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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTO JUIZ FEDERAL DA VARA DO JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________.

QUALIFICAÇAO, por seu procurador que a esta


subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua ___________________________,
endereço eletrônico _________________, vem respeitosamente, à presença de V.Exa. propor
a presente:

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFICIO ASSISTENCIAL À PESSOA COM


DEFICIENCIA NO VALOR DE 01 (UM) SALÁRIO MÍNIMO, com fundamento no
artigo 203, V, da Constituição Federal, em face do

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –


INSS, autarquia federal, que poderá ser citada na _________________________________,
pelos motivos de fato e de direito a seguir delineados:

DOS FATOS

Em _________, a autora requereu junto a Autarquia, ora ré, o


benefício de Amparo Assistencial à Pessoa Portadora de Deficiência, espécie 87, inscrito na
Previdência Social sob nº _____________

Entretanto, o beneficio foi INDEFERIDO sob a alegação de que


o autor não se enquadra no critério de deficiência para acesso ao BPC a teor do § 2 do
artigo 20 da Lei 8742.93 , BEM COMO NÃO FOI CARACTERIZADO O CRITÉRIO
DE HIPOSSUFICIENCIA ECONOMICA.

No que tange ao requisito CARACTERIZAÇAO DA


DEFICIENCIA a autora é portadora de _________________________________________,
CID 10: ______ (atestado e exames anexos).
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O critério de hipossuficiência econômica vem comprovado através
da baixa renda familiar que impossibilita a autora de prover a sua subsistência, bem como de tê-
la provida por sua família.

Conforme pode ser verificado no processo administrativo em


anexo, bem como na Folha Resumo do CADUNICO, a autora reside juntamente com o seu
(APONTAR COMPONENTES DO GRUPO FAMILIAR, IDADE E RENDA)
_______________ que possui _____________de idade, percebendo mensalmente o valor
de R$ ______________.

É sabido que a renda familiar é insuficiente para cobrir todas as


despesas do lar, tais como: água, luz, gás, alimentação, farmácia, vestuário, entre outras.

Resta-nos claro que os rendimentos dos componentes do grupo


familiar DA AUTORA acima elencados são INSUFICIENTES para prover a sua
subsistencia sendo extremamente necessária a concessão do referido beneficio de amparo
assistencial a pessoa deficiente, a teor do artigo 20 da Lei 8742.93

DO DIREITO

DO BENEFICIO DE AMPARO ASSISTENCIAL

Postula a autora a concessão de beneficio assistencial de amparo à


pessoa idosa, no valor de 1 (um) salário mínimo. Tal beneficio está previsto no artigo 203,
inciso V, da Constituição Federal, que dispõe:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos:
....
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-laprovida por sua
família, conforme dispuser a lei.

A Lei 8.742/93, que dispõe sobre a organização da Assistência


Social, veio regulamentar o referido dispositivo constitucional, estabelecendo em seu artigo 20

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os requisitos para sua concessão, quais sejam, DEFICIENCIA nos termos do § 2 do artigo
20 da Lei 8742.93 e HIPOSSUFICIENCIA ECONOMICA.

A) DA COMPROVAÇAO DE DEFICIENCIA PARA FINS DO BPC-ARTIGO 20,


§ 2 DA LEI 8742.93

A Lei Orgânica da Assistência Social com redação atual dada pela


Lei 12.435/11 conceitua o deficiente para fins de beneficio assistencial:

Art. 20
§2-
I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de
natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as
demais pessoas;
II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com
deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2
(dois) anos.

No caso presente, não há dúvidas sobre a deficiência de que padece


a Autora, que é portadora de__________________________________, devidamente
classificada pelo CID 10_________________.

É imperioso destacar que conforme entendimento Sumulado pela


TNU, a deficiência para a vida independente, deve ser analisada em sentido lato, ou seja, não
está restrita somente ao desenvolvimento das atividades da vida diária, e sim a independência
econômica e financeira, que só se concretiza com a plenitude para a vida laboral, vejamos:

SÚMULA 29
Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993,
incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede
as atividades mais elementares da pessoa, mas também a
impossibilita de prover ao próprio sustento.

