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Dr. Elias Ferreira Batista – OAB/MG: 198.

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- DOS FATOS
Os autores, conforme comprovam documentos anexos, são uma
família de 04 (quatro) integrantes, sendo 02 (dois) maiores casados, e 02 (duas)
crianças. Estes são moradores e pertencem à comunidade do bairro
CITROLANDIA em Betim/MG, desde o dia 03 de Janeiro de 2019, portanto
anteriormente aos desastres e do rompimento da barragem de propriedade da ré,
ocorrida em 25 de janeiro de 2019. A empresa ré, em virtude dos desastres
ocasionados, inclusive de aspecto social, em acordo nos autos do processo de nº:
5010709-36.2019.8.13.0024, que tramitou perante esta 2ª Vara da Fazenda
Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte/MG, se obrigou a pagar
mensalmente uma indenização emergencial nos valores de 01 (um) salário
mínimo mensal para cada adulto, ½ (meio) salário mínimo mensal para cada
adolescente e ¼ (um quarto) de salário mínimo mensal para cada criança, pelo
prazo de um ano, a contar do rompimento da barragem, integralmente aos
atingidos de Brumadinho e também nas comunidades que estiverem até um
quilômetro do leito do rio Paraopeba desde Brumadinho e demais municípios na
calha do rio, até a cidade de Pompéu na represa de Retiro Baixo, desde que
comprovem residência até a data tragédia.
Após decorrido o primeiro ano, a partir de janeiro de 2020, em novo
acordo ficou determinado que os auxílios seriam no importe de ½ (meio) salário
mínimo mensal para cada adulto, ¼ (um quarto) salário mínimo mensal para cada
adolescente e 1/8 (um oitavo) de salário mínimo mensal para cada criança, o que
vem sendo pago até os dias de hoje.
Ocorre que os autores, apesar de preencherem todos os requisitos
para fazer jus à indenização e de comprovar documentalmente (documentos
anexos), teve seu direito negado pela ré sobre o argumento vazio de não
preencher os requisitos para tanto, conforme e-mail respondido sob o Protocolo
nº 20210325112245619, registrado no dia 25/03/2021 08: 22 hs, onde a empresa
ré coloca em dúvida da fidedignidade, sem qualquer fundamento, ou apenas se
utilizando de um pretexto, contra o comprovante de endereço já apresentado e
sido analisado anteriormente, tendo sua veracidade comprovada para o
deferimento do benefício.(Documentos anexos).
Vale asseverar ainda que, a maioria dos vizinhos dos autores estão
recebendo o auxílio mensalmente que demonstra a evidente falha da parte ré. Por
diversas oportunidades os autores buscaram a tentativa de solucionarem o
imbróglio de forma extrajudicial, a fim de demonstrar as suas qualidades de
detentores do direito de receber o auxílio, todas elas infrutíferas. Diante do
completo descaso da Requerida e das inúmeras tentativas de resolver
amigavelmente o presente imbróglio, sem que fosse necessário acionar o
Judiciário, vem os autores à presença deste douto juízo, humildemente, expor e
requerer a devida tutela jurisdicional.
Endereço: Rua Simonesia, nº 656, Ind. São Luiz – Betim/MG
CEP: 32675-595 Cel: (31) 99756-6480 e-mail: dreliasbatista@gmail.com

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 DO DIREITO
Nesse sentido, tendo em vista que os valores emergenciais a serem
pagos à coletividade de Brumadinho ou à coletividade das comunidades que se
encontram até um quilômetro do rio Paraopeba, são, em verdade, uma
indenização em virtude de um dano socioambiental ocasionado pela ré, não
restam dúvidas de que a parte autora deve ser beneficiada, nos termos do art. 186
e 927 e § único, do Código Civil Brasileiro, bem como nos termos do art. 5º, inciso,
X, da Carta Magna. Vejamos:
Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito”.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo’.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.
Ainda sob a ótica constitucional, temos o princípio da isonomia que
garante igualdade de tratamento. Ora, se os autores cumprem todos os requisitos,
não tem motivos para que se negue o pagamento. Nas lições de Bernardo
Gonçalves Fernandes:
“Isonomia - cuja observância vincula todas as
manifestações do Poder Público - deve ser considerado, em sua
precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios,
sob duplo aspecto:
a) o da igualdade na lei e
b) o da igualdade perante a lei.

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A igualdade na lei - que opera numa fase de generalidade


puramente abstrata - constitui exigência destinada ao legislador, que, no processo
de formação do ato legislativo, nele não poderá incluir fatores de discriminação
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. ( ... ) A igualdade perante a lei, de
outro lado, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais
poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a
critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório.
A eventual inobservância desse postulado pelo legislador, em
qualquer das dimensões referidas, imporá, ao ato estatal por ele elaborado e
produzido, a eiva de inconstitucionalidade”. (Gonçalves Fernandes, 2017,
pag.463).
O nexo de causalidade se mostra cristalino quando se tem de forma
inquestionável o fato dos autores ter direito a receber os valores e a empresa ré
ter o dever de pagar, conforme se verifica em acordo judicial outrora firmado
(autos nº 5010709-36.2019.8.13.0024). Nesse sentido o Código Civil: Art. 389,
dispõe:
“Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos,
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado”.
Desta forma, fica bem claro e evidente, o direito dos autores em
relação ao recebimento dos valores de caráter indenizatório, de forma que o não
pagamento enseja inclusive em violação constitucional, uma vez que continua
sendo paga a outras pessoas na mesma situação.
Desse modo, e pelos fatos trazidos à baila, nada mais justo que os
autores recebam os valores emergenciais que lhes são devidos, vencidos e
vincendos.
 DA TUTELA DE URGÊNCIA - NECESSIDADE DE
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA.
A entrega de todo tipo de tutela definitiva demora, o processo exige
tempo. A rigor, o tempo é um mal necessário para a boa tutela dos direitos dos
atores processuais. Na maioria das vezes é imprescindível um lapso temporal
considerável e razoável para que se realize de forma plena o devido processo
legal. Ocorre que, em determinada situações, a parte autora, como é o caso em
tela, não pode esperar o lapso temporal para que processo legal se realize
plenamente, máxime em situações de extrema urgência, em que o bem da vida
corre sério risco de depreciação e sofrer danos irreparáveis. Nesse contexto,
surge de forma extremamente importante o instituto da ANTECIPAÇÃO DOS
EFEITOS DA TUTELA, uma das espécies de tutela de urgência, como se faz
necessário no caso dos autos.
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No caso em epígrafe, a tutela deve ser concedida de forma antecipada, por


estarem presentes todos os requisitos para a sua concessão, quais sejam:
a) o requerimento da parte autora: que é feito expressamente neste tópico.
b) a probabilidade do direito: a probabilidade do direito/ fumus boni iuris,
consubstanciado Nos documentos colacionados aos autos que comprovam
fidedignamente que os autores estão situados a menos de 01 (um) quilômetro das
margens do rio Paraopeba, dentre outras robustas e incontestáveis provas;
c) o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo/periculum in mora,
consubstanciado no fato de que, pela demora do processo, a emergencialidade
do referido auxílio acabe não alcançando o seu objetivo, qual seja, tais valores
seriam fundamental para subsistência dos autores. Tais fatos poderão gerar ao
autor risco de dano irreparável. Estes fatos perfazem os requisitos necessários ao
deferimento da antecipação dos efeitos da tutela.
Dessa forma, insigne magistrado, por qualquer lado que se analise o
presente caso, não há como negar a premente necessidade de concessão da
antecipação dos efeitos da tutela no presente, máxime para redistribuir, em
homenagem ao princípio da igualdade, o ônus do tempo do processo, que não
pode ser suportado pelos autores, e ainda com espeque em todas as razões
aduzidas.
Segue abaixo tabela demonstrativa do credito, a ser atualizado
oportunamente.

