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Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso

PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/09/2022
Número: 1050657-56.2019.8.11.0041

Classe: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


Órgão julgador: 3ª VARA ESP. DA FAZENDA PÚBLICA DE CUIABÁ
Última distribuição : 04/11/2019
Valor da causa: R$ 4.988.569,95
Assuntos: Precatório
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

Partes Procurador/Terceiro vinculado


ELIZEU ZULMAR MAGGI SCHEFFER (EXEQUENTE) CARLOS ROBERTO DE CUNTO MONTENEGRO
( ADVOGADO(A ))
FABIO LUIS DE MELLO OLIVEIRA (ADVOGADO(A))
SECRETARIO ADJUNTO DA RECEITA PÚBLICA DA
SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA (EXECUTADO)

ESTADO DE MATO GROSSO (EXECUTADO)


MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO
( CUSTOS LEGIS )
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25756 04/11/2019 19:37 MS - Elizeu Scheffer - MT (para protocolo) Petição inicial em pdf
892

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA


ESPECIALIZADA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CUIABÁ -
MT

Distribuição por dependência


Processo nº 1043776-63.2019.8.1.0041
PEDIDO LIMINAR
DEPÓSITO JUDICIAL INTEGRAL

ELIZEU ZULMAR MAGGI SCHEFFER E OUTROS,


condomínio rural, com sede na Avenida Prefeito André Antônio Maggi, n.º
2009, Centro, Sala 04, localizada no município de Sapezal – MT, representado
por seu condômino ELIZEU ZULMAR MAGGI SCHEFFER, brasileiro, casado,
agricultor, portador da cédula de identidade com RG nº 560.761-2 SSP/MT,
inscrito no CPF/MF sob o nº 308.181.259-34, com endereço na Av. Prefeito
André Antônio Maggi, nº 2009, Centro, Sapezal – MT; portador das Inscrições
Estaduais: 1) 13.263.568-2, com endereço na Fazenda Rafaela, s/n, Gleba São
Camilo, Zona Rural, Sapezal – MT, CEP 78365-000, 2) 13.345.277-8, com
endereço na Rodovia MT 235, Km 198 + 40 à direita – linha, s/n, Zona Rural,
Campos de Júlio – MT, CEP 78307-000 e 3) 13.415.575-0, com endereço na
Rodovia MT 423, Km 176 + 24 à direita, s/n, Zonal Rural, União do Sul – MT
(Doc. 01), por seus advogados abaixo assinados, com escritório na Rua Chofi nº
63, Santa Rosa, Cuiabá-MT, com endereço eletrônico
(mmovirtual@mmo.adv.br) (Doc. 02), vem, respeitosamente à presença de
V.Exa., com fulcro no artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal de 1988 e
Lei n.º 12.016/09, impetrar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR C/C


DEPÓSITO EM JUÍZO
em função de violação de seu direito líquido e certo por ato coator do ILMO.
SENHOR SECRETÁRIO ADJUNTO DE RECEITA
PÚBLICA DA SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE MATO
GROSSO, com endereço na Avenida Historiador Rubens de Mendonça nº 3415,
Centro Político Administrativo, Município de Cuiabá, Estado de Mato Grosso,
CEP 78050-903, ou quem lhe faça as vezes no exercício da coação impugnada
pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

1. DA NECESSIDA DA DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA

Prefacialmente, cumpre anotar que o Impetrante ingressou com

Mandado de Segurança Preventivo protocolizado sob o n.º


104377663.2019.8.1.0041, objetivando em sede de liminar autorização para
efetivação de depósito em juízo a fim de que a Autoridade Coatora se abstivesse

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de cobrar o ICMS sobre as vendas de ativo fixo e vendas de insumos e
implementos agrícolas (adquiridos de terceiros) à Scheffer e Cia (em processo de
reorganização societária), informando, para tanto, que as referidas operações
seriam efetivadas em futuro próximo e comprovadas por meio da apresentação
das NF’s que estavam com prazo para serem emitidas entre os dias 14/10/2019
e 31/10/2019.

Inobstante isso, V. Excelência indeferiu o recebimento da inicial

e decretou a extinção da Ação, sem resolução de mérito, na forma do art. 10,


caput, da Lei 12.016/2009 c/c artigo 485, inciso I, do CPC, sob o fundamento de
que a impetração voltar-se-ia ―contra situação hipotética e abstrata, limitandose
a atacar hipótese de incidência sem aplicação concreta, restrita ao texto
normativo. Logo, avulta-se o não cabimento do mandado de segurança‖.

Outrossim, argumentou que o Impetrante ainda não havia

realizado a hipótese de incidência, conforme trecho da decisão, in verbis:

―(...) Na hipótese dos autos, o impetrante deixa claro que as


operações de desincorporação e transferência do ativo
imobilizado serão realizadas no período de 14/10/2019 à
31/10/2019, conforme será demonstrado por meio das notas
fiscais a serem oportunamente juntadas aos autos.

Essa transferência de bens se dará por meio de compra e venda.


Sob a ótica do artigo 482 do Código Civil, ―a compra e venda,
quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que
as partes acordarem no objeto e no preço‖. Todavia, em se
tratando de uma relação eminentemente obrigacional e não real
(artigo 481 do Código Civil), a transferência da propriedade
pressupõe a efetiva tradição do objeto.

Nessa quadra, importa relembrar que o fato imponível


autorizador da incidência do ICMS e, por conseguinte, da

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atuação fiscalizatória e arrecadatória da Administração
Fazendária, é a circulação de mercadorias, conceito que
depende da efetiva transferência da propriedade de
determinado bem de uma pessoa para outra. Circulação é, pois,
a mudança da titularidade jurídica do bem.

Como se percebe, o impetrante ainda não realizou a hipótese de


incidência. Ainda que, no plano do direito obrigacional, o
negócio jurídico de compra e venda esteja consensado entre os
interessados, no plano do direito real não houve ainda
transferência da propriedade dos bens. Logo, inexiste circulação
a justificar, mesmo que em tese, a atuação da Administração
Fazendária.

Tanto assim que não consta dos autos qualquer elemento capaz
de ser aproveitado como prova pré-constituída da efetiva
hipótese concreta de incidência. A impetrante limitou-se a
acostar aos autos extensa relação dos bens que serão
oportunamente transferidos, sem, contudo, apresentar qualquer
indicativo de que tenha já se iniciado o processo de mudança da
titularidade jurídica de tais bens.‖ Pois bem.

Em vista da presente decisão, e justamente visando atender o

preceito de cabimento do Mandado de Segurança vislumbrado por V.Exa., a


Impetrante ajuíza o presente writ, com idêntico objetivo e mesmos pedidos,
contudo, modificando-se tão somente alguns detalhes, eis que o depósito
judicial já se encontra efetivado, assim como, a hipótese concreta de incidência,
vez que, a operação de compra e venda in concreto, já ocorreu, conforme NF’s
ora anexadas (Doc. 03), as quais demonstram a transferência de propriedade
dos bens, e consequentemente, a efetivação de sua reorganização societária em
transferência à empresa dos mesmos sócios.

Em outras palavras, as ações são semelhantes, atraindo a

incidência dos arts. 59 e 286, II, do Código de Processo Civil, a saber:

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―Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna
prevento o juízo.

(...)

Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de


qualquer natureza:

(...) II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de


mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com
outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da
demanda‖

Nesse sentido, por tratar-se de repetição do processo registrado

sob o n.º 1043776-63.2019.8.1.004, extinto sem resolução de mérito, e, em respeito


ao juízo natural, faz-se necessária a distribuição do presente Mandado de
Segurança por dependência, nos termos do art. 286, II, do CPC, o que, confirma
a boa-fé e transparência dos atos do Impetrante.

2. DOS FATOS

O Impetrante é condomínio rural composto por produtores de


grande porte, conhecidos no mercado nacional e internacional do agronegócio,
sendo, portanto, contribuinte do ICMS equiparado à pessoa jurídica, conforme
se verifica do Sistema de Informações Digitais de Consulta Pública ao Cadastro
do Estado de Mato Grosso.

Em que pese realize outras atividades


correlatas ao
agronegócio, a atividade preponderante do Impetrante é o cultivo de soja –
CNAE 0115-6/00, o que se verifica facilmente de suas várias inscrições estaduais
(MT), ora colacionadas, as quais delimitam suas atividades habituais com o
objetivo de auferir lucro.

Empresa Inscrição Início das Atividade principal


Estadual atividades
Elizeu Zulmar Maggi 13.263.568-2 18/03/1994 CNAE 0115-6/00
Scheffer e Outros (MT)

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Elizeu Zulmar Maggi 13.345.277-8 10/10/2017 CNAE 0115-6/00
Scheffer e Outros (MT)
Elizeu Zulmar Maggi 13.415.575-0 22/02/2011 CNAE 0115-6/00
Scheffer e Outros (MT)

Com efeito, ao longo de todos esses anos em que o Impetrante


desenvolveu sua atividade econômica, o mesmo adquiriu diversos
maquinários/implementos agrícolas, que de consequência, foram incorporados
em seu ativo fixo. Da mesma forma, adquiriu materiais de uso e consumo e
insumos para serem utilizados na produção, tais como, mas não se limitando a
tanto, adubos e fertilizantes, defensivos, embalagens, equipamentos de
segurança, ferramentas, equipamentos de comunicação e localização, etc, que
igualmente, quando não consumidos na produção agrícola, permaneceram
estocados, fazendo parte de seu ativo.

Ocorre, ilustre Magistrado, que o Impetrante decidiu iniciar um


processo de profissionalização e organização societária, e para tanto, decidiu
que as atividades agropecuárias que atualmente realiza, não mais serão
exploradas sob a forma de condomínio, via pessoas físicas, mas sim pela
sociedade empresária Scheffer & Cia Ltda. (Doc. 04), que possui em seu
quadro social, os mesmos condôminos, conforme atesta a sua última alteração
contratual consolidada.

