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TEORIA DA DECISÃO JURÍDICA E RECURSOS NO PROCESSO CIVIL

1- Introdução
Os pronunciamentos do juiz se dão conforme o Art.203;

Código de Processo Civil – Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão


em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

Código de Processo Civil – Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado


proferido pelos tribunais.

A-) Sentença: É o pronunciamento por meio do qual o juiz põe fim a fase de
conhecimento do processo civil em primeira instância.
A sentença soluciona a lide, ou seja, resolve o conflito dizendo quem tem
razão, o juiz extingue a execução.
Finaliza a ação.
Dividindo-se em terminativa ou definitiva.
Na sentença há o relato do acontecimento fundamentados para que no final o
juiz descido se a ação procedente ou improcedente (é deferida- aceita ou indeferida-
desconsiderada)

B-) Decisão Interlocutória: É todo pronunciamento judicial que tem natureza


decisória, mas não é sentença. Nela, cabe recurso de agravo de instrumento.
Decisões dadas durante o processo – no caminho do processo.

C-) Despacho; São todos os pronunciamentos judiciais que não tem caráter
decisório. No despacho não cabe recurso, uma vez que ele não possui natureza
decisória.
Impulsionamento do processo.

D-) Acórdão: É o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. Em segunda


instância.

2. SENTENÇA

Subdividida em:
- Terminativa: Há extinção da ação, sem resolução do mérito, ou seja, sem
resolver o conflito.
- Definitiva: Há extinção do processo com resolução do mérito. Nela o juiz
declara qual das partes tem razão.
Mesmo que o processo seja extinto sem resolução do mérito, é possível o autor
entrar com uma nova ação mesmo que idêntica. Mas caso extingue com resolução do
mérito, não é possível uma nova ação idêntica (caso julgado).

2.1 Sentença Terminativa:

A sentença terminativa é aquela que tem como consequência judicial a


extinção do processo sem a resolução do mérito. Não impedindo que o autor proponha
(ingresse) uma nova ação contra o mesmo réu se baseando nos mesmos fatos
(idêntica).

Ocorre a extinção do processo sem resolução do mérito quando:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - Indeferir a petição inicial;


- Detalhamento do Inciso I no Art.330
II - O processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - Verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo;
V - Reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada;
VI - Verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando
o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - Em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por
disposição legal; e
X - Nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente
as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas
e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX,
em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu,
desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa
pelo autor depende de requerimento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos
deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que
a parte proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I,
IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que
levou à sentença sem resolução do mérito.
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do
pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em
abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto,
ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

Hipóteses de Extinção do Processo sem a resolução do Mérito, ou seja, o


Juiz determina sentença terminativa quando:

a-) quando a petição inicial for indeferida:

Art.485 Inciso I: Indeferimento da petição inicial.

- Os motivos de indeferimento (o juiz não aceita) da petição inicial estão


descritos no Art.330 CPC:

Art.330 Inciso I – For inepta;

Art.330 - § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:


I - Lhe faltar pedido ou causa de pedir (Fatos + fundamentos);
II - O pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se
permite o pedido genérico (não pode ser pedido genérico, ou seja, quando não
específica valor, objeto ou período).
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão (o pedido não
corresponde com o fato. Ex. Bate o carro e pede danos morais)
IV - Contiver pedidos incompatíveis entre si.
- Ou seja, não traz fundamentos, fatos e pedido. Ou quando os pedidos não
são compatíveis entre si:

Art.330 Inciso II - A parte for manifestamente ilegítima;


- Quando a parte não é titular do direito.

Art.330 Inciso III - o autor carecer de interesse processual;


- O autor não tem o interesse em agir

Art.330 Inciso IV - Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

b-) Paralização e Abandono do processo:

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
II - O processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
- Nenhuma das partes se manifestam durante um ano.

III - Por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
- O autor abandona o processo por mais de 30 dias, com a concordância do
Réu.

§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa


pelo autor depende de requerimento do réu.

Obs. É necessário a concordância do Réu, pois não seria vantajoso que a ação
seja extinta, visto que, sem sua concordância e abandono por parte do autor, o juiz
daria continuidade levando a maior possibilidade de extinção com resultado de mérito,
sendo o réu a parte vencedora.
Logo, seria mais interessante para o réu a continuação do processo. Além do
que, o autor pode entrar novamente com a ação.

§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada


pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.

-Antes de extinguir o processo, as partes serão intimadas a comparecer


pessoalmente no prazo de 5 dias úteis.
- Nas hipóteses do inciso I e II, o juiz, antes de extinguir o processo sem
escolher o mérito, deverá intimar as partes que deverão comparecer pessoalmente no
processo em um prazo de 5 dias úteis.

