EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA 5º VARA DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SERGIPE
FULANA DE TAL, brasileira, solteira, portadora do RG nº xxxxxx SSP/SE, inscrita no CPF
sob o nº xxxxxxxxx, residente e domiciliada na Rua xxxxxxxx, n. 00, Bairro Centro, Aracaju/SE, CEP: xx.xxx-xxx, endereço eletrô nico: xxxxx, por conduto dos sua advogada infra-assinada, consoante procuraçã o anexa, com endereço profissional inserto na nota de rodapé, onde recebem notificaçõ es e/ou intimaçõ es, endereço eletrô nico: xxxxxxx, vem, respeitosamente à digna presença de vossa excelência, para propor: AÇÃO ORDINÁRIA c/c PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA c/c DANOS MORAIS E MATERIAIS em face do FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – FNDE, autarquia federal, por meio da sua procuradoria judicial, com endereço para notificaçõ es no Setor Bancá rio Sul, Quadra 2, Bloco F, Edifício FNDE - Brasília/DF - CEP: 49032-490, com endereço eletrô nico alerta.fies@mec.gov.br, com CNPJ: 00.378.257/0001-81; da em face da UNIÃO FEDERAL, por meio da sua procuradoria judicial, com endereço para notificaçõ es na Avenida Beira Mar, Praia 13 de Julho, Aracaju/SE, cju.se@agu.gov.br e da SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO TIRADENTES S/S LTDA, empresa privada, situada na Avenida Murilo Dantas, nº 300, Bairro Farolâ ndia, Aracaju/SE, CEP: 49027-220, com endereço eletrô nico: reitoria@unit.br, CNPJ n: 13.013.263/0001-87. I. DO PROTESTO PELAS PRERROGATIVAS DA JUSTIÇA GRATUITA. Nã o podendo a Autora arcar com os encargos financeiros do pleito sem prejuízo do sustento pró prio e de sua família propugna, ab initio, pelo reconhecimento da prerrogativa à Justiça Gratuita, consoante se lhe assegura o inc. LXXIV, do art. 5º, da Constituição da Republica, combinado com o art. 98 e seguintes, do Código de Processo Civil de 2015. II. DOS FATOS. A autora é aluna regular do Curso de Enfermagem na Universidade Tiradentes, desde o primeiro semestre de 2013.1, cujas mensalidades sã o custeadas através do financiamento estudantil – FIES, por intermédio da Caixa Econô mica Federal (contrato n. xxxxxxxxxxx). Ocorre que, apó s um ú nico período de suspensã o do Fies, relativo apenas a 2013.2, apesar das inú meras tentativas de aditamento nos prazos determinados pelo FNDE para o referido procedimento, nos períodos de: 2014.1, 2014.2, 2015.1, 2015.2, 2016.1, 2016.2, 2017.1 e 2017.2, a autora nã o logrou êxito. Frise-se que com o fito de resoluçã o da questã o, a autora vem diligenciando junto as Rés, inclusive, registrando de forma reiterada diversas reclamaçõ es perante o FNDE, através do setor de ouvidoria (protocolos de ligaçã o: xxxxxxxxxx e protocolos via web: xxxxxxxxx), contudo, a justificativa dada pela autarquia é sempre a de que os aditamentos nã o foram concluídos em razã o da existência de falhas sistêmicas. Importante salientar que, com o escopo de nã o interromper o curso de Enfermagem, por exigência da Sociedade de Educaçã o Tiradentes, a Autora nã o deixou de honrar as matrículas cobradas pela referida IES desde o período 2014.1, bem como todas as mensalidades do período 2014.1 e 2014.2, conforme comprovantes em anexo, mesmo sacrificando sobremaneira as condiçõ es de sobrevivência da sua família. Há de se ressaltar que, muito embora o aditamento do contrato relativo ao período de 2014.1 nã o tenha sido concluído, a Autora foi restituída no valor total desembolsado para pagamento da matrícula e mensalidades do período citado, contudo, nã o houve reembolso nos períodos subsequentes. Assim, para dar continuidade a sua graduaçã o teve que assinar declaraçã o junto à Unit, comprometendo-se a pagar os débitos referentes aos valores dos semestres nã o cobertos pelo aditamento. Todavia, a