Empresa CNPJ Inscrição Estadual


Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0001-80 13.206.633-5 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0002-61 13.339.485-9 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0003-42 13.340.921-0 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0007-76 13.745.726-0 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0008-57 13.744.301-3 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0009-38 13.744.300-5 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0010-71 13.744.302-1 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0011-52 13.744.297-1 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0012-33 13.744.298-0 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0013-14 13.745.746-4 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0015-86 13.744.299-8 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0017-48 13.749.429-7 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0018-29 13.745.765-0 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0019-00 13.745.764-2 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0022-05 13.752.262-2 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0023-96 13.752.339-4 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0024-77 13.748.699-5 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0025-58 13.752.242-8 (MT)

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Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0026-39 13.748.764-9 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0027-10 13.752.138-3 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0028-09 13.748.692-8 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0029-81 13.752.223-1 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0030-15 13.748.706-1 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0031-04 13.748.765-7 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0032-87 13.752.338-6 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0033-68 13.748.674-0 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0034-49 13.752.309-2 (MT)
Scheffer & Cia Ltda. 04.733.767/0035-20 13.752.224-0 (MT)

Na efetivação deste processo de reorganização societária,


portanto, o Impetrante irá vender à sociedade empresária, cujos condôminos
são os mesmos sócios, materiais de uso e consumo e insumos (não sua
produção !!!), bem como ativo imobilizado, tudo conforme descrito de forma
resumida abaixo:

Estas operações de alienação futura, ressalte-se, possuem


natureza de outra saída de mercadoria ou prestação de serviço não especificado
(insumos) – CFOP 5.949 e venda de bem do ativo imobilizado – CFOP 5.551,
gerando, consequentemente, a baixa dos respectivos ativos.

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Muito embora as vendas mencionadas não sejam realizadas
pelo Impetrante com habitualidade e/ou com o intuito auferir lucro, e ainda,
muito embora a comercialização destes ativos não faça parte de sua ―operação‖
agropecuária, é fato Exa., que a legislação do Estado de Mato Grosso, indo
flagrantemente contra todos os precedentes sobre a matéria, prevê que a
alienação destes bens, fora do comércio, trata-se de hipótese de incidência
tributária do ICMS, fato esse que o Impetrante discorda frontalmente, ante os
fundamentos que serão robustamente delineados no bojo desta peça processual.

E neste contexto, coloca-se preventivamente em litigio o valor


total que seria devido a título de ICMS nestas operações – de R$ 4.988.569,95
(quatro milhões, novecentos e oitenta e oito mil, quinhentos e sessenta e nova
reais e noventa e cinco centavos), os quais, pelo Regulamento do ICMS do
Estado de Mato Grosso, se fariam devidos ao erário estadual, mas que, pela Lei
Complementar 87/96, Constituição Federal e precedentes judiciais, não seriam
sequer causa de incidência deste imposto.

E nesse sentido, todas as Notas Fiscais emitidas pelo Impetrante


para acobertar a venda dos produtos/insumos adquiridos de terceiros que
seriam utilizados em sua atividade agropecuária que até então era exercida pelo
Impetrante, bem como de seu ativo fixo para a empresa Scheffer & Cia Ltda.,
constarão em seu campo ―Informações Complementares ‖ a base legal para
redução, diferimento ou isenção do ICMS, conforme relação analítica de bens
colacionada a este writ, a qual é específica e pontual (Doc. 05).

Considerando ainda que, (i) segundo o entendimento do Fisco


Estadual o ICMS nas operações relatadas alhures seria devido, (ii) o não
pagamento ensejará na inibição da certidão negativa de débitos do excipiente ;
(iii) que o não pagamento poderá gerar auto de infração em desfavor do

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excipiente e; (iv) que o não pagamento poderá gerar a perda de incentivos
fiscais e ainda, a inclusão do mesmo no Regime Administrativo Cautelar
contido na Resolução SARP 07/08; sem prejuízo de que (v) o nome do
excipiente certamente será inserido no cadastro de proteção ao crédito (CADIN),
o excipiente vem requerer a V.Exa. o reconhecimento de efetivação do depósito
judicial do valor controverso, que, no entender do fisco (conforme legislação
infralegal editada), seria devido ao Estado de Mato Grosso sobre as operações
em questão, de modo a tão somente confirmar a suspensão da exigibilidade
dos créditos tributários em litígio até o término da presente lide nos termos
do artigo 151, II, do CTN, o qual é taxativo, viabilizando, outrossim, que a
análise de mérito seja feita com a máxima cautela e sem qualquer prejuízo ao
erário público e ao Impetrante no seu devido tempo.

Assim, levando-se em consideração que as operações de venda


relatadas acima não são hipóteses de incidência tributária, o Impetrante faz jus
a concessão deste writ por ser a medida mais justa a assegurar seu direito
líquido e certo de não se submeter a atos coatores arbitrários e ditatoriais.

2.1 - DO CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS PELO PODER


JUDICIÁRIO

Dado o brilhantismo da exposição do Ministro Celso de


Mello do Supremo Tribunal Federal, em seu voto, de 20 de outubro de 2011, nos
autos da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 4661, o
Impetrante pede vênia a V.Exa. para transcrever parcialmente o conteúdo do
mesmo, o qual, retrata fielmente a tutela jurisdicional que se busca no presente
caso.

De antemão, o Impetrante pede o zelo e a paciência usuais de


V.Exa. para que as lições trazidas pelo contagiante voto do Ilmo. Sr. Ministro,
não passem em vão.

Trecho do voto do Ilmo. Sr. Ministro Celso de Mello – MC


em ADI 4.661 – 20.10.11

O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO: A


controvérsia instaurada na presente causa sugere e estimula
reflexões que me levam, uma vez mais, a reafirmar, na linha
de decisões que proferi nesta Suprema Corte (RTJ
144/435436, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RE 428.354/RS,
Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), que os desvios

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inconstitucionais do Estado, no exercício do seu poder de
tributar, geram, na ilegitimidade desse comportamento do
aparelho governamental, efeitos perversos, que,
projetando-se nas relações jurídico-fiscais mantidas com os
contribuintes, deformam os princípios que estruturam a
ordem jurídica, subvertem as finalidades do sistema
normativo e comprometem a integridade e a supremacia da
própria Constituição da República.
Cumpre assinalar, por isso mesmo, que o caso o em exame
justifica, plenamente, que se reiterem tais asserções, pois é
necessário advertir que a prática das competências
impositivas por parte das entidades políticas investidas da
prerrogativa de tributar não pode caracterizar- se como
instrumento, que, arbitrariamente manipulado pelas
pessoas estatais, venha a conduzir à destruição ou ao
comprometimento da própria ordem constitucional. A
necessidade de preservação da incolumidade do sistema
consagrado pela Constituição Federal não se revela
compatível com pretensões fiscais contestáveis do Poder
Público, que, divorciando-se dos parâmetros estabelecidos
pela Lei Magna, busca impor ao contribuinte um estado de
submissão tributária absolutamente inconvivente com os
princípios que informam e condicionam, no âmbito do
Estado Democrático de Direito, a ação das instâncias
governamentais.
Bem por isso, tenho enfatizado a importância de que o
exercício do poder tributário, pelo Estado, deve submeter-se,
por inteiro, aos modelos jurídicos positivados no texto
constitucional, que institui, em favor dos contribuintes,
decisivas limitações à competência estatal para impor e
exigir, coativamente, as diversas espécies tributárias
existentes. O fundamento do poder de tributar – tal como
tem sido reiteradamente enfatizado pela jurisprudência desta
Suprema Corte (RTJ 167/661, 675- 676) - reside, em essência,
no dever jurídico de estrita fidelidade dos entes tributantes
ao que imperativamente dispõe a Constituição da
República.
Cabe relembrar, neste ponto, consideradas as observações
que venho de fazer, a clássica advertência de OROSIMBO
NONATO, consubstanciada em decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal (RE 18.331/SP), em acórdão no
qual aquele eminente e saudoso Magistrado acentuou, de
forma particularmente expressiva, à maneira do que já o

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fizera o Chief Justice JOHN MARSHALL, quando do
julgamento, em 1819, do célebre caso ―McCulloch v.
Maryland‖, que ―o poder de tributar não pode chegar à desmedida
do poder de destruir‖ (RF 145/164 - RDA 34/132), eis que -
como relembra BILAC PINTO, em conhecida conferência
sobre ―Os Limites do Poder Fiscal do Estado‖ (RF 82/547562,
552) - essa extraordinária prerrogativa estatal traduz, em
essência, ―um poder que somente pode ser exercido dentro dos
limites que o tornem compatível com a liberdade de trabalho, de
comércio e de indústria e com o direito de propriedade ‖ (grifei). Daí
a necessidade de rememorar, sempre, a função tutelar do
Poder Judiciário, investido de competência institucional
para neutralizar eventuais abusos das entidades
governamentais, que, muitas vezes deslembradas da
existência, em nosso sistema jurídico, de um verdadeiro
“estatuto constitucional do contribuinte”, consubstanciador
de direitos e garantias oponíveis ao poder impositivo do
Estado (Pet 1.466/PB, Rel. Min. CELSO DE MELLO, “in”
Informativo/STF nº 125), culminam por asfixiar,
arbitrariamente, o sujeito passivo da obrigação tributária,
inviabilizando-lhe, injustamente, o exercício de atividades
legítimas, o que só faz conferir permanente atualidade às
palavras do Justice Oliver Wendell Holmes, Jr. (“The power
to tax is not the power to destroy while this Court sits”), em
“dictum” segundo o qual, em livre tradução, “o poder de
tributar não significa nem envolve o poder de destruir, pelo
menos enquanto existir esta Corte Suprema”, proferidas,
ainda que como “dissenting opinion”, no julgamento, em
1928, do caso “Panhandle Oil Co. v. State of Mississippi Ex
Rel. Knox” (277 U.S. 218). É por isso que não constitui demasia
reiterar a advertência de que a prerrogativa institucional de
tributar, que o ordenamento positivo reconhece ao Estado,
não lhe outorga o poder de suprimir (ou de inviabilizar)
direitos de caráter fundamental, constitucionalmente
assegurados ao contribuinte, pois este dispõe, nos termos da
própria Carta Política, de um sistema de proteção destinado
a ampará-lo contra eventuais excessos (ou ilicitudes)
cometidos pelo poder tributante ou, ainda, contra
exigências irrazoáveis veiculadas em diplomas normativos
editados pelas instâncias governamentais.
(...) O respeito incondicional aos princípios constitucionais
evidencia-se como dever inderrogável do Poder Público. A
ofensa do Estado a esses valores - que desempenham,
enquanto categorias fundamentais que são, um papel

