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GUSTAVO BERTOCCO

SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______ª VARA CÍVEL DA


COMARCA DE GOIÂNIA

URGENTE!
MÁRIO GARCIA DA COSTA FILHO, brasileiro, casado,
agropecuarista, portador da Cédula de Identidade RG nº 8.380.443-2 SSP/SP e regularmente
registrado no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o nº 019.921.028-48,
residente e domiciliado na Avenida 15 nº 456, CEP 14790-000, Centro, Guaíra, Estado de São
Paulo, endereço eletrônico harasnossasenhoraparecida@hotmail.com, por seu advogado (doc.
01), com escritório profissional na Avenida do Vereador n° 30, CEP 19053-450, Alto da Boa
Vista, Presidente Prudente, Estado de São Paulo, endereço eletrônico
gustavo@gustavobertocco.com.br, onde receberá as futuras publicações e intimações desta
demanda, vem respeitosamente perante Vossa Excelência propor

AÇÃO DECLARATÓRIA C/C RESCISÃO DE CONTRATO


com pedido de tutela de urgência de natureza cautelar (arts. 300 e 301 do CPC)

em face de FELIPE FIGUEIRA DA COSTA, qualificação desconhecida, inscrito no Cadastro de


Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o nº 013.320.181-30, residente e domiciliado na
R-SB S/N, QD 24 L, L 8, Portal Sol II, CEP 74884-636, Goiânia, Estado de Goiás, endereço
eletrônico mendesjunioradvogados@hotmail.com, consoante os fatos e fundamentos jurídicos
a seguir expostos, consoante os fundamentos a seguir expostos:
FATOS
Em 12 de outubro de 2019 foi realizado o 12º Leilão Haras

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Nossa Senhora Aparecida, oportunidade em que o Réu arrematou lote ofertado pelo Autor,
correspondente a 100% (cem por cento) do animal IASMIN FAME HNSA, fêmea puro sangue
da raça quarto de milha regularmente registrada sob o n° P264292, nascida em 27/08/2017, cor
tordilho:

A arrematação foi presidida pelo Leiloeiro Rural Agnaldo


Agostinho de Souza, e, em decorrência disso, as partes celebraram o anexo contrato de
compra e venda com reserva de domínio, através do qual o Réu se obrigou a pagar ao Autor
a quantia de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) em 30 (trinta) parcelas mensais e sucessivas no
valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) vencendo-se a primeira em 12/10/2019 e a última em
12/03/2022.

O certificado de registro do animal (doc. anexo) comprova


que o animal é de propriedade do Autor. Diante da arrematação, o Autor entregou a posse do
equino ao Réu, sendo que a transferência do registro se daria apenas após a quitação do valor
total do negócio. No entanto, o Réu não enviou a via do contrato assinada ao Autor, e, ainda,
deixou de efetuar os pagamentos decorrentes da arrematação, existindo saldo devedor de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais).

Como se vê, o Réu violou o ajustado, uma vez que após levar o
animal para sua propriedade deixou de pagar as parcelas avençadas, sem sequer dar
explicação que justificasse sua inadimplência. O Autor buscou manter contato com o Réu,
visando solucionar o impasse extrajudicialmente, sem, contudo, lograr êxito nas diligências
realizadas, uma vez que o Réu sempre utilizou evasivas, se escusando do pagamento.

Além da inadimplência acima apontada, o Autor teve


conhecimento de que o Réu está contraindo inúmeras dívidas, conforme comprova a pesquisa
realizada junto ao site do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e Tribunal de Justiça do

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Estado de Goiás.

Ou seja, o Réu é devedor contumaz, habituado a adquirir


animais de raça de elevado valor e não pagar pelas compras efetuadas. Tendo em vista o
elevado valor do animal, os riscos de lesão, somados à extensa relação de processos que
tratam de inadimplência de equinos, resta inequivocamente comprovado o risco de
dilapidação da única garantia que o Autor teria em caso de desfazimento do negócio.
Vide a relação de processos movidos contra o Réu:

Exa., se o Réu vender o animal lesará o Autor a ponto de fazer


perecer a coisa objeto do negócio, única garantia existente. Some-se a isso, D. Julgador, que
se nada for feito imediatamente, o Réu pode simplesmente remover o equino a outro local,
visando impedir a localização deste (frise-se, trata-se de semovente, de fácil remoção), sendo
necessário garantir a existência da coisa objeto do litígio, ou seja, o equino IASMIN FAME
HNSA, o qual está descrito no registro anexo.

