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AO DOUTO JUÍZO DA _ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF.

URGENTE
PEDIDO DE LIMINAR
Distribuição (Prioridade na tramitação - IDOSO - art. 1211-A do CPC).
Nome, brasileira, viú va, aposentada, portadora do RG sob o nº 00000-00-X, inscrita
no CPF sob. nº 000.000.000/00, data de nascimento 00/00/1945, residente e
domiciliada na Endereço CEP 00000-000, endereço eletrô nico: email@email.com,
por seu advogado infra-assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, apresentar:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO E RESTITUIÇÃO DE DÉBITO COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
Em face de: Nome, pessoa jurídica inscrita no CNPJ sob o nº 00.000.000/0000-00,
situado na Endereço CEP 00000-000, pelas razõ es de fato e de direito a seguir
elencadas:
1. DO FORO COMPETENTE E DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO.
A presente AÇÃ O DISCUTE QUESTÕ ES QUE MOSTRAM CONEXÃ O COM "relaçã o de
consumo", portanto, inicialmente, para justificar a escolha desse foro para apreciar
e dirimir a questã o apresentada, o requerente invoca o dispositivo constante do
Có digo específico dos Direitos do Consumidor (Lei 8.078/90), onde se estampa a
possibilidade de propositura de açã o judicial no domicílio do autor (art. 101, I).
Finalmente, por se tratar de pessoa idosa, requer-se sejam concedidos todos os
benefícios referentes à prioridade de tramitaçã o estampada no artigo 71 da Lei
10.741/2003, reproduzida pelo novo Có digo de Processo Civil em seu artigo 1.048.
2. DO PEDIDO DA JUSTIÇA GRATUITA.
Com fulcro no artigo 98 e seguintes do Có digo de Processo Civil, a Requerente
pleiteia pela concessã o dos benefícios da Justiça Gratuita por nã o ter condiçõ es, de
arcar com as custas e despesas processuais sem que haja prejuízo para o seu
sustento e de sua família.
A requerente é aposentada, e necessita de ter que arcar com todas as despesas
para a manutençã o de seu lar, como, aluguel, remédios, transporte, tratamentos
médicos e alimentaçã o.
Nesse sentido, dispõ e o Có digo de Processo Civil:
Art. 98 CPC - A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Observa-se que a requerente possui um rendimento mensal no valor de R$
00.000,00 conforme se comprova pelo Histó rico de Créditos em anexo, fornecido
pelo INSS.
Assim, por inexistirem quaisquer elementos contrá rios à pretensã o ora deduzida,
requer seja deferido pedido de gratuidade da justiça, conforme decisã o de folhas
50-51 do processo 1016351- 26.2020.8.26.0068 em andamento nessa Comarca.
3. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.
A parte autora pugna pela dispensa de audiência de conciliaçã o, em atençã o ao
artigo 319, VIII do Có digo de Processo Civil, porquanto a parte contrá ria, de forma
reiterada, nã o vem realizando qualquer proposta de acordo em processos com este
objeto.
Nesse sentido, na busca de maior celeridade processual pugna a V. Excelência a
dispensa de audiência de conciliaçã o.
Assim, requer seja o requerido citado para oferecimento de contestaçã o no prazo
legal.
4. DOS FATOS.
Cumpre esclarecer inicialmente que a Autora é Aposentada por idade, pelo INSS -
Instituto Nacional do Seguro Social, benefício nº 00000-00, o qual é creditado por
meio do Cartão Cidadão vinculado à Caixa Econômica Federal.
Ocorre que, a Autora apesar de nã o ter contratado o Cartã o de Crédito Consignado
nº 5259**. ******4104 BMG CARD (contrato (00) 00000-0000, data da inclusã o
07/07/2018), fornecido pelo BANCO réu, o recebeu no ano de 2018 por meio dos
Correios, nunca assinou ou teve acesso ao contrato . Assim, com o cartã o em
mã os, apesar de nã o ter contratado o mesmo, passou a utilizá -lo para compras
imaginando ser um cartã o de crédito comum.
Cumpre asseverar que, em razã o da pouca instruçã o, nã o sabia como funcionava a
sistemá tica do cartã o de crédito consignado.
Desse modo, é imperiosa a obrigaçã o da Ré em apresentar o documento que
comprova a relaçã o entre as partes, haja vista que, é da sua incumbência
apresentar a có pia do contrato escrito ao contratante (ora Autora) a Ré é obrigada
a exibir em respeito ao direito à informaçã o do consumidor ( que foi gravemente
violado ), tendo em vista que essa prova negativa é impossível de ser produzida
pela Autora, que se mostra como parte vulnerá vel, seja em razã o da idade ou
mesmo a pouca instruçã o.