MESES Oseias Herica Rebeca Jasmylly TOTAL


Ramos Lucinete Rodrigues Tayane
Rodrigues Almeida Novais Rodrigues
Rodrigues Novais
Novais
Outubro/2020 R$ 522,50 R$ 522,50 R$ 130,63 R$ 130,63 R$ 1.305,98

Novembro/2020 R$ 522,50 R$ 522,50 R$ 130,63 R$ 130,63 R$ 1.305,98

Dezembro/2020 R$ 522,50 R$ 522,50 R$ 130,63 R$ 130,63 R$ 1.305,98

Janeiro/2021 R$ 550,00 R$ 550,00 R$ 137,50 R$ 137,50 R$ 1.375,00

Fevereiro/2021 R$ 550,00 R$ 550,00 R$ 137,50 R$ 137,50 R$ 1.375,00

Março/2021 R$ 550,00 R$ 550,00 R$ 137,50 R$ 137,50 R$ 1.375,00

Abril/2021 R$ 550,00 R$ 550,00 R$ 137,50 R$ 137,50 R$ 1.375,00


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Maio/2021 R$ 550,00 R$ 550,00 R$ 137,50 R$ 137,50 R$ 1.375,00

Junho/2021 R$ 550,00 R$ 550,00 R$ 137,50 R$ 137,50 R$ 1.375,00

Julho/2021 R$ 550,00 R$ 550,00 R$ 137,50 R$ 137,50 R$ 1.375,00

TOTAL R$ 5.417,50 R$ 5.417,50 R$ 1.354,39 R$ 1.354,39 R$ 13.542,94

Nessa seara, o valor total a receber pelos autores é da quantia de R$


13.542,94 (Treze mil, quinhentos e quarenta e dois reais, noventa e quatro
centavos), a serem corrigidos monetariamente a partir do seu vencimento e
quando da data de seu pagamento.

 DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Em acordo ao disposto na Lei 1.060/50, e nos termos do art. 5°,
LXXIV da Constituição Federal/ 1988, bem como no art. 1° da lei n°5.478/68, os
requerentes declaram para todos os fins de direito e sob as penas da lei, estarem
na condição de hipossuficientes, não dispondo de meios a arcar com pagamento
de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento e de
sua família, pelo que requer desde já, os benefícios da justiça gratuita. Aliás,
sedimentado o praticado pelos Tribunais pátrios acerca da gratuidade de justiça,
o Código de Processo Civil/2015 assim dispôs: Art. 99. (...) § 2º O juiz somente
poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta
dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de
indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos:
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural. § 4º A assistência do requerente
por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da
justiça. Por todo o exposto, firmes que estas circunstâncias em nada
obstam o benefício ora pleiteado pelos requerentes e que a simples
afirmação na exordial se coaduna com a presunção de veracidade
garantida pelo Novo Código de Processo Civil. Credita-se que essas
sejam suficientes a fazer prova da hipossuficiência financeira desta,
desde logo se requer que, se digne Vossa Excelência a deferir o
beneficio pleiteado.

 PEDIDOS E REQUERIMENTOS
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Ante o exposto, impossibilitados de ver satisfeita, de forma


espontânea, a sua pretensão, requerem os autores que este d. Juízo, intime a
parte ré, nos termos do art. 513, § 2º, inciso I, e 523 e correlatos, todos do CPC,
para que cumpra a decisão homologatória de autocomposição judicial dos autos
do processo de nº: 5010709-36.2019.8.13.0024, dignando-se de:
a) CONCEDER A TUTELA DE URGÊNCIA de forma a Condenar a
Requerida à obrigação de fazer, consistente no pagamento imediato dos auxílios
emergenciais do período de Outubro de 2020 a Julho de 2021 no importe total de
13.542,94 (treze mil, quinhentos e quarenta e dois reais, noventa e quatro
centavos), os quais deverão ser corrigidos monetariamente desde Outubro de
2020, data finda do pagamento do auxílio emergencial, ANTECIPANDO-SE OS
EFEITOS DA TUTELA;
b) Ao final, RECONHECER o direito dos autores ao recebimento
dos valores de caráter indenizatório, de forma que todos os direitos passado e
futuro destinados aos atingidos de Brumadinho e também das comunidades que
estiverem até um quilômetro do leito do rio Paraopeba desde Brumadinho e
demais municípios na calha do rio, até a cidade de Pompéu, bem como na
eventualidade da prorrogação dos pagamentos, sejam os Autores incluídos para
os demais pagamentos além do mês de Julho de 2021, por ser medida que se
impõe, CONFIRMANDO A TUTELA DE URGÊNCIA;
c) o cadastramento do advogado ELIAS FERREIRA BATISTA,
inscrito na OAB/MG: 198413, sob pena de nulidade absoluta de quaisquer atos
posteriores a esta petição, nos termos do artigo 269 e 274 do CPC.
d) a citação da Ré para que apresente defesa no prazo legal;
e) Deferir o requerimento da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, nos
termos do artigo 98 e 99 do CPC;
f) Seja a Ré condenada nas despesas e custas processuais, bem
como ao pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, no importe de
20% (vinte por cento) sobre o valor da causa;
g) Que incida sobre o valor cobrado, caso ultrapassado o prazo legal,
nos termos do art. 523, §§ 1º e 2º, do CPC, multa de 10% (dez por cento) e,
também, honorários advocatícios de 10% (dez por cento).
Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito
admitidas, máxime provas documentais e testemunhais, bem como o depoimento
da parte autora e da Ré e demais provas que se fizerem necessárias.

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Dr. Elias Ferreira Batista – OAB/MG: 198.413

Os autores, nos termos do art. 319, inciso VII, do CPC, não


optam pela realização de audiência de conciliação.
 DO VALOR DA CAUSA
Dá à causa o valor de 13.542,94 (treze mil, quinhentos e quarenta
e dois reais, noventa e quatro centavos).

Termos em que,
Pede deferimento.

Betim/MG, 20 de Julho de 2021.

ELIAS FERREIRA BATISTA


OAB/MG – 198.413

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Número do documento: 21072617251411100004800725502
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Assinado eletronicamente por: ELIAS FERREIRA BATISTA - 26/07/2021 17:25:14 Num. 4802633233 - Pág. 2
Número do documento: 21072617251433400004803045385
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Número do documento: 21072617251458300004803045396
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Justiça de Primeira Instância

Comarca de BELO HORIZONTE / 2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte

TERMO DE JUNTADA

PROCESSO Nº 5010709-36.2019.8.13.0024

[CÍVEL] TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE (12135)

REQUERENTE: ESTADO DE MINAS GERAIS, DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, MINISTÉRIO
PÚBLICO - MPMG

REQUERIDO: VALE S/A

Certifico e dou fé que, junto aos autos o(s) seguinte(s) documento(s): Petição da Comissão de
Vereadores da Câmara Municipal de Brumadinho

Avenida Raja Gabaglia, 1753, Luxemburgo, BELO HORIZONTE - MG - CEP: 30380-900

Número do documento: 21072813542419500004843790397


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072813542419500004843790397
Assinado eletronicamente por: ANA CRISTINA PORTO LOBO - 28/07/2021 13:54:24 Num. 4845613028 - Pág. 1
Número do documento: 21072813542437800004843790401
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072813542437800004843790401
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Número do documento: 21072813542437800004843790401
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Número do documento: 21072813542437800004843790401
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072813542437800004843790401
Assinado eletronicamente por: ANA CRISTINA PORTO LOBO - 28/07/2021 13:54:24 Num. 4845613032 - Pág. 17
Número do documento: 21072813542437800004843790401
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072813542437800004843790401
Assinado eletronicamente por: ANA CRISTINA PORTO LOBO - 28/07/2021 13:54:24 Num. 4845613032 - Pág. 18
Número do documento: 21072813542437800004843790401
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072813542437800004843790401
Assinado eletronicamente por: ANA CRISTINA PORTO LOBO - 28/07/2021 13:54:24 Num. 4845613032 - Pág. 19
Certifico que juntei aos autos Acórdão do e.TJMG.

Número do documento: 21072912504639200004864095416


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072912504639200004864095416
Assinado eletronicamente por: SILVIA MARIA DA MOTA CUNHA DIAS - 29/07/2021 12:50:46 Num. 4865953047 - Pág. 1
Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