Assim sendo, verifica-se que não restou alternativa ao Autor


que não fosse a propositura da presente demanda.

DO DIREITO
DA NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO E RESCISÃO DO CONTRATO DE COMPRA E
VENDA DE EQUINO POR INADIMPLEMENTO DO RÉU

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Como é cediço, contrato é toda a convenção estabelecida


entre duas ou mais pessoas para constituir ou regular uma relação jurídica obrigacional.

Como narrado anteriormente, o Autor é legítimo proprietário do


animal IASMIN FAME HNSA, (registro anexo) e este foi arrematado pelo Réu em um leilão,
fato este comprovado pela certidão do leiloeiro rural (a qual possui fé pública - nos termos
do artigo 16 da Lei 4021/19611).

Ademais, ao longo de toda a instrução restará insofismavelmente


comprovado o negócio jurídico celebrado entre as partes, especialmente após a produção de
prova oral.

Assim sendo, necessária a declaração da relação jurídica


estabelecida entre as partes, bem como a consequente rescisão desta por manifesta
inadimplência do Réu. Segundo Pontes de Miranda2:

Há ação declarativa para declarar-se, positiva ou negativamente, a existência


da relação jurídica, quer de direito privado, quer de direito público, quer de
direito de propriedade, quer de direito de personalidade, quer de direito de
família, das coisas, das obrigações ou das sucessões, civis ou comerciais.

Lembre-se, ainda, o princípio da força obrigatória dos contratos


(pacta sunt servanda), nas palavras do Mestre Orlando Gomes3:

O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o


contrato é lei entre as partes. Celebrado que seja, com observância de todos
pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado
pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais
imperativos. O contrato obriga os contratantes, sejam quais forem as
circunstâncias em que tenha de ser cumprido. Estipulado validamente seu
conteúdo, vale dizer definidos os direitos e obrigações de cada parte, as
respectivas cláusulas têm, para os contratantes, força obrigatória. Diz-se que é
intangível, para significar-se a irretratabilidade do acordo de vontades.
Nenhuma consideração de equidade justificaria a revogação unilateral do
contrato ou a alteração de suas cláusulas, que somente se permitem mediante
novo concurso de vontades. O contrato importa restrição voluntária da
liberdade; cria vínculo do qual nenhuma das partes pode desligar-se sob o
fundamento de que a execução a arruinará ou de que não o teria
estabelecido se houvesse previsto a alteração radical das circunstâncias.
Essa força obrigatória atribuída pela lei aos contratos é a pedra angular
da segurança do comércio jurídico.

No mesmo sentido, impecável a lição do festejado civilista


4
Sílvio de Salvo Venosa , como se passa a transcrever:
1 Art. 16 As certidões ou contas que os leiloeiros extraírem do seus livros quando êstes se apresentarem em
forma irregular relativamente às vendas, tem fé pública.
2 Tratado das Ações, RT, 1971, p. 335, idem, p.36
3 ”Contratos", 12ª Edição, 1991, página 38, Editora Forense
4 Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo, Atlas, 2003, 3. ed., v. 2, p. 394.

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Cada parte tem direito de exigir que a outra cumpra sua parcela na avença. É
característica ínsita ao sinalagma presente nesse negócio. Permite a lei que o
contratante suste sua parte no cumprimento até que o outro contratante
perfaça a sua. (...) O fundamento desse princípio repousa no justo equilíbrio
das partes no cumprimento do contrato, fundamentalmente em razão da
equidade, portanto. É uma aplicação do princípio da boa-fé que deve reger os
contratos (...).