universidade se negou a conceder tal declaração para o semestre de 2017.2, sob a alegação de que sem a conclusão do aditamento do contrato e a regularização dos débitos não adimplidos nos períodos anteriores, não seria possível a efetivação da matrícula, motivo pelo qual a Autora não está assistindo as aulas. Com isso, busca a Requerente a tutela jurisdicional com o intuito de que seja efetivado o aditamento dos períodos em aberto (2014.1, 2014.2, 2015.1, 2015.2, 2016.1, 2016.2, 2017.1), para que a mesma possa finalizar a sua graduaçã o, sem ter que arcar com os valores cobrados. Eis o breve relato. III. DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. Conforme decidido nos autos do conflito negativo de competência nº 0801516- 50.2017.4.05.0000, julgado pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Regiã o, falhas operacionais do sistema do FIES ou dos sistemas bancá rios a ele relacionados (inviabilidades técnicas, em geral) nã o caracterizam anulaçã o ou cancelamento de ato administrativo, razã o por que a competência do JEF nã o fica afastada pela incidência do art. 3º, § 1º, III, da Lei nº 10.259/2001. PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ADITAMENTO DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL- FIES E RENOVAÇÃO DE MATRÍCULA. FALHAS OPERACIONAIS DO SISTEMA. NÃ O RESISTÊ NCIA DA ADMINISTRAÇÃ O. PROCESSO Nº: 0801516- 50.2017.4.05.0000 - CONFLITO DE COMPETÊNCIA SUSCITANTE: JUÍZO DA 5ª VARA FEDERAL - JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE SERGIPE SUSCITADO: JUÍZO DA 2ª VARA FEDERAL DE SERGIPE. RELATOR (A): Desembargador (a) Federal Manoel De Oliveira Erhardt – Pleno. INVIABILIDADE TÉCNICA QUE NÃO DEMANDA ANULAÇÃO OU CANCELAMENTO DE ATO ADMINISTRATIVO. NÃO INCIDÊNCIA DA NORMA PREVISTA NO ART. 3º, § 1º, III, DA LEI Nº 10.259/2001. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. 1. Trata-se de Conflito Negativo de Competência instaurado no â mbito de Açã o Ordiná ria na qual a parte autora demanda a formalizaçã o do aditamento de seu contrato de financiamento estudantil, o qual fora cancelado por decurso do prazo do pró prio banco, envolvendo os juízos federais da 2ª e da 5ª Vara da SJ/SE. 2. Alegaçã o da parte de que nã o conseguiu realizar o contrato, nã o por conduta comissiva ou omissiva da Administraçã o, mas, sim, por falhas operacionais do pró prio sistema. 3. Postulação de novo ato, em razão de inviabilidade técnica do primeiro, por si só, não importa na anulação ou no cancelamento de um ato administrativo. 4. Conflito negativo de competência que se conhece para declarar competente o Juízo Federal da 5ª Vara (JEF) da Seção Judiciária de Sergipe. No caso em apreço, a impossibilidade da autora de realizar o aditamento de renovaçã o de 2014.1 e dos semestres subsequentes, se deu em razã o da existência de falhas técnicas, tendo em vista que o Sistema Informatizado do Fies nã o lhe permitiu a conclusã o, sem qualquer motivo justo. Essa falha técnica causou todo este imbró glio e, por nã o caracterizar anulaçã o de ato administrativo, nos exatos termos do quanto decidido no conflito de competência, a competência para processamento e julgamento pertence ao Juizado Especial Federal da Seçã o Judiciá ria do Estado de Sergipe. IV. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS A) DO DIREITO À EDUCAÇÃO: ENSINO SUPERIOR E FIES O direito à educaçã o, amparado constitucionalmente como direito de todos e dever do Estado e da família, deve ser promovida e incentivada, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificaçã o para o trabalho ( CF, art. 205). Ademais, ainda nos termos constitucionais, o dever do Estado com a educaçã o será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino (art. 208, V) bem como se visa à articulaçã o e a integraçã o das açõ es do Poder Pú blico que conduzam à universalizaçã o do atendimento escolar e formaçã o para o trabalho (art. 214. incs. II e IV). Com efeito, a Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educaçã o nacional, prevê como princípio e objetivo, a educaçã o como: Art. 2º. “dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificaçã o para o trabalho.” O ensino superior, nos termos da referida Lei nº 9.394/1996, tem como finalidade, entre outras, “formar diplomados nas diferentes á reas de conhecimento, aptos para a inserçã o em setores profissionais e para a participaçã o no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formaçã o contínua” (art. 42, II), e será “ministrada em instituiçõ es de ensino superior, pú blicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especializaçã o.” (art. 45). Nesse contexto, foi criado o financiamento do ensino superior pelo Estado, direcionado ao estudante carente ou temporariamente impossibilitado de custear sua educaçã o, com o intuito de facilitar o seu acesso ao ensino superior nas universidades particulares. Trata-se do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior ( FIES), instituído pela Medida Provisó ria nº 1827/99, que apó s vá rias reediçõ es e alteraçõ es de numeraçã o, até a MP nº 2094-28, de 13-06-01, foi regulado por medida provisó ria, sendo que a partir de julho de 2001, passou a ser disciplinado pela Lei nº 10.260, de 12/07/2001. A citada Lei nº 10.260/2001 prevê em seu art. 1º ser a finalidade do referido financiamento, cujo contrato de abertura de crédito para financiamento estudantil, que tem a Caixa Econô mica como credora: “Fica instituído, nos termos desta Lei, o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior ( FIES), de natureza contábil, destinado à concessão de financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos e com avaliação positiva, de acordo com regulamentação própria, nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação (MEC)”. Dessa forma, resta claro que o FIES foi criado com o objetivo, sobretudo, de dar efetividade ao direito à educaçã o, previsto no art. 205, da Carta Magna, e, por sua vez, a conduta das Rés fere o direito fundamental à educaçã o, no que concerne ao ensino superior, na medida em que cria ó bices à continuidade dos estudos da Requerente. B) DO ADITAMENTO DO CONTRATO O financiamento estudantil deve ser renovado ou aditado semestralmente, de acordo com o que dispõ e o regulamento do referido contrato, por meio do sistema eletrô nico do FNDE, podendo ser suspenso e obedecendo o prazo má ximo de prorrogaçã o do contrato, de 01 (um) ano. Conforme regulamento, compete à Comissã o Permanente de Supervisã o e Acompanhamento (CPSA) de cada entidade de ensino vinculada ao FIES dar início aos trâ mites para fins de aditamento de contratos, mediante solicitaçã o eletrô nica, dentro do prazo fixado pelo FNDE. Apó s a solicitaçã o feita pela comissã o da unidade de ensino, o aluno acessa o sistema para confirmar as informaçõ es prestadas e a referida renovaçã o. Importante salientar que apó s o período de suspensã o em 2013.2, a Autora buscou o aditamento do contrato do financiamento, porém, nã o logrou êxito. O fato é que ao tentar realizar o aditamento referente ao 1º semestre de 2014, foi surpreendida com a impossibilidade de conclusã o do mesmo, sem qualquer motivo justo, conforme se denota da informaçã o contida na tela do sistema FIES em anexo. Entretanto, tal impossibilidade nã o merece prosperar, tendo em vista que a Requerente estava dentro do lapso temporal para realizaçã o de tal feito, vez que a todo tempo procurou deixar a Universidade informada acerca da problemá tica, bem como tentou resolver a situaçã o junto ao FNDE, consoante consta dos diversos protocolos citados nessa