Código de Processo Civil – Art. 219. Na contagem de prazo em dias,


estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos
processuais.

c) Ausência de pressupostos processuais de existência ou de validade;


Presença de pressupostos processuais negativos

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

IV - Verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento


válido e regular do processo;
- Ausência de requisitos previstos na constituição e não possuir um
desenvolvimento válido (requisitos lógicos).
V - Reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada

a-) Perempção: Punição jurídica a parte que abusar do direito de ação.


Ocorre na hipótese de o autor causar a extinção do processo sem a resolução
do mérito por abandonar a causa 3 x. Na quarta, não poderá mais demandar
judicialmente uma ação idêntica.
Provocou a extinção do processo sem a resolução do mérito 3 vezes por
abandono, não poderá recorrer a quarta

b-) Litisprudencia: Ocorre quando há duas ou mais latis idênticas pendentes


de julgamento. Ex. Processa o Arthur uma segunda vez com uma ação idêntica da
primeira que ainda não foi extinta.

c-) Coisa Julgada: Termina a ação com trânsito julgado, mas entra com uma
nova. Idêntica à anterior. Isso não é permitido.
A ação já foi resolvida com resolução de mérito (sentença definitiva), logo não
pode entrar com a ação novamente, pois as partes não podem rediscutir
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando
o juízo arbitral reconhecer sua competência;

a-) Arbitragem: Sentença arbitrária é aquela que é pronunciado pelo arbitro ou


no tribunal arbitral que encerra o procedimento arbitral.
É um mecanismo privado de resolução de conflito, não ocorrendo dentro do
poder judiciário. Sendo o conflito resolvido por um terceiro escolhido por ambos as
partes.
- Sendo as partes capazes e o direito disponível poderão elas mediante de uma
cláusula arbitral em contrato, estabelecer que, eventual litígio, será solucionado ela
câmara arbitral, pelo arbitro e não pelo poder judiciário.
Ou seja, a convenção de arbitragem (meio pelo qual as partes recorrem a
arbitragem visando a solução de seus conflitos) afasta a competência do poder
judiciário.

Obs. Dadas as hipóteses do inciso V e VII, o processo será extinto sem


resolver o mérito, não podendo mais o autor pleitear o réu e o objeto (repropor uma
ação idêntica).

d) Irregularidade no exercício do direito de ação

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

VI - Verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

- Somente o autor, isso é, aquele que pode propor a ação, pois teve seu direito
violado, possui legitimidade ativa.
- Aquele que possui legitimidade passiva é o réu, ou seja, o responsável pelo
dano.
O legitimado ativo é o autor, na qual é o titular da pretensão jurídica, por outro
lado, o legitimado passivo é o réu, que resiste as pretensões do autor.
Portanto, se nas hipóteses o juiz verificar a ilegitimidade de uma das partes, ele
irá proferir uma sentença terminativa.
Referente ao interesse processual> É o interesse em agir.
Decorre da necessidade de se comprovar que sem o provimento jurisdicional
(acolhimento do juiz), a parte não terá determinado direito satisfeito, ou seja, ela
necessita que o juiz resolva a lite dizendo quem tem razão.

e) Desistência da ação

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

VIII - Homologar a desistência da ação;


§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu,
desistir da ação.

§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

- Somente o autor possui o direito de formular a desistência da ação.


- O Juiz não resolverá o mérito quando homologar a desistência da ação
formulada pelo autor. Entretanto, esta somente poderá ser homologada com a
concordância do réu e a desistência ser apresentada até a sentença.
Logo após a sentença, mesmo com a concordância do réu, o juiz não poderá
homologar a desistência.

Pergunta: Se o réu for revel (comunicado oficialmente do processo e não se


defende), deve ser intimado para eventual oposição ao pedido de desistência da ação
formulado pelo autor?

O réu revel é quando ocorre a revelia, ou seja, o ato de o réu deixar de se


defender, mesmo tendo sido citado, ou oficialmente informado, por ato da justiça, da
existência de um processo judicial contra ele.
Há três hipóteses de réu revel:

a-) Caso, o réu seja revel, mas é representado por um advogado, o juiz deverá
intimar seu representante legal, para que se manifeste sobre o pedido de desistência
da ação formulada pelo autor.

b-) Caso, o réu seja revel e não tem advogado constituído, o juiz devera o
intimar pessoalmente para que se manifeste sobre o pedido.

c-) Caso o réu, mesmo intimado continua na revelia, o juiz irá homologar a
desistência da ação que fora pedido pelo autor, extinguindo o processo sem resolver o
mérito.