<CABBCAADDAABCCBBADCAAAADDBAADCCDAABAADDADAAAD>
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – DIREITO PROCESSUAL CIVIL –
PRETENSÃO VOLTADA À INSERÇÃO EM CADASTRO DE PESSOAS
APTAS AO RECEBIMENTO DE AUXÍLIO EMERGENCIAL, PREVISTO EM
ACORDO CELEBRADO DA AÇÃO COLETIVA Nº 5010709-
36.2019.8.13.0024 – AUTOCOMPOSIÇÃO JUDICIAL, HOMOLOGADA
JUDICIALMENTE, QUE CONTÉM OBRIGAÇÃO COM NATUREZA
JURÍDICA DE DIREITO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO – POSSIBILIDADE DE
TRANSPORTE IN UTILIBUS, ATRAVÉS DE LIQUIDAÇÃO IMPRÓPRIA DO
TÍTULO COLETIVO – FORO COMPETENTE – MULTIPLICIDADE –
POSSIBILIDADE DE OPÇÃO PELO INTERESSADO – EXERCÍCIO DO
DIREITO DE ESCOLHA – EXTINÇÃO DO PRIMEIRO FEITO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO – REITERAÇÃO DA POSTULAÇÃO –
DISTRIBUIÇÃO DA SEGUNDA DEMANDA REALIZADA POR
DEPENDÊNCIA PERANTE O JUÍZO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA E
AUTARQUIAS DA COMARCA DE BELO HORIZONTE – EQUÍVOCO
MANIFESTO RECONHECIDO DE OFÍCIO – MANIFESTAÇÃO ANTERIOR
DE JUÍZES DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS EM SENTIDO
CONTRÁRIO – IRRELEVÂNCIA – SENTENÇA DESCONSTITUÍDA –
REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO DA 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA
COMARCA DE BRUMADINHO.
Conforme decidido no julgamento da Apelação Cível nº
1.0000.20.498312-6/001, o Auxilio Emergencial, previsto na
autocomposição firmada em ação ajuizada pelo Estado de Minas Gerais
em desfavor da VALE S/A – ajuste no qual intervieram os Ministérios
Públicos, Federal e Estadual, as Defensorias Públicas Federal e Estadual
e a Advocacia Geral da União –, é obrigação que possui clara natureza
de direito individual homogêneo, pois ela tem como beneficiários
pessoas indeterminadas, mas determináveis, que comprovarem, através
dos meios estabelecidos no acordo, residência na cidade de
Brumadinho e demais comunidades localizadas até 01 (um) quilômetro
de distância do leito do Rio Paraopeba até a calha desse curso d’água,
situada na represa de Retiro Baixo, em Pompéu, no momento do evento
ambiental lesivo. Logo, existindo um título judicial coletivo contendo
tese jurídica geral sobre direito individual homogêneo, ele é passível de
transporte in utilibus para a esfera jurídica de particular, através de
liquidação imprópria, seara adequada para a apuração da titularidade do
crédito pelo demandante, a partir da observância dos termos estritos do
acordo coletivo. Entendimento que coaduna com o princípio da
inafastabilidade da Jurisdição.
A sistemática do processo coletivo pátrio autoriza aos supostos
beneficiários eleger, entre quatro concorrentes – foro que processou a
causa originalmente, foro de domicílio do executado, foro do bem que
pode ser expropriado e foro de domicílio do exequente –, o foro de
liquidação e execução do título executivo coletivo judicial.

Fl. 1/25

Número Verificador: 1000020577783200120211995043

Número do documento: 21072912504670500004864095419


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072912504670500004864095419
Assinado eletronicamente por: SILVIA MARIA DA MOTA CUNHA DIAS - 29/07/2021 12:50:46 Num. 4865953050 - Pág. 1
Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

Realizada a opção acima mencionada, ocorre a perpetuação da


competência e o anterior pronunciamento de Juízes de Direito ligados ao
sistema dos Juizados Especiais do Estado de Minas Gerais não obsta o
reconhecimento, de ofício, por esta Turma Julgadora da incompetência
da 2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo
Horizonte para a presente demanda.
Por conseguinte, o reconhecimento da nulidade da sentença objeto do
presente apelo, de ofício, é medida que se impõe, assim como a
determinação de remessa dos autos para ao Juízo prevento.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.20.577783-2/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S): JOSE LOIOLA DA


ROCHA FILHO - APELADO(A)(S): VALE S/A

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 19ª CÂMARA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da
ata dos julgamentos, em SUSCITAR, DE OFÍCIO, PRELIMINAR DE
NULIDADE, PARA DESCONSTITUIR A SENTENÇA E DETERMINAR
A REMESSA DO FEITO AO JUÍZO PREVENTO PARA A DEMANDA.

DES. LEITE PRAÇA


RELATOR.

Fl. 2/25

Número Verificador: 1000020577783200120211995043

Número do documento: 21072912504670500004864095419


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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

DES. LEITE PRAÇA (RELATOR)

VOTO

Trata-se recurso de apelação interposto por JOSE LOIOLA DA


ROCHA FILHO contra r. sentença proferida pela Exmo. Juiz de Direito
da 2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo
Horizonte, que extinguiu, sem resolução do mérito, ação ordinária
ajuizada em desfavor do VALE S/A, com fulcro no art. 485, inciso VI,
do Código de Processo Civil, impondo ao autor os ônus da
sucumbência, cuja exigibilidade restou suspensa, por ser a parte
beneficiária da gratuidade da Justiça.
O apelante sustenta, em apertada síntese, ser beneficiário direto
da obrigação pecuniária devida pela apelada em razão de acordo
homologado em demanda coletiva apontada na exordial. Destaca que
o próprio título judicial apontado como causa de pedir da pretensão
inicial estabelece auxílio emergencial ora pleiteado como de direito
individual homogêneo. Partindo de tais premissas e invocando a
observância do disposto nos arts. 17, 81, 98, §2º, inciso I, 101, 103, do
Código de Defesa do Consumidor, afirma ser clara e indubitável a sua
legitimidade processual ativa para a presente demanda. Cita julgados
da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que afirma
corroborarem sua tese recursal. Por fim, requer a concessão de tutela
provisória de urgência recursal, para que seja determinado a sua
imediata inclusão no cadastro de pessoas habilitadas a receber o
beneficio controvertido, com o pagamento das parcelas pretéritas
vencidas.
A apelada habilitou-se no feito, porém, não apresentou resposta
ao recurso, conforme Ordens 25 a 32.

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

Feito convertido em diligência à Ordem nº 34 e manifestações


das partes litigantes às Ordens 35 e 36.
Tutela provisória de urgência recursal indeferida na decisão de
Ordem 37.
Convertido os autos em diligência às Ordens 46 e 54,
sobrevieram ao feito as manifestações e documentos de Ordens 47 a
53, 55 e 56.
É o relatório.

- ADMISSIBILIDADE
Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de
admissibilidade.

- DA ANÁLISE DO CASO CONCRETO


Suscito, de ofício, preliminar de nulidade da r. sentença de
Primeiro Grau.
Isto porque, após nova análise da controvérsia apresentada no
presente feito, verifico que o Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública e
Autarquias da Comarca de Belo Horizonte não é competente para
analisar e decidir a demanda em apreço.
É certo que, no julgamento da Apelação Cível nº
1.0000.20.498312-6/001 – na qual posta controvérsia análoga a agora
em perspectiva –, esta egrégia 19º Câmara Cível decidiu que
pretensão voltada especificamente ao recebimento do Auxílio
Emergencial previsto no acordo celebrado na Ação Coletiva nº
5010709-36.2019.8.13.0024, por envolver obrigação com natureza
jurídica de direito individual homogêneo, é passível e deve ser
deduzida em liquidação imprópria do título coletivo.
Peço vênia para transcrever a ementa do julgado em comento:

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO


PROCESSUAL CIVIL - PRETENSÃO VOLTADA À
INSERÇÃO EM CADASTRO DE PESSOAS APTAS
AO RECEBIMENTO DE AUXÍLIO EMERGENCIAL,
PREVISTO EM ACORDO CELEBRADO DA AÇÃO
COLETIVA Nº 5010709-36.2019.8.13.0024 - FEITO
EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR
ILEGITIMIDADE ATIVA - EQUÍVOCO -
AUTOCOMPOSIÇÃO JUDICIAL, HOMOLOGADA
JUDICIALMENTE, QUE CONTÉM OBRIGAÇÃO
COM NATUREZA JURÍDICA DE DIREITO
INDIVIDUAL HOMOGÊNEO - POSSIBILIDADE DE
TRANSPORTE IN UTILIBUS, ATRAVÉS DE
LIQUIDAÇÃO IMPRÓPRIA DO TÍTULO COLETIVO -
SEARA ADEQUADA PARA A APURAÇÃO DA
EFETIVA TITULARIDADE DO CRÉDITO PELO
DEMANDANTE, A PARTIR DA OBSERVÂNCIA DOS
TERMOS ESTRITOS DO ACORDO COLETIVO -
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA
JURISDIÇÃO - ART. 322, §2º, DO CPC -
APLICABILIDADE AO CASO CONCRETO - PLEITO
QUE DEVE SER RECEBIDO COMO O ATO
POSTULATÓRIO DISPOSTO NO ART. 509, CAPUT,
DA mesma codificação - RETORNO DOS AUTOS À
ORIGEM, PARA A ADOÇÃO DAS MEDIDAS DO
ART. 510 - IMPERATIVIDADE.
Conforme leciona o jurista Fredie Didier Jr., "Parte
legítima é aquela que se encontra em posição
processual (autor ou réu) coincidente com a situação
legitimadora, 'decorrente de certa previsão legal,
relativamente àquela pessoa e perante o respectivo
objeto litigioso'".
O auxilio emergencial, previsto na autocomposição
firmada em ação ajuizada pelo Estado de Minas
Gerais em desfavor da VALE S/A - ajuste no qual
intervieram os Ministérios Públicos, Federal e
Estadual, as Defensorias Públicas Federal e Estadual
e a Advocacia Geral da União -, é obrigação que
possui clara natureza de direito individual homogêneo,
pois ela tem como beneficiários pessoas
indeterminadas, mas determináveis, que
comprovarem, através dos meios estabelecidos no
acordo, residência na cidade de Brumadinho e
demais comunidades localizadas até 01 (um)
quilômetro de distância do leito do Rio Paraopeba até
a calha desse curso d'água, situada na represa de
Retiro Baixo, em Pompéu, no momento do evento
ambiental lesivo.

