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BURITIS - RONDÔNIA
JUSTIÇA GRATUITA
junto aos credores abaixo indicados, para fins de que seja instaurado processo com vistas à
repactuação de dívidas e que seja elaborado plano de pagamento de dívidas, nos termos do
Art. 104-A do CDC, conforme redação dada pela Lei 14.181/2021.
MARIA DE FÁTIMA DOS SANTOS SOTÉ, brasileira, casada, empresária, portadora da Cédula
de Identidade RG 371.179 SSP/RO., e CPF 300.205.652-91, residente e domiciliada na Rua
Theobroma, 1428, Setor 02, nesta cidade de Buritis-RO., CEP 76.880-000, e-mail
defatimamaria134@gmail.com;
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
É um contrassenso acreditar que pessoas que estão ingressando em juízo justamente para
terem a condição de superendividado reconhecida possam arcar com as altas custas
judiciais.
Importante lembrar que faz jus ao pedido de gratuidade aqueles que não têm condições de
custear as despesas processuais sem prejuízo da sua mantença e de sua família.
A CRFB, em seu artigo 5º, inciso LXXIV, assegura a assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recursos. O requerente encontra-se endividado e sem
condições de arcar com as custas do processo, sem prejuízo do próprio sustento e o de sua
família. Sendo que o fato de ser titular de uma empresa, da qual não pode fazer retiradas,
não pode obstar a concessão do benefício legal.
Até porque: “A efetivação dos direitos individuais e coletivos, por meio da assistência
judiciária gratuita, suplanta os limites do direito formal, do arcabouço jurídico que proclama
a igualdade perante a lei e a proteção do Estado aos mais pobres. A letra fria da lei aquece-
se com o calor da vida real.” (SCHUBSKY, Cássio (org.). Escola de justiça: história e memória
do Departamento Jurídico XI de Agosto cit., p. 12).
Portanto, o autor AFIRMA, nos termos da Lei nº 1.060/50 e do art. 98 do CPC, que se
encontra com insuficiência de recursos, não possuindo condições financeiras para pagar as
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios sem o prejuízo do sustento de
sua família, fazendo jus à GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
O autor é irmão da Primeira Requerida e morava em Porto Velho, com sua família,
financeiramente equilibrado, mantendo sua família com o suor de seu trabalho.
Em meados do ano de 2019, recebeu a oferta de sua irmã para adquirir a empresa LAJOTÃO
MATERIAS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, com sede na cidade de Buritis, em razão da Primeira
Requerida ter outros planos e estar desistindo de manter a empresa funcionando.
Mantendo a empresa em seu nome, a Primeira Requerida travou a cessão das suas quotas
de capital na empresa, impedindo, de imediato, a posse do Autor, no primeiro ano, que ficou
sem poder tomar as decisões necessárias ao amplo desempenho da empresa.
Visto que a empresa já passava por dificuldades financeiras e o Autor não pode levantar um
capital de giro, disponível nas instituições financeiras, em razão de ainda não ser o titular da
empresa que havia adquirido.
Mesmo insistindo para que a Autora lhe transferisse os quotas de capital, para a conclusão
do negócio, esta negligenciava a transferência, demonstrando sinais de arrependimento do
negócio, visto que as decisões administrativas do Autor, já coloca a empresa em ritmo de
estabilização e princípio de rota de ascensão.
Esta pendenga perdurou por quase um ano. Quando em 19/05/2020, a Primeira Requerida
transferiu as suas cotas da empresa para o Autor e coagiu a repactuar a forma de
pagamento, suprimindo em 1 (uma), parcela e aumentando o valor das parcelas.
Em que pese o Contrato Particular ser datado de 06/06/2019, data em que o Autor assumiu
de fato a empresa, somente foi assinado e teve as firmas reconhecidas no dia 19/05/2020,
mesma data de transferência da empresa. Confirmando a tese de que as tratativas iniciais
não foram honradas, onerando excessivamente o Autor.
