização do ato. Exegese do inc. I, do §4º, do art. 334, do
CPC/2015. In casu, não obstante o agravado tenha manifestado
seu desinteresse na autocomposição, a parte agravante
manifestou seu expresso interesse, por conseguinte, há
irregularidade na ausência de designação da audiência de
conciliação pela magistrada de 1º grau. Agravo conhecido e
provido.
(TJGO, Agravo de Instrumento 5196665.14.2019.8.09.0000, Relator:
Des. Carlos Alberto França, 2ª Câmara Cível, publicação em
13/05/2019)
Diante disso, é de rigor a designação de audiência de conciliação ou de
mediação, nos termos do art. 334, caput, do CPC, haja vista que há perspectiva real
de composição do litígio, configurando-se prejuízo a ambas as partes acaso não seja
realizada. Consequentemente, deve haver a declaração de nulidade da citação, com a
devolução do prazo para contestar se não houver autocomposição, nos termos do art.
335, I, do CPC.
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C INDENIZATÓRIA -
CERCEAMENTO DE DEFESA - PEDIDO DE OITIVA DE TESTEMUNHA - INDEFERIMENTO -
UTILIDADE DA PROVA SOBRE OS FATOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO DO AUTOR -
IMPROCEDÊNCIA - CONTRADIÇÃO - OFENSA AO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
DEFESA - AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO SEM QUE AMBAS AS
PARTES TENHAM MANIFESTADO DESINTERESSE EM SUA REALIZAÇÃO - VIOLAÇÃO AO DEVIDO
PROCESSO LEGAL - NULIDADES VERIFICADAS - SENTENÇA CASSADA

- Configura cerceamento de defesa e causa prejuízo à parte o julgamento antecipado de


improcedência por ausência de comprovação do alegado, nos casos em que haja expresso
requerimento de produção de prova relevante para a demonstração da causa de pedir.

- A designação de audiência de conciliação no processo de conhecimento é obrigatória, salvo


nas hipóteses expressamente elencadas no art. 334, §4º do CPC, configurando-se a nulidade
do processo quando ausente qualquer destas circunstâncias e a aludida audiência não é
realizada em primeiro grau de jurisdição. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.21.252281-7/001,
Relator(a): Des.(a) Fernando Lins , 20ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 25/05/2022, publicação
da súmula em 26/05/2022)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

8ª CÂMARA CÍVEL

Autos nº. 0049619-43.2021.8.16.0000/1

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – DECISÃO MONOCRÁTICA – OMISSÃO –

ANÁLISE DE CASO ANÁLOGO JULGADO POR ESTA CORTE – PEDIDO DE

DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO POR AMBAS AS PARTES –

AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA PARA SUPRIMIR O ATO PROCESSUAL –

OMISSÃO SANADA COM EFEITOS INFRINGENTES – POSSIBILIDADE DE

JULGAMENTO IMEDIATO DA CORREIÇÃO PARCIAL – PROVIMENTO PARA

DETERMINAR A DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA COM DEVOLUÇÃO DE PRAZO

PARA APRESENTAR CONTESTAÇÃO.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS COM EFEITOS INFRINGENTES.

(TJPR - 8ª Câmara Cível - 0049619-43.2021.8.16.0000/1 - Curitiba - Rel.: DESEMBARGADOR


GILBERTO FERREIRA - J. 20.08.2021)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA


AUTORA. REVELIA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. EXEGESE DO ARTIGO 319 DO CPC.
EFEITOS DA REVELIA QUE NÃO INDUZEM A PROCEDÊNCIA DA DEMANDA. EXERCÍCIO DE POSSE
USUCAPIONEM NÃO DEMONSTRADO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS FATOS
CONSTITUTIVOS DO DIREITO DA AUTORA. INTELIGÊNCIA DO DISPOSTO NO ARTIGO 333, I, DO
CPC. DECISÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - A revelia apenas induz a
"presunção" de veracidade, o que por si só não obriga a procedência da demanda, cabendo ao
Magistrado verificar se os fatos alegados pelo autor correspondem às provas por ele
colacionadas. II - A legislação aplicável ao caso é a prevista no Código Civil de 1916, isso
porque na data da entrada em vigor do Código Civil de 2002 já havia passado mais da metade
do prazo estabelecido na lei anterior, conforme exegese do artigo 2.028 do Código Civil. II - A
caracterização da prescrição aquisitiva com o reconhecimento da usucapião extraordinária se
faz com a demonstração do animus domini (posse plena ou absoluta), da posse mansa, pacífica
e ininterrupta da coisa por vinte anos ou mais. Sem a comprovação da posse usucapionem
impossível o reconhecimento da prescrição aquisitiva em favor da Autora. (TJSC, Apelação
Cível n. 2010.041380-6, de Mondaí, rel. Júlio César M. Ferreira de Melo, Câmara Especial
Regional de Chapecó, j. 27-10-2014).

