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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL DE DOURADOS


DOURADOS-MS

- PEDIDO 87 - BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA À PESSOA COM


DEFICIÊNCIA

ROBERTO SANGUINE PINTO


PINTO, brasileiro, desempregado, casado,
regularmente inscrito no Cadas
Cadastro de Pessoas Físicas sob o 653.971.001-10,
653.971.001 RG
n.000695947 SEJUSP/MS, residente e domiciliado na Rua Avenida Brasil, 875, centro,
CEP 79920-000, Laguna Carapã-MS,
MS, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de sua procuradora que ao final assina, propor a presente
presente.

AÇÃO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À PESSOA


COMDEFICIÊNCIA, com fundamento no artigo 203, V, da Constituição Federal

Em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL,


SOCIAL
pessoa jurídica de direito público, pelos motivos que passa a expor:

I – DOS FATOS

Em 17.11.2023 o Autor requereu junto a Autarquia, ora ré, o benefício de


Amparo Assistencial à Pessoa Portadora de Deficiência, espécie 87, inscrito na
Previdência Social sob nº de benefício 87/714.088.478-2.
Entretanto, o benefício foi INDEFERIDO sob
ob a alegação de que “não
atende ao critério de miserabilidade para renda mensal familiar per capita de 1/4 do
salário mínimo para BPC.”
” Indeferimento anexo.

 CID E10 – DIABETES MELLITUS INSULINO


INSULINO-DEPENDENTE
 CID H90. 3 - PERDA DE AUDIÇÃO BILATERAL NEUROSSENSORIAL
 CID C61 – NEOPLASIA MALIGNA DA PRÓSTATA
 CID F41.0 – ANSIEDADE GENERALISADA
 CID F33 – TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE
 CID F43 – REAÇÕES AO “STRESS” GRAVE E TRANSTORNOS DE
ADAPTAÇÃO

O Requerente atualmente conta com 57 anos de idade e a pelo menos 3 anos


encontra-se
se afastado do mercado de trabalho.
Devido às patologias que o Autor tem, o mesmo enfrenta MUITAS
BARREIRAS NA SOCIEDADE, como dificuldades para se comunicar e escutar o que
as pessoas falam, já que perdeu a audição bilateral.
Isso sem contar nas crises convulsivas que tem em virtude dos picos de
glicemia, mesmo fazendo uso de medicação e insulina (ambos fornecidos pelo
governo). Conforme exames de sangue anexos, não raras às vezes, a glicose do autor
em jejum é em média 260 mg/dL.
Faz uso de insulina (25mg cedo em jejum e 15mg à tarde, totalizando
tota 40mg
por dia), além de fazer uso de metformina 850mg (1 comprimido 1x ao dia);
Como se não bastasse, em meados de 2021 realizou o acompanhamento
anual com urologistaa para verificar possível câncer de próstataa e, infelizmente, o PSA
(exame de rastreamento deste tipo de carcinoma) deu REAGENTE.
O Autor, apesar de não diagnosticado – ainda – com o câncer, desde o
exame em comento, SENTE MUITA DOR NA PRÓSTATA, PRINCIPALMENTE
PARA URINAR. SUA URINA S
SAI
AI COM SANGUE E O MESMO GEME DE DOR
AO FAZER XIXI. AINDA NÃO REALIZOU A BIOPSÍA, TAMPOUCO
NENHUMA CIRURGIA. DEPENDE EXCLUSIVAMENTE DO SUS E ESTÁ
AGUARDANDO NA FILA PARA SER ATENDIDO.
Conforme se depreende dos documentos anexados, em 2021 a próstata do
Autor já apresentava um aumento considerável no volume. Onde o normal era de até
30g e a do autor estava pesando 86g. O mesmo relata que o nódulo é visível e palpável
e, inclusive, sente muita dor para caminhar
caminhar, locomover-se,
se, urinar, sentar e por conta
disto faz usoo de analgésicos para amenizar a dor.
Entretanto, levando em consideração os exames anexados, a demora no
início do tratamento, bem como a realização da biopsia, certamente o Autor está
acometido por neoplasia maligna de próstata em seu grau mais elevado.
O Autor realiza tratamento com:

ZOLMPIDEM M: PARA INSÔNIA


FLUOXETINA
FLUOXETINA: 20MG (1 COMPRIMIDO POR DIA) – ANISEDADE
RECONTER 15MG
ZOLPAZ: 10MG PARA INSONIA
CLORIDRATO DE FLUEXETINA
FLUEXETINA: 20 mg
CLORIDRATO DE METFORMINA: 850 mg
CAPTOPRIL: 25 mg
INSULINA HUMANA NPH 100ui/ml

Dessa forma, resta evidente o requerente faz jus e necessita da concessão do


Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência, uma vez que, possui patologia que o
torna incapaz para a vida e para o trabalho, assim como não possui condições de prover
seu próprio sustento e de sua família, visto a impossibilidade de trabalhar.

II- DA CONDIÇÃO DE MISERALIBILIDADE/VULNERABILIDADE


ECONOMICA

O Autor extremamente pobre.. Ele faz bicos roçando grama e quintal,


enquanto sua esposa faz churros par
paraa vender em frente de casa algumas vezes na
semana. Possuem uma renda de até meio salário mínimo por mês,, além do benefício de
bolsa família recebido por sua esposa no valor de R$350,00 (trezentos e cinqüenta
reais), o qual foi cessado em novembro
novembro/2023. Anexo comprovante.
A renda familiar é insuficiente para cobrir todas as despesas domiciliares, e
as necessidades do autor como exames, consultas, remédios e entre outr
outros, motivo pelo
qual dependem exclusivamente do SUS.
O próprio INSS indeferiu o pedido de benefício ddo autor alegando que “Não
atende ao critério de miserabilidade para renda mensal familiar per capita de 1/4 do
salário mínimo para BPC
BPC”. Desta
esta forma levando em consideração que o critério da
deficiência já foi superada na esfera administrativa e presumidamente reconhecida como
tal, requer a dispensa da realização de perícia médica, uma vez que o que o ensejou o
indeferimento
to do pedido fo
foi tão somente o critério de miserabilidade.