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

Consequentemente, existindo um título judicial


coletivo contendo tese jurídica geral sobre direito
individual homogêneo, ele é passível de transporte in
utilibus para a esfera jurídica de particular, através de
liquidação imprópria, seara adequada para a
apuração da titularidade do crédito pelo demandante,
a partir da observância dos termos estritos do acordo
coletivo. Entendimento que coaduna com o princípio
da inafastabilidade da Jurisdição.
Em razão na norma inserta no art. 322, §2º, do
Código de Processo Civil, o pleito inicial deve ser
recebido como o requerimento previsto no art. 509,
caput, do mesmo diploma, e os autos devem retornar
à origem, para que sejam adotadas as medidas do
art. 510. (TJMG, Apelação Cível n 1.0000.20.498312-
6/001, Relator(a): Des.(a) Leite Praça, 19ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 10/12/0020, publicação da
súmula em 16/12/2020)

E, como cediço, a sistemática do processo coletivo pátrio


autoriza aos supostos beneficiários eleger, entre quatro concorrentes
possíveis, o foro no qual liquidará e executará o título executivo judicial.
Eis as lições da doutrina autorizada sobre a questão:
De acordo com §2º do art. 98 do CDC: “É competente
para a execução o juízo: I – da liquidação da sentença
ou da ação condenatória, no caso de execução
individual; II – da ação condenatória, quando coletiva
a execução.”
O dispositivo está em consonância com a regra geral
da competência para a execução de sentença:
executa-se a decisão no juízo que a proferiu.
O inciso I deste parágrafo, porém, autorizou lúcida
interpretação no sentido de que a liquidação
execução individuais da sentença coletiva poderiam
ser feitas no domicílio do autor, valendo-se da regra
do art. 101, I, do CDC, que permite ao consumidor
propor a ação em seu domicílio. A interpretação era
ainda mais interessante, em razão de ter sido vetado
o parágrafo único do art. 97 do CDC, que
expressamente dispunha neste sentido: “A liquidação
de sentença, que será por artigos, poderá ser
promovida no foro do domicílio do liquidante,
cabendo-lhe provar tão-somente, o nexo de
causalidade, o dano e seu montante.
Trata-se de interpretação corretíssima e
indispensável, sob pena de inviabilizar a execução

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

individual da sentença coletiva: seria muito difícil para


algumas vítimas dirigirem-se ao juízo da sentença,
que pode estar a léguas de distância de sua
residência, para propor a ação executiva e
acompanha-la. É preciso construir uma interpretação
que facilite o acesso do individuo ao beneficio da
tutela coletiva, sob pena de desprestigiá-la e, pois,
aniquilá-la, O veto presidencial, mais uma vez em se
tratando de CDC, foi inócuo.
(...)
Veja-se, por exemplo, o contra-senso que
representaria a propositura de uma ação coletiva, de
âmbito nacional, com competência fixada no Distrito
Federal. Os beneficiários, pessoas quem a sentença
coletiva deveria aproveitar, domiciliados Brasil afora,
as mais das vezes simplesmente não teriam
condições de ir ao Distrito Federal ajuizar ações
individuais de liquidação de sentença, e o único
remédio seria a proliferação de demandas
fragmentárias, persistindo o pedido de
reconhecimento da obrigação do réu,
(...)
A plena efetividade desse sistema reclama
induvidosamente a competência centralizada para o
julgamento da ação coletiva, mas a disseminação da
competência para as ações de liquidação individual
da sentença, sob pena de ser irremediavelmente
desperdiçada a tutela coletiva, pelo congestionamento
dos feitos individuais.
Trata-se de regramento geral, aplicável a execução
de qualquer sentença coletiva, tendo em vista o
princípio exaustivamente defendido neste livro,
segundo o qual as regras do CDC funcionam como
regras gerais do microssistema de tutela jurisdicional
coletiva.
Com a edição da Lei Federal nº 11.2332/2005,
alterou-se a competência para a execução da
sentença individual no CPC. Como se trata de nova
regram que facilita a efetivação da sentença, é
aplicável ao âmbito coletivo, fornecendo elementos
importantes sobre o modo de efetivar individualmente
uma sentença coletiva.
É que o parágrafo único do art. 475-P do CPC permite
ao exequente escolher outros foros para promover a
execução da sentença, distintos do foro onde tramitou
a ação de conhecimento: a) juízo do local onde se
encontram bens sujeitos à expropriação; b) atual
domicilio do executado. (...). Note, por isso, que o
legislador, em homenagem ao direito fundamental à

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

efetividade, optou por “flexibilizar” a regra que fixava o


juízo da sentença como o único competente para o
processamento da execução – pode-se afirmar,
então, que se trata de uma mitigação à regra da
perpetuação da jurisdição.
Há, pois, três foros em tese competentes para a
execução da sentença: foro que processou a causa
originalmente, foro de domicílio do executado e foro
do bem que pode ser expropriado. E, no caso da
execução individual de uma sentença coletiva, uma
quarta hipótese, o foro de domicílio do exequente. É
possível, ainda, o controle da opção do exequente
pela apresentação de exceção de incompetência
relativa pelo executado. (DIDIER JR., Fredie; ZANETI
JR. Hermes. Curso de direito processual civil:
processo coletivo. Vol. 4. 4ª Ed – Salvador: Jus
Podivm, 2009, pp. 395-397) (destaquei)

Pois bem.
Conforme os documentos insertos às Ordens 48 a 53, a
postulação encartada na presente ação nº 5097111-86.2020.8.13.0024
– ajuizada em 21/07/2020 e distribuída por dependência à Ação
Coletiva nº 5010709-36.2019.8.13.0024 perante o Juízo da 2ª Vara da
Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte –, foi
apresentada anteriormente perante o Juízo da 2º Juizado Especial
Cível da Comarca de Brumadinho no âmbito da ação nº 5001661-
49.2019.8.13.0090, proposta em 31/07/2019.
Em tal feito idêntico anterior, foi proferida sentença, em
05/08/2019, nos seguintes termos:
Tratando-se de cumprimento de decisão proferida
pelo juízo da 6ª Vara da Fazenda Pública e
Autarquias da
comarca de Belo Horizonte/MG, consoante termo de
acordo retro, declaro-me incompetente para o
processo e julgamento do feito, razão pela qual julgo
extinto o feito, sem resolução de mérito. (fl. 03 de
ordem 50)

Esclareço que a menção à 6ª Vara da Fazenda Pública no


pronunciamento judicial acima transcrito decorre do fato dele ter sido

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

prolatado em momento anterior ao advento da Resolução nº


906/TJMG/2020, que determinou:
Art. 1º Fica alterada a denominação e a competência
da 2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da
Comarca de Belo Horizonte para 36ª Vara Cível.
§ 1º Efetiva da alteração de que trata o art. 1º desta
Resolução, a 6ª Vara da Fazenda Pública e
Autarquias da Comarca de Belo Horizonte passa a
ter a denominação de 2ª Vara da Fazenda Pública
e Autarquias.

A sentença em perspectiva, prolatada em 05/08/2019, foi


confirmada pela Turma Recursal competente em 19/12/2019, através
do acórdão do Recurso Inominado inserto às fls. 32/36 de Ordem 53,
redigido nos seguintes termos:
No caso dos autos, analisando detidamente os fatos e
fundamentos ora apresentados, entendo que o
Juizado Especial é incompetente para julgar tal causa,
uma vez que a competência para julgar e processar
causas que versem sobre o ocorrido em Brumadinho-
MG no dia 25/01/2019 é da 6ª Vara da Fazenda
Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte.