Ademais, a filha da requerente, ao consultar a fatura do cartã o de crédito,
identificou no mês Julho de 2020, dois tipos de seguros (nã o solicitados) que
estavam sendo cobrados. Os seguros descontados na fatura do cartã o da Autora
tratava-se do "PAPCARD" seguro de vida e "Seguro Prestamista", sendo cobrados
os valores de R$ 00.000,00 e R$ 00.000,00, respectivamente. (doc. 01).
A filha da aposentada teve que ligar diversas vezes para conseguir cancelar essas
cobranças, gerando preocupaçã o e transtornos para a dona Nome, o que só foi
possível apó s alguns dias de muita insistência, onde foram estornadas na fatura do
mês de Agosto 2020.
Para a surpresa da requerente, inexplicavelmente, ao receber a fatura com
vencimento no mês de agosto, constou, a cobrança da importância de R$
00.000,00, referente a um saque denominado Saque Complementar, que
"supostamente" teria sido realizado no dia 29/06/2020 . (doc. 02).
Desse modo, visando obter uma soluçã o amigá vel, a requerente entrou em contato,
( protocolo de ligação nº (00) 00000-0000), imediatamente informando o
desconhecimento dessa cobrança e negando ter feito o saque, o Nome entã o
disponibilizou uma carta-formulá rio padrã o (doc. 03) para que fosse preenchido
explicando o ocorrido, bem como fosse também solicitada a anulaçã o da cobrança
indevida.
Assim, a autora recebeu um e-mail (doc. 04) do Nome réu informando que ela
deveria entrar em contato novamente, por meio telefô nico, para que a sua
solicitaçã o fosse respondida, a filha da Autora entrou em contato e recebeu a
negativa do Nome, aduzindo apenas que o saque foi realizado por ela e que nã o
anulariam a cobrança, nã o dando nenhuma assistência para que fosse apurado o
fato conforme protocolo do e-mail nº (00) 00000-0000.
Ademais, a filha da ora requerente buscou informaçõ es no site "Meu INSS" pela
primeira vez, a fim de consultar os extratos, e ao tentar realizar o cadastro na
plataforma, qual nã o foi o seu susto, quando, se deparou com um cadastro já
existente, haja vista que a aposentada nunca havia se cadastrado. Ademais, ao
tentar fazer a sua recuperaçã o, a opçã o que apareceu foi o envio de um có digo de
segurança através do nú mero de telefone de celular informado nos dados ((00)
00000-0000), (doc. 05), número este desconhecido pela Autora , ou seja,
alguém realizou o cadastro em seu nome .
Ressalta-se que a facilidade e comodidade das transações proporcionadas
pela era digital não fazem parte da realidade social da autora. A autora nunca
possuiu experiência alguma com contratações via aparelhos eletrônicos,
inclusive nunca possuiu linha telefônica móvel e muito menos celular
smartphone, a autora nunca havia tirado se quer extratos para verificar os
descontos que estavam ocorrendo em seu benefício não sendo logico afirmar
que ela fez essa contratação, bem como efetuando cadastro junto à
plataforma "Meu INSS".
Foram feitas vá rias tentativas para recuperar o cadastro, de sorte que, apó s
recuperar o mesmo, a requerente conseguiu, por fim, acesso à s informaçõ es sobre
todas as fraudes, quais sejam os empréstimos consignados fraudados em duas
instituiçõ es financeiras, bem como a conta aberta sem a sua autorizaçã o no Nome
Original, descoberto no mesmo período desse saque complementar junto ao Nome,
ora réu.
A requerente compareceu também a uma delegacia e relatou todos os fatos das
fraudes perpetradas contra ela, inclusive esse saque complementar sem a sua
autorizaçã o, lavrando assim, um BOLETIM DE OCORRÊ NCIA (doc. 06).
Ressalta-se que, a Autora nunca teve os seus documentos pessoais perdidos
ou levados por fruto de ação criminosa.
A autora não aceita mais esse serviço e por esse motivo entrou em contato
com o Nome réu, e solicitou o cancelamento do cartão de crédito e da
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL, visto que o empréstimo fraudulento
passou a ser descontado do seu benefício, então diante da negativa do Nome
réu em anular a cobrança do valor de R$ 00.000,00 reais referente ao
empréstimo fraudulento a Autora se viu em uma indecisão, se pagava ou não
o referido saque, haja vista que, a sua preocupação girou em torno de
ocorrer novas fraudes e gerar encargos e a situação ficar ainda pior do que já
estava desse modo, ela acabou optando por fazer o pagamento dos 500,00 do
saque, cobrados na fatura do cartão de crédito.
