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23/07/2019 SEI/GDF - 25599637 - Parecer

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL


COMPANHIA DO METROPOLITANO DO DISTRITO FEDERAL
Presidência
Procuradoria Jurídica

Parecer SEI-GDF n.º 169/2019 - METRO-DF/PRE/PJU

PROCESSO: 00097-00010346/2019-11
INTERESSADO: Diretoria de Administração – DAD.
ASSUNTO: Análise sobre as consequências do fim da vigência do ACT 2017/2019 e da inexistência de
norma cole va em relação a bene cios antes percebidos pelos empregados do METRÔ-DF.

EMENTA. ADMINISTRATIVO. I – Análise sobre as consequências


do fim da vigência do ACT 2017/2019 e da inexistência de
norma cole va em relação a bene cios antes percebidos pelos
empregados do METRÔ-DF. II – Impossibilidade de pagamento
de quaisquer bene cios antes previstos em normas cole vas,
salvo nos casos de existência de norma interna vigente ou lei,
conforme o exposto nos itens 8, 11, 18, 24 e 25 deste Parecer.

I – RELATÓRIO
Trata-se de processo encaminhado a esta Procuradoria Jurídica para análise e parecer sobre as
consequências do fim da vigência do ACT 2017/2019 e da inexistência de norma cole va em relação a
bene cios antes percebidos pelos empregados do METRÔ-DF, especialmente em relação aos citados no
Memorando ID 25392802.

2. É o breve relato.

II – FUNDAMENTAÇÃO

3. Preliminarmente, em face do que dispõe o art. 3º da Lei Distrital nº 5.369/2014, incumbe a esta
Procuradoria Jurídica prestar consultoria sob o prisma estritamente jurídico, não lhe compe ndo
adentrar na análise da conveniência e oportunidade dos atos pra cados no âmbito desta
Companhia, nem analisar aspectos de natureza eminentemente técnica, administra va ou
discricionária.
4. Após manifestação desta PJU informando o teor da decisão proferida pelo Exmo. Ministro
Presidente do TST, que suspendeu liminares antes conferidas pelo TRT-10 e, dentre outras
consequências, tornou sem vigência o ACT 2017/2019 a par r de 29.06.2019, fazendo com que
esta Companhia não pudesse mais efetuar o pagamento de bene cios antes previstos, a Divisão de
Administração de Recursos Humanos ques onou a situação de alguns desses bene cios.
5. O primeiro ques onamento específico refere-se ao Auxílio Funeral e indenização por morte ou
invalidez permanente, antes previstos Cláusulas 19ª e 21ª do ACT já findo. Nesse caso, há contrato
administra vo firmado com a UNIMED Seguradora S.A., para fornecimento desses bene cios,
surgindo dúvida quanto ao que fazer em relação a esse contrato.
6. Verifica-se que o referido Contrato (13618408) possui vigência até o dia 09.10.2020. Considerando
que o METRÔ-DF, com o fim do ACT 2017/2019, não possui mais fundamento legal para efetuar o
pagamento desse bene cio, que é financiado com dinheiro público e, portanto, deve possuir

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norma que possibilite o gasto, a princípio, o referido contrato deveria ser ex nto, no interesse da
Administração Pública, sem qualquer po de indenização ao par cular.
7. Entretanto, considerando que ainda não foi julgado o Dissídio Cole vo de Natureza Econômica n.º
0000373-66.2019.5.10.0000, ajuizado pelo SINDMETRÔ/DF, havendo incerteza sobre a
possibilidade ou não de tal bene cio ser revigorado no futuro próximo, a solução que melhor
atenderia à atual hipótese é a suspensão da execução do contrato.
8. Considerando que a Lei n.º 13.303/16, aplicável a esse contrato, não especificou hipóteses para a
suspensão do contrato e que o atual Regulamento Interno de Licitações e Contratos do METRÔ-DF,
em mais uma de suas inconsistências a serem resolvidas, também não o fez, torna-se necessário
obter a concordância da Contratada para a referida suspensão por prazo a ser definido pela
Diretoria Colegiada, para que se evite a rescisão contratual.
9. Em seguida, a ARHA ques ona a situação do pagamento, no contracheque deste mês de julho, dos
bene cios “Indenização de Transporte” e “Quebra de Caixa”, afirmando que, devido ao
procedimento de apuração, o pagamento realizado em um mês refere-se ao mês anterior. Ou seja,
neste mês seriam pagos os bene cios referentes ao mês de junho.
10. Entretanto, observa-se que, para ao auxílio denominado “quebra de caixa”, a previsão con da no
próprio ACT é de que seja pago em relação ao mesmo mês de competência:

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA – QUEBRA DE CAIXA – A empresa pagará aos seus


empregados enquadrados na função de “Agente de Estação (AE)”, “Inspetor de Estação
(IE)” e “Operador de Transporte Metroviário (OTM)”, que efe vamente e no respec vo
mês de competência, trabalharem na venda de bilhetes, gra ficação de quebra de caixa
no valor de 110 (cento e dez) bilhetes unitários simples do METRÔ-DF, de forma
integral, vigentes à época do pagamento.

11. Assim, seguindo-se o comando exato da referida cláusula cole va já vencida, o bene cio era
percebido no mesmo mês de pagamento e, considerando que o ACT 2017/2019 perdeu sua
vigência em 29.06.2019, nenhum valor a esse tulo deve ser pago no mês de julho de 2019.
12. No tocante ao bene cio “Indenização de Transporte”, verifica-se que a cláusula cole va
correspondente (17ª) remete as condições de pagamento para norma interna, ao referir-se a “valor
despendido pelo trabalhador para chegar ou sair do trabalho, pago atualmente como indenização
de transporte pela Empresa.”.
13. Tal norma interna decorria diretamente do disposto no ar go 58, § 2º, da CLT, em sua redação
original:

§ 2o O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno,
por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo
quando, tratando-se de local de di cil acesso ou não servido por transporte público, o
empregador fornecer a condução.

14. Tal disposi vo legal regulamentava as chamadas horas in i nere, responsabilizando o empregador
pelo período no qual o empegado se deslocava de sua residência para o trabalho e vice-versa
quando em local de di cil acesso e mediante transporte fornecido pelo empregador. Para evitar a
inclusão do tempo de deslocamento na jornada de trabalho, diversas empresas forneciam a
indenização de transporte a trabalhadores que precisassem se deslocar de tais locais de di cil
acesso, caso do METRÔ-DF.
15. Porém, esse disposi vo legal foi alterado pela Lei 13.467/17 (Reforma Trabalhista), invertendo-se a
responsabilidade por esse período de deslocamento, mesmo em locais de di cil acesso:

§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efe va


ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio

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de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada


de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.

