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Silva & Gonçalves & Rocha

A D V O C A C I A & C O N S U L T O R I A

AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE


BRASÍLIA/DF

JORGE KENNEDY BARROS LOPES, brasileiro, divorciado, autônomo, inscrito no


CPF sob o nº 559.786.301-00, CPTPS nº 7387811 série 0060-DF, PIS 124.40086.43-8, residente
e domiciliado na QD 401 conjunto 9, Lote, 02, Recando das Emas, Brasília/DF CEP:72.630-109,
devidamente representado por seus procuradores (procuração anexa), vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, ajuizar a presente

EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ JUDICIAL PARA MOVIMENTAÇÃO DA CONTA


VINCULADA DO FGTS COM PEDIDO DE DANOS MORAIS C/C ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA

em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, instituição financeira sob a


forma de empresa pública unipessoal, dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada
pelo Decreto-Lei n.º 759/69, gestora do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, inscrita
no CNPJ sob o n.º 00.360.305/001-04 com sede no Setor Bancário Sul (SBS), quadra 04, lote 34,
Matriz, Brasília/DF, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

Preliminarmente, requer que todas as Notificações/Intimações sejam feitas em nome dos


Advogados JHONATHAN WITNEY SOUZA DA SILVA, OAB/DF n. º 52.526 e RENATO
GONÇALVES DE SOUSA, OAB/DF 42.320, no endereço constante na procuração em anexo.

I- DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Autor não tem condições de arcar com as custas, honorários e demais despesas
processuais advindas da presente demanda, sem que para isto comprometa sua própria
subsistência e de sua família. Desta feita, requer o deferimento dos benefícios da gratuidade de
justiça, nos termos do art.5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal.

II- DOS FATOS

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No dia 31 de março do corrente ano, o autor teve o seu término de vínculo trabalhista e
ao solicitar o saque do FGTS, não logrou êxito, posto que terceira pessoa, sem o seu conhecimento
ou anuência, promoveu adesão ao programa Saque-Aniversário e empréstimo na modalidade de
adiantamento do FGTS, através da CAIXA ECONOMICA FEDERAL.

Quando do ocorrido, o autor solicitou informações na instituição bancária e obteve acesso


ao extrato da sua conta constatando que no dia 28/09/2022, foi realizado de forma fraudulenta a
contratação de dois empréstimos via aplicativo no valor de: 1º empréstimo R$ 468,24 e 2º
empréstimo R$ 252,89 totalizando o valor de R$ 721,13 (setecentos e vinte um reais e treze
centavos).

Nesse mesmo dia às 20h11, foi realizado saque no valor de R$ 720,00 (setecentos e vinte
reais) na agência da Caixa Econômica Federal em Goiânia/GO sem o conhecimento do Autor.

Ocorre Excelência, que o Autor nunca efetuou tal contratação, não tinha o aplicativo
instalado em seu celular, não efetuou o saque, e que no dia do ocorrido estava trabalhando em
Brasília/DF, conforme folha de ponto anexa. Ademais, o Autor não conhece a cidade de
Goiânia/GO.

Inconformado, a autor registrou Boletim de Ocorrência n. 10185/2022 logo que tomou


conhecimento do ocorrido para a devida apuração dos fatos no campo criminal, vez que fora
vítima de estelionatários, apresentou também contestação junto a Ré sem êxito.

Consoante restou previsto no contrato, para assegurar o cumprimento das obrigações


pactuadas, fora cedido fraudulentamente os direitos de saque-aniversário da conta vinculada ao
FGTS, os quais ficaram bloqueados o total de R$ 3.908,17 (três mil novecentos e oito reais e
dezessete centavos).

Em site de notícias há relato de trabalhadores que foram alvo de fraudes na época do


saque emergencial, dentro do aplicativo Caixa Tem, agora surgem problemas envolvendo o
saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Essa modalidade, pouco conhecida por muitos brasileiros, tornou-se alvo de golpistas
que, após fraudarem os acessos, desviam valores e contratam empréstimos no nome das vítimas.

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Referida operação comprometeu totalmente o autor, vez que a única reserva que poderia
lhe socorrer no momento em que ficou desempregado seria justamente as verbas oriundas do
FGTS.

O Autor seguiu à risca, todas as orientações da Ré, prazos e fases foram cumpridos e, até
a presente data não houve solução, não restando outra alternativa para o Autor a não ser propor a
presente demanda.

É a síntese dos fatos.

III- DO DIREITO
III.I - DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Antes de adentrarmos propriamente na questão meritória, faz-se necessário enfatizar a


perfeita aplicabilidade do sistema protetivo previsto no Código de Defesa do Consumidor ao
contrato em questão.

