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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ DE DIREITO DA __

VARA DA COMARCA DE CIDADE/ES.

Fulana de Tal, menor impúbere, brasileira, solteira, portadora da cédula

de identidade RG nº 000, inscrita no cadastro de pessoas físicas sob o nº 000,

representada por sua genitora Beltrana de Tal, brasileira, solteira, desempregada,

portadora do documento de identidade sob o n°0000, CPF sob o nº 000, ambas

residentes e domiciliadas na Rua Luís Inácio Lula da Silva, cidade, CEP, por meio de

seu advogado que esta subscreve com endereço profissional na Rua, cidade, cep, e-

mail: @gmail.com, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro

no art. 203, V, da Constituição da República, art. 2.º, I, alínea “e” e art. 20, caput e § 2º,

da Lei 8.742/1993, propor a presente:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE AMPARO

ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE,

Em desfavor do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, Autarquia

Federal, CNPJ nº. 29.979.036/0001-40, a ser citada na pessoa de seu representante legal,

com sede na Avenida, pelos fatos e fundamentos a seguir articulados.


I – PREAMBULARMENTE

I. 1 – Dos Benefícios da Justiça Gratuita

A garantia constitucional do acesso à justiça, também denominada de princípio

da inafastabilidade da jurisdição, está consagrada no artigo 5º, inciso XXXV da

Constituição Federal de 1988, que diz, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário

lesão ou ameaça a direito.

Assim, o direito do acesso à justiça supera uma garantia constitucional, sendo

elevado a uma prerrogativa de Direitos Humanos, revelando tamanha sua importância.

Buscando dar maior efetividade a essa garantia constitucional, a Lei nº

13.105/15 no inciso III, do art. 1072, revogou os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11º, 12º e 17º da Lei

nº 1.060/50, passando a lei revogadora a estabelecer as normas para a concessão de

assistência judiciária aos necessitados na forma do art. 98 e ss., da Lei nº 13.105/15, in

verbis:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou

estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as

despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à

gratuidade da justiça, na forma da lei.


Com efeito, o art. 99, do mesmo diploma legal, estabelece que o pedido de

justiça gratuita poderá ser formulado tanto na inicial, caso sub examine, como na

contestação, na petição de ingresso de terceiro ou em recurso.

Por conseguinte, o § 3º, do art. 99, aduz que presumem-se como verdadeiras as

alegações de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. E, por

arremate, o § 4º, do mesmo art. 99, estampa que mesmo que a parte seja representada

por advogado particular isso não impede a concessão da gratuidade da justiça.

Portanto, requer a Vossa Excelência seja deferido o benefício da Gratuidade de

Justiça, em todos os seus termos, a fim de que seja isento de qualquer ônus decorrente

do presente feito.

II – DOS FATOS

Em 00/11/2008 (DER), a Autora postulou junto ao INSS

requerimento administrativo de Benefício de Prestação Continuada a Pessoa Portadora

de Deficiência (NB).

No entanto, seu pedido foi indeferido, sob o argumento de que “não

atende ao critério de deficiência para acesso ao BPC - LOAS”, conforme se depreende

do indeferimento em anexo. No entanto, tal indeferimento mostra-se incoerente e

inconcebível e não merece prosperar, pelas razões a seguir aduzidas.

A Autora é portadora de Paralisia (CID) e, ao contrário do que afirma o Réu,

possui impedimentos de longo prazo para o exercício de atividade laborativa,

conforme laudo médico, assim como necessita de acompanhamento integral de sua

mãe, haja vista que não consegue fazer suas atividades habituais sem a ajuda de
terceiros, bem como restará provado pela perícia médica a ser realizada sobre o crivo

do contraditório neste processo.

Assim, o indeferimento do Benefício Assistencial a Autora é incoerente e

inconcebível, tendo em vista que possui todos os requisitos elencados na lei

autorizadora do benefício, quais sejam: “à pessoa com deficiência ou o idoso com 65

(sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria

manutenção nem de tê-la provida por sua família”.