Como já mencionado, apenas no ano de 2020, que foi realizada a alteração do Contrato
Social da Empresa, onde a Primeira Requerida saiu da titularidade da empresa e o
Requerente entrou na sociedade empresária EIRELI.
No pacto novo que o Requerente foi forçado a assumir, os pagamentos ficaram da seguinte
forma:
1) R$ 244.389,00 (Duzentos e quarenta e quatro mil, trezentos e oitenta e nove reais),
dividido em duas parcelas, sendo:
2) R$ 100.000,00, (Cem mil reais), com vencimento para o dia 01/06/2021; e
3) R$ 144.389,00 (Cento e quarenta e quatro mil, trezentos e oitenta e nove reais), com
vencimento para o dia 01/06/2022.
Não bastasse esta renegociação forçada hodierna, veio a PANDEMIA, e modificou o cenário
comercial do Brasil, e em especial o seguimento de Construção Civil, que teve uma alta
excessiva na aquisição dos produtos, na indústria, refletindo no custo do lojista, dificultando
a manutenção de um estoque mínimo regulador, complicando ainda mais a situação
financeira do Requerente.
Mesmo com dificuldades, sempre buscou manter a esperança de poder pagar a Primeira
Parcela na data aprazada, porém não conseguiu.
No dia 19/11/2021, fez uma transferência no valor de R$ 10.000,00 (dez mil), para a conta
da Primeira Requerida, e no dia 02/12/2021, fez uma nova transferência no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais), totalizando R$ 15.000,00, (quinze mil reais).
Após o protesto indevido do valor total da promissória, visto que não foi deduzido o valor
antecipado, a vida do Requerente piorou ainda mais.
Havia uma oferta de crédito da cooperativa, (dia 12/01/2022), dias antes do protesto,
conforme áudio recebido do Gerente de Negócios da CRESSOL, que não se concretizou em
razão do PROTESTO existente em nome do Autor.
Com a liberação prioritária desse crédito, prometida pelo Gestor Financeiro, o Requerente
poderia pagar a parcela e ainda incrementar o CAIXA da empresa e conseguir folego para
pagar a parcela que vence esse ano.
Porém, após a negativação indevida, a crédito foi suspenso e os limites bancários, os quais o
Requerente se socorria para emergências, foram retirados, complicando a saúde financeira
pessoal e da empresa que é sua única fonte de sustento pessoal e de sua família.
Ocorre que o autor não tem, por ora, como imaginar mais soluções engenhosas para honrar
o vultuoso compromisso forçado a assumir, sem comprometer profundamente o sustento
da família da qual é provedor.
Desta forma, da soma da parcela vencida, deduzindo o valor antecipado e a parcela que
ainda vencera, constata-se que o Requerente possui uma dívida com a Primeira Requerida,
em valor histórico, de R$ 229.389,00 (Duzentos e vinte e nove mil, trezentos e oitenta e nove
mil reais).
A retirada pro labore da empresa não comporta quitar a parcela vencida sem ensejar o
fechamento da empresa e a demissão dos 5 (cinco) funcionários que dela se mantém e
mantém ainda seus familiares.
E ainda, não comporta a provisão de pagamento em parcela única o valor que vence em
junho de 2022.
Como proposta de pagamento, informa que sua capacidade de pagamento atual permite o
pagamento da dívida, dividida em 60 (sessenta) parcelas de R$ 3.823,15, (Três mil oitocentos
e vinte e três reais e quinze centavos), podendo sem ampliado, após o restabelecimento de
seu crédito e incremento do capital de giro na empresa.
Não tendo recursos para pagar as parcelas vencidas e tampouco as vincendas, requer seja
determinada suspensão do debito em conta das parcelas e dividido o saldo devedor em 60
(sessenta) parcelas de R$ 170,86, (Cento e setenta reais e oitenta e seis centavos), com
carência de 180 (cento e oitenta dias para pagamento da primeira parcela.