Se o réu não tiver apresentado defesa, o autor poderá desistir sem problemas.
Logo, poderá desistir na petição inicial sem a concordância do réu.
f) Intransmissibilidade do Direito

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

IX - Em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por


disposição legal;

- Direito intransmissível, não é passado para terceiros nem herdeiros,


nascendo e morrendo com o seu titular.
- Quando o direito é intransmissível, o juiz irá proferir uma sentença
terminativa.

g) Outros casos

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

X - Nos demais casos prescritos neste Código.

- O CPC não é um rol taxativo, logo, há outras hipóteses que levam a extinção
do processo sem a resolução do mérito previstas pelo código em outros dispositivos.

a-) Incapacidade processual ou irregularidade na representação da parte (art.


76, § 1º, I, CPC);
- Autor não é capaz

b-) Revogação da gratuidade da justiça sem que haja recolhimento do


numerário devido (art. 102, parágrafo único, CPC);
- Deixa de pagar quando a ação passa a ser cobrada.

c-) Falta de citação do litisconsorte passivo necessário faltante (art. 115,


parágrafo único, CPC).

2.1.1. Atuação oficiosa do Juiz

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX,


em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

- O juiz pode de ofício (o poder que possui em virtude do cargo ocupado)


reconhecer as hipóteses previstas nos incisos citados acima e resolver o processo
sem resolver o mérito, independentemente da manifestação da parte.
IV - Verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo;
V - Reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada;
VI - Verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
IX - Em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por
disposição legal

2.1.2. Peculiaridade recursal

Código de Processo Civil – Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos


deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

- O juiz possui um prazo de 5 dias para reconhecer a inexistência de uma das


situações previstas no rol do art.485, podendo proferir uma sentença definitiva.

Efeitos da Sentença Terminativa.

Código de Processo Civil – Art. 486. O pronunciamento judicial que não


resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.

§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I,


IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que
levou à sentença sem resolução do mérito.

- Os vícios, antes de entrar novamente com a ação, devem ser corrigidos.

§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento


ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

- Deve ser comprovado que houve o pagamento de todas as despesas antes


de entrar com uma nova ação.

§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono


da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe
ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
2.2. SENTENÇA DEFINITIVA

É aquela que tem como consequência jurídica a extinção do processo com a


resolução do mérito, ou seja, o juiz ao sentenciar irá acolher ou rejeitar os pedidos
formulados pelo autor inicial ou a reconvenção pelo réu.
- Gera coisa julgada, tendo resolução de mérito.

a) Acolhimento ou rejeição do pedido

Código de Processo Civil – Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o


juiz:

I - Acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

- O juiz resolverá o mérito quando acolher ou rejeitar o todo ou em partes o


pedido formulado inicial ou na reconvenção (A reconvenção é um pedido realizado
pelo réu de um processo ao apresentar contestação sobre as alegações do autor na
petição inicial).

b) Decadência ou prescrição

Código de Processo Civil – Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o


juiz:

II - Decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou


prescrição;

- Caso haja constatação de prescrição ou decadência, o juiz irá proferir uma


sentença definitiva não sendo possível portanto a reproposta da demanda.

c) Homologação de atos dispositivos ou autocompositivos

Código de Processo Civil – Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o


juiz:

III - homologar:

a-) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na


reconvenção;

- Quando o juiz homologar o reconhecimento feito pelo réu aos pedidos


formulados pelo autor no início ou quando o juiz homologar o reconhecimento do autor
aos pedidos formulados pelo réu na reconvenção.
- O autor pede 100 mil e o réu reconhece que ele tem o direito.
- Quando o autor ou o réu reconhece o pedido formulado
b-) a transação;

- As partes fazem um acordo.


- Quando o juiz homologar o acordo extrajudicial realizadas entre as partes.

c-) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

- O autor renuncia seu direito subjetivo de agir, pois não quer mais ter o direito
de ação.
- Não precisa do reconhecimento do réu, pois, será a parte vencedora e haverá
trânsito julgado.
- Não será capaz de entrar novamente na ação.
- Quando o juiz homologar a renúncia acarretará na sentença definitiva, não
exigindo a concordância da parte contrária.

d) Possibilidade de julgamento de mérito

Código de Processo Civil – Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o
mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual
pronunciamento nos termos do art. 485.
Ex.: Mesmo que haja inépcia da inicial (o que justifica a extinção do processo
sem resolução de mérito), o réu se defende e viabiliza o proferimento de sentença de
improcedência do pedido.
- Sempre que possível o juiz deve dar preferência ao julgamento de mérito.
Ao invés do juiz, ao identificar um vício, extinguir a sentença sem resolução de
mérito e esperar que o vício seja resolvido (Art.486, 1°) para que o autor entre
novamente com uma ação, ele resolve o mérito, pois a situação é favorável ao réu.
- Há aqui uma aplicação da máxima, que diz que, não há nulidade sem
prejuízo, ou seja, mesmo que ocorra uma das hipóteses do Art.485, caso o réu exerça
seu direito de defesa apresentado sua contestação, será viabilizado o proferimento de
uma sentença definitiva e não terminativa.