No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 2591), em julgamento


proferido em 07 de junho de 2006, o Supremo Tribunal Federal decidiu que:

“As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela


incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do
Consumidor. 2. ‘Consumidor’, para os efeitos do Código de Defesa do
Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como
destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito”.

Registre-se que a hipótese deu origem à súmula do STJ, nos termos que seguem:
Súmula 297: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às
instituições financeiras.”

Destarte, Vossa Excelência, não subsiste a mais mínima dúvida acerca da aplicação do
Código Brasileiro do Consumidor, Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, aos contratos firmados
entre as instituições financeiras e os seus clientes.

III.II - DA LEGITIMIDADE PASSIVA

Inquestionável a legitimidade do CAIXA ECONOMICA FEDERAL, vez que caberia a


este a atribuição de verificar toda a cadeia da legalidade da documentação apresentada. Ademais,

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o Banco deve investir em segurança a fim de evitar as fraudes. Notícias recentes demonstraram
que o Banco ora requerido possui sistema frágil, posto que a autor não é o primeiro e nem será a
última vítima, tudo porque os bancos não investem em tecnologias e sistemas de segurança para
coibir as fraudes. Portanto, resta devidamente configurado a legitimidade do banco requerido na
presente ação.

III.III - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversão do ônus da prova


ante a verossimilhança das alegações, conforme disposto no artigo 6º do Código de Defesa do
Consumidor:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação da


defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras
ordinárias de expectativas.

Desse modo, cabe a ré demonstrar provas em contrário ao que foi exposto pela autora.
Resta informar ainda que algumas provas seguem em anexo. Assim, as demais provas que se
acharem necessárias para resolução da lide, deverão ser observadas o exposto na citação acima,
pois se trata de princípios básicos do consumidor.

III.IV - DA LIBERAÇÃO DO FGTS

O autor fora demitido sem justa causa em 31/03/2023, conforme faz prova documentos
em anexo.

A empresa lhe forneceu as chaves para a liberação do FGTS, contudo, ao tentar sacar, a
Caixa Econômica Federal não permitiu o saque sob alegação de que o Autor havia contratado a
modalidade saque aniversário, não podendo fazer a retirada naquele momento.

Tal informação não procede, pois o Autor nunca efetuou tal contratação.

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Fato é que, o direito do Autor está sendo cerceado, surrupiado, POIS ELE NUNCA
OPTOU POR ESTA MODALIDADE e está sendo impedido de retirar seus valores neste
momento, onde encontra-se desempregado, desamparado e com contas a pagar.

Nos termos do art. 20, I, da Lei nº 8.036/90, a conta vinculada do trabalhador poderá ser
movimentada na despedida sem justa causa.

Se houve fraude e outra pessoa contratou o saque aniversário e sacou valores no lugar do
autor, trata-se isso de fraude bancária.

Desse modo, requer alvará de liberação de FGTS no valor de R$ 3.908,17 (três mil
novecentos e oito e dezessete centavos).

III.V - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Cumpre salientar que as empresas públicas, nelas incluídas as instituições bancárias,


respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros art. 37, § 6º,
da CF:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Assim, a responsabilidade é objetiva, sob a modalidade do risco administrativo,


independentemente de culpa, fazendo-se necessária a comprovação apenas do nexo causal entre
fato e dano. Assim, a despeito de dispensar a prova da culpa da Administração, a responsabilidade
objetiva permite que o Poder Público demonstre a culpa da vítima para eliminar ou atenuar a sua
responsabilidade. No que tange à culpa concorrente, dispõe o art. 945 do Código Civil que:

"Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a


sua indenização será fixada, tendo-se em conta a gravidade de sua
culpa em confronto com a do autor do dano”.

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No caso sob exame o autor, em momento algum, concorreu para a ocorrência do dano.
Pelo contrário. Procurou a Caixa Econômica Federal para ver o que tinha acontecido com a
impossibilidade em sacar seu FGTS e foi informado que tinha sido feito a contratação do saque
aniversário e logo em seguida saque de sua conta em Estado diverso de onde mora.
É de competência da instituição bancária zelar pela regularidade dos documentos que lhe
são apresentados para fins de contratação de serviços e saque de valores na instituição, o que não
foi feito.
III.VI – DO RESSARCIMENTO EM DOBRO

Trata-se de cobrança irregular, indevidamente paga pelo autor, sendo-lhe negado o


reembolso mesmo após reiteradas solicitações, evidenciando o descaso com o consumidor.
O total descaso em solucionar o “equívoco” cometido mediante a fraude é suficiente para
a repetição indébito dos valores indevidamente cobrados, nos termos do parágrafo único do artigo
42 da Lei 8078/90, verbis:

Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro
do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável.