exordial. Todavia, até o momento nã o obteve êxito. Neste contexto, é relevante frisar que a nã o realizaçã o do aditamento ofenderá os princípios constitucionais e a legislaçã o em vigor, mormente porque sua inocorrência nã o se deu por erro da autora, nã o sendo, desse modo, razoá vel que venha a Requerente sofrer com os erros dos Réus. Nesse sentido: ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. FIES. ADITAMENTO. REMATRÍCULA. RAZOABILIDADE. INCONSISTÊ NCIAS NO SISTEMA. INEXISTÊ NCIA DE DANO MORAL INDENIZÁ VEL. 1. Pelo princípio da razoabilidade, fundamentado nos mesmos preceitos dos princípios da legalidade e finalidade (artigos 5º, II, LXIX, 37 e 84 da CF/88), as exigências administrativas devem ser aptas a cumprir os fins a que se destinam. 2. O aluno nã o pode ser prejudicado no direito à educaçã o por conta de inconsistências no sistema SisFIES que impediram a regularizaçã o e aditamento do contrato de financiamento estudantil. 3. O FNDE inclusive reconheceu o erro ocorrido no SisFies, que inviabilizou que o autor realizasse o aditamento de seu contrato, responsabilizando-se pelas providências cabíveis para que seja regularizada a situaçã o do autor. Outrossim, garantiu que será possível a formalizaçã o de todos os aditamentos de renovaçã o, a partir do 2º semestre de 2012, cujos repasses das mensalidades em aberto serã o realizados retroativamente à instituiçã o de ensino. 4. Somente se comprovado o nexo de causalidade entre a conduta de um e o dano causado a outro, cabível o dever de indenizar, o que nã o corresponde ao caso dos autos, onde, houve mero dissabor que pode ocorrer na vida de uma cidadã , porém, sem potencial para configurar o dano moral, que pressupõ e ferimento de sentimentos, dor, sofrimento, dano à honra ou à imagem. Conforme bem observado pela magistrada, o autor nã o demonstrou que ficou sem acesso ao seu curso de graduaçã o, em consequência da dificuldade enfrentada, ou que tenha sofrido prejuízo de desempenho acadêmico por conta disso. (TRF-4 - APELREEX: 50522580220144047100 RS 5052258- 02.2014.404.7100, Relator: SÉ RGIO RENATO TEJADA GARCIA, Data de Julgamento: 18/11/2015, TERCEIRA TURMA, Data de Publicaçã o: D.E. 19/11/2015) Dessa forma, resta claro que a nã o realizaçã o do aditamento, referente ao primeiro semestre de 2014 e dos semestres subsequentes, trará prejuízos irrepará veis à Autora, fazendo-se mister a sua realizaçã o para que possa dar continuidade aos seus estudos. C) DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS O princípio geral da responsabilidade civil aponta para o dever de indenizar sempre que alguém, por açã o ou omissã o voluntá ria, ou, ainda, por negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ocorrendo isto mesmo que o aludido dano seja exclusivamente moral. Este é, em linhas gerais, o mandamento do art. 186 do Novo Có digo Civil Brasileiro, assim apostilado: Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. No caso em apreço, a violaçã o causada pela nã o realizaçã o do aditamento gerou prejuízos à Autora que transgridem o mero aborrecimento, desconforto e repercutem no seu â mago, na sua dignidade, vez que até o momento nã o conseguiu realizar o aditamento. Ressalte-se que a conduta das Demandadas tem ocasionado transtornos na vida acadêmica da graduanda, que repercutem em sua situaçã o financeira, tendo em vista que além de ter que arcar com os custos das matrículas e mensalidades dos períodos 2014.1 e 2014.2 e matrículas dos períodos seguintes, se viu compelida a assinar declaração de compromisso de quitação das parcelas em débito, correspondente a todas as mensalidades dos semestres citados. De outro giro, em razão da negativa da IES em promover a efetivação da matrícula da Autora, sem que antes esteja sanada a problemática acerca do