III – DO DIREITO

O art. 203, inciso V, da Constituição Federal preceitua ipsis litteris:

Art. 203 - A assistência social será prestada a quem dela

necessitar, independentemente de contribuição à seguridade

social, e tem por objetivos:

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à

pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não

possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida

por sua família, conforme dispuser a lei.

O dispositivo em tela é claro ao prever a concessão do benefício àquele

deficiente ou idoso que comprove não possuir meio de garantir a própria

sobrevivência, ou que não possa tê-la garantida por sua família.

No que concerne à deficiência da Autora, portadora de sequela

de paralisia (CID), como consta no laudo médico emitido pelo especialista em

Ortopedia Dr. (CRM) acostado aos autos, tais sequelas ocasionaram à Autora
dificuldades para desempenha atividades básicas do seu dia a dia, necessitando assim

da ajuda constante de sua mãe.

Ademais, prevê a LOAS que o deficiente, para a percepção do

benefício, se caracteriza como aquela pessoa incapacitada para a vida independente e

para o trabalho (art. 20, §2º Lei nº 8.742/93).

E, assim se apresenta a Autora, pois enfrenta muitas dificuldades para realizar

suas tarefas rotineiras, impossibilitando que tenha uma vida independente, sendo

necessário a todo o momento o auxílio de um terceiro, que no caso é sua genitora.

Nesse contexto decidem nossos Tribunais:

PREVIDENCIÁRIO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DA

PRESTAÇÃO CONTINUADA. REQUISITOS LEGAIS.

INCAPACIDADE. SÚMULA 29 DA TNU.

I. Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade

para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais

elementares da pessoa, mas também a que impossibilita de prover ao

próprio sustento, conforme o enunciado da Súmula 29 desta TNU. III. A

incapacidade a que se refere a lei não exige que o demandante esteja

inapto para a prática de toda e qualquer atividade laboral, mas apenas

para aquelas que podem ser exercidas por ele, ou seja, devem ser

sopesados os padrões educacional, econômico e social em que o

deficiente se encontra inserido. (PU n. 2004.61.84.242410-1. SP. Relator

Juiz Marcos Roberto Araújo dos Santos. Turma Nacional de

Uniformização. Unânime. DJ 14.03.2008).

Em conformidade entende o Superior Tribunal de Justiça: “Com efeito, a

intenção do legislador, com fulcro no princípio da dignidade da pessoa humana, foi


proporcionar o benefício de prestação continuada à maior gama possível de

portadores de deficiência em situação de miserabilidade, a fim de garantir-lhes

uma sobrevivência digna. (...) Ante tais considerações, tenho que, no caso dos autos,

restou comprovada a incapacidade autorizadora da concessão do benefício, uma vez

que a perícia médica, realizada em 21/09/2013, apontou que o autor é portador de

epilepsia e sequela de cirurgia em tendão de Aquiles, há quatro anos, em fases

evolutivas. (...) Conclui pela incapacidade parcial e temporária (fls. 123-124). (...)

impedimentos de longo prazo, de natureza física que, em interação com diversas

barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em

igualdade de condições com as demais pessoas. Embora parcial (e temporária) a

incapacidade, o autor faz jus ao benefício assistencial enquanto não recuperar a

capacidade laborativa e passar por um processo de reabilitação profissional que

possibilite a sua inserção no mercado de trabalho. (...) A assistente social referiu que o

autor, em razão do rompimento no tendão, tinha dificuldade de locomoção, não

havendo condições de encostar o pé por inteiro no chão. (...) Com base em tais

informações, depreende-se que a parte autora está em evidente risco social,

necessitando do benefício assistencial para garantir uma sobrevivência digna. Em

vista disso, preenchidos ambos os requisitos legais, deve ser mantida a sentença

que determinou a concessão do benefício (...). (STJ - REsp: 1600046 PR 2016/0113808-

0, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de Publicação: DJ 14/11/2017).

Entretanto, a Autora coloca-se à disposição para a realização de perícia

médica judicial para comprovar seu impedimento de longo prazo de natureza física ou

sensorial, ensejador de total incapacidade para a vida independente.