3. ELEMENTOS DA SENTENÇA

Código de Processo Civil – Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


I - O relatório
II - Os fundamentos
III - o dispositivo

a-) A função do relatório é relatar aquilo que ocorreu no processo, resumindo o


caso apontando os fatores relevantes.
No relatório, o juiz irá fazer um breve relatório do processo, identificando o
nome das partes, o resumo do caso, apontará os pedidos do autor, os fundamentos de
defesa do réu, irá indicar os principais acontecimentos do processo até a sentença.

b-) os fundamentos é a análise dos fatos e argumentos que fundamentaram o


dispositivo.

c-) Dispositivo: é o resultado. Onde o juiz profere sua opinião. Julgo


procedente, improcedente ou parcialmente procedente.
No dispositivo, o juiz irá apresentar sua tese jurídica, sobre o caso e irá
resolver a litis, acolhendo ou rejeitando o pedido formulado pelo autor no inicial ou na
reconvenção pelo réu.

3.1. Princípio da motivação

Constituição Federal – Art. 93. IX – Todos os julgamentos dos órgãos do


Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e
a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

- Toda decisão judicial deve ser justificada, motivada sobre pena de nulidade.
Devendo explicar para as partes o motivo de sua decisão.
- A decisão não pode ser padronizada nem copiar os artigos como justificativa.
- Pelo princípio da motivação, é necessário que toda a decisão jurídica seja
fundamentada/ motivada sobre pena de anulação. Não são permitidas sentenças
padronizadas que não enfrentem os pedidos do autor ou a defesa do réu.
Além disso, também será nula a sentença que a pena transcreve a letra de lei
ou enunciado de súmula ou jurisprudência.

4. VINCULAÇÃO DA SENTENÇA AOS PEDIDOS

Código de Processo Civil – Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou


rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes.

- Tudo aquilo que foi pedido deverá ser analisado pelo juiz, para que no final
acolha ou rejeite o todo ou a parte.
- Sentença citra petita

Código de Processo Civil – Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites
propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo
respeito a lei exige iniciativa da parte.
- O juiz deverá respeitar os limites atribuídos aos pedidos, não podendo
atribuir, por exemplo, um valor maior daquilo solicitado.
- Sentença ultra petita

Código de Processo Civil – Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de


natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou
em objeto diverso do que lhe foi demandado.

- O juiz deve acolher somente aquilo pedido pelas partes, não acrescentando
um pedido e ignorando o que de fato foi solicitado.
- Sentença extra petita

a-) Sentença citra petita = Não analisa todos os pedidos. O juiz não analisa
todos os pedidos formulados pelo autor na inicial.
Ex. Pedido dano material e moral, mas na sentença o juiz analisa somente a
moral, se esquecendo de se manifestar sobre o outro pedido.
- Art.490 CPC;

Obs. No caso o juiz declarar parcialmente procedente o processo, não haverá


defeito e a sentença não será citra petita, pois nesse caso, o juiz analisou e se
manifestou sobre todos os pedidos do autor e apenas não acolheu todos.

b-) Sentença ultra petita = Nela, o defeito é caracterizado pelo fato de o juiz
conceder ao autor mais do que pedido em sua inicial.
Ex. Pede 5 mil de dano moral e o juiz concede 10 mil.
- Art.491 CPC;

c-) Sentença extra petita = Nela, o juiz concede um provimento jurisdicional


totalmente diverso do que foi pedido pelo autor.
Ex. O autor pede uma obrigação de fazer contra o réu, mas na sentença o juiz
concede danos morais.
- Art.492 CPC.

5. FATOS NOVOS

Código de Processo Civil – Art. 493. Se, depois da propositura da ação,


algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do
mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte,
no momento de proferir a decisão.

- Surgimento de novas provas no decorrer do processo (Ex. nova testemunha).


- É permitido atribuir novas provas, caso estas não fossem possíveis antes.

Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes


sobre ele antes de decidir.

- Após a proposta inicial, será possível juntar um fato ou documento novo no


processo, devendo o juiz para tanto apreciar antes de proferir a sentença.

6. PRINCÍPIO DA INVARIABILIDADE DA SENTENÇA

Código de Processo Civil – Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá


alterá-la:
I - Para corrigir lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais
ou erros de cálculo;
II - Por meio de embargos de declaração.

- Após a publicação da sentença, ela é inalterável, salvo os casos no art.494.


- Por oficio ou requerimento das partes.
- Recursos previstos no art.1.022 CPC, tendo prazo de 5 dias úteis.

Obs.: As hipóteses de embargos de declaração estão previstas no artigo 1.022


do CPC.