No ú ltimo contato com o Nome réu (protocolo (00) 00000-0000), a Autora obteve
a informaçã o de que o valor do saque complementar foi depositado numa conta em
seu nome, conta digital do Nome Original (Agência 0000 Matriz, conta
corrente: 0000-0), conta desconhecida pela requerente, tendo em vista que
ela nunca tinha aberto, inclusive, essa instituição financeira já está sendo
acionada judicialmente pela requerente (processo nº 000000-
00.2020.8.26.0068), por permitir a abertura de uma conta sem a sua
autorização, conta esta que, também recebeu o deposito de um dos "supostos
empréstimos" (Nome Olé Bonsucesso Consignado S.A, processo nº 0000000-
00.2020.8,26.0068).
Ora excelência, é um absurdo o que estã o fazendo com a senhora Nome, tendo em
vista que ela nã o realizou o saque complementar e nã o possui conta bancá ria no
Nome Original.
Todos esses transtornos que a autora vem passando, decorrentes das fraudes
realizadas em seu nome, estã o lhe perturbando a tranquilidade, acarretando-lhe
natural preocupaçã o e ansiedade com a situaçã o, resultando em tristeza, noites
sem dormir, angustia, sente-se totalmente desprotegida juridicamente com toda
essa situaçã o, pois necessita de ter que arcar com todas as despesas para a
manutençã o de seu lar, como, aluguel, remédios, transporte, tratamento médico e
alimentaçã o, e com os descontos indevidos do seu benefício e sem descartar
também a possiblidade de está na iminência de ser surpreendida a qualquer
momento com uma nova fraude em seu nome, desse modo, a Autora foi atingida no
seu â mago.
Assim o constrangimento, inconformismo, impotência e indignaçã o tomaram conta
da Autora, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, causando-lhe mal-estar,
enfim, perturbando lhe a paz.
5. DO DIREITO.
I. DA SISTEMÁTICA DO CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO E O CASO
CONCRETO.
Essa modalidade de CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO funciona da seguinte
maneira: O banco emite o cartão de crédito em nome do requerente -
Disponibiliza um valor de crédito para realização de compras na rede
credenciada e inclusive saques - Estipula de acordo com o valor do benefício, a
reserva de margem consignável de 5%, sendo esse o valor máximo que poderá
ser descontado mensalmente a título de pagamento mínimo do valor do débito
com as despesas do cartão de crédito, sendo cobrado o restante do débito
remanescente através do envio mensal de faturas.
Dessa forma, no cartã o de crédito consignado, o valor mínimo é descontado
mensalmente diretamente no contracheque, conforme a utilizaçã o do cartã o e o
restante do saldo devedor é cobrado mediante fatura emitida ao cliente,
deduzindo-se o valor do mínimo que teve desconto em folha. Se o requerente
pagar integralmente o valor contraído, nada mais será devido. Nã o o fazendo,
porém, como é de se esperar, será descontado em folha apenas o VALOR MÍNIMO
desta fatura e, sobre a diferença, incidem taxas e encargos rotativos.
No caso concreto, a Autora nunca deixou de pagar as faturas do seu cartã o de
crédito de forma integral, nunca fez saques. Ainda que devidos, a Autora nunca
soube que paralelamente ao pagamento das faturas, estavam sendo descontados
do seu benefício, valores mensais referentes ao pagamento mínimo de suas faturas
do cartã o de crédito.
Desse modo, as cobranças referentes ao pagamento mínimo das faturas do
cartão de crédito, foram realizados através do desconto em folha
denominado EMPRÉSTIMO SOBRE RMC.
O Nome réu jamais prestou qualquer informaçã o a respeito, e a parte Autora nunca
quis contratar cartã o de crédito na modalidade consignado, e ainda mais com
constituiçã o da reserva de margem consigná vel (RMC).
Nestas condiçõ es, o serviço prestado pela instituiçã o financeira ré foi defeituoso,
nos termos do artigo 14, § 1º, da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 ( Có digo
de Defesa do Consumidor), pois nã o forneceu a segurança que o consumidor dele
podia esperar, tanto que possibilitou a ocorrência da fraude, como dita alhures.
O histó rico de Consignaçã o do INSS comprova que o cartã o de crédito com RMC
Reserva de Margem Consigná vel, ainda encontra- se ativo, mesmo tendo solicitado
o cancelamento por diversas vezes.
Nesse sentido a jurisprudência:
CONTRATO Cartã o de crédito - Contrato de uso de cartã o de crédito com uso de
Reserva de Margem Consigná vel (RMC) Pedido administrativo de cancelamento
nã o atendido Direito do mutuá rio, seja como consumidor, seja por previsã o no art.
