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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

04/07/2023

Número: 5008783-41.2019.8.13.0114
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 2ª Vara Cível da Comarca de Ibirité
Última distribuição : 30/11/2020
Valor da causa: R$ 130.000,00
Assuntos: Adjudicação Compulsória
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
ESMERINDA MARIA DA SILVA (AUTOR)
MOACIR BELOTE (ADVOGADO)
JURANDIR EUSTAQUIO DOS ANJOS (AUTOR)
MOACIR BELOTE (ADVOGADO)
AILTON OLEGARIO FERREIRA (RÉU/RÉ)
JOAO EUSTAQUIO BRASILEIRO (RÉU/RÉ)
MARIA AUXILIADORA BRASILEIRO (RÉU/RÉ)

Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
90078717 24/10/2019 15:12 Petição Inicial Petição Inicial
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CIVEL DA COMARCA DE
IBIRITÉ/MG.

JURANDIR ESTAQUIO DOS ANJOS, brasileiro, divorciado,


aposentado, portador do RG M 3.588.838 e inscrito no CPF sob o nº 174.442.846-87 e
ESMERINDA MARIA DA SILVA, brasileira, casada, portadora do RG M – 5.627.124 e inscrita
no CPF ignorado, residente na Rua Antenor Pessoa nº 49, Bairro Parque Santa Elizabeth
Ibirité/MG CEP 32.404.593 vem respeitosamente por meio de seu procurador, in fine, formular
o presente pedido de;

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ADJUDICAÇÃO COMPULSORIA

Em face de AILTON OLEGARIO FERREIRA, brasileiro, autônomo,


viúvo, portador do RG de nº MG – 319.620 e inscrito no CPF sob o nº 247.160.576-15 residente
e domiciliado na Rua Antenor Pessoa nº 49, Bairro Parque Santa Elizabeth Ibirité/MG, JOAO
EUSTAQUIO, brasileiro, casado, aposentado, portador do RG de nº M-2.018.805 e inscrito no
CPF sob o nº 174.670.716-04 residente e domiciliado na rua Antonio Flores, nº 100, Bairro
Araguaia, Belo Horizonte/MG – CEP: 30.622-300 e MARIA AUXILIADORA, brasileira, casada,
portadora do RG de nº MG 3.292.826 e inscrita no CPF sob o nº 012.357.626-10, residente e
domiciliado na rua Antonio Flores, nº 100, Bairro Araguaia, Belo Horizonte/MG – CEP:
30.622-300 e das seguintes razoes de fato e de direito:

I- DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Os autores não têm como assumirem as custas e despesas relativas ao


processo sem, contudo, prejudicar seu sustento e de sua família.

A doutrina pátria vem, reiteradamente, aceitando o deferimento dos


benefícios da gratuidade da justiça, sem maiores formalidades, posto que como bem leciona o
festejado processualista HUMBERTO THEODORO JÚNIOR ao dissertar sobre a assistência
judiciária, prescrevendo que:

“Como regra geral, a parte tem o ônus de custear as despesas


das atividades processuais, antecipando-lhe o respectivo
pagamento, à medida que o processo realiza sua marcha. Exigir,
porém, esse ônus, como pressuposto indeclinável de acesso ao
processo, seria privar os economicamente fracos da tutela
jurisdicional do Estado (...)

Necessitado, para o legislador, não é apenas o miserável, mas,


sim, `todo aquele cuja situação econômica não lhe permita

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pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo do sustento próprio ou da família’ (artigo 2º, parágrafo
único, da Lei 1.060/50) (...)”(grifou-se)

A propósito, não só os doutrinadores preocuparam-se em esclarecer a


matéria em comento, mas também os tribunais pátrios têm reiteradamente entendido que para
beneficiar-se da justiça gratuita, o interessado pode constituir advogado particular de sua
confiança. Isso se insere na garantia fundamental ao devido processo e ao direito a ampla
defesa, que tem fundamento na própria Constituição Federal. Para tanto o próprio Tribunal
Mineiro tem decidido nesse sentido, in verbis;

Ementa: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO


CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ACESSO À
JURISDIÇÃO. JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE
POBREZA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. EFETIVIDADE DO
PROCESSO. RECURSO PROVIDO. 1. A Constituição Federal ao
consagrar de maneira incondicional a teoria dos direitos
fundamentais que exigem interpretação e aplicação de máxima
e irrestrita efetividade prestigiou o direito de amplo acesso à
jurisdição (art. 5º, XXXV, CR). Assim, para eficácia do artigo 4º
da Lei 1.060/50, prevalece à presunção de veracidade da
declaração do autor quanto ao seu estado de pobreza ou
necessitado.