O Autor possui um carão de Crédito, bandeira VISA GOLD, vinculado ao Terceiro Requerido,
com o qual pagou despesas pessoais e a cirurgia de um funcionário, e depois não conseguiu
pagar a fatura.
Com os autos juros e encargos do cartão, não consegue mais pagar o cartão, sem que seja
repactuado o valor e reduzido os encargos.
Hoje a dívida está em R$ 7.585,00 (Sete mil quinhentos e oitenta e cinco reais), e como não
recursos para pagar o valor da fatura em aberto, requer seja determinada suspensão da
cobrança e dividido o saldo atual da fatura em 60 (sessenta) parcelas de R$ 126,41, (Cento e
vinte e seis reais e quarenta e um centavos), com carência de 180 (cento e oitenta dias para
pagamento da primeira parcela.
Conta Garantida no Banco do Brasil – Agência 4286-2, Conta Corrente 5224-8 R$ 11.136,79
Conta Garantida SICOOB Coop 3315-4, Conta Corrente 151-1 R$ 19.199,60
Conta Garantida CRESOL Coop 1693-4, Conta Corrente 11559-8 R$ 13.822,52
Giro Rápido CRESOL Coop 1693-4, Conta Corrente 11559-8 R$ 15.000,00
O objetivo do Autor com esta repactuação das dívidas e conseguir prazo e parcelamento
para pagar as dívidas pessoais, para, com folego das contas pessoais, sanear as dívidas da
empresa, para voltar dar lucro, para poder cumprir o plano de pagamento da dívida pessoal.
II – DO DIREITO
A) DO SUPERENDIVIDAMENTO
Podemos dizer que a nova lei traz uma nova característica para o consumidor inadimplente,
que é o "Superendividado", este perfil é atribuído ao indivíduo que está impossibilitado de
arcar com suas dívidas e em razão desta insolvência, sua subsistência está sendo afetada.
Cita-se a Lei 14.181/21.
Justamente para reverter este quatro critico, a lei 14.181/21 estabeleceu as seguintes
mudanças:
A lei viabiliza um mecanismo, análogo à recuperação judicial, mas para as pessoas físicas
O Requerente possui os credores elencados no preambulo da peça, cujo valor excede a sua
capacidade de pagamento e que deu origem ao superendividamento, com valor histórico é
de R$ 247.225,34, (Duzentos e quarenta e sete mil, duzentos e vinte e cinco reais e trinta e
quatro reais).
Por seu turno, o Ministo Alexandre de Moraes (2010, p. 48) leciona que:
Nesse sentido, é possível destacar as liçoes de Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald 2, o quais
afirmam que:
Esta parcela mínima dos direitos fundamentais é chamada Mínimo Existencial, que, no
entendimento de Rocha (2005, p. 445) foi criado “[...] para dar efetividade ao princípio da
possibilidade digna, ou da dignidade da pessoa humana possível, a ser garantido pela
sociedade e pelo Estado”.
Assim sendo, é à luz dos princípios da dignidade da pessoa humana e do mínimo existencial
que o Requerente requer a suspensão dos efeitos do protesto lançado indevidamente em
seu nome, até o cumprimento do plano de pagamento, proposto acima, para o
restabelecimento do seu crédito e o retorno de sua dignidade.
2
Curso de direito civil: parte geral e LINDB, volume 1 – 13. ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo: Atlas, 2015.
2 - A citação das empresas credoras para no prazo de 15 (quinze) dias, juntem documentos e
as razões da negativa de aceder ao plano voluntário ou de renegociar, nos termos do Art.
104-B, §2º do CDC;
4 - Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, requer desde já seja
instaurado processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos e
repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial compulsório, nos termos do
Art. 104-B do CDC;
6 - Seja julgada procedente a ação para confirmar em caráter definitivo a tutela de urgência
antecipatória cancelando os efeitos do protesto.
9 – Seja produzida prova pericial, documental e oral, consistente no depoimento pessoal dos
autores.
Nestes termos,
Pede deferimento.