Verifica-se, assim, que o contrato existente entre as partes


deve ser rescindido por inadimplência do Réu, em atenção ao princípio da obrigatoriedade dos
contratos. Dispõe artigo 475 do Código Civil:

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do


contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
casos, indenização por perdas e danos.

Clara é a lição de Sílvio Rodrigues:

Condição resolutiva da obrigação. – Dado o inadimplemento unilateral do


contrato, pode o contratante pontual, em vez da atitude passiva de defesa,
adotar um comportamento ativo na preservação de seus direitos. De fato, se o
inadimplemento resulta de culpa de um dos contratantes, a lei concede ao
outro uma alternativa. Com efeito, pode ele: a) exigir do outro contratante o
cumprimento da avença; ou b) pedir judicialmente a resolução do contrato... A
opção, pelo menos no campo teórico, constitui prerrogativa do contratante
pontual e a lei (Cód. Civ., art. 1.092, parágrafo único) determinando que a parte
lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com perdas
e danos, concede uma faculdade que o beneficiário usará se quiser. Caso não
queira e seja possível alcançar tal resultado, optará pelo cumprimento do
contrato...5
No mesmo sentido, a lição de Sílvio de Salvo Venosa:

Por derradeiro, o parágrafo único do artigo 1.092 dispõe que: ‘a parte lesada
pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com perdas e
danos’. Trata-se, portanto, do grande corolário do fundamento dos contratos
bilaterais. A parte que não deu causa ao descumprimento pode pedir o
desfazimento judicial do contrato. O termo rescisão utilizado pela lei tem
o sentido de extinção do contrato por inadimplemento de uma das partes.
O vocábulo guarda sempre conotação judicial, embora nem sempre haja
necessidade da decisão judicial para imputar o desfazimento contratual. Todos
os contratos bilaterais, portanto, trazem essa chamada cláusula resolutória
implícita que permite a rescisão. Se, contudo, as partes fizerem-na constar
expressamente no contrato, (cláusula resolutória expressa), poderão estipular
outros efeitos para a hipótese, prefixando uma multa, por exemplo. Ainda que
as partes tenham expressamente convencionado a resolução automática no
caso de descumprimento, há efeitos do desfazimento do contrato que só
podem ocorrer com uma sentença judicial, que se fará necessária 6. (grifo
nosso)

Orlando Gomes, a respeito do assunto, doutrina:

A impontualidade do pagamento resolve o contrato. Se uma das partes não


cumpria as obrigações que lhe incumbem, a outra pode optar entre exigir o
5 Direito Civil – Dos contratos e das declarações unilaterais de vontade – v. 3 – Saraiva - São Paulo - 1990 – p. 87.
6 Direito Civil – Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos – Atlas S.A. – São Paulo – 2001 – p. 355

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cumprimento, quando possível, ou pedir a resolução do contrato... a extinção


dos contratos mediante resolução tem como causa a inexecução por um dos
contratantes, denominando-se, entre nós, rescisão, quando promovida pela
parte prejudicada com o inadimplemento. Resolução é, portanto, um remédio
concedido à parte para romper o vínculo contratual mediante ação judicial 7.

Ainda, consta nos artigos 418 e seguintes do CC:

Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a
outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as
arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua
devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.

Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar


maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a
parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos,
valendo as arras como o mínimo da indenização.

Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para


qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra
parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os
casos não haverá direito a indenização suplementar.

Assim sendo, comprovada a inadimplência do Réu, e que este


foi devidamente constituído em mora (vide instrumentos de protesto), tendo quedado inerte até
o momento, necessário o decreto de rescisão contratual por sua exclusiva culpa, autorizando o
Autor a reter os valores recebidos até o momento da inadimplência, os quais são destinados à
indenização pela utilização do equino durante o período em o animal esteve na posse do Réu.

DA TUTELA DE URGÊNCIA
DA NECESSÁRIA CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR

Como dito anteriormente, além da inadimplência do contrato


celebrado com o Autor, o Réu está utilizando o animal em competições, as quais expõem o
animal a riscos de lesões. Tendo em vista o valor do animal, os riscos existentes com o
perecimento do bem, e a possibilidade do Réu vendê-lo (por se tratar de semovente, de fácil
remoção), resta inequivocamente comprovada sua intenção de não pagar o Autor, e, ainda,
dilapidar a única garantia em caso de desfazimento do negócio.

