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Se o seu cliente foi vítima de fraude do Pix ou qualquer outra fraude relativa a
documento falso, como emissão de boleto bancário, com pagamento feito em débito
automático, uma das alternativas dispostas ao consumidor diz respeito ao mecanismo especial
de devolução regulamentado pelo BACEN (Banco Central).
O cliente, vítima de fraude, poderá solicitar por email, diretamente para o seu banco,
o mecanismo especial de devolução, acompanhado, se possível, com o boletim de ocorrência.
Sendo esse procedimento mais lento, o mais interessante é acionar a ouvidoria ou a
central de atendimento ao cliente para que seja realizado prontamente o bloqueio do valor pago
indevidamente.
Se o seu cliente foi vítima de fraude do Pix, realizou a comunicação ao banco que
ficou inerte. Caberá ação de indenização.
Quando o cliente pede ao banco a realização do mecanismo especial de devolução e
a instituição se recusa a fazê-lo, sem motivo ou demora a realizar a notificação de infração dentro
desse mecanismo, poderá ser responsabilizada.
Outro ponto é que o consumidor possui um perfil nos valores transferidos via Pix,
como que um padrão médio nas operações.
Quando esse valor foge ao perfil, de forma evidente, o banco tem o dever de
proceder ao bloqueio a fim de averiguar se aquela operação realmente procede ou se é fruto de
fraude. Se não o faz, poderá também ser responsabilizado por falha no serviço.
AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA .......... - ........
I – PRELIMINARES
DA COMPETÊNCIA
Por se tratar de Responsabilidade Civil decorrente da clara relação de consumo
existente entre as partes, a presente ação poderá ser proposta no local de domicilio do Autor ou
do Réu, conforme preceitua o Art. 101, I, do Código de Defesa do Consumidor e art. 4º, inc. I, da
Lei n. 9.099/95. A propositura de ações nos Juizados Especiais é facultativa conforme o
entendimento predominante na Jurisprudência e no Enunciando de nº 01 do FONAJE.
DA JUSTIÇA GRATUITA
Nos termos do art. 5º, inc. LXXIV da Constituição Federal e art. 98 do CPC/15, a
autora faz jus à concessão da gratuidade de Justiça. Porquanto a autora é pobre na acepção
jurídica do termo, não estando em condições de demandar, sem sacrifício do sustento próprio e
de seus familiares, motivo pelo qual, pede que lhe conceda os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA
(doc. Anexo).
DAS INTIMAÇÕES, PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES
Nos termos do art. 272, §§2º e 5º do Código de Processo Civil, requer que todas as
Intimações, Publicações e Notificações, dizendo respeito à presente ação, tenham a devida
publicação, com expressa indicação, sempre, de todos os advogados constituídos, sob pena de
NULIDADE.
A autora possui cartão .......International das Lojas ...... numeração ....... (doc. ...)
desde ......, e suas faturas sempre foram encaminhadas para sua residência pelos serviços dos
CORREIOS.
Foi realizado o pagamento em nome de seu cônjuge Beltrano de Tal, dia, junto ao
BANCO ......, conforme comprovante de pagamento em anexo, o boleto possuía a seguinte
numeração ......, ocorre que, tratava-se de documento falso, no qual constavam a data de
vencimento, valor da fatura, e descrição das compras realizadas pela cliente, inclusive contendo
os dados pessoais da Autora, bem como seu endereço residencial.
Constatada tal fraude, a Autora realizou Boletim de Ocorrência n. ...... (doc. .....) e
prontamente comunicou às demandadas sobre o fato e estas se quedaram inertes e até o
ajuizamento da presente ação tentou emitir o boleto verdadeiro que é referente ao mês de .... em
uma das agências das ..... para efeito de comparação com o boleto falso acima demonstrado, com
o intuito de demonstrar a semelhança do boleto falso e do boleto verdadeiro a Vossa Excelência.
No mês de ..... a autora foi surpreendida com um aviso do SPC/SERASA que possuía
um débito de R$...... (por extenso) referente ao documento ...... débito esse referente à fatura do
mês de que já havia sido feito o devido pagamento, mas de um boleto falsificado e que pir conta
disso, o débito se manteve e seu nome foi NEGATIVADO em ......, no cadastro restritivo de
créditos (doc. .....)
