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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA

VARA 22ª DA SECÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ.

JEREMIAS, brasileiro, desempregado, domiciliado no município de Fortaleza,


capital do estado do Ceara, portador de cédula de identidade sob o n° 7890123456,
inscrito no CPF 012.345.678-90 representado por seu genitor ANTHENOR brasileiro,
desempregado, domiciliado no município de Fortaleza, capital do estado do Ceara,
portador de cédula de identidade sob o nº 01234567, inscrito no CPF 098.765.432-10
vem por meio do seu advogado devidamente qualificado, com endereço profissional na
Rua Jose Napoleão, 160, Fortaleza, Ceará, vem perante a Vossa Excelência propor

AÇÃO CONDENATÓRIA C/ PEDIDO DE OBRIGAÇÃO DEFAZER E


INDEN IZAR C/ ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face da UNIÃO FEDERAL,
do ESTADO DO CEARA e MUNICIPIO DE FORTALEZA-CE.

I) PRELIMINARMENTE

a) DO PEDIDO DEGRATUIDADE DA JUSTIÇA

Atualmente a requerente não possui condições financeiras de pagar os ônus


processuais sem que haja comprometimento da renda familiar, como base do artigo 98
do CPC e a LEI 1060/50.

Segue em anexo a declaração de hipossuficiência.


II) DOS FATOS

Em 22 de março de 2021, o requerente se viu acometido de fortes dores


musculares, intensa dor de cabeça e falta de ar, diante do ocorrido, buscou imediato
socorro no Hospital Municipal de Fortaleza, visando obter um tratamento para seu
quadro grave de saúde, conforme exposto.

Ocorre, Excelência, que chegando ao referido Hospital o requerente constatou


que não havia Centro de tratamento intensivo (CTI), dessa forma, o requerente se viu
obrigado a aguardar na fila para atendimento por um período de 12 horas interruptas,
durante o qual foi tratado de forma áspera e vexatória pelos servidores do referido
hospital, de modo que o requerente fora claramente desrespeitado, bem como tratado de
forma indiferente, além de aguardar em pé pelo momento de sua consulta por período
superior ao que é considerado razoável.

Haja vista que, após demasiada espera por atendimento, o quadro de saúde do
requerente agravou-se, ocasionando um estado de incapacidade absoluta, resultando
assim, em uma impossibilidade de locomover-se e sem autodeterminação, tendo que
depender integralmente de outra pessoa, qual seja, seu pai.

Ante o exposto, após atendimento do médico do hospital bem como de acordo


com o laudo do médico ora anexado, temos que o requerente Jeremias, necessita
urgentemente ser deslocado para alguma unidade hospitalar que tenha CTI, posto que
este corre risco eminente de danos irreversíveis, podendo ocasionar até sua morte.

Já foi verificado há existência de hospitais nas proximidades, com centros de


tratamentos intensivos, contudo o Sr. Jeremias encontra-se desempregado e seus
familiares em situações parecidas, carentes economicamente, não tendo absoluta
condições financeiras para custear a remoção para outro hospital público, tampouco
para arcar com as despesas de um hospital particular

Diante dos fatos supracitados, não vejo outra solução a não ser a procura do
Judiciário com fulcro de resguardar seu Direito Constitucional à saúde, e o seu maior
bem, a vida.

III) DO DIREITO

A) DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Sob a ótica da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,


especificamente no Art. 196 a saúde é direito de todos e dever do estado juntamente
com seus respectivos entes, de forma solidaria preservar tal direito.
O direito à saúde tem como característica de Direito Fundamental e inviolável,
conforme expresso no Art. 6, CF/88 que trata sobre os Direitos Sociais, com isso
tornando a obrigatoriedade e dever do Estado a materializar esse direito, senão,
vejamos:

“Art. 6°- São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a


moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição”

(...)

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”

Haja vista que, a saúde é um item já pactuada no art. XXV na Declaração


Universal Dos Direitos Humanos, no qual, todos os seres humanos têm direito a um
padrão de vida que garanta sua saúde e bem-estar, e consecutivamente, o acesso a
cuidados médicos se tornam imprescindíveis.

Contudo, é importante ressaltar que todos os seres humanos têm direito a um


padrão de vida capaz de assegurar a saúde e bem-estar de si mesmo e da sua família,
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis, o direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez,
velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora do seu controle.

Fica explicito no próprio texto constitucional, em seu Art. 23, inciso II que é de
competência comum de todos os entes federativos do Brasil, União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, cuidar da saúde pública de forma assistencial fazendo
com que seu dever constitucional seja aplicado de forma eficaz, conforme in verbis:

“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios:

(...)

II - Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das


pessoas portadoras de deficiência.”
B) DA ANTECIPACÃO DE TUTELA

Assim sendo, a omissão do estatal e dos outros entes federativos é evidente,


ferindo constitucionalmente a dignidade da pessoa humana, então pleito em juízo a
garantia desse direito constitucional.

A concessão de tutela antecipada se justifica quando houver elementos que


evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo, consoante disposição do artigo 300 do Novo Código de Processo Civil, como
podemos ver a seguir:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o


caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os
danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após


justificação prévia.

§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida


quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Conforme exposto acima, cúmplice em caráter de urgência a medida liminar a


título de antecipação de tutela, para determinar que o réu seja transferido para o Centro
De Tratamento Hospitalar - CTI, ou hospital particular conveniado ao sus, para poder
ser tratado do quadro grave que hora se apresenta de forma evidente visando a
preservação de sua vida.

C) DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAÇÃO

Conforme aprendemos em Direito Administrativo, a Administração Pública deve


obedecer aos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e
Eficiência. Sendo inadmissível qualquer desrespeito a dignidade da pessoa humano e
sua moralidade, haja vista que, são deveres da Administração Pública preservar tais
princípios, assim, todos os prestadores de serviços públicos pessoas jurídicas de direito
privado ou público que, responderão por qualquer dolo ou culpa que causarem a
terceiros, qualquer constrangimento causado é assegurado o direito de regresso contra o
responsável.

Conforme a narrativa dos fatos é claro quanto ao dano causado pelos


funcionários do hospital do Município ao senhor Jeremias, a conduta ilícita causadora
de constrangimento ficou comprovada que a responsabilidade é do Munícipio de forma
solidaria, dessa forma, a reparação desse dano deve ser apreciada, conforme in verbis:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

(...)

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

Diante do exposto requer que a Vossa Excelência conceda:

IV) DOS PEDIDOS

a) A Citação dos Réus presente nessa Ação;


b) Que seja deferido o pedido de gratuidade da justiça;
c) LIMINARMENTE, e sem audição da parte contrária, conceder a
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA pleiteada, QUE OS REUS seja compelido A
TRANSFERIR O AUTOR PARA UMA CTI PÚBLICO OU PARTICULAR
CONVENIADO AO SUS, até a sua alta, para poder ser tratado do quadro grave
que ora se apresenta, evidentemente visando à preservação de sua VIDA;
d) Reparação de Danos Morais ocasionados contra o Autor, sujeito à multa pelo
não cumprimento; e
e) Que os Réus sejam condenados ao ônus da sucumbência, consoante o Art.85 do
CPC.

Protesta-se provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, prova


testemunhal, documental, depoimento pessoal e perícia, sob pena de confissão.

Dar-se valor da causa de: R$ 110.000,00 (Cento e dez mil reais).

Nesses termos,
Pede deferimento,
Cidade, Estado, (dia) de (mês) de (ano).

Advogado
OAB/UF n°

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