Publicada a sentença ela é inalterável e somente poderá ser corrigida de oficio


ou requerimento pela parte no caso dela conter uma inexatidão material ou erro de
cálculo, além disso, também poderá ser alterada por meio de recurso de embargas de
declaração previsto no Art.1,022 CPC tendo um prazo a ser apresentado de 5 dias
úteis e visa combater emissões, obscuridades e inexatidão da sentença.

7. REMESSA NECESSÁRIA

Código de Processo Civil – Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição,
não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - Proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - Que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução
fiscal.

- Remessa necessária é o reexame da sentença contra o órgão público quando


está em desvantagem.
- Quando não ocorre a apelação.
- Consiste no reexame obrigatório de uma sentença proferida em desfavor de
uma pessoa jurídica de Direito Público pelo tribunal, ou seja, na sentença proferida
contra a União, Estados, DF e Municípios serão reexaminados de maneira obrigatória
pelo tribunal caso o Ente Federado não apresente recurso de apelação.

§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal,
o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do
respectivo tribunal avocá-los-á.

- Caso o juiz de 1° instancia não remete aos atos ao tribunal para o reexame
necessário, o presidente do respectivo tribunal poderá avocar o ato e realizar o
reexame necessário nos termos do Art.496

§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa


necessária.

- Regra geral.

 7.1. Exceções

Súmula STJ = É autorizado a remessa necessária, somente se não houver


recurso de apelação, visto que não será necessário, pois com a apelação, já irá para o
reexame do tribunal

Súmula 45 STJ = A parte faltante será remetida a remessa necessária. Ex.


danos morais e físicos, só ocorre apelação para a moral, logo, a ocorrerá remessa
necessária para a física.

- O tribunal no reexame necessário está proibido de agravar a condenação que


fora imposta a pessoa jurídica de Direito Público.

Súmula 325 = Até mesmo os honorários dos advogados estão sujeitos.

Código de Processo Civil – Art. 496.


§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito
econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e
fundações de direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as
respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam
capitais dos Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público.
avocá-los-á.

Código de Processo Civil – Art. 496.


§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver
fundada em:
I - Súmula de tribunal superior;
II - Acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal
de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de assunção de competência;
IV - Entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.

- Não havendo reexame necessário contra sentença que estiver fundamentada


em súmula de tribunal superior ou em acordão proferida pelo STF e STJ em
julgamento de recursos respectivos ou com base em entendimentos firmados em
IRDR ou Incidente de Assunção de competência ou entendimento coincidente com a
sumula administrativa no próprio

8. JULGAMENTO DAS AÇÕES RELATIVAS ÀS PRESTAÇÕES DE FAZER,


DE NÃO FAZER E DE ENTREGAR COISA

 8.1. Prestações de fazer ou não fazer

Código de Processo Civil – Art. 497. Na ação que tenha por objeto a
prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela
específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.

a-) Tutela específica = Consiste o Direito que está sendo pleiteado pelo autor
na inicial. Realizou o contrato, mas não cumpriu, terá uma tutela especifica
determinada.
b-) Resultado prático equivalente = Na impossibilidade de concessão da tutela
especifica, o juiz poderá determinar providencias que possibilitem os resultados
práticos equivalentes ao Direito pleiteado pelo autor na inicial.
Ex. O autor pede que seja internado no hospital público, mas em virtude de
ausência de leitos o juiz determinara que o autor seja internado no hospital particular
custeada pelo Estado.

 8.1.1. Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de


Obrigação de Fazer ou de Não Fazer

Código de Processo Civil – Art. 536. No cumprimento de sentença que


reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de
ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela
pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do
exequente.

- O juiz pode de oficio ou a requerimento das partes, determinar algumas


medidas que garantem o cumprimento de uma sentença que reconheça a exigibilidade
de uma obrigação de fazer ou não fazer.
Tais medidas corresponderam a imposição de multa, busca e apreensão,
desfazimento de obra, dentro outras. Sendo possibilitada o uso de força policial.

 8.2. Prestações de entregar coisa

Tutela especifica pela qual o juiz obriga a entrega da coisa.


Não entra equivalência, somente tutela especifica.

Código de Processo Civil – Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega
de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da
obrigação.

Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e


pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha,
ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo
juiz.

- O juiz determinara o prazo para entrega de uma determinada coisa (tutela


especifica) podendo impor ao réu multa ou determinada busca e apreensão.

 8.3. Conversão em perdas e danos


Código de Processo Civil – Art. 499. A obrigação somente será convertida
em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

Código de Processo Civil – Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-
se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumprimento
específico da obrigação.