Desta forma não se faz necessário realizar uma nova perícia médica,
oportunidade esta que se pede dispensa da mesma.
Portanto, a renda familiar se apresenta até meio salário mínimo por mês. Ou
seja, em média, uma renda per capta entre R$ 105,01 até R$ 210,00. No entanto, como
restará delineado a seguir, os gastos mensais não têm viabilizado o tratamento médi
médico
adequado e prescritoo ao Autor, ora Requerente. Assim, a fim de se evidenciar a sua
condição de vulnerabilidade econômica, segue o rol de despesass familiares mensais:

 Fatura
ra de Água: R$100,00 á média mens
mensal.
 Não pagam conta de energia – zerada – baixa renda.
 Internet – não tem
 Mercado – R$500,00
500,00 média mensal

Como pode ser visto, os gastos mensais fixos ultrapassam o valor da renda
familiar e impede o Autor de ter um pouco mais de dignidade.
Resta-nos claro que além da renda ser variável e baixa, é INSUFICIENTE para
prover a sua subsistência sendo extremamente necessária a concessão do referido
benefício de amparo assistencial a pessoa deficiente, a teor do artigo 20 da Lei 8742.93.
II – DO DIREITO
II. I – DO BENEFÍCIO DE AMPARO ASSISTENCIAL

Postula o Autor
utor a concessão de benefício assistencial de amparo à pessoa
com deficiência no valor de 1 (um) salário
salário-mínimo.
mínimo. Tal benefício está previsto no artigo
203, inciso V, da Constituição Federal, que dispõe:
O Artigo 203, inciso V, da Constituição Federal dispõe que a assistência
social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, e tem por objetivos:

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à


pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê
tê-
la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

A Lei 8.742/93, que dispõe sobre a organização da Assistência Social, veio


regulamentar
tar o referido dispositivo constitucional, estabelecendo em seu artigo 203 os
requisitos para sua concessão, quais sejam, DEFICIÊNCIA nos termos do §2º do artigo
20 da Lei 8742.93 e HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA
ECONÔMICA.

II. II - DA COMPROVAÇAO DE DEFICIÊNCIA PARA FINS DO BPC-ARTIGO


BPC
20, § 2 DA LEI 8742.93.

A Lei Orgânica da Assistência Social com redação atual dada pela Lei
12.435/11 conceitua o deficiente para fins de benefício assistencial:

Art. 20, §2, I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos
de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais,
em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade com as demais pess pessoas; II -
impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com
deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo
mínimo de 2 (dois) anos.

No caso presente, não há dúvidas sobre a deficiência de que padece o Autor


qual possui: CID E10 – DIABETES MELLITUS INSULINO-DEPENDENTE
DEPENDENTE, CID
H90. 3 - PERDA DE AUDIÇÃO BILATERAL NEUROSSENSORIAL
NEUROSSENSORIAL, CID C61 –
NEOPLASIA MALIGNA DA PRÓSTATA
PRÓSTATA, CID F41.0 – ANSIEDADE
GENERALISADA, CID F33 – TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE,
RECORRENTE
CID F43 – REAÇÕES AO “STRESS” GRAVE E TRANSTORNOS DE
ADAPTAÇÃO.
O Indeferimento da Autarquia sob a justificativa de qque INEXISTE
MISERABILIDADE é desumano.
É imperioso destacar que conforme entendimento sumulado pela TNU, a
deficiência para a vida independente, deve ser analisada em sentido lato, ou seja, não
está restrita somente ao desenvolvimento das atividades da vida diária, e sim a
independência econômica e financeira, que só se concretiza com a plenitude para a vida
laboral, vejamos:

SÚMULA 29 - Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de


1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela qu que
quando o pretendente ao benefício é criança ou adolescente, deve
deve-se
avaliar a existência de deficiência e seu impacto na limitação do
desempenho das atividades e na participação social, compatível com a
idade, sendo dispensável a análise da incapacidade la
laborativa impede
as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita
de prover ao próprio sustento.

Veja-se
se a jurisprudência do TRF da 4ª Região:

PREVIDEN
PREVIDENCIÁRIO.
CIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.
VIABILIDADE. CRIANÇA. A. HONORÁRIOS PERICIAIS.
CONSECTÁRIOS. O benefício assistencial é devido à pessoa
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção ou de tê
tê-la
la provida por sua família. 2.
Em relação à criança com deficiência,, deve ser analisado o impacto
da incapacidade na limitação do desempenho de atividades e na
restrição da participação social, compatível com a sua idade[...]
(TRF4, AC 5066300
5066300-84.2017.4.04.9999,
84.2017.4.04.9999, SEXTA TURMA, Relator
ARTUR CÉSAR DE SOUZA, juntado aos autos em 05/ 05/09/2018, com
grifos
ifos acrescido

Conforme se observa nos documentos em anexo


anexo, o Autor é acometido de
doenças graves, incuráveis
incuráveis, e que sem o tratamento urgente poderá vir a óbito.
óbito A
fila do SUS é imensurável e, aliado a isto, também possuem POUCOS
PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS ATENDENDO NO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE.
No que concerne ao problema em sua próstata, a demora na realização de
exames, biopsia, tratamento adequado, radioterapia (se for o caso) e quimioterapia (se
for o caso) implica diretamente na sua qualidade de vida, submetendo
submetendo-o a conviver
diariamente com o RISCO SOCIAL (risco de morte, barreiras graves vivenciadas
diariamente na sociedade, conviver com dor, entre outros).
Isso sem contar às barreiras enfrentadas diariamente por ser deficiente
auditivo e diabético,, o qual suporta dificuldades no convívio em sociedade,
principalmente no que concerne à comunicação, audição, interagir socialmente,
socialment entre
outros.
Ainda assim,
sim, importante ressaltar que esse conjunto de fatores com certeza
tournou-se um obstáculo não só físico, como psíquico
psíquico, pois traz frustações, angustia a
quem sofre, por decorrência de não sab
saber
er lidar com seu quadro clinico, o que implicou
no acometimento de doenças psíquicas e psicológicas, o qual já faz uso de diversos
medicamentos para depressão
depressão, ansiedade generalizada, estresse grave e insônia.
insônia
Tais diagnóstico, juntamente com suas condições socioeconômicas,
demonstram que o Autor jamais competirá em igualdade de condições com as
demais pessoas na busca por emprego.
Outrossim, a Convenção Internacional sobre dos Direitos das Pessoas com
Deficiência de Nova Iorque foi incorporada no ordenamento jurídico brasileiro com
força de EMENDA CONSTITUCIONAL, pela sistemática do art. 5º, § 3º da
Constituição Federal. No ponto, o Decreto 6.949/09 que introduziu a norma citada assim
dispõe em seu art. 7º:

Artigo 7 - Crianças com deficiência

1. Os Estados Partes tomarão todas as medidas necessárias para


assegurar às crianças com deficiência o pleno exercício de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais, em igualdade de
oportunidades com as demais crianças
crianças.

Evidente que a patologia que acomete o Autor impõe imensas dificuldades de


inserção e participação social. Se não realizado o trat
tratamento
amento adequado, futuramente o
demandante
emandante não só verá frustradas eventuais buscas por emprego, como também será
levado à marginalização
ginalização social, inegavelmente.
Conforme se pode constatar, o quadro de saúde do mesmo é
IRREVERSÍVEL, uma vez que sua doença é patológica e caracteriza incapacitação
física. Este,, consequentemente
consequentemente,, conviverá com os infortúnios da deficiência, que só
serão AMENIZADOS E JAMAIS CURADOS.

II. III – DA CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DA VULNERABILIDADE


ECONÔMICA

Como é sabido o objetivo da assistência social é prover o mínimo para a


sobrevivência do idoso ou incapaz, de modo a assegurar uma sobrevivência digna. Por
isso para a sua concessão não há que se exigir uma situação de miserabilidade absoluta,
bastando à caracterização
aracterização de que o beneficiário não tem condições de prover a própria
manutenção, nem de tê-la
la provida por sua família.
De acordo com o recente entendimento adotado pelo STF NO
JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINARIO N. 567.985, restou pacífico que
a renda
da per capta familiar inferior a 1.4 do salário-mínimo NÃO É O MEIO
EXCLUSIVO DE AFERIÇÃO DO CRITÉRIO DE MISERABILIDADE, vejamos.