Diante disso, a Autora voltou a contatar com a CENTRAL DE CARTÕES das lojas
....., onde não logrou êxito pela atendente eletrônica, posteriormente tentou solucionar o seu
problema com o SAC, que a redirecionavam para o atendimento da CENTRAL DE CARTÕES .....
,por inúmeras vezes seguidas, demonstrando o total descaso com a cliente/consumidora.
No mesmo mês de ..... outra fatura foi enviada para sua residência, a mesma fatura
do mês ..... que havia sido objeto de fraude, no valor de R$ ...... (por extenso). A Autora voltou a
procurar tanto o Banco ..... quanto as lojas ..... em atendimento telefônico, realizado em ..... às ....h
sob o nº de protocolo n. ..... que informaram que não encontravam nenhum pagamento no sistema
e que ela deveria ligar na central, a requerida ligou mas, novamente, sem resolução, em um desses
atendimentos informaram para que espera-se o prazo de 5 (cinco) dias úteis para retorno de
ligação, o que não ocorreu.
Douto Juízo, pode-se observar que a autora fica a mercê da prestação de um serviço
de má-qualidade, decorrente do péssimo atendimento e de informações completamente
desconexas das rés e de atitude desidiosa e negligente em relação à um problema que cabe às rés
resolver e que se mostram totalmente faltosos, configurada a falha e a sua responsabilidade.
A autora constatou que continua com seu nome negativado junto à administradora
do cartão de crédito relativo ao valor em aberto discutido nesta demanda, referente a fatura
fraudulenta paga pela autora.
Cumpre destacar que, ao homem médio não seria possível perceber que o
documento enviado à residência da autora era objeto de fraude, já que possuía todas as
informações constantes das faturas já recebidas, sendo aparentemente idêntico ao original,
constando a descrição dos gastos que correspondiam ao seu consumo habitual, bem como seus
dados pessoais e endereço, o que em nenhum momento e por nenhum motivo poderia a Autora
suspeitar de sua veracidade.
Após tantas tentativas frustradas de dirimir tais problemas como ter realizado
inúmeras ligações ao atendimento, incontáveis protocolos, comunicações ao SAC , idas a agências
de atendimento e lojas, não restou alternativa a autora senão recorrer à Justiça para fazer valer
seus direitos como consumidora.
III – DO DIREITO
Resta evidente que a relação entre as partes é de consumo, estando presentes os seus
elementos caracterizadores, dispostos em seus arts. 2º e 3º, do CDC: a autora como consumidora
e a pessoa jurídica de direito privado, que desenvolve atividade de comercialização de produtos
e prestação de serviços e, portanto, caracterizadas como fornecedoras, bem como o produto e o
serviço:
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final. (consumidor padrão) teoria finalista/subjetiva
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.
Conforme já demonstrado nos fatos desta inicial, a autora foi vítima de golpe de
boleto fraudulento enviado ao seu endereço, com informações e dados pessoais, como nome e
sobrenome, CPF e dados de compras realizadas com o cartão ..... , sendo vítima de evento danoso,
do qual a primeira Requerida, Banco ....., possui responsabilidade objetiva.
Observe, Excelência, conforme análise dos fatos e provas constituídas resta evidente
que houve falha na prestação dos serviços pelos réus BANCO .... e ...., cujas responsabilidades
são solidárias e objetivas, nos termos dos arts. 7.º, parágrafo único, e 14, ambos do Código de
Defesa do Consumidor.
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais
do direito, analogia, costumes e equidade.
Isso porque, por meio de fortuito interno dos réus, um terceiro conseguiu lograr
êxito em aplicar o golpe na autora, após obter ilicitamente os dados cadastrais como nome
completo, CPF, endereço e até mesmo produtos e serviços de consumo, do qual emitiu o falso
boleto, com outro destinatário.
30. Risco da atividade. A norma determina que seja objetiva a responsabilidade quando a
atividade do causador do dano, por sua natureza, implicar risco para o direito de outrem . C. CC 927 par.
Ún.; CDC 6º IV, 12, 14 e 18. (Nery Junior,Nelson; Nery, Rosa Maria de Andrade. Código Civil
Comentado. 12a Edição, 2018. Revista dos Tribunais)
O CDC em seu art. 14, caput, traz a responsabilidade objetiva dos fornecedores de
serviços pelos danos causados aos consumidores decorrentes de sua atividade, vejamos:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.
Súmula 479 - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. *causa
conexa com a atividade desenvolvida.
