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RELATÓRIO:

Trata-se de caso o qual a autora participou de processo seletivo simplificado da


SEDU, para a função de auxiliar de secretaria escolar, com o regime de
prestação de caráter emergencial e temporário.

Conforme demonstrado na declaração de tempo de serviço, o processo


seletivo foi prorrogado inúmeras vezes, atingindo o prazo de 8 anos
ininterruptos de prestação de serviço por parte da autora, sendo desligada do
quadro de servidores em 2020.

Contudo, o Réu não reconhece o direito da autora ao recolhimento/pagamento


do FGTS, com base no fundamento de que o contrato é regido pela Lei
809/2015, e que a cláusula 14ª do referido contrato dispõe: “fica o profissional
contratado ciente de que o contrato é emergencial e temporário, não tendo o
órgão contratante a obrigação de recolhimento de FGTS”.

FUNDAMENTAÇÃO:

Com base nos dados, salientamos que a autora presta serviço na mesma
função, com habitualidade, pessoalidade e subordinação ao longo de 8 anos o
que descaracteriza o efeito emergencial e temporário do contrato.

Conforme dispõe a Lei n° 13.429/2017, os funcionários com esse tipo de


contrato têm seus direitos assegurados pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), assim como um trabalhador fixo, pois são contratados pelo
mesmo regime e também possuem a carteira de trabalho assinada.

Via de regra, o prazo do contrato não pode exceder 180 dias, consecutivos ou
não, porém, quando necessário, pode ser prorrogado por, no máximo, 90 dias,
totalizando 270 dias. Diante disso, a empresa deve comprovar a causa da
prorrogação, para que seja avaliada a necessidade.
A autora teve o seu contrato prorrogado pela empresa por 8 anos ininterruptos
e sempre através da modalidade “contrato administrativo de prestação de
serviços em caráter emergencial e temporário”.

Durante seu último contrato, a parte autora foi desligada do quadro de auxiliar
de secretaria escolar da SEDU, sem o réu ter realizado o recolhimento/
pagamento do seu FGTS, sendo que o Fundo de Garantia do servidor de
contrato temporário foi garantido pelo Supremo Tribunal Federal que já se
manifestou no sentido de reconhecer o direito do servidor público de contrato
temporário ao Fundo de Garantia de Tempo de Serviço.

Nesse sentido segue o julgado:

“DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO. EXIGÊNCIA
DE CONCURSO PÚBLICO PARA A CONTRATAÇÃO DE
SERVIDORES. TEMA 308 DA REPERCUSSÃO GERAL. 1. O Supremo
Tribunal Federal, no Tema 308 da Repercussão Geral, fixou tese no
sentido de que a “Constituição de 1988 comina de nulidade as
contratações de pessoal pela Administração Pública sem a observância
das normas referentes à indispensabilidade da prévia aprovação em
concurso público (CF, art. 37, § 2º), não gerando, essas contratações,
quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos empregados
contratados, a não ser o direito à percepção dos salários referentes ao
período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao
levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço – FGTS”. 2. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015,
uma vez que não é cabível, na hipótese, condenação em honorários
advocatícios (art. 25, Lei nº 12.016/2009 e Súmula 512/STF). 3. Agravo
interno a que se nega provimento” (RE n. 1.275.655-AgR, Relator o
Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 2.9.2020).

Ademais o STF já se manifestou no tema 916 sobre os efeitos jurídicos da


contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade de
excepcional interesse público realizada em desconformidade com o artigo 37,
IX, da CRFB/1988.

CONCLUSÃO:
Diante do exposto, conclui-se que o direito ao recebimento do FGTS pelo
servidor público contratado temporariamente foi garantido pelo Supremo
Tribunal Federal não havendo o que se discutir de forma contrária nas
instâncias inferiores.

No caso em questão, a autora preenche os requisitos e deve ter seu direito


garantidos ao recebimento do FGTS pelo tempo de serviço trabalhado em favor
da administração pública estadual.

E o parecer.

Local e data

Nome do advogado(a), OAB / UF

ALUNOS: Kywhia M Campos e João Vitor Cardoso.

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