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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA ___ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE CIDADE/TJXXX
PESSOA IDOSA, PRIORIDADE – TUTELA DE URGÊNCIA
– AÇÃO ANULATÓRIA E DECLARATÓRIA – GOLPE DO
FALSO MOTOBOY – COMPRAS FORA DO PERFIL DA
CONSUMIDORA, MERA LIBERALIDADE DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA , RESPONSABILIDADE
OBJETIVA.

AUTOR(A), brasileiro(a), estado civil, profissão, RG nº [COLOCAR O


NÚMERO] [ÓRGÃO EXPEDIDOR] e inscrito(a) no CPF/MF sob o nº [COLOCAR O
NÚMERO], residente e domiciliado(a) na [COLOCAR O LOGRADOURO], por
sua/seu advogada(o) infra-assinada(o), já devidamente constituída(o) e
qualificada(o) em instrumento de mandato procuratório em anexo, com
endereço profissional endereço na [COLOCAR O LOGRADOURO], onde recebe
notificações e intimações (CPC, art.39, I), vem respeitosamente a presença de
Vossa Excelência com fulcro nos arts. 186 e 927 do Código Civil, bem como no
art. 5°, V, CRFB/88 e demais dispositivos legais previstos no Código de Defesa
do Consumidor propor:

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, DECLARATÓRIA DE


INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO COM PEDIDO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS

Contra o BANCO [COLOCAR O NOME DO BANCO], pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. [COLOCAR O NÚMERO DO CNPJ],
estabelecida com endereço na [COLOCAR O LOGRADOURO], pelos motivos de
fato e de direito a seguir expostos:

1. – PRELIMINARES

1.1 DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO PRESENTE FEITO – AUTORA IDOSA

Conforme documentos pessoais da Autora anexados à Inicial, ela conta


hoje com XX (idade por extenso) anos de idade, fazendo, por isso, jus ao
benefício da prioridade na tramitação de procedimentos judiciais, nos termos
do art. 1.048 do Código de Processo Civil e art. 71 do Estatuto do Idoso.

1.2 - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA


Primeiramente, cumpre salientar que a parte autora se encontra em
situação de hipossuficiência, restando impossibilitada de arcar com custas
processuais. À vista disto, o Código de Processo Civil brasileiro, em
cumprimento ao direito constitucional de acesso ao judiciário àquelas pessoas
que se encontrem financeiramente impossibilitadas, traz, nos artigos 98 e 99, a
possibilidade de obtenção do benefício da gratuidade da justiça, isentando tais
hipossuficientes ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários
advocatícios, a ser pleiteado no corpo desta exordial.

Outrossim, Vossa Excelência, caso a parte autora comprometa a sua


renda financeira com estas custas processuais, estará ainda mais
impossibilitada de arcar com os seus gastos mensais, como moradia,
alimentação, transporte, enfim, custos para que consiga sobreviver de forma
digna. Então, caso este juízo negue a gratuidade da justiça, irá a parte autora,
consequentemente, incapacitado de continuar litigando em busca de um
direito legítimo seu em face da instituição bancária demandada.
Então, requer-se a este juízo a concessão do benefício à gratuidade da
justiça, bem como a juntada dos documentos comprobatórios que demonstram
a imprescindibilidade da parte demandante no que tange à gratuidade, a fim de
que consiga exercer o seu direito constitucional de acesso ao judiciário, de
forma efetiva e plena, sem comprometer com sua renda financeira e de sua
família.

1.3 - DESINTERESSE NA DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E


MEDIAÇÃO (A DEPENDER DO CASO)
A parte autora manifesta, expressamente, o seu desinteresse na
designação da audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 334, §5º
do CPC1. Assim, em homenagem aos Princípios da Razoável Duração do Processo,
Celeridade e Economia Processual, requer a imediata instrução e julgamento do
feito.

1.4 - DAS INTIMAÇÕES, PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES

Nos termos do art. 272, §§2º e 5º do Código de Processo Civil, requer que
todas as Intimações, Publicações e Notificações, dizendo respeito à presente
ação, tenham a devida publicação, com expressa indicação, sempre, aos
cuidados em nome da [COLOCAR O NOME COMPLETO DO(A) ADVOGADO(A) E
SUA NUMERAÇÃO DE OAB] (procuração nos autos) E-mail: [COLOCAR O SEU
ENDEREÇO DE E-MAIL].

2.- DOS FATOS


1
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu
deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da
audiência.
Inicialmente, cumpre destacar que o objeto da demanda cinge sobre o
cometimento de fraude no âmbito das operações bancárias contra a autora, por
golpe praticado via ligação telefônica (falsa central telefônica) e do falso
motoboy, suposto agente do NOME DO BANCO. O dano sofrido, é um montante
de R$ XX.XXX,XX (valor por extenso), vultuoso valor, ocasionado exclusivamente
pela falha na prestação de serviços da instituição financeira ré.

A Autora, Sra. XXXXXX, é correntista da instituição financeira ré, agência


XXXXXXXX, e conta corrente XXXXXXXXXXX, possuindo também, o cartão de
crédito XXXXXXXXXX VISA Nº XXXX **** **** XXX.

Destaque-se que, a autora NÃO FORNECEU AOS CRIMINOSOS


QUALQUER TIPO DE SENHA da sua conta bancária ou de seu cartão de crédito.
Minutos após ter sido vítima do golpe, de imediato entrou em contato para
comunicar a instituição financeira, sendo diligente e precavida, contudo, mesmo
assim a empreitada criminosa teve êxito.

Em 02 de fevereiro 2023, por volta das 17hrs a autora recebeu uma


ligação do Banco [NOME DO BANCO], sendo informada pelo funcionário do
banco que havia ocorrido uma fraude em seu cartão [DETALHAR DADOS DO
CARTÃO, NÚMERO, BANDEIRA], e que era necessário a entrega do cartão ao
banco, para apuração e identificação de qual comercio havia ocorrido a fraude.

Ocorre que a autora, pessoa idosa, no dia 02 de fevereiro de 2023, estava


em uma consulta médica de rotina, e não tinha disponibilidade imediata para se
dirigir a sua agência bancária. Diante disso, o funcionário do banco informou que
pelo fato dela ser cliente ESTILO, o banco enviaria um motoboy para recolher o
cartão, inclusive informando que NÃO ERA NECESSÁRIO FORNECER NENHUM
TIPO DE SENHA, fazendo-a acreditar que realmente não se tratava de nenhum
tipo de golpe, principalmente porque o número de telefone era da própria
instituição financeira do Banco do [NOME DO BANCO],

Ora, os próprios fraudadores sugeriram que a autora não fornecesse


senha de seu cartão, e que o cartão deveria ser depositado em um envelope
trazido pelo motoboy que constava informações (logomarca) do banco do
[NOME DO BANCO],, tranquilizando-a. Assim foi feito.

Minutos após o motoboy, suposto funcionário do banco, ter recolhido o


cartão de crédito, a autora recebeu outra ligação do mesmo número de telefone
– da instituição financeira – informando-a que era necessário o recolhimento do
seu aparelho celular para que o aparelho “fosse limpo”, reforçando na ligação
para autora mais uma vez que não era necessário o fornecimento de nenhum
tipo de senha.
Insta salientar que no intervalo em que o cartão foi recolhido, e logo após
seu celular levado, a autora por um momento achou estranho, conversou com
seu médico, e pediu para que imediatamente ligasse para instituição financeira,
e logo constatou que, em fração de minutos, foi realizado uma compra
TOTALMENTE ATÍPICA, no valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), parcelado
em 10 prestações mensais de R$ 9.000,00 (nove mil reais) no estabelecimento
comercial MAJESTADE DRINK, conforme se vê abaixo:

[COLOCAR PRINT DA COMPRA/FATURA/DÉBITO REALIZADO]

Ainda, foi realizando também, através de sua conta corrente uma


transferência PIX FORA DO SEU PERFIL no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais)
para pessoa desconhecida da autora, por nome de Rogério Ribeiro do Amaral.

[COLOCAR PRINT DO PIX/EXTRATO/TRANSFERÊNCIA REALIZADA]

A partir de então, a autora percebeu ter sido vítima de um “golpe


financeiro”. E imediatamente a autora buscou mecanismos para cancelamento
da compra e devolução dos valores transferidos indevidamente de sua conta
bancária, e que, atestando a falha na prestação de serviços, dias após a operação
realizada, a instituição realizou o estorno provisoriamente na fatura da autora.

[COLOCAR PRINT DA RESPOSTA DO BANCO/CONSTESTAÇÃO/SLICITAÇÃO DE


CANCELAMENTO DA COMPRA]

A autora lavrou boletim de ocorrência de nº XXX/XXXXXX-0, protocolo nº


XXXXXXXX/2023, noticiando os fatos criminosos. Contudo, pelo nervosismo e
desespero algumas informações não foram registradas. A um, porque o valor de
R$ 90.000,00 (noventa mil reais) foi referente a compra realizada no Cartão de
Crédito [DETALHAR DADOS DO CARTÃO, NÚMERO, BANDEIRA]. A dois, que além
da compra, também houve a transferência PIX, no montante de R$ 6.000,00
(seis mil reais).

Conforme demonstrado, a autora tentou por diversas formas entrar em


contato com a instituição financeira para cancelamento e estorno dos valores
objeto da fraude. Inclusive, em conversas com seu próprio gerente, insistindo no
cancelamento da operação. Contudo, todos os requerimentos foram negados.

[COLOCAR PRINT DA NEGATIVA DA CONTESTAÇÃO/FATURA/DÉBITO


REALIZADO]

Diante da negativa a autora solicitou a seu gerente informações sobre a


compra realizada, local que foi feito, CNPJ da suposta empresa Majestade Drink
São Bernardo. Porém foi informada tão somente que a loja fica localizada em São
Bernardo do Campo/São Paulo.

A instituição bancária ré, além de permitir a prática de fraude bancária


contra a consumidora, falhando na sua prestação de serviços, não esboçou
esforços para resolver a situação.

Importante destacar que A AUTORA NUNCA REALIZOU QUALQUER


OPERAÇÃO BANCÁRIA acima de R$ 2.000,00 (dois mil reais), principalmente no
que diz respeito a compras no cartão de crédito. Ora, foi uma compra no valor
de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), parcelado em 10 parcelas de R$ 9.000,00
(nove mil reais), em uma cidade que fica aproximadamente 1.028 km de
distância2 de onde a autora reside e em momento algum o Banco do [NOME DO
BANCO], interviu, tendo em vista as operações realizadas fora do perfil da
autora, emitindo qualquer sinal de alerta quanto a possível fraude através de
seus mecanismos antifraudes.

Ora, o Banco do [NOME DO BANCO] deve, ou pelo menos deveria, valer-


se de medidas de segurança mais eficazes para impedir fraudes corriqueiras no
mercado financeiro. Diante da fundada suspeita de fraude das operações
financeiras questionadas para a prática de golpe e/ou que se verifique falhas
operacionais no sistema de tecnologia da informação de qualquer das
instituições financeiras envolvidas nas transação fraudulenta, a
responsabilidade é objetiva.

Com tudo isso, Douto (a) Julgador (a), é possível afirmar que a instituição
financeira ré falhou com sua segurança em todos os momentos: o primeiro
quando permitiu a compra de vultuoso valor, no valor de R$ 90.000,00 (noventa
mil reais), e transação PIX no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), em questão de
minutos, TOTALMENTE ATÍPICAS; segundo quanto ao fato que deveria possuir
mecanismos de prevenção em caso de suspeita de crime, como bloquear as
quantias transacionadas sem a possibilidade de levantamento pelo recebedor
até a colheita de informações diretas com o pagador.

O Banco Do [NOME DO BANCO], deveria, vistas as transações realizadas


de forma TOTALMENTE ATÍPICA, ativar seus métodos de segurança antifraude,
realizando algum tipo de impedimento ou bloqueio na conta e no cartão de
crédito da autora. Devendo, portanto, ser responsabilizada pela fraude ocorrida,
pois o risco advém de sua própria atividade lucrativa.

2
Distância entre Brasília e São Bernardo do Campo/SP: https://www.google.com/maps/dir/SQS+206+Bl.
+C,+Asa+Sul+Superquadra+Sul+206+-+Asa+Sul,+Bras%C3%ADlia+-+DF,+70297-400/S
%C3%A3o+Bernardo+do+Campo,+SP/@-19.6463715,-50.3887051,6.5z/data=!4m14!4m13!1m5!1m1!
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A Instituição Banco do [NOME DO BANCO], tão somente, em resposta ao
WhatsApp da autora, dias após o ocorrido, informa que CONTESTAÇÃO FOI
NEGADA.

Ora, foram duas transações, totalizando um valor de R$ 96.000,00


(noventa e seis mil reais), e a autora em momento algum recebeu qualquer
mensagem do banco informando de que poderia se tratar de fraude, bem como
não sendo aplicado, por parte da Instituição Financeira Banco do [NOME DO
BANCO] qualquer método ou mecanismos de segurança desenvolvido pelo
Banco Central do Brasil, como por exemplo, “motores antifraude” operados
pelas instituições financeiras, que permitem identificar, minimamente,
transações atípicas, fora de perfil do usuário e consequentemente seu bloqueio.

Portanto, resta evidente que a Autora não foi amparada em momento


algum pela instituição financeira para resolução do problema. Deixando
comprovado que houve falha em todos os mecanismos de segurança e regras de
funcionamento e segurança da Instituição financeira Ré, causando um prejuízo
no montante de R$ 96.000,00 (noventa e seis mil reais) motivo pelos quais não
resta outra opção senão o ajuizamento da presente ação de anulação de negócio
jurídico e reparação de danos materiais e morais.

3. – DO DIREITO

3.1 - DA APLICAÇÃO DO CDC (DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA E DA INVERSÃO


DO ÔNUS DA PROVA)

É indiscutível a caracterização da relação de consumo entre as partes,


sendo o Banco do [NOME DO BANCO] prestador de serviços e, portanto,
considerado fornecedor nos termos do artigo 3º, § 2° do Código de Defesa do
Consumidor3.

A autora é parte consumidora de acordo com o conceito previsto no


artigo 2º4 do mesmo diploma.

Em se tratando do Código de Defesa do Consumidor, este adota como


regra a responsabilidade objetiva, dispensando qualquer comprovação de culpa,
restando presente a ação ou omissão cominada com o dano e o nexo de
causalidade.

O § 2º do artigo 3º diz que: “serviço é qualquer atividade fornecida no


mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,

3
Código de Defesa do Consumidor, Art. 3º, § 2° - Serviço é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
4
Código de Defesa do Consumidor, Art. 2° - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.”

Levando em consideração a regra de que a prova incumbe a quem alega,


a parte autora é pessoa hipossuficiente conforme aduz o artigo 4º, inciso I 5, do
CDC. O encargo de provar que foram realizadas todas as medidas de segurança,
através do sistema de tecnologia de informação, além da comprovação de que
todos os mecanismos disponibilizados pelo Banco Central (sistema antifraude)
foram utilizados, devem ser revertidos aos réus, por possuírem alta capacidade
financeira e teológica, além de serem menos vulneráveis na relação
consumerista conforme ressalta o artigo 6°, incisos VI e VIII, do CDC, in verbis:

“Art.6º “São direitos básicos do consumidor:


VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Nos termos do artigo 14, do Código de Defesa do Consumidor, a


transferência de valores a terceiro mediante fraude na conta bancária da autora
é de responsabilidade civil objetiva, sem a necessidade de comprovação de dolo
ou culpa, bastando tão somente a demonstração de:

• Ofensa ao direito da parte demandante (ato ilícito), devidamente comprovado


pela fraude realizada;
• Prejuízo, consubstanciado nos danos sofridos (dano), valor da compra e PIX
transferido, fora do perfil do usuário, sem qualquer impedimento ou bloqueio
por parte do Banco do [NOME DO BANCO];
• Nexo de causalidade entre o ilícito praticado pelos golpistas e que tiveram
acesso aos dados pessoais e de conta bancária da autora com o Banco do [NOME
DO BANCO]. A fraude só foi possível, porque tiveram acesso aos dados da autora
de dentro do banco do [NOME DO BANCO];

Ou seja, houve latente falha na prestação de serviço da instituição


financeira que não realizou as medidas de segurança, fato que, em decorrência
do ato, ocasionou danos patrimoniais e extrapatrimoniais a autora.

Em razão da inversão do ônus da prova, da impossibilidade de produzir


prova negativa, bem como pela improbabilidade lógica do consumidor provar o
pagamento, de forma indevida, mediante fraude da realização das operações
questionadas na exordial, deve, a instituição financeira ré o ônus de comprovar a
permissão para compra no valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), e
transferência PIX no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

5
Código de Defesa do Consumidor, Art. 4º - I - reconhecimento da vulnerabilidade do
consumidor no mercado de consumo;
As parcelas restam fixadas em R$ 9.000,00 (nove mil reais) cada, valor
muito além, até mesmo, dos valores utilizados mensalmente pela autora desde
aquisição do referido cartão. De forma que não condiz, em hipótese alguma com
os valores de compras mensais comuns da autora. Caracterizando, portanto,
transações totalmente atípicas do perfil da autora.

3.2 – DAS COMPRAS ATÍPICAS, SEGURANÇA DAS CHAVES PIX – RISCO DA


ATIVIDADE DESENVOLVIDA PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

Os bancos devem valer-se de medidas de segurança mais eficazes para


impedir fraudes corriqueiras no mercado financeiro. O Banco do [NOME DO
BANCO] deveria minimamente possuir mecanismos de prevenção em caso de
suspeita de crime, como bloquear as quantias transacionadas sem a
possibilidade de levantamento pelo recebedor até a colheita de informações
diretas com o pagador.

A responsabilidade pela ocorrência de eventual fraude, tanto na compra


de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), quanto na transferência PIX de R$ 6.000,00
(seis mil reais) é do Banco do [NOME DO BANCO], pois o risco advém de sua
própria atividade lucrativa, cabendo a estas desenvolverem mecanismos para
evitá-la.

Contudo, mesmo sendo procurada, a instituição não forneceu elementos


de quem seja o terceiro fraudador que se beneficiou dos valores; apesar de
requisitado, pois somente estas têm acesso e controle direto e que possui todas
as informações referente aos golpistas que receberam estes valores, devendo,
portanto, trazer aos autos especialmente O RELATÓRIO DA QUANTIDADE DE
NOTIFICAÇÕES DE INFRAÇÃO ABERTAS, POR SUSPEITA DE FRAUDE, POR
CHAVE, POR CONTA TRANSACIONAL, POR USUÁRIO FINAL, de transações
destinadas aos usuários (fraudadores) que foram liquidadas.

Ainda, é o entendimento sumulado do STJ dispõe que "as instituições


financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias”.

A fraude só foi possível ser praticada, porque os golpistas possuíam


informações do tipo cartão de crédito da autora, e se sua conta bancária junto
ao Banco do [NOME DO BANCO] o que denota a responsabilidade da
demandada no caso concreto, posto que, é o vazamento de dados do
correntista que torna possível a prática da fraude perpetrada por terceiro
através de contato telefônico.

Vossa Excelência, a ausência de medidas de segurança e de


contrainteligência por parte da instituição bancária diante de operações vultosas
e que fogem do perfil do usuário reforçam a responsabilidade pelos danos
suportados pelo consumidor.

EMENTA: RECURSO INOMINADO. BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE


VALORES VIA PIX. NÃO RECONHECIMENTO DA OPERAÇÃO PELA
CORRENTISTA. DESCABIMENTO. FORTUITO INTERNO.
INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 479 DO STJ. CULPA DA VÍTIMA NÃO
CONFIGURADA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO APRESENTA
NENHUMA PROVA ACERCA DA SEGURANÇA, AUTENTICAÇÃO OU
IDENTIFICAÇÃO DA OPERAÇÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO DO
VALOR TRANSFERIDO E DOS ENCARGOS INCIDENTES SOBRE SALDO
NEGATIVO GERADO. CABIMENTO. JUROS DE MORA. AUSÊNCIA DE
INTERESSE RECURSAL. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA
PARTE CONHECIDA, DESPROVIDO. 1. Da análise dos autos, observa-
se que a instituição financeira recorrente não apresentou nenhuma
prova sobre a operação realizada, nem que esta teria sido
confirmada mediante o uso de token ou senha. Assim, ante a
alegação da reclamante que não realizou tais transações (fato
negativo), o ônus da prova acerca da regularidade da operação
recaiu sobre o recorrente – ônus do qual, frise-se, não se
desincumbiu. 2. Tratando-se de questão atinente à segurança
interna dos dados dos correntistas, das contas e operações
bancárias mantidas junto ao recorrente, a sua responsabilidade
resta consolidada pelo que dispõe a súmula 479 do Superior
Tribunal de Justiça (“as instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias”). 3. Assim, cabível a restituição dos valores retirados
fraudulentamente da conta bancária pertencente à reclamante,
bem como dos encargos cobrados sobre o saldo negativo gerado
pela fraude. [...] (TJPR - 5ª Turma Recursal dos Juizados Especiais -
0001795-75.2021.8.16.0069 - Cianorte - Rel.: JUÍZA DE DIREITO DA
TURMA RECURSAL DOS JUÍZAADOS ESPECIAIS MANUELA TALLÃO
BENKE - J. 04.10.2021) (TJ-PR - RI: 00017957520218160069 Cianorte
0001795-75.2021.8.16.0069 (Acórdão), Relator: Manuela Tallão
Benke, Data de Julgamento: 04/10/2021, 5ª Turma Recursal dos
Juizados Especiais, Data de Publicação: 04/10/2021) (GRIFO
NOSSO).

É cediço o entendimento da Súmula 479 do STJ, segundo a qual: ‘’As


instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias".

Sendo assim, as operações realizadas com cartão de crédito, mesmo


quando exigida a apresentação física do cartão e a senha pessoal, passam, ou
deveriam passar por um prévio processo de aprovação, normalmente realizado
por meios eletrônicos, devendo ser levado em consideração aspectos relativos
a limite de crédito, valor da compra, perfil de uso do correntista, possíveis
fraudes, entre tantos outros que possam proporcionar maior segurança para os
consumidores e para as próprias instituições financeiras.

Os estelionatários sabiam o nome completo da autora, vítima do golpe,


seu número de telefone e que detinha conta corrente no banco do [NOME DO
BANCO] bem como utilizava-se do serviço de cartão de crédito, inclusive
mencionando que era cliente ESTILO, SENDO EVIDENTE QUE OS GOLPISTAS
CONSEGUIRAM TAIS INFORMAÇÕES A PARTIR DO BANCO DE DADOS DA
INSTITUIÇÃO, caracterizando, inclusive, afronta aos preceitos da Lei Geral de
Proteção de Dados, especialmente o art. 42, § 1º e § 2º 6, do referido diploma.

O Banco do [NOME DO BANCO] não promoveu o bloqueio da compra


ABSOLUTAMENTE ALHEIAS AO PERFIL DE COMPRA DA VÍTIMA DO GOLPE,
tendo sido realizadas OPERAÇÕES BANCÁRIAS COMO TRANSFERÊNCIA VIA PIX,
E COMPRA NO CARTÃO DE CRÉDITO TOTALMENTE FORA DE SEU PERFIL DE
ANOS COMO CLIENTE DO BANCO DO [NOME DO BANCO], SOMANDO
R$96.000,00 (noventa e seis mil reais) EM MENOS DE UMA HORA.

Isto posto, resta claro que, a forma como as operações contestadas foram
realizadas não deixa dúvida de que houve latente falha na prestação do serviço
bancário, devendo a instituição financeira ré se abster da cobrança no cartão de
crédito da autora, vítima de fraude, bem como a restituição dos valores
transferidos via PIX, no total de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

3.3 - DA TUTELA DE URGÊNCIA

A autora demonstrou nos presente autos que além de outras transações


contestadas, as compras realizadas em seu cartão de crédito, AINDA QUE
CONTESTADAS JUNTO AO BANCO RÉU, não obteve resultado positivo. As suas
respectivas vultuosas parcelas (10 parcelas), no valor de R$ 9.000,00 (nove mil
reais) cada, serão cobradas mensalmente na fatura do cartão de crédito,
inclusive iniciando a cobrança no próximo dia 25/03/2023.

É este justamente O PERIGO DE DANO, se não concedida este pedido


liminar mais breve possível!

6
Lei Geral de Proteção de Dados, Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão do
exercício de atividade de tratamento de dados pessoais, causar a outrem dano patrimonial,
moral, individual ou coletivo, em violação à legislação de proteção de dados pessoais, é obrigado
a repará-lo.
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos dados:
I - o operador responde solidariamente pelos danos causados pelo tratamento quando
descumprir as obrigações da legislação de proteção de dados ou quando não tiver seguido as
instruções lícitas do controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao controlador, salvo
nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei;
II - os controladores que estiverem diretamente envolvidos no tratamento do qual decorreram
danos ao titular dos dados respondem solidariamente, salvo nos casos de exclusão previstos no
art. 43 desta Lei.
§ 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova a favor do titular dos dados
quando, a seu juízo, for verossímil a alegação, houver hipossuficiência para fins de produção de
prova ou quando a produção de prova pelo titular resultar-lhe excessivamente onerosa.
A partir compra fraudulenta no cartão de crédito, que se espera que V.
Exa. os declare nulos, a Autora passou a ser devedor do banco Réu em quantia
que soma R$90.000,00 (noventa mil reais) a ser pago nas próximas faturas de
cartão de crédito.

Ocorre que até a prolação de sentença nos presentes autos, quando


finalmente espera-se deste r. juízo a declaração de anulação das compras
fraudulentas no cartão de crédito [DETALHAR DADOS DO CARTÃO, NÚMERO,
BANDEIRA] (como também da transferência PIX realizada), os pagamentos
mensais das parcelas por estas compras contestadas caracterizarão monta de
suma importância para o sustento próprio da Autora e de sua família,
comprometendo seu sustento mensal, podendo se tornar uma “bola de neve”
pela incidência de juros mensais, posto que não terá condições de arcar com
estes pagamentos.

A instituição financeira já manteve a negativa da contestação, e já


demonstrou que não fará o possível para ajudá-la. Privar a Autora da
movimentação, até o final do presente processo, de quase todo seu salário –
VERBA ALIMENTAR ESSENCIAL PARA O SUSTENTO DE SUA FAMÍLIA – traz o
risco de colocá-la em situação de ruína financeira.

Resta comprovado se tratar de um “golpe” bancário, inclusive


observando-se a lavratura de um Boletim de Ocorrência, perante órgão policial.
Somando-se às devidas comunicações à instituição financeira e a natureza
objetiva da responsabilidade, surge a VEROSSIMILHANÇA DO DIREITO.

Assim, como é sabido, nos termos do art. 300, do novo CPC, a tutela de
urgência será concedida quando houver elementos como a probabilidade do
direito e o perigo de dano. Diante disso, a probabilidade do direito foi
amplamente relatada nos tópicos acima e o perigo de dano que o pagamento
mensal das compras contestadas no cartão de crédito, que certamente serão
declaradas nulas em sentença, coloca em risco a saúde financeira da Autora, com
a subsistência própria e de sua família.

Suspender a cobrança, nas faturas de cartão de crédito, das parcelas


pelas compras contestadas, através de tutela de urgência, além de garantir
condições de subsistência da família do Autor, não consiste em prejuízo
irreversível ao banco Réu. Isso porque, na hipótese de improcedência do pedido
na presente ação, bastaria ao banco Réu corrigir os valores, imputar os encargos
ao Autor e iniciar as cobranças nas faturas seguintes.

Isto é, conceder a tutela de urgência para suspensão imediata da


cobrança das parcelas das compras contestadas no cartão de crédito não traz
prejuízo ao banco Réu.

Indeferir a tutela de urgência, contudo, traz grave prejuízo ao sustento


da família da Autora, havendo risco de, na prolação de sentença, existir grave
risco de dano irreparável ou de difícil reparação.
Desse modo, vem o Autor pedir, em sede de Tutela De Urgência, que as
parcelas das compras contestadas fraudulentamente realizadas em seu cartão
de crédito, não autorizadas nem reconhecidas por ela, sejam suspensas até que
seja proferida sentença nos presentes autos, sendo pleiteada, nos seguintes
termos:

a. o envio de notificação/determinação judicial à parte ré para que não


sejam incluídos nas Faturas de Cartão de Crédito da autora os valores
correspondentes às prestações fraudulentamente contratadas. Inclusive,
a que está na iminência de ser cobrada – março de 2023;
b. o envio de notificação/determinação judicial à parte ré para que aceite a
contestação formulada pelo autor, mesmo que provisoriamente e
suspenda de imediato as cobranças;
c. A fixação de multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de atraso,
caso conste da Fatura de Cartão de Crédito o respectivo valor da
prestação, e não seja oportunizado ao autor o pagamento de sua Fatura
excluído(s) o(s) valor(es) da prestação(ões) objeto dessa ação.

3.4 - DO DANO MATERIAL

Em razão da nítida falha na prestação de serviços do BANCO DO [NOME


DO BANCO], no desenvolvimento de “motores antifraude”, conforme
amplamente demonstrado no processo em epígrafe, a parte autora faz jus a
devolução, das quantias transferidas via PIX de sua conta para conta dos
golpistas (fraudadores), acrescida de juros e correção monetária no valor de R$
6.000,00 (seis mil reais).

Resta evidente que a parte autora deve ser restituída pelos danos
materiais, acrescidos de atualização monetária e juros de mora. É incontestável a
falha na prestação de serviços da instituição financeira por não utilizar os
mecanismos de segurança antifraude. Basta observar a falta do dever de cuidado
da Instituição com a conta bancária da autora, onde em momento algum, não
fora emitido qualquer sinal de alerta, facilitando, para os fraudadores o
cometimento de golpes, e consequentemente enriquecimento ilícito de terceiro
fraudador, caracterizado nos termos do Artigo 884 do Código Civil.

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de


outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.

Nesse sentido, cita-se o posicionamento do Tribunal de Justiça do Paraná


a respeito do tema que assim dispôs:

EMENTA: RECURSO INOMINADO. BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE


VALORES VIA PIX. NÃO RECONHECIMENTO DA OPERAÇÃO PELA
CORRENTISTA. DESCABIMENTO. FORTUITO INTERNO. INTELIGÊNCIA
DA SÚMULA 479 DO STJ. CULPA DA VÍTIMA NÃO CONFIGURADA.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO APRESENTA NENHUMA PROVA
ACERCA DA SEGURANÇA, AUTENTICAÇÃO OU IDENTIFICAÇÃO DA
OPERAÇÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO DO VALOR TRANSFERIDO E DOS
ENCARGOS INCIDENTES SOBRE SALDO NEGATIVO GERADO.
CABIMENTO. JUROS DE MORA. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA PARTE CONHECIDA,
DESPROVIDO. [...] 2. Tratando-se de questão atinente à segurança
interna dos dados dos correntistas, das contas e operações bancárias
mantidas junto ao recorrente, a sua responsabilidade resta
consolidada pelo que dispõe a súmula 479 do Superior Tribunal de
Justiça (“as instituições financeiras respondem objetivamente pelos
danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”). 3.
Assim, cabível a restituição dos valores retirados fraudulentamente
da conta bancária pertencente à reclamante, bem como dos
encargos cobrados sobre o saldo negativo gerado pela fraude. 4.
Inviável o conhecimento do pedido de reforma do termo inicial dos
juros de mora, uma vez que a sentença estipulou a sua incidência a
partir da citação, no mesmo sentido do que foi pleiteado pelo
recorrente. Assim, inexiste interesse recursal no ponto. (TJPR - 5ª
Turma Recursal dos Juizados Especiais - 0001795-75.2021.8.16.0069 -
Cianorte - Rel.: JUÍZA DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS
JUÍZAADOS ESPECIAIS MANUELA TALLÃO BENKE - J. 04.10.2021) (TJ-
PR - RI: 00017957520218160069 Cianorte 0001795-
75.2021.8.16.0069 (Acórdão), Relator: Manuela Tallão Benke, Data
de Julgamento: 04/10/2021, 5ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais, Data de Publicação: 04/10/2021) (grifo nosso)

Vossa Excelência, os atos praticados pelo Banco do [NOME DO BANCO],


seja por omissão ou desídia7, falta de atenção ou zelo em seus procedimentos de
segurança interno, em relação a compra no cartão de crédito e transferência PIX,
sua principal atividade, trouxeram e ainda trazem latente prejuízo a parte
autora; a um, por terem sido despendidas quantias de sua conta bancária, via
PIX, e a compra propriamente dita TOTALMENTE FORA DO PERFIL DA AUTORA
em um curto intervalo de tempo, e com valores altíssimos para destinatário não
conhecido, não havendo qualquer sinal de alerta para impedir ou bloquear as
transações; a dois, que O GOLPE PRATICADO SÓ FOI POSSÍVEL SER
CONCRETIZADO PORQUE OS CRIMINOSOS TINHAM ACESSO AS INFORMAÇÕES
PESSOAIS E DE CONTA BANCÁRIA DA AUTORA JUNTO AO BANCO DO [NOME
DO BANCO].

Posto isso, requer-se, comprovada a falha na prestação de serviços,


mediante risco da atividade bancária que este Douto Juízo condene
expressamente ao BANCO DO [NOME DO BANCO] a devolver as quantias
transferidas fraudulentamente – valores que perfazem, nestes moldes, na forma
simples, uma média de R$ 6.000,00 (seis mil reais), a título de danos materiais, a
serem devidamente corrigidos e atualizados, bem como o cancelamento
imediato da compra no valor de R$ 90.000,00 (noventa mil), parcelado em 10
prestações de R$ 9.000,00 (nove mil reais).

3.5 - DO DANO MORAL:

7
Desídia: falta de atenção, de zelo; desleixo, incúria, negligência.
Trata-se de dano moral in re ipsa, que dispensa a comprovação da
extensão dos prejuízos, sendo estes evidenciados pelas circunstâncias do fato,
conforme entendimento firmado pelo STJ 8. Cumpre salientar que a indenização
em comento é indispensável, pois tem caráter repressivo e pedagógico.

A Autora demonstra que registrou boletim de ocorrência do fato, além de


ter protocolizado reclamação na agência em que é correntista, tendo seu pedido
indeferido, sabendo que a instituição tenta livrar-se de eventual
responsabilidade de devolução.

A falha no dever de segurança resulta, incontestavelmente, em dano


moral à parte autora fraudada, pessoa idosa, ante a angústia do desfalque
patrimonial considerável, frise-se R$ 96.000,00 (noventa e seis mil reais), sem
que tenha recebido qualquer apoio da instituição financeira para a solução da
pendência.

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. VÍTIMA DE


FRAUDE. GOLPE POR MEIO DE SISTEMA PIX. FATOS OCORRIDOS
ANTES DE NOVEMBRO DE 2021 (DATA DE CRIAÇÃO DO BLOQUEIO
CAUTELAR E MECANISMO ESPECIAL DE DEVOLUÇÃO PELO BANCO
CENTRAL). ÉPOCA EM QUE INEXISTIA REGRAMENTO A RESPEITO DE
SISTEMAS DE ESTORNO DE VALORES À VÍTIMAS DE GOLPE.
INEXISTÊNCIA DE ILICITUDE EM DECORRÊNCIA DE POSSÍVEL
DEMORA. BLOQUEIO INJUSTIFICADO DA CONTA. NÃO
IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA PELA REQUERIDA. OFENSA A DIREITO DE
PERSONALIDADE: LIBERDADE. DANO MORAL CONFIGURADO.
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO. (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0004843-50.2021.8.16.0034 -
Piraquara - Rel.: JUÍZA DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS
JUÍZAADOS ESPECIAIS VANESSA BASSANI - J. 23.05.2022) (TJ-PR - RI:
00048435020218160034 Piraquara 0004843-50.2021.8.16.0034
(Acórdão), Relator: Vanessa Bassani, Data de Julgamento:
23/05/2022, 1ª Turma Recursal, Data de Publicação: 23/05/2022)

É incontroverso que o Banco deve responder objetivamente pelos danos


causados, em harmonia com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
Súmula 37, que estabelece que “são cumuláveis as indenizações por dano
material e moral oriundos do mesmo fato”.

Isto posto, requer que seja a Instituição Financeira condenada a indenizar


a parte autora no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), pelos danos morais
advindos da falha na prestação de serviços do Banco do [NOME DO BANCO], e
que tem causado sofrimento e humilhação, abalo físico e psicológico, além dos

8
Houve, assim, inobservância dos deveres de proteção e segurança estabelecidos pelo Código
de Defesa do Consumidor (artigo 6º, I e artigo 14, § 1º), de forma que a parte ré recorrente
responde pelos danos suportados pela parte recorrida (Súmula 479 do Superior Tribunal de
Justiça). Neste sentido: (Acórdão 1349445, 07080351120208070009, Relator: EDILSON ENEDINO
DAS CHAGAS, Primeira Turma Recursal, data de julgamento: 18/6/2021, publicado no DJE:
5/7/2021); (Acórdão 1056902, 07076173320168070003, Relator: ASIEL HENRIQUE DE SOUSA,
Terceira Turma Recursal, data de julgamento: 24/10/2017, publicado no DJE: 6/11/2017.)
reflexos pessoais e sociais que a autora, pessoa idosa, tem sofrido por ter sido
vítima dessa fraude.

Recurso inominado. Ação de restituição de valores c.c. indenização


por danos morais – transferências interbancárias de valores elevados
através de PIX não reconhecidas pelo autor - Aplicação do CDC
( súmula 297 do STJ) – Responsabilidade objetiva da ré - Súmula 479
do STJ – Matéria pacificada no julgamento do REsp 1.199.782/PR,
com base no art. 543-C do CPC/73 – Instituição financeira requerida
não se desincumbiu do ônus de demonstrar a regularidade das
transferências interbancárias impugnadas (PIX) de altos valores, e a
inviolabilidade de seu sistema para coibir a fraude (art. 6º, VIII,
CDC)– Danos materiais demonstrados – Dano moral que se
caracteriza com a própria ocorrência do fato – Damnum in re ipsa.
Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Recurso
improvido. (TJ-SP - RI: 10088922720218260071 SP 1008892-
27.2021.8.26.0071, Relator: Rossana Teresa Curioni Mergulhão, Data
de Julgamento: 27/04/2022, 1ª Turma Cível, Data de Publicação:
27/04/2022) (grifo nosso)

Por fim, pleiteia-se a Vossa Excelência que seja dado TOTAL


PROCEDÊNCIA À AÇÃO DE CONHECIMENTO, visto que a consumidora foi
excessivamente lesada, vítima de uma ação fraudulenta. Tal fato lhe gerou
incontáveis prejuízos de ordem financeira, tendo em vista que a ausência dos
valores discutidos fez bastante falta no orçamento e geraram seu
superendividamento, além dos danos extrapatrimoniais, comprometeram o seu
mínimo existencial.

4. – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer-se:

a) A concessão, inaudita altera pars, de MEDIDA LIMINAR, ANTECIPANDO


OS EFEITOS DA TUTELA URGÊNCIA, o mais breve possível, tendo em vista
a existência da probabilidade do direito pleiteado e o perigo de dano
irreparável ou de difícil reparação, além do periculum in mora, a fim de
que o Réu suspenda a exigência e cobrança das parcelas previstas para
pagamento da compra contestada no cartão de crédito (10 parcelas, no
valor de R$ 9.000,00 nove mil reais), não autorizadas e não consentidas
pela autora. Atentando que a primeira parcela já será cobrada na fatura
de 25/03/2023.

b) Que seja aceita a contestação da compra realizada por terceiro,


desconhecido e não autorizado pela autora;

c) Em caso de descumprimento, aplicação de multa diária no valor de R$


1.000,00 (mil reais), pela inclusão, cobrança, e/ou qualquer obrigação da
autora quanto as prestações fraudulentas na Fatura de Cartão de Crédito;
d) A autora é pessoa idosa, fazendo jus a prioridade na tramitação do
processo, a fim de obter maior celeridade processual, nos termos do art.
1.048 do Código de Processo Civil e art. 71 do Estatuto do Idoso.

e) Concessão do benefício da justiça gratuita para as instâncias de 1° e 2°


grau, comprovado através da Declaração de Hipossuficiência; nos termos
dos arts. 98 e 99, caput e § 3°, CPC;

f) Por oportuno, que todas as notificações e publicações referentes ao


processo em epigrafe sejam realizados em nome da Dra.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, OAB/PE XX.XX (procuração nos autos). E-
mail: XXXXXX@XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.com.br Na forma do art. 272
do CPC/2015, sob pena de nulidade;

g) Determinar a incidência das regras do código de Defesa do Consumidor


em razão da hipervulnerabilidade e da hipossuficiência da autora em face
do réu, sendo invertido o ônus da prova, nos termos do art. 6, VIII do
diploma em comento, e seja apresentado/trazido aos autos:

I. Todas movimentações de compras da autora, pelo menos do


último ano, a fim que de seja comprovado a ATIPICIDADE DA
COMPRA REALIZADA;
II. Confirmação, através de relatório, de que foram adotadas todas
as medidas/mecanismos de segurança a fim de impedir, do Banco
Central do Brasil pela instituição financeira, a fim que de seja
comprovado que foram adotadas todas as medidas de
segurança;
III. O registro de toda movimentação da conta bancária da autora,
especialmente as transações realizadas através do Sistema de
Pagamento Instantâneo (PIX) desde a abertura da conta;

h) Proceder com a citação da Instituição Financeira para, querendo,


apresentar contestação, sob pena de seu não oferecimento importar na
incidência dos efeitos da revelia e na aceitação das alegações de fato
formuladas, nos moldes do art. 344 do Código de Processo Civil de 2015;

i) Que seja JULGADO PROCEDENTE os pedidos reconhecendo a fraude


praticada, para declarar nulo as compras realizadas no Cartão de Crédito,
bem como declarar como responsabilidade do Banco Réu o prejuízo pelos
valores, que totalizam R$ 90.000,00 (noventa mil reais);

j) Eventualmente, a condenação da parte ré a indenizar valores cobrados


em virtude da utilização do Crédito Rotativo/Cheque Especial, e seus
decorrentes, tais como jutos e tarifas bancárias;

k) Que seja JULGADO PROCEDENTE o pedido formulado para declarar e


condenar a Instituição demandada pela falha na prestação de serviços
(risco da atividade bancária), quanto a transferência PIX realizada, a
título de danos materiais, ao pagamento no valor de R$ 6.000,00 (seis
mil reais) à autora, consumidora, vítima do golpe;

l) A condenação da Instituição, ao pagamento de DANOS MORAIS não


inferior ao valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), de cunho
compensatório e punitivo, conforme Súmula nº 37, a qual estabelece que
“são cumuláveis as indenizações por dano material e moral oriundos do
mesmo fato”, tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e
condizente com o caso apresentado em tela arbitrado por Vossa
Excelência;

m) Condenar o Banco Réu ao pagamento de custas e despesas processuais ,


bem como Honorários Advocatícios a serem arbitrados em 20% do valor
da condenação, conforme fundamento do Art. 85, , §2°, do Código de
Processo Civil;

Por último, protesta provar o alegado por todos os meios de Prova em


direito admissíveis, especialmente a documental e testemunhal, bem como
depoimento pessoal do Representante da Instituição Financeira sob pena de
Confissão, bem como a apresentação de demais documentos que entender
necessários e que forem ordenados, tudo nos termos do artigo 369 do Novo
Código de Processo Civil.

Dá-se à causa, o valor de R$ 116.000,00 (cento e dezesseis mil reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

LOCAL E DATA

ADVOGADO (A)
OAB/XX XX.XXX

Documentos Anexos*:

02. Procuração;

03. Declaração de Hipossuficiência;

04. RG – Documento de Identificação

05. Comprovante de Residência;

06. Boletim de Ocorrência

07. Faturas do Cartão [DETALHAR DADOS DO CARTÃO, NÚMERO, BANDEIRA];


07.1 – Print Compra;

08. Extratos da conta bancária Ag. XXXXXX C/C XXXXXXXXX

09. Print – Negativa da Contestação

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