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EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DA ______ª SECRETARIA DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE BETIM/MG

PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

NAZINHA APARERCIDA DE SOUSA SILVA, brasileira, viúva, aposentada, CPF


sob o nº 736.904.492-00, RG MG-22.375.050, endereço eletrônico NÃO POSSUI,
residente e domiciliada na Rua Um, nº 19, bairro Imbiruçu, na cidade de Betim/MG,
CEP: 32.665-000, através de seus procuradores (procuração anexo), vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 318 do CPC,
propor

AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE


PAGAMENTO C/C RESTITUIÇÃO DE QUANTIAS PAGAS

Em face de BANCO BRADESCO SA, CNPJ nº 60.746.948.001-12, endereço


eletrônico mei@bradesco.com.br, com sede na Cidade de Deus, s/nº, bairro Vila Yara,
na cidade de Osasco/SP, CEP: 06.029-900, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos:

Rua Ouro Preto, nº 340, sala 203, Belo Horizonte/MG – CEP: 30.170-040
Fone/Fax: (31) 2520-4420 – email: fernandocortezzi@yahoo.com.br
DOS FATOS

A Autora, cliente e consumidora a anos do Requerido, em meados de 2009 e


2010, celebrou com o Requerido um contrato de financiamento de uma motocicleta, no
qual pagou 50% e financiou os outros 50%.

Os descontos do financiamento eram feitos diretamente na conta da Autora que


recebe proventos de aposentadoria pelo INSS, ocorre que depois de 02 anos do
Requerido efetuar os descontos, a mesma passou a não descontar os valores mais na
conta da Autora e, agora em 2018 a Autora foi surpreendida com uma dívida de quase
R$12.000,00 com o Requerido, sob a alegação da Autora não pagar as prestações do
financiamento.

Ora excelência, data vênia, foi o Requerido que não mais efetuou as retiradas
das parcelas em conta da Autora, e agora, depois de mais de 05 anos a Requerida vem
cobrar o valor é inaceitável.

A Autora recebe salário mínimo, cujo há um desconto que lhe sobra R$629,78, e
agora com a cobrança da dívida de quase R$12.000,00 o Requerido nos meses 06 e 07
de 2018 não retirou o valor da parcela, retirou todo o dinheiro que tinha em conta da
Autora, que são esses R$629,78 dos 02 últimos meses, deixando a Autora sem renda
alguma. No tempo desses 02 meses a Autora recebeu um depósito para ajuda de custo
de sua irmã já que estava sem receber nenhum provento no valor de R$300,00, no qual
o Requerido também retirou este valor.

Vale ressaltar que por diversas vezes a Autora compareceu em uma das agências
do Requerido pedindo seu contrato e também os extratos desde 2009 até hoje para ter
ciência do que entrou e saiu de sua conta, e em uma delas teve acesso ao contrato no
computador, posteriormente em nova ida à agência, de forma misteriosa a Autora foi
informada que a agência não tinha acesso ao contrato e não poderia lhe dar extratos,
pois o contrato foi realizado na agência do Pará, fora de Minas Gerais e a Autora a fim

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de tomar ciência de quanto eram as prestações bem como apresentar a este juízo, não
teve acesso à cópia do contrato.

Por tais motivos, razão não há, senão o ajuizamento da presente ação.

DA TUTELA ANTECIPADA

Conforme já narrado, a Autora já sofreu em 02 meses a retirada total de sua


renda do INSS, o que não pode mais ocorrer, uma vez que a dívida prescreveu, caso não
estivesse prescrita, ainda assim o Requerido não poderia retirar 100% dos rendimentos
da Autora, o que seria permitido é até 30%, o que não foi respeitado.

A Autora é aposentada por invalidez, limitada para fazer as diversas atividades


do dia a dia, imagina o quanto esse provento não faz falta.

A credibilidade das alegações da Autora é inquestionável, pois sofre descontos


em sua folha de pagamento, efetuando descontos consignados diretamente em sua verba
que recebe pelo INSS, o que coloca em risco eminente sua subsistência e de sua família
sustando, desta forma demonstrada a verossimilhança exigida.

Oportuno que se ressalte não há perigo de irreversibilidade no deferimento do


que ora se pleiteia o que demonstra o cabimento do pedido.

Enfim, para concessão da tutela antecipada exige a Lei uma das situações
alternativas: Ou a exigência do periculum in mora; b) ou a existência do abuso de
direito de defesa do Requerido, independente da existência do periculum in mora.

No caso em tela, está presente o periculum in mora, visto que há restrições


irreparáveis de direito intrínseco à pessoa da Autora, outrossim, no caso em tela, há
mais do que a possibilidade do pleito; há sim, a certeza da sua procedência e a
ineficiência do provimento final quanto ao constrangimento a que a Autora está sendo
exposto, pois a culpa de não ter sido descontado os valores referentes ao financiamento

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em folha foi exclusiva do Banco Requerido, que agora já passados mais de cinco anos
resolveu cobrar da Autora dívida já prescrita.