Em recente decisão do Superior tribunal de Justiça, foi editado entendimento de que NÃO
é necessário a comprovação da intencionalidade da empresa (má-fé), bastando que o fornecedor
tenha agido de forma contrária a boa-fé objetiva, adotando-se como tese:

“ 1 A restituição em dobro do indébito (parágrafo único do artigo 42 do


CDC) independe da natureza do elemento volitivo do fornecedor que
cobrou valor indevido, revelando-se cabível quando a cobrança
indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva.” (STJ
Corte Especial. EAREsp 676608/RS. Rel Min. Og Fernandes, Julgado
em 21/10/2020, #13874508).

Em decisão anterior (Resp 1.823.28), o Superior tribunal de Justiça (STJ) já tinha


proferido um precedente qualificado, acerca da desnecessidade de prova de má-fé do fornecedor
para a devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente.

Dessa forma, diferentemente do que se aplicavam nos tribunais, para a devolução em


dobro do valor cobrado indevidamente do consumidor, basta que a conduta seja contrária à boa-
fé objetiva, o que quando a empresa age em desconformidade á legítima expectativa do
consumidor.

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Logo, por ter pago de forma indevida as parcelas dos empréstimos no total de R$ 721,13
(setecentos e vinte um reais e treze centavos) requer o pagamento em dobro, perfazendo o total
de R$ 1.442,26 (um mil quatrocentos e quarenta e dois reais e vinte e seis centavos)

III.VII - DO DANO MORAL

A conduta da CEF gerou grandes transtornos, visto que o autor se encontra desempregado
e este era o único meio de fornecer seu sustento e de sua família, principalmente o sustento
alimentar.

Neste sentido, deve-se levar em consideração a falha do serviço prestado. A entidade


bancária é responsável pelos por saques feitos por terceiro, na medida que possui a obrigação de
vigilância, garantia e segurança sobre os valores a ela confiados, comprometendo-se a observar o
correto procedimento para a identificação do sacador e para a liberação dos valores, evitando
prejuízos ao verdadeiro beneficiário.

Diante dos fatos supracitados mostra-se patente a configuração dos “danos morais”
sofridos do requerente. A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos
diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo art. 5º, inc. V, da carta magna/1988:

Art. 5º (omissis): V – É assegurado o direito de resposta, proporcional


ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;”

Outrossim, o art. 186 e o art. 927, do código civil de 2002, assim estabelecem:

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Art. 927 – aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

Também, o código de proteção e defesa do consumidor, no seu art. 6º, protege a


integridade moral dos consumidores:
Art. 6º - são direitos básicos do consumidor: VI – a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos.

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O entendimento jurisprudencial quanto à responsabilidade da Demandada observa-se que


a natureza é objetiva, não sendo afastada pelas provas que constam dos autos ou pelo simples fato
da fraude ter sido praticado por terceiro. A questão suscitada apresenta entendimento pacificado
no repertório jurisprudencial de nossos tribunais, consolidadas por reiteradas decisões correlatas
da colenda corte do TRF – Tribunal Regional Federal, no sentido de que: Vejamos:

E M E N T A PROCESSUAL CIVIL CONSUMIDOR. SAQUE DE


SALDO DISPONÍVEL EM CONTA DE FGTS DE
TITULARIDADE DO AUTOR. FRAUDE PERPETRADA POR
TERCEIRO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ART. 14 DO
CDC. FORTUITO INTERNO. DANO MORAL
CARACTERIZADO. MANUTENÇÃO DO VALOR ARBITRADO
PELA SENTENÇA. RECURSOS NÃO PROVIDOS. 1. De início,
cumpre consignar que a responsabilidade civil das instituições
financeiras é objetiva, aplicando-se a elas as normas protetivas
constantes do Código de Defesa do Consumidor. O entendimento
encontra-se sedimentado por meio da Súmula 297 do C. STJ. 2. A
responsabilidade objetiva fundamenta-se na teoria do risco do
empreendimento, pela qual o fornecedor tem o dever de responder por
eventuais vícios ou defeitos dos bens ou serviços disponibilizados no
mercado de consumo, independentemente de culpa (art. 14 do CDC).
3. Não obstante ser prescindível a comprovação do elemento
subjetivo, impõe-se ao prejudicado, no entanto, demonstrar o
preenchimento dos requisitos essenciais da responsabilidade civil,
quais sejam: a deflagração de um dano, a conduta ilícita do prestador
de serviço, bem como o nexo de causalidade entre o defeito e o agravo
sofrido. 4. No caso dos autos, estão plenamente configurados os
requisitos para responsabilização da CEF, pois efetuado saque
fraudulento do saldo de conta de FGTS do autor, conforme admitido
pela própria instituição financeira, posteriormente ao ajuizamento
desta demanda. A hipótese em questão trata daquilo que a doutrina e
a jurisprudência denominam de fortuito interno, isto é, o
acontecimento, ainda que provocado por terceiros, que diz respeito à
atividade profissional desenvolvida pelo prestador de serviços e aos
riscos a ela inerentes. Em casos tais, e ao contrário do que acontece
com o fortuito externo – entendido como o fato que não tem qualquer
relação com a atividade desenvolvida pelo fornecedor/prestador de
produtos/serviços – a responsabilidade objetiva preceituada pela
legislação consumerista resta perfeitamente caracterizada, não
havendo que se falar na excludente relativa à culpa exclusiva de
terceiro ( CDC, art. 14, § 3º, II). 5. Especificamente quanto às fraudes
bancárias, o C. Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento
sobre a matéria por meio do enunciado da Súmula 479. 6. No que
concerne ao dano moral – objeto específico de ambos os recursos de
apelação interpostos -, anoto que o artigo 5º, inciso X da Constituição
Federal garante, expressamente, a todos que sofram violação do
direito à imagem, à intimidade, à vida privada e à honra, a indenização
por danos morais, inclusive as pessoas jurídicas (Súmula 227 STJ). 7.
De acordo com a melhor doutrina e com o entendimento sedimentado
nas cortes superiores, dano moral é a lesão a direito da personalidade.
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Em outros termos: corresponde a toda violação ao patrimônio


imaterial da pessoa no âmbito das suas relações de direito privado. 8.
Não se confunde, no entanto, e nem poderia, sob pena de banalização
do instituto, com acontecimentos cotidianos que, apesar de
incomodarem, não têm aptidão para atingir, de forma efetiva, direitos
da personalidade. Tais acontecimentos têm sido tratados, com acerto,
pela jurisprudência, como "meros aborrecimentos", inafastáveis na
sociedade contemporânea, devendo ser suportados por seus
integrantes, ou punidos administrativamente, para que o instituto do
dano moral não perca seu real sentido, sua verdadeira função:
compensar o lesado pela violação à sua personalidade. 9. Entendo que,
no presente caso, os elementos dos autos evidenciam, ao contrário do
alegado pela CEF, que o saque fraudulento ultrapassou a esfera do
mero aborrecimento cotidiano, especialmente considerando o valor
significativo existente na conta fundiária quando da perpetração da
fraude (R$ 63.979,30 – sessenta e três mil, novecentos e setenta e nove
reais e trinta centavos em 2017), não se cogitando em inexistência de
dano moral na hipótese. 10. Cumpre destacar ponto relevante para o
arbitramento do dano moral no caso concreto: em que pese o fato de
autor ter apresentado reclamação junto à CEF, a instituição financeira
somente admitiu a ocorrência de fraude perpetrada por terceiro após o
ajuizamento desta ação, e posteriormente ao pleito para juntada aos
autos do comprovante de saque – o que denota, conforme
acertadamente observou o magistrado em primeiro grau, que apenas
depois da interposição do processo judicial é que a CEF procedeu a
uma verificação mais rigorosa a respeito do que efetivamente havia
ocorrido com o saldo de conta fundiária do autor, concluindo pela
ocorrência de fraude – tanto que a partir daí promoveu a devolução do
valor. 11. Tal circunstância permite concluir por uma negligência
relevante por parte da CEF, não somente no que concerne à devida
apuração e constatação do que efetivamente havia ocorrido, como no
que tange às providências necessárias para a resolução de grave
problema – saque de mais de sessenta mil reais da conta fundiária do
autor – para o qual o autor não dera causa, e cuja responsabilidade
incumbia, exclusivamente, à instituição financeira, que permitiu o
saque por evidente falha na prestação de seus serviços. 12. A análise
de precedentes jurisprudenciais sucedida pela valoração das
particularidades do caso concreto consubstancia o método chamado
bifásico, nos termos da jurisprudência do C. STJ, que busca viabilizar
a delimitação de valores razoáveis e equitativos, evitando-se
discrepâncias na jurisprudência, bem como a fixação de montantes
irrisórios ou abusivos. 13. Nesses termos, analisando o interesse
jurídico lesado e examinando as circunstâncias do caso concreto -
especialmente o montante significativo sacado indevidamente; o fato
de se tratar de conta vinculada ao FGTS, que consubstancia garantia
do trabalhador da existência de uma reserva financeira disponível para
saque em situações emergenciais; a desídia da CEF quanto à apuração
e solução da fraude perpetrada contra o autor - entendo adequado o
montante de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) arbitrado pelo
magistrado sentenciante, valor que não implica em enriquecimento
sem causa da parte lesada e que, lado outro, serve ao propósito de
evitar que a ré incorra novamente na mesma conduta lesiva,
respeitando, por fim, os critérios da proporcionalidade e
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razoabilidade. 14. Em arremate, não se justifica o pedido do autor no