17-A da Instruçã o Normativa INSS/PRES nº 28/2008 - Açã o de cancelamento
julgada procedente Sentença mantida
Apelaçã o improvida.
Consoante a isso, o artigo 17-A da Instruçã o Normativa INSS/PRES nº 28/2008
(com redaçã o dada pela Instruçã o Normativa INSS/PRES nº 39/2009):
Art. 17-A. O beneficiário poderá, a qualquer tempo, independentemente de seu
adimplemento contratual, solicitar o cancelamento do cartão de crédito junto à
instituição financeira.
Assim, requer que a instituiçã o bancá ria proceda ao cancelamento do cartã o de
crédito de titularidade da autora e a exclusã o da Reserva de Margem Consigná vel
do seu Beneficio da aposentadoria.
II. DA VALIDADE DO CONTRATO.
O negó cio jurídico em tela exige para a sua validade a forma escrita, ou seja, a
autorizaçã o para descontos diretamente dos benefícios previdenciá rios a título de
crédito com Reserva de Margem Consigná vel (RMC), conforme se infere da redaçã o
do artigo 1º da LEI Nº 13.172, DE 21 Nome 2015, que traz a seguinte redaçã o:
Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, poderão autorizar, de
forma irrevogável e irretratável, o desconto em folha de pagamento ou na sua
remuneração disponível dos valores referentes ao pagamento de empréstimos,
financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento mercantil
concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil,
quando previsto nos respectivos contratos . (grifos não originais).
A Instruçã o Normativa INSS/PRES nº 39, de 18 de junho de 2009, dispõ e sobre a
contrataçã o da denominada "Reserva de Margem Consigná vel" nos seguintes
termos:
Art. 3º Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão por morte, pagos pela
Previdência Social, poderão autorizar o desconto no respectivo benefício dos valores
referentes ao pagamento de empréstimo pessoal e cartão de crédito concedidos por
instituições financeiras, desde que:
I - o empréstimo seja realizado com instituição financeira que tenha celebrado
convênio com o INSS/Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social -
Dataprev, para esse fim;
II - mediante contrato firmado e assinado com apresentação do documento de
identidade e/ou Carteira Nacional de Habilitação - CNH, e Cadastro de Pessoa
Física - CPF, junto com a autorização de consignação assinada, prevista no
convênio ; e
III - a autorização seja dada de forma expressa, por escrito ou por meio eletrônico e
em caráter irrevogável e irretratável, não sendo aceita autorização dada por
telefone e nem a gravação de voz reconhecida como meio de prova de
ocorrência .
Nesse sentido, o Có digo de Defesa do Consumidor:
Das Práticas Abusivas
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas:
(. ...) omissis
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou
fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista
sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus
produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa
do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes .
Ademais, a Sú mula 532 dispõ e que:
Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e
expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à
aplicação de multa administrativa.
Notadamente as instituiçõ es financeiras aproveitam-se da fraqueza e ignorâ ncia do
consumidor, de sua necessidade financeira devido aos parcos recebimentos e alto
custo de vida, decorrentes do seu estado de saú de que se deteriora com a idade
avançada.
Não é pequena a quantidade de ações similares, e propostas por pessoas
aposentadas, que vêm sendo vítimas do mesmo inconveniente ao buscarem
um empréstimo consignado junto às instituições financeiras, bem como
ações propostas através dos órgãos como o próprio INSS, órgãos de proteção
ao consumidor, ações coletivas e ações civis públicas ajuizadas pelos
Ministérios Públicos Estaduais, reconhecendo a nulidade dos contratos de
RMC.
Ainda, o assunto em questão, tornou-se recorrente em matérias de jornais,
onde noticiam diversos casos semelhantes, que demonstram a
vulnerabilidade dos idosos e ainda o crescimento desenfreado dos golpes
contra os idosos, aos quais aumentaram cerca de 60% durante a pandemia.
Fonte: CORREIO BRASILIENSE. Golpes financeiros contra idosos aumentaram 60%
durante a quarentena: Em meio ao aumento de 60% em tentativas de golpes contra
maiores de 60 anos durante a quarentena, autorregulação para frear fraudes entra
em vigor em (00) 00000-0000. Disponível em: <
https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2020/12/00000-00nanceiros-
contra-idosos-aumentaram-60.... Acesso em: 07 dec. 2020.
Assim, determina o Có digo de Defesa do Consumidor :
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de
seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar
a compreensão de seu sentido e alcance.