aditamento e regularização dos débitos referentes aos períodos 2014.1 e seguintes, a Requerente permanece impedida de frequentar as aulas. Por oportuno, sabe-se que as relaçõ es com a instituiçã o de ensino sã o regidas pelo Có digo de Defesa do Consumidor, por se tratar de serviço prestado, devendo o fornecedor responder objetivamente pelo dano. A jurisprudência também tem reconhecido a pertinência do CDC pra disciplinar as relaçõ es entre a IES e o aluno, bem como a responsabilidade pelo dano causado. Vejamos: PROCESSO CIVIL - APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS - INSTITUIÇÃ O DE ENSINO SUPERIOR - APLICABILIDADE DO CDC - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - SUSPENSÃ O DE DESCONTOS NA MATRÍCULA E MENSALIDADE ESCOLARES ATÉ O FINAL DO CURSO - COMPROVADO DEFEITO NA PRESTAÇÃ O DE SERVIÇO - DANOS MORAIS E MATERIAIS CONFIGURADOS - TEORIA DA APARÊ NCIA - APLICAÇÃ O - SENTENÇA MANTIDA. 1. É inegá vel que entre instituiçõ es de ensino e alunos existe uma relaçã o contratual de prestaçã o de serviços, que se enquadra perfeitamente na definiçã o de relaçã o de consumo, regrada pelo Có digo de Defesa do Consumidor, o qual visa proteger o consumidor em relaçã o ao fornecedor. 2. A responsabilidade civil deve ser analisada sob a ó tica objetiva, conforme art. 14 do CDC, pelo qual o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e riscos. 3. Restou provado que foi concedido por preposto da instituiçã o de ensino, desconto na matrícula e mensalidades, até o final do curso o qual estava o aluno matriculado, portanto, vinculante. 4. Assim, a nã o manutençã o do desconto, outrora concedido, na forma convencionada, leva à conclusã o de que a prestaçã o do serviço foi defeituosa, devendo o consumidor ser indenizado pelos danos morais causados. 5. Reconhecido o dever de indenizar, o magistrado, para fixar o valor da indenizaçã o (quantum debeatur), deve-se atentar para as circunstâ ncias acima esposadas e as peculiaridades de cada caso. Quantum mantido. 6. Apelaçã o conhecida e improvida. (TJ-MA - APL: 0557762014 MA 0000292-25.2012.8.10.0029, Relator: JAMIL DE MIRANDA GEDEON NETO, Data de Julgamento: 26/03/2015, TERCEIRA CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o: 23/04/2015) Dessa forma, a Autora faz jus a uma indenizaçã o decorrente de danos morais, em um quantum onde estejam inseridos nã o apenas o valor proveniente da lesã o à personalidade, ao â mago e à honra da pessoa, mas também de uma liçã o, de forma a compelir os Réus a nã o serem mais reincidentes em tal fato. D) DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS Conforme narrado, a renovaçã o do Contrato de Financiamento da Autora, deixou de ocorrer por culpa exclusiva dos Réus, em razã o da permanência da inviabilidade do sistema SisFIES, nos termos já discutidos acima. Com efeito, objetivando nã o interromper o curso de Enfermagem - Bacharelado na UNIT, a Autora nã o deixou de honrar as matrículas e mensalidades cobradas pela referida IES no período 2014.1 e 2014.2, e matrículas subsequentes, conforme documentaçã o anexa, mesmo sacrificando as condiçõ es de sobrevivência da sua família. No que tange o período 2014.1, apesar da nã o conclusã o do aditamento, a Autora fora reembolsada no montante total gasto com a matrícula e mensalidade, o que nã o ocorreu nos períodos seguintes. Assim, uma vez reconhecido o dever de restabelecer o contrato de financiamento desde o período 2014.1, os valores referentes às matrículas pagas de todo o período descoberto (2014.2 até 2016.2) deverão ser custeados pelos Réus. Portanto, faz jus a Autora, a título de indenizaçã o por danos materiais, ao montante de R$ 8.720,22 (oito mil setecentos e vinte reais e vinte e dois centavos), valor suportado pela Requerente no período supracitado, visando