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Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/11/2018

Número: 5151764-09.2018.8.13.0024
Classe: DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
Órgão julgador: 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte
Última distribuição : 26/10/2018
Valor da causa: R$ 120.000,00
Assuntos: Apuração de haveres
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
VANDERLEI MARCIO DOS SANTOS (AUTOR) GABRIELA CAMPOS E SILVA (ADVOGADO)
P V ENGENHARIA LTDA - ME (RÉU)
PATRICIA JORDANA PEREIRA BATISTA (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
55206 31/10/2018 18:55 Despacho Despacho
203
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

COMARCA DE BELO HORIZONTE

2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte

Avenida Raja Gabaglia, 1753, Luxemburgo, BELO HORIZONTE - MG - CEP: 30380-900

PROCESSO Nº 5151764-09.2018.8.13.0024

CLASSE: DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE (12086)

ASSUNTO: [Apuração de haveres]

AUTOR: VANDERLEI MARCIO DOS SANTOS

RÉU: P V ENGENHARIA LTDA - ME, PATRICIA JORDANA PEREIRA BATISTA

Vistos, etc...

VANDERLEI MÁRCIO DOS SANTOS, qualificado, ajuizou a presente AÇÃO DE DISSOLUÇÃO


PARCIAL DE SOCIEDADE COM APURAÇÃO DE HAVERES em face de PV ENGENHARIA
LTDA. e PATRÍCIA JORDANA PEREIRA BATISTA, igualmente qualificadas.

Relatou que a empresa PV ENGENHARIA foi constituída com recursos próprios e teve suas atividades
iniciadas em 22 de dezembro de 2015. Informou que o objeto social é a prestação de serviços de
engenharia geral.

Destacou que o capital social foi dividido em 50% para cada sócio, bem como que os serviços de
engenharia, especificados no objeto social, ficaram a cargo da sócia-administradora, ora ré pessoa física.

Argumentou que após o registro da empresa, recebeu um telefonema de um suposto funcionário do


CREA-MG lhe exigindo, à época, que para o regular funcionamento da empresa, a requerida, que é
engenheira, deveria ser a única responsável pela administração.

Aduziu que feita a alteração contratual, com a exigência acima, passou a não ter mais acesso à prestação
de contas, dos investimentos e recebimentos da empresa, sendo alijado da administração pela sócia.

Sustentou que com o passar dos anos, os recursos da empresa foram se esvaindo, e mesmo com as
constantes recusas ao acesso aos documentos, a ré continuava exigindo mais recursos de sua parte.

Assinado eletronicamente por: ADILON CLAVER DE RESENDE - 31/10/2018 18:55:57 Num. 55206203 - Pág. 1
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18103118552225100000053927522
Número do documento: 18103118552225100000053927522
Afirmou que o patrimônio da empresa está sendo dilapidado, uma vez que, em todos os anos de
funcionamento e com várias obras sendo executadas, nunca foi creditado um centavo nas contas da
sociedade. Salientou que em razão dos créditos trabalhistas e fiscais não estarem sendo pagos, os
empregados começaram a ameaçar a sua integridade física e de sua família.

Diante desse cenário, registrou que a sócia ré enviou lhe notificação extrajudicial cientificand-o do seu
desligamento da empresa, a partir de 20 de setembro de 2018, e também o distrato social, em clara e
manifesta má-fé, visto que deixaria a sociedade em sua totalidade ao requerente, e, em contrapartida, não
se responsabilizaria pelas dívidas deixadas, sendo a única a receber o valor das obras que ainda estariam a
ser creditadas.

Ao final, requereu, em sede de tutela de urgência cautelar, o arresto dos livros de contabilidade, parte do
estoque e bloqueio de todos os valores que a empresa venha a receber junto a Superintendência Regional
de Ensino Metropolitana B, sediado à Avenida Augusto de Lima, 1520, Barro Preto, nesta capital, a fim
de garantir a apuração dos seus haveres.

Com a inicial anexou diversos documentos.

É o relatório. Decido.

Nos termos do art. 300 do CPC será concedida a tutela de urgência “quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

O CPC dispõe ainda, em seu art. 301, que a tutela de natureza cautelar poderá ser efetiva mediante
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito.

Examinando os documentos anexados aos autos, verifica-se que a sociedade PV ENGENHARIA LTDA.
é constituída apenas pelo autor e pela ré Patrícia Jordana. Por outro lado, a sócia requerida manifestou
expressamente a sua vontade de se retirar da sociedade, no dia 20 de setembro de 2018, conforme
notificação extrajudicial juntada no ID 54890655.

Nesse ensejo, considerando que ambas as partes têm interesse na dissolução total da sociedade, e diante
do receio de dilapidação do patrimônio restante da empresa, os pedidos cautelares merecem integral
acolhida.

Ademais, eventuais valores a serem arrestados deverão permanecer em uma conta judicial à disposição do
Juízo, para assegurar o pagamento dos haveres sociais.

1- Pelas razões expostas, DEFIRO os pedidos, para determinar:

1.1- A expedição de mandado de busca e apreensão dos livros contábeis da sociedade, depositando-os
com o autor;

1.2- O arrolamento dos bens que se encontram no estoque da sociedade;

1.3- A expedição de ofício à Superintendência Regional de Ensino Metropolitana B, no endereço


fornecido na inicial, determinando a transferência a este Juízo de eventuais valores que a empresa PV
ENGENHARIA LTDA. tenha a receber, decorrentes dos contratos firmados, sob pena de
responsabilidade se a ordem judicial não for acatada.

2- Defiro os benefícios da assistência judiciária ao autor.

3- Designo Audiência de Conciliação a ser realizada no CEJUSC, em data a ser agendada pela Sra.
Escrivã, que fica desde já encarregada de providenciar as devidas intimações e expedientes de praxe.

Assinado eletronicamente por: ADILON CLAVER DE RESENDE - 31/10/2018 18:55:57 Num. 55206203 - Pág. 2
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Número do documento: 18103118552225100000053927522
4- Cite-se a parte Ré com antecedência mínima de 20 (vinte) dias da data da audiência (art. 334 do
NCPC), e intime-se a Requerente, por meio de seu procurador(a) cadastrado(a) nos autos, alertando-os
que o não comparecimento injustificado à audiência é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e
será sancionado com multa, bem como que o desinteresse na autocomposição deverá ser manifestado, por
petição, a ser apresentada até 10 (dez) dias antes da data da audiência. Advirta-a, outrossim, que, caso
manifeste desinteresse na autocomposição, o prazo de 15 dias para oferecer a contestação terá início na
data do protocolo do pedido de cancelamento da audiência. Se não comparecer à audiência ou, se
comparecer, não houver autocomposição, da data da audiência correrá o prazo para contestação. Em
qualquer caso, não sendo contestada a ação, será a parte Ré considerada revel e presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor na petição inicial.

Belo Horizonte, 31 de outubro de 2018.

Bel. Adilon Cláver de Resende

Juiz de Direito

Assinado eletronicamente por: ADILON CLAVER DE RESENDE - 31/10/2018 18:55:57 Num. 55206203 - Pág. 3
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