Por outro giro, no que tange à situação de miserabilidade, a mesma é

incontroversa, tendo em vista que o Réu não se manifestou sobre esse ponto. Contudo,
mesmo não tendo sido o motivo do indeferimento, passa-se a demonstrar os

componentes do grupo familiar.

Verifica-se que o grupo familiar da Autora é composto pelas seguintes

pessoas: DESCREVER.

Ademais a renda família consiste em bicos que o pai da Autora Sr. realiza

eventualmente, auferindo renda em torno de R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês;

A Lei nº 8.742/93, que regulamentou o disposto na Constituição Federal,

definiu como limite de renda a ser considerado para a concessão do benefício de

amparo assistencial o total de 1/4 do salário mínimo, por membro da família, dispondo

no art. 20, § 3º:

Art. 20 - O benefício de prestação continuada é a garantia

de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência

e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não

possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la

provida por sua família.

(...)

§3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da

pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda

mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário

mínimo."

Ocorre que tal critério serve apenas como um norte ao aplicador do Direito, não

devendo ser tomado de forma absoluta, mas como uma medida objetiva na aferição do
grau de pobreza de determinada família.

Ademais para uma vida digna é necessário que o mínimo vital a existência do

ser humano lhes seja garantindo. Foi com nesta premissa que a Assistência Social foi

criada e alocada dentro ordenamento constitucional no art. 203 e regulamentada pela

Lei Federal nº. 8.748/93 alterada pela Lei n.º 12.435/11, justamente para dar amparo às

classes mais desfavorecidas do Estado, não abrangidas pelo sistema Previdenciário

pátrio.

Verifica-se, desse modo, que a Lei n° 8.742/93, visando facilitar a concessão do

referido benefício assistencial aos reconhecidamente pobres, conferiu maior celeridade

na análise do critério “incapacidade de manutenção própria ou por meio da família”,

estabelecendo dados objetivos para tanto (renda familiar inferior a ¼ do salário

mínimo).

Portanto, em cada caso concreto, para aferição da carência econômica, não se

deve utilizar apenas o cálculo aritmético previsto na Lei Orgânica da Assistência Social,

já que na aplicação da lei, o juiz deve atender aos fins sociais a que ela se dirige e às

exigências do bem comum, conforme o art. 5º, da LINDB.

Deve-se considerar que o referido critério é um limite mínimo,

podendo ser utilizados outros meios probatórios. É indiscutível a impossibilidade da

Autora em prover sua própria manutenção.

Assim, com base na análise dos fatos e fundamentos apresentados,

verifica-se que a Autora preenche todos os requisitos autorizadores da concessão do

benefício pleiteado, quais sejam: impedimentos de longo prazo de natureza física e

hipossuficiência econômica.
IV – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) a concessão do benefício da Justiça Gratuita, nos termos do art.

98 e ss, da Lei nº 13.105/15, haja vista o Autor não possuir condições de custear o

processo sem prejuízo do seu sustento;

b) em acatamento ao disposto no inciso VII, do art. 319, do Novo

Código de Processo Civil e nos termos do art. 334 do mesmo diploma legal, concorda a

parte autora pela designação da audiência de conciliação;

c) a citação do Réu, na pessoa do seu representante legal, para,

querendo, oferecer resposta no prazo da Lei, advertido dos efeitos da revelia;

d) a procedência dos pedidos e a consequente condenação do Réu a

conceder e implantar o Benefício Assistencial de Amparo ao Deficiente BPC-LOAS

(NB), desde a data do requerimento administrativo (00/11/2008);

e) a condenação do Réu ao pagamento de custas processuais e

honorários advocatícios, estes de acordo com o disposto do artigo 85, § 2° do Novo

Código de Processo Civil.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,

em especial a prova documental ora acostada a presente inicial, prova pericial médica,

que demonstrará a incapacidade da Autora, e a prova pericial socioeconômica.

Para efeitos fiscais, atribui-se à causa o valor de R$ 00,00 (), com os acréscimos

de direito.
Nesses termos, pede e espera deferimento.

Estreito (MA), 11 de junho de 2021.

Advogado –

OAB/

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