Nesse ponto, cumpre elucidar que o anterior pronunciamento de


Juízes de Direito ligados ao sistema dos Juizados Especiais do Estado
de Minas Gerais não obsta o reconhecimento, de ofício, por esta
Turma Julgadora da incompetência da 2ª Vara da Fazenda Pública e
Autarquias da Comarca de Belo Horizonte para a presente demanda,
como se depreende das razões de decidir encartadas na seguinte
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA E COLÉGIO RECURSAL
DO MESMO ESTADO. CONFLITO NÃO
CONHECIDO. APELAÇÃO INTERPOSTA DE
SENTENÇA PROFERIDA POR JUÍZO COMUM DE
VARA ESTADUAL. DECISÃO DO TRIBUNAL QUE
AFASTA SUA COMPETÊNCIA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. 1.

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Inexiste conflito de competência entre Tribunal de


Justiça e Turma Recursal de Juizado Especial
Criminal no âmbito do mesmo Estado, tendo em vista
que a Turma Recursal não possui qualidade de
Tribunal, sendo instituída pelo respectivo Tribunal de
Justiça e estando a ele subordinado
administrativamente. (...). (CC 124.633/SC, Rel.
Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE),
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe
01/02/2013)

Assim, como a questão em perspectiva não foi objeto de anterior


deliberação por este egrégio Tribunal de Justiça Mineiro, que, inclusive,
possui atribuição para dirimir conflitos de competência entre Juízes de
Primeiro Grau a ele subordinados, o reconhecimento de ofício da
nulidade do julgado contra o qual oposta a presente insurgência, por
violação ao princípio do juiz natural, é medida admitida pelo
ordenamento jurídico pátrio.
A respeito de tal norma axiológica aludida, cito:
A distribuição da competência faz-se por meio de
normas constitucionais (inclusive de constituições
estaduais), legais, regimentais (distribuição interna da
competência nos tribunais, feita pelos seus regi
mentos internos) e até mesmo negociais (no caso de
foro de eleição).
O art. 44 do CPC esclarece o assunto, mas não
menciona os acordos de competência nem as normas
regimentais: "Obedecidos os limites estabelecidos
pela Constituição Federal, a competência é
determinada pelas normas previstas neste Código ou
em legislação especial, pelas normas de organização
judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições
dos Estados".
(...)
Canotilho identifica dois princípios relacionados à
distribuição da competência: indisponibilidade e
tipicidade. Esses princípios compõem o conteúdo do
princípio do juiz natural. O desrespeito a tais
princípios implica, consequentemente, o desrespeito
ao princípio do juiz natural.
(...)

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Não basta que as regras de competência sejam


fixadas por normas jurídicas gerais; é necessário que
se saiba qual, dentre os vários igualmente
competentes, será o juízo responsável concretamente
pela demanda ajuizada. É necessário que se
determine, in concreto, qual o juízo que será o
competente para o processamento e o julgamento da
causa.
O modo de determinar-se essa competência é
disciplinado pelo art. 43 do CPC.
(...)
A regra da perpetuação da jurisdição compõe o
sistema de estabilidade do processo, ao lado, por
exemplo, daquelas decorrentes do art. 329 do CPC.
Neste exato momento (registro ou distribuição), firma-
se e perpetua-se a competência do juízo e nenhuma
modificação do estado de fato (ex.: mudança de
domicílio do réu) ou de direito (ex.: ampliação do teto
da competência do órgão em razão do valor da
causa) superveniente poderá alterá- la.
(...)
As regras de distribuição servem para concretizar a
competência onde há mais de um juízo e foram
criadas para fazer valer o princípio do juiz natural -
que é, sobretudo, o juiz, o juiz legalmente competente.
Um dos requisitos para que se tenha um juiz natural é
a prévia fixação de regras para a divisão interna de
funções e atribuições nos locais onde houver mais de
um juízo abstratamente previsto como competente.
Concretiza-se, assim, a competência, de forma
equânime, sem que se defira às partes a
possibilidade de optar pelo órgão julgador de sua
preferência.
As regras de distribuição são cogentes. São, portanto,
regras de competência absoluta.
Humberto Theodoro Júnior, em parecer acerca da
admissibilidade da ação rescisória tombada sob o nº
46.595-0, que tramitava no Tribunal de Justiça do
Estado da Bahia, é taxativo ao dispor que "somente
se pode, em tal conjuntura, falar em incompetência
absoluta, já que o afastamento do juiz natural ou o
empecilho de acesso a ele apenas pode ser
qualificado com agressão a uma garantia
constitucional".
(...)
Assim, fraude à distribuição significa violação ao
princípio do juiz natural (art. 5º, Llll e LIV da C F) e às

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normas relativas à distribuição; por consequência,


levará à incompetência absoluta.
(...)
Há situações em que existem vários foros em
princípio competentes para o conhecimento e
julgamento de uma demanda; são os foros
concorrentes.
Em certos casos, há duas ou três opções (art. 47, §1º,
CPC; art. 53, V, CPC; art. 516, par. ún., CPC); em
outros, o número aumenta consideravelmente, como
nos casos das ações coletivas ressarcitórias em caso
de dano nacional (...).
(...)
O autor, diante dessas opções, exercita aquilo que já
se denominou de forum shopping: a escolha do foro
pelo demandante. Escolher o foro dentre aqueles em
tese competentes é direito potestativo do autor. (...).
É compreensível que, havendo vários foros
competentes, o autor escolha aquele que acredita ser
o mais favorável a seus interesses. É do jogo, sem
dúvida. Problema é conciliar o exercício desse direito
potestativo com a proteção da boa-fé. A escolha não
pode ficar imune è vedação ao abuso do direito, que é
exatamente o exercício do direito contrário à boa-fé.
(DIDIER JR. Fredie; Curso de direito processual civil:
introdução ao direito processual civil, parte geral e
processo de conhecimento. 18ª ed. – Salvador: Jus
Podivm, 2016, pp. 198-203 e 206-207)

Feitos estes balizamentos, verifico que as decisões proferidas


por Juízes de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de
Brumadinho contêm claro equívoco, pois desrespeitaram o direito de
escolha do foro de liquidação e execução da sentença coletiva, entre
os quatro que detêm competência concorrente, exercido pelo
demandante com arrimo na lei.
Paralelamente a este fato, este egrégio Tribunal de Justiça não
pode desconsiderar neste julgamento que, uma vez realizada a opção
por um dos foros concorrentes e extinta a respectiva ação sem
resolução do mérito, deve ser observada, na repetição da postulação,
a regra de prevenção do art. 286, inciso II, do Código de Processo

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

Civil, abaixo transcrito, correlacionada ao princípio da perpetuação da


competência:
286. Serão distribuídas por dependência as causas
de qualquer natureza:
(...)
II - quando, tendo sido extinto o processo sem
resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que
em litisconsórcio com outros autores ou que sejam
parcialmente alterados os réus da demanda;

Entendimento contrário importaria em inadmissível violação ao


princípio do juiz natural, pois, a pretexto de existência de multiplicidade
de foros competentes para a liquidação e cumprimento da sentença
coletiva, possibilitar-se-ia ao interessado que já tenha feito a opção por
um deles, com decisão a ele desfavorável, intentar novas ações
perante os outros Juízos, com o desiderato de tentar obter a tutela
perseguida a partir da reanálise da questão por Magistrado distinto do
que primeiro conheceu a demanda, situação essa rechaçada pelo
ordenamento jurídico pátrio.
Adotando o mesmo entendimento agora esposado, este egrégio
Tribunal de Justiça Mineiro já decidiu:
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA.
LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA
COLETIVA POR ARBITRAMENTO. EXTINÇÃO SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO. ABANDONO DE CAUSA.
REITERAÇÃO DO PEDIDO. DISTRIBUIÇÃO POR
DEPENDÊNCIA. PROCEDÊNCIA DO CONFLITO. - A
competência para julgar causa de qualquer natureza
quando, tendo sido extinto o processo sem resolução
de mérito, for reiterado o pedido, é do juízo ao qual o
feito foi distribuído originalmente por sorteio,
ocorrendo a distribuição por dependência, conforme
dispõe o art. 286, II do CPC de 2015. (TJMG, Conflito
de Competência n 1.0000.19.079890-0/000,
Relator(a): Des.(a) José Marcos Vieira, 16ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 27/11/2019, publicação da
súmula em 28/11/2019)

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

Logo, ainda que no caso concreto a repetição da demanda


idêntica perante foro diverso do primeiro eleito não tenha sido arbítrio
da parte requerente, mas determinação de pronunciamentos judiciais
equivocados emanados de Juízes de Direito do Sistema dos Juizados
Especiais Estaduais – circunstância essa que exigia, inclusive, a
suscitação de Conflito Negativo de Competência pelo Juízo da 2ª Vara
da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte,
conduta não adotada a tempo e modo –, esses sucessivos erros não
são hábeis a validar a atuação jurisdicional de Juízo incompetente, em
violação grave ao devido processo legal e, especialmente, ao princípio
da perpetuação da competência.
Apenas a título argumentativo, elucido que, mesmo se
inexistisse ajuizamento de demanda anterior perante foro concorrente,
e a parte interessa tivesse eleito, primariamente, o foro da Comarca de
Belo Horizonte para liquidar e executar o julgado coletivo – já que nele
está o Juízo prolator do título executivo judicial – não seria o caso de
reconhecer a prevenção do Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública e
Autarquias da Comarca de Belo Horizonte para a presente ação.
Ora, a competência concorrente de foros para a liquidação e
execução do julgado coletivo não afasta a necessidade de se observar
as normas de organização judiciária, relativas a cada uma daquelas
unidades territoriais jurisdicionais.
Corroborando o exposto:
Por questão organizacional, o constituinte originário e
o legislador ordinário optaram por distribuir a função
jurisdicional (que, lembre-se, é una) entre vários
órgãos, levando em conta diversos critérios (valor da
causa, matéria e pessoas envolvidas no processo,
critérios de funcionalidade e territorialidade). Assim é
que a Constituição previu que ao STF caberá o
julgamento da ADI em face de lei federal e o CPC
prevê que, em regra, a ação que verse sobre direito
pessoal deve ser proposta no domicílio do réu (art.