a nã o interrupçã o do curso de Enfermagem – Bacharelado, conforme demonstram os comprovantes em anexo. V. DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA O instituto encartado no art. 300 do Novo CPC/2015, reserva ao interessado demonstrando a probabilidade do direito, em razã o de prova inequívoca e verossímil, e havendo perigo de dano irreparável ou risco do resultado útil do processo ou ainda, manifesto abuso de direito de defesa e propó sito protelató rio do Réu, além da reversibilidade da decisã o, ter o seu direito reconhecido antecipadamente pelo magistrado. A probabilidade do direito pode ser comprovada, pois a questã o discutida nos autos é exclusivamente de direito, e os argumentos expostos bastam para que se conclua, no mínimo, pela verossimilhança da alegaçã o de que a Autora preenche todos os requisitos para o aditamento do FIES, restando impedida de dar continuidade aos seus estudos nos termos acordados no contrato de financiamento estudantil, desde a primeira semestralidade 2014. Com efeito, a tutela requerida é no sentido de proceder ao imediato aditamento do FIES, podendo o perigo de dano ser comprovado considerando-se que a não concessão da tutela fará com que a Autora perca a matrícula na Faculdade, sendo privada de prosseguir com o ensino superior. Assim, tendo em vista o atendimento aos requisitos legais, bem como a reversibilidade da tutela provisó ria, faz-se mister a concessã o desta a fim de que a parte autora, desde logo, possa contar com a reintegraçã o ao seu curso superior na Universidade Tiradentes - UNIT, de modo a permitir a matrícula no período letivo de 2017/2º. VI. DOS PEDIDOS. Ante o exposto, requer: a) sejam concedidos os benefícios da Justiça gratuita com fulcro no inc. LXXIV, do art. 5º, da Constituição da Republica, combinado com o art. 98 e seguintes, do Código de Processo Civil de 2015, por ser a parte autora hipossuficiente; b) A concessã o da tutela provisória de urgência satisfativa, no intuito de que, liminarmente, inaudita altera parte, os réus procedam à reintegraçã o da autora ao programa de financiamento estudantil, matriculando-a no período letivo 2017/2º, mantendo-a matriculada na IES até o julgamento final desta lide; c) a citaçã o dos Réus, na pessoa dos seus representantes legais, para, querendo, ofereçam resposta no prazo da lei; d) O julgamento procedente da presente demanda, confirmando-se a tutela provisó ria de urgência concedida, determinando-se aos Réus que regularizem a situação da autora perante o FIES, com a renovação dos aditamentos referentes a 2014.1, 2014.2, 2015.1, 2015.2, 2016.1, 2016.2, 2017.1 e 2017.2, a fim de que possa a Autora, de uma vez por todas, finalizar o seu curso superior sem mais qualquer tipo de imbró glio; e) A condenaçã o dos Réus ao pagamento de indenização por danos materiais, em favor da Autora, no montante de R$ 8.720,22 (oito mil setecentos e vinte reais e vinte e dois centavos), a título de ressarcimento dos valores já pagos à IES UNIT; f) Por fim, seja a requerida condenada ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados pela Autora a ser arbitrado por esse juízo em importâ ncia nã o inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Protesta provar por todos os meios de provas em direito admitidos, em especial por prova documental e testemunhal, esta somente se necessá ria for. Manifesta-se pela dispensa, inicialmente, na realizaçã o de audiência de conciliaçã o, sendo medida de economia processual condizente com o art. 319, VII, do Novo CPC que, nesta oportunidade, nã o se efetue o agendamento da referida assentada. Dá -se à causa o valor de R$ 13.720,22 (treze mil setecentos e vinte reais e vinte e dois centavos). Nestes termos, pede deferimento. Aracaju, 21 de agosto de 2017. Fabiana Araú jo OAB/SE XXX