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao


deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da
Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da
Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o
benefício mensal de um salário-mínimo seja concedido aos portadores
de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de
prover a própria manutenção ou de tê tê-la
la provida por sua família. 2.
Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade
da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art.
20, § 3º, da Lei 8.742/93 que “considera
“considera-se incapaz
apaz de prover a
manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja
renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário
mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua
constitucionalidade contestada, ao fund
fundamento
amento de que permitiria que
situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora
do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao
apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232 1.232-1/DF, o
Supremo Tribunal Federal de declarou
clarou a constitucionalidade do art. 20, §
3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos
preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critérios
definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal
Federal, entre
entretanto,
tanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação
em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela
LOAS. Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram
elaboraram-se maneiras de
se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se
avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes
idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que
estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros
benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/20
10.836/2004, que criou o
Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional
de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a
Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio
financeiro a Municípios que instituírem programas de garantia de
renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo
Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores
posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos.
Verificou
Verificou-se a ocorrência do processo ocesso de inconstitucionalização
decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e
sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos
patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de
outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4.
Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de
nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário
a que se nega provimento. (RE 567985, Relator (a): Min. MARCO
AURÉLIO, Relator (a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe
DJe-194 DIVULG 02-10- 2013 PUBLIC. 03-10-2013). 2013).

Reconhecida pelo STF, em regime de repercussão geral, a


inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei 8.74
8.742/93
2/93 (LOAS), que estabelece critério
econômico objetivo, bem como a possibilidade de admissão de outros meios de prova
para verificação da hipossuficiência familiar em sede de recursos repetitivos, cabe ao
julgador, na análise do caso concreto, aferir o es
estado
tado de miserabilidade da parte autora e
de sua família, autorizador ou não da concessão do benefício assistencial, E NO CASO
EM TELA A HIPOSSUFICIÊNCIA É PATENTE.
Todavia, conforme pode ser visualizado nos documentos em anexo, a Autora
e sua família possuem despesas superiores à renda recebida pelo benefício do Bolsa
Família.
O STJ já firmou entendimento que a caracterizaçã
caracterização
de HIPOSSUFICIENCIA ECONOMICA pode ser feita através de outros meios de
provas em caráter individualizado, analisando o binômio despesas x receitas, bem como
pelo futuro parecer socioeconômico emitido pela assistente social deste juízo, vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL. RESERVA DE PLENÁRIO.
INAPLICABILIDADE. MATÉRIA PENDENT
PENDENTEE DE ANÁLISE
PELO STF. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.
CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. CARACTERIZAÇÃO POR
OUTROS MEIOS DE PROVA, AINDA QUE A RENDA PER
CAPITA EXCEDA 1/4 DO SALÁRIO SALÁRIO-MÍNIMO.
MÍNIMO. PRECEDENTES.
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE NO
ÂMBITO ESPEC
ESPECIAL.
IAL. SÚMULA N.º 7 DESTE STJ. 1. Decidida a
questão sob o enfoque da legislação federal aplicável ao caso,
inaplicável a regra de reserva do plenário prevista no artigo 97 da
Constituição da República. 2. Afasta Afasta-se
se a necessidade de
sobrestamento do feito em razão deste Superior Tribunal de Justiça,
por força do art. 543
543-B,
B, não estar vinculado aos julgamentos do
Supremo Tribunal Federal. 3. Conforme entendimento firmado no
julgamento do REsp n.º 1.112.557/MG, de relatoria do Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho
Filho,, o critério previsto no artigo 20, § 3º, da
Lei n.º 8.742/1993, deve ser interpretado como limite mínimo, não
sendo suficiente, desse modo, por si só, para impedir a concessão do
benefício assistencial. 4. Permite
Permite-se,
se, nessa linha, a concessão do
benefício a segurados que comprovem, a despeito da renda, outros
meios caracterizadores da condição de hipossuficiência. 5.
Comprovada, na instância ordinária, a situação de miserabilidade, o
enunciado n.º 07 desta Corte impede a modificação do julgado. 6.
Agravo rregimental
egimental desprovido. (AgRg no Ag 1425871/SP, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2012,
DJe29/06/2012).

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais


também sustentam veementemente que o parâmetro objetivo da ren
renda familiar per
capita, para grande parte das hipóteses, não pode derivar de uma interpretação
estritamente literal do dispositivo legal, especialmente naqueles casos em que, diante de
circunstâncias peculiares – como no caso em tela -,, tal renda não assegura
asseg a efetiva
sobrevivência e cuidados a que faz jus o ente familiar, em que se inclui o pretendente ao
benefício.

Súmula 11 - A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um


quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefício
assistencia
assistenciall previsto no art. 20, § 3º da Lei nº 8.742 de 1993, desde
que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante.

Por tais razões, a autora faz jus à percepção do benefício de amparo


assistencial a pessoa deficiência, uma vez que, restou demon
demonstrada
strada a implementação
dos requisitos legais para sua concessão, quais sejam, DEFICIÊNCIA,, nos moldes do §
2 do artigo 20 da Lei 8742.93 e Hipossuficiência Econômica.
IV - DO ATO DISCRICIONÁRIO DO INSS – TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES

A teoria dos motivos determinantes consagrada no direito estrangeiro e no


brasileiro é no sentido de que a autoridade se vincula ao motivo alegado para a edição
de referido ato.
Simplificadamente teremos que o motivo que determinou a negativa do
benefício e somente ele deve ser objeto de análise no processo.
De acordo com o enunciado de n.º 77 do FONAJEF, temos que: “O
ajuizamento da ação de concessão de benefício da seguridade social reclama prévio
requerimento administrativo”.
No caso das demandas previdenciárias, não se impõe um esgotamento de
instâncias administrativas, mas apenas que seja formada uma controvérsia decorrente de
uma resistência da Administração em conceder o benefício pleiteado.
Se essa resistência não fosse eexigida,
xigida, seria de se questionar a própria razão
de se existirem as instâncias administrativas, já que tudo poderia de antemão ser
pleiteado judicialmente. O Judiciário teria que reconhecer como suas atribuições as de
renovar passaportes, fornece carteiras dee identidade, proceder à matrícula escolar na
rede pública etc. Enfim, deixaria de ser um ÓRGÃO DE CONTROLE da atividade
administrativa para realizar por si mesmo tal atividade, assumindo o papel dos agentes
administrativos em prejuízo do próprio serviço jjurisdicional.
Importante destacar, que para se evitar a “robotização” das demandas
previdenciárias, não se pode olvidar que o prévio requerimento administrativo age como
elemento delimitador da controvérsia, fazendo surgir o interesse de agir, requisito
essencial
ssencial da ação. O interesse de agir, juntamente com a legitimidade de partes e a
possibilidade jurídica do pedido, é elencado como um pressuposto processual, nos
termos do art. 17 do NCPC.
Basicamente, o interesse de agir sustenta
sustenta-se
se sobre o binômio necessidade-
nec
adequação. Dessa forma, para existir esse pressuposto processual da ação, a pretensão
do autor somente pode ser satisfeita por meio do ingresso em juízo (necessidade) e a
providência judicial requerida deve ser capaz de corrigir a situação conflit
conflituosa
(adequação).
A propósito, essa tese tem sido aplicada no âmbito do TRF da 1ª Região,
conforme julgados que seguem:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL.
PENSÃO POR MORTE. TRABALHADOR RURAL.
ACÓRDÃO. OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU OMISSÃO.
REQUISITOS PREENCHIDOS. COMPROVAÇÃO DA
QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL.
PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO
ADMINISTRATIVO. FUNDAMENTO. DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA. COMPROVADA NA VIA JUDICIAL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIALMENTE
ACOLHIDOS. 3 1. Havendo obscuridade, contradiçã
contradição ou omissão
no acórdão quanto aos requisitos para a concessão da pensão por
morte, os embargos de declaração devem ser parcialmente
acolhidos. 2. Anoto que o benefício de pensão por morte foi
indeferido administrativamente em virtude de não ter sido
demon
demonstrada
strada a dependência econômica da parte autora. Assim,
em respeito à teoria dos motivos determinantes, não há que se
falar em comprovação da qualidade de segurado do falecido, uma
vez que a razão que deu ensejo à decisão de indeferimento do
pedido baseou
baseou-see tão somente na suposta inexistência de
dependência econômica em relação ao segurado falecido, que
ficou evidenciada nos autos. 3. Embargos de declaração
parcialmente acolhidos para sanar o vício apontado, sem
alteração no resultado do julgado. (EDAC 0037 0037382-
40.2002.4.01.3800 / MG, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL
ÂNGELA CATÃO, PRIMEIRA TURMA, eDJF1 p.56 de
09/04/2014).

De fato, partindo
partindo-se
se do pressuposto de que o Judiciário deve exercer
primordialmente a função de revisor dos atos administrativos
administrativos,, chega-se
chega a duas
conclusões paralelas:
1) Os requisitos já reconhecidos administrativamente não
podem ser objeto de impugnação judicial;
2) A princípio, somente aquilo que já foi apreciado pelo INSS
pode ser considerado judicialmente.

IV.I - DA ECONOMIA PROCESSUAL E CELERID


CELERIDADE
ADE DOS JUIZADOS
ESPECIAIS FEDERAIS NAS AÇÕES DE CUNHO ALIMENTAR

Ao descaracterizar a negativa fundamentada pelo INSS, não apenas se nega


o caráter do prévio requerimento administrativo como pressuposto processual da ação,
mas se mitiga a sua exigência para aceitar o mero indeferimento e questionar novamente
acerca dos elementos apresentados administrativamente, quando já produzida a prova.
Em outras palavras, deve
deve-se nesses casos, ceder espaço
paço à economia
processual e a própria eficiência da administração.
De todo modo, a partir do momento em que é delimitada a contrové
controvérsia a
partir da ideia central de que o Judiciário exerce o poder de revisão dos atos
administrativos,, fica delimitado o objeto da prova. Daí a relevância da análise de
alguns aspectos específicos do regime probatório em ações relativas a benefícios
previdenciários
enciários por incapacidade, assim como os de caráter assistencial.
Assim, do ponto de vista da aplicabilidade eficaz das diretrizes dos juizados
especiais, cabe ao magistrado, se indeferido administrativamente o benefício, efetuar a
delimitação do objeto litigioso, com base no motivo da negativa fundamentada pela
autarquia,, passando a ser objeto de instrução e decisão judicial unicamente o ponto
duvidoso, e não todos os requisitos do benefício, o que ocorreria por força da ausência
de anterior crivo administrativo.
strativo.
Razão pela qual, a autora pugna pela DISPENSA DA REALIZAÇÃO DE
PERÍCIA MÉDICA,, DIANTE DE TODO O SUPRA EXPOSTO. Uma vez que a
negativa no presente caso se deu pela seguinte fundamentação:

Por derradeiro, visto que o requisito da deficiência já foi analisado


analisad e
superado na esfera administrativa, o Autor pugna pela realização de perícia psicossocial
apenas, como forma de corroborar que a miserabilidade e vulnerabilidade econômica do
permanece e que não há perspectiva de melhora
melhora.
V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer


requer-se:
a) Designação de perícia médica por PERITO EXPERT de confiança deste
Juízo, a fim de comprovar a deficiência, nos termos do artigo 20, § 2 da Lei 8742.93;
b) Levando em consideração o princípio da celeridade process
processual e teoria
dos motivos determinantes, requer a dispensa de perícia MÉDICA justamente por este
requisito já ter sido analisado e superado na esfera administrativa. Todavia, caso Vossa
Excelência entenda ser necessária a realização da mesma, requer designação de
PERÍCIA MÉDICA com perito expert e de confiança deste juízo
juízo;
c) que seja determinada a citação do Instituto - Réu na pessoa de seu
representante legal, para que, no prazo legal, apresente a contestação que entender de
direito, prosseguindo-se
se no feito até ulteriores termos, quando deverá a presente
demanda ser julgada totalmente procedente, condenando o Réu a conceder o
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A PESSOA DEFICIENTE
DEFICIENTE,, no valor de 01 (UM)
SALÁRIO MINIMO, DESDE A DER
DER- 17.11.2023, por ser medida de direito e de
justiça.

d) Requer que
que,, PROFERIDA A SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA,
SEJA CONCEDIDA
CEDIDA A TUTELA PROVISÓRIA
PROVISÓRIA,, fundamentada na evidência, para
que o INSS conceda o benefício ddo Autor, sob pena de multa diária, uma vez que a
petição inicial está instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito, nos termos do artigo
tigo 311, IV do CPC;
e) Que seja concedida a Assistência Judiciária Gratuita diante de sua
condição, e por força da natureza da causa, que tem cunho alimentar.

f) A parte autora opta pela não realização de audiência conciliatória


(CPC, art. 319, inc. VII), uma vez que a audiência ou sessão de conciliação tem chance
nula de sucesso na autocomposição pela própria natureza do litígio envolvido, ao menos
por ora.

g) Por fim, requer pro


provar
var o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidas, notadamente prova pericial, documental, oitiva de testemunhas, depoimento
pessoal, e outras que se fizerem necessárias para o esclarecimento dos fatos;
h) Que todas as publicações e intimações saiam em nome desta procuradora
Clara Carollo Velozo Pascoal OAB/MS 24.601.
i) Termos em que, d. r. e a. esta, com os documentos inclusos, dando-se a
causa o valor de R$15.840,00
15.840,00 (quinze mil oitocentos e quarenta reais), exclusivamente
para os efeitos fiscais e de alç
alçada.

Termos em que, pede deferimento.


Dourados-MS, 22 de novembro de 2023.