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

46) e a ação de direito real, sobre imóveis, no foro da


situação da coisa (art. 47).
A essa limitação da atuação de cada órgão
jurisdicional, foro, vara, tribunal, dá-se o nome de
competência. Competência é a demarcação dos
limites em que cada juízo pode atuar; é a medida da
jurisdição.
Para que seja válido o processo, portanto, é
necessário que o órgão jurisdicional que o presidirá e
proferirá o julgamento seja competente para tanto.
Aliás, o julgamento por órgão competente é direito
fundamental do indivíduo e decorre da garantia ao
juízo natural.
(...)
Por questões organizacionais relativas à divisão do
trabalho, o legislador, levando em conta diversos
critérios, distribuiu o exercício da função jurisdicional
estatal entre vários órgãos. A essa limitação da
atuação de cada órgão jurisdicional, foro, vara ou
tribunal, dá-se o nome de competência. Competência
é, então, a demarcação dos limites em que cada juízo
pode atuar. Embora comumente se diga que
competência é a medida da jurisdição, isto é, a
jurisdição para o caso específico, deve-se frisar que a
questão não é, exatamente, de quantidade, mas dos
limites em que cada órgão pode exercer
legitimamente a função jurisdicional. Trata-se de
fixação de limites, não de mensuração de quantidade.
(...)
Não obstante grande parte da distribuição da
competência encontrar-se regulamentada por meio de
regras constantes da Constituição, do CPC e das Leis
de Organização Judiciária, os princípios têm grande
relevância na hora de definir qual é o juízo
competente.
(...)
Ressalte-se que a eventual especialização de varas
do Poder Judiciário não fere o princípio do juiz natural.
Essa foi, inclusive, a posição sustentada pelo
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC nº
88.660/CE, que considerou inexistir ofensa à
Constituição na hipótese de transferência de processo
para vara especializada, em virtude do que dispõe o
art. 96, I, “a”, do Texto Maior:
(...)
A jurisdição, como uma parcela de nossa soberania, é
exercida nos limites do território brasileiro. A

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

competência territorial ou de foro leva em conta a


divisão do território nacional em circunscrições
judiciárias.
Na Justiça Estadual, as circunscrições, que
correspondem a um ou mais municípios, denominam-
se comarcas. Cada juiz tem competência para julgar
as ações que, de acordo com o critério do Código,
devam ser propostas no juízo da sua comarca. Na
Justiça Federal comum, as circunscrições
denominam-se seções judiciárias e correspondem,
cada uma, ao território do respectivo Estado.
O Tribunal de Justiça de cada Estado tem jurisdição
sobre o respectivo Estado.
O STF e o STJ têm jurisdição sobre todo o território
nacional.
O Código regula exaustivamente a competência
territorial, estabelecendo um foro geral ou comum,
fixado em razão do domicílio do réu, e diversos foros
especiais, fixados em razão da situação da coisa
demandada, da qualidade das pessoas envolvidas no
litígio, entre outras circunstâncias.
(...)
A regra principal adotada pelo Código para distribuir a
função jurisdicional entre os diversos órgãos
jurisdicionais (foro da comarca de Belo Horizonte, de
Uberlândia, por exemplo) é a do foro geral ou comum.
A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada
em direito real sobre bens móveis serão propostas,
em regra, no foro do domicílio do réu (art. 46). Esse é
o foro geral.
Quando o réu tiver mais de um domicílio (arts. 70 a 78
do CC), ou for esse incerto ou ignorado, prevê o
Código foros subsidiários ou supletivos (art. 46, §§ 1º
a 4º) para a propositura da ação.
(...)
Outra regra adotada pelo Código para distribuir a
função jurisdicional no território brasileiro refere-se ao
estabelecimento de foros especiais para o julgamento
de certas demandas, foros esses que afastam as
normas gerais previstas no art. 46 e seus parágrafos.
(...)
A competência de foro é regulada pelo CPC e a
competência de juízo, pelas normas de
organização judiciária. (Donizedtti, Elpídio. Curso
didático de direito processual civil, 21. ed. São Paulo:

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Atlas, 2018, pp. 150, 187-188, 195-196 e 201)


(destaquei)

Logo, existindo varas especializadas no foro concorrente eleito


pela parte interessada em liquidar e executar sentença coletiva, como
ocorre na Comarca de Belo Horizonte, a observância das normas
internas de distribuição das competências é medida cogente.
E, a respeito da competência das Varas de Fazenda Pública e
Autarquias, a Lei Complementar Estadual nº 59/2001, que contém a
organização e a divisão judiciárias do Estado de Minas Gerais,
estabelece:
Art. 59 - Compete a Juiz de Vara de Fazenda Pública
e Autarquias processar e julgar causas cíveis em que
intervenham, como autor, réu, assistente ou
opoente, o Estado, os municípios, suas
autarquias, as empresas públicas, as sociedades
de economia mista e as fundações públicas,
ressalvada a competência:
I - dos Juizados Especiais Cíveis e da Fazenda
Pública;
II - do Juiz de Vara de Execuções Criminais, prevista
no inciso VIII do caput do art. 61;
III - onde não houver vara da Justiça Federal, as
decorrentes do § 3º do art. 109 da Constituição da
República, respeitada a competência de foro
estabelecida na lei processual.
§ 1º - As Varas de Fazenda Pública e Autarquias
poderão ter competência, na forma estabelecida em
resolução do órgão competente do Tribunal de
Justiça, para o julgamento das causas cíveis que
envolvam questões relacionadas com o meio
ambiente.

Por conseguinte, ainda que, no caso concreto, a sentença


coletiva tenha sido proferida por Juízo de Vara de Fazenda Pública e
Autarquia da Capital Mineira, por ter sido a ação coletiva proposta por
ente de federação que atraía a sua competência, a liquidação do
julgado, que guarda pertinência com direito patrimonial e disponível

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

apenas de pessoas privadas, obviamente não se insere no âmbito de


atribuições da vara especializada.
Na realidade, nas hipóteses em que os interessados venham a
eleger, primariamente, o foro da Comarca de Belo Horizonte para a
liquidação do acordo coletivo sob perspectiva, as respectivas
demandas estarão sujeitas à livre distribuição entre os Juízos da
Capital competentes para a ação envolvendo apenas privados.
Em idêntico sentido, este egrégio Tribunal de Justiça já decidiu,
como se depreende das razões de decidir dos seguintes julgados:
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA -
EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA
PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA - INEXISTÊNCIA
DE PREVENÇÃO DO JUÍZO PROLATOR DA
SENTENÇA. - Inexiste prevenção do juízo que
examinou o mérito da ação coletiva para o
cumprimento individual da sentença proferida no bojo
da referida ação. - Ainda que o foro eleito pelo
consumidor para o ajuizamento do cumprimento
individual de sentença coincida com aquele em que
foi proferido o julgado, como é o caso dos autos, não
há que se falar em prevenção da vara onde tramitou a
ação coletiva, devendo a execução deve ser
livremente distribuída por sorteio entre os juízes de
igual competência no referido foro. - Declarada a
competência do juízo suscitado. (TJMG, Conflito de
Competência n 1.0000.19.133359-0/000, Relator(a):
Des.(a) Lílian Maciel, 20ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 02/04/2020, publicação da súmula em
03/04/2020)

