PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária da Bahia
16ª Vara Federal Cível da SJBA

SENTENÇA TIPO "A"

PROCESSO: 1007367-23.2019.4.01.3300
CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL (120)
POLO ATIVO: SUELI VON DENTZ JORDAN SANCHEZ DE LA CAMPA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: JAFETH EUSTAQUIO DA SILVA JUNIOR - BA23261 e DANIEL
RODRIGUES BARBOSA MARRA - BA32625
POLO PASSIVO:GERENTE/ CHEFE EXECUTIVO DA CENTRAL REGIONAL DE ANÁLISE DE BENEFÍCIO
PARA RECONHECIMENTO DE DIREITOS DA SR NORDESTE - CEAB/SR IV e outros

- SENTENÇA -

I - RELATÓRIO

Trata-se de mandado de segurança impetrado por SUELI VON DENTZ JORDAN SANCHEZ DE
LA CAMPA contra ato atribuído, posteriormente, ao GERENTE EXECUTIVO DA CENTRAL REGIONAL DE
ANÁLISE DE BENEFÍCIO PARA ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS DA SR NORDESTE - CEAB/
DJ/SR IV, requerendo que a decida o recurso administrativo interposto em face de decisão que indeferiu
benefício de auxílio-doença postulado (NB 532.212.107-9), registrado sob o protocolo de nº. 2036585337.

Sustenta a impetrante que protocolou, em 24/12/2018, recurso contra a decisão administrativa

que negou o benefício previdenciário perquirido, havendo, no seu entender, flagrante omissão da autoridade
coatora, já que seu processo ainda se encontrava em status de análise até 27/06/2019, ultrapassando,
claramente, a razoabilidade prevista na Constituição e o quanto previsto no art. 48 da Lei nº. 9.784/99.

Com a exordial, vieram procuração e documentos (ID’s 65464583 a 65466083).

Foi exarado despacho (ID 65554085), intimando a impetrante para, em emenda à petição inicial,
indicar a autoridade coatora, individualizando o agente responsável pela prática do ato coator, sendo esta

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promovida pela acionante (ID 71823571), que apontou o Gerente Executivo do INSS como autoridade
impetrada.

Foi proferida decisão (ID 75432046), que deferiu a gratuidade judiciária e intimou a impetrante
para que juntasse “os documentos que demonstrem seu direito, ou por outra, comprove obstáculo que tenha
sido oposto na efetiva tentativa de obtê-los”, havendo o respectivo aditamento com a juntada de novo espelho
do processo administrativo datado de 02/09/2019, apontando a manutenção do mesmo status (ID’s 82966664 e
82966667).

O pedido liminar foi deferido pela decisão antecipatória proferida por este Juízo (ID 83119556),
determinando que a autoridade impetrada desse andamento em dez dias ao pleito administrativo.

Por meio do despacho ID 105524879, constatando-se que o requerimento administrativo de

protocolo n. 2036585737 fora realizado junto à Agência da Previdência Social de Salvador - Brotas, ordenou
que fosse intimada a acionante para promover nova retificação do polo passivo deste mandamus, sendo esta
envidada em seguida.

A Gerência Executiva do INSS em São Bernardo manifestou-se (ID 176245380), alertando "que
com a criação da Central de Análise de Benefício – CEAB (Resolução nº 694/PRES/INSS de 08/08/2019)
houve a transferência da tarefa para a CEAB – Reconhecimento de Direito da SRIV, onde aguarda análise".

Com vista dos autos, o Ministério Público Federal opinou pela concessão da segurança (ID
209565883).

Em novo despacho (ID 211112367), este Juízo determinou a intimação da parte impetrante para
retificar o polo passivo da ação, indicando corretamente a autoridade impetrada, ante a informação prestada
pelo órgão do INSS.

Houve, então, novo retificação do polo passivo pela acionante, que apontou o Gerente
Executivo Da Central Regional De Análise De Benefício Para Atendimento De Demandas Judiciais Da SR
Nordeste - CEAB/ DJ/SR IV, localizada em Recife (ID 349696422).

Determinada a notificação da autoridade coatora, foi expedida carta precatória, posteriormente

cumprida e devolvida a este Juízo (ID 422089882).

Após despacho ID 553488369, foi lavrada certidão ID 668028451, que atestou a não
apresentação de informações pela autoridade coatora neste feito.

Por meio de petição intercorrente (ID 672549459), o INSS solicitou seu ingresso no feito.

A impetrante não mais se manifestou nos autos, nada informando acerca de eventual
descumprimento da obrigação imposta por meio da decisão antecipatória proferida.

É o breve relatório. Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

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 No mérito, não sendo colacionados aos autos novos elementos aptos a alterar a situação fática
apresentada nos autos, passo a reiterar as razões lançadas pelo Juízo quando da concessão da medida liminar
requerida na inicial.

No caso em epígrafe, verifica-se que a impetrante protocolou recurso administrativo, na data de

24/12/2018, contra decisão que negou seu benefício auxílio-doença NB 532.212.107-9), registrado sob o
protocolo de nº. 2036585337 (ID’s 65464592 e 65466064), estando este, até 02/09/2019 (ID’s
65464594, 82966664 e 82966667), com a indicação de sob análise, sem qualquer decisão definitiva ou
solicitação de providências destinadas à segurada. Tal informação foi, inclusive, corroborada pela Gerência
Executiva do INSS em São Bernardo, datada de 04/02/2020 (ID 176245380).

Ora, a Constituição Federal preconiza a razoável duração do processo (artigo 5°, LXXVIII, da
Constituição Federal), regra esta que também deve ser observada na esfera administrativa, consoante deixa
também claro a Lei nº. 9.784/1999. Desse modo, tendo decorrido mais de 13 (treze) meses desde a data do
protocolo do recurso, sem qualquer andamento ou resposta ao pleito administrativo, não há motivo justo para
que a respectiva solicitação não tenha sido processada e concluída até a presente data.

De sua vez, ressalto que não foi, ainda, informado o julgamento do recurso pela autoridade
coatora, que, sequer, apresentou suas informações nos autos.

Neste sentido, é extremamente imperioso que sejam adotadas todas as providências

administrativas que estejam a cargo da autoridade coatora e do INSS para o julgamento final do recurso
administrativo manejado pela impetrante, com a definição acerca de seu pretenso direito ao auxílio-doença, nos
moldes por ela postulados na esfera administrativa, sob pena de claro vilipêndio à garantia constitucional da
razoável duração do processo administrativo e à dignidade da pessoa humana.

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para tornar definitivos os efeitos da decisão ID

83119556, extinguindo a demanda com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, devendo a
autoridade coatora e o INSS adotar todas as medidas a seu encargo para que seja dada decisão final acerca
do protocolo indicado pela impetrante na exordial, sob pena de imposição de multa diária no valor de R$ 100,00
(cem reais), desde que não haja nenhuma diligência a cargo da segurada a obstar a análise de sua pretensão
recursal.

Custas na forma da lei. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 25 da Lei nº.
12.016/2009.

Sentença sujeita ao reexame necessário, de modo que, decorrido o prazo recursal, com ou sem
manifestação das partes, remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Salvador, datado e assinado eletronicamente.

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 DIRLEY DA CUNHA JÚNIOR

Juiz Federal Titular da 16ª Vara da SJBA

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