A Autora requer nos termos dos arts. 294, 300 “caput” e §3º do CPC c/c art. 84,
§ 3º da Lei 8.78/90, sejam ANTECIPADOS OS EFEITOS DA TUTELA PLEITEADA,
no sentido de que seja imediatamente oficiado o INSS, para que não lance na folha de
pagamento da Autora qualquer cobrança do BANCO DO BRADESCO S.A e o
Requerido para que se abstenha de efetuar cobrança referente ao financiamento efetuado
a Autora, tendo em vista de ser tal cobrança indevida pois a dívida se encontra prescrita
por Lei.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Num primeiro momento, claro está que o caso envolve situação de consumo,
razão pela qual devemos aplicar os dispositivos contidas no Código de Defesa do
Consumidor, além das regras contidas no Código Civil.

Nos moldes do art. 373, I, do CPC, o ônus da prova incumbe ao Autor quanto ao
fato constitutivo de seu direito. No entanto, como trata-se de relação de consumo entre
as partes, o CDC através do art. 6º, VIII, possibilita a inversão do ônus da prova quando
presentes a hipossuficiência do consumidor ou verossimilhança das alegações.

Portanto, que sejam incumbindo ao Requerido a demonstração de todas as


provas referentes ao pedido desta peça, principalmente possíveis instrumentos de
contrato de financiamento e extratos bancários de 2009 até a presente data, para que seja
comprovada a prescrição.

DO DIREITO

No presente caso, trata-se de relação de consumo, tendo a incidência dos arts. 2º


e 3º do CDC.

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Consoante ao art. 206, §5º, I do Código Civil, em 05 anos o Requerido tem para
cobrar a dívida, de acordo com tudo narrado até agora, o Requerido em até meados de
2012 efetuou os descontos em folha de pagamento da Autora, após esse período até os
dias de hoje, 2018 que veio a cobrar, logo, se passaram mais de 05, o que torna prescrita
a dívida da Autora.

De acordo com o art. 42, parágrafo único do CDC, aquele que é cobrado por
quanto indevida tem direito de receber o dobro, nesse caso, pela cobrança ser prescrita,
torna indevida, logo, faz jus o recebido a Autora pela quantia em dobro.

Assim sendo, ficou evidenciado que a dívida da Autora, superior a cinco anos,
com o Requerido se encontra prescrita, logo não procede a sua cobrança, pois já
prescreveu coe preceitua o art. 206, § 5º, I do Código Civil, requerendo assim seja
retirado da folha de pagamento da Autora o valor referente ao financiamento com o
Banco do Bradesco, bem com o recebimento da quantia em dobro já que é cobrada de
forma indevida.

Dos Danos Morais

A Requerente, por tratar-se de pessoa idônea, cumpridora de suas obrigações e


deveres se viu humilhada e desrespeitada pelo ilícito praticado pelo Requerido.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 reconhece o


cabimento de dano moral em seu art. 5º, incisos V e X, nos respectivos termos:

(...) “V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;” (...);
“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;” (...).

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No que se refere ao quantum referente à indenização ressaltasse o grau de lesão e
a capacidade financeira da ofensora, devendo esta cumprir também sua função punitiva
evitando a reincidência dos fatos ocorridos.

Diante dos requisitos da obrigação de indenizar presentes no caso em tela, diga-


se, o ato ilícito do Requerido, o dano moral experimentado pela Autora e o nexo de
causalidade entre a conduta e o dano, e com fundamento no art. 5º, inciso V e X da
CR/88, deverá Requerido ser condenadas a reparar o dano moral causado, em montante
de R$10.000,00.

DOS PEDIDOS

Frente a todos os fatos e fundamentos expostos, requer a Autora, que se digne


Vossa Excelência:

A) A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, na forma do art. 6º, VIII da Lei


8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), para que o Requerido junte aos
autos o contrato de financiamento, bem como os extratos bancários da conta da
Autora;
B) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita por ser a Autora hipossuficiente
no sentido legal;
C) A concessão da Tutela Antecipada, no sentido de suspender a cobrança da dívida
da Autora em folha de pagamento, tendo em vista a manifesta PRESCRIÇÃO do
débito cobrado pela empresa Requerida;
D) A declaração de PRESCRIÇÃO do débito supracitado, no valor de R$ 2.579,40
(dois mil quinhentos e setenta e nove reais e quarenta centavos);
E) A declaração de PRESCRIÇÃO do débito supracitado, no valor de R$11.582,00
(onze mil, quinhentos e oitenta e dois reais), conforme o último extrato em
anexo;
F) Requer, ainda, seja julgado procedente o pedido, condenando-se o Requerido a
indenizar a Autora em danos morais oriundos da prática de ato ilícito,
cabalmente comprovado nesta peça exordial, no montante de R$10.000,00 à

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época da condenação, bem como condenando o Requerido a devolver em dobro
os valores já descontados em conta da Autora;
G) A notificação da Requerida para comparecimento em audiência, e querendo
contestar os termos presente, sob pena de revelia e confissão, até o final, quando
deverá ser JULGADA PROCEDENTE a presente com a condenação ao
pagamento principal, acrescido de juros, correção monetária, custas e demais
cominações legais;
H) A condenação do Requerido nas custas e honorários advocatícios na base de
20% do valor da presente.

DAS PROVAS

Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, juntada de novos documentos, depoimentos pessoais e inquirição de
testemunhas (oportunamente arroladas) e prova pericial, tudo desde já requerido.

Dá à causa o valor de R$10.000,00.

Termos em que;
Aguarda deferimento.

Betim, 15 de agosto de 2018.

Fernando de Paula Cortezzi Filho


OAB/MG 146.829

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