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EXCELENTÍSSIMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 16ª Vara Cível da Comarca


de São Luís/MA

Processo: 0805465-66.2021.8.10.0001

LUCIANO SAUTO COSTA, já devidamente qualificada na Ação de Restituição de


Valores c/c Indenização por Danos Morais que move em desfavor de Youxwallet e
outros, por meio de sua procuradora devidamente constituída, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, apresentar

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO

Em face de GRUPO ÁGUIA EMPREENDIMENTOS LTDA e JOELMIR DOS


SANTOS TEIXEIRA, ora réus, nestes autos.

I. BREVE RELATO

Trata o presente de ação de restituição de valores c/c indenização por


danos morais, ajuizada pela sr. Bruno Silas Cunha, tendo em vista promessa realizada
pelos Réus de rentabilização de valores e retorno de até 400% do valor investido.

Os réus, GRUPO ÁGUIA EMPREENDIMENTOS e JOELMIR DOS


SANTOS devidamente citados apresentaram contestação à inicial, em id 71082831,
alegando em síntese:

- ilegitimidade passiva;

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- inexistência de danos morais;
- inaplicabilidade da teoria da desconsideração da personalidade jurídica.

Como será demonstrado adiante, não merecem prosperar os argumentos


trazidos pela ré.

PRELIMINAR: DA PROCURAÇÃO ASSINADA PELA RÉ GRUPO ÁGUIAS

O ilmo. Procurador da parte ré trouxe aos autos procuração assinada pela


empresa Grupo Águias, todavia, na qualificação da parte não consta número de registro,
nem seu representante legal.

O fato de não constar dados essenciais à identificação correta da empresa,


nem de seu representante legal, o qual assinou a procuração implica na impossibilidade
de atestar ausência de veracidade do documento.

Deste modo, faz-se necessário que traga aos autos contrato social da
empresa, bem documento de identificação do representante legal.

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Não juntando o réu, em tempo hábil, os documentos instrutórios há que ser
decretada a revelia.

DA ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA: JOELMIR e GRUPO


ÁGUIAS

Alega os réus em sede de contestação, ilegitimidade passiva, afirmando que


não possui qualquer relação com a empresa Youxwallet.

Como pode o réu alegar total desconhecimento do fato se, como noticiado
em jornal de grande veiculação, este acompanhou seu irmão, sr. Joab – também réu
neste processo – para prestar esclarecimentos na delegacia do Estado da Bahia, sob as
supostas fraudes envolvendo criptomoedas. A saber, link da noticia:
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2019/12/10/policia-investiga-participacao-de-
homem-que-aplica-golpes-com-moedas-virtuais-na-ba.ghtml.

Ainda, como se pode ver de certidão simplificada da junta comercial da


Bahia, o sr. Joelmir compõem o quadro societário da empresa GRUPO ÁGUIAS
juntamente com seu irmão Joab – ambos réus neste processo.

Verifica-se ainda em ata de audiência – de processo diverso, mas com


mesmo objeto - que o sr. Joab assume a representação da ré YOUXWALLET.

Como pode então o réu Joelmir não ter conhecimento da empresa


supramencionada se além de irmão do sr. Joab ainda são sócios na empresa ré
GRUPO ÁGUIAS?

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Não obstante, chegou a esta procuradora provas cabais – conversas de
whatsapp do réu com o funcionário, de t.i., responsável pelo desenvolvimento
tecnológico da empresa - da participação ativa do réu Joelmir na pirâmide financeira
Youxwallet, as quais junta anexo.

Necessário mencionar que em momento oportuno tal funcionário será


identificado e arrolado como testemunha nesses autos, não sendo feito nessa
manifestação com o intuito de preservar sua integridade física.

De mais a mais, em diversos outros processos já foram deferidas liminares


de bloqueio de ativos financeiros e intimação para abrirem as blockchains (carteiras
digitais) pessoais dos réus, inclusive do sr. Joelmir e da empresa Grupo Águias.

Observe decisão liminar dada no processo de n° 0801700-


24.2020.8.10.0001 que tramita na 7° Vara cível da comarca de São Luís –
Maranhão.

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Ademais, a Ré Grupo Águia Investimentos, a qual o Réu Joab dos Santos e
Joelmir dos Santos são sócios, recebia valores de alguns investidores diretamente em
sua conta, conforme print abaixo:

*Print extraído do processo n°: 5322863-72.2020.8.09.0029 – TJGO,


onde esta procuradora também atua contra os mesmos réus que foram
condenados em outras lides, como se verá de sentença anexa.

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Assim sendo, verifica-se que há total legitimidade passiva dos réus Joelmir
dos Santos Teixeira e Grupo Águias Empreendimentos Ltda.

