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AO JUÍZO DO NÚCLEO DE JUSTIÇA PREVIDENCIÁRIO 4.

0,

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
– PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

IVONEI AMORIM RODRIGUES DOS SANTOS, brasileiro, solteiro,


deficiente, portador da Carteira de Identidade nº. 026026912003-0, SSP/MA,
inscrito no CPF sob o nº. 027.056.273-75, nascido em 02/06/1986, filho de
Carmelita dos Santos Amorim, residente e domiciliado na Rua Cícero Margarida 52,
Centro do município de Aguiarnópolis/TO, sem endereço eletrônico, vem, por
intermédio de seu procurador que esta subscreve, regularmente inscrito na OAB/TO
sob o n° 6.259, com escritório profissional sito no endereço relacionado no rodapé
desta página, onde indica para recebimento das notificações forenses de estilo,
indicando serem desnecessárias quaisquer intimações de caráter pessoal
da parte autora, propor a presente:

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA À


PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, pessoa


jurídica de direito público, com procuradoria regional em Palmas/TO, na ACSI SO
20, Conj. 2, LT 05, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

DA ADESÃO AO JUÍZO 100% DIGITAL

De início a parte autora vem manifestar expressa anuência pela


adesão ao juízo 100% digital, concordando, assim, que todos os atos
processuais possam ser praticados exclusivamente por meio eletrônico e remoto,
em conformidade com a Resolução do CNJ nº 345/2020, à exceção da perícia
médica.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Palmas: Av. JK, 105 Norte, Lote 21, Tel.: (63) 3215-8258 / (63) 3215-2313
E-mail: arimartinsadv@hotmail.com
De início, impende expor que a parte autora não possui condições de
pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família,
conforme consta da declaração de pobreza em anexo.

Ademais, nos termos do artigo 99, §3° do Código de Processo Civil,


milita em seu favor a presunção de veracidade da declaração de pobreza por ela
firmada, fazendo jus à concessão da gratuidade da Justiça, na forma do Art. 98, do
CPC C/c inciso LXXIV, do Art. 5º, da CF.

DA AUSÊNCIA DO INTERESSE EM AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de produção de provas no presente feito,


o autor vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso VII do CPC/2015, que
não há interesse na realização de audiência de conciliação ou de mediação, haja
vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade de que ambas as
partes dispensem a sua realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do
CPC/2015.

DOS FATOS

O autor requereu junto ao INSS, em 08/12/2021, o Benefício de


Prestação Continuada à Pessoa com Deficiência (NB: 710.596.905-0), o qual fora
indeferido perante o argumento de “cadastro único desatualizado”.

Entretanto, conforme cópia do Processo Administrativo em anexo, a


parte autora promoveu a juntada da folha resumo de seu Cadastro Único
devidamente atualizado, inclusive, a data de atualização ocorreu um dia antes do
requerimento administrativo.

Veja-se:

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Sendo assim, resta nítido que a decisão administrativa fora
totalmente injusta, vez que o Sr. Ivonei, preencheu devidamente os requisitos para
a concessão do benefício pretendido, vejamos:

- DO IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO -

Conforme laudo médico em anexo, a parte autora possui Cegueira


em um olho (CID 10 H54.4) e Cicatrizes coriorretinianas (CID 10 H31.0).

A visão monocular é quando a pessoa só consegue enxergar com


apenas um dos olhos. Isto quer dizer, quando a perda da visão de um olho é
grande ou 100%. Isso acaba prejudicando a percepção sensorial, deixando a
pessoa mais vulnerável do lado cego.

Essa foi considerada uma deficiência por lei em 2021, pois a visão
monocular dificulta o exercício de algumas atividades diárias, dessa forma, o
Governo entendeu a necessidade de oferecer também para essa categoria o direito
a benefícios previdenciários e assistenciais.

No caso em tela, temos que o autor perdeu 100% de sua visão do


olho esquerdo, causando perda de profundidade, ardência intensa no olho em que
se perdeu a visão, além da impossibilidade de realizar com normalidade atividades
simples do dia a dia, como cozinhar, costurar e fazer a barba e etc.