2. Para beneficiar-se da justiça gratuita o interessado pode


constituir advogado particular de sua confiança. Isso se insere
na garantia fundamental ao devido processo e ao direito a
ampla defesa, que tem fundamento na Constituição da
República, art. 5º, inciso LV. (TJMG Agravo de Instrumento Cv
1.0382.13.010829-5/001 0664615-59.2013.8.13.0000 (1) Relator(a):
Des.(a) José Flávio de Almeida - Data de Julgamento: 13/11/2013
- Data da publicação da súmula: 22/11/2013) (grifo nosso).

Portanto, para a concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa


física, hipótese dos autos, basta a simples alegação de que não possui recursos suficientes
para suportar o pagamento das despesas processuais, sem prejuízo do sustento próprio e da
sua família.

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Com base no disposto na Lei nº 1060/50, e arts. 98 e seguintes do CPC
REQUEREM à V. Exa. a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, eis que
declaram as partes ativas da lide, expressamente, não possuirem condições financeiras de
arcarem com as custas e taxas processuais.

II – DOS FATOS

Os autores adquiriram por meio de contrato particular de cessão e


transferência de direitos e posse, do imóvel, lote nº 18 da quadra nº10, com área de 360m²,
devidamente registrado no CRI de Betim/MG, sob a matricula de nº 85.540 Livro 2, situado no
Bairro Parque Elizabeth, município de Ibirité/MG, ut documento acostado a esta exordial.

Em 12 de janeiro de 2010, o imóvel acima citado, foi cedido, conforme


Contrato Particular de Cessão de Direito Hereditário, pelo representante do espólio do primeiro
e antigo proprietário, inventariante – Sr. Paulo Roberto Fernandes para o casal, João Eustáquio
e Maria Auxiliadora, sendo avençado entre as partes, o pagamento da importância de
R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais) ut documento acostado a esta inicial.

Por sua vez, conforme já mencionado, em 17 de julho de 2012, os autores,


adquiriram por meio de contrato particular de cessão e transferência de direitos e posse, o
respectivo imóvel, do casal João Eustáquio e Maria Auxiliadora.

Na oportunidade foi avençado que os autores Sr. Jurandir e a sra. Esmerinda


Maria da Silva, adquirisse os direitos e posse do imóvel contido no inventário, pelo valor de R$
120.000,00 (cento e vinte mil reais), ut contrato particular anexo.

Conforme se observa, os contratos não tiveram qualquer objeção por


parte do herdeiro, do primeiro proprietário sendo que, o próprio inventariante, requereu,
por meio de petição, fls., ut documento anexo, a adjudicação do respectivo imóvel para o
Sr. João Eustáquio e Sra. Maria Auxiliadora.

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Em que pese as negociações terem sido realizadas de forma transparente e
dentro da formalidade, infelizmente até o momento, os autores, não obtiveram êxito em fazer
valer os seus direitos avençados nos contratos colacionados a esta exordial.

Insta salientar que, os primeiros adquirentes, quais sejam, Sr. João Eustáquio
e Sra. Maria Auxiliadora, depois de negada a adjudicação do imóvel, ajuizaram um
procedimento como terceiro interessado, nos autos do processo de inventario, no qual o imóvel
em comento era regularizado, para garantir os direitos contratados, todavia sem sucesso.

Vale ressaltar que tanto o primeiro requerido quanto o segundo e terceiro


requeridos, já receberam pela cessão dos direitos relacionados ao imóvel objeto da presente
lide.

Insta salientar que o requerente adimpliu todo o acordado, efetuando o


pagamento de todos os valores negociados, não conseguindo porem, de forma amigável, que
os requeridos cumprissem as suas respectivas partes, que é a transferência de propriedade
mediante a competente escritura definitiva de compra e venda.

Diante da resistência dos requeridos, os autores solicitaram perante o


processo de inventário a respectiva habilitação. Na oportunidade assim manifestou o douto
juízo, vejamos;

Homologo, por sentença, a fim de que produza seus jurídicos e


legais efeitos, a adjudicação do bem imóvel deixado por
Margarida de Azevedo Ferreira, atribuindo a seu exclusivo
herdeiro Ailton Olegário Ferreira seus respectivos quinhões,
ressalvados os direitos de terceiro, notadamente a Fazenda
Pública, eventuais omissões e erros grosseiros.

