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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE


MATO GROSSO

PORTADORA DE DEFICIENCIA

BIANCA MANUELA BALBINO PEREIRA, brasileira, portadora do RG de


nº 3638465-8, inscrita no CPF de nº 103.496.071-76, menor neste ato representada por
sua Genitora LEIDIANE DOS SANTOS BALBINO, brasileira, solteira, do lar, RG de
nº 2492469-5, inscrita no CPF de nº 053.330.191-26, ambas residente e domiciliada na
Rua Y, nº 01, quadra 64, Bairro Cristo Rei, Cidade de Várzea Grande/MT, CEP 78.115-
000, por seus advogados com endereço abaixo indicado, que a esta subscrevem, vem a
presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO JUDICIAL PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

em face do INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL - INSS,


Autarquia Federal, com sede na Av. Getulio Vargas, nº 553, 9º andar, Centro, CEP
78.005-370, na cidade de Cuiabá/MT, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos a
seguir expostos:
FATOS

A Parte Autora é portadora de deficiência, CID 10 H90.5 Perda de audição


neuro-sensorial, (03) três anos de idade e necessita de cuidados permanentes de sua
genitora.
No dia 19/05/2022 requereu junto à agência da Previdência Social a concessão
do benefício de prestação continuada da assistência social a pessoa portadora de
deficiência, sob o número do benefício 711.716.076-5, o que restou indeferido pelo
INSS.
Entretanto, como fazem prova os documentos anexados com a presente ação
judicial, bem como os demais a serem produzidos no decorrer do processo, a Parte
Autora faz jus ao benefício previdenciário indeferido, razão pela qual busca o Poder
Judiciário para ver seu direito reconhecido.

FUNDAMENTAÇÃO DE MÉRITO

A Constituição Federal instituiu o benefício assistencial à pessoa portadora de


deficiência nos seguintes termos:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente da contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora


de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a
lei.

A Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993, veio a regular a matéria,


merecendo transcrição o caput e os parágrafos 1º a 3º do art. 20, in verbis:
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário
mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta)
anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção e nem de tê-la provida por sua família.

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, entende-se como família o conjunto


de pessoas elencadas no art. 16 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, desde
que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei n. 9.720, de
30.11.1998)

§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de


deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.

§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de


deficiência ou idosa cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um
quarto) do salário mínimo.
A redação do art. 20 da Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993, acima
mencionado, foi alterada pela Lei n.º 12.435, passando a apresentar, a partir de então, o
seguinte teor:
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-
mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e
cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família.

§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo


requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a
madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os
menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se:

I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de


natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com
as demais pessoas;

II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com


deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de
2 (dois) anos.

§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência


ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto)
do salário-mínimo.

Portanto, o direito ao benefício assistencial ao deficiente pressupõe o


preenchimento dos seguintes requisitos: a) condição de deficiente (incapacidade para o
trabalho e para a vida independente, consoante a redação original do art. 20 da LOAS,
ou aquela pessoa que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas, consoante a redação atual do referido dispositivo); e b) situação de risco social
(estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de desamparo).
Em relação ao critério para aferição da miserabilidade, este resta configurado
conforme as seguintes informações socioeconômicas:
Dados sobre o grupo familiar:
1. Número de componentes do grupo familiar, com seus respectivos nomes:
2. Renda mensal líquida de cada membro do grupo familiar:
3. Renda mensal líquida do grupo familiar:

Dados sobre as condições socioeconômicas do grupo familiar:

1. Residência própria (sim ou não) Em caso de locação, indicar o valor do aluguel.


2. Situação da residência:
3. Situação dos móveis que guarnecem a residência:
4. Despesas com água e luz:
5. Despesas com alimentação:
6. Despesas com vestuário:

7. Despesas com saúde:

Da análise das informações socioeconômicas nota-se que a Parte Autora vive


em situação de risco social e não possui renda suficiente para atender suas necessidades
básicas, restando caracterizado, assim, o estado de miserabilidade.
No que toca à incapacidade, algumas considerações merecem ser feitas.
Em se tratando de criança, não se pode condicionar a concessão do benefício
de amparo assistencial à verificação da incapacidade para o trabalho e para a prática de
atos da vida independente, visto que por razões naturais o exercício dessas atividades
não é factível na sua plenitude pelo infante. Pensar o contrário implicaria denegar de
antemão o benefício de amparo assistencial ao menor portador de deficiência, o que
afronta flagrantemente os anseios constitucionais (art. 7º, XXXIII c/c o art. 203, inc. I,
ambos da Carta Política de 1988).

Nas palavras do Juiz Federal José Antonio Savaris:

(...) da criança portadora de deficiência não se exige incapacidade para o


trabalho ou mesmo uma projeção de que no futuro não poderá trabalhar. O
conceito de incapacidade para a vida independente tem maior aplicação
nesses casos, sendo devido o benefício quando as restrições impostas pela
deficiência impliquem elevação no grau de dependência da criança. A
exigência de tratamento particularizado, o maior cuidado dos pais em relação
aos afazeres diários da criança, e a necessidade de deslocamento para
tratamento ou para frequência a escolas especiais caracterizam a perda da
independência da criança, fazendo possível a atuação da Assistência Social,
uma vez se tratar de grupo familiar carente (Processo nº 2006.70.95.002614-
5, Relator Juiz Federal José Antonio Savaris, julgado em 08.08.2006).

Na hipótese, a Parte Autora sofre de CID 10 H90.5 Perda de audição neuro-


sensorial e, em razão da patologia, necessita de ajuda, supervisão e vigilância de
terceiros, sendo necessário o acompanhamento permanente.
Resta, pois, confirmada a realidade da situação de hipossuficiência econômica
da Parte Autora, o que aliado à sua condição de menor, não bastasse, a um quadro de
saúde precaríssimo decorrente da deficiência física, justifica a concessão do Benefício
Assistencial.

Neste sentido:
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. REQUISITOS.
MENOR DE IDADE. POSSIBILIDADE. 1. O direito ao benefício
assistencial pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos: a) condição
de deficiente (incapacidade para o trabalho e para a vida independente, de
acordo com a redação original do art. 20 da LOAS, ou impedimentos de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas,
conforme redação atual do referido dispositivo) ou idoso (neste caso,
considerando-se, desde 1º de janeiro de 2004, a idade de 65 anos); e b)
situação de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência
econômica ou situação de desamparo) da parte autora e de sua família. 2.
Inexiste impedimento à concessão do benefício assistencial de prestação
continuada a menor de idade. Precedentes da Corte. 3. Atendidos os
pressupostos, deve ser concedido o benefício. (TRF4, AC XXXXX-
55.2015.404.9999, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Paulo Afonso Brum
Vaz, juntado aos autos em 03/12/2015, sem grifo no original).

Destarte, o indeferimento do beneficio pelo INSS não encontra suporte na


legislação pátria, fazendo a Parte Autora jus à concessão do benefício assistencial desde
a data do requerimento administrativo.

3. REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa do seu


representante legal, para que, querendo, responda a presente demanda, no prazo legal,
sob pena de revelia;

2. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude da Parte Autora não poder


arcar com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo
do seu sustento ou de sua família, condição que expressamente declara, na forma do art.
4º da Lei n.º 1.060/50;

3. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para conceder o


benefício de prestação continuada desde o requerimento administrativo, bem como
pagar as parcelas atrasadas, monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e
acrescidas de juros moratórios, ambos incidentes até a data do efetivo pagamento;
4. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios;

5. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
notadamente a documental e testemunhal.

6. Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiência de


conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$... (valor da causa)

Pede deferimento.

(Cidade e data)

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

Rol de documentos:

...

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