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A coisa julgada, portanto, não é efeito da sentença definitiva, e sim qualidade desse
efeito.2
Esta é a clara distinção que devemos fazer da qualidade da coisa julgada e seus efeitos.
1
Professor de Direito e Processo do Trabalho da Escola Superior de Advocacia do Rio de
Janeiro; Mestrado em Direito pela Universidade Antonio de Nebrija – Madri – Espanha; Professor
do Decisum Estudos Jurídicos/RJ e Juiz do Trabalho da 1a Região.
2
Neste sentido: Marques, José Frederico, Manual de Direito Processual Civil, vol. III, Millennium,
2001, pág. 324.
3
Liebman, eficácia e autoridade da sentença, pág. 40, apud Ovidio Baptista da Silva, Curso de
Processo Civil, vol I, 5a edição, RT, 2000, pág. 485.
4
Sentença e Coisa Julgada, Sérgio Fabris, Porto Alegre, 1979, p. 93 e seguintes.
2.1. Coisa Julgada Formal
2.1.1. Conceito.
O CPC vigente enumerou as sentenças que fazem coisa julgada formal no art. 267,
verbis:
Art. 267 - Extingue-se o processo, sem julgamento do mérito:
5
Por todos, Dinamarco, Cândido Rangel, Instituições de Direito Processual Civil, vol. III,
Malheiros, 2001, pág. 297.
6
Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 3 o vol., 11a ed., Saraiva, 1990, pág. 44.
VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação,
como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o
interesse processual;
A extinção do processo, nas hipóteses acima expostas, não obsta que a ação seja
renovada (extingue-se o processo e não o direito subjetivo), salvo nos casos do art. 267,
V (perempção, litispendência e coisa julgada), quando a lei processual impôs a perda da
ação (pretensão) e não do direito em sí, que poderá ser matéria de defesa. Neste sentido
a regra do art. 268, do CPC, in verbis:
7
Dinamarco, ob. cit., pág. 185.
empresa tomadora dos serviços, na hipótese de terceirização – enunciado 331, IV, do
TST. Decidindo o juiz pela inexistência da relação de emprego ou de responsabilidade
do tomador dos serviços a sentença deveria ser de fundo, rejeitando o pedido do autor,
extinguindo-se o processo, com julgamento de mérito, na forma do art. 269, I, do CPC.
2.2.1. Conceito
Para Vicente Greco Filho9 “a coisa julgada material é a imutabilidade dos efeitos que se
projetam fora do processo e que impede que nova demanda seja proposta sobre a
mesma lide”. O ilustre professor paulista destaca, com tal conceito, o chamado efeito
negativo da coisa julgada material, que consiste na proibição de que a demanda já
definida seja reapreciada por outro juiz.
Humberto Theodoro Junior10 adere ao grupo daqueles que definem a coisa julgada como
“qualidade da sentença, assumido em determinado momento processual. Não é efeito da
sentença, mas a qualidade dela, representada pela “imutabilidade” do julgado e seus
efeitos”
8
Ob. cit., pág. 306.
9
Direito Processual Civil Brasileiro, 2o vol, 7a ed., Saraiva, 1994, pág. 240.
10
Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 22a ed., Forense, RJ, 1997, pág. 525.
11
Neste sentido, além dos autores já citados: Ernane Fidélis dos Santos, Manual de Direito
Processual Civil, 4a ed., vol. 1, Saraiva, SP, 1996, pág. 579; Frederico Marques, ob. cit., pág.
299; Amaral Santos e Dinamarco, obras citadas.
A coisa julgada material e a formal são dois degraus de um mesmo fenômeno
(Liebman). Opera-se a formal pela impossibilidade da sentença sofrer recursos e,
consequentemente, sendo o julgamento de mérito, tornam-se imutáveis os seus efeitos.
Banalização que aliás parece ter-se iniciado com advento da M.P. nº 2.180-35, inserindo
um parágrafo único no art. 741 do CPC, com a seguinte redação:
12
Dinamarco, Instituições ..., pág. 307.
13
Instituições, pág. 307.
14
A exemplo de outros institutos jurídicos que pelo uso indiscriminado foram banalizados como
a indenização por dano moral.
Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação
tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.”
Mesma redação foi imposta ao art. 884 da CLT pela M.P. antes referida, acrescentando à
norma celetista um parágrafo quinto.
Quisesse o Poder Executivo contribuir para a proteção dos valores mais elevados
previstos na Constituição teria restringido a incidência desta M.P. às decisões proferidas
pelo Supremo nas Ações Declaratórias de Inconstitucionalidade ou de
Constitucionalidade15.
15
Sobre o efeito destas ações – Sylvio Motta e Willian Douglas, Direito Constitucional, Impetus,
9a ed., 2002, pág. 532 e seguintes.
16
Cintra, Grinover e Dinamarco, ob. cit., pág. 93.
17
Art. 62, par. 1o , “b”, da CRFB/88, com a redação da E. C. nº 32/2001.