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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

22/11/2022

Número: 5004057-43.2020.8.13.0452
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1º Juizado Especial Cível da Comarca de Nova Serrana
Última distribuição : 28/10/2020
Valor da causa: R$ 770,23
Assuntos: Seguro
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
YURI GABRIEL DUARTE OLIVEIRA (AUTOR)
ALEXANDRE DE ASSIS CONCI RUSSO (ADVOGADO)
RENATO CESAR TEIXEIRA OLIVEIRA (ADVOGADO)
STHEFANIE DE FREITAS FARIA (ADVOGADO)
LAIS SOARES COSTA (ADVOGADO)
Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A
(RÉU/RÉ)
GERSON VANZIN MOURA DA SILVA (ADVOGADO)
JAIME OLIVEIRA PENTEADO (ADVOGADO)
LEONARDO GONCALVES COSTA CUERVO (ADVOGADO)

Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9471371231 26/06/2022 17:55 Sentença Sentença
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Justiça de Primeira Instância

Comarca de / 1º Juizado Especial Cível da Comarca de Nova Serrana

PROCESSO Nº: 5004057-43.2020.8.13.0452

CLASSE: [CÍVEL] PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436)

ASSUNTO: [Seguro]

AUTOR: YURI GABRIEL DUARTE OLIVEIRA

RÉU/RÉ: Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A

SENTENÇA

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95. Passo a um breve resumo dos fatos relevantes ao deslinde da causa.

A parte autora ajuizou a ação de cobrança, na qual pretende receber o valor de R$ 770,23 de indenização, referente ao seguro
DPVAT, a título de despesas médicas decorrentes de lesões causadas por acidente automobilístico.

A ré, em contestação de ID3830468063, arguiu preliminar de ausência de interesse de agir, uma vez que a parte autora iniciou o
processo administrativo, contudo, a documentação apresentada foi considerada irregular, em razão da ausência de documentos
obrigatórios, e mesmo sendo intimada para regularizar quedou-se inerte, sendo, portanto, o pedido cancelado.

DECIDO.

FUNDAMENTAÇÃO

PRELIMINAR - AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL

Inicialmente, cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 839.314/MA, reconheceu a repercussão
geral do tema sobre a pertinência do prévio requerimento administrativo.

No âmbito do E. TJMG, a jurisprudência dominante já trata o prévio requerimento administrativo como condição da ação para a
cobrança do seguro, sendo certo que sua inexistência se traduz em ausência de interesse de agir, vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO DPVAT - PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO - NÃO
COMPROVAÇÃO DA RECUSA DA SEGURADORA - AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL.

Número do documento: 22062617555184400009467468400


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22062617555184400009467468400
Assinado eletronicamente por: ROMULO DOS SANTOS DUARTE - 26/06/2022 17:55:52 Num. 9471371231 - Pág. 1
- O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 839.314/MA, passou a entender que, não obstante o princípio
da inafastabilidade da jurisdição, em casos de cobrança de seguro DPVAT, é imprescindível o prévio requerimento administrativo e, por
consequência, a recusa de pagamento, para que se configure o interesse de agir, o que, frise-se, não se confunde com esgotamento das vias
administrativas.

- Considerando que não houve resposta final da seguradora ao requerimento administrativo do apelante, mas apenas um pedido de
juntada de documentos adicionais, resta configurada a falta de interesse processual, sendo de rigor a extinção do feito, sem
resolução de mérito. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.21.129154-7/001, Relator(a): Des.(a) Sérgio André da Fonseca Xavier , 18ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/09/2021, publicação da súmula em 28/09/2021). Grifei.

Compulsando os autos, verifica-se que a parte autora formulou pedido na esfera administrativa, no entanto quedou-se inerte na
apresentação dos documentos solicitados pela seguradora, o que ensejou no cancelamento do pedido, ID1195659870.

Nessa premissa, entendo que não houve indeferimento do pedido feito na via administrativa, até porque, em decorrência da
ausência de documentação, o pedido não pode sequer ser analisado.

Assim, caso a documentação tivesse sido apresentada dentro prazo de 180 dias, e estando de acordo com o art. 3º, III, da Lei
6194/74, que trata do reembolso das despesas de assistência médica e suplementares, a parte autora, poderia, inclusive, ser
ressarcida administrativamente.

Ressalta, contudo, que a exigência de apresentação de documentos complementares feita pela seguradora mostra-se legítima e não
pode ser interpretada com a necessidade de exaurimento da esfera administrativa.

Ao contrário, exigir da parte autora apenas a demonstração de pedido administrativo, sem atender às solicitações essenciais para
análise do pedido, seria permitir que o requerente apenas solicitasse "pro forma", a fim de justificar um suposto interesse de agir
na esfera judicial, sob o argumento de que já formulou o pedido no âmbito administrativo.

Outrossim, ressalta-se que o cancelamento do requerimento administrativo se deu tão somente em razão da inércia da parte autora,
ao não apresentar os documentos essenciais para a análise do pedido de indenização.

Lado outro, conforme informado pela seguradora (ID1195659870), a parte autora tem a faculdade de proceder com a reabertura do
pedido, anexando os documentos já solicitados, junto ao mesmo ponto de atendimento em que o processo foi iniciado.

Dessa forma, resta patente a ausência de interesse de agir da parte autora, em face da inexistência de conflito de interesses.

Nesse sentido, vejamos recente julgado do e. TJMG:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO.
CANCELADO. INÉRCIA DA PARTE EM APRESENTAR DOCUMENTOS NECESSÁRIOS. INTERESSE DE AGIR. NÃO
CONFIGURAÇÃO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. SENTENÇA REFORMADA. O Supremo Tribunal
Federal definiu, no julgamento dos recursos extraordinários n° 839.314 e 824.704, com repercussão geral, que a falta de pedido
administrativo prévio perante a seguradora impede a propositura de ação de cobrança de indenização do seguro DPVAT, por não haver
pretensão resistida, inexistindo interesse de agir. - Tendo em vista que o procedimento administrativo foi cancelado por inércia da
parte em apresentar os documentos necessários para a resposta administrativa da seguradora (aceitação ou recusa), resta
configurada a ausência de interesse de agir, que impõe a extinção do feito sem resolução do mérito. (TJMG - Apelação Cível
1.0000.21.122692-3/001, Relator(a): Des.(a) Luiz Artur Hilário , 9ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 10/11/2021, publicação da súmula
em 16/11/2021). Grifei.

Portanto, não havendo análise e eventual indeferimento pela seguradora, não há interesse de agir da parte autora, não se
verificando, consequentemente, necessidade e utilidade da tutela jurisdicional, sendo a extinção do feito medida que se impõe.

DISPOSITIVO

Número do documento: 22062617555184400009467468400


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22062617555184400009467468400
Assinado eletronicamente por: ROMULO DOS SANTOS DUARTE - 26/06/2022 17:55:52 Num. 9471371231 - Pág. 2
Pelo exposto, ex vi do art. 485, VI, do CPC c/c art. 51, §1º da Lei 9.099/95, JULGO EXTINTO O FEITO sem resolução do
mérito, em razão da falta de interesse processual.

Sem custas e sem honorários, nos termos dos arts. 54 e 55 da Lei nº 9.099/95.

Com o trânsito em julgado, arquivem-se os autos.

Intimem-se.

, data da assinatura eletrônica.

RÔMULO DOS SANTOS DUARTE

Juiz de Direito

Número do documento: 22062617555184400009467468400


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22062617555184400009467468400
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