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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO ___JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL CÍVEL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ----------------

( qualificação menor), brasileiro, solteiro, estudante, portador


RG nº ------ e CPF nº ------------, representado por sua genitora
Sra (qualificação da mãe), brasileira, casada, autônoma,
portadora do RG nº ----------- e CPF -------------, ambas
residente e domiciliada na Rua ( endereço completo), vem por
meio de seu advogado que este subscreve e informa seu
endereço profissional sendo localizado na ( endereço completo),
vem a presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À


PESSOA COM DEFICIÊNCIA

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS),


pessoa jurídica de direito público, CNPJ 29.979.036/0001-40,
na pessoa do seu representante legal, com sede na (endereço
completo), pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz.

1. FATOS

O Autor, conforme laudos médicos datado em 2021 e 2022, é


portador de uma Síndrome de Down, confirmada mediante teste genético
que se anexa, associada a um transtorno Hipercinético de conduta e atraso
da fala e da marcha, não apresenta condições para prática de alguns atos da
vida civil, problemas que geram dificuldades para realizar atividades
cotidianas (CID10: Q90.9, F90.1).

Diante do seu quadro clínico, o Autor pleiteou junto ao INSS, na


data de 23/09/2020 (DER), a concessão do Benefício Assistencial ao
Portador de Deficiência – LOAS (NB: xxxxxxxxxx).

1
Conforme cópia da Comunicação da Decisão, anexada, o Instituto
indeferiu o pedido do Requerente sob a alegação de não atende ao critério de
miserabilidade para renda mensal familiar.

2. FUNDAMENTAÇÃO DE MÉRITO

A Constituição Federal instituiu o benefício assistencial à pessoa


portadora de deficiência nos seguintes termos:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente da contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos:
(...)
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei.
(Grifou-se)

A Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993, veio a regular a


matéria, merecendo transcrição o caput e os parágrafos 1º a 3º do art. 20, in
verbis:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um


salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65
(sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua
família.
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo
requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um
deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e
enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o
mesmo teto.
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada,
considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas.
§ 3º Observados os demais critérios de elegibilidade definidos nesta
Lei, terão direito ao benefício financeiro de que trata o caput deste
artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa com renda familiar
mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-
mínimo.

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Portanto, o direito ao benefício assistencial ao deficiente pressupõe
o preenchimento dos seguintes requisitos: a) condição de deficiente
(incapacidade para o trabalho e para a vida independente, consoante a
redação original do art. 20 da LOAS, ou aquela pessoa que tem
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas, consoante a redação atual do referido dispositivo); e b)
situação de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência
econômica ou situação de desamparo).

Em relação ao critério para aferição da miserabilidade, este resta


configurado conforme as seguintes informações socioeconômicas:

Dados sobre o grupo familiar:

1. Número de componentes do
grupo familiar, com seus
respectivos nomes:
2. Renda mensal líquida de R$ 180,00
cada membro do grupo
familiar:
3. Renda mensal líquida do R$ 800,00
grupo familiar:
Dados sobre as condições socioeconômicas do grupo familiar:

1. Residência própria (sim ou SIM


não) Em caso de locação,
indicar o valor do aluguel.
2. Situação da residência: Casa simples
3. Situação dos móveis que Casas simples
guarnecem a residência:
4. Despesas com água e luz: R$160,00
5. Despesas com alimentação: R$ 200,00
6. Despesas com vestuário: R$ 100,0
7. Despesas com saúde: R$ 200,00

Da análise das informações socioeconômicas nota-se que a Parte


Autora vive em situação de risco social e não possui renda suficiente para
atender suas necessidades básicas.

Os genitores do Autor estão desempregados.

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De acordo com a PORTARIA Nº 1.282, DE 22 DE MARÇO DE
2021, benefício previdenciário ou benefício de prestação continuada de ate
um salário-mínimo não será computado para o cálculo da renda per capita
familiar vejamos:

Art. 1º Estabelecer que não será computado para o cálculo da renda


per capita familiar o benefício previdenciário de até um salário-
mínimo ou o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)
concedido a idoso, acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade, ou a
pessoa com deficiência, para a concessão do BPC/LOAS, diante do
disposto no § 14 do art. 20 da Lei nº 8.742, 7 de dezembro de 1993,
incluído pela Lei nº 13.982, de 2 de abril de 2020.

No que toca ao impedimento de longo prazo da Parte Autora,


algumas considerações merecem ser feitas.

A Lei n° 12.470/2011 definiu a pessoa com deficiência como


aquela portadora de impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.

E a Lei n° 13.146/2015 alterou apenas a parte referente às


barreiras, ao considerar pessoa com deficiência quem tem impedimentos de
longo prazo, os quais, em contato com uma ou mais barreiras, podem
obstruir sua participação plena e em igualdade de condições na sociedade.

Com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº


13.146/15), a redação do art. 20, § 2º, da Lei n° 8.742/93, passou a ser a
seguinte:

Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada,


considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas.

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Na hipótese, o Autor sofre de problema grave no coração, é
portador de uma Síndrome de Down, confirmada mediante teste genético
que se anexa, associada a um transtorno Hipercinético de conduta e atraso
da fala e da marcha, não apresenta condições para prática de alguns atos da
vida civil, problemas que geram dificuldades para realizar atividades
cotidianas

Também, in casu, não se pode perder de vista, o parecer técnico do


médico assistente do Autor, indicando o impedimento de longo prazo. Tudo
isto é o que se pode extrair do laudo médico anexo.