II. DO MÉRITO

Alegam os réus, em sede de contestação, ilegitimidade passiva, afirmando


que não possui qualquer relação com a empresa Youxwallet.

Ora excelência, inicialmente cumpre salientar que a empresa ré –


YOUXWALLET – fora registrada na Estônia, conhecida como paraíso fiscal,
justamente com a intenção de dificultar qualquer associação com seus sócios e
responsáveis. Essa é inclusive uma característica das pirâmides financeiras.

De mais a mais, outro fato a ser considerado é a dilapidação patrimonial


ocorrida, ou seja, os responsáveis pela empresa diante do reconhecimento do golpe
passam a dissolver seu patrimônio, sejam em contas no exterior, seja em forma de
doações e transferências para demais membros da família.

Como pode a ré alegar total desconhecimento do fato se a empresa própria


empresa Ré recebia valores de alguns investidores diretamente em sua conta?
Conforme print colacionado acima.

Ademais, salienta-se que como a pirâmide financeira não possuía CNPJ


(registro no Brasil), o Sr. Joab Santos assinava seus contratos através da empresa
GRUPO ÁGUIAS EMPREENDIMENTOS LTDA, conforme se extrai de comunicado
da empresa SB – VIAGENS, anexo à inicial, responsável pelo cruzeiro contratado pela

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YouXWallet que fora cancelado e citado no COMUNICADO 2, juntado ao corpo da
inicial (juntamente com seu link).

Nítido que o réu, Sr. Joab Santos, valia-se de uma empresa para “esconder”
o dinheiro auferido ilegalmente em outra, bem como valia-se do registro do GRUPO
ÁGUIAS EMPREENDIMENTOS LTDA para assinar contratos no Brasil em nome da
YOUXWALLET QUE NÃO POSSUI REGISTRO NO PAÍS.

A luz do Código de Defesa do Consumidor, no §5º do art. 28, desconsidera-


se a personalidade jurídica para atingir o patrimônio pessoal de seus sócios quando a
sociedade é utilizada como instrumento para a prática de fraudes, abusos de direito,
quando for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores:

"§ 5.º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre


que sua personalidade for de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores".

No caso em tela, é possível claramente vislumbrar evidente confusão


patrimonial entre as empresas rés YouXWallet, Grupo Águias e os sócios, isso porque,
conforme já exposto, a Ré Grupo Águias era beneficiária de pagamentos realizados por
investidores, bem como era utilizada como meio para prática de fraudes realizadas pela
YouXWallet.

De mais a mais, em diversos outros processos já foram deferidas liminares


de bloqueio de ativos financeiros e intimação para abrirem as blockchains (carteiras
digitais) pessoais dos réus. Decisão já mencionada anteriormente,

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Por oportuno, informa que o delegado da Delegacia Especializada em
Defesa do Consumidor de Cuiabá, emitiu ofício à procuradora desta ação, para
solicitar PARECER JURÍDICO a respeito da estrutura, funcionamento e ilícitos
cometidos por esquemas de pirâmides financeiras, visando auxiliar as autoridades
competentes nas DEZENAS DE INQUÉRITOS POLICIAIS instaurados, conforme se
vê anexo de ofício e parecer elaborado por esta procuradora.

Salienta-se que tais documentos não existiam quando da distribuição da


presente demanda, por isso, juntados somente neste momento.

Pede, portanto, que sejam mantidos a empresa ré GRUPO AGUIA


EMPREENDIMENTOS LTDA e o réu JOELMIR DOS SANTOS TEIXEIRA no polo
passivo da presente demanda, e que seja aplicada a teoria da desconsideração da
personalidade jurídica.

III. DA EXISTÊNCIA DO DANO MORAL

A ré alega que o autor se vale da banalização do dano moral e que este só


pode ser devido quando há afetação direta dos direitos de personalidade.

Ora I. magistrado, como pode prosperar qualquer ideia de banalização do


dano moral neste caso se os réus valendo-se da boa-fé da autora, a ludibriaram
prometendo rentabilidade e retorno de até 400% do capital investido, levando a autora
a depositar sob a guarda dos réus todas as suas economias, fruto de trabalho honesto.

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E mais, com isso a empresa além de não operar e rentabilizar o capital da
autora ainda assumiu poucos meses depois o golpe, afirmando que “não havia dinheiro
para devolver o capital e que se fosse do interesse do autor que este deveria buscar o
judiciário”. Se não há configuração de tamanha má-fé por parte dos réus, não sei qual
nome é possível atribuir a este tipo de conduta.

Como é possível a ré alegar banalização do dano moral, se a autora sofreu


e ainda sofre constantemente com as consequências do perdimento de seu capital,
inclusive durante um período de pandemia, que deixou a economia de todos, inclusive
do país, as estribeiras.

