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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO

___ JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE


VITÓRIA-ES

SAMUEL DE JESUS ROCHA, brasileiro, solteiro, beneficiário do INSS,


portador do RG 4.263.556- ES, inscrito no CPF sob o n° 150.546.197-98,
representado por sua curadora LUCINEIA DE JESUS ROCHA, brasileira,
casada, portadora do RG 1.295.504 – ES, inscrita no CPF 046.119.057-56,
ambos residentes e domiciliados no Beco Emiliano José da Rocha, S/N, Bairro
Estrelinha, Vitória/ES, CEP:29.023-593. Sendo representados neste ato por
seu advogado que por esta subescreve THYAGO BRITO DE MELO, brasileiro,
casado, inscrito na OAB-ES sob o número 12.642, com escritório profissional
localizado na Avenida Vitória, nº 950, Bairro Forte São João, Vitória/ES,
CEP:29.017-950, vem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência
propor a seguinte

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C COM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA


INAUDITA ALTERA PARS

Em face do MUNICÍPIO DE VITÓRIA, pessoa jurídica de direito público,


sediada na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, n°1927, Bento Ferreira,
CEP: 29.050-945, e; em face do ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, pessoa
jurídica de direito público, localizado na praça João Clímaco, n° 142, Cidade
Alta, Centro, Vitória, ES, CEP: 29.015-110, pelos motivos de fatos e
fundamentos a seguir aduzidos:
• DOS FATOS:

Ilustre Magistrado (a).

Inicialmente cumpre destacar que a autora desta ação Sra. EUGENIA BRAIDO
MOROSINI é idosa com 88 anos, atualmente encontra-se acamada em sua
residência, apresenta quadro de Hipertensa, Diabética e com Sacorpenia,
conforme Laudo Médico anexo feito pela Dra. Ana Paula K. Penitente Poubel,
CRM- ES 14.104.

Ocorre que diante da situação mencionada acima, a autora necessita fazer uso
de Fraldas Descartáveis Geriátricas, de uso contínuo por tempo
indeterminado, com uma média de 05 (cinco) unidades por dia, portanto
necessita do fornecimento de tais fraldas geriátricas Tamanho (XG) (EXTRA
G), conforme laudo médico anexo, feito pela médica Dra. Ana Paula K.
Penitente Poubel, CRM- ES 14.104.

Entretanto excelência, a autora recebe Benefício de Prestação Continuada


(BPC), conforme (doc. anexo), no valor de R$ 1.212,00 (um salário mínimo), de
modo que não possui condições financeiras de arcar com os custos das fraldas
devido ao número de trocas diárias, sem comprometer o seu próprio sustento.

Assim necessita do amparo do Estado para que seja disponibilizado, as


Fraldas Descartáveis Geriátricas, de uso contínuo por tempo
indeterminado, com uma média de 05 (cinco) unidades por dia, portanto
necessita do fornecimento de tais Fraldas Tamanho (XG) (EXTRA G), em
caráter de URGÊNCIA.

• DA LEGITIMIDADE PASSIVA:

A saúde nos termos do art. 6° e 196 da Constituição Federal (CF), é direito


fundamental social de toda e qualquer pessoa.
De acordo com artigo 23, inciso II, CF, é competência da União, dos Estados,
do DF e dos Municípios cuidar da saúde pública, devendo os referidos entes
elaborarem políticas e econômicas e sociais na área citada. (art. 196 da CF).

No caso em apreço, relacionado ao direito a saúde de pessoa idosa, denota-


se a legitimidade dos Requeridos para o cumprimento da obrigação, pois
conforme já sedimentou em sede doutrinária e jurisprudencial, notadamente no
STF, a obrigação de garantir a saúde é solidária entre os entes da federação,
podendo as partes demandarem contra um destes isoladamente ou contra
todos.

Entretanto o Supremo Tribunal Federou fixou o tema 793 segundo o qual “Os
entes da federação, em decorrência da competência comum, são
solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde, e
diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização,
compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de
repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o
ônus financeiro”.

Vê-se, portanto, que o Tema 793, consagra a redação do artigo 196, da


Constituição Federal, cuja redação prevê que “A saúde é direito de todos e
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”,
mantendo a responsabilidade solidária dos entes federados.

Desse modo à vista do exposto, observando-se os termos da tese fixada pelo


Supremo Tribunal Federal no Tema 793, a obrigação deverá ser direcionada ao
primeiro ente requerido, MUNICÍPIO DE VILA VELHA, e, em caso de
descumprimento por parte deste, deverá ser redirecionada ao ente requerido,
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, ressalvando-se o direito de ressarcimento do
ônus financeiro despendido.

• DO DIREITO:

No caso em questão a demanda versa sobre o direito à saúde consectário do


direito à vida, e a dignidade da pessoa humana, dessa forma a prioridade
sempre deve ser voltada a tutela tempestiva e efetiva em favor dos
jurisdicionados.