sentido de majoração da verba honorária para 20% sobre o valor da
condenação, pois cuida-se de causa cuja matéria não envolve
complexidade apta a justificar a pretendida elevação dos honorários
sucumbenciais para o patamar máximo previsto pelo CPC. 15.
Recursos de apelação não providos.

(TRF-3 - ApCiv: 50168506220174036100 SP, Relator:


Desembargador Federal HELIO EGYDIO DE MATOS NOGUEIRA,
Data de Julgamento: 24/09/2021, 1ª Turma, Data de Publicação:
DJEN DATA: 30/09/2021)

Posto isso, requer o pagamento de uma indenização, de cunho compensatório e punitivo,


pelos danos morais causados ao Demandante, tudo conforme fundamentados citados, em valor
pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela, de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

VIII. DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

A Aludida operação comprometeu totalmente o autor, vez que a única reserva que poderia
lhe socorrer no momento em que ficou desempregado seria justamente as verbas oriundas do
FGTS.

Destarte, resta ao Autor pleitear o deferimento de uma tutela de urgência antecipada, no


que diz respeito a DETERMINAÇÃO do Réu à realização imediata da liberação do alvará.

Sobre a tutela pleiteada, tem-se o art. 300, do atual Código de Processo Civil,
in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. (grifei).
Ve-se, então, que os requisitos necessários para a concessão da tutela de
urgência antecipada estão presentes no caso em questão.

No que tange ao requisito da probabilidade do direito, este está visivelmente


estampado nos autos, haja vista que o Autor foi demitido sem justa causa, tem em mãos a chave
de liberação do seu FGTS e não realizou saque aniversário, pois o ocorrido tratou-se de uma
fraude, conforme fortemente comprovado.
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Por sua vez, o perigo de dano também está estampado junto as provas acostadas,
uma vez que, caso não realize o saque do seu FGTS, comprometerá no seu sustento e da sua
família, que conta com a verba, fruto do seu trabalho.

Dessa forma, desde logo, o Autor requer seja deferida a TUTELA DE URGÊNCIA
ANTECIPADA para DETERMINAR QUE O RÉU libere seu FGTS, sob pena de multa diária.

IV- DOS PEDIDOS


Ante o exposto, requer-se:

A) A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, determinando-se que o


Réu libere o FGTS do Autor no valor de R$ R$ 3.908,17 (três mil novecentos e oito reais e
dezessete centavos) – empresa Global Construções Ltda Epp, sob pena de multa diária a ser
arbitrada por este juízo;
B) Seja deferido o pedido de gratuidade de justiça, nos termos da declaração de
hipossuficiência anexa;
C) A citação da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, para, no prazo legal, querendo,
responderem ao feito, por intermédio de seus representantes legais, no endereço acima indicado,
sob as penas da revelia;
D) Requer que seja Julgado Procedente o pedido inicial, para levantamento de alvará
judicial para liberação do saldo do FGTS do autor no valor de R$ R$ 3.908,17 (três mil
novecentos e oito reais e dezessete centavos), – empresa Global Construções Ltda Epp, sob pena
de multa diária a ser arbitrada por este juízo, confirmando o pedido liminar;
E) CONDENAR CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ao ressarcimento em dobro dos
valores dos empréstimos descontado indevidamente, no nos moldes do art. 42, § único, do CDC,
no total de R$ 1.442,26 (um mil quatrocentos e quarenta e dois reais e vinte e seis centavos);
F) Condenar a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, ao pagamento de uma indenização,
de cunho compensatório e punitivo, pelos danos morais causados ao Demandante, tudo conforme
fundamentados citados, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela,
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
G) A condenação da RÉ as custas processuais e honorários advocatícios estes arbitrados
em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

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Protesta provar por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pela
prova documental já anexa aos autos.

Dá-se a causa o valor de R$ 25.350,43 (vinte e cinco trezentos e cinquenta reais e


quarenta e três centavos).

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Brasília-DF, 20 de junho de 2023.

Renato Gonçalves de Sousa


OAB/DF 42.320

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