Como exaustivamente narrado anteriormente, além de causar


prejuízo ao Autor, o Réu pode a qualquer momento remover o equino para lugar desconhecido
e incerto e oferecê-lo à terceiros, mesmo ciente de que este não compõe seu patrimônio, em
notória má-fé, colocando em risco não só o Autor como também e principalmente
terceiros de boa-fé que porventura comprem o animal.

7 Contratos, Forense, 1975, p. 291/292 e 190/191

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Observa-se que se assim agir, o Réu lesará o Autor a ponto de


fazer perecer a coisa objeto do negócio, única garantia existente, como já se disse.
Considerando que se o Réu vender o animal para terceiro não será mais possível a localização
deste, necessário se faz o presente pedido para que se garanta a existência da coisa objeto do
litígio, ou seja, o animal IASMIN FAME HNSA. A pretensão encontra-se amparada no artigo
300 e seguintes do CPC:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada


mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra
alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.

Clara é a lição de Humberto Theodoro Júnior:

Para a tutela de urgência, não é preciso demonstrar-se cabalmente a


existência do direito material em risco [...] como ensina Ugo Rocco. “O juízo
necessário não é o de certeza, mas o de verossimilhança, efetuado
sumária e provisoriamente à luz dos elementos produzidos pela parte”8.

A respeito do assunto, doutrina Humberto Theodoro Júnior:

Para obtenção da tutela de urgência, a parte deverá demonstrar fundado


temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as
circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela. E isto pode ocorrer quando
haja o risco de perecimento, destruição, desvio, deterioração, ou de
qualquer mutação das pessoas, bens ou provas necessários para a perfeita
e eficaz atuação do provimento final do processo 9.

Como se percebe, o Réu está contraindo várias dívidas (vide


relação de processos contra ele promovidos). Se nada for feito e o equino perecer ao longo
desta demanda, dificilmente o futuro cumprimento de sentença terá êxito, sendo de rigor o
sequestro cautelar do equino. Frise-se: o sequestro em nada prejudicará o Réu, eis que este
poderá reaver o bem assim que quitar a dívida com o Autor. É o que ensina a uníssona
jurisprudência do E. Tribunal de Justiça de Minas Gerais (grifo nosso):

EMENTA: SEQÜESTRO - VENDA DE GADO - CHEQUE SEM FUNDOS -


LIMINAR - REQUISITOS - CONCESSÃO.
- Para a concessão da medida liminar de sequestro, devem estar presentes os
requisitos do art. 822 do Código de Processo Civil.
- O fundando receio de danificações equivale ao receio sério, objetivo,
amparado por evidência de que possam ocorrer agressões físicas ao bem, tais
como destruição total ou parcial, abandono, mas também a tentativa de
ocultação (TJMG – Agravo de Instrumento 1.0479.12.022606-9/001,
Relator(a): Des.(a) Amorim Siqueira, 9ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em

8 Curso de Direito Processual Civil – Editora Forense Ltda. – Rio de Janeiro – 2015 - 56ª ed. – s/n (e-book)
9 Curso de Direito Processual Civil – Editora Forense Ltda. – Rio de Janeiro – 2015 - 56ª ed. – s/n (e-book)

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07/05/2013, publicação da súmula em 13/05/2013)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CAUTELAR DE SEQUESTRO.


CONTRATO DE PARCERIA AGRÍCOLA. VENDA DE SEMOVENTES. A
medida cautelar de sequestro tem lugar quando ficar constatado o risco
de perecimento de bens determinados, que, por serem litigiosos, devem
ser resguardados para futura execução de obrigação de dar coisa certa
(TJMG - Agravo de Instrumento 1.0470.09.059491-7/001, Relator(a): Des.(a)
José Flávio de Almeida, 12ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 16/09/2009,
publicação da súmula em 28/09/2009)

SEQUESTRO - VENDA DE GADO - CHEQUE SEM FUNDOS - LIMINAR -


REQUISITOS - CONCESSÃO.
- Merece ser mantida a decisão que concedeu liminar em medida cautelar
de sequestro quando presentes os requerentes legais que autorizam a
decisão, principalmente quando o Juiz, em seu despacho, ressalta ser a única
medida capaz de assegurar a efetiva prestação da tutela jurisdicional. Recurso
não provido. (TJMG - Agravo de Instrumento 2.0000.00.442737-0/000,
Relator(a): Des.(a) Alberto Aluízio Pacheco de Andrade, julgamento em
31/08/2004, publicação da súmula em 18/09/2004)

EMENTA: MEDIDA CAUTELAR DE SEQUESTRO - SEMOVENTES -


LITIGIOSIDADE E PERIGO DE DANO COMPROVADOS - LIMINAR
DEFERIDA - ALEGAÇÕES DE QUESTÕES ESTRANHAS AOS LIMITES DA
DECISÃO AGRAVADA - NÃO CONHECIMENTO. Em sede de agravo o
Tribunal está adstrito ao conteúdo da decisão agravada, sendo impertinente a
invocação de teses que, além de não terem sido ainda examinadas pelo juiz
singular, não interferem no exame da legalidade do que restou definido na
instância inferior. Em ação cautelar examina-se apenas dos requisitos do
fumus boni juris e periculum in mora e, tratando-se de sequestro
preparatório, tem cabimento a liminar quando demonstrada a litigiosidade
existente sobre o bem e o risco de seu desaparecimento. (TJMG - Agravo
de Instrumento 2.0000.00.329178-1/000, Relator(a): Des.(a) Silas Vieira,
julgamento em 17/04/2001, publicação da súmula em 05/05/2001)

O fumus boni juris e o periculum in mora estão evidentemente


comprovados: i) o Autor é legítimo proprietário do equino; ii) o Réu adquiriu o bem através de
negócio jurídico celebrado entre as partes; iii) o Réu inadimpliu o negócio celebrado, pois não
pagou o valor no prazo acordado; iv) o Réu tem utilizado o equino em diversas competições
pelo país e v) o Réu, notificado extrajudicialmente (documentos anexos), quedou-se inerte.

Assim, resta comprovada a probabilidade do direito do Autor


(vide os documentos anexos) e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (se o
Réu dilapidar o bem, a futura sentença de rescisão contratual restará inócua), razão pela qual
requer digne-se este D. Juízo determinar o sequestro do equino IASMIN FAME HNSA, fêmea
puro sangue da raça quarto de milha regularmente registrada sob o n° P264292, nascida em
27/08/2017, cor tordilho, nomeando o Autor como depositário até final julgamento da lide.

DA APLICAÇÃO DA MULTA DO ARTIGO 537 DO CPC

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Dispõe o Art. 537 do CPC.

Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada


na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase
de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e
que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
§ 4° - A multa será devida desde o dia em que se configurar o
descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão
que a tiver cominado.

Ab initio cumpre-nos esclarecer que a multa disciplinada no


artigo 537 do Código de Processo Civil é regra de aplicabilidade geral, ou seja, aplicável a
quaisquer espécies de prestações de fazer, de origem contratual ou legal, material ou
processual, embora inserida no capítulo que trata do cumprimento de sentença.

Diante disso tem-se que a referida multa é instrumento


destinado para garantir o cumprimento de ordens judiciais, que podem ser proferidas em
qualquer momento e em qualquer sede processual.

Sendo assim, para a cominação da multa o valor estabelecido


pelo Juiz deve ser capaz de implicar efetividade no comportamento do devedor, diante de sua
condição econômica, capacidade de resistência, vantagens obtidas com o atraso e demais
circunstâncias, aplicando-a desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão
conforme dispõe o § 4º do artigo 537 do Código de Processo Civil.

Vale a pena ressaltar, que o negócio jurídico sub judice trata


de aquisição de equino de raça. Por razões óbvias, somente os mais abastados
financeiramente reúnem condições de criar equinos, haja vista a necessidade de propriedade
rural para cria-lo, aliado ao alto custo de manutenção (trato, ferrageamento, médico veterinário,
treinadores, etc.).