Diante da descriçã o detalhada dos fatos e aná lise da legislaçã o pertinente, está
claro que a instituiçã o requerida nã o agiu dentro da legalidade prevista na
legislaçã o que regula o Empréstimo Consignado bem como a RMC. Desta forma,
fica claramente evidenciada a má -fé da instituiçã o financeira .
Assim, para ver reconhecida e declarada a ILEGALIDADE da contrataçã o de valores
cobrados a título de RESERVA DE MARGEM CONSIGNADA, bem como ver excluídos
da sua folha de pagamento, em razã o da abusividade perpetrada com o "envio" do
cartã o de crédito que em nenhum momento foi solicitado.
Conclui-se que, o suposto termo de adesã o é nulo, vez que a Autora nunca assinou
ou teve acesso, visto que possui clá usulas abusivas que violam normas
constitucionais e consumeristas, deixando a instituiçã o financeira de agir com
licitude e transparência. Logo a questã o posta deve ser submetida ao crivo do
Poder Judiciá rio, por ser a Autora hipossuficiente tecnicamente.
III. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA E DO DANO MATERIAL.
As relaçõ es contratuais entre indivíduos e instituiçõ es financeiras correspondem à
relaçã o de consumo, matéria, inclusive, já sumulada pelo Superior Tribunal de
Justiça (sú mula 297 STJ), além de ser matéria já pacífica na jurisprudência pá tria.
É necessá ria a consideraçã o do Art. 14, § 1º do CDC, que consagra a
responsabilidade objetiva do fornecedor dos serviços, levados em consideraçã o
alguns fatores, ipsi literis :
Art. 14 . O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.
§ 1 º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele
pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
Assim o fornecedor de serviços responde objetivamente pelos danos causados ao
consumidor, decorrentes de serviços defeituosos.
Dispõ e o Có digo Civil em seu artigo 186:
"Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Conforme demonstrado pelos fatos narrados o nexo causal entre o dano
sofrido pela autora e a conduta do requerido fica perfeitamente
caracterizado, tendo em vista que a falha no seu sistema permitiu a fraude
narrada, configurando o ilícito indenizável.
O valor total a ser restituído a parte Autora é o correspondente ao valor cobrado
indevidamente a título de saque complementar no valor de R$ 00.000,00, mais o
valor de R$ 00.000,00reais correspondente a juros de saque. Totalizando o dano
material em R$ 00.000,00.
IV. DO DANO MORAL.
A fraude que vitimou a Autora decorre da inobservâ ncia dos critérios de segurança
nas transaçõ es, possuindo, portanto, nexo causal entre si. Por esta razã o,
independentemente de dolo ou culpa é dever da instituiçã o arcar com o prejuízo
que, com sua contribuiçã o, a autora experimentou.
O Nomeréu é instituiçã o financeira, responsá vel pela verificaçã o de seus contratos,
devendo dispor de meios seguros para evitar qualquer tipo de fraude, que tanto
prejudica terceiros de boa-fé como a ora Autora.
Como bem pondera Sílvio da Salvo Venosa:
A responsabilidade dos bancos e instituições financeiras é outro ramo importante da
responsabilidade civil. Os bancos prestam, atualmente, uma multiplicidade de
serviços à população que não mais se restringem a suas origens, ligadas ao
fornecimento de crédito. A sofisticação dos serviços por meio da informática
amplia os problemas e exige soluções jurídicas. Por outro lado, não somente a
lei, mas também os tribunais assumem posição rigorosa no tocante às
instituições financeiras, mormente porque suas atividades dizem respeito aos
recursos financeiros de toda população e do país. Ainda, pelo fato de serem os
bancos repositórios da confiança de seus depositantes, é justo que deles esperemos o
mais elevado serviço e correição. (Sílvio da Salvo Venosa, "Direito Civil", 3a dição,
editora Atlas, página 180).(grifos não originais).
Dessa forma, nã o deve o Nomeréu se eximir de arcar com os danos morais
causados a autora.
O artigo 927 do Có digo Civil prescreve que "todo aquele que, por ato ilícito causar
dano a outrem, fica obrigado a repará -lo". Seu pará grafo ú nico ainda salienta que:
"Haverá obrigaçã o de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo Autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem".
O artigo 186 do Có digo Civil dispõ e que: "Aquele que, por açã o ou omissã o
voluntá ria, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral , comete ato ilícito." (grifos nã o originais).
No caso em tela, está bem clara a obrigaçã o de indenizar a Autora, tendo em vista
que o Nomeréu assume um risco inerente à sua pró pria atividade bancá ria,
devendo indenizar aquele que sofreu um dano advindo de tal prestaçã o de serviço.