Conforme pode-se constatar, o quadro de saúde da mesma é


IRREVERSIVEL, EVOLUTIVO E PROLIFERATIVO, e, esta consequentemente conviverá
com os infortúnios da doença, que só serão AMENIZADOS E JAMAIS CURADOS. Sendo
assim, jamais poderá exercer atividades laborais, nem tampouco ter vida independente.

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B) DA CONFIGURAÇAO DO REQUISITO DA HIPOSSUFIENCIA ECONOMICA

A Autarquia, ora Ré indeferiu o O PEDIDO DE AMPARO


ASSISTENCIAL AO IDOSO, sob argumento de que A RENDA FAMILIAR PER
CAPTA DA Autora É SUPERIOR A 1/4 DO SALARIO MINIMO, não preenchendo
assim o requisito hipossuficiência econômica à luz do artigo 203, V da Constituição
Federal.

Ocorre que, o posicionamento da Autarquia encontra-se


equivocado e ultrapassado diante do novel entendimento adotado pelos Tribunais, baseado no
julgamento do recurso extraordinário RE 567985, de 18.04.2014 que flexibilizou o critério
legal de baixa renda introduzido pelo artigo 203, V da Constituição Federal, admitindo a
aferição da miserabilidade da pessoa idosa por outros meios de prova que não a renda per capita,
consagrando os princípios da dignidade da pessoa humana e do livre convencimento do juiz.

Como é sabido o objetivo da assistência social é prover o mínimo


para a sobrevivência do idoso ou incapaz, de modo a assegurar uma sobrevivência digna. Por
isso para a sua concessão não há que se exigir uma situação de miserabilidade absoluta,
bastando a caracterização de que o beneficiário não tem condições de prover a própria
manutenção, nem de tê-la provida por sua família.

De acordo com o recente entendimento adotado pelo STF NO


JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINARIO N. 567.985, restou pacífico que a
renda per capta familiar inferior a 1.4 do salário mínimo NÃO É O MEIO
EXCLUSIVO DE AFERIÇAO DO CRITÉRIO DE MISERABILIDADE, vejamos:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao


deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da
Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da
Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício
mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de
deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º,
da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo
Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei
8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa
portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita
seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito
financeiro estabelecido pela lei teve sua constitucionalidade contestada,
ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade
social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial
previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de
Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou
a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais
contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de
inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A
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decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à
controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar
per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,
elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único
estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado de miserabilidade
social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram
editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão
de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que
criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa
Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa
Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio
financeiro a Municípios que instituírem programas de garantia de renda
mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal
Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores
posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos.
Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização
decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)
e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares
econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios
assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de
inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º,
da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
(RE 567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-
2013 PUBLIC 03-10-2013)

Reconhecida pelo STF, em regime de repercussão geral, a


inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei 8.742/93 (LOAS), que estabelece critério
econômico objetivo, bem como a possibilidade de admissão de outros meios de prova para
verificação da hipossuficiência familiar em sede de recursos repetitivos, cabe ao julgador, na
análise do caso concreto, aferir o estado de miserabilidade da parte autora e de sua família,
autorizador ou não da concessão do benefício assistencial, E NO CASO EM TELA A
HIPOSSUFICIENCIA É PATENTE.

Todavia, conforme pode ser visualizado nos documentos em


anexo, a autora APRESENTA AS SEGUINTES DESPESAS, DEVIDAMENTE
COMPROVADAS COM A DOCUMENTAÇAO EM ANEXO:

LISTAR DESPESAS

O STJ já firmou entendimento que a caracterização de


HIPOSSUFICIENCIA ECONOMICA pode ser feita através de outros meios de provas em
caráter individualizado, analisando o binômio despesas x receitas, bem como pelo futuro
parecer sócio-economico emitido pela assistente social deste juízo, vejamos:

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PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO
ASSISTENCIAL. RESERVA DE PLENÁRIO.
INAPLICABILIDADE. MATÉRIA PENDENTE DE ANÁLISE
PELO STF. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.
CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. CARACTERIZAÇÃO POR
OUTROS MEIOS DE PROVA, AINDA QUE A RENDA PER
CAPITA EXCEDA 1/4 DO SALÁRIO-MÍNIMO. PRECEDENTES.
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE NO
ÂMBITO ESPECIAL. SÚMULA N.º 7 DESTE STJ.
1. Decidida a questão sob o enfoque da legislação federal aplicável ao
caso, inaplicável a regra de reserva do plenário prevista no artigo 97 da
Constituição da República.
2. Afasta-se a necessidade de sobrestamento do feito em razão deste
Superior Tribunal de Justiça, por força do art. 543-B, não estar vinculado
aos julgamentos do Supremo Tribunal Federal.
3. Conforme entendimento firmado no julgamento do REsp n.º
1.112.557/MG, de relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o
critério previsto no artigo 20, § 3º, da Lei n.º 8.742/1993, deve ser
interpretado como limite mínimo, não sendo suficiente, desse modo, por
si só, para impedir a concessão do benefício assistencial.
4. Permite-se, nessa linha, a concessão do benefício a segurados que
comprovem, a despeito da renda, outros meios caracterizadores da
condição de hipossuficiência.
5. Comprovada, na instância ordinária, a situação de miserabilidade, o
enunciado n.º 07 desta Corte impede a modificação do julgado .
6. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no Ag 1425871/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 21/06/2012, DJe 29/06/2012)

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais


Federais também sustentam veementemente que o parâmetro objetivo da renda familiar per
capita, para grande parte das hipóteses, não pode derivar de uma interpretação estritamente
literal do dispositivo legal, especialmente naqueles casos em que, diante de circunstâncias
peculiares – como no caso em tela -, tal renda não assegura a efetiva sobrevivência e cuidados a
que faz jus o ente familiar, em que se inclui o pretendente ao benefício.

Súmula 11 - A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um


quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefício
assistencial previsto no art. 20, § 3º da Lei nº 8.742 de 1993, desde
que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante.

Por tais razões, a autora faz jus a percepção do beneficio de


amparo assistencial a pessoa deficiência, uma vez que, restou demonstrada a implementação
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dos requisitos legais para sua concessão, quais sejam, DEFICIENCIA, no moldes do § 2
do artigo 20 da Lei 8742.93 e Hipossuficiência Econômica.

DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer-se:

a) designação de perícia médica por Expert de confiança deste


Juízo, a fim de comprovar a deficiência, nos termos do artigo 20, § 2 da Lei 8742.93-
APONTAR A ESPECIALIDADE MEDICA

b) designação de PERICIA SOCIAL, PARA


REALIZAÇAO DE LAUDO SOCIOECONOMICO, uma vez que o mesmo
torna-se imprescindível para o julgamento do presente ;

c) que seja determinada a citação do Instituto - Réu na


pessoa de seu representante legal, para que, no prazo legal, apresente a
contestação que entender de direito, prosseguindo-se no feito até ulteriores
termos, quando deverá a presente demanda ser julgada totalmente
procedente, condenando o Réu a conceder o BENEFICIO ASSISTENCIAL A
PESSOA DEFICIENTE, no valor de 01 (UM) SALARIO MINIMO, DESDE A DER -
____________, por ser medida de direito e de justiça.

d) requer que, PROFERIDA A SENTENÇA DE


PROCEDÊNCIA, SEJA CONCEDIDA A TUTELA PROVISÓRIA, fundamentada na
evidência, para que o INSS conceda o benefício da Autora, sob pena de multa diária, uma vez
que a petição inicial está instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito, nos termos do artigo 311, IV do CPC;

e) que seja concedida a Assistência Judiciária Gratuita diante de sua


condição, e por força da natureza da causa, que tem cunho alimentar.

A parte autora opta pela não realização de audiência conciliatória


(CPC, art. 319, inc. VII), uma vez que a audiência ou sessão de conciliação tem chance nula de
sucesso na autocomposição pela própria natureza do litígio envolvido, ao menos por ora.

Por fim, requer provar o alegado por todos os meios de


prova em direito admitidas, notadamente prova pericial, documental, oitiva de
testemunhas, depoimento pessoal, e outras que se fizerem necessárias para o
esclarecimento dos fatos.

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Termos em que, d. r. e a. esta, com os documentos
inclusos, dando-se a causa o valor de R$__________________________,
exclusivamente para os efeitos fiscais e de alçada.

Pede-se Deferimento.
LOCAL, DATA

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