Além disso, as cicatrizes coriorretinianas causam inflamação, dor,


vermelhidão, sensibilidade à luz, visão turva e aumento da pressão intraocular.

Aliás, a Lei n°. 14.126/2021 consolidou o entendimento


jurisprudencial dominante no sentido de que a cegueira em um olho (visão
monocular) é classificada como deficiência para todos os efeitos legais:

Art. 1º Fica a visão monocular classificada como deficiência


sensorial, do tipo visual, para todos os efeitos legais.

Parágrafo único. O previsto no § 2º do art. 2º da Lei nº 13.146,


de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência),
aplica-se à visão monocular, conforme o disposto
no caput deste artigo.

No ponto, salienta-se que é desnecessário esforço para concluir que


um indivíduo com visão monocular possui inúmeras desigualdades latentes
com relação aos demais indivíduos com visão “normal” da sociedade.

Diante do exposto, é evidente que a deficiência que acomete o autor


se trata de impedimento de longo prazo de natureza física, sensorial (visão), e que,
em interação com diversas barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade.

- DA VULNERABILIDADE SOCIOECONÔMICA -

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Além da deficiência que se apresenta como fator obstrutivo de sua
participação em sociedade, o autor encontra-se em situação de extrema
vulnerabilidade financeira e social, vez que reside sozinho e é incapaz de prover e
manter sua dignidade, tendo em vista que não possui nenhuma fonte de renda fixa,
estando em estado de extrema vulnerabilidade econômica.

Sendo assim, conforme extrato CNIS em anexo, a parte autora não


possui nenhum vínculo empregatício ou fonte de renda, restando cristalina a sua
condição de miserabilidade.

Dessa forma, a parte autora preencheu devidamente o requisito da


vulnerabilidade socioeconômica, conforme demonstra a regra do parágrafo 3º, do
art. 20 da Lei 8.742/93, atualizado pela nova Lei N° 13.982/2020, sendo-lhe
necessário o percebimento do benefício assistencial para que possa manter seu
próprio sustento.

Em síntese:

GRUPO FAMILIAR
DATA DE
NOME PARENTESCO RENDA ORIGEM
NASCIMENTO
Ivonei Amorim Não
02/06/1986 Autor X
Rodrigues dos Santos possui
RENDA FINAL R$ 00,00
RENDA PER CAPITA R$ 00,00

Dito isto, resta evidente que a decisão administrativa fora totalmente


injusta, de modo que o autor não viu alternativa senão ingressar com a presente
demanda judicial com escopo de ter seu benefício concedido como medida de
justiça.

DOS FUNDAMENTOS

A pretensão da parte Autora encontra respaldo legal no artigo 203, V,


da Constituição Federal, no artigo 20 da Lei 8.742/93 (regulamentado pelo Anexo
do Decreto do Decreto nº 6.214/07) e demais normas aplicáveis.

De acordo com a legislação inerente à matéria, é devido o benefício


àquelas pessoas deficientes ou idosas (idade igual ou superior a 65 anos) que não
possuem condições de prover o próprio sustento por seus próprios meios, nem de
tê-lo provido pelo núcleo familiar.

Quanto ao requisito da deficiência, o parágrafo 3º, do artigo 20 da Lei


Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei 8.742/93), estabelece que se considera
pessoa com deficiência:

Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada,


considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.
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Insta-se ressaltar que, a regra do parágrafo 3º, do art. 20 da Lei
8.742/93, atualizado pela nova Lei N° 13.982/2020, não deve ser vista como
limitação dos meios de prova da condição de vulnerabilidade do necessitando, mas
sim como mero parâmetro de interpretação ampliativa do texto legal. Desta
maneira, trata-se de base para avaliação da miserabilidade, e não barreira para a
prestação do direito pretendido.

Sendo assim, após a instrução processual, restará plenamente


comprovado que a parte autora satisfaz todos os requisitos necessários à percepção
do benefício pleiteado.

