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AO JUÍZO DA...VARA CÍVEL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA....DO ESTADO...

Mévio, brasileiro, solteiro, estudante universitário, portador do RG nº... e do CPF nº...,


endereço eletrônico..., residente e domiciliado na capital do Estado W, por seu advogado infra-
assinado, conforme procuração anexa…, com escritório..., endereço que indica para os fins do
art. 77, V, do CPC/15, com fundamento no art. 319, do CPC/15, vem ajuizar

AÇÃO DE PROCEDIMENTO COMUM

em face da União, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na..., pelos
fundamentos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I - DOS FATOS

Mévio, brasileiro, solteiro, estudante universitário, domiciliado na capital do Estado W,


requereu o seu ingresso em programa de bolsas financiado pelo Governo Federal, estando
matriculado em Universidade particular.

Após apresentar a documentação exigida, é surpreendido com a negativa do órgão federal


competente, que aduz o não preenchimento de requisitos legais. Entre eles, está a exigência
de pertencer a determinada etnia, uma vez que o programa é exclusivo de inclusão social para
integrantes de grupo étnico descrito no edital, podendo, ao arbítrio da Administração, ocorrer
integração de outras pessoas, caso ocorra saldo no orçamento do programa. Informa, ainda,
que existe saldo financeiro e que, por isso, o seu requerimento ficará no aguardo do prazo
estabelecido em regulamento.

O referido prazo não consta na lei que instituiu o programa, e o referido ato normativo
também não especificou a limitação do financiamento para grupos étnicos. Com base na
negativa da Administração Federal, a matrícula na Universidade particular ficou suspensa,
prejudicando a continuação do curso superior.

O valor da mensalidade por ano corresponde a R$ 20.000,00, sendo o curso de quatro anos de
duração.

O estudante pretende produzir provas de toda a espécie, receoso de que somente a prova
documental não seja suficiente para o deslinde da causa. Isso foi feito em atendimento à
consulta respondida pelo seu advogado Tício, especialista em Direito Público, que indicou a
possibilidade de prova pericial complexa, bem como depoimentos de pessoas para comprovar
a sua necessidade financeira e outros depoimentos para indicar possíveis beneficiários não
incluídos no grupo étnico referido pela Administração.

Aduz ainda que o pleito deve restringir-se no reconhecimento do seu direito constitucional e
que eventuais perdas e danos deveriam ser buscadas em outro momento. Há urgência, diante
da proximidade do início do semestre letivo.

II - FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Ação de Procedimento Comum é cabível devido a complexidade da questão envolvida e por


envolver a possibilidade de prova pericial complexa.

O tema envolve, de início, o exame da competência para julgamento da causa que envolve a
União Federal e Universidade particular havendo fatos encadeados que indicam a atuação
conjunta dessas pessoas no polo passivo da demanda, o que indica a competência por atração
da Justiça Federal da capital do Estado W, domicílio do autor, nos termos do art. 109, § 2º
CRFB.

Por outro lado, atuará no polo ativo o estudante Mévio e no polo passivo a União Federal, que
negou o financiamento e a Universidade que suspendeu a matrícula, por força do primeiro ato.
Esse litisconsórcio se afigura necessário para solver a situação do autor, de forma definitiva,
condenando ambos os sujeitos passivos, nos limites das suas responsabilidades.

Quanto aos fundamentos, primeiramente, nota-se que houve ofensa ao princípio da isonomia
pois esse tipo de financiamento não pode beneficiar somente determinado grupo étnico, nos
termos do art. 5º, caput e art. 19, III, ambos da CRFB/88.

Da mesma forma, houve violação ao princípio da legalidade vez que há confronto entre o
regulamento e o texto legal, nos termos do art. 5º, II, da CRFB/88.

Outrossim, o ato fere os princípios constitucionais da Administração Pública pois o ato da


Administração não pode ser arbitrário podendo ser discricionário, nos termos do art. 37,
caput, da CRFB/88.

Por fim, a negativa de bolsa ofende o direito constitucional à educação, nos termos do art. 6º e
art. 205, ambos da CRFB/88.

III - PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

A tutela de urgência é concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade


do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, e está fundamentada no
art. 300, do CPC.

O fumus boni iuri está configurado na violação do direito fundamental de acesso à educação,
além do tratamento discriminatório arbitrário, e o periculum in mora pelo prejuízo à
continuação do curso superior.

IV - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

a) a concessão da tutela de urgência para determinar a imediata inclusão do autor no


programa de bolsas financiado pelo Governo Federal, nos termos do art. 300, do CPC/15;

b) a procedência do pedido para confirmar definitivamente a tutela de urgência;

c) a citação da União para contestar a ação, nos termos do art. 238 do CPC/15;

d) a condenação da União à reparação dos danos morais sofridos pelo autor;

e) a condenação dos Réus em custas e em honorários advocatícios, nos termos dos arts. 84 e
85, ambos do CPC/15;

f) a intimação do representante do Ministério Público, nos termos do art. 178, do CPC/15;

g) a juntada de documentos, nos termos do art. 320, do CPC/15.


V - DAS PROVAS

Em cumprimento ao art. 319, VI, do CPC/15, o autor requer a produção de todos os meios de
provas em direito admitidas.

VI - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Em cumprimento ao art. 319, VII, do CPC/15, o autor opta pela realização da audiência de
conciliação ou de mediação.

VII - DO VALOR DA CAUSA

80.000,00(oitenta mil reais), nos termos do art. 292 do CPC/15.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local... e data...

Advogado...

OAB nº...

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