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- DOS FATOS
Os autores, conforme comprovam documentos anexos, são uma
família de 04 (quatro) integrantes, sendo 02 (dois) maiores casados, e 02 (duas)
crianças. Estes são moradores e pertencem à comunidade do bairro
CITROLANDIA em Betim/MG, desde o dia 03 de Janeiro de 2019, portanto
anteriormente aos desastres e do rompimento da barragem de propriedade da ré,
ocorrida em 25 de janeiro de 2019. A empresa ré, em virtude dos desastres
ocasionados, inclusive de aspecto social, em acordo nos autos do processo de nº:
5010709-36.2019.8.13.0024, que tramitou perante esta 2ª Vara da Fazenda
Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte/MG, se obrigou a pagar
mensalmente uma indenização emergencial nos valores de 01 (um) salário
mínimo mensal para cada adulto, ½ (meio) salário mínimo mensal para cada
adolescente e ¼ (um quarto) de salário mínimo mensal para cada criança, pelo
prazo de um ano, a contar do rompimento da barragem, integralmente aos
atingidos de Brumadinho e também nas comunidades que estiverem até um
quilômetro do leito do rio Paraopeba desde Brumadinho e demais municípios na
calha do rio, até a cidade de Pompéu na represa de Retiro Baixo, desde que
comprovem residência até a data tragédia.
Após decorrido o primeiro ano, a partir de janeiro de 2020, em novo
acordo ficou determinado que os auxílios seriam no importe de ½ (meio) salário
mínimo mensal para cada adulto, ¼ (um quarto) salário mínimo mensal para cada
adolescente e 1/8 (um oitavo) de salário mínimo mensal para cada criança, o que
vem sendo pago até os dias de hoje.
Ocorre que os autores, apesar de preencherem todos os requisitos
para fazer jus à indenização e de comprovar documentalmente (documentos
anexos), teve seu direito negado pela ré sobre o argumento vazio de não
preencher os requisitos para tanto, conforme e-mail respondido sob o Protocolo
nº 20210325112245619, registrado no dia 25/03/2021 08: 22 hs, onde a empresa
ré coloca em dúvida da fidedignidade, sem qualquer fundamento, ou apenas se
utilizando de um pretexto, contra o comprovante de endereço já apresentado e
sido analisado anteriormente, tendo sua veracidade comprovada para o
deferimento do benefício.(Documentos anexos).
Vale asseverar ainda que, a maioria dos vizinhos dos autores estão
recebendo o auxílio mensalmente que demonstra a evidente falha da parte ré. Por
diversas oportunidades os autores buscaram a tentativa de solucionarem o
imbróglio de forma extrajudicial, a fim de demonstrar as suas qualidades de
detentores do direito de receber o auxílio, todas elas infrutíferas. Diante do
completo descaso da Requerida e das inúmeras tentativas de resolver
amigavelmente o presente imbróglio, sem que fosse necessário acionar o
Judiciário, vem os autores à presença deste douto juízo, humildemente, expor e
requerer a devida tutela jurisdicional.
Endereço: Rua Simonesia, nº 656, Ind. São Luiz – Betim/MG
CEP: 32675-595 Cel: (31) 99756-6480 e-mail: dreliasbatista@gmail.com
DO DIREITO
Nesse sentido, tendo em vista que os valores emergenciais a serem
pagos à coletividade de Brumadinho ou à coletividade das comunidades que se
encontram até um quilômetro do rio Paraopeba, são, em verdade, uma
indenização em virtude de um dano socioambiental ocasionado pela ré, não
restam dúvidas de que a parte autora deve ser beneficiada, nos termos do art. 186
e 927 e § único, do Código Civil Brasileiro, bem como nos termos do art. 5º, inciso,
X, da Carta Magna. Vejamos:
Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito”.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo’.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.