Com efeito, deve ser aplicada, in casu , a teoria do risco profissional. O Nomeréu, na
qualidade de financiador de crédito, se qualifica como fornecedor e deve exercer
sua atividade empresarial de modo a se defender de eventuais golpes contra seus
clientes, bem como contra terceiros de boa-fé. O fornecedor de crédito deve se
aparelhar contra os riscos inerentes à sua atividade lucrativa.
O Có digo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) prevê o dever de reparaçã o,
posto que ao enunciar os direitos do consumidor, em seu art. 6º, traz dentre
outros, o direito de "a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos" (inc. VI) e "o acesso aos órgãos
judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção
jurídica, administrativa e técnica aos necessitados" (inc. VII).
Por sua vez, a Súmula n.º 479 do Superior Tribunal de Justiça prevê que "as
instituiçõ es financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no â mbito de
operaçõ es bancá rias".
Todo e qualquer dano causado a alguém ou ao seu patrimônio, deve ser indenizado,
de tal obrigação não se excluindo o mais importante deles, que é o dano moral ,
que deve autonomamente ser levado em conta. O dinheiro possui valor
permutativo, podendo-se, de alguma forma, lenir a dor com a perda de um ente
querido pela indenização, que representa também punição e desestímulo do
ato ilícito. Impõe-se a indenizabilidade do dano moral para que não seja letra
morta o princípio neminem laedere ". (RT 497/203)."Quanto à indenização por
dano moral, ante os expresso termos do art. 5º , X, da C.F. , se dúvida antes havia,
agora não mais há. O dano moral é indenizável, por conseguinte, que a própria Carta
Magna colocou "pá-de-cal" sobre o assunto. (RT 613/184).(grifos não originais).
Destarte, a Autora, tem sofrido diversos transtornos e constrangimentos, gerando
indubitavelmente prejuízos de ordem moral, QUE NÃO PODEM SER ENTENDIDOS
COMO "MERO ABORRECIMENTO" , haja vista que, segundo a teoria do "DESVIO
PRODUTIVO DO CONSUMIDOR", do ilustre advogado Marcos Dessaune, que
elucida que o consumidor ao desperdiçar o seu tempo vital se desviando das suas
atividades existenciais para enfrentar problemas de consumo que não criou, e ainda
tendo que assumir deveres e custos para buscar uma solução, seja para evitar o
prejuízo que poderá advir ou mesmo para conseguir a reparação dos danos que o
problema causou, estando ainda em estado de carência e condição de
vulnerabilidade , sofre necessariamente um dano extrapatrimonial de natureza
existencial, que é indenizá vel in re ipsa . Dessa forma entendeu o STJ no AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.260.458 - SP.
Uma vez reconhecida à existência do dano moral o consequente direito à
indenizaçã o dele decorrente, necessá rio se faz analisar o aspecto do quantum
pecuniá rio a ser considerado e fixado, nã o só para efeitos de reparaçã o do prejuízo,
mas também sob o cunho de cará ter punitivo ou sancioná rio, preventivo,
repressor.
MARIA HELENA DINIZ em "Curso Civil Brasileiro, 7º vol., 9a ed., Saraiva", ao tratar
do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla função: 1.) A função penal
"constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando à diminuição de seu
patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa
(integridade física, moral e intelectual) não poderá ser violado impunemente"; 2.) A
função satisfatória ou compensatória, pois "como o dano moral constitui um menos
cabo a interesses jurídicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não tem
preço, a reparação pecuniária visa a proporcionar ao prejudicado uma satisfação
que atenue a ofensa causada. "Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a
personalidade do indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-
estar íntimo, suas virtudes, causando-lhe, enfim, mal-estar ou uma
indisposição de natureza espiritual. Sendo assim, a reparação, em tais casos,
reside no pagamento de uma soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que
possibilite ao lesado uma satisfação compensatória da sua dor íntima e dos
dissabores sofridos, em virtude da ação ilícita do lesionador. Desse modo, a
indenização pecuniária em razão de dano moral é como um lenitivo que atenua, em
parte, as consequências do prejuízo sofrido, superando o déficit acarretado pelo
dano.
Ainda nesse sentido:
"Lesão que atinge valores morais e a honra, nossa ideologia, a paz íntima, a vida nos
seus múltiplos aspectos, a personalidade da pessoa, enfim, aquela que afeta de forma
profunda não somente os bens patrimoniais, mas que causa fissuras no âmago do ser,
perturbando a paz de que todos nós necessitamos para nos conduzir de forma
equilibrada nos tortuosos caminhos da existência"., Como bem define Clayton Reis
(Avaliação do Dano Moral, 1998, ed. Forense).
Desde logo, verifica-se que a pró pria lei já prevê a possibilidade de reparaçã o de
dano moral decorrentes dos constrangimentos e, do desconforto em que se
encontra a Autora.