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subordinante na própria configuração dos direitos
individuais ou coletivos - introduz um perigoso fator de
desequilíbrio sistêmico e rompe, por completo, a harmonia
que deve presidir as relações, sempre tão estruturalmente
desiguais, entre as pessoas, de um lado, e o Poder, de outro.
Não posso desconhecer - especialmente neste momento em
que se amplia o espaço do dissenso e se intensificam, em
função de uma norma tão claramente hostil a valores
constitucionais básicos, as relações de antagonismo entre o
Fisco e os indivíduos - que os princípios constitucionais
tributários, sobre representarem importante conquista
político-jurídica dos contribuintes, constituem expressão
fundamental dos direitos outorgados, pelo ordenamento
positivo, aos sujeitos passivos das obrigações fiscais.
Desde que existem para impor limitações ao poder de
tributar, esses postulados têm por destinatário exclusivo o
poder estatal, que se submete, quaisquer que sejam os
contribuintes, à imperatividade de suas restrições. (Grifos e
destaques nossos).

Diante do acima exposto e das possibilidades que são


conferidas a V.Exa., o Impetrante inicia o presente writ demonstrando que cabe
a este Poder Judiciário, como missão constitucional, repelir e afastar os nefastos
efeitos de normas espúrias, ilegais e inconstitucionais, que podem afetar direito
líquido e certo do Impetrante conforme será melhor detalhado no bojo deste
remédio constitucional. Mais que isso, proteger os contribuintes quanto aos
desmandos que normalmente ocorrem na relação tributária. A Justiça sempre
deve prevalecer, ainda mais em situações onde o Colendo STF já logrou tomar
definições importantes.

3. DO MÉRITO

No tocante a venda de bens usados desincorporados do ativo


imobilizado, o art. 54, II e art. 54, § 5º e 8º, do Capítulo XVII, do Anexo V do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 2.212/2014, prevê redução de
base de cálculo nos seguintes termos:

―Artigo 54 A base de cálculo do ICMS na saída de vestuários,


móveis, motores, máquinas, aparelhos e veículos usados
corresponderá aos seguintes percentuais do valor da operação:
(...)
II – vestuário, móveis, motores, máquinas e aparelhos: 20%
(vinte por cento);
(...)

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§5º Relativamente à saída de máquinas, aparelhos e veículos
usados, decorrente de desincorporação do ativo fixo ou
imobilizado, realizada por estabelecimento de contribuinte do
ICMS, a base de cálculo corresponderá a:
I - 20% (vinte por cento) do valor da operação, desde que ocorra
após o uso normal a que se destinarem e decorridos, ao menos,
12 (doze) meses da respectiva entrada, vedado o
aproveitamento de crédito do imposto e atendidas as condições
estabelecidas nos incisos II e III do § 1º deste artigo‖;
II – 40% (quarenta por cento) do valor da operação, desde que
ocorra após o uso normal a que se destinarem e decorridos, no
mínimo, 6 (seis) meses e inferior a 12 (doze) meses da respectiva
entrada, vedado o aproveitamento de crédito do imposto e
atendidas as considerações estabelecidas nos incisos II e III do §
1º deste artigo.
(...)
§ 8° Relativamente à saída de máquinas e implementos agrícolas
usados, decorrente de desincorporação do ativo fixo ou
imobilizado, realizada por estabelecimento de contribuinte do
ICMS, a base de cálculo corresponderá a 0% (zero por cento) do
valor da operação, desde que ocorra após o uso normal a que se
destinarem e decorridos, ao menos, 12 (doze) meses da
respectiva entrada, vedado o aproveitamento de crédito do
imposto e atendidas as condições estabelecidas nos incisos II e
III do § 1° deste artigo.‖

Portanto, de acordo com a legislação acima reproduzida, a base


de cálculo do ICMS na saída de bens desincorporados do ativo imobilizado
(bens considerados usados pelo tempo de uso), poderá ser reduzida,
dependendo do tempo em que o bem esteve incorporado ao ativo da empresa, e
também desde que atendidas demais condições previstas na norma.

―Anexo IV
Capítulo XXI
Seção II
Da Isenção em Operações com Insumos para a Agropecuária
em Geral
Art. 115 Operações internas realizadas com os insumos
agropecuários a seguir indicados: (cf. cláusula terceira do
Convênio ICMS 100/97 e alterações)

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I – inseticidas, fungicidas, formicidas, herbicidas, parasiticidas,
germicidas, acaricidas, nematicidas, raticidas, desfolhantes,
dessecantes, espalhantes, adesivos, estimuladores e inibidores
de crescimento (reguladores), vacinas, soros e medicamentos,
produzidos para uso na agricultura e na pecuária, inclusive
inoculantes, vedada a sua aplicação quando dada ao produto
destinação diversa;
(...)
III – rações para animais, concentrados, suplementos, aditivos,
premix ou núcleo, fabricados pelas respectivas indústrias,
devidamente registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento – MAPA, desde que:
a) os produtos estejam registrados no órgão competente do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA
e o número do registro seja indicado no documento fiscal,
quando exigido;
b) haja o respectivo rótulo ou etiqueta identificando o produto;
c) os produtos se destinem exclusivamente ao uso na pecuária;
IV – calcário e gesso, destinados ao uso exclusivo na
agricultura, como corretivo ou recuperador do solo;
V – semente genética, semente básica, semente certificada de
primeira geração – C1, semente certificada de segunda geração –
C2, semente não certificada de primeira geração – S1 e semente
não certificada de segunda geração – S2, destinadas à
semeadura, desde que produzidas sob controle de entidades
certificadoras ou fiscalizadoras, bem como as importadas,
atendidas as disposições da Lei (federal) n° 10.711, de 5 de
agosto de 2003, regulamentada pelo Decreto (federal) n° 5.153,
de 23 de julho de 2004, e as exigências estabelecidas pelos
órgãos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
– MAPA ou por outros órgãos e entidades da Administração
Federal, dos Estados e do Distrito Federal, que mantiverem
convênio com aquele Ministério;
(...)
XX – amônia, ureia, sulfato de amônio, nitrato de amônio,
nitrocálcio, MAP (mono-amônio fosfato), DAP (di-amônio
fosfato), cloreto de potássio, adubos simples e compostos,
fertilizantes e DL Metionina e seus análogos, produzidos para
uso na agricultura e na pecuária, vedada a sua aplicação quando
dada ao produto destinação diversa;‖

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―Anexo IV
Capítulo III
Seção I - Da Isenção em Operações com Produtos
Hortifrutigranjeiros e com Flores
Art. 4° Saídas, internas ou interestaduais, dos seguintes
produtos, em estado natural, exceto quando destinados à
industrialização: (cf. Convênio ICM 44/75 e alterações) I –
abóbora, abobrinha, acelga, agrião, aipim, aipo, alcachofra,
alecrim, alface, alfavaca, alfazema, almeirão, aneto, anis,
araruta, arruda, aspargo, azedim;
II – batata-doce, berinjela, bertalha, beterraba, brócolis;
III – camomila, cará, cardo, catalonha, cebolinha, cenoura,
chicória, chuchu, coentro, cogumelo, cominho, couve,
couveflor;
IV – endívia, erva-doce, erva-de-santa-maria, erva-cidreira,
ervilha, escarola, espinafre;
V – funcho, flores e frutas frescas nacionais, exceto ameixa,
amêndoa, avelã, banana, castanha, figo, maçã, melão,
morango, nectarina, noz, pera, pêssego e uva;
VI – gengibre, inhame, jiló, losna;
VII – macaxeira, mandioca, manjericão, manjerona, maxixe,
milho verde, moranga;
VIII – nabiça, nabo;
IX – ovos;
X – palmito, pepino, pimenta, pimentão;
XI – quiabo, rabanete, raiz-forte, repolho, rúcula, ruibarbo,
salsa, salsão, segurelha;
XII – taioba, tampala, tomate, tomilho, vagem;
XIII – broto de vegetais, cacateira, cambuquira, gobo, hortelã,
mostarda, repolho chinês e demais folhas usadas na
alimentação humana.
Art. 5° Operações internas e interestaduais relativas à
comercialização e industrialização de peixes criados em
cativeiro localizado no território mato-grossense, frescos,
refrigerados ou congelados, bem como de suas carnes e partes
in natura, manufaturadas, semiprocessadas ou
industrializadas, utilizadas na alimentação humana. (cf. Lei n°
8.684/2007 e alterações)
(...)