Atestado/ Laudo médico


Conclusão: insuficiência mitral e tricúspide de grau importante.
F 90.1
Q 90.9

Deste modo, ficou comprovado a deficiência e o impedimento de


longo prazo.

Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. PESSOA
DEFICIENTE, INCAPACITADA DE PROVER A PRÓPRIA
MANUTENÇÃO OU TÊ-LA PROVIDA DE OUTRA FORMA.
COMPROVAÇÃO. CONCESSÃO. 1. O direito ao benefício assistencial
pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos: condição de
deficiente ou idoso (65 anos ou mais); e situação de risco social
(estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de
desamparo) da parte autora e de sua família. 2. O Supremo Tribunal
Federal já decidiu que o critério definido pelo art. 20, § 3º, da Lei
8.742/1993 é apenas um indicativo objetivo, o qual não exclui a
possibilidade de verificação da hipossuficiência econômica dos
postulantes do benefício assistencial de prestação continuada. 3.
Comprovada a condição de pessoa deficiente ou idosa e a situação de
risco social da parte autora e de sua família, é devido o benefício
assistencial, a contar da data do requerimento administrativo.

(TRF-4 - AC: 50123581720164047108 RS 5012358-


17.2016.4.04.7108, Relator: GISELE LEMKE, Data de Julgamento:
24/04/2018, QUINTA TURMA)

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E M E N T A CONSTITUCIONAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL.
BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ART. 203, V, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA. LOAS. DEFICIENTE.
HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO CONFIGURADA. NÃO PREENCHIMENTO
DOS REQUISITOS LEGAIS. INDEVIDA A CONCESSÃO DO
AMPARO ASSISTENCIAL. - O benefício de prestação continuada,
previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição da Republica
Federativa do Brasil, consiste na “garantia de um salário-mínimo
mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco)
anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família” (art. 20, caput, da
Lei nº 8.742/1993). - O amparo assistencial exige, para sua
concessão, que o requerente comprove ser idoso com idade igual ou
superior a 65 anos (art. 20, caput, da Lei nº 8.742/1993) ou ter
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial (art. 20, § 2º, da LOAS) - Ausente um dos requisitos
para concessão da benesse constitucional - miserabilidade, resta
prejudicada a análise da condição de deficiente - Indeferimento do
benefício pleiteado - Parte autora condenada ao pagamento das
custas e despesas processuais e de honorários advocatícios fixados
em patamar mínimo sobre o valor da causa, observadas as normas
do artigo 85, §§ 3º, 4 º, III, e 5º, do CPC/2015, suspensa a sua
exigibilidade, tendo em vista o benefício da assistência judiciária
gratuita - Apelação do INSS provida.

(TRF-3 - ApCiv: 50006013620184036121 SP, Relator:


Desembargador Federal LEILA PAIVA MORRISON, Data de
Julgamento: 06/10/2020, 9ª Turma, Data de Publicação: Intimação
via sistema DATA: 07/10/2020)

Assim, comprovado a deficiência e o impedimento de longo prazo, o


indeferimento do benefício previdenciário não encontra suporte na legislação
pátria, uma vez que o Autor preenche todos os requisitos necessários à
concessão do benefício assistencial.

DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

A tutela pretendida nesta demanda deverá ser concedida de forma


antecipada, posto que a Autora preencheu os requisitos do art. 300 do CPC/2015,
que dispõe:

"Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo. [...]"

A tutela de urgência tem como maior finalidade evitar situações que, ao


aguardar o julgamento definitivo, poderão sofrer dano irreparável ou de difícil
reparação.

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Ficou comprovado que a família não tem condições e para piorar estão
desempregados, o Autor corre o risco de passar fome, daí a necessidade de se
antecipar à tutela.

Quanto às provas, os documentos carreados nos autos demonstram


inequivocamente que o Autor é portador de doença grave que o incapacita ao
desempenho de qualquer atividade laborativa, conforme laudos e exames médicos
acostados.

A pretensão do Autor encontra amparo legal dentro da legislação


previdenciária.

3. REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na


pessoa do seu representante legal, para que, querendo, responda a presente
demanda, no prazo legal, sob pena de revelia;

2. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude da Parte


Autora não poder arcar com o pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua família,
condição que expressamente declara, na forma do art. 4º da Lei n.º
1.060/50;

3. A concessão da Tutela de urgência antecipada a partir da


juntada do laudo pericial aos autos, com a implantação imediata amparo
social pessoa portadora deficiência.

4. Que a presente ação seja JULGADA TOTALMENTE


PROCEDENTE, determinando a concessão do benefício de prestação
continuada, devendo ser determinado o pagamento das parcelas vencidas a
partir da DER: 23/09/2020, monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros moratórios, ambos incidentes até a data do
efetivo pagamento;

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5. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS
para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;

6. Renúncia ao valor que excede ao teto do juizado;

7. Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, especialmente pela via documental anexa e mediante a
realização de perícia judicial, caso necessário, com médico especializado na
área Psiquiatra, a ser designado por Vossa Excelência.

Dá-se à causa o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).

Termos em que,

Pede deferimento.

(cidade), 23 de julho de 2022.

Advogado
OAB-xxx xxxxxxxx

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