O ponto central da responsabilidade civil está situado no nexo de causalidade. Não interessa
se a responsabilidade civil é de natureza contratual ou extracontratual, de ordem objetiva ou subjetiva,
sendo neste último caso despicienda a aferição de culpa do agente se antes não for encontrado o nexo causal
entre o dano e a conduta do agente. Com efeito, para a caracterização da responsabilidade civil, antes de
tudo, há de existir e estar comprovado o nexo de causalidade entre o evento danoso e a conduta comissiva
ou omissiva do agente e afastada qualquer das causas excludentes do nexo causal, tais como a culpa
exclusiva da vítima ou de terceiro, o caso fortuito ou a força maior, por exemplo" (REsp 1615971/DF, Rel.
Ministro Marco Aurélio Bellizze, terceira turma, julgado em 27/09/2016, DJe 07/10/2016).
Validando o que foi exposto, a jurisprudência dos nossos tribunais têm partilhado
do mesmo entendimento ora mencionado:
Com efeito, por tudo que já foi consignado anteriormente e diante dos fatos aqui
minuciosamente expostos, resta inconteste que o caso vertente, em verdade, trouxe significativos
prejuízos de ordem moral e material. Estes danos de ordem não patrimonial reclamam a integral
reparação a Requerente.
O ilícito aqui consiste na violação do dever de segurança que relação bancária deve
proporcionar aos seus clientes, como já bem especificado nos tópicos anteriores. A falta de
segurança nos sistemas da parte demandada possibilitou a concretização de um crime que lesou
diretamente a parte demandante (docs.....).
Além de todo o transtorno causado pela Ré com a sua desídia em resolver a situação
da Autora que procurou incessantemente por todas as vias possíveis notificá-la e evitar os
desdobramentos que aqui são relatados de forma pormenorizada, para que não paire dúvidas
sobre o seu esforço bem como fartamente documentado, a autora teve seu nome negativado
indevidamente constando no cadastro do Sistema de Proteção ao Crédito desde de .... até o
presente momento relativo ao débito já pago de uma fatura emitida em um boleto falso, no valor
de R$ ...... (por extenso) e por isso, vem sofrendo diversos constrangimentos.
Apesar disso, a autora continuou recebendo inúmeras cobranças das Rés que
estavam cientes da situação referente à fraude perpetrada por terceiros, mantendo-se, ambas,
inertes para resolver a questão , expondo a Autora a todo tipo de constrangimento e restando
salutar a falha na qualidade do serviço.
Como comprovado, não havia nenhuma inscrição no nome da autora, além daquela
incluída de forma indevida pela instituição bancária Ré, cabendo indenização por dano moral,
em observância ao enunciado da Súmula n. 385, do STJ: “Da anotação irregular em cadastro de
proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado
o direito ao cancelamento”.
Buscando manter sua função basilar de dar fim aos litígios de forma correta e
coerente, o Judiciário está constantemente se atualizando, tendo em vista que as relações pessoais
se tornam cada vez mais complexas.
Assim, o tempo se tornou um bem jurídico a ser tutelado pelo Estado, de modo que
seu desperdício infundado por culpa de outrem é passível de indenização. Consta dizer que a
perda de tempo, ainda que não cause um prejuízo material, constitui um bem irrecuperável, dado
que poderia estar sendo aproveitado para qualquer outra atividade mais relevante, como o
convívio familiar, lazer, trabalho, etc.
Deste modo, o tempo, por sua escassez, tornou-se um bem precioso, adquirindo um
valor que extrapola a dimensão econômica. No caso em apreço, por exemplo, em razão da desídia
da Ré que não prestou o serviço de qualidade e adequado para que o problema referente ao
pagamento de um boleto fraudulento pudesse ser resolvido de forma administrativa, sem
necessidade de que a Autora se visse obrigada a despender seu tempo em inúmeros contatos
telefônicos, e-mails e conversas virtuais infrutíferas, bem como as vezes que teve de deslocar-se
até as agências e lojas das Rés para que pudesse tentar solucionar um problema que não só lhe
causou prejuízos de ordem patrimonial e extrapatrimonial.
Assim, a perda do tempo vital da Autora em razão da falha no serviço prestado pela
Ré configura fortuito interno, inerente ao risco das suas atividades, devendo a mesma, portanto,
indenizá-los.