Ainda sob a ótica constitucional, temos o princípio da isonomia que
garante igualdade de tratamento. Ora, se os autores cumprem todos os requisitos,
não tem motivos para que se negue o pagamento. Nas lições de Bernardo
Gonçalves Fernandes:
“Isonomia - cuja observância vincula todas as
manifestações do Poder Público - deve ser considerado, em sua
precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios,
sob duplo aspecto:
a) o da igualdade na lei e
b) o da igualdade perante a lei.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Em acordo ao disposto na Lei 1.060/50, e nos termos do art. 5°,
LXXIV da Constituição Federal/ 1988, bem como no art. 1° da lei n°5.478/68, os
requerentes declaram para todos os fins de direito e sob as penas da lei, estarem
na condição de hipossuficientes, não dispondo de meios a arcar com pagamento
de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento e de
sua família, pelo que requer desde já, os benefícios da justiça gratuita. Aliás,
sedimentado o praticado pelos Tribunais pátrios acerca da gratuidade de justiça,
o Código de Processo Civil/2015 assim dispôs: Art. 99. (...) § 2º O juiz somente
poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta
dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de
indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos:
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural. § 4º A assistência do requerente
por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da
justiça. Por todo o exposto, firmes que estas circunstâncias em nada
obstam o benefício ora pleiteado pelos requerentes e que a simples
afirmação na exordial se coaduna com a presunção de veracidade
garantida pelo Novo Código de Processo Civil. Credita-se que essas
sejam suficientes a fazer prova da hipossuficiência financeira desta,
desde logo se requer que, se digne Vossa Excelência a deferir o
beneficio pleiteado.
PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Endereço: Rua Simonesia, nº 656, Ind. São Luiz – Betim/MG
CEP: 32675-595 Cel: (31) 99756-6480 e-mail: dreliasbatista@gmail.com
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca de BELO HORIZONTE / 2ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte
TERMO DE JUNTADA
PROCESSO Nº 5010709-36.2019.8.13.0024
REQUERENTE: ESTADO DE MINAS GERAIS, DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, MINISTÉRIO
PÚBLICO - MPMG
Certifico e dou fé que, junto aos autos o(s) seguinte(s) documento(s): Petição da Comissão de
Vereadores da Câmara Municipal de Brumadinho
<CABBCAADDAABCCBBADCAAAADDBAADCCDAABAADDADAAAD>
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – DIREITO PROCESSUAL CIVIL –
PRETENSÃO VOLTADA À INSERÇÃO EM CADASTRO DE PESSOAS
APTAS AO RECEBIMENTO DE AUXÍLIO EMERGENCIAL, PREVISTO EM
ACORDO CELEBRADO DA AÇÃO COLETIVA Nº 5010709-
36.2019.8.13.0024 – AUTOCOMPOSIÇÃO JUDICIAL, HOMOLOGADA
JUDICIALMENTE, QUE CONTÉM OBRIGAÇÃO COM NATUREZA
JURÍDICA DE DIREITO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO – POSSIBILIDADE DE
TRANSPORTE IN UTILIBUS, ATRAVÉS DE LIQUIDAÇÃO IMPRÓPRIA DO
TÍTULO COLETIVO – FORO COMPETENTE – MULTIPLICIDADE –
POSSIBILIDADE DE OPÇÃO PELO INTERESSADO – EXERCÍCIO DO
DIREITO DE ESCOLHA – EXTINÇÃO DO PRIMEIRO FEITO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO – REITERAÇÃO DA POSTULAÇÃO –
DISTRIBUIÇÃO DA SEGUNDA DEMANDA REALIZADA POR
DEPENDÊNCIA PERANTE O JUÍZO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA E
AUTARQUIAS DA COMARCA DE BELO HORIZONTE – EQUÍVOCO
MANIFESTO RECONHECIDO DE OFÍCIO – MANIFESTAÇÃO ANTERIOR
DE JUÍZES DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS EM SENTIDO
CONTRÁRIO – IRRELEVÂNCIA – SENTENÇA DESCONSTITUÍDA –
REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO DA 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA
COMARCA DE BRUMADINHO.
