Você está na página 1de 3

Justiça Federal da 3ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/07/2023

Número: 5002409-58.2022.4.03.6114
Classe: TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE
Órgão julgador: 3ª Vara Federal de São Bernardo do Campo
Última distribuição : 22/05/2022
Valor da causa: R$ 6.357,61
Assuntos: Alienação Fiduciária
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JOSE DA SILVA LOURENCO (REQUERENTE) ELISABETE VERONICA BIANCHI BEJCZY (ADVOGADO)
OLGA NOVELI LOURENCO (REQUERENTE) ELISABETE VERONICA BIANCHI BEJCZY (ADVOGADO)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REQUERIDO) CHRISTIANO CARVALHO DIAS BELLO registrado(a)
civilmente como CHRISTIANO CARVALHO DIAS BELLO
(ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
29024 06/06/2023 16:47 Sentença Sentença
3675
TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE (12134) Nº 5002409-58.2022.4.03.6114 / 3ª Vara Federal de São Bernardo do Campo
REQUERENTE: JOSE DA SILVA LOURENCO, OLGA NOVELI LOURENCO
Advogado do(a) REQUERENTE: ELISABETE VERONICA BIANCHI BEJCZY - SP92857
REQUERIDO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF
Advogado do(a) REQUERIDO: CHRISTIANO CARVALHO DIAS BELLO - SP188698

VISTOS.

Tratam os presentes autos de procedimento de tutela cautelar antecedente, partes qualificadas na inicial,
com pedido liminar, objetivando impedir a consolidação da propriedade em favor da CEF.

Em apertada síntese, alega a parte autora que celebrou junto à instituição financeira requerida contrato de
Compra e Venda de Imóvel, Mútuo e Alienação Fiduciária em Garantia no Sistema Financeiro de
Habitação. Por condições adversas, deixou de cumprir o contrato, o que resultou na inadimplência desde
outubro de 2021. Pugna pela declaração temporária de inexigibilidade ou de revisão do contrato firmado,
decorrente da situação de força maior e do dever de negociar, decorrente sempre da boa-fé objetiva.

A inicial veio instruída com documentos.

Custas recolhidas.

Indeferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela.

Citado, o réu apresentou contestação refutando a petição inicial.

É O RELATÓRIO.

PASSO A FUNDAMENTAR E A DECIDIR.

Dos fatos narrados nos autos é incontroverso que o financiamento se encontra com as parcelas em atraso.

No tocante a possibilidade de purgação da mora, a Lei nº 9.514/97 previa em seu artigo 39 a aplicação dos
artigos 29 a 41 do Decreto-Lei nº 70/66 às operações de crédito disciplinadas por aquele diploma legal;
destarte, como o artigo 34 do referido Decreto-Lei prevê que é lícita a purgação da mora até a assinatura
do auto de arrematação, sempre se entendeu pela possibilidade da purgação da mora antes da assinatura
do auto de arrematação do imóvel, desde que tal depósito compreendesse, além das parcelas vencidas do
contrato, os prêmios de seguro, multa contratual e todos os custos advindos da consolidação da
propriedade.

A Lei nº 13.465 de 2017, no entanto, restringiu a aplicação das disposições dos artigos 29 a 41, do
Decreto-Lei n. 70, de 21 de novembro de 1.966, “exclusivamente aos procedimentos de execução de

Assinado eletronicamente por: ANA LUCIA IUCKER MEIRELLES DE OLIVEIRA - 06/06/2023 16:47:46 Num. 290243675 - Pág. 1
https://pje1g.trf3.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23060616474631300000280753086
Número do documento: 23060616474631300000280753086
créditos garantidos por hipoteca”, não mais se aplicando aos contratos regidos pelo Sistema Financeiro
Imobiliário, que estabelece a garantia fiduciária e não a hipotecária.

A mesma Lei nº 13.465, de 2017, no lugar da purgação da mora, estabeleceu a modalidade de recompra
do imóvel pelo mutuário, com preferência, pelo valor da dívida consolidada (com os acréscimos legais),
como se vê da nova disciplina legal, mediante a inserção do § 2º-B ao artigo 27 da Lei nº 9.514/97.

Assim, a partir da inovação legislativa não mais se discute o direito à purgação da mora até a assinatura
do auto de arrematação (artigo 34 DL. 70/66), mas, diversamente, o direito de preferência de aquisição do
imóvel pelo preço correspondente ao valor da dívida, além dos "encargos e despesas de que trata o § 2º
deste artigo, aos valores correspondentes ao imposto sobre transmissão inter vivos e ao laudêmio, se for
o caso, pagos para efeito de consolidação da propriedade fiduciária no patrimônio do credor fiduciário,
e às despesas inerentes ao procedimento de cobrança e leilão, incumbindo, também, ao devedor
fiduciante o pagamento dos encargos tributários e despesas exigíveis para a nova aquisição do imóvel,
de que trata este parágrafo, inclusive custas e emolumentos".

No caso em análise, considerando que não foi concedida liminar e que o leilão referente ao imóvel objeto
da matrícula imobiliária nº 32420, do 1º Cartório de Registro de Imóveis de São Bernardo do Campo/SP,
segundo a parte autora, foi frutífero, com arrematação do bem por terceiros, verifica-se a perda do objeto.

Posto isso, EXTINGO O PROCESSO SEM RESOLVER O MÉRITO, com fulcro no artigo 485,
inciso VI, do Código de Processo Civil e condeno a parte autora ao pagamento de custas e honorários
advocatícios, os quais fixo em 10% do valor da causa, devidamente atualizado, nos termos do artigo 85, §
2.º, do Código de Processo Civil.

Providencie a Secretaria o levantamento do depósito em favor da parte autora, independentemente do


trânsito em julgado.

P.I.

São Bernardo do Campo, data da assinatura eletrônica.

Assinado eletronicamente por: ANA LUCIA IUCKER MEIRELLES DE OLIVEIRA - 06/06/2023 16:47:46 Num. 290243675 - Pág. 2
https://pje1g.trf3.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23060616474631300000280753086
Número do documento: 23060616474631300000280753086

Você também pode gostar