Usucapião extraordinária. Prova insuficiente do exercício da posse com animus domini e pelo
lapso temporal do art. 1.238 do CC. Comprovação indispensável, ainda que na hipótese de
revelia. Improcedência mantida. Recurso improvido.

(TJSP; Apelação Cível 1004838-18.2017.8.26.0084; Relator (a): Augusto Rezende; Órgão


Julgador: 1ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional de Vila Mimosa - 4ª Vara; Data do
Julgamento: 30/01/2023; Data de Registro: 30/01/2023)

APELAÇÃO – AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA – SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA –


INSURGÊNCIA DOS AUTORES – IMÓVEL EM CONDOMÍNIO TRADICIONAL PRO DIVISO QUE
PODE SER USUCAPIDO POR UM DOS CONDÔMINOS, DESDE QUE PROVADOS OS REQUISITOS
PARA A DECLARAÇÃO DO DOMÍNIO PELA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA – SENTENÇA AFASTADA –
IMPOSSIBILIDADE DE SOLUÇÃO DO PROCESSO NO SEU MÉRITO NO ESTADO EM QUE SE
ENCONTRA - NECESSIDADE DE SE PRODUZIR AS PROVAS REQUERIDAS NA INICIAL PARA A
COMPROVAÇÃO DO QUANTO ALEGADO – REVELIA DOS RÉUS QUE NÃO FEZ PRESUMIR
VERDADEIROS OS FATOS ADUZIDOS QUE SÃO INVEROSSÍMEIS E QUE JUSTIFICAM, PORTANTO,
A DILAÇÃO PROBATÓRIA REQUERIDA E NÃO OPORTUNIZADA - DERAM PROVIMENTO AO
RECURSO, com determinação.

(TJSP; Apelação Cível 1034506-18.2014.8.26.0576; Relator (a): Alexandre Coelho; Órgão


Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José do Rio Preto - 3ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 19/12/2019; Data de Registro: 19/12/2019)

Ementa: APELAÇAO CIVEL. USUCAPIÃO. BENS IMÓVEIS.


NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO.
DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA. Diante da natureza da ação
de usucapião, necessária a realização de audiência de instrução para fins de
produção de prova, não sendo a documentação acostada pelo autor suficiente
para a procedência do pedido. Assim, embora não seja possível visualizar a
improcedência da demanda, igualmente, não se podo presumir como
verdadeiros os fatos narrados na inicial, não sendo o conjunto probatório
aportado aos autos prova suficiente para a declaração do direito à propriedade
por parte do autor da área
usucapienda. Inaplicabilidade dos efeitos da revelia. ACOLHIDO O
PARECER DO MINISTÉRIO PÚLICO PARA DESCONSTITUIR A
SENTENÇA.(Apelação Cível, Nº 70082361163, Décima Oitava Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Heleno Tregnago Saraiva, Julgado
em: 31-10-2019)
Data de Julgamento: 31-10-2019
Publicação: 07-11-2019
Jurisprudência:

Ementa: USUCAPIÃO. AUSÊNCIA DE


CONTESTAÇÃO. REVELIA. INAPLICABILIDADE. Em sede de ação
de usucapião, inaplicável os efeitos da revelia, tratando-se, como é caso, de
pretensão declaratória ¿erga omnes¿, descabendo a incidência de presunção
contra uma comunidade inteira. APELAÇÃO PROVIDA.(Apelação Cível, Nº
70013379961, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado em: 23-03-2006)
Data de Julgamento: 23-03-2006
Publicação: 10-05-2006
Jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. JUÍZO DA ORIGEM QUE JULGA IMPROCEDENTE A


PRETENSÃO DA AUTORA. IRRESIGNAÇÃO DA DEMANDANTE.

AVENTADO CERCEAMENTO DE DEFESA ANTE O JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.


PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. DESNECESSIDADE. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS
SUFICIENTES À PLENA CONVICÇÃO DO JULGADOR. PRELIMINAR RECHAÇADA. USUCAPIÃO
EXTRAORDINÁRIA. INSTITUTO PREVISTO NO ART. 1.238 DO CÓDIGO CIVIL. PRESCRIÇÃO
AQUISITIVA QUE SE IMPLEMENTA MEDIANTE EXERCÍCIO DA POSSE DE MANEIRA CONTÍNUA,
PACÍFICA E POR TEMPO DETERMINADO. "[...] Pelo modelo tradicional, previsto no caput do
art. 1.238, o requisito que avulta de importância é o tempo exigido [...]. Imperioso é que o
usucapiente, durante o prazo, exerça a posse com animus domini, continuamente e sem
oposição. Como se depreende, não se cobra justo título e boa-fé do possuidor, pois ambos são
presumidos, de nada adiantando, ao contestante em juízo, a prova em contrário, uma vez que
se trata de presunção absoluta - jure et de jure." (NADER, Paulo. Curso de direito civil: direito
das coisas. v. 4. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 119). CASO CONCRETO EM QUE A
USUCAPIENTE CARECE DE POSSE COM ANIMUS DOMINI. REQUISITO NECESSÁRIO NÃO
SATISFEITO. PERMANÊNCIA DA RECORRENTE NO IMÓVEL DE SEUS GENITORES QUE SE DEU
POR MERA TOLERÂNCIA DESTES. CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO INDUZ POSSE. MANUTENÇÃO DA
IMPROCEDÊNCIA. "A precariedade da posse afasta o animus domini necessário à
configuração da usucapião passível de acarretar a prescrição aquisitiva, obstando a prescrição
aquisitiva em favor de determinado familiar e em detrimento dos demais." (Apelação Cível n.
0001062-61.2000.8.24.0057, rel. Des. Monteiro Rocha, j. 8-8-2017). RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0001393-25.2008.8.24.0037, de Joaçaba, rel. Rosane
Portella Wolff, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 14-09-2017).

AÇÃO DE USUCAPIÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IMÓVEL EM QUE RESIDEM OS


APELANTES E, TAMBÉM, SEUS GENITORES E SOGROS. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE
EVIDENCIA QUE A AQUISIÇÃO DO TERRENO USUCAPIENDO SE DEU DE FORMA EXCLUSIVA
PELOS ASCENDENTES. POSSE DO FILHO E DA NORA, PORTANTO, PRECÁRIA, CARACTERIZADA
PELA MERA TOLERÂNCIA E PERMISSIBILIDADE DOS FAMILIARES. DECISÃO ACERTADA.
PROVIMENTO DO RECLAMO TÃO SOMENTE A FIM DE CONCEDER AOS DEMANDANTES A
GRATUIDADE JUDICIÁRIA. RECURSO PROVIDO EM PARTE. "A posse precária, distinta em tudo
do animus indispensável à usucapião, não se transfigura com o passar do tempo, salvo fato
jurídico a alterar sua natureza jurídica, o que aqui não se verifica." (AC n. 2015.000285-9, de
Curitibanos, rel. Des. Henry Petry Junior, j. 11.06.2015). (TJSC, Apelação Cível n. 0000753-
02.2012.8.24.0063, de São Joaquim, rel. Cesar Abreu, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 06-04-
2017).

s documentos acostados pelos demandados, de outra parte, evidenciam serem eles os únicos
proprietários e possuidores do imóvel litigioso, havendo então emprestado aos demandantes,
a título gratuito, parte do terreno recém adquirido, a fim de que lá fosse edificada a moradia
do filho e da nora.

Tem-se, portanto, a partir dos elementos de prova contidos nos autos, que a posse
exercida pelos apelantes é, desde o princípio, precária, exatamente porque fundada em atos
de mera tolerância e liberalidade de seus pais e sogros, estes legítimos proprietários da
integralidade do imóvel tanto perante o registro de bens quanto perante a comunidade que
lhe cerca.

E sendo a posse precária, como se explanou no exórdio deste voto, inábil à aquisição da
propriedade por intermédio da usucapião (CC art. 1.240), mostra-se acertada a sentença
objurgada, na qual se rejeitou o pedido formulado na peça exordial.
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DAS COISAS. AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA.
INACOLHIMENTO DO PEDIDO PELA SENTENÇA. IMÓVEL DE PROPRIEDADE DOS GENITORES E
SOGROS DOS AUTORES, RESPECTIVAMENTE. PRETENDIDO CÔMPUTO DO TEMPO EM QUE
RESIDIRAM NO BEM JUNTAMENTE COM OS PROPRIETÁRIOS. AUSÊNCIA, TODAVIA, DE ANIMUS
DOMINI. POSSE PRECÁRIA, NESSE PERÍODO, CARACTERIZADA PELA MERA TOLERÂNCIA E
PERMISSIBILIDADE DESSES FAMILIARES. EXERCÍCIO DE POSSE QUE, ADEMAIS, PARA VALER EM
FACE DOS DEMAIS CONDÔMINOS, DEVE SER PRATICADO À SUA EXCLUSÃO. PRAZO
PRESCRICIONAL NÃO DEMONSTRADO (CC ART. 1238). DECISÓRIO INCENSURÁVEL. RECURSO
DESPROVIDO. 1. "É possível ao condômino usucapir parcela ou o todo da área em condomínio
desde que se diga possuidor qualificado do bem-objeto. Isso porque seus atos são tidos como
praticados não em nome da coletividade, mas sim no interesse próprio, persistindo a
comunhão apenas de direito, tendo a situação fática deixado de existir - tudo a partir das
diretrizes da teoria da asserção. Em hipóteses tais, juridicamente possível é o pedido, legítimo
é o condômino e configurado resta o interesse processual." (AC n. 2014.001693-4, de Araquari,
Quinta Câmara de Direito Civil, rel. Des. Henry Petry Junior, j. 13.03.2014). 2. Nesse caso
específico, todavia, somente com a constituição do condomínio - na hipótese, com a abertura
da sucessão (CC art. 1.784) - é que podem ter início os atos de posse próprios do interessado
(condômino) em usucapir, e que, dotado de animus domini, passe a se contrapor à composse
dos demais herdeiros. (TJSC, Apelação Cível n. 2014.095012-4, de Orleans, rel. Eládio Torret
Rocha, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 13-08-2015).