CLARA CAROLLO VELOZO PASCOAL


OAB/MS 24.601
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO
ESPECIAL FEDERAL DE DOURADOS
DOURADOS-MS

- PEDIDO 87 - BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA À PESSOA COM


DEFICIÊNCIA

ROBERTO SANGUINE PINTO


PINTO, brasileiro, desempregado, casado,
regularmente inscrito no Cadas
Cadastro de Pessoas Físicas sob o 653.971.001-10,
653.971.001 RG
n.000695947 SEJUSP/MS, residente e domiciliado na Rua Avenida Brasil, 875, centro,
CEP 79920-000, Laguna Carapã-MS,
MS, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de sua procuradora que ao final assina, propor a presente
presente.

AÇÃO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À PESSOA


COMDEFICIÊNCIA, com fundamento no artigo 203, V, da Constituição Federal

Em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL,


SOCIAL
pessoa jurídica de direito público, pelos motivos que passa a expor:

I – DOS FATOS

Em 17.11.2023 o Autor requereu junto a Autarquia, ora ré, o benefício de


Amparo Assistencial à Pessoa Portadora de Deficiência, espécie 87, inscrito na
Previdência Social sob nº de benefício 87/714.088.478-2.
Entretanto, o benefício foi INDEFERIDO sob
ob a alegação de que “não
atende ao critério de miserabilidade para renda mensal familiar per capita de 1/4 do
salário mínimo para BPC.”
” Indeferimento anexo.

 CID E10 – DIABETES MELLITUS INSULINO


INSULINO-DEPENDENTE
 CID H90. 3 - PERDA DE AUDIÇÃO BILATERAL NEUROSSENSORIAL
 CID C61 – NEOPLASIA MALIGNA DA PRÓSTATA
 CID F41.0 – ANSIEDADE GENERALISADA
 CID F33 – TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE
 CID F43 – REAÇÕES AO “STRESS” GRAVE E TRANSTORNOS DE
ADAPTAÇÃO

O Requerente atualmente conta com 57 anos de idade e a pelo menos 3 anos


encontra-se
se afastado do mercado de trabalho.
Devido às patologias que o Autor tem, o mesmo enfrenta MUITAS
BARREIRAS NA SOCIEDADE, como dificuldades para se comunicar e escutar o que
as pessoas falam, já que perdeu a audição bilateral.
Isso sem contar nas crises convulsivas que tem em virtude dos picos de
glicemia, mesmo fazendo uso de medicação e insulina (ambos fornecidos pelo
governo). Conforme exames de sangue anexos, não raras às vezes, a glicose do autor
em jejum é em média 260 mg/dL.
Faz uso de insulina (25mg cedo em jejum e 15mg à tarde, totalizando
tota 40mg
por dia), além de fazer uso de metformina 850mg (1 comprimido 1x ao dia);
Como se não bastasse, em meados de 2021 realizou o acompanhamento
anual com urologistaa para verificar possível câncer de próstataa e, infelizmente, o PSA
(exame de rastreamento deste tipo de carcinoma) deu REAGENTE.
O Autor, apesar de não diagnosticado – ainda – com o câncer, desde o
exame em comento, SENTE MUITA DOR NA PRÓSTATA, PRINCIPALMENTE
PARA URINAR. SUA URINA S
SAI
AI COM SANGUE E O MESMO GEME DE DOR
AO FAZER XIXI. AINDA NÃO REALIZOU A BIOPSÍA, TAMPOUCO
NENHUMA CIRURGIA. DEPENDE EXCLUSIVAMENTE DO SUS E ESTÁ
AGUARDANDO NA FILA PARA SER ATENDIDO.
Conforme se depreende dos documentos anexados, em 2021 a próstata do
Autor já apresentava um aumento considerável no volume. Onde o normal era de até
30g e a do autor estava pesando 86g. O mesmo relata que o nódulo é visível e palpável
e, inclusive, sente muita dor para caminhar
caminhar, locomover-se,
se, urinar, sentar e por conta
disto faz usoo de analgésicos para amenizar a dor.
Entretanto, levando em consideração os exames anexados, a demora no
início do tratamento, bem como a realização da biopsia, certamente o Autor está
acometido por neoplasia maligna de próstata em seu grau mais elevado.
O Autor realiza tratamento com:

ZOLMPIDEM M: PARA INSÔNIA


FLUOXETINA
FLUOXETINA: 20MG (1 COMPRIMIDO POR DIA) – ANISEDADE
RECONTER 15MG
ZOLPAZ: 10MG PARA INSONIA
CLORIDRATO DE FLUEXETINA
FLUEXETINA: 20 mg
CLORIDRATO DE METFORMINA: 850 mg
CAPTOPRIL: 25 mg
INSULINA HUMANA NPH 100ui/ml

Dessa forma, resta evidente o requerente faz jus e necessita da concessão do


Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência, uma vez que, possui patologia que o
torna incapaz para a vida e para o trabalho, assim como não possui condições de prover
seu próprio sustento e de sua família, visto a impossibilidade de trabalhar.

II- DA CONDIÇÃO DE MISERALIBILIDADE/VULNERABILIDADE


ECONOMICA

O Autor extremamente pobre.. Ele faz bicos roçando grama e quintal,


enquanto sua esposa faz churros par
paraa vender em frente de casa algumas vezes na
semana. Possuem uma renda de até meio salário mínimo por mês,, além do benefício de
bolsa família recebido por sua esposa no valor de R$350,00 (trezentos e cinqüenta
reais), o qual foi cessado em novembro
novembro/2023. Anexo comprovante.
A renda familiar é insuficiente para cobrir todas as despesas domiciliares, e
as necessidades do autor como exames, consultas, remédios e entre outr
outros, motivo pelo
qual dependem exclusivamente do SUS.
O próprio INSS indeferiu o pedido de benefício ddo autor alegando que “Não
atende ao critério de miserabilidade para renda mensal familiar per capita de 1/4 do
salário mínimo para BPC
BPC”. Desta
esta forma levando em consideração que o critério da
deficiência já foi superada na esfera administrativa e presumidamente reconhecida como
tal, requer a dispensa da realização de perícia médica, uma vez que o que o ensejou o
indeferimento
to do pedido fo
foi tão somente o critério de miserabilidade.