DA PROVA PERICIAL

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos. Assim, considerando que a prova pericial é fundamental para o deslinde
das questões ligadas ao presente feito e para uma adequada análise da situação
apresentada pelo demandante, requer, desde já, a realização de perícia médica e
perícia social.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A prioridade na tramitação do feito, nos termos do artigo art. 2º e 9º


da Lei n°. 13.146/2015;

b) A concessão do benefício da justiça gratuita, por ser pobre na forma


da lei, nos termos do art. 98 do CPC;

c) O deferimento do pedido de opção pelo juízo 100% digital;

d) A dispensa da audiência de conciliação e mediação pelos motivos


anteriormente expostos;

e) A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal, para,


querendo, contestar e presente ação;

f) A produção de prova pericial com respectiva designação de


perícia médica, para comprovação da deficiência do requerente;

g) A produção de prova pericial com respectiva designação de


perícia social para comprovação da miserabilidade do requerente;

a) Ao final, a procedência total da demanda, para condenar o INSS a


conceder ao autor o Benefício Assistencial de Prestação
Continuada à Pessoa com Deficiência, pagando as parcelas vencidas
a partir da data do requerimento administrativo (08/12/2021), bem
como as vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a
data do efetivo pagamento;

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b) A concessão de tutela antecipada por ocasião da sentença, em
caso de procedência dos pedidos, determinando-se que a implantação
ocorra de imediato, sob pena de multa;

c) A condenação do Requerido ao pagamento de custas processuais


e sucumbenciais sobre o valor da condenação, na forma do art. 85,
§ 2º e §3º do C.P.C., em percentual condizente com a complexidade do
trabalho efetuado e o grau de zelo pelo interesse da parte autora.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 39.034,34 (trinta e nove mil, trinta e


quatro reais e trinta e quatro centavos)

PARCELAS VENCIDAS PARCELAS VINCENDAS VALOR TOTAL


R$ 23.194,34 R$ 15.840,00 R$ 39.034,34

Termos em que, pede e espera deferimento.

Palmas/TO, 17 de maio de 2023.

FELIPE VIEIRA SOUTO


OAB/TO 6.259

WF

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ROL DE QUESITOS PARA PERÍCIA MÉDICA

Vem a parte Autora, com fulcro no artigo 465, § 1º, III, do CPC, bem como
artigo 12, § 2º, da Lei 10.259/01, apresentar quesitos próprios, a serem
respondidos pelo Perito Judicial.
Nos termos da Resolução nº 2.183/2018 do Conselho Federal de Medicina:

A Lei n°. 14.126/2021 consolidou o entendimento de que Cegueira em


1 um olho (CID 10 H54.4) é considerado deficiência para todos os efeitos
legais, o autor possui Cegueira em um olho (CID 10 H54.4)?

ROL DE QUESITOS PARA AVALIAÇÃO SOCIAL

Vem a parte Autora, com fulcro no artigo 465, § 1º, III, do CPC, bem como
artigo 12, § 2º, da Lei 10.259/01, apresentar quesitos próprios, a serem
respondidos pelo Perito Judicial.

Descreva apenas as pessoas do grupo familiar, de acordo com o art. 20, § 1º


1
da Lei 8.742/93, que residem sobre o mesmo teto da parte autora.

Alguma dessas pessoas que compõem o grupo familiar recebe benefício


previdenciário do Regime Geral da Previdência Social ou do serviço público?
2
Caso positivo, especifique a espécie de benefício e o valor atual dos
respectivos proventos.

A parte autora necessita tomar medicamentos constantemente em razão de


sua deficiência ou doença? Os medicamentos são comprados ou retirados no
3
posto de saúde? Se comprados, qual o gasto mensal com tais medicamentos
e por qual motivo não são obtidos do poder público?

Diante de todo o exposto, a parte autora vive em situação de


4
vulnerabilidade?

Outros esclarecimentos que possam melhor elucidar a causa (em especial se


5
há evidente miserabilidade).

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