- Não conseguiu entregar o que combinou, pode converter a qualquer momento


em perdas e danos.
- Somente se houve a impossibilidade de entregar o objeto.
- O juiz pode de oficio, caso verificar a impossibilidade, converter.
- A multa imposta pelo juiz aos dias de atraso da entrega não interfere da
conversão.
A obrigação de fazer pode ser convertida em perdas e danos por meio de
requerimento do autor ou ser determinada por oficio pelo juiz na hipótese de ser
impossível a satisfação da tutela específica ou na hipótese de ser impossível a
satisfação da tutela pelo resultado prático equivalente.
Obs. Segundo o Art.500 do CPC, a indenização por perdas e danos não
impede a fixação de multa que tem como objeto obrigar o réu ao cumprimento da
obrigação.

COISA JULGADA

1. CONCEITO

- Sentença não mais sujeita a recurso e alteração.


- Traz segurança jurídica as partes, pois a decisão não será mais alterada –
Direito fundamental

Constituição Federal – Art. 5º. XXXVI - a lei não prejudicará o direito


adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Código de Processo Civil – Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a


autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a
recurso.

A coisa julgada é um direito fundamental do indivíduo, estando previsto no rol


do Art.5° da CF/88. A coisa julgada consiste na autoridade que torna imutável e
indiscutível uma decisão judicial de mérito que não esteja mais sujeita a qualquer tipo
de recurso.
a-) Imutável: Não pode ser alterada. A decisão de mérito que não esteja mais
sujeita a recursos não pode ser alterada pelo poder judiciário, ou seja, o juiz proferiu a
sentença. Não pode mais alterar a decisão que formou coisa julgada.
b-) Indiscutível: Não está sujeita a novas discussões. A decisão de mérito que
não esteja mais sujeita a recursos, não pode ser levada pelas partes ao judiciário para
uma nova discussão e uma novo posicionamento.

Obs.: Quais decisões ficam sujeitas à coisa julgada?


- Ficam sujeitas a coisa julgada as sentenças que acarretarem em sentença
definitivas (Art.487)

2. COISA JULGADA FORMAL E COISA JULGADA MATERIAL

a-) COISA JULGADA FORMAL: É aquela que decorre de uma sentença


terminativa e que impossibilita que as partes continuem com a discussão do mérito,
apenas neste processo, mas não impossibilita que as partes levem este memo objeto
para uma nova rediscussão em uma nova ação judicial.
A coisa julgada formal, dever ser analisada como sendo de eficácia endo
processual, ou seja, apenas pelos efeitos do processo que o originou.

b-) COISA JULGADA MATERIAL: Aquela decisão judicial de mérito imutável e


indiscutível, por não estar mais sujeita a qualquer recurso, a coisa julgada material
possui eficácia extraprocessual, fazendo a lei entre as partes impedindo uma nova
discussão sem aquele objeto que transitou em julgado em outra ação judicial.
A coisa julgada material decorre de uma sentença definitiva, que é aquela que
extingue o processo com a resolução de mérito.
- Prescrição e Decadência causam coisa julgada material.
- Possui força de lei – Deve ser cumprida independentemente da vontade das
partes.

3. LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA

Código de Processo Civil – Art. 503. A decisão que julgar total ou


parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente
decidida
- A coisa julgada acarreta na seguinte característica da sentença definitiva que
transitou em julgado:
Ela será imposta de maneira obrigatória as partes, independentemente de suas
vontades, tendo força de lei.

a-) Julgamento TOTAL do mérito: Ocorre quando o juiz na sentença enfrenta


todos os pedidos formulados pelo autor na inicial ou pelo réu na reconvenção, ou seja,
a coisa julgada material irá abranger todos os pedidos analisados pelo juiz na
sentença.
b-) Julgamento PARCIAL do mérito (art. 356, CPC): Há possibilidade de
julgamento parcial do mérito quando o pedido for incontroverso ou quando esse
pedido estiver em condições de julgamento imediato (conforme estabelecido no 355).

Obs. Réu Revel: Aquele que mesmo solicitado não se apresenta.


- Revelia = O réu é aquele que mesmo citado não apresenta contestação no
prazo legal. A revelia produz dois efeitos (em que o réu estará em desvantagem
processual):
1-) Material: As alegações de fato feitas pelo autor são consideradas como
sendo verdadeiras não estando mais sujeitas a qualquer impregnação.
2-) Processual: Prevista no Art.355, Inciso II – CPC, que o efeito que
possibilita o julgamento imediato de lide.

Código de Processo Civil – Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito


quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:

I - Mostrar-se incontroverso;
II - Estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.

Código de Processo Civil – Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o


pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando:

I - Não houver necessidade de produção de outras provas;


II - O réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349.

3.1. Elementos não alcançados pelos Limites Objetivos da Coisa Julgada

Código de Processo Civil – Art. 504. Não fazem coisa julgada:

I - Os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte


dispositiva da sentença;
II - A verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

- Os fundamentos (motivos) e fatos (relatório) não fazem coisa julgada.