EMENTA: AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO - EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE
SENTENÇA COLETIVA - PREVENÇÃO DO JUÍZO
QUE JULGOU A AÇÃO COLETIVA - INEXISTÊNCIA
- NATUREZA INDIVIDUAL DA DEMANDA -
QUALIDADE DAS PARTES - VALOR DA CAUSA
INFERIOR A 60 SALÁRIOS MÍNIMOS -
COMPETÊCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL
DA FAZENDA PÚBLICA. - O julgamento da ação
coletiva não induz prevenção para o processamento
das liquidações e execuções movidas individualmente
pelos beneficiários da sentença coletiva, as quais
ficam sujeitas a livre distribuição. - Compete aos

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Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

Juizados Especiais da Fazenda Pública, em caráter


absoluto, processar e julgar execução individual de
sentença coletiva cujo valor da causa não ultrapassa
60 salários mínimos, promovida por pessoa natural
em face de ente público estadual ou municipal, nos
termos da Lei n. 12.153/2009. (TJMG, Agravo Interno
Cv n 1.0000.18.115457-6/002, Relator(a): Des.(a)
Maurício Soares, 3ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
11/04/2019, publicação da súmula em 12/04/2019)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO -


CUMPRIMENTO INDIVIDUAL DE SENTENÇA
COLETIVA - PREVENÇÃO - INEXISTÊNCIA -
EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ PARA LEVANTAMENTO
DE VALORES BLOQUEADOS EM CONTA PÚBLICA
- REPETIÇÃO DE RAZÕES JÁ ENFRENTADAS EM
RECURSO ANTERIOR - PRECLUSÃO -
UNIRRECORRIBILIDADE RECURSAL - REPETIÇÃO
DE INDÉBITO NOS PRÓPRIOS AUTOS -
POSSIBILIDADE. 1. Inexiste prevenção do juízo onde
tramitou a ação coletiva para processar e julgar as
posteriores execuções individuais. (...). (TJMG,
Agravo de Instrumento-Cv n 1.0000.18.144315-
1/002, Relator(a): Des.(a) Wagner Wilson, 19ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 14/11/2019,
publicação da súmula em 22/11/2019)

Concluo, pois, que foi proferida por Juízo incompetente para o


feito a r. sentença impugnada através do presente apelo, motivo pelo
qual reconheço, de ofício, a sua nulidade, para desconstituí-la e, com
fulcro no art. 64, §3º, do Código de Processo Civil, determino a
remessa dos autos para o Juízo da 2º Juizado Especial Cível da
Comarca de Brumadinho, prevento para a demanda pelos
fundamentos anteriormente postos.
Por fim, ressalto que devem ser adotadas as medidas do art.
510 da Lei Federal nº 13.105/2015 pelo Juízo competente, quando do
recebimento desta demanda em Primeiro Grau, em razão da norma
que emerge do art. 322, §2º, do Código de Processo Civil, como
decidido no âmbito da Apelação Cível nº 1.0000.20.498312-6/001.

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- DISPOSITIVO
Pelo todo o exposto, SUSCITO, de ofício, preliminar de nulidade
da sentença para desconstitui-la, determinando a remessa do feito
para o Juízo do 2º Juizado Especial Cível da Comarca de Brumadinho,
prevento para a demanda, perante o qual deve a ação ter regular
processamento.
Custas recursais na forma da lei.
É como voto.

DES. VERSIANI PENNA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. CARLOS HENRIQUE PERPÉTUO BRAGA

Ponho-me de acordo com o voto proferido pelo e. Relator,


Desembargador André Leite Praça, no sentido de reconhecer, de
ofício, a competência do Juízo do 2º Juizado Especial Cível da
Comarca de Brumadinho.
Todavia, em face da recomendação contida no voto do e.
Relator, ressalvo o posicionamento que tenho adotado de que somente
os legitimados para a propositura da ação coletiva podem postular o
auxílio emergencial.
Conforme tive a oportunidade de me manifestar no julgamento
do recurso de Agravo de Instrumento, tombado sob n°
1.0000.20.066297-1/001, em 20/02/2019, nos autos da ação de tutela
antecipada antecedente de n° 501079-36.2019.8.13.0024, proposta
pelo Estado de Minas Gerais contra a Vale S/A, entabulou-se acordo,
nos seguintes termos:

“(...)
As partes acordaram sobre os seguintes pontos a
seguir delineados.
Quanto ao ressarcimento do Estado, a Vale concorda
com o ressarcimento de todos os gastos do Estado de

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Minas Gerais, seus órgãos de atuação e sua


Administração Indireta, relacionados ao rompimento,
com comprovação mediante declaração do ordenador
de despesas.
A Vale obriga-se a contratar ou fornecer produtos e/ou
serviços necessários e tecnicamente adequados à
execução pelo Estado de Minas Gerais, seus órgãos
de atuação e sua Administração Indireta, dos
trabalhos emergenciais relacionados ao rompimento.
(...)
Quanto ao pagamento emergencial aos atingidos
e para início das indenização do dano difuso,
individual homogêneo ou indenizações individuais
de acordo com o que for decidido ao final do
processo, ficou estabelecido que todas as
pessoas que possuíam registro até a data do
rompimento da barragem nos seguintes
cadastros: Justiça Eleitoral, matrícula nas escolas
ou faculdades, Cemig, Copasa, Postos de Saúde,
Emater, Secretarias de Agricultura Municipais e
Estaduais, no CRAS ou no SUAS (Sistema Único
de Assistência Social) nas localidades de
Brumadinho, integralmente, e também nas
comunidades que estiverem a um quilômetro do
leito do Rio Paraopeba desde Brumadinho e
demais municípios na calha do rio, até a cidade de
Pompéu na represa de Retiro Baixo, receberão
pagamento de 1 (um) salário mínimo mensal para
cada adulto, 1/2 (meio) salário mínimo mensal
para cada adolescente e 1/4 (um quarto) de salário
mínimo para cada criança, pelo prazo de um ano,
a contar da data do rompimento da barragem. Os
valores despendidos a esse título são irrepetíveis,
de modo que, se ao final se houver valor pago
mais pela Vale não poderá requerer a sua
devolução.
(...)
Os valores decorrentes desse acordo não afetarão
valores a serem pagos por danos socioambientais,
ficando restrito aos valores decorrentes de fatores
socioeconômicos que serão inclusive expressamente
registrados na ação proposta pelo Ministério Público
Estadual.
A Vale requereu que se constasse que as partes
atingidas podem atuar para solucionar
individualmente qualquer interesse individual
atingido independente desta ação. A Defensoria
requereu que se constasse que tudo foi ajustado

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respeitada a autonomia da vontade de cada


pessoa.” (GN)

A Vale S/A se comprometeu a pagar um auxílio emergencial às


pessoas que possuíssem registro nos cadastros arrolados no acordo –
Justiça Eleitoral, matrícula nas escolas ou faculdades, Cemig, Copasa,
Postos de Saúde, Emater, Secretarias de Agricultura Municipais e
Estaduais, no CRAS ou no SUAS (Sistema Único de Assistência
Social) -, até a data do rompimento da barragem, na localidade de
Brumadinho e nas comunidades localizadas em até um quilômetro do
leito do Rio Paraopeba.
Além disso, constou expressamente do acordo que,
independentemente do que se decidisse naqueles autos, as partes
atingidas poderiam ajuizar ações autônomas, pleiteando direitos
individuais.
Ocorre que, em razão do que se acordou, os interessados
ajuizaram incontáveis demandas individuais, pleiteando o pagamento
do auxílio emergencial.
Diante do volume das demandas, surgiu o questionamento
quanto à natureza desse benefício, isto é, se se tratava de um direito
difuso ou coletivo strictu sensu ou de um direito individual homogêneo.
A diferença reside na indivisibilidade do direito material, na
possibilidade de fracionamento do objeto, o que reflete,
consequentemente, na forma em que será cobrado judicialmente.
Lecionam, sobre o tema, Sérgio Cruz Arenhart e Gustavo Osna:

“Nos termos do nosso microssistema de processo


coletivo, porém, constata-se que há elementos
comuns à medida coletiva e às eventuais medidas
individuais. (...) E é por força disso que, partindo-se
da lógica da coisa julgada in utilibus, permite-se o
aproveitamento individual de eventual decisão
favorável proferida na esfera coletiva a respeito

