Você está na página 1de 4

Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

13/10/2021

Número: 5007793-63.2016.8.13.0079
Classe: [CÍVEL] AÇÃO CIVIL PÚBLICA CÍVEL
Órgão julgador: 5ª Vara Cível da Comarca de Contagem
Última distribuição : 04/05/2016
Valor da causa: R$ 100,00
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
Ministério Público - MPMG (AUTOR)
FUNDAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E ESCOLA -
FUNAPE (RÉU/RÉ)
Francilene Gomes da Silva (ADVOGADO)

Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
271899141 12/03/2021 500779363 Sentença
7 18:09
COMARCA DE CONTAGEM
Processo nº 5007793-63.2016.8.13.0079
Ação de rito comum
Autor: Ministério Público do Estado de Minas Gerais
Ré: Fundação Nacional de Pesquisa e Escola - FUNAPE

SENTENÇA

Vistos, etc...

I – RELATÓRIO

Trata-se de ação de rito comum ajuizada por MINISTÉRIO PÚBLICO DO


ESTADO DE MINAS GERAIS em face de FUNDAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E
ESCOLA - FUNAPE, partes qualificadas nos autos, visando a extinção da fundação
privada em questão, ao argumento de que não vem cumprindo as finalidades para as
quais foi criada, restando sem atividade financeira de 2011 a 2014.

Com a inicial foram juntados documentos.

Audiência inicial de conciliação realizada sem êxito na tentativa de


composição, ante a ausência da ré, id 15548725.

A ré apresentou contestação id 89281788, pugnando pela concessão da


gratuidade de justiça. Quanto ao mérito, aduzindo que realmente está sem atividades
desde 2010 e também sem movimentação financeira, concordando com a extinção.
Informou os bens móveis de propriedade da fundação, sugerindo a entidade
beneficiária, bem como informando a inexistência de bens imóveis.

Impugnação à contestação id 117949240.

Ainda, o autor requereu a intimação da ré para a apresentação de


documentos instrutórios do pedido de gratuidade de justiça, id 111242643, ao que a ré
requereu a expedição de ofício para obtenção de extratos bancários, tendo juntado
declaração de imposto de renda do representante legal da fundação, id 118881047.

A ré ainda apresentou petição requerendo a suspensão do processo ante


a possibilidade de novos investimentos e continuidade das atividades da fundação, id
1735634864, bem como petição requerendo fosse dada vista ao Ministério Público
acerca de tal pretensão, id 2182496530.

Após, vieram-me os autos conclusos para decisão.

É o que cumpria relatar. Decido.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Não foram arguidas preliminares e não há questões para serem dirimidas


de ofício, nulidades ou irregularidades para serem sanadas.

Não obstante o pedido da ré de suspensão do processo ante à hipótese


de novos investimentos e continuidade das atividades da fundação, verifica-se nos autos

d1

Número do documento: 21031218094565900002716088786


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21031218094565900002716088786
Assinado eletronicamente por: GLAUCIENE GONCALVES DA SILVA - 12/03/2021 18:09:46 Num. 2718991417 - Pág. 1
não ser o caso de deferimento. Com efeito, a parte ré apenas alega a possibilidade de
continuidade, mas não apresenta nenhum documento comprobatório da real viabilidade
de prosseguimento de suas atividades.

Portanto, nenhuma hipótese prevista pelo artigo 313, do CPC, restou


configurada.

Além disso, poderia ter diligenciado direta e administrativamente junto ao


Ministério Público no intuito de, se fosse o caso, o autor requeresse a extinção desta
ação sem resolução de mérito, o que não foi feito.

Quanto ao pedido de gratuidade de justiça formulado pela ré, defiro, posto


que o próprio autor afirma a inexistência de movimentação financeira e patrimonial. Além
disso, a ré, a despeito de não ter juntado os extratos de sua conta, como lhe foi
determinado, arrolou os parcos bens móveis de sua propriedade, sendo-lhe inclusive
nomeada advogada dativa para defesa, evidenciando-se a hipossuficiência financeira
da entidade.

Passo ao julgamento do mérito, com base nas provas documentais


constantes dos autos, suficientes ao deslinde da questão.

Aduz o autor na inicial que a ré não vem cumprindo as finalidades para


as quais foi criada, restando sem atividade financeira de 2011 a 2014, ensejando a sua
extinção.

Dispõe o artigo 69, do Código Civil, que se tornando ilícita, impossível ou


inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão
do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-
se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto,
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

No caso dos autos, conforme documentação apresentada com a inicial,


e como foi declarado pela própria fundação em sua manifestação de defesa, não há
atividades e movimentação financeira na entidade desde 2010, tendo em vista que
cessaram os investimentos pelos órgãos governamentais.

Assim sendo, conclui-se pela impossibilidade de desempenho da


finalidade para a qual a fundação foi constituída. A ré não tem patrimônio nem
comprovação efetiva de que pode angariar tal patrimônio que assegure o
desenvolvimento das atividades previstas no estatuto, ou seja, não tem meios materiais
de continuar, razão pela qual, pela dicção legal, deve ser extinta.

Veja-se que em id 118881047 a ré aduz que a conta bancária foi


encerrada há vários anos, sendo que os bens arrolados são computador e mobiliário
antigos, acerca dos quais o autor teve vista e não impugnou.

Ainda, a própria ré sugeriu uma creche como beneficiária de tais bens,


sugestão acerca da qual o Ministério Público não se opôs.

Vale destacar que o Estatuto Social da ré prevê como hipóteses de


extinção aquelas previstas pelo Código de Processo Civil, como ocorre no caso dos
autos.

Impera, pois, o acolhimento da pretensão exposta na inicial.

d2

Número do documento: 21031218094565900002716088786


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21031218094565900002716088786
Assinado eletronicamente por: GLAUCIENE GONCALVES DA SILVA - 12/03/2021 18:09:46 Num. 2718991417 - Pág. 2
III – DECISÃO

Diante do exposto, ACOLHO os pedidos formulados pelo autor e declaro


extinta a Fundação Nacional de Pesquisa e Escola – FUNAPE, na forma do artigo
765, II, do CPC, promovendo a destinação de seus bens à Creche Dona Belinha,
qualificada na contestação.

Declaro extinto o processo, com resolução de mérito, na forma do artigo


487, I, do CPC.

Condeno a ré ao pagamento das custas processuais, suspensa a


exigibilidade em face da gratuidade de justiça concedida.

Fixo honorários em favor da advogada dativa conforme Tabela de


Honorários para Advogados Dativos da OAB/MG em R$647,00. Expeça-se certidão de
crédito.

Transitada em julgado, expeça-se mandado de averbação da sentença


no Serviço de Registro de Títulos e Documentos da Pessoa Jurídica.

Após, ao arquivo, com baixa.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Três Corações, 10 de março de 2021.

GLAUCIENE GONÇALVES DA SILVA


Juíza de Direito em cooperação

d3

Número do documento: 21031218094565900002716088786


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21031218094565900002716088786
Assinado eletronicamente por: GLAUCIENE GONCALVES DA SILVA - 12/03/2021 18:09:46 Num. 2718991417 - Pág. 3

Você também pode gostar