Nessa toada tanto o STJ quanto o STF já se pronunciaram no sentido de que o


direito social à saúde é imperativo, incluindo-se deste o dever de fornecimento
gratuito de medicamento ou insumos/ materiais prescritos por profissional
médico à pessoa hipossuficiente, desprovida de recursos financeiros para
custear o tratamento, senão vejamos:

(...) II - A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que é solidária a


obrigação dos entes da Federação em promover os atos indispensáveis à
concretização do direito à saúde, tais como, na hipótese em análise, a
realização de tratamento médico por paciente destituído de recursos materiais
para arcar com o próprio tratamento. Portanto, o usuário dos serviços de
saúde, no caso, possui direito de exigir de um, de alguns ou de todos os entes
estatais o cumprimento da referida obrigação. III – Em relação aos limites
orçamentários aos quais está vinculada a ora recorrente, saliente-se que o
Poder Público, ressalvada a ocorrência de motivo objetivamente mensurável,
não pode se furtar à observância de seus encargos constitucionais. IV - Este
Tribunal entende que reconhecer a legitimidade do Poder Judiciário para
determinar a concretização de políticas públicas constitucionalmente previstas,
quando houver omissão da administração pública, não configura violação do
princípio da separação dos poderes, haja vista não se tratar de ingerência
ilegítima de um poder na esfera de outro. V – Agravo regimental a que se nega
provimento.

(RE 820910 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda


Turma, julgado em 26/08/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG
03-09-2014 PUBLIC 04-09-2014).

É incontroverso que a saúde é direito de todos, assim o Estado tem o dever de


garantir esse direito, desse modo o fornecimento de fraldas pleiteados é
necessário para garantia da dignidade da pessoa humana da autora. Nesse
sentido:

“OBRIGAÇÃO DE FAZER FORNECIMENTO DE INSUMOS CABIMENTO -


ARTS. 23, II, E 196, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - RECURSO
PROVIDO.23II196CONSTITUIÇÃO FEDERAL "Cabe ao Estado fornecer
fraldas descartáveis a hipossuficiente e idoso com problemas de saúde pois
cuidar da saúde é dever dos três entes estatais, nos termos dos arts. 23, II, e
196, da Constituição Federal".
(TJSP APL 994080868938, Relator: Thales do Amaral, Data de Julgamento:
18/10/2010, 4ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 20/10/2010,
grifos meus).

“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. AGRAVO


RETIDO. EXECUÇÃO DA MULTA (ASTREINTES). POSSIBILIDADE. DEVER
DE FORNECIMENTO. LEGITIMIDADE DO ESTADO. FORNECIMENTO DE
FRALDAS. O DEVER CONSTITUCIONAL DO ESTADO É O DE
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS IMPRESCINDÍVEIS À SAÚDE E À
VIDA DA PESSOA. FRALDAS DESCARTÁVEIS. A utilização de fralda
descartável não configura apenas comodidade, mas visa a assegurar o direito
à saúde evitando consequentes problemas de saúde advindos da sua não
utilização. VOTO VENCIDO DO RELATOR. AGRAVO RETIDO DESPROVIDO,
POR MAIORIA, VENCIDO O REVISOR”.(TJRS, AC 70041867920, Relator:
Jorge Maraschin dos Santos, Data de Julgamento: 29/06/2011, Primeira
Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 18/07/2011, grifos
meus).

IV- DA TUTELA DE URGÊNCIA:

A necessidade de insumos básicos para a sobrevivência digna da autora é


evidente, tendo em vista a imprescindibilidade da utilização de fraldas
geriátricas. Dessa forma em vista a urgência e necessidade do devido
acompanhamento ao quadro clínico, e de acordo com a requisição médica em
anexo, estão presentes os elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo do dano ou risco ao resultado útil do processo, a tutela de urgência
deve ser deferida, nos termos do artigo 300 do CPC.

• DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS:

Ante os fatos expostos requer-se:

• Em sede de Liminar, que seja deferido o pedido de ANTECIPAÇÃO


DE TUTELA, a determinação para que os requeridos forneçam as
Fraldas Descartáveis Geriátricas, tamanho (XG) (EXTRA G), na
quantidade de 150 fraldas mensais, visto que a autora faz uso de 05
cinco fraldas por dia, devido ao estado que se encontra a autora em
caráter de Urgência, confirmando o pedido em sentença;

• Deferimento da assistência judiciária gratuita, conforme art. 98 e ss


d) Prioridade na tramitação por ser tratar de pessoa idosa, conforme artigo
71, da Lei 10.741/03;
e) Ao final da demanda, a PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS, tornando
definitiva a tutela, e condenando os requeridos ao fornecimento de
fraldas geriátricas, tamanho XG, pelo tempo que for necessário;

f) Que seja recebida a presente ação, dando-lhe o devido processamento.

Dar-se o valor da causa R$ 1.212,00 (Hum mil, duzentos e doze reais), para
meros fins fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.

Vila Velha/ ES, 12 de julho de 2022

EUGENIA BRAIDO MOROSINI,

Sendo representada neste ato por,

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JOÃO VITOR CARDOSO DE SOUZA

CPF:140.886.097-00

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