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Art. 7° Saída interna de leite pasteurizado tipo especial, com
3,2% de gordura, e de leite pasteurizado magro, reconstituído
ou não, com até 2% de gordura, do estabelecimento varejista
com destino a consumidor final. (cf. Convênio ICM 25/83 e
alteração)‖

―Anexo VII
Capítulo I
Seção I – Do Diferimento em Operações com Algodão em
Caroço, Algodão em Pluma, Caroço de Algodão e Fibrilha de
Algodão
Art. 1° O lançamento do imposto incidente nas saídas de
algodão em caroço, algodão em pluma, caroço de algodão e
fibrilha de algodão, de produção mato-grossense, poderá ser
diferido, para o momento em que ocorrer:
I – sua saída para o exterior ou para outra unidade da
Federação;
II – a saída dos produtos resultantes do respectivo processo
industrial.‖

―Anexo VII
Capítulo I
Seção III - Do Diferimento em Operações com Amendoim,
Mamona, Milheto ou Sorgo, com Mandioca, com Babaçu ou
Palmito, com Cacau, Castanha-do-Pará ou Guaraná e com Mel
Art. 4° O lançamento do imposto incidente nas saídas de
amendoim em baga, de mamona em cacho, em baga ou em
grão, de milheto ou de sorgo, de mandioca, de babaçu ou de
palmito, de cacau bruto, de castanha-do-pará em casca, de
guaraná em bruto e de mel, de produção mato-grossense,
poderá ser diferido para o momento em que ocorrer: I – sua
saída para outra unidade da Federação ou para o exterior;
II – sua saída para outro estabelecimento comercial ou
industrial, ainda que pertencente ao mesmo titular;
III – sua saída com destino a estabelecimento varejista; IV
– a saída de produto resultante do seu beneficiamento ou
industrialização.‖

―Anexo VII
Capítulo II

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Seção I - Do Diferimento em Operações com Cana-de-Açúcar em
Caule e com Álcool Refinado e Hidratado para Uso Doméstico e
Hospitalar
Art. 10 O lançamento do imposto incidente na saída de
madeira in natura, extraída no território mato-grossense, bem
como nas saídas de lenha, resíduos de madeira, cavaco de
madeira e briquete de qualquer espécie, para utilização em
processo de combustão, será diferido em todas as operações
internas, até o momento em que ocorrer:
I – sua saída para outra unidade da Federação ou para o
exterior;
II – saída dos produtos resultantes de sua industrialização,
inclusive desdobramento de toras.‖

―Anexo VII
Capítulo III
Seção I - Do Diferimento em Operações com Gado em Pé, com
Aves Vivas, com Produtos e Subprodutos Resultantes do Abate,
bem como em Operações Vinculadas às Atividades Integradas,
relativas à Avicultura e à Suinocultura
Art. 13 O lançamento do imposto incidente nas sucessivas
saídas de gado em pé, de qualquer espécie, e de aves vivas
poderá ser diferido para o momento em que ocorrer: I – sua
saída para outro Estado ou para o exterior;
II – sua saída com destino a consumidor ou usuário final; III – a
saída de produto resultante do respectivo abate ou
industrialização.‖

Com efeito, a despeito das reduções fiscais postas acima, é fato


que o Impetrante não concorda com a tributação pelo ICMS nestas operações,
sendo justamente este o objeto do presente mandamus.

3.1 – DA NÃO INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE A VENDA DE BENS DO


ATIVO FIXO E DOS INSUMOS/IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
ADQUIRIDOS DE TERCEIROS – APLICAÇÃO DO CONCEITO DE
MERCADORIA - BENS FORA DO COMÉRCIO – DESVINCULADOS DA
ATIVIDADE DO IMPETRANTE – PRECEDENTES.

Conforme supra informado, o Impetrante vendeu seu


ativo imobilizado e materiais de uso e consumo e
insumos que utilizava em sua atividade agropecuária,

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adquiridos de terceiros, que não são de sua produção,
para a empresa Scheffer & Cia Ltda., cujos condôminos
são os mesmos sócios, tudo isso com base na
reorganização societária que já fora acima relatada que
converterá a estrutura de negócio utilizada de pessoa
física para jurídica.

Muito embora o excipiente não explore atividade


comercial
de venda de maquinários, ou seja, não desenvolva atividade
empresária com a intenção de aferir lucro com a venda desses
bens, entende o Fisco Estadual, com fulcro nos artigos do
RICMS/2014 alhures elencados, que a desincorporação de ativo fixo
é hipótese de incidência de ICMS, muito embora com a base de
cálculo reduzida.

Ocorre que, inobstante tenha o FISCO Estadual


concedido um ―benefício‖ fiscal na redução da base de cálculo para
fins de incidência do ICMS quando da desincorporação de um ativo
fixo, tal não pode prosperar, pois, conforme se verificará abaixo, a
desincorporação (venda) de um ativo fixo, assim como a venda
de todo e qualquer bem utilizado na exploração da atividade
agropecuária, não é considerada como fato gerador de
incidência de ICMS, pois, no presente caso, trata-se de: (i) de
operação que não envolve “mercadoria”, ou seja, um bem dentro
do comércio, objeto de sua atividade econômica; (ii) ato de mera
reorganização societária; (ii) esporádico e (iii) não possui
objetivo de obter lucro, ou seja, não é objeto da atividade do
excipiente.

O que importa para tanto é constatar o liame existente entre o fato gerador
do tributo previsto em lei e quem o produziu, agente regularmente
constituído ou não.

A hipótese de incidência tributária deve ser melhor


avaliada sob a perspectiva do significado de
mercadoria, da qual a Constituição Federal já há muito
positivou em seu artigo 155, inciso II nos seguintes
termos:

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―Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre:
II - operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no
exterior‖;

Já o § 2º, inciso XII, a do mesmo artigo outorgou a


competência
à lei complementar a tarefa de definir os contribuintes desse tributo.

Quando o Constituinte positivou a palavra mercadoria, o


fez
com nítida intenção de que o indigitado imposto viesse a incidir na
hipótese de circulação habitual de mercadoria com a finalidade de
obtenção de lucro, sendo essa a correta acepção jurídica da palavra
mercadoria.

Como não poderia ser diferente, o artigo 4º da Lei


Complementar 87/1996 (Lei Kandir), extraiu a fundo o conceito de
circulação de mercadoria descrito na Carta Cidadã, nos seguintes
termos:

―Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou


jurídica, que realize, com habitualidade ou em
volume que caracterize intuito comercial, operações
de circulação de mercadoria ou prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações
se iniciem no exterior‖. (grifo nosso)

Nesse sentido, aplica-se ao caso em testilha, a


brilhante
colocação do Excelentíssimo Relator Desembargador, Doutor José
Zuquim Nogueira, integrante da Colenda Segunda Câmara de Direito
Público e
Coletivo, no julgamento do Recurso de Apelação número 0000347-

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18.2013.8.11.0027, publicado no DJE no dia 18/11/2016, in verbis:

―(...) a norma exige prática constante de circulação de


mercadoria, o que significa dizer que tal empenho deve
ser, a bem da verdade, a atividade daquele que será
submetido ao pagamento do tributo. A Constituição
Federal no seu art. 155, II e a Lei Complementar nº
87/96 em seu art. 1º se refere - no plural - a "operações
relativas à circulação de mercadorias‖, prescrevendo
que a incidência do tributo ocorre apenas para os que
transmitem reiteradamente uma ou algumas espécies
de mercadorias, fazendo dessa prática um instrumento
permanente para se manter financeiramente, o que não
é o caso dos autos‖.

Inobstante isso, o Regulamento do ICMS do Estado de


Mato Grosso, que se trata apenas de Decreto Executivo, autoriza a
incidência do ICMS (com as devidas reduções da base de cálculo)
diante da desincorporação de ativo fixo e saída de bens adquiridos de
terceiros para o uso e consumo (insumos e implementos agrícolas),
consoante se depreende da análise do art. 54, II e art. 54, § 5º e 8º,
do Capítulo XVII, do Anexo V e do art. 1º, incisos I e II, do Capítulo I,
Anexo V, ambos do RICMS-MT. Dessa forma ninguém ousa
discordar que há norma que dá guarida a atitude da Impetrada (e seu
fundado receio de ser autuada), mas não há como deixar de frisar
que tais disposições vão de frente ao que determina a Constituição
Federal e a Lei Complementar 87/1996, normas hierarquicamente
superiores àquela, além de conflitar com a remansosa jurisprudência
pátria.

Repita-se, o Impetrante exerce a atividade agrícola há décadas,


jamais exercendo atividade de vendedores ou revendedores de
máquinas e implementos agrícolas, sendo que a venda do ativo
imobilizado e demais bens, já citados, expressamente relacionados
e constantes deste writ, que outrora utilizava no desempenho da
atividade agropecuária à empresa Scheffer & Cia Ltda., trata-se de
desincorporação de seu ativo fixo, e faz parte do planejamento de
organização societária além do que, a desincorporação de ativo fixo
não possui o condão de obtenção de lucro.

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Ressalta-se ainda que, nos termos do art. 110, do CTN:
―A lei
tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de
institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados,
expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas
Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências
tributárias‖.
Desta disposição decorre que o conceito de mercadoria não pode ser
alterado pelo fisco a seu bel prazer com o intuito de estabelecer
tributação em hipótese não prevista constitucionalmente.

Há muito se sabe, e isso vem do Direito Comercial, que


mercadoria é bem que compõe a atividade matriz geradora de renda,
é aquele bem dentro do comércio, que faz parte de seu negócio fim,
gerador de renda.

Assim a eventual venda de ativo fixo imobilizado, como


no caso, não está submetida à tributação pelo ICMS,
salvo se o Impetrante viesse a exercer tal atividade
com a finalidade de obtenção de lucro, ou seja,
tivesse essa atividade como uma atividade
empresária sobre os mesmos, o que não é o caso.

