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LETRA DE CÂMBIO

Conceito

É uma ordem de pagamento à


vista ou a prazo pela qual o sacador
dirige-se ao sacado para que este
pague determinada importância a
uma terceira pessoa.
cheque – ordem de pagamento à vista

nota promissória – promessa de pagamento

• Fábio Ulhôa: “no Brasil, quase não existe Letra de Câmbio”.


• Proibida a emissão decorrente de compra e venda mercantil e
prestação de serviços (duplicata)
SURGIMENTO:

“(...) instrumento que possibilitasse a troca de diferentes


moedas, quando, com o intuito de realizar negócios,
deslocavam-se de um lugar para outro. Criou-se, então, a
seguinte sistemática: o banqueiro recebia, em depósito, as
moedas com circulação no burgo de seu estabelecimento, e
escrevia uma carta ao banqueiro estabelecido no local de
destino do mercador depositante. Nessa carta, ele dizia ao
colega que pagasse ao comerciante, ou a quem ele indicasse,
em moeda local, o equivalente ao montante depositado.
Posteriormente, os banqueiros faziam o encontro de contas
das cartas emitidas e recebidas. Dessa carta (em italiano,
lettera), que viabilizava o câmbio, originou-se a letra de
câmbio.” (Ulhôa)
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO

a) SAQUE DA LETRA DE CÂMBIO


“Saque é a operação de emissão da letra de câmbio.” (Negrão)

“Saque é o ato de criação, de emissão da letra de câmbio; após este ato cambial, o tomador estará
autorizado a procurar o sacado para, dadas certas condições, poder receber dele a quantia
referida no título.” (Ulhôa)

• Da prática do ato cambial chamado saque, surgem três situações jurídicas distintas:
a) o sacador: aquele que dá a ordem para pagamento;
b) o sacado: a quem a ordem é dirigida;
c) o tomador: o beneficiário da ordem.

• O saque produz também um outro efeito: vincula o sacador ao pagamento da letra de câmbio.
Se o sacado (destinatário da ordem de pagamento) não pagar o título, o tomador poderá cobrar
a letra de câmbio do próprio sacador, que, ao praticar o saque, tornou-se co-devedor do título
(Art. 9º da LU).

• (LUG) - DECRETO Nº 57.663, DE 24 DE JANEIRO DE 1966


• https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=29276
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
A LU faculta, em seu art. 3º, que uma mesma pessoa
ocupe mais de uma dessas situações.

 Ou seja, a Letra de Câmbio poderá ser sacada em


benefício do próprio sacador (a mesma pessoa
ocupando, simultaneamente, as situações jurídicas de
sacador e tomador) ou, ainda, sobre o próprio
sacador (a mesma pessoa ocupando,
simultaneamente, as situações jurídicas de sacador e
sacado).
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
Requisitos indispensáveis à letra de câmbio:

1. a expressão “letra de câmbio” inserta no próprio


texto do título (LU, art. 1º, n. 1);

2. o mandato puro e simples de pagar quantia


determinada (LU, art. 1º, n. 2); - nunca sujeito à
condição, encargo ou termo;

3. o nome do sacado (pessoa a quem a ordem é


endereçada) (LU, art. 1º, n. 3) e sua identificação pelo
nº do RG, CPF, Titulo de Eleitor ou da Carteira
Profissional (Lei nº 6.268/75, art. 3º);
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
4. o lugar do pagamento ou a indicação de um lugar ao lado do
nome do sacado, o qual será tomado como lugar do
pagamento e como domicílio do sacado (LU, art. 1º, n. 5, c/c
o art. 2º, terceira alínea).

5. o nome do tomador, não se admitindo letra de câmbio


sacada ao portador (LU, art. 1º, n. 6);

6. local e data do saque, podendo ser a indicação deste local


substituída por menção de um lugar ao lado do nome do
sacador (LU, art. 1º, n. 7, c/c o art. 2º, última alínea); a
ausência de data, implica em falta de executoriedade do
título;

7. assinatura do sacador (LU, art. 1º, n. 8).