Desta forma não se faz necessário realizar uma nova perícia médica,
oportunidade esta que se pede dispensa da mesma.
Portanto, a renda familiar se apresenta até meio salário mínimo por mês. Ou
seja, em média, uma renda per capta entre R$ 105,01 até R$ 210,00. No entanto, como
restará delineado a seguir, os gastos mensais não têm viabilizado o tratamento médi
médico
adequado e prescritoo ao Autor, ora Requerente. Assim, a fim de se evidenciar a sua
condição de vulnerabilidade econômica, segue o rol de despesass familiares mensais:

 Fatura
ra de Água: R$100,00 á média mens
mensal.
 Não pagam conta de energia – zerada – baixa renda.
 Internet – não tem
 Mercado – R$500,00
500,00 média mensal

Como pode ser visto, os gastos mensais fixos ultrapassam o valor da renda
familiar e impede o Autor de ter um pouco mais de dignidade.
Resta-nos claro que além da renda ser variável e baixa, é INSUFICIENTE para
prover a sua subsistência sendo extremamente necessária a concessão do referido
benefício de amparo assistencial a pessoa deficiente, a teor do artigo 20 da Lei 8742.93.
II – DO DIREITO
II. I – DO BENEFÍCIO DE AMPARO ASSISTENCIAL

Postula o Autor
utor a concessão de benefício assistencial de amparo à pessoa
com deficiência no valor de 1 (um) salário
salário-mínimo.
mínimo. Tal benefício está previsto no artigo
203, inciso V, da Constituição Federal, que dispõe:
O Artigo 203, inciso V, da Constituição Federal dispõe que a assistência
social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, e tem por objetivos:

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à


pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê
tê-
la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

A Lei 8.742/93, que dispõe sobre a organização da Assistência Social, veio


regulamentar
tar o referido dispositivo constitucional, estabelecendo em seu artigo 203 os
requisitos para sua concessão, quais sejam, DEFICIÊNCIA nos termos do §2º do artigo
20 da Lei 8742.93 e HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA
ECONÔMICA.

II. II - DA COMPROVAÇAO DE DEFICIÊNCIA PARA FINS DO BPC-ARTIGO


BPC
20, § 2 DA LEI 8742.93.

A Lei Orgânica da Assistência Social com redação atual dada pela Lei
12.435/11 conceitua o deficiente para fins de benefício assistencial:

Art. 20, §2, I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos
de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais,
em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade com as demais pess pessoas; II -
impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com
deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo
mínimo de 2 (dois) anos.

No caso presente, não há dúvidas sobre a deficiência de que padece o Autor


qual possui: CID E10 – DIABETES MELLITUS INSULINO-DEPENDENTE
DEPENDENTE, CID
H90. 3 - PERDA DE AUDIÇÃO BILATERAL NEUROSSENSORIAL
NEUROSSENSORIAL, CID C61 –
NEOPLASIA MALIGNA DA PRÓSTATA
PRÓSTATA, CID F41.0 – ANSIEDADE
GENERALISADA, CID F33 – TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE,
RECORRENTE
CID F43 – REAÇÕES AO “STRESS” GRAVE E TRANSTORNOS DE
ADAPTAÇÃO.
O Indeferimento da Autarquia sob a justificativa de qque INEXISTE
MISERABILIDADE é desumano.
É imperioso destacar que conforme entendimento sumulado pela TNU, a
deficiência para a vida independente, deve ser analisada em sentido lato, ou seja, não
está restrita somente ao desenvolvimento das atividades da vida diária, e sim a
independência econômica e financeira, que só se concretiza com a plenitude para a vida
laboral, vejamos:

SÚMULA 29 - Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de


1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela qu que
quando o pretendente ao benefício é criança ou adolescente, deve
deve-se
avaliar a existência de deficiência e seu impacto na limitação do
desempenho das atividades e na participação social, compatível com a
idade, sendo dispensável a análise da incapacidade la
laborativa impede
as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita
de prover ao próprio sustento.

Veja-se
se a jurisprudência do TRF da 4ª Região:

PREVIDEN
PREVIDENCIÁRIO.
CIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.
VIABILIDADE. CRIANÇA. A. HONORÁRIOS PERICIAIS.
CONSECTÁRIOS. O benefício assistencial é devido à pessoa
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção ou de tê
tê-la
la provida por sua família. 2.
Em relação à criança com deficiência,, deve ser analisado o impacto
da incapacidade na limitação do desempenho de atividades e na
restrição da participação social, compatível com a sua idade[...]
(TRF4, AC 5066300
5066300-84.2017.4.04.9999,
84.2017.4.04.9999, SEXTA TURMA, Relator
ARTUR CÉSAR DE SOUZA, juntado aos autos em 05/ 05/09/2018, com
grifos
ifos acrescido

Conforme se observa nos documentos em anexo


anexo, o Autor é acometido de
doenças graves, incuráveis
incuráveis, e que sem o tratamento urgente poderá vir a óbito.
óbito A
fila do SUS é imensurável e, aliado a isto, também possuem POUCOS
PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS ATENDENDO NO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE.
No que concerne ao problema em sua próstata, a demora na realização de
exames, biopsia, tratamento adequado, radioterapia (se for o caso) e quimioterapia (se
for o caso) implica diretamente na sua qualidade de vida, submetendo
submetendo-o a conviver
diariamente com o RISCO SOCIAL (risco de morte, barreiras graves vivenciadas
diariamente na sociedade, conviver com dor, entre outros).
Isso sem contar às barreiras enfrentadas diariamente por ser deficiente
auditivo e diabético,, o qual suporta dificuldades no convívio em sociedade,
principalmente no que concerne à comunicação, audição, interagir socialmente,
socialment entre
outros.
Ainda assim,
sim, importante ressaltar que esse conjunto de fatores com certeza
tournou-se um obstáculo não só físico, como psíquico
psíquico, pois traz frustações, angustia a
quem sofre, por decorrência de não sab
saber
er lidar com seu quadro clinico, o que implicou
no acometimento de doenças psíquicas e psicológicas, o qual já faz uso de diversos
medicamentos para depressão
depressão, ansiedade generalizada, estresse grave e insônia.
insônia
Tais diagnóstico, juntamente com suas condições socioeconômicas,
demonstram que o Autor jamais competirá em igualdade de condições com as
demais pessoas na busca por emprego.
Outrossim, a Convenção Internacional sobre dos Direitos das Pessoas com
Deficiência de Nova Iorque foi incorporada no ordenamento jurídico brasileiro com
força de EMENDA CONSTITUCIONAL, pela sistemática do art. 5º, § 3º da
Constituição Federal. No ponto, o Decreto 6.949/09 que introduziu a norma citada assim
dispõe em seu art. 7º:

Artigo 7 - Crianças com deficiência

1. Os Estados Partes tomarão todas as medidas necessárias para


assegurar às crianças com deficiência o pleno exercício de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais, em igualdade de
oportunidades com as demais crianças
crianças.

Evidente que a patologia que acomete o Autor impõe imensas dificuldades de


inserção e participação social. Se não realizado o trat
tratamento
amento adequado, futuramente o
demandante
emandante não só verá frustradas eventuais buscas por emprego, como também será
levado à marginalização
ginalização social, inegavelmente.
Conforme se pode constatar, o quadro de saúde do mesmo é
IRREVERSÍVEL, uma vez que sua doença é patológica e caracteriza incapacitação
física. Este,, consequentemente
consequentemente,, conviverá com os infortúnios da deficiência, que só
serão AMENIZADOS E JAMAIS CURADOS.

II. III – DA CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DA VULNERABILIDADE


ECONÔMICA

Como é sabido o objetivo da assistência social é prover o mínimo para a


sobrevivência do idoso ou incapaz, de modo a assegurar uma sobrevivência digna. Por
isso para a sua concessão não há que se exigir uma situação de miserabilidade absoluta,
bastando à caracterização
aracterização de que o beneficiário não tem condições de prover a própria
manutenção, nem de tê-la
la provida por sua família.
De acordo com o recente entendimento adotado pelo STF NO
JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINARIO N. 567.985, restou pacífico que
a renda
da per capta familiar inferior a 1.4 do salário-mínimo NÃO É O MEIO
EXCLUSIVO DE AFERIÇÃO DO CRITÉRIO DE MISERABILIDADE, vejamos.