Referido entendimento fora inclusive externado por


juristas renomados, dos quais se destaca o Professor
Dr. Eduardo Sabbag, in verbis:

―Mercadorias: o conceito de mercadoria é fundamental


ao estudo do fato gerador deste imposto: mercadoria
(do latim merx) é a coisa que se constitui objeto de uma
venda. Todavia, a Constituição define implicitamente
mercadoria em seu sentido estrito, e somente nesse
conceito estrito deve ser ela considerada na formatação
do fato gerador do ICMS (art. 110 do CTN). Vejamos.
Mercadoria (sentido estrito) = produto + intuito de
mercancia (decorrente da habitualidade ou volume
típico de comércio na aquisição de bem)‖.

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A mercadoria é bem ou coisa móvel. O que caracteriza
uma coisa como mercadoria é a destinação, uma
vez que é coisa móvel com aptidão ao comércio.
Não são mercadorias as coisas que o empresário
adquire para uso ou consumo próprio, mas somente
aquelas adquiridas para revenda ou venda.
Saliente-se que mercadorias são bens móveis que
podem ser comercializados, devendo haver intuito de
obtenção de lucro com a movimentação jurídica do
bem. Além disso, essa atividade deve ser habitual. Por
essa razão, a saída eventual de bens do ativo fixo
ou imobilizado de uma empresa não configura
circulação de mercadorias, mas mera circulação de
bens desgastados pelo uso‖. (Manual de Direito
Tributário – Editora Saraiva, 2013 – páginas 1.068 e
1.069).

Na mesma linha de intelecção, o eloquente Mestre e


Professor Roque Antônio Carraza ensina:

―Não é qualquer bem móvel que é mercadoria, mas


tão-só aquele que se submete à mercancia. Podemos,
pois, dizer que toda mercadoria é bem móvel, mas nem
todo móvel é mercadoria. Só o bem móvel que se
destina à prática de operações mercantis é que assume
a qualidade de mercadoria. Portanto, um bem de uso
próprio (v.g., uma geladeira) não é mercadoria. Quando
vendido, a terceiro, por seu proprietário, não faz
nascer a obrigação de pagar ICMS. Afinal –
tornamos a insistir -, o tributo em tela só incide
quando o objeto da operação for uma mercadoria,
na acepção técnica aqui revelada. Situação diversa
ocorre quando a geladeira é comprada e revendida por
uma loja de eletrodoméstico. Aí, sim, ocorre a operação
mercantil, ensejando a tributação via ICMS (...)‖ (ICMS.
São Paulo: Malheiros, 2005, 10ª ed, ver., ampl. De
acordo com a LC 87/96, os. 42/43) (grifo nosso).

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No julgamento da Apelação Cível (Recurso Necessário)
número 37188/2017, sob relatoria da Desembargadora Doutora
Helena Maria Bezerra Ramos, que fora publicado no Diário da
Justiça Eletrônico em 20 de maio de 2019, foi decidido à
unanimidade:

―Nesse diapasão, eventual venda de ativo fixo


imobilizado, como no caso de tratores usados de
propriedade rural, não existe sujeição à tributação do
pagamento do ICMS, salvo se o Impetrante viesse a
exercer tal atividade com habitualidade, o que não é o
caso‖.
A Eminente Desembargadora, conclui com peculiar
maestria...
―Portanto, na esteira do conceito de ICMS delimitado
pelos Tribunais Superiores, se o contribuinte do ICMS
pratica um ato esporádico e incompatível com seu
objeto social (venda de equipamentos do ativo) sem o
intuito de se manter com as receitas provenientes
daquela atividade (em função da raridade com que tal
evento ocorre), logo, não haverá uma operação
comercial relevante para fins de incidência do
tributo em análise. É necessário segregar aquelas
operações reiteradas que se constituem fatos passíveis
de tributação daquele fato isolado, praticado sem o
propósito de atingir os objetivos sociais da empresa.
No caso em tela, está claramente visível que se trata de
uma venda isolada de ativo fixo do produtor rural,
assim, não caracterizando um ato de comércio
praticado com habitualidade pelo comerciante,
restando desta forma demonstrada a violação de direito
líquido e certo do Impetrante, devendo a r. sentença ser
ratificada‖. (grifo nosso)

Idêntico caso fora objeto de julgamento pela Primeira


Câmara
de Direito Público e Coletivo do Estado de Mato Grosso (Remessa
Necessária 64110/2017 - 0056932-48.2013.8.11.0041), onde a

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Desembargadora Relatora, Excelentíssima Doutora Helena Maria
Bezerra Ramos, em 13-05-2019, decidiu:

―Extrai-se dos autos que o Impetrante na qualidade de


produtor rural juntamente com seus familiares, após
exercer por um tempo a atividade agrícola, decidiu
constituir uma pessoa jurídica.
As atividades agrícolas dos Impetrante eram exercidas
na pequena propriedade rural denominada Fazenda
Adriana III, localizada no Município de Alto Garças-MT,
que por sua vez, foi vendida para a pessoa jurídica, da
qual o Impetrante se tornou sócio e, por isso, os
maquinários por ele adquiridos na sua primeira
atividade, eram incorporados no seu ativo fixo. Todavia,
após a venda da referida propriedade rural para a
empresa da qual é sócio, foi efetivada, também, a
alienação dos maquinários, sendo estes
desincorporados de seu ativo fixo, esclarecendo, ainda,
que não exerce esse ato com habitualidade e com o
escopo de obter lucro.
Ressalta o Impetrante que para formalizar a venda,
emitiu Notas Fiscais ―com Natureza de Operação
Venda de Bem Ativo Imobilizado – CFOP 5.551, que
totalizou em R$ 11.922.315,00, e com tal alienação, os
equipamentos constantes nas referidas Notas Fiscais,
foram desincorporadas de seu ativo fixo. Pois bem.
Entendo ser lídima a pretensão do Impetrante, restando
irretocável a r. sentença sob reexame, haja vista que a
operação por ele realizada não está sujeita ao
recolhimento de ICMS, mormente porque inexiste
habitualidade e ato de comércio, já que se trata de
simples hipótese de transferência de bens pertencentes
ao ativo imobilizado.
...
Não é de se olvidar que o art. 155, II, da Constituição
Federal atribuiu aos Estados a competência para
instituir imposto sobre ―operações relativas à
circulação de mercadorias (...). Já o § 2º, inciso XII, a

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do mesmo artigo deixou à lei complementar tarefa de
definir os contribuintes desse tributo.
Por sua vez, a Lei Complementar 87/96 (norma federal
que
dispões sobre ICMS), define o contribuinte na primeira
parte no seu artigo 4º, vejamos:
...
Portanto, na esteira do conceito de ICMS delimitado
pelos Tribunais Superiores, se o contribuinte do ICMS
pratica um ato esporádico e incompatível com seu
objeto social (venda de equipamentos do ativo) sem
o intuito de se manter com as receitas provenientes
daquela atividade (em função da raridade com que tal
evento ocorre), logo, não haverá uma operação
comercial relevante para fins de incidência do tributo
em análise. É necessário segregar aquelas operações
reiteradas que se constituem fatos passíveis de
tributação daquele fato isolado, praticado sem o
propósito de atingir os objetivos sociais da
empresa.
No caso em tela, está claramente visível que se trata de
uma venda isolada de ativo fixo do produtor rural,
assim, não caracterizando um ato de comércio
praticado com habitualidade pelo comerciante, restando
desta forma demonstrada a violação a direito líquido e
certo do Impetrante, devendo a r. sentença ser
ratificada‖.

No julgamento do Recurso de Apelação número


000034718.2013.8.11.0027, o Excelentíssimo Relator
Desembargador, Doutor José Zuquim Nogueira, integrante da
Colenda Segunda Câmara de Direito Público e Coletivo, julgado em
08/11/2016 e Publicado no DJE 18/11/2016) decidiu:

―Os documentos trazidos pelo apelante revelam que


ele realizou muitas operações de venda e algumas de
devolução (exemplo fls. 1.478/1.480).

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As coisas vendidas, embora apresentassem suas
respectivas utilidades, não saíram de estoques de
mercadorias destinadas à venda, mas do ativo fixo
das empresas que compuseram o consórcio, que
não as adquiriram para comércio, mas como
instrumento de execução e material da construção
civil.
Isso significa que ditas operações não refletem
exercício de mercancia, atividades que o consórcio de
empresas, ora apelante, não exercitam, porque se
dedicam a atividade do ramo da construção civil.
O que ocorreu não foi a busca de “lucro”, que é
objeto da mercancia, mas sim a necessidade de
descartar coisas úteis, porém dispensáveis, que já
não expressavam interesse econômico às
empresas consorciadas, como máquinas,
equipamentos e ferramentas usadas. Entretanto, não
saíram das empresas que fazem parte do consórcio
Cigla-Sade como mercadorias, mas como desova de
seus ativos fixos.
...
Portanto, na esteira do conceito de ICMS delimitado
pelos Tribunais superiores, se o contribuinte desse
imposto pratica a venda de equipamentos do ativo sem
o intuito de se manter com as receitas provenientes
daquela atividade, logo, não haverá uma operação
comercial relevante para fins de incidência do tributo
em análise‖. (grifo nosso)

O C. Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE


194.300,
sob Relatoria do Excelentíssimo Ministro Doutor Ilmar Galvão,
integrante da Primeira Turma, (DJ 12.9.1997, íntegra anexa - Doc.
05), assentou que, nos casos como o que ora se discute, não incide o
Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias

Sem mais delongas, ao caso em apreço também se


aplica o

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verbete Sumular n.º 541 do STF. Vejamos:

“Súmula 541. O imposto sobre vendas e


consignações não incide sobre a venda ocasional
de veículos e equipamentos usados, que não se
insere na atividade profissional do vendedor, e não
é realizada com o fim de lucro, sem caráter, pois, de
comercialidade”.