O dano moral, portanto, existe in re ipsa, derivando inexoravelmente do pró prio
fato ofensivo, ademais, que dispensa a demonstraçã o quantitativa do abalo,
consistente na ilídima desídia do Nomeréu.
A requerente entende ser justa, para recompensar os danos sofridos e servir de
exemplo à Instituiçã o Financeiro Ré, na prevençã o de novas condutas ilícitas, a
indenizaçã o com quantia de R$ 00.000,00, deixando ao entender de Vossa
Excelência a possibilidade de ser arbitrado um valor diverso.
V. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA .
Em regra, o ô nus de provar incumbe a quem alega os fatos, no entanto, como se
trata de uma relaçã o de consumo na qual o consumidor é parte vulnerá vel e
hipossuficiente (art. 4º, I do CDC), evidência corroborada pelo fato da Autora nã o
ter condiçã o de produzir provas do que foi alegado, justamente por nã o ter
contratado o Nomeréu, o encargo de provar deve ser revertido ao fornecedor por
ser este a parte mais forte na relaçã o de consumo e detentor de todos os
documentos, contratos, dados técnicos atinentes ao contrato bancá rio efetuado.
Sendo assim, com fundamento no Art. 6º, VIII do CDC, a Autora requer a inversã o
do ô nus da prova, incumbindo ao réu a demonstraçã o de todas as provas
referentes ao pedido desta peça, principalmente os documentos aludidos para a
contrataçã o do cartã o de crédito, e saque complementar, e possíveis instrumentos
de contrato de empréstimo falsamente assinados em nome da requerente, para
que seja comprovada a fraude na contrataçã o de serviços junto ao NomeRéu, sendo
que se o réu nã o comprovar que agiu no estrito cumprimento das normas de
segurança, deverá , por sua desídia, ser responsabilizado.
VI. DA CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA.
O artigo 273 do Có digo de Processo Civil assim dispõ e:
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca,
se convença da verossimilhança da alegação; e
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;(...).
A Autora preenche os requisitos para a concessã o da tutela antecipada, senã o
vejamos:
VI.I- Da Verossimilhança das Alegações da Autora.
Desde que presentes a prova inequívoca e a verossimilhança da alegaçã o, a
prestaçã o jurisdicional será adiantada sempre que haja fundado receio de dano
irrepará vel ou de difícil reparaçã o, O requisito da verossimilhança resta
configurado no caso em tela, já que os elementos trazidos à colaçã o sã o aptos para
imbuir o Magistrado do sentimento de que a realidade fá tica corresponde ao
relatado.
Sendo que a gravidade da situaçã o foi inclusive levada ao conhecimento da
autoridade policial competente através da lavratura de Boletim de Ocorrência,
dando maior respaldo para a verossimilhança das alegaçõ es trazidas pela Autora.
VI.II- Do Fundado Receio de Dano Irreparável.
Há sérias suspeitas de ocorrer mais fraudes em nome da Autora como, contratos
de empréstimos mediantes saques do cheque especial, utilizaçã o de cartã o de
crédito e demais transaçõ es usuais. Fato é que estã o ocorrendo descontos
indevidos da aposentadoria da Autora, diminuindo consideravelmente a sua renda
mensal, prejudicando-a e impedindo-a de dispor livremente de seus recursos
financeiros, retirando-lhe seu meio de subsistência e de sua família. Tal fato gera
indubitá vel afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana, pois trata-se de
pessoa idosa e que depende do valor recebido para sobreviver, tendo em vista que
o seu benefício possui natureza alimentar, sendo sua ú nica fonte de renda,
havendo o risco de danos irrepará veis para a Autora e sua família.
Demonstrado o fumus boni iuris e o periculum in mora , requer se digne Vossa
Excelência a conceder a tutela antecipada, Assim, cumpridos os requisitos para
tanto, requer desde já a expediçã o dos Ofícios necessá rios para que a instituiçã o
bancá ria proceda ao cancelamento do cartã o de crédito de titularidade da autora e
a exclusã o da Reserva de Margem Consigná vel do seu Beneficio da aposentadoria.
Em sendo deferido o pedido constante no item anterior, seja expedido o
competente Ofício Judicial ao NomeRequerido, assinalando o prazo para
cumprimento da ordem, estabelecendo multa diá ria a ser arbitrada por Vossa
Excelência, por dia de atraso, com base no artigo 536, pará grafo 1º e 537 do NCPC,
tendo em vista ser direito incontroverso da Autora.