Contudo, no caso em exame a pretensão esbarra nas exigências impostas, pelo Código Civil, à
aquisição da propriedade por intermédio da usucapião (CC art. 1.238), vez que precária a
posse exercida pelos autores enquanto viva a proprietária Martinha Vitório Mateus.

E isto porque até o falecimento de Martinha, ocorrido em 10.08.2009 (fl. 12), os atos
praticados pelos apelantes no uso do imóvel - a exemplo do mútuo contratado para aquisição
de materiais de construção (fls. 18/25) - não contraditavam a propriedade registral, mas se
traduziam, em verdade, em simples permissibilidade e tolerância da proprietária, não
servindo, em absoluto, para caracterizar o exercício da posse com ânimo de dono. Inclusive,
como enfatiza Benedito Silvério Ribeiro, "O conhecimento do domínio alheio faz com que a
posse seja exercida sem animus domini" (Tratado de Usucapião, v. 1, 6ª ed., São Paulo: Editora
Saraiva, 2008. p. 712).

Dessa forma, somente após o falecimento de Custódio e Martinha tiveram início, com a
abertura da sucessão (CC art. 1.784), os atos de posse própria dos apelantes, e que, dotados
de animus domini, se opõem à composse dos demais herdeiros.

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO - IMÓVEL OBJETO DE


HERANÇA - OCUPAÇÃO DO BEM POR MERA PERMISSÃO DO GENITOR QUANDO EM VIDA -
ANIMUS DOMINI - AUSÊNCIA - REQUISITOS NÃO CONFIGURADOS - PEDIDO IMPROCEDENTE -
RECURSO NÃO PROVIDO.
- O usucapião representa forma de aquisição originária da propriedade pelo exercício de posse
qualificada por período de tempo determinado pela lei, devendo, no caso do extraordinário,
ser demonstrados os requisitos do art. 1.238 do Código Civil.

- Evidenciada nos autos que a posse exercida no imóvel objeto de herança, ainda que com
exclusividade, é decorrente de mera permissão, resta ausente o animus domini, devendo ser
julgado improcedente o pedido de declaração de aquisição da propriedade por meio do
usucapião. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.22.215022-9/001, Relator(a): Des.(a) Rinaldo
Kennedy Silva , 16ª Câmara Cível Especializada, julgamento em 12/12/2022, publicação da
súmula em 13/12/2022)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO - IMÓVEL OBJETO DE


HERANÇA - ANIMUS DOMINI - AUSÊNCIA - REQUISITOS NÃO CONFIGURADOS - PEDIDO
IMPROCEDENTE - RECURSO NÃO PROVIDO.

- O usucapião representa forma de aquisição originária da propriedade pelo exercício de posse


qualificada por período de tempo determinado pela lei, devendo, no caso do extraordinário,
ser demonstrados os requisitos do art. 1.238 do Código Civil.

- Diante da ausência de provas de que o requerente esteve na posse do imóvel objeto da ação
com animus domini, tendo em vista compartilhar com seus genitores a posse do bem que
pertencia a eles, deve ser julgado improcedente o pedido de declaração de aquisição da
propriedade por meio do usucapião. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.22.159149-8/001,
Relator(a): Des.(a) Rinaldo Kennedy Silva , 16ª Câmara Cível Especializada, julgamento em
17/08/2022, publicação da súmula em 18/08/2022)

Assim, verifico que ao contrário do alegado pelo apelante, restou comprovado que ele sempre
morou no imóvel que pertencia aos seus genitores, e moravam juntos em razão de relação
familiar, motivo pelo qual é possível concluir pela inexistência de animus domini, diante da
precariedade da posse exercida, incidindo, no caso, o disposto no art. 1.208 do Código Civil,
que estabelece:

"Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade".

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