Ficam os terceiros interessados advertidos de que, em


consonância com o principio da continuidade registral e a

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vedação a evasão fiscal, deverão na via administrativa ou, caso
necessária, judicial própria, providenciarem a escrituração e
posterior deposito em registro do contrato de cessão hereditária
de ff.20/23 e, posteriormente, a escrituração e posterior
deposito em registro do contrato de cessão de ff. 134/141.

Conforme se observa o douto juízo fundamentou em sua decisão que os


terceiros interessados ficam advertidos que, em consonância com o principio da continuidade
registral e a vedação a evasão fiscal, deverão na via administrativa ou, caso necessária, judicial
própria.

Assim sendo frustradas as tentativas amigáveis e administrativas de


regularizarem a situação e como efeito da displicência pelos requeridos, propõe os requerentes
a presente ação de adjudicação compulsória para obter a tutela jurisdicional, defendendo assim
seus direitos.

III – DO DIREITO

Conforme já relatado os autores adquiriram os direitos e posse do imóvel


inventariado por meio de contrato particular de cessão de transferência de direitos

No respectivo contrato resta claro a formalização dos direitos adquiridos


juntos aos herdeiros bem como dos promitentes cedentes.

Sobre o tema o art. 1.793 do Código Civil dispõe que;

Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de


que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por

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escritura pública.

O artigo possibilita ao herdeiro ceder o quinhão de que dispunha. No caso em


comento, os direitos sobre o bem inventariado foram totalmente cedidos aos promitentes
Cessionários.

Por outro lado a cláusula 9ª do Contrato avençado entre os Cessionários e


Cedentes determina que;

Clausula 9ª - Os PROMITENTES CEDENTES


comprometem-se em outorgar em nome dos
PROMISSÁRIOS CESSIONÁRIOS, ou em nome de quem
por ela for indicado, ou que ainda legalmente a represente,
a competente Escritura Pública de Cessão e Transferência
Onerosa de Direitos Hereditários dos Imóveis, objeto deste
contrato.

Como se observa tanto os Cessionários como os Cedentes agiram e


formalizaram o negócio jurídico atendendo os requisitos legais, razão por essa o presente
pedido de adjudicação compulsória é perfeitamente aplicável.

Os direito dos requerentes estão amparados pela legislação, precisamente


nos artigos 15 e 16 do Decreto-Lei nº 58, de 1937, devendo assim, o imóvel ser adjudicado
pelo requerente.

O artigo 15 do Decreto-Lei nº 58, de 1937, diz que:

"Art. 15. Os compromissários têm o direito de, antecipando ou


ultimando o pagamento integral do preço, e estando quites com
os impostos e taxas, exigir a outorga da escritura de compra e
venda."

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Bem como o artigo 16 do mesmo Decreto-Lei

"Art. 16. Recusando-se os compromitentes a outorgar a


escritura definitiva no caso do art.15 , o compromissário poderá
propor, para o cumprimento da obrigação, ação de adjudicação
compulsória, que tomará o rito sumaríssimo."

Assim sendo os requerentes desde já pugnam pela procedência da presente


ação determinando ao final a adjudicação compulsória do imóvel em comento sempre com as
cominações de direito.

IV – DOS PEDIDOS

Isto posto, requer:

1 - A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da


redação vigente da Lei nº 1.060/50 e arts. 98 e seguintes do CPC, por se tratarem os
autores que não dispõe de recursos suficientes para suportar o pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de seus
dependentes;

Diante de todo o exposto requer:

2 - A citação dos requeridos para que comparecerem à audiência


designada oportunamente por Vossa Excelência, apresentando defesa assim querendo,
sob pena de sofrer os efeitos da revelia.

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3 - A procedência da presente ação, adjudicando o bem acima descrito,
efetivando-se a transcrição competente do mesmo, lavrando-se do devido registro em
Cartório em nome dos requerentes.

4 - A condenação dos requeridos ao pagamento das custas e despesas


processuais, bem como os honorários advocatícios.

5 – O cadastramento no SISCON dos advogados que subscrevem a presente


petição, para que sejam intimados de todos os atos do processo, especialmente da audiência
de instrução e julgamento, sob pena de nulidade.

Requer ainda a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, a


documental inclusa, testemunhais, pericia psicossocial e demais que se fizerem necessárias à
elucidação dos fatos;

Dá-se a causa o valor de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Ibirité, 24 de outubro de 2019.

Wellington Luiz das Neves

OAB/MG 170.562

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