O reconhecimento da perda involuntária do tempo como um dano causado pelo
mau atendimento das demandas de consumo por parte dos fornecedores de produtos e serviços
revela-se como um dos mais importantes e atuais avanços na defesa do consumidor.
Se tomado como um tipo de recurso, o tempo é caro e finito; se concebido como uma
espécie de direito, o tempo é componente do próprio direito à vida. Se é questão de direito, o
tempo também é questão de justiça.
A Teoria do desvio produtivo sustenta que o tempo é o suporte implícito da vida, que dura
certo tempo e nele se desenvolve, e a vida constitui-se das próprias atividades existenciais que cada um
escolhe nela realizar. Logo o tempo é tanto um dos objetos do direito fundamental à vida – ou seja, um bem
jurídico constitucional – quanto um atributo da personalidade tutelado no rol aberto dos direitos da
personalidade.
Junte-se a isso, convém ainda mencionar a tese de Laís Berstein, que trata da teoria
relativa ao MENOSPREZO PLANEJADO presente em sua obra “O tempo do consumidor e o
menosprezo planejado: o tratamento jurídico do tempo perdido e a superação das suas causas”.
De acordo com tal teoria, o dever de reparar o dano temporal deve ser observado através de dois
critérios: menosprezo ao consumidor e o planejamento. Dispõe a autora
Neste contexto, o fornecedor por meio de diversas práticas pode planejar ou induzir
ao menosprezo do tempo do consumidor, controlando a distribuição dos recursos na rede de
produção de consumo. Assim, presente o menosprezo planejado ao tempo do consumidor como
podemos observar nesta demanda, caracteriza-se a responsabilidade civil do fornecedor.
Sobre o tema, vejamos a jurisprudência que sobre desvio produtivo do consumidor:
Ação indenizatória por danos morais – Contratação de cartão de crédito celebrado por terceiro
fraudador, com a inscrição do nome do autor no Sistema de Crédito do Banco Central – Sentença de
procedência – Recurso exclusivo do réu discutindo a ocorrência dos danos morais e o quantum indenizatório
– Aplicação da legislação consumerista (art. 14 do CDC) – Responsabilidade objetiva da
instituição financeira – Aplicação da teoria do risco do negócio – Matéria pacificada no
julgamento de recurso repetitivo e súmula 479 do STJ – Danos morais evidenciados – Aplicação
da teoria do desvio produtivo do consumidor – Indenização arbitrada em consonância aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade – Honorários advocatícios - Aplicação dos princípios
da causalidade e sucumbência - Sucumbência do réu - Sentença mantida – Recurso negado.
(TJSP; Apelação Cível 1005089-12.2021.8.26.0176; Relator (a): Francisco Giaquinto; Órgão Julgador: 13ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Embu das Artes - 2ª Vara Judicial; Data do Julgamento: 03/06/2022;
Data de Registro: 03/06/2022)
Recurso inominado. Reclamação c/c indenização por danos morais. Cobranças indevidas
incluídas em fatura de telefone. “Itens Eventuais”. Netflix. Serviço não contratado. Falha na prestação
de serviço. Tentativas administrativas de resolução do problema na seara administrativa sem
êxito. Teoria do desvio produtivo do consumidor. Danos morais excepcionalmente configurados.
Quantum indenizatório a ser fixado de acordo com os postulados da razoabilidade e proporcionalidade.
Sentença parcialmente reformada. Recurso conhecido e parcialmente provido.
1. Trata-se de ação indenizatória em que a recorrente V. A. S. P. postula reparação por danos
morais, em razão de cobranças indevidas incluídas na sua fatura de telefone, sob a rubrica de “itens
eventuais” – Netflix – não contratado.
2. Sustentando a consumidora que solicitou o serviço objurgado – Netflix –, competia à
empresa Recorrida comprovar a legalidade das cobranças embutidas nas faturas de telefone, nos termos do
art. 14, § 3.º c/c art. 373, inciso II, do Código de Processo Civil, ônus do qual não se desincumbiu.
3. Por tal razão, impõe-se o reconhecimento da ilegalidade dos débitos objurgados, fazendo
jus a consumidora à restituição, em dobro, dos valores pagos indevidamente, tal como reconhecido na
origem.
4. Esta e. Turma recursal possui firme entendimento no sentido de que a mera cobrança
indevida, via de regra, não dá azo à reparação por danos morais. Todavia, verifica-se que restou comprovada
a excepcionalidade do caso concreto, em razão das tentativas de resolução do problema na seara
administrativa por parte da consumidora, consoante protocolo carreado à inicial.