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desses pontos. Em resumo, eventual condenação por


dano metaindividual relacionado ao incidente poderia,
então, autorizar liquidações e execuções de prejuízos
individuais – tomando-se o acertamento coletivo como
premissa.
Diante desse cenário, obviamente poderiam surgir
diferentes indagações: tendo o litígio coletivo
versado sobre a proteção de direitos difusos ou
coletivos, seria idôneo transportar a sua decisão
para o plano eminentemente individual? Nessa
hipótese, como o réu coletivo poderia antever
eventual dimensão a ser futuramente atribuída à
decisão originária – defendendo-se adequadamente?
Mais que isso, seria o caso de cogitar a respeito de
eventuais limitações territoriais ou materiais ligadas a
esse impacto?
(...)
Em relação à tutela ressarcitória de direitos
difusos e coletivos, pouca diferença há em relação
ao processo individual. A liquidação e a execução
seguem os parâmetros tradicionais, podendo ser
iniciadas por qualquer um dos legitimados para a
ação coletiva. Tratando-se de ação coletiva ajuizada
por associação, caso esta não proceda à execução
do julgado em sessenta dias, ao contar do trânsito em
julgado da sentença, toca ao Ministério Público o
dever de fazê-lo, facultando a mesma iniciativa aos
demais legitimados (art. 15, da Lei 7.347/85). O
produto dessa execução é destinado ao Fundo
público, gerido por um conselho federal ou conselhos
estaduais (com participação do Ministério Público e de
integrantes da comunidade), que deve aplicar esses
recursos na composição dos bens lesados (art. 13, da
Lei 7.347/85)”.
(Curso de processo civil coletivo – São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2019 - p. 236/237 e 321)

Em outras palavras, tratando-se de direito individual


homogêneo, faz-se obrigatória a liquidação individual da sentença
coletiva, a fim de se definirem o quantum debeatur e a própria
legitimidade ad causam (condição de credor) do indivíduo.
Por outro lado, quando o direito reconhecido for difuso ou
coletivo strictu sensu, a liquidação será feita pelos legitimados à
propositura da ação coletiva, nos termos do art. 5º da Lei n°

Fl. 23/25

Número Verificador: 1000020577783200120211995043

Número do documento: 21072912504670500004864095419


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072912504670500004864095419
Assinado eletronicamente por: SILVIA MARIA DA MOTA CUNHA DIAS - 29/07/2021 12:50:46 Num. 4865953050 - Pág. 23
Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

7.347/1985 (Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados,


Distrito Federal, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações,
sociedades de economia mista e associações, desde que observadas
as exigências legais).
Na ocasião, destaquei que o MM. Juiz Elton Pupo Nogueira, nos
autos da ação de tutela antecipada antecedente, no bojo da qual se
celebrou o acordo ora discutido, definiu que o auxílio emergencial tem
caráter de direito coletivo strictu sensu, cujo escopo é “reestabelecer a
economia da região afetada ao mesmo tempo que impediu,
indistintamente, que pessoas dessa região não tivessem dinheiro para
o sustento próprio” (evento 56).
Pontuou, ainda, que a sua judicialização depende de pedido
formulado exclusivamente pelos autores da ação coletiva, ou seja, pelo
Estado de Minas Gerais e pelo Ministério Público de Minas Gerais.
Definida a natureza de direito coletivo, o MM. Juiz passou a
extinguir os pleitos individuais de pagamento da indenização
emergencial, por ilegitimidade ativa, prática reiterada em outros juízos.
Sendo assim, embora essa questão não seja objeto de
discussão neste momento, registro não ser oportuna a recomendação
ao Juízo do Juizado Especial Cível da Comarca de Brumadinho receba
a presente demanda como liquidação individual de sentença coletiva.
Feita essa ressalva, ponho-me de acordo com o e. Relator.
É como voto.

SÚMULA: "SUSCITARAM, DE OFÍCIO, PRELIMINAR


DE NULIDADE, PARA DESCONSTITUIR A SENTENÇA E
DETERMINAR A REMESSA DO FEITO AO JUÍZO PREVENTO PARA
A DEMANDA."

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Número Verificador: 1000020577783200120211995043

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Assinado eletronicamente por: SILVIA MARIA DA MOTA CUNHA DIAS - 29/07/2021 12:50:46 Num. 4865953050 - Pág. 24
Apelação Cível Nº 1.0000.20.577783-2/001

Documento assinado eletronicamente, Medida Provisória nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001.


Signatário: Desembargador ANDRE LEITE PRACA, Certificado:
657D4CAEB664E3E157A9BA86BD3227A7, Belo Horizonte, 17 de junho de 2021 às 14:29:33.
Signatário: Desembargador CARLOS HENRIQUE PERPETUO BRAGA, Certificado:
008F640F665FF963168B3C3459643CC0F1, Belo Horizonte, 17 de junho de 2021 às 14:41:46.
Julgamento concluído em: 17 de junho de 2021.
Verificação da autenticidade deste documento disponível em http://www.tjmg.jus.br - nº verificador:
1000020577783200120211995043

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Número do documento: 21072912504670500004864095419


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Assinado eletronicamente por: SILVIA MARIA DA MOTA CUNHA DIAS - 29/07/2021 12:50:46 Num. 4865953050 - Pág. 25
Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais
Tribunal de Justiça

Cartório da 19ª Câmara Cível - Afonso Pena 4001

Certidão

CERTIFICO que o (a) acórdão/decisão retro transitou


em julgado em 23/07/2021. O referido é verdade e dou
fé. Belo Horizonte, 23 de Julho de 2021. Eu, Laís
Miranda Breder Vieira, T0080960, Escrivã em
substituição do Cartório da 19ª Câmara Cível - Afonso
Pena 4001, assino digitalmente.

Certidão expedida – TJMG: fls. 1 de 1

Número do documento: 21072912504700600004864095422


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072912504700600004864095422
Assinado eletronicamente por: SILVIA MARIA DA MOTA CUNHA DIAS - 29/07/2021 12:50:47 Num. 4865953053 - Pág. 1
CARTÓRIO DA 19ª CÂMARA CÍVEL - AFONSO PENA
4001

CERTIDÃO

CERTIFICO que os originais dos autos do(a) Apelação Cível nº

1.0000.20.577783-2/001 (5097111-86.2020.8.13.0024), em que

figuram como Apelante JOSE LOIOLA DA ROCHA FILHO, e como

Apelado (a) VALE S/A, se encontram no banco de dados deste

Tribunal, acessíveis por meio do Portal do Processo Eletrônico da 2ª

Instância - JPe, no "site" do TJMG. O referido é verdade e dou fé.

Belo Horizonte, 28 de julho de 2021. Eu, Laís Miranda Breder

Vieira, T0080960, Escrivã em substituição do Cartório da 19ª

Câmara Cível - Afonso Pena 4001, assino digitalmente.

REMESSA

Nesta data remeto os autos à(ao) Juizado Especial da comarca de

Brumadinho . O(a) servidor(a), assino digitalmente.

Remetidos em 28/07/2021.

Documento emitido pelo SIAP :

Número do documento: 21072912504725400004864095424


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072912504725400004864095424
Assinado eletronicamente por: SILVIA MARIA DA MOTA CUNHA DIAS - 29/07/2021 12:50:47 Num. 4865953055 - Pág. 1
Processo n. 5010709-36.2019.8.13.0024

Vistos etc.

Nos termos da manifestação de Id. 4627023021, homologo a proposta apresentada


pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, para operacionalização do Programa de Transferência de renda e
gestão como auxiliar deste Juízo por meio de Termo de Cooperação Técnica similar ao realizado com o
CTC-UFMG.

Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Belo Horizonte, 29 de julho de 2021.

Paulo de Tarso Tamburini Souza

Juiz de Direito

2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias

Número do documento: 21072914123756300004866670373


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914123756300004866670373
Assinado eletronicamente por: PAULO DE TARSO TAMBURINI SOUZA - 29/07/2021 14:12:38 Num. 4868553004 - Pág. 1
SEGUE PDF.

Número do documento: 21072914252879900004867620391


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Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:29 Num. 4869503022 - Pág. 1
Número do documento: 21072914252957800004867790386
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914252957800004867790386
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:30 Num. 4869663017 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253069100004867790390
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253069100004867790390
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:31 Num. 4869663021 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253125400004867790402
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253125400004867790402
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:32 Num. 4869663033 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253252000004867790409
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253252000004867790409
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:33 Num. 4869663040 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253252000004867790409
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253252000004867790409
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:33 Num. 4869663040 - Pág. 2
Número do documento: 21072914253398000004867790411
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253398000004867790411
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:34 Num. 4869663042 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253474700004867755415
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253474700004867755415
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:35 Num. 4869633046 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253531700004867755418
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253531700004867755418
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:35 Num. 4869633049 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253592900004867755425
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253592900004867755425
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:36 Num. 4869633056 - Pág. 1
Número do documento: 21072914253592900004867755425
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21072914253592900004867755425
Assinado eletronicamente por: LAIS PRISCILA DA SILVA ELLER - 29/07/2021 14:25:36 Num. 4869633056 - Pág. 2

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