4. LIMITES SUBJETIVOS DA COISA JULGADA

Código de Processo Civil – Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes
entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
- A sentença faz coisa julgada apenas as partes envolvidas no processo, não
atingindo terceiros, estranhos a esta relação processual

ELEMENTOS DE TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1. RECURSO: CONCEITO

“É o remédio voluntário e idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a


reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que se
impugna” (José Carlos Barbosa Moreira).
- Instrumento para contestar a sentença.
- Instrumento utilizado quando quer mudar o resultado.
- PI  Contestação  Julgamento  Sentença
- Ambas das partes podem recorrer a este instrumento
- Prazo de 15 dias corridos
- Possui força de lei
- Não é obrigatório recorrer (direito subjetivo), mas deve expressas sua vontade
dentro do limite estabelecido.
Recurso é um instrumento facultativo utilizado pela parte prejudicada para
impugnar uma decisão judicial visando a sua reforma, invalidação ou esclarecimento.
Via de regra, o prazo para interposição de um recurso contra uma decisão judicial é de
15 dias úteis com exceção do recurso de embargo de declaração que deve ser feito
em até 5 dias úteis.

1.1 - Elementos para caracterização dos recursos

a-) Manifestação de Interesse em recorrer (deve ser voluntário, visto que se


trata de um direito subjetivo)
b-) Recurso deve ser interposto no mesmo processo em que foi proferida a
sentença (deve recorrer no mesmo processo)
c-) Finalidade (reformar/ invalidar ou esclarecer)
- Reformar um ato injusto ou equivocado
Deve-se denunciar através do recurso, qualquer ato injusto ou equivocado
praticado pelo juiz em um processo (ex. sentença que se fundamenta no laudo pericial
de perito não qualificado)
- Apontar que não houve o devido exercício do direito
Deve-se apontar no recurso a inobservância ao devido processo legal (Ex.
caso o juiz defira de maneira injustificável a oitiva de uma testemunha arrolada pela
parte, haverá cerceamento ao direito de defesa dessa parte, portanto, violação ao
princípio contraditório da ampla defesa. Logo, a parte prejudicada pode recorrer,
visando invalidar esta decisão judicial.
- Combater um erro ou algo que não ficou claro/ explicar melhor determinada
parte.
Ocorre por meio dos embargos de declaração e visa combater a obscuridade
(ex. erro de português, redação confusa), omissão (ex. ocorre no caso de o juiz
esquecer de analisar um pedido da parte na sentença) e contradição (ex. o juiz na
sentença julga procedente ou improcedente os pedidos formulados pelo autor)

1.3. Fundamentos dos recursos


Segundo a doutrina, há dois fundamentos:

a-) Controle do arbítrio judicial


Evitar equívocos e abusos. Controlar a injustiça
- Visa combater e evitar abusos praticados pelo poder judiciário.

b-) Controle da qualidade das decisões judiciais emitidas


Tudo deve ser analisado. Evitando sentença padrão
Os recursos visam controlar a qualidade das decisões evitando decisões sem
fundamento ou decisões em que haja uma simples transcrição de texto legal, não
sendo observado todos os elementos da sentença.

1.4. Espécies de recursos

Código de Processo Civil – Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - Apelação;
II - Agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - Embargos de declaração;
V - Recurso ordinário;
VI - Recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - Embargos de divergência.

Código de Processo Civil – Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.

1.5. Princípios

a-) Duplo grau de jurisdição: Reexame por uma segunda instancia


É o direito da parte de ter a sua demanda reexaminada e analisada por um
órgão colegiado de segunda instancia.

b-) Correspondência: Quando o recurso está entrelaçado com um


pronunciamento.
Contra uma decisão judicial deve-se apresentar um recurso correspondente.
Ex. Na sentença cabe recurso de apelação. Além disso, em via de regra, é possível
apenas a interposição de um único recurso por vez contra uma determinada decisão
jurídica.

c-) Unicidade, singularidade ou unirrecorribilidade: Mesmo conceito da


correspondência

d-) Taxatividade: “rol taxativo” aquilo que está descrito.


As espécies de recurso estão previstas no CPC ou em leis espeças federais.

e-) Fungibilidade: Analise da boa-fé. Aceitara, se não grotesco e dentro do


prazo, o erro no recurso.
Segundo o princípio da fungibilidade caso a parte interponha um recurso
indevido, ele será aceito pelo poder judiciário, caso não seja um erro grotesco e caso a
parte tenha observado o prazo recorrente. Ou seja, deve-se analisar a boa-fé do
decorrente.

f-) Proibição da reformatio in pejus: Não pode piorar a situação de quem


recorreu. Deve analisar quem está recorrendo.
Não poder judiciário piorar a situação da parte que recorre. Ex. Um réu foi
condenado a pagar 5 mil de danos morais, caso recorra, não pode ter sua condenação
majorada pelo tribunal de justiça.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS

1) TOTAL OU PARCIAL

Código de Processo Civil – Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no


todo ou em parte.