Assim, levando-se em consideração que é direito


líquido e certo
do Impetrante em realizar as operações de venda já comprovadas
sem a incidência do ICMS, requer que Vossa Excelência conceda a
segurança ora vindicada, reconhecendo o direito líquido e certo do
Impetrante de não se sujeitar ao recolhimento do ICMS nas
operações de venda de ativo fixo, bens e insumos, certos, específicos
e constantes neste writ de forma precisa, conforme já detalhado e
comprovado através dos documentos carreados com este remédio
constitucional, determinando de consequência, que a Autoridade
Coatora abstenha-se e/ou suspenda todo e qualquer ato
administrativo de exigência tributária tendente a constituir o ilegítimo
crédito tributário.

3.2 - DA INEXISTÊNCIA DE ATAQUE À LEI EM TESE.

Neste momento, oportuno ponderar que a impetração do


presente remédio constitucional não tem como objetivo atacar lei em tese ou
Decreto Executivo, mas sim, os nefastos efeitos advindos das operações in
concreto já praticadas, expressamente previstos na legislação, os quais
vilipendiam o direito líquido e certo do Impetrante. Tudo isso em relação a bens
do ativo claramente definidos, em relação anexa ao presente writ, em operações
absolutamente especificadas que passam longe de um comando normativo
genérico ou um salvo conduto. Ou seja, busca-se aplicação do direito a um caso
concreto, plenamente delimitado nos autos.

Sob o tema, convêm colacionar o seguinte aresto pátrio:

―CONSTITUCIONAL - ADMINISTRATIVO: MANDADO DE


SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE - EFEITOS
CONCRETOS - MEIO IDÔNEO - FUNCIONÁRIO DO GDF -

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"QUINTOS" INCORPORADOS POR FORÇA DE LEI LOCAL -
DECRETO QUE MODIFICOU DIREITO ADQUIRIDO -
INCONSTITUCIONALIDADE - CONTROLE DIFUSO DA
CONSTITUCIONALIDADE DO ORDENAMENTO LEGAL -
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA HIERARQUIA DAS LEIS -
Ordem concedida.
1. O Mandado de Segurança não é o meio idôneo para se atacar
a lei em tese, mas quando esta gera situação específica e
pessoal, causando a violação concreta de direitos individuais,
é o remédio cabível para corrigir a grave distorção...5. Ordem
concedida. (Processo MS 427395 DF – Relator(a): P.A. ROSA DE
FARIAS – JULGAMENTO 29/10/1996 – Conselho Especial –
Publicado DJU 26/03/1997. Pg. 5.095‖.

―DECISÃO: Trata-se de agravo contra decisão que negou


processamento a recurso extraordinário fundado no art. 102, III,
a, da Constituição Federal, interposto em face de acórdão, o qual
possui a seguinte ementa (fl. 267): "EMBARGOS À EXECUÇÃO
FISCAL - ICMS - DESLOCAMENTOS DE MERCADORIA DE
UM PARA OUTRO ESTABELECIMENTO DO MESMO
CONTRIBUINTE - NÃO INCIDÊNCIA DO TRIBUTO, POR
NÃO CONFIGURADA A TRANSFERÊNCIA DE
PROPRIEDADE - SÚMULA 166 DO STJ - EMPREGO DA
EXPRESSÃO ''OPERAÇÕES'' E A DESIGNAÇÃO DO
IMPOSTO CONSAGRANDO O VOCÁBULO
''MERCADORIA'', QUE CONDUZEM À PREMISSA DA
EXISTÊNCIA DE ATO MERCANTIL - PRECEDENTES DO STF
- EMBARGOS ACOLHIDOS - RECURSO PROVIDO." Alega-se
violação ao artigo 155 da Carta Magna. Esta Corte, no
julgamento do AI-AgR 271.528, 1a T., Rel. Sepúlveda Pertence,
DJ 7.12.2006, fixou o seguinte entendimento: "EMENTA: I.
Mandado de segurança: admissibilidade. Não se caracteriza o
''mandado de segurança contra lei em tese'', se - como
reconheceu no caso o acórdão recorrido -, a norma legal
questionada é de ''eficácia concreta, direta e imediata'', capaz,
assim, de lesar direito líquido e certo do impetrante. (...)
Brasília, 24 de setembro de 2007. Ministro GILMAR MENDES
(Relator)
(AI 658719 / SP - SÃO PAULO - AGRAVO DE
INSTRUMENTO
Relator(a): Min. GILMAR MENDES - Julgamento: 24/09/2007)

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APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO DE SENTENÇA –
MANDADO DE SEGURANÇA – ICMS ESTIMATIVA POR
OPERAÇÃO (ART. 30, V, DA LEI 7.098/98, INTRODUZIDO
PELO ART. 17 DA LEI 9.226/2009) – PRELIMINARES DE
CARÊNCIA DE AÇÃO - AUSÊNCIA DE INTERESSE E
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA - INACOLHIDAS -
MATÉRIA RESERVADA À LEICOMPLEMENTAR, NOS
TERMOS DO ART. 146-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL –
ILEGALIDADE DECLARADA - SENTENÇA RATIFICADA -
RECURSO DESPROVIDO.
1. Não há que se falar, no caso, em MANDADO de
SEGURANÇA contra LEI em TESE, visto que o regime de
apuração do ICMS por estimativa vem sendo aplicado desde a
edição do Decreto n. 2.734/2010, e os arts. 87-J a 87-J-5 do
RICMS/MT possuem efeitos concretos.
(...)
4. Apelo desprovido. Sentença Ratificada.
(N.U 0005640-87.2014.8.11.0041, , MARIA EROTIDES KNEIP
BARANJAK, PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO E
COLETIVO, Julgado em 11/09/2017, Publicado no DJE
25/04/2018)

Do exposto, claro está que a impetração do presente writ não


visa atacar a lei em tese pois tem-se no caso, operações certas, definidas, já
ocorridas na prática, ou seja, situações absolutamente concretas em face de
aplicação de disposição legal com efeitos práticos diretos.

4 – DA LIMINAR

Ante o fundamentado e comprovado direito arrazoado, bem


como ante ao direito já afrontado, é não só cabível como se faz essencial a
concessão de medida liminar no presente mandamus pelo que também passa a
expor.

Os requisitos para que seja deferida medida liminar são,


basicamente, dois: o relevante fundamento, onde o Impetrante deve demonstrar,
ser detentor do fumus boni iuris, e o periculum in mora, que é justamente a
justificativa hábil que demonstre que o Impetrante não pode aguardar o
encerramento da lide sem que o objeto do presente writ se perca.

No caso prático, o fumus boni iuris restou absolutamente

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demonstrado, eis que, argumentou-se e provou-se que a venda de bens do ativo
fixo da empresa, bem como de insumos e produtos, já efetivada, não se
enquadra na hipótese de incidência determinada pelo art. 155, II, da Carta
Federal, tendo em vista que, em tal situação, inexiste circulação de mercadoria
no sentido jurídico-tributário: os bens não se ajustam ao conceito de
mercadorias e as operações não são efetuadas com a finalidade de obtenção de
lucro.

Ademais, o montante relativo ao ICMS objeto da discussão já


foi integralmente depositado nos presentes autos, sendo certo que este fato (que
abstrai a discussão do fumus boni iuris e do periculum in mora nesta fase
processual) eis que, por si só, já garante a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário até o deslinde da Ação, nos termos do art. 151, II, do CTN.

Ainda assim, o Impetrante, exclusivamente por prudência


necessária, esclarece que o periculum in mora, revela-se latente no caso, eis que, o
lançamento do crédito fiscal no CCF do Impetrante obstaculizará suas
atividades, tendo em vista a necessidade de Certidão para operar regularmente,
mesmo na condição de sócio da Scheffer & Cia Ltda.

É de se notar que o ICMS, no caso do Impetrante se faz devido


por ocasião da ocorrência de cada operação, motivo, inclusive, que justificou a
efetivação do depósito judicial no dia útil seguinte, data em que, seria devido o
recolhimento ao erário.

Outrossim, mesmo com o depósito judicial, verifica-se que o


fumus boni iuris e o periculum in mora (que inclusive eliminariam a
necessidade de realização deste) encontram-se plenamente comprovados na
medida em que o Impetrante não pode ficar na iminência de correr riscos
fiscais na operação de reorganização societária, pois, (i) segundo o
entendimento do Fisco Estadual o ICMS nas operações relatadas alhures seria
devido, (ii) o não pagamento ensejará na inibição da certidão negativa de
débitos do Impetrante; (iii) que o não pagamento poderá gerar auto de infração
em desfavor do Impetrante; (iv) que o não pagamento poderá gerar a perda de
incentivos fiscais e ainda, a inclusão do mesmo no Regime Administrativo
Cautelar contido na Resolução SARP 07/08; sem prejuízo de que (v) o nome do
Impetrante certamente será inserido no cadastro de proteção ao crédito
(CADIN); (vi) que tal fato atinge diretamente a tomada de crédito da Scheffer &
Cia Ltda, pois restrições em nome do Impetrante, na condição de seu sócio, afeta
diretamente as operações financeiras que são costumeiramente realizadas para
fomentar e viabilizar o desenvolvimento da atividade agropecuária.

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Justamente por esta razão, o Impetrante promoveu o depósito
judicial do valor correspondente ao ICMS sub judice, por cada inscrição
estadual, totalizando o valor total de R$ 4.988.569,95 (quatro milhões,
novecentos e oitenta e oito mil, quinhentos e sessenta e nova reais e noventa e
cinco centavos).