5. Quando a prestadora de serviço soluciona prontamente o infortúnio, minimizando
eventuais transtornos e aborrecimentos, não se verifica a configuração do dano moral. No entanto, quando
sua conduta é de resistência a reparação do erro cometido, como no caso em tela, fazendo com que o
consumidor seja submetido a um calvário para o fim de obter o seu direito, caracteriza-se o dano moral.
6. Aplica-se no caso, a teoria do desvio produtivo do consumidor, já homenageada
pelo C. Superior Tribunal de Justiça (REsp 1737412/SE), segundo a qual: “caracteriza-se quando
o consumidor, diante de uma situação de mau atendimento, precisa desperdiçar o seu tempo e
desviar as suas competências — de uma atividade necessária ou por ele preferida — para tentar
resolver um problema criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, de
natureza irrecuperável”.
7. Na fixação do montante da condenação a título de danos morais, deve-se atender
a uma dupla finalidade: reparação e repressão. Portanto, há que se observar a capacidade
econômica do atingido, mas também a do ofensor, com vistas a evitar o enriquecimento
injustificado, mas também garantir o viés pedagógico da medida, desestimulando-se a repetição
do ato ilícito.[...] 10. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJMT, Recurso Inominado n. 1000794-
23.2020.8.11.0001, Turma Recursal Única, 06/10/2020). (grifos do original).
Desta maneira, o art. 309 do Código Civil confirma a alegação da autora nesta
presente inicial, vejamos:
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que
não era credor.
É inegável que a fraude foi aplicada diante de clara falha na prestação de serviço da
primeira requerida, uma vez que não zelou pelas informações da fatura e nem dos dados da parte
autora.
Enunciado 17: É cabível a inversão do ônus da prova, com base no princípio da equidade e
nas regras de experiência comum, a critério do Magistrado, convencido este a respeito da verossimilhança
da alegação ou dificuldade da produção da prova pelo reclamante.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
Douto Juízo, tendo como contexto a natureza patrimonial desse processo, bem como
a certeza de que o direito da autora é cristalino, bem como o real risco de consequências negativas,
tal como ficar com o nome indevidamente negativado, assim REQUER-SE O DEFERIMENTO DA
CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA, nos termos do Art. 300 do CPC:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real
ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Assim sendo, no que se refere o requisito do fumus boni iuris , este se encontra
devidamente satisfeito no caso em tela, tendo em vista os documentos acostados à peça inicial
que comprovam cabalmente a verossimilhança do direito alegado, bem como os argumentos
expostos que deixam evidente a probabilidade do direito da parte Autora.
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Junte-se a isso ter seu nome negativado indevidamente e além disso, ter sido
incomodada por constantes ligações e mensagens de cobrança de dívidas das quais fora vítima
de fraude e que a Recorrente estava ciente de tal fato.
Diante de toda a exposição à Autora, desde a contratação de um serviço que não fora
prestado de forma satisfatória; o tempo em teve de despender, em sucessivas tentativas
infrutíferas de solução do problema e os transtornos atingindo a sua dignidade e honra, resta
configurado o dano moral, tendo em vista que os aborrecimentos por ela experimentados que,
certamente, fogem aos dissabores corriqueiros.
Após esse relato, importa que este Juízo atente que se encontra não só evidenciado
o dever da Ré de reparar o dano causado, conforme dispõe claramente o art. 14, do CDC, tendo
em vista as suas atitudes omissas, negligentes e ilícitas, bem como o ataque à dignidade da Autora
em total e íntima ligação com a conduta ilegal da parte Ré, extrapolando o quadro de normalidade
média do convívio humano, propiciando a presença de tipicidade culposa desta.
Nesse sentido, o valor sugerido para condenação, a fim de, é o mesmo encontrado
na jurisprudência deste Egrégio Tribunal, no valor de R$ ....... (por extenso), como pode-se
observar em situações análogas:
(INSERIR JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL EM QUE SERÁ PROPOSTA A
DEMANDA)
IV - DOS PEDIDOS
Pretende provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, bem
como depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, depoimento da Ré, juntada de novos
documentos, se assim se fizer necessário.
Termos em que
Pede Deferimento.
Local e data.
ADVOGADO
OAB/UF n. .......
DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL: