Você está na página 1de 8

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO ____ JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE VITÓRIA DA


CONQUISTA

Ação de Indenizatória
Autos nº:

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF, instituição financeira, sob a forma de


empresa pública, inscrita no C.N.P.J. sob o nº 00.360.305/0079-74, situada na Praça
Barão do Rio Branco, nº30, Centro, CEP 45.020-030, Vitória da Conquista- BA, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu procurador
que esta subscreve, no endereço profissional situado na Rua, apresentar
CONTESTAÇÃO em face de FULANA, brasileira, casada, fisioterapeuta, portadora
da cédula de identidade nº. XXX SSP/BA e do CPF nº. XXX, residente e domiciliada na
praça Sá Barreto, nºXXX, Bairro Cruzeiro, Vitória da Conquista - BA

PRELIMINARES

ILEGITIMADADE PASSIVA
Inexiste nos autos, qualquer espécie de prova escrita para embasar a presente
ação, inutilizando-a, desta forma, para o fim pretendido pela Requerente, tendo
demandado, na melhor das hipóteses, contra a pessoa errada, vez que ação deveria ser
ajuizada em face da administradora do cartão, vez que a administradora que aprovou o
saque no valor de R$ 400,00, na referente conta, e não a instituição financeira. Assim,
a responsabilidade exclusiva da administradora do cartão.
Desta forma, devendo o processo ser extinto, sem julgamento de mérito, por
carência de ação - ilegitimidade de parte, e consequentemente, a condenação da
Requerente no pagamento de custas judiciais e honorários advocatícios.
DA TEMPESTIVIDADE DA CONTESTAÇÃO
O termo inicial do prazo da apresentação da defesa se dá na data da juntada do
mandado cumprido, quando a citação for por oficial de justiça, nos termos do art. 231,
II, do CPC. Assim, o mandado de citação devidamente cumprido foi juntado aos autos
no dia.
E considerando que entre o período de 20 de dezembro e 20 de janeiro,
suspende-se o prazo, nos termos do art. 220 do CPC. Ademais, a contagem dos prazos
ocorrerá nos dias úteis, conforme art. 219 do CPC.
Assim, começa o prazo para apresentação da peça de defesa esta dentro do
prazo.

DOS FATOS
Aduz a requerente que no dia 21 de julho de 2016 às 21 horas, teve seu carro arrombado
na Avenida Otávio Santos, em frente à Clínica Santa Clara, seu local de trabalho. Nesta
ocasião, os infratores subtraíram uma bolsa contendo todos seus documentos e cartões
bancários, dentre eles estava o cartão da Caixa Econômica Federal.
Neste mesmo horário, percebendo o furto, a requerente de imediato tomou as
providências necessárias. A Policia Militar foi acionada, chegaram ao local do fato às
21h45min e formalizaram a ocorrência do delito, conforme documento em anexo.
Em relação a Policia Civil, procurou o Distrito Integrado de Segurança Pública,
foi informada de que o boletim só poderia ser confeccionado na manhã seguinte, o que,
de fato, foi feito conforme anexo.
Neste interim, a requerente efetuou ligações para as centrais de todos os cartões
bancários, inclusive para o call center da CEF, comunicando o furto e requerendo o seu
cancelamento imediato do cartão.Cumpre-se ressaltar que a ligação para cancelamento
do cartão foi efetuada no mesmo dia do crime, ou seja, em tempo hábil.
A requerente, que é cliente da agência nº0079, situada em Vitória da Conquista,
operação 013, conta nº xxxx, percebeu que apesar de toda sua cautela, foi sacada a
quantia de R$400,00(quatrocentos reais), da sua conta poupança. Imediatamente, via
atendimento telefônico, a suplicante rechaçou toda e qualquer possibilidade de ter
efetuado aquela transação, negando veementemente a realização do saque, e informando
à requerida que foi vítima de um crime. Mesmo assim não foi realizada a restituição do
valor do saque.
Indignada com esta negativa, a requerente, munida de total boa fé, e interesse em
resolver a situação amigavelmente, protocola requerimento por escrito contestando o
débito, conforme documento em anexo. Infelizmente a CEF indeferiu o pedido, não
realizando assim a devolução da quantia sacada indevidamente.

DO MÉRITO DA INEXISTÊNCIA DE FALHA NO SERVIÇO PRESTADO

Inicialmente, convém destacar que uma singela análise dos autos, e narrativa fática da
autora, resta demonstrada a ausência de qualquer irregularidade da Demandada, pois a
responsabilidade é exclusiva da autora ao deixar a senha pessoal e cartão juntos, dando
causa diante da circunstancia apontada.
Adentrando no mérito da vexata quaestio, não há qualquer razão a assistir à parte
Autora. Senão vejamos. É evidente a ausência de qualquer irregularidade da Caixa
Economica, vez que não constituiu a responsabilidade objetiva, devido a culpa
exclusiva da vítima, inexistindo, assim, a falha na prestação do serviço e de conduta
ilícita a ensejar reparação por danos materiais e morais.
Colo car artigo da responsabilidade excluviva da vitima
Culpa exclusiva
DOS REQUISITOS PARA RECONHECIMENTO DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

É cediço que a responsabilidade civil tem por escopo fundamental o restabelecimento


do equilíbrio patrimonial rompido em decorrência de ato ilícito gerador de dano à esfera
moral ou patrimonial de determinado sujeito de direito. Em sendo assim, para o
surgimento da obrigação de indenizar, é necessária a ocorrência de quatro pressupostos,
a saber: a) Dano a ser ressarcido; b) Ato ilícito; c) Dolo ou culpa pelo agente; e d) Nexo
de causalidade entre o dano verificado e o ato culposo ou doloso do agente. Assim, para
o surgimento da obrigação de indenizar, em primeiro lugar faz-se mister a verificação
de dano, seja ele moral ou material, em detrimento de certo sujeito de direito.
Inexistindo dano, não há que se falar em prejuízo a ser ressarcido.
Em segundo lugar, torna-se necessária a constatação de prática de ato ilícito por parte de
determinado Banco. Ato ilícito que, na definição de PLANIOL, “consiste na infração de
uma obrigação preexistente, e que pode ser perpetrado pelo agente dolosa ou
culposamente (negligência, imperícia, imprudência)”. Em outras palavras, pode-se dizer
que da ilicitude do ato decorre a materialização da culpa do agente.
Por fim, o terceiro pressuposto necessário para o surgimento da obrigação de indenizar
consiste no nexo de causalidade, assim entendido como o liame que vincula diretamente
o ato ilícito praticado pelo agente ao dano sofrido pela vítima. Desse modo, se restar
demonstrado que não há qualquer relação de causa e efeito entre o ato ilícito praticado
pelo agente e o dano sofrido pela vítima, também não há que se falar em
responsabilidade civil ou em dever de indenizar. Nesse diapasão, é clara a disposição
normativa do art. 186 do Código Civil, cuja substância é de fundamental importância no
ordenamento jurídico pátrio, in verbis: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Na hipótese em comento, a responsabilidade da Demandada (se é que existe) é
subjetiva, tendo em vista que, embora se trate de empresa pública, a mesma não se
encontra na prestação de serviços públicos, agindo simplesmente na condição de
instituição financeira. Desta forma, para que seja reconhecida a responsabilidade da
Demandada, faz-se necessária a comprovação de ação ou omissão - dolosa ou culposa -,
bem como, o dano e o nexo causal entre estes, conforme já relatado alhures. Não
obstante isso, a parte Autora não demonstra efetivamente na atrial qualquer outro
prejuízo que tenha sofrido. Em sendo assim, como é cediço, não estando comprovados
os danos sofridos pela vítima, não há de se falar em indenização. Assim sendo, é fato
que a Caixa não cometeu qualquer ato ilícito. Feitas essas referências, assiste
demonstrar que não há como prosperar o pedido indenizatório requerido pela parte
Autora, porquanto, na espécie:
a) A Caixa não cometeu nenhum ato ilícito, já que agiu em conformidade com os
regramentos previamente estabelecidos;
b) A parte Autora não sofreu nenhum dano moral ou material levado a efeito pela
empresa/ré, posto que toda incursão danosa que a parte Autora diz ter sofrido, foi
provocado exclusivamente pela própria autora, diante da negligência ao deixar a senha
pessoal com o referido cartão.
c) Não há qualquer nexo de causalidade entre algum dano eventualmente sofrido pela
parte Autora e os atos corretamente cometidos pela Caixa.
Nesta conformidade postula pela total improcedência do pleita parte Autora, ante a
inexistência dos requisitos hábeis à imputar responsabilidade a esta empresa pública.
DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL
Ademais, certamente por ser impossível, a parte Autora não demonstrou a ocorrência
dos danos que afirma na exordial. É preciso reconhecer que atualmente neste país,
talvez por influência norte-americana, qualquer acontecimento desagradável é visto
como propulsor de reparação pecuniária, como se direitos e valores personalíssimos
imanentes tão somente ao ser humano, fossem verdadeiras mercadorias passíveis de
transferências e alienações. De tais constatações, urge que se imponham freios a essa
repugnável busca de enriquecimento sem causa, sob pena de inibir-se até mesmo as
atividades negociais necessárias e imprescindíveis ao desenvolvimento econômico e
social da nação.
Não prova a parte Autora as consequências danosas alegadas na exordial, não prova
qualquer constrangimento que teve que suportar, não prova nada; apenas fez alegações,
tão absurdas e fantasiosas que foram facilmente rechaçadas pelos documentos trazidos
pela própria inicial, para com isso ser premiada com indenização por danos que,
efetivamente, não ocorreram. A ação indenizatória fundada em dano moral, não pode se
converter num meio de enriquecimento sem causa. Há de ser um meio judicial de
reparação de um dano efetivamente ocorrido e provado. Analisando os autos, não há
qualquer razoabilidade em concluir-se por dever a Caixa parte Autora alguma reparação
por danos morais.
A jurisprudência a seguir transcrita, Douto Julgador, é pelo entendimento de que para se
pleitear a reparação do dano moral, há de se demonstrar cabalmente as conseqüências
do fato danoso na integridade psíquica da pretensa vítima. Confira-se:

“DANO MORAL – ESPECIFICAÇÃO DAS


CONSEQÜÊNCIAS – NECESSIDADE Não basta o alegado
fato objetivo do dano para fulcrar pretensa indenização por dano
moral que reclama; mas, sim, a especificação das conseqüências
do fato danoso na integridade da PARTE AUTORA, sob pena
de inépcia por ausência de causa de pedir (2º TACiv. SP – Ac.
Unân. Da 9.ª Câm. Julg. Em 28-4-99 – Ap. sem Ap. sem Ver.
543028-00/8 – Capital – Rel. Juiz Ferraz de Arruda; in
ADCOAS 8174457);”
Não basta que os danos sejam alegados: devem ser cabalmente demonstrados para
justificar a condenação, ainda que se pretenda a sua apuração em liquidação de
sentença.
É preciso, pois, a demonstração – entenda-se, prova cabal – de efetivos danos sofridos,
não apenas meras alegações de constrangimentos a que todos os viventes estão expostos
no dia-a-dia. A sociedade não pode enveredar por um caminho em que a menor
contrariedade, o menor aborrecimento, a menor chateação sejam considerados ofensas
morais, danos morais, sob pena de se criar verdadeiras oficinas de riqueza fácil.
Destarte, nos exatos termos do art. 373, inciso I do CPC, o ônus da prova incumbe: a
parte Autora, quanto ao fato constitutivo do seu direito. E ainda que fosse demonstrado
o dano efetivo, como é de curial sabença, a finalidade precípua da indenização judicial a
ser imposta é a de recompor os prejuízos causados à vítima, trazendo, na medida do
possível, ao seu status quo ante. No caso especial do dano moral, embora não seja
possível traduzir em valores os eventuais dissabores experimentados pelo ofendido, a
recomposição tem como parâmetros a satisfação que o pagamento de indenização por
seu eventual ofensor possa vir a trazer, compensando, desta forma, os problemas
experimentados pelo ofendido. Cabe então ao magistrado primar pela moderação e
razoabilidade na fixação da indenização por dano moral, de modo que a mesma, a
pretexto de dar à vítima uma compensação, não se preste, por outro lado, a servir de
fonte de riqueza súbita e inimaginável para o ofendido em condições normais.

DO ÔNUS PROBATÓRIO DA DEMANDANTE – INAPLICABILIDADE DA


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Desincumbiu-se do ônus da prova esta Empresa Pública e ainda que esse MM Julgador
entenda tratar-se de hipótese de aplicação do Art. 6º, inciso VIII, do CDC, como
invocado pela parte Autora em sua inicial, não há como ser procedente a presente
demanda. Ainda assim, entende a Caixa que tal demanda não comporta a aplicação do
referido dispositivo legal, uma vez que, a previsão contida no art. 6º, inciso VIII, do
Código de Defesa do Consumidor, constitui-se exceção à regra geral do art. 373, inciso
I, do Código de Processo Civil. Por sua vez, reza o artigo invocado pela parte Autora,
no escopo de consubstanciar seu pleito, in verbis: Art. 6º São direitos básicos do
consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências; Ora Emitente Julgador, significa dizer, permissa venia, que, para que seja
possível a inversão do ônus da prova, faz-se mister a ocorrência de dois requisitos,
ressalte-se cumulativos, a saber: a verossimilhança e hipossuficiência.
Assim, ausentes um dos requisitos previstos na norma acima transcrita, o feito é julgado
pela norma do art. 373, do Código de Processo Civil, mesmo em se tratando de relação
de consumo, como, in casu, se vislumbra. De se frisar que, no caso em tela, a narrativa
dos fatos supostamente ocorridos carece de aparência de verdade, a qualificar de
verossímil o alegado.
Doutra parte, para comprovação dos fatos, é desnecessária a produção de prova técnica,
não se reconhecendo a parte Autora como hipossuficiente na defesa dos seus direitos. É
imprescindível destacar que a hipossuficiência prevista no Código do Consumidor
refere-se não à mera diferença econômica entre os litigantes, mas quando, pela situação
de inferioridade econômica, o consumidor não puder fazer prova do seu direito. No caso
sub examine, patente a inocorrência da dita hipossuficiência jurídica e da
verossimilhança do articulado pela parte Autora.

DO PEDIDO
Ante o acima explicitado, o processo deve ser extinto sem julgamento do mérito,
na forma do art. 267-VI, do Código de Processo Civil.
a) Que sejam acolhidas as preliminares aludidas;
b) Requer, respeitosamente, sejam julgados totalmente improcedentes os
pedidos autorais.
c) Em tempo, protesta-se pela produção dos meios probantes em direito
admitidos e pela produção da prova oral, consubstanciada no depoimento
pessoal da parte Autora e colação de prova documental superveniente,
oportunidade na qual se esclarecerá melhor o equívoco da imputação de
responsabilidade à incólume atitude da defendente.

Nestes termos,
pede e espera deferimento.

Local, data
Advogada
OAB

Você também pode gostar