Além de tudo, o valor requerido pelo autor a título de danos morais é


irrisório se comparado ao valor total investido por ele, o que demonstra sua boa-fé,
inclusive ao acionar este judiciário; em outras palavras, a banalização ocorreria em
ignorar todo o abalo emocional que o perdimento de um capital relevante à
sobrevivência causa em um indivíduo.

Acatar o argumento de banalização do dano moral, apenas demonstra a


aceitação com a recorrente prática das pirâmides financeiras que assolou o país no ano
de 2019/2020.

Assim como manifestou o exmo. Des. do Tribunal de Justiça de São Paulo,


sr. José Osório de Azevedo Júnior, o dano moral deve ser arbitrado com o intuito
também de compelir a prática recorrente da conduta ilegal e imoral.

“O valor da indenização deve ser razoável expressivo. Não deve ser


simbólico, como já aconteceu em outros tempos. Deve pesar sobre o bolso do
ofensor com um fator de desestímulo a fim de que não reincida na ofensa”.
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Nesta toada, resta demonstrado o total descabimento do argumento de
banalização do dano moral, ao contrário, deve ser concedido ao autor o provimento ao
pleito de condenação da parte ré em danos morais.

IV - DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Alega o réu que a desconsideração da personalidade jurídica só pode ser


considerada quando há “O abuso da personalidade jurídica pode ocorrer em duas
situações: desvio de finalidade (é o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros
utilizando a autonomia da pessoa jurídica como um escudo) e confusão patrimonial
(ocorre quando, na prática, não há separação entre o que seja patrimônio da pessoa
jurídica e dos sócios).”

Pois bem. Não há nem que se contrapor a esta alegação, uma vez que foram
exatamente esses dois quesitos que praticado pelos réus. De mais a mais, a criação de
uma pirâmide financeira, pressupõe o total desvio de finalidade e confusão patrimonial,
além do fato que apesar de brasileiros natos optaram registrar a empresa em conhecido
PARAÍSO FISCAL, para facilitar o envio dos valores recebido para contas no
estrangeiro, bem como o recebimento de valores em bitcoin (moeda digital de difícil
rastreamento pelas autoridades brasileiras) em blockchains pessoais.

Não pode o autor, portanto, correr o risco de não reaver os valores investido
por conta da nítida dilapidação e confusão patrimonial existida entre os réus, modo pelo
qual deve ser dada procedência total ao pleito de desconsideração da personalidade
jurídica.

V – CITAÇÃO DOS DEMAIS RÉUS

Conforme ARs de intimações juntados aos autos, restaram infrutíferas as


tentativas de intimações para os réus Joab e Youxwallet.
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Quanto aos réus Joab dos Santos e Youxwallet dos Santos vem informar
novos endereços, para citação:

RUA Maye Taylor Bell, Condomínio Al Verdejar, n° 150, bl cerrado, apto 1303,
Luzia, CEP: 49045-030, ARACAJU/SE. Sr. Joab dos Santos Teixeira.

Informa que o réu sr. JOAB DOS SANTOS TEIXEIRA, é representante


legal da empresa ré YOUXWALLET - documento anexo, que também teve sua
tentativa de citação frustrada, pelo que, em razão do princípio da celeridade
processual requer seja a empresa citada na pessoa de seu sócio sr. JOAB.

VI - DOS PEDIDOS

A) Sejam mantidos no polo passivo da ação a ré GRUPO ÁGUIAS


EMPREENDIMENTOS LTDA e o réu JOELMIR DOS SANTOS;
B) Seja determinada a juntada de contrato social e documento de identificação do
representante legal da ré GRUPO ÁGUIAS;
C) Não sendo o pleito supra, atendido, seja decretada a REVELIA da ré GRUPO
ÁGUIAS;
D) Sejam os réus condenados em danos morais;
E) Seja concedida a desconsideração da personalidade jurídica;
F) Seja dada TOTAL PROCEDÊNCIA DA DEMANDA, em todos os termos;

G) Sejam citados os réus JOAB DOS SANTOS e YOUXWALLET no endereço


supramencionado a saber: RUA Maye Taylor Bell, Condomínio Al Verdejar, n°
150, bl cerrado, apto 1303, Luzia, CEP: 49045-030, ARACAJU/SE. Sr. Joab
dos Santos Teixeira e YOUXWALLET;
H) Seja concedido prazo para recolhimento das custas de citação.

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Nestes termos, pede deferimento.
Belo Horizonte, 24 de agosto de 2022

LORENA RIBEIRO CICCARINI ISABELA OLIVEIRA M. DA COSTA


OAB-MG 183.661 OAB/MG 183.586

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