16. A par r dessa alteração legisla va, e considerando que o METRÔ-DF é uma empresa pública
prestadora de serviços públicos e dependente do Tesouro do Distrito Federal, não podendo,
portanto, efetuar pagamentos que não possuam lastro legal, em virtude do princípio da legalidade,
tal norma quedou-se sem efeito, independentemente de revogação expressa.
17. Desde tal modificação legisla va, o bene cio somente era pago em virtude da previsão em acordo
cole vo de trabalho. Assim, com o fim da vigência da norma cole va, não é mais possível o
pagamento dessa indenização de transporte, sendo o deslocamento ao trabalho responsabilidade
exclusiva do empregado, conforme determinação legal.
18. Destarte, neste mês de julho, e independentemente do período de apuração, não é devido o
pagamento dessa verba, já não prevista em nossa legislação desde 2017, sob pena de prejuízo ao
erário apurável mediante tomada de contas especial.
19. Quanto ao auxílio creche e educação infan l, ques ona a ARHA se existe alguma norma que não o
ACT 2017/2019 que preveja o pagamento desse bene cio. Do ponto de vista legal, não há
nenhuma obrigação ao fornecimento dessa verba. Por outro lado, verifica-se que há norma interna
que prevê a concessão desse bene cio (25442242).
20. Essa norma interna, oriunda da 190ª Reunião Ordinária da Diretoria Colegiada do METRÔ-DF, de
19.05.1999, atribuindo o valor de R$ 80,00 para o pagamento de auxílio creche e pré-escola
definido na norma ID 25442526, que previa o bene cio para empregados que vessem filhos até 6
(seis) anos de idade, inclusive.
21. A expansão do bene cio para crianças com até 14 (quatorze) anos foi realizada por meio de acordo
cole vo de trabalho, conforme esclarecido no relato ID 25451420. E, também, decorreu de norma
cole va o estabelecimento de novos valores a esse bene cio.
22. Dessa forma, com a atual situação de inexistência de norma cole va prevendo esse bene cio e
considerando que a norma interna não foi revogada pela Diretoria Colegiada e nem por qualquer
alteração legisla va, reputa-se devido o pagamento de auxílio creche e pré-escola a empregados
que possuam filhos até 6 (sei) anos, inclusive, nos termos da supracitada norma, no valor de R$
80,00.
23. Esclareça-se que o valor não deve ser atualizado, considerando que os reajustes a verbas
trabalhistas desde àquela época até hoje decorreram de acordos cole vos cujos efeitos já cessaram
e que não se incorporaram aos contratos individuais de trabalho dos empregados da Companhia.
24. Por fim, no tocante ao auxílio alimentação, bene cio ex nto pela perda de vigência do ACT
2017/2019, já que não há lei determinando seu pagamento e nem no cia de norma interna sobre
a questão, e considerando a existência de contrato administra vo para o pagamento desse
bene cio em cartão fornecido aos empregados, sugere-se a suspensão do Contrato n.º 003/2018,
assinado com a empresa Sodexo Pass do Brasil e Comércio S.A., por 120 (cento e vinte) dias,
conforme permissivo existente no inciso XIV do ar go 78 da Lei n.º 8.666/93, a exemplo da
situação do auxílio funeral e pelos mesmos fundamentos antes esposados.
25. Respondidos os ques onamentos apresentados pela ARHA no Memorando 25392802, reitera-se o
exposto no Despacho ID 25069195 quanto ao corte dos bene cios ali citados, decorrentes do já
vencido ACT 2017/2019, ressaltando-se, apenas que, quanto ao adicional de periculosidade para
empregados do Corpo de Segurança Operacional, deve-se observar a NR-16 quanto aos
trabalhadores do CMS, que fazem jus ao adicional por atuar no monitoramento de a vidades de
segurança patrimonial e pessoal.

III – CONCLUSÃO

26. Ante o exposto, s.m.j., abstraídos os aspectos técnicos que não são de competência desta
Procuradoria Jurídica, afirma-se a impossibilidade de pagamento de quaisquer bene cios antes

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previstos em normas cole vas, salvo nos casos de existência de norma interna vigente ou lei,
conforme o exposto nos itens 8, 11, 18, 24 e 25 deste.
27. É o Parecer. Ao Sr. Diretor de Administração, para conhecimento e providências que julgar
per nentes.

Brasília, 23 de julho de 2019.

BRUNO OLIVEIRA DIAS


Advogado – Mat. 2392-2

Documento assinado eletronicamente por BRUNO OLIVEIRA DIAS - Matr.0002392-2, Chefe da


Procuradoria Jurídica, em 23/07/2019, às 10:20, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756, de 16
de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira, 17 de
setembro de 2015.

A auten cidade do documento pode ser conferida no site:


h p://sei.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
verificador= 25599637 código CRC= 999D3B3C.

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00097-00010346/2019-11 Doc. SEI/GDF 25599637

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