Oportuno notar ainda que a medida liminar postulada de mero


reconhecimento da suspensão de exigibilidade em função do depósito, não
representa qualquer antecipação quanto ao mérito do writ mas providência
preliminar que propiciará a análise da demanda com maior detalhamento após
as informações e manifestação do Ministério Público, sem qualquer prejuízo as
partes. Ou seja, no caso vertente não existe o periculum in mora inverso, visto
que a liminar não é irreversível e, em caso de denegação da ordem, o
Impetrado poderá simplesmente levantar o montante depositado em juízo à
seu favor.

Por fim, reitera-se que o pedido liminar ora feito é


extremamente urgente e importante para que a Impetrante não corra riscos
junto ao fisco estadual, ainda que sustentável seja que a efetivação do
depósito por si só, já lhe asseguraria seu direito. Por isso, o Impetrante pede o
zelo e sensibilidade usual de V.Exa. no sentido de não permitir o prejuízo da
atividade empresarial em prol da ganância fiscal.

Portanto, demonstrado o fumus boni iuris e o periculum in mora,


faz-se necessária a concessão liminar da segurança pretendida, a fim de
proteger o direito líquido e certo do Impetrante, como medida de Justiça.

“A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou


ameaça de direito” !!!

Por medida de direito, pede-se o deferimento do pedido abaixo,


in totum.

4.1 – DO DEPÓSITO JUDICIAL – SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO


CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

Objetivando demonstrar a boa-fé e a correição de seus atos, o


Impetrante, antecipadamente, deposita judicialmente o montante em discussão,
com o objetivo de obter a suspensão de exigibilidade que lhe é de direito pelo
artigo 151, II, do CTN.

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A operação de desincorporação e venda dos ativos, insumos e
implementos agrícolas alçará precisamente o montante de R$ 4.988.569,95
(quatro milhões, novecentos e oitenta e oito mil, quinhentos e sessenta e nova
reais e noventa e cinco centavos), dividido entre as “inscrições estaduais
contribuintes”, conforme consta da relação analítica de bens (Doc. 06), que
demonstra de forma pormenorizada o cálculo realizado pelo Impetrante, com
base nas ilegais regras impostas pelos já colacionados artigos do RICMS/MT.

Referido valor, inclusive, consta de outra planilha de cálculo


específica que detalha a redução de base de cálculo de cada bem, sua
tributação, conforme a legislação de regência (Doc. 06).

Levando-se em consideração os ilegais dispositivos do


Regulamento do ICMS supra colacionado, a Impetrada lançaria o valor do ICMS
indevido ao patamar de R$ 4.988.569,95 (quatro milhões, novecentos e oitenta e
oito mil, quinhentos e sessenta e nova reais e noventa e cinco centavos),
conforme discriminado abaixo por Inscrição Estadual:

Por se tratar de direito subjetivo do Impetrante, o crédito


tributário, já materializado pela ocorrência do fato gerador, deve ser suspenso
imediatamente, conforme se extrai da leitura do artigo 151, inciso II do CTN,
que, por sua vez, não traz qualquer outra condição senão a efetivação do
depósito integral do valor controverso. Vejamos:

―Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


II – o depósito do seu montante integral‖;

É assente em nosso ordenamento jurídico que a efetivação de

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depósito judicial, como disposto no art. 151, II do CTN, constitui-se como
genuíno direito subjetivo dos contribuintes, sendo a suspensão da exigibilidade
do crédito tributário tão somente consequência direta de tal ato.

O C. Supremo Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso


Especial AgInt no AREsp 960345SP 2016/0201213-8, afirmou taxativamente que:

―O depósito judicial é direito subjetivo do contribuinte, a


quem cabe a análise de sua conveniência, dado que suspende a
exigibilidade do crédito tributário, a teor do disposto no artigo
151, inciso II, do Código Tributário Nacional, não cabendo ao
juízo ordená-lo ou indeferí-lo‖.

Nesta linha, o E. Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula


112, que diz:

“O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se


for integral e em dinheiro.”

Da redação disposta no Código Tributário Nacional e na citada


súmula, depreende-se que o exercício deste direito é uma faculdade outorgada
ao contribuinte pelo legislador pátrio.

Assim, ocorrida a subsunção do fato à norma, inevitáveis os


efeitos consequentes, ou seja, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário
impossibilitando o Fisco de manejar atos executórios em face do contribuinte.

Novamente, destaca-se que tal faculdade é


imputada
unicamente ao contribuinte, não dependendo de autorização judicial para que
seus efeitos sejam propagados. Tamanha é a unicidade de entendimento que o
E. Superior Tribunal de Justiça assim reiteradamente vem decidindo ao longo
dos anos:

―PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ITBI. SUSPENSÃO


DA EXIGIBILIDADE. DEPÓSITO DO VALOR INTEGRAL.
DECISÃO QUE DEFERE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
ACÓRDÃO REGIONAL QUE RECONHECE A PRESENÇA
DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. REVISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. NECESSÁRIO REEXAME DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA

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SÚMULA 7/STJ. 1. No acórdão regional ficou consignado:
"Registre-se que é direito da parte, a suspensão da
exigibilidade do tributo, quando realizar o depósito do valor
equivalente (fls. 78 destes autos digitais), nos exatos termos do
art. 151, inciso II, do CTN, direito esse que decorre da Lei e é
exercitável independentemente de autorização judicial ou
concordância da Fazenda, uma vez que o seu pretenso crédito
acha-se garantido, no caso de improcedência do pedido do
contribuinte. Ou seja, o sujeito passivo não sofre os atos
executórios enquanto pendente a demanda, e, à Fazenda, fica
assegurado o direito de converter em renda o valor depositado"
(fl. 435, e-STJ) 2. O exame da presença dos pressupostos
autorizadores à concessão da antecipação de tutela - in casu, a
verossimilhança da alegação e o dano irreparável ou de difícil
reparação (art. 300 do CPC)- exige o

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reexame do conjunto fático-probatório, o que é vedado na via
estreita do Recurso Especial, por força da Súmula 7/STJ. 3.
Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não
provido.‖
(STJ - REsp: 1690575 SP 2017/0187742-2, Relator: Ministro
HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 05/10/2017, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/10/2017)

―AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 594.780 - RS


(2014/0257590-2) RELATOR : MINISTRO SÉRGIO KUKINA
AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO :
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL -
PR000000O AGRAVADO : TERMINAL GRANELEIRO S/A
ADVOGADO : AIRTON BOMBARDELI RIELLA E OUTRO (S)
- RS066012 DECISÃO Trata-se de agravo fundado no CPC/73,
interposto pela Fazenda Nacional, desafiando decisão
denegatória de admissibilidade a recurso especial, este
interposto com base no art. 105, III, a, da CF, contra acórdão
proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim
ementado (fl. 1391): AGRAVO DE INSTRUMENTO. DÉBITOS
INCLUÍDOS EM PARCELAMENTO. DEPÓSITO MENSAL
DAS PARCELAS. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. O contribuinte tem a faculdade
de depositar o tributo questionado e, com isso, obter a
suspensão da sua exigibilidade, nos termos do art. 151, II, do
Código Tributário Nacional, cabendo ressaltar que o depósito
do montante exigido constitui um direito subjetivo do
contribuinte que independe de autorização judicial para
exercê-lo. 2. A suspensão da exigibilidade das parcelas que
vencerem no curso da demanda depende do depósito
periódico integral e em dinheiro, em conta judicial específica
para depósito de tributos, nos termos do art. Io da Lei n.
9.703/98. 3. Agravo de instrumento provido. Não foram opostos
embargos declaratórios. Nas razões do recurso especial, a parte
agravante aponta violação ao art. 151, II, do CTN. Sustenta que
apenas o depósito do montante integral da dívida suspende a
exigibilidade do crédito tributário, de modo que o contribuinte
"Não pode endereçar a sua pretensão de parcelamento à
autoridade administrativa e após o deferimento, recorrer ao

Assinado eletronicamente por: CARLOS ROBERTO DE CUNTO MONTENEGRO - 04/11/2019 19:29:36


Num. 25756892 - Pág. 34https://pje.tjmt.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
x=19110419293675700000025111039
Poder Judiciário, passando a depositar, em Juízo, o valor do
parcelamento. Se o devedor opta por assim proceder, a
exigibilidade do crédito tributário permanecerá intacta." (fl.
1399). É o relatório. Registre-se, de logo, que o acórdão
recorrido foi publicado na vigência do CPC/73; por isso, no
exame dos pressupostos de admissibilidade do recurso, será
observada a diretriz contida no Enunciado Administrativo
n.2/STJ, aprovado pelo Plenário do STJ na Sessão de 9 de março
de 2016 (Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/73
- relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016 -
devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma
nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça). No presente
caso, o recurso especial não impugnou fundamento basilar que
ampara o acórdão recorrido, qual seja, de que a suspensão da
exigibilidade do crédito se dá mediante o depósito do tributo
questionado, ressalvando-se apenas que 'a suspensão da
exigibilidade das parcelas que vencerem no curso da demanda
depende do depósito periódico integral e em dinheiro, em conta
judicial na Caixa Econômica Federal, específica para depósito
de tributos' (fl. 1388), esbarrando, pois, no obstáculo da Súmula
283/STF, que assim dispõe: "É inadmissível o recurso
extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de
um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.".
A respeito do tema: AgRg no REsp 1.326.913/MG, Rel. Ministro
Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 4/2/2013; EDcl no
AREsp 36.318/PA, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, DJe 9/3/2012. Ademais, O Tribunal de origem
não se manifestou sobre a alegação de que a exigibilidade do
crédito tributário permanece intacta caso o contribuinte obtenha
o parcelamento junto à autoridade administrativa e
posteriormente deposite em juízo o valor do parcelamento,
tampouco foram opostos embargos declaratórios para suprir
eventual omissão. Portanto, à falta do necessário
prequestionamento, incide o óbice da Súmula 282/STF. Ante o
exposto, nego provimento ao agravo. Publique-se. Brasília (DF),
29 de maio de 2018. MINISTRO SÉRGIO KUKINA Relator‖
(STJ - AREsp: 594780 RS 2014/0257590-2, Relator: Ministro
SÉRGIO KUKINA, Data de Publicação: DJ 05/06/2018)
Regionalizando a questão, não é diferente o entendimento no
âmbito do E. Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, que em recente
julgamento, também decidiu:

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“ SEGUNDA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO E
COLETIVO — EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS
NOS AUTOS DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
100776680.2018.8.11.0000 — CLASSE 1689 — CNJ — CÍVEL —
COMARCA DE SINOP EMBARGANTE: JOSÉ ANTÔNIO
GUBERT;EMBARGADO: ESTADO DE MATO
GROSSO. Vistos etc. Embargos de declaração opostos por José
Antônio Gubert contra decisão que atribuiu efeito suspensivo
ao agravo de instrumento (Id. 2886281). Assegura que ―não
teve a oportunidade de garantir o Juízo diante da ausência de
determinação do MM. Juiz de Primeiro Grau‖, pelo que deve ser
―oportunizado ao ora embargante garantir o feito e por
consequência, uma vez que cumprido o determinado que seja
mantida a decisão de origem.‖. Contrarrazões (Id. 3222924). É o
relatório. Na decisão embargada, consignei que ―o agravado
não procedeu ao depósito integral e em dinheiro, pelo que não é
admissível, a princípio, a suspensão da exigibilidade do crédito
da Fazenda Pública.‖ (Id. 2886281, fls. 3). É certo que o depósito
do montante integral e em dinheiro para suspensão da
exigibilidade do crédito da Fazenda Pública, nos termos do
artigo 151, II, do Código Tributário Nacional, independe de
autorização judicial. [...] O depósito do montante integral do
crédito tributário controvertido, a fim de suspender a
exigibilidade do tributo, constitui direito do contribuinte,
prescindindo de autorização judicial e podendo ser efetuado
nos autos da ação principal (declaratória ou anulatória) ou via
processo cautelar. (Precedentes: AgRg no REsp 517.937/PE, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
28/04/2009, DJe 17/06/2009; EDcl no REsp 876.006/SP, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em
04/11/2008, DJe 24/11/2008; REsp 466.362/MG, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 15/03/2007, DJ
29/03/2007; REsp 697370/RS, Relator Ministro Castro Meira,
Segunda Turma, publicado no DJ de 04.08.2006; REsp
283222/RS, Relator Ministro João Otávio de Noronha, Segunda

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Turma, publicado no DJ de 06.03.2006; REsp 419855/SP, Relator
Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, publicado no DJ de
12.05.2003; e REsp 324012/RS, Relator Ministro Humberto
Gomes de Barros, Primeira Turma, publicado no DJ de
05.11.2001. [...]. (STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp
976148/SP, relator Ministro Luiz Fux, publicado no Diário da
Justiça Eletrônico em 9 de setembro de 2010). [sem negrito no
original] Todavia, eventual depósito do montante integral e em
dinheiro a autorizar a suspensão da exigibilidade do crédito de
natureza não tributário, deve ser feito em Primeira Instância.
Essas, as razões por que rejeito os embargos de declaração.
Intimem-se. Às providências. Cuiabá, 24 de janeiro de 2019.
Des. Luiz Carlos da Costa Relator ―
(N.U 1007766-80.2018.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS
DE DIREITO PÚBLICO, LUIZ CARLOS DA COSTA, Segunda
Câmara de Direito Público e Coletivo, Julgado em 03/01/0001,
Publicado no DJE 03/01/0001)

Assim, resta mais do que evidente a demonstração do direito a


que faz jus o Impetrante, vez que, pela exegese da lei, da doutrina e da
jurisprudência, não há razão para o não reconhecimento da suspensão da
exigibilidade do crédito tributário no caso presente.

Além do mais, necessário destacar-se o fato de que a decisão


pela suspensão da exigibilidade do crédito tributário não ensejará qualquer
prejuízo ao Estado de Mato Grosso.

O valor correspondente ao débito já foi depositado nos autos,


sob a tutela do Poder Judiciário, incidindo atualização conforme os índices
legais vigentes, de modo que, caso o Fisco Estadual seja vencedor ao final da
demanda, poderá converter em renda e encerrar a obrigação.

5. DO REQUERIMENTO

DIANTE DO EXPOSTO, da relevância do fundamento do

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pedido (fumus boni iuris) e da ineficácia da medida só ao final concedida
(periculum in mora), REQUER a V. Exa. o recebimento da presente Inicial por
dependência ao Mandado de Segurança Preventivo protocolizado sob o n.º
1043776-63.2019.8.1.0041, nos termos do art. 286, inciso II, do CPC e, por
consequência, o reconhecimento, em sede liminar, da suspensão de
exigibilidade do crédito tributário vinculado às notas fiscais colacionadas ao
presente writ, em obediência ao art. 151, inciso II, do CTN, determinando-se,
outrossim, também liminarmente, ao ILMO. SR. SENHOR SECRETÁRIO
ADJUNTO DE RECEITA PÚBLICA DA SECRETARIA DE ESTADO DE
FAZENDA DE MATO GROSSO ou QUEM SUA VEZ ESTIVER FAZENDO, que
se abstenha de cobrar do Impetrante (IE’s 13.263.568-2, 13.345.277-8 e 13.415.575-
0) o ICMS sobre as vendas de ativo fixo e vendas de insumos e implementos
agrícolas (adquiridos de terceiros), relacionados neste writ, para a empresa
Scheffer e Cia. (IE’s 13.206.633-5, 13.339.485-9, 13.340.921-0,
13.745.726-0, 13.744.301-3, 13.744.300-5, 13.744.302-1, 13.744.297-1, 13.744.298-0,
13.745.746-4, 13.744.299-8, 13.749.429-7, 13.745.765-0, 13.745.764-2,
13.752.2622, 13.752.339-4, 13.748.699-5, 13.752.242-8, 13.748.764-9, 13.752.138-3,
13.748.6928, 13.752.223-1, 13.748.706-1, 13.748.765-, 13.752.338-6, 13.748.674-0,
13.752.3092 e 13.752.224-0), conforme NF’s apresentadas em anexo, e que
possuem o CFOP´s 5.949 e 5.551; bem como para que abstenha de promover
lançamentos de ofício em face das operações específicas aqui tratadas, até que o
presente writ seja julgado em definitivo;

Dada a urgência que o caso requer, postula o Impetrante, desde


já, pela determinação expressa na ordem liminar de ―CUMPRIMENTO
IMEDIATO‖, pedindo-se ainda, a intimação da decisão via plantão;

Posteriormente seja notificada a Autoridades Coatora para que


preste as informações necessárias no prazo de 10 dias;

Ao final, seja confirmada a liminar pleiteada, concedendo-se


ainda a segurança em definitivo para o fim reconhecer o direito líquido e certo
do Impetrante de não se submeter ao recolhimento do ICMS nas operações de
venda de ativo fixo, bens e insumos conforme já detalhados e comprovados
pelos documentos carreados com este remédio constitucional, determinando de

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consequência, que a Autoridade Coatora abstenha-se e/ou suspenda e/ou anule
todo e qualquer ato administrativo de exigência tributária tendente a constituir
o ilegítimo crédito tributário.

A fim de proporcionar que a presente discussão chegue até as


mais elevadas Cortes, desde já, requer que Vossa Excelência declare
expressamente se o art. 54, II e art. 54, § 5º e 8º, do Capítulo XVII, do Anexo V e
pelo art. 1º, incisos I e II, do Capítulo I, Anexo V, ambos do RICMS-MT
afrontam o artigo 155, II, da CF, bem como o artigo 4º, da LC 87/1996 e o artigo
110, do CTN, sob pena de nulidade da decisão e ofensa ao artigo 5º, incisos LIV,
LV e artigo 93, IX, ambos da constituição Federal.

Por fim, após a total procedência do pleito, seja o valor


depositado e seus respectivos consectários sejam levantados em favor do
Impetrante.

Declara o peticionário nos termos da lei, que todos os


documentos apresentados com a presente peça processual conferem com as
originais.

Requer, outrossim, que todas as publicações e/ou intimações


oficiais relativas ao presente processo sejam feitas CONJUNTAMENTE e
EXCLUSIVAMENTE em nome dos advogados Carlos Roberto de Cunto
Montenegro – OAB/MT 11.903-A e Fabio Luis de Mello Oliveira – OAB/MT
6848.

Dá-se á causa o valor de R$ 4.988.569,95 (quatro milhões,


novecentos e oitenta e oito mil, quinhentos e sessenta e nova reais e noventa e
cinco centavos).

Nestes temos, pede


deferimento.
Cuiabá-MT, 04 de novembro de 2019.

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CARLOS ROBERTO DE CUNTO MONTENEGRO
OAB/MT 11903-A

AMANDA DA COSTA MARQUES


OAB/MT 16.381

Rol de documentos:

Doc. 01 – Documentos pessoais e Cadastro das Inscrições Estaduais do


Impetrante;
Doc. 02 – Procuração;
Doc. 03 – Notas Fiscais;
Doc. 04 - Contrato Social e Cadastro das Inscrições Estaduais da adquirente;
Doc. 05 – Julgamento do RE 194.300;
Doc. 06 – Planilha com a relação analítica de bens e cálculo do ICMS.

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