Diante o exposto requer digne-se esse D. Juízo impor a


cominação de multa diária em desfavor do Réu no valor de R$ 300,00 (trezentos reais) 10 em
caso de descumprimento de ordem judicial.

DO PEDIDO

Ex positis, o Autor requer digne-se este D. Juízo conceder


tutela de urgência de natureza cautelar, a fim de determinar o sequestro do equino IASMIN
FAME HNSA, fêmea puro sangue da raça quarto de milha regularmente registrada sob o n°
P264292, nascida em 27/08/2017, cor tordilho, ficando o bem depositado nas mãos do Autor
até final julgamento da lide, uma vez este é de sua exclusiva propriedade.

Após a execução da medida, requer seja determinada a


citação do Réu, no endereço apontado no preâmbulo desta, na forma prevista no artigo 303

10 Equivalente a 0,003% do valor do animal em litígio.

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§1°, II e III do Código de Processo Civil, sob pena de revelia. Ao final, digne-se este D. Juízo
JULGAR PROCEDENTE a demanda, a fim de:

i) confirmar a tutela de urgência concedida, consolidando a posse e propriedade do


animal IASMIN FAME HNSA, nas mãos do Autor;
ii) reconhecer e declarar rescindido o contrato de compra e venda celebrado entre as
partes por culpa exclusiva do Réu, ante a manifesta inadimplência, autorizando o
Autor a reter os valores recebidos até o momento da inadimplência, os quais são
destinados à indenização pela utilização do equino durante o período em o animal
esteve na posse do Réu;
iii) condenar o Réu no pagamento de todas as custas e despesas processuais,
inclusive àquelas relacionadas ao cumprimento da medida liminar requerida
(deslocamentos para remoção do equino, despesas com hospedagem e
alimentação do subscritor durante a viagem, custas processuais suportadas junto
ao Juízo Deprecado, etc...) e honorários advocatícios à base de 20% (vinte por
cento) sobre o valor da demanda (CPC, artigo 85, § 2º).
iv) condenar o Réu ao pagamento de multa diária no valor de R$ 300,00 (trezentos
reais) com fundamento no artigo 537 do Código de Processo Civil, em caso de
descumprimento de ordem judicial.

Para as diligências, requer digne-se este D. Juízo determinar a


expedição mandado de busca e apreensão, a ser cumprido pelo Oficial de Justiça
plantonista em caráter de urgência, uma vez que o animal objeto da demanda está alojado
em uma propriedade do Réu denominada Fazenda Retiro da Planície, localizada na Rodovia
GO 404, Zona Rural, na Comarca de Goiânia, Estado de Goiás, E QUE CONSTE
EXPRESSAMENTE NO REFERIDO DOCUMENTO a concessão das prerrogativas dos
parágrafos do artigo 212 do Código de Processo Civil ao Sr. Oficial de Justiça, INCLUSIVE
COM AUTORIZAÇÃO DE ARROMBAMENTO E ACOMPANHAMENTO POLICIAL, bem
como que o subscritor da presente conduzirá o Oficial de Justiça ao local em que o
animal se encontra, acompanhará o cumprimento da ordem e fornecerá transporte
adequado para que se proceda a apreensão e a remoção dos equinos para a propriedade
do Autor.
Pretende provar o alegado por todos os meios de prova em
direito admitidos, sem exceção de nenhum.

Por fim, o Autor informa que possui interesse na realização de


audiência de conciliação, com fulcro no artigo 319, VII, CPC, APÓS O EFETIVO
CUMPRIMENTO DA TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR
ANTERIORMENTE REQUERIDA.

Dá à causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), nos


termos do artigo 292, inciso II, do Código de Processo Civil.

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Termos em que, requerendo que as futuras publicações sejam


realizadas em nome do subscritor, sob pena de nulidade, pede deferimento.
Presidente Prudente, 26 de fevereiro de 2021.

Gustavo Luz Bertocco


OAB/SP 253.298

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