Total: ocorre quando a parte impugna toda a decisão judicial que está sendo
recorrida
Parcial: ocorre quando somente uma parte da decisão judicial é impugnada

2) FUNDAMENTAÇÃO LIVRE OU FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA

Quanto à fundamentação, o recurso pode ser classificado em: recurso de


fundamentação livre - não há exigência legal para que seja apontado vício na decisão
impugnada; recurso de fundamentação vinculada - a lei exige que a parte aponte
certos vícios na decisão impugnada.
Livre: Recurso na qual a parte deve demonstrar apenas o interesse em
recorrer. Ex. Apelação
Vinculado: Aquele em que a parte deve demonstrar além do interesse recursal,
as razões pelas quais está impugnando a decisão judicial. Ex. Embargos de
declaração.
3) RECURSO ORDINÁRIO OU RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Ordinário: São os interpostos na mesma relação processual, isto é, antes do


trânsito em julgado. Sob essa ótica, todos os recursos do Direito brasileiro são
ordinários, uma vez que sempre interpostos na mesma relação processual.
Aquele que possibilita um amplo e total reexame de todas as questões que
ocorreram no processo, permitindo uma nova analise dos fatos, das provas e até
mesmo de fatos novos que surgiram no decorrer do processo. Ex. Recurso de
apelação.
Extraordinário: Visa unificar questões relativas que envolvem direito
constitucional ou direito infraconstitucional. Ex. Recurso de divergência, especial,
extraordinário.

3. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

a) Tempestividade
É o prazo para entrar com o recurso. Solicitar:

Código de Processo Civil – Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso


conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia
Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos
e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Obs.: Prazo em dobro para recorrer: MP (art. 180 do CPC), pessoas jurídicas
de direito público (art. 183 do CPC), defensoria pública (art. 186 do CPC).

- Em via de regra, o prazo geral para interposição de um recurso é de 15 dias


úteis, com exceção dos Embargos de Declaração que possuem um prazo de 5 dias
úteis.
- Ministério Público, Defensoria Publica e as pessoas judiciais de Direito
Publico possuem o prazo em dobro.

b) Preparo

É o pagamento, feito na época certa, das despesas processuais


correspondentes ao processamento do recurso interposto.

Código de Processo Civil – Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o


recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os
recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos
Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção
legal.
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o
recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na
pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de
deserção.
- São as contas processuais que o recorrente deve pagar no ato da
interposição de seu recurso sem pena de deserção, ou seja, de ter seu recurso
indeferido.
- Caso não realize o pagamento, o recorrente deverá realizar o pagamento em
dobro, como uma forma de punição.

Obs. Os beneficiários da justiça estão isentos de pagamento de preparo.

c) Legitimidade
Aquele que pode recorrer ao recurso.

- Quem for parte na relação processual;


- O terceiro prejudicado (ex.: advogado tem legitimidade para recorrer de
sentença em que tenham sido fixados os honorários); - Aqueles que foram
prejudicados poderão recorrer.
- O Ministério Público, seja no processo em que for parte ou naqueles em que
tenha atuado como fiscal da lei.

d) Interesse: Tem interesse recursal a parte contra qual foi proferida uma
decisão judicial desfavorável

e) Regularidade formal: O recurso deve apresentar fundamentação jurídica e


sua finalidade que pode ser a reforma, invalidação ou o esclarecimento da decisão.

f) Inexistência de fato impeditivo: Caso haja renúncia ou desistência da ação


o recurso não será conhecido.

4. EFEITOS DOS RECURSOS

a-) Obstativo: Impede o trânsito em julgado da decisão que está sendo


decorrida.

b-) Suspensivo: Impede a eficiência da decisão que está sendo impugnada,


ou seja, suspende os efeitos da decisão contra a qual foi interposta o recurso.
c-) Devolutivo: Aquele que decorre pra analise pelo poder judiciário a matéria
e objeto de um recurso

d-) Translativo: É a possibilidade que o tribunal possui para avocar os altos de


um processo esteja sendo discutido matéria constitucional. Mesmo sem recurso ao
tribunal pode, se for de matéria constitucional, realizar o recurso.

e-) Substitutivo: A decisão proferida por um órgão superior


Ex. Acórdão do TJ substitui a decisão contra qual foi interposto em recurso.
Ex. Sentença, caso o órgão superior tem entendimento divergente do órgão
inferior.

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