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao


deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da
Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da
Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o
benefício mensal de um salário-mínimo seja concedido aos portadores
de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de
prover a própria manutenção ou de tê tê-la
la provida por sua família. 2.
Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade
da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art.
20, § 3º, da Lei 8.742/93 que “considera
“considera-se incapaz
apaz de prover a
manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja
renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário
mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua
constitucionalidade contestada, ao fund
fundamento
amento de que permitiria que
situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora
do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao
apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232 1.232-1/DF, o
Supremo Tribunal Federal de declarou
clarou a constitucionalidade do art. 20, §
3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos
preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critérios
definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal
Federal, entre
entretanto,
tanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação
em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela
LOAS. Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram
elaboraram-se maneiras de
se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se
avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes
idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que
estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros
benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/20
10.836/2004, que criou o
Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional
de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a
Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio
financeiro a Municípios que instituírem programas de garantia de
renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo
Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores
posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos.
Verificou
Verificou-se a ocorrência do processo ocesso de inconstitucionalização
decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e
sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos
patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de
outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4.
Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de
nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário
a que se nega provimento. (RE 567985, Relator (a): Min. MARCO
AURÉLIO, Relator (a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe
DJe-194 DIVULG 02-10- 2013 PUBLIC. 03-10-2013). 2013).

Reconhecida pelo STF, em regime de repercussão geral, a


inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei 8.74
8.742/93
2/93 (LOAS), que estabelece critério
econômico objetivo, bem como a possibilidade de admissão de outros meios de prova
para verificação da hipossuficiência familiar em sede de recursos repetitivos, cabe ao
julgador, na análise do caso concreto, aferir o es
estado
tado de miserabilidade da parte autora e
de sua família, autorizador ou não da concessão do benefício assistencial, E NO CASO
EM TELA A HIPOSSUFICIÊNCIA É PATENTE.
Todavia, conforme pode ser visualizado nos documentos em anexo, a Autora
e sua família possuem despesas superiores à renda recebida pelo benefício do Bolsa
Família.
O STJ já firmou entendimento que a caracterizaçã
caracterização
de HIPOSSUFICIENCIA ECONOMICA pode ser feita através de outros meios de
provas em caráter individualizado, analisando o binômio despesas x receitas, bem como
pelo futuro parecer socioeconômico emitido pela assistente social deste juízo, vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL. RESERVA DE PLENÁRIO.
INAPLICABILIDADE. MATÉRIA PENDENT
PENDENTEE DE ANÁLISE
PELO STF. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.
CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA. CARACTERIZAÇÃO POR
OUTROS MEIOS DE PROVA, AINDA QUE A RENDA PER
CAPITA EXCEDA 1/4 DO SALÁRIO SALÁRIO-MÍNIMO.
MÍNIMO. PRECEDENTES.
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE NO
ÂMBITO ESPEC
ESPECIAL.
IAL. SÚMULA N.º 7 DESTE STJ. 1. Decidida a
questão sob o enfoque da legislação federal aplicável ao caso,
inaplicável a regra de reserva do plenário prevista no artigo 97 da
Constituição da República. 2. Afasta Afasta-se
se a necessidade de
sobrestamento do feito em razão deste Superior Tribunal de Justiça,
por força do art. 543
543-B,
B, não estar vinculado aos julgamentos do
Supremo Tribunal Federal. 3. Conforme entendimento firmado no
julgamento do REsp n.º 1.112.557/MG, de relatoria do Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho
Filho,, o critério previsto no artigo 20, § 3º, da
Lei n.º 8.742/1993, deve ser interpretado como limite mínimo, não
sendo suficiente, desse modo, por si só, para impedir a concessão do
benefício assistencial. 4. Permite
Permite-se,
se, nessa linha, a concessão do
benefício a segurados que comprovem, a despeito da renda, outros
meios caracterizadores da condição de hipossuficiência. 5.
Comprovada, na instância ordinária, a situação de miserabilidade, o
enunciado n.º 07 desta Corte impede a modificação do julgado. 6.
Agravo rregimental
egimental desprovido. (AgRg no Ag 1425871/SP, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2012,
DJe29/06/2012).

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais


também sustentam veementemente que o parâmetro objetivo da ren
renda familiar per
capita, para grande parte das hipóteses, não pode derivar de uma interpretação
estritamente literal do dispositivo legal, especialmente naqueles casos em que, diante de
circunstâncias peculiares – como no caso em tela -,, tal renda não assegura
asseg a efetiva
sobrevivência e cuidados a que faz jus o ente familiar, em que se inclui o pretendente ao
benefício.

Súmula 11 - A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um


quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefício
assistencia
assistenciall previsto no art. 20, § 3º da Lei nº 8.742 de 1993, desde
que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante.

Por tais razões, a autora faz jus à percepção do benefício de amparo


assistencial a pessoa deficiência, uma vez que, restou demon
demonstrada
strada a implementação
dos requisitos legais para sua concessão, quais sejam, DEFICIÊNCIA,, nos moldes do §
2 do artigo 20 da Lei 8742.93 e Hipossuficiência Econômica.
IV - DO ATO DISCRICIONÁRIO DO INSS – TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES

A teoria dos motivos determinantes consagrada no direito estrangeiro e no


brasileiro é no sentido de que a autoridade se vincula ao motivo alegado para a edição
de referido ato.
Simplificadamente teremos que o motivo que determinou a negativa do
benefício e somente ele deve ser objeto de análise no processo.
De acordo com o enunciado de n.º 77 do FONAJEF, temos que: “O
ajuizamento da ação de concessão de benefício da seguridade social reclama prévio
requerimento administrativo”.
No caso das demandas previdenciárias, não se impõe um esgotamento de
instâncias administrativas, mas apenas que seja formada uma controvérsia decorrente de
uma resistência da Administração em conceder o benefício pleiteado.
Se essa resistência não fosse eexigida,
xigida, seria de se questionar a própria razão
de se existirem as instâncias administrativas, já que tudo poderia de antemão ser
pleiteado judicialmente. O Judiciário teria que reconhecer como suas atribuições as de
renovar passaportes, fornece carteiras dee identidade, proceder à matrícula escolar na
rede pública etc. Enfim, deixaria de ser um ÓRGÃO DE CONTROLE da atividade
administrativa para realizar por si mesmo tal atividade, assumindo o papel dos agentes
administrativos em prejuízo do próprio serviço jjurisdicional.
Importante destacar, que para se evitar a “robotização” das demandas
previdenciárias, não se pode olvidar que o prévio requerimento administrativo age como
elemento delimitador da controvérsia, fazendo surgir o interesse de agir, requisito
essencial
ssencial da ação. O interesse de agir, juntamente com a legitimidade de partes e a
possibilidade jurídica do pedido, é elencado como um pressuposto processual, nos
termos do art. 17 do NCPC.
Basicamente, o interesse de agir sustenta
sustenta-se
se sobre o binômio necessidade-
nec
adequação. Dessa forma, para existir esse pressuposto processual da ação, a pretensão
do autor somente pode ser satisfeita por meio do ingresso em juízo (necessidade) e a
providência judicial requerida deve ser capaz de corrigir a situação conflit
conflituosa
(adequação).
A propósito, essa tese tem sido aplicada no âmbito do TRF da 1ª Região,
conforme julgados que seguem:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL.
PENSÃO POR MORTE. TRABALHADOR RURAL.
ACÓRDÃO. OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU OMISSÃO.
REQUISITOS PREENCHIDOS. COMPROVAÇÃO DA
QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL.
PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO
ADMINISTRATIVO. FUNDAMENTO. DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA. COMPROVADA NA VIA JUDICIAL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIALMENTE
ACOLHIDOS. 3 1. Havendo obscuridade, contradiçã
contradição ou omissão
no acórdão quanto aos requisitos para a concessão da pensão por
morte, os embargos de declaração devem ser parcialmente
acolhidos. 2. Anoto que o benefício de pensão por morte foi
indeferido administrativamente em virtude de não ter sido
demon
demonstrada
strada a dependência econômica da parte autora. Assim,
em respeito à teoria dos motivos determinantes, não há que se
falar em comprovação da qualidade de segurado do falecido, uma
vez que a razão que deu ensejo à decisão de indeferimento do
pedido baseou
baseou-see tão somente na suposta inexistência de
dependência econômica em relação ao segurado falecido, que
ficou evidenciada nos autos. 3. Embargos de declaração
parcialmente acolhidos para sanar o vício apontado, sem
alteração no resultado do julgado. (EDAC 0037 0037382-
40.2002.4.01.3800 / MG, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL
ÂNGELA CATÃO, PRIMEIRA TURMA, eDJF1 p.56 de
09/04/2014).

De fato, partindo
partindo-se
se do pressuposto de que o Judiciário deve exercer
primordialmente a função de revisor dos atos administrativos
administrativos,, chega-se
chega a duas
conclusões paralelas:
1) Os requisitos já reconhecidos administrativamente não
podem ser objeto de impugnação judicial;
2) A princípio, somente aquilo que já foi apreciado pelo INSS
pode ser considerado judicialmente.

IV.I - DA ECONOMIA PROCESSUAL E CELERID


CELERIDADE
ADE DOS JUIZADOS
ESPECIAIS FEDERAIS NAS AÇÕES DE CUNHO ALIMENTAR

Ao descaracterizar a negativa fundamentada pelo INSS, não apenas se nega


o caráter do prévio requerimento administrativo como pressuposto processual da ação,
mas se mitiga a sua exigência para aceitar o mero indeferimento e questionar novamente
acerca dos elementos apresentados administrativamente, quando já produzida a prova.
Em outras palavras, deve
deve-se nesses casos, ceder espaço
paço à economia
processual e a própria eficiência da administração.
De todo modo, a partir do momento em que é delimitada a contrové
controvérsia a
partir da ideia central de que o Judiciário exerce o poder de revisão dos atos
administrativos,, fica delimitado o objeto da prova. Daí a relevância da análise de
alguns aspectos específicos do regime probatório em ações relativas a benefícios
previdenciários
enciários por incapacidade, assim como os de caráter assistencial.
Assim, do ponto de vista da aplicabilidade eficaz das diretrizes dos juizados
especiais, cabe ao magistrado, se indeferido administrativamente o benefício, efetuar a
delimitação do objeto litigioso, com base no motivo da negativa fundamentada pela
autarquia,, passando a ser objeto de instrução e decisão judicial unicamente o ponto
duvidoso, e não todos os requisitos do benefício, o que ocorreria por força da ausência
de anterior crivo administrativo.
strativo.
Razão pela qual, a autora pugna pela DISPENSA DA REALIZAÇÃO DE
PERÍCIA MÉDICA,, DIANTE DE TODO O SUPRA EXPOSTO. Uma vez que a
negativa no presente caso se deu pela seguinte fundamentação:

Por derradeiro, visto que o requisito da deficiência já foi analisado


analisad e
superado na esfera administrativa, o Autor pugna pela realização de perícia psicossocial
apenas, como forma de corroborar que a miserabilidade e vulnerabilidade econômica do
permanece e que não há perspectiva de melhora
melhora.
V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer


requer-se:
a) Designação de perícia médica por PERITO EXPERT de confiança deste
Juízo, a fim de comprovar a deficiência, nos termos do artigo 20, § 2 da Lei 8742.93;
b) Levando em consideração o princípio da celeridade process
processual e teoria
dos motivos determinantes, requer a dispensa de perícia MÉDICA justamente por este
requisito já ter sido analisado e superado na esfera administrativa. Todavia, caso Vossa
Excelência entenda ser necessária a realização da mesma, requer designação de
PERÍCIA MÉDICA com perito expert e de confiança deste juízo
juízo;
c) que seja determinada a citação do Instituto - Réu na pessoa de seu
representante legal, para que, no prazo legal, apresente a contestação que entender de
direito, prosseguindo-se
se no feito até ulteriores termos, quando deverá a presente
demanda ser julgada totalmente procedente, condenando o Réu a conceder o
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A PESSOA DEFICIENTE
DEFICIENTE,, no valor de 01 (UM)
SALÁRIO MINIMO, DESDE A DER
DER- 17.11.2023, por ser medida de direito e de
justiça.

d) Requer que
que,, PROFERIDA A SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA,
SEJA CONCEDIDA
CEDIDA A TUTELA PROVISÓRIA
PROVISÓRIA,, fundamentada na evidência, para
que o INSS conceda o benefício ddo Autor, sob pena de multa diária, uma vez que a
petição inicial está instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito, nos termos do artigo
tigo 311, IV do CPC;
e) Que seja concedida a Assistência Judiciária Gratuita diante de sua
condição, e por força da natureza da causa, que tem cunho alimentar.

f) A parte autora opta pela não realização de audiência conciliatória


(CPC, art. 319, inc. VII), uma vez que a audiência ou sessão de conciliação tem chance
nula de sucesso na autocomposição pela própria natureza do litígio envolvido, ao menos
por ora.

g) Por fim, requer pro


provar
var o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidas, notadamente prova pericial, documental, oitiva de testemunhas, depoimento
pessoal, e outras que se fizerem necessárias para o esclarecimento dos fatos;
h) Que todas as publicações e intimações saiam em nome desta procuradora
Clara Carollo Velozo Pascoal OAB/MS 24.601.
i) Termos em que, d. r. e a. esta, com os documentos inclusos, dando-se a
causa o valor de R$15.840,00
15.840,00 (quinze mil oitocentos e quarenta reais), exclusivamente
para os efeitos fiscais e de alç
alçada.

Termos em que, pede deferimento.


Dourados-MS, 22 de novembro de 2023.

CLARA CAROLLO VELOZO PASCOAL


OAB/MS 24.601

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