6. DO PEDIDO.
Pelo exposto, com base em toda a fundamentaçã o legal acima descrita, irmanadas
com toda a documentaçã o, vem a esse Douto Juízo e digno Julgador (a) requerer:
a. Seja a presente ação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE , concedendo-se a
tutela antecipada , sendo confirmada ao final, bem como, seja DECLARADA A
NULIDADE DE CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC), E A RESTITUIÇÃO DE VALOR. , a fim de que seja restituído o
valor no importe de R$ 518,90 (quinhentos e dezoito reais e noventa centavos),
bem como condenar o Réu ao pagamento de indenização a título de DANOS MORAIS
a Autora, tendo em vista o grave abalo emocional e situação de nervosismo causado e
ainda a ausência de cautela do Réu e sua responsabilidade objetiva, entendimento já
consagrado pelos Tribunais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) , tendo por
base o poder econômico do Réu, a função sancionadora que a indenização por dano
moral busca, e que só surtirá algum efeito se atingir sensivelmente o patrimônio do
Réu, de forma que o coíba a deixar que a desorganização prejudique toda a
coletividade que com ela mantém relação de consumo; ou, caso entenda Vossa
Excelência, quantia arbitrada de acordo com a concepção deste Juízo, nos moldes dos
fundamentos apresentados;
b. CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA , uma vez que a Autora não
possui condições financeiras de arcar com as possíveis despesas do processo, bem
como honorários sucumbenciais, na forma dos artigos 98 e seguintes do CPC e da Lei
1.060/50;
c. Que o BANCO BMG S/A, ora réu, traga aos autos os contratos e demais
documentos que comprovem e demonstrem a assinatura e os que mais obtiverem
como prova da existência da contratação do referido serviço entre as partes.
d. Declara não ter interesse em audiência de conciliação, e que o Réu, querendo,
apresente sua defesa, sob pena de incorrer contra si os efeitos da revelia;
e. Declare a inversão do ônus da prova (Art. 6º, VIII do CDC), essencialmente para a
juntada do alegado instrumento de contrato por parte do Réu, uma vez que a Autora
nunca teve relação jurídica ou acesso a qualquer contratação pessoal ou digital e a
documentos deste tipo, além da comprovação da veracidade da assinatura da
Autora, se houver o contrato, se necessário, determinando a análise por perícia
judicial especializada para produção de laudo conclusivo a respeito deste fato; e
f. A CONDENAÇÃO do Banco Réu ao pagamento de todas as despesas processuais e
de honorários advocatícios no importe de 20% do valor da condenação.
Atribui-se a presente causa o valor de R$ 00.000,00, com previsã o no artigo 292, V
e VI do NCPC, conforme se demonstra nos autos.
Cidade, 10 de dezembro de 2020.
Termos em que,
Pede deferimento.
Nome
0.0 OAB/UF

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE


NULIDADE DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - CONTRATO DE
CARTÃO DE CRÉDITO E EMPRÉSTIMO CONSIGNADO -
BANCO BMG - ERRO SUBSTANCIAL - CONFIGURAÇÃO -
NULIDADE DO CONTRATO - DEVOLUÇÃO DOS VALORES
DESCONTADOS INDEVIDAMENTE - DANOS MORAIS -
CONFIGURAÇÃO - DEVOLUÇÃO EM DOBRO - MÁ-FÉ -
COMPROVAÇÃO. Considerando que o consumidor procurou a
instituição financeira para adquirir empréstimo consignado,
mas lhe foi fornecido produto diverso, qual seja, cartão de
crédito, impõe-se reconhecer a nulidade da contratação, por se
tratar de erro substancial quanto à natureza do negócio
jurídico (art. 139, I, do Código Civil), uma vez que restou
provado que em nenhum momento a consumidora pretendia
contratar cartão de crédito e "SAQUE" com cartão de crédito.
Considerando a nulidade da contratação, impõe-se retorno das
partes ao "status quo ante". Tendo em vista que a instituição
financeira induziu o consumidor a erro substancial sobre a
natureza do negócio jurídico, pois desejava contratar
empréstimo consignado e lhe foi fornecido "saque" com cartão
de crédito, acarretando aumento da dívida e abalo psicológico,
impõe-se a condenação ao pagamento de indenização por
danos morais. No caso em exame impõe-se a devolução em
dobro do valor cobrado indevidamente, nos termos do art. 42,
parágrafo único, do CDC, tendo em vista o dolo do credor na
celebração de negócio jurídico diverso do pretendido pelo
consumidor.

(TJ-MG - AC: 10000190390492002 MG, Relator: Sérgio André


da Fonseca Xavier, Data de Julgamento: 22/09/2020, Data de
Publicação: 22/09/2020)

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