Conforme decidido no julgamento da Apelação Cível nº
1.0000.20.498312-6/001, o Auxilio Emergencial, previsto na
autocomposição firmada em ação ajuizada pelo Estado de Minas Gerais
em desfavor da VALE S/A – ajuste no qual intervieram os Ministérios
Públicos, Federal e Estadual, as Defensorias Públicas Federal e Estadual
e a Advocacia Geral da União –, é obrigação que possui clara natureza
de direito individual homogêneo, pois ela tem como beneficiários
pessoas indeterminadas, mas determináveis, que comprovarem, através
dos meios estabelecidos no acordo, residência na cidade de
Brumadinho e demais comunidades localizadas até 01 (um) quilômetro
de distância do leito do Rio Paraopeba até a calha desse curso d’água,
situada na represa de Retiro Baixo, em Pompéu, no momento do evento
ambiental lesivo. Logo, existindo um título judicial coletivo contendo
tese jurídica geral sobre direito individual homogêneo, ele é passível de
transporte in utilibus para a esfera jurídica de particular, através de
liquidação imprópria, seara adequada para a apuração da titularidade do
crédito pelo demandante, a partir da observância dos termos estritos do
acordo coletivo. Entendimento que coaduna com o princípio da
inafastabilidade da Jurisdição.
A sistemática do processo coletivo pátrio autoriza aos supostos
beneficiários eleger, entre quatro concorrentes – foro que processou a
causa originalmente, foro de domicílio do executado, foro do bem que
pode ser expropriado e foro de domicílio do exequente –, o foro de
liquidação e execução do título executivo coletivo judicial.
Fl. 1/25
ACÓRDÃO
Fl. 2/25
VOTO
Fl. 3/25
- ADMISSIBILIDADE
Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de
admissibilidade.
Fl. 4/25
Fl. 5/25
Fl. 6/25
Fl. 7/25
Pois bem.
Conforme os documentos insertos às Ordens 48 a 53, a
postulação encartada na presente ação nº 5097111-86.2020.8.13.0024
– ajuizada em 21/07/2020 e distribuída por dependência à Ação
Coletiva nº 5010709-36.2019.8.13.0024 perante o Juízo da 2ª Vara da
Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte –, foi
apresentada anteriormente perante o Juízo da 2º Juizado Especial
Cível da Comarca de Brumadinho no âmbito da ação nº 5001661-
49.2019.8.13.0090, proposta em 31/07/2019.
Em tal feito idêntico anterior, foi proferida sentença, em
05/08/2019, nos seguintes termos:
Tratando-se de cumprimento de decisão proferida
pelo juízo da 6ª Vara da Fazenda Pública e
Autarquias da
comarca de Belo Horizonte/MG, consoante termo de
acordo retro, declaro-me incompetente para o
processo e julgamento do feito, razão pela qual julgo
extinto o feito, sem resolução de mérito. (fl. 03 de
ordem 50)
Fl. 8/25
Fl. 9/25
Fl. 10/25
Fl. 11/25
Fl. 12/25
Fl. 13/25
Fl. 14/25
Fl. 15/25
Fl. 16/25
Fl. 17/25
Fl. 18/25
Fl. 19/25
- DISPOSITIVO
Pelo todo o exposto, SUSCITO, de ofício, preliminar de nulidade
da sentença para desconstitui-la, determinando a remessa do feito
para o Juízo do 2º Juizado Especial Cível da Comarca de Brumadinho,
prevento para a demanda, perante o qual deve a ação ter regular
processamento.
Custas recursais na forma da lei.
É como voto.
“(...)
As partes acordaram sobre os seguintes pontos a
seguir delineados.
Quanto ao ressarcimento do Estado, a Vale concorda
com o ressarcimento de todos os gastos do Estado de
Fl. 20/25
Fl. 21/25
Fl. 22/25
Fl. 23/25
Fl. 24/25
Fl. 25/25
Certidão
CERTIDÃO
REMESSA
Remetidos em 28/07/2021.
Vistos etc.
Juiz de Direito