Expressão Ordem de pagamento Lugar de pagamento Nome do tomador
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - SAQUE

Art. 3º do Decreto nº 2.044/1908, em


consonância com a interpretação que lhe
deu a Súmula 387 do STF, e o art. 891 do
CC/2002: os requisitos da letra de câmbio,
como de qualquer título de crédito, não
precisam constar do instrumento no
momento do saque, podendo ela ser sacada
incompleta, como também circular
incompleta; porém, os requisitos devem
estar totalmente cumpridos antes da
cobrança ou do protesto do título.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - SAQUE

Súmula 387 do STF:

“A cambial emitida ou aceita com omissões,


ou em branco, pode ser completada pelo
credor de boa-fé antes da cobrança ou do
protesto.”

 Pode circular por endosso e ser garantida


por aval
 
AUSÊNCIA DE REQUISITOS
(Tabela elaborada por Ricardo Negrão)

REQUISITO AUSENTE EQUIVALENTE

ÉPOCA DO PAGAMENTO VENCE-SE À VISTA

LUGAR DO PAGAMENTO LUGAR AO LADO DO


SACADO

LUGAR DE SAQUE LUGAR AO LADO DO


NOME DO SACADOR
EMISSÃO EM MOEDA ESTRANGEIRA

 O Direito pátrio admite a emissão da letra


de câmbio em moeda estrangeira, mas em
virtude de reserva pelas autoridades
brasileiras (art.7º, anexo II), o pagamento
somente pode se dar após conversão em
moeda de circulação nacional.

PAGAMENTO MOEDA NACIONAL


VENCIMENTO DA LETRA DE CÂMBIO
 É o ato cambial pelo qual se opera a exigibilidade da
letra.
• Há duas espécies de vencimento:

 o ordinário – que se opera pelo fato jurídico


decurso do tempo ou pela apresentação ao sacado
da letra à vista;

 o extraordinário – que se opera por recusa do


aceite ou pela falência do aceitante (Dec. nº
2.044/1908, art. 19, I).

• Somente a falência do aceitante de uma letra de


câmbio produz o seu vencimento antecipado.
ÉPOCA DO PAGAMENTO

 À vista (quando o sacado recebe o título, devendo


honrar, imediatamente, a obrigação);

 Certo termo de vista (o prazo para contagem do


vencimento ocorrerá somente a partir do visto ou
do aceite do sacado;

 Certo termo da data (o vencimento começará a ser


contado da emissão da letra);

 Pagável em dia determinado (quando as partes


estipulam um dia certo e determinado para seu
vencimento).
ESTIPULAÇÃO DE JUROS

 “O sacador pode estipular, com a emissão e


no próprio título, o rendimento de juros,
presumindo-se, salvo indicação diversa,
contados da data da emissão da letra. Essa
faculdade encontra-se tão somente na
criação de letras pagáveis à vista ou a certo
tempo de vista, considerando-se não escrita
sua inscrição em outra espécie de letra.”
(Negrão)

* No ordenamento brasileiro = 1% a.m. (CC, art. 406)


CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ACEITE
B.ACEITE
O aceite é a manifestação do sacado no sentido de que “aceita” a
incumbência de realizar o pagamento ao tomador.

• A letra de câmbio é uma ordem de pagamento dada pelo sacador em face


do sacado. E este não é obrigado a obedecer a ordem contra sua vontade;
somente após o ato do aceite o sacado estará vinculado ao cumprimento da
obrigaÇão cambial.

“Aceite é o ato cambial pelo qual o sacado concorda em acolher a ordem


incorporada pela letra.
O aceite resulta da simples assinatura do sacado lançada no anverso do
título, mas poderá ser firmado também no verso, desde que identificado o
ato praticado pela expressão “aceito” ou outra equivalente.
O aceitante é o devedor principal da letra de câmbio, significando que, no
vencimento, o credor do título deverá procurar, primeiramente, o aceitante
para cobrar o seu pagamento; se este se recusar a pagar, o credor poderá
cobrar, em determinadas condições, dos coobrigados.”
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ACEITE
 Como o sacado não está obrigado a aceitar a letra de câmbio, a
recusa do aceite é comportamento lícito. A recusa pode ser expressa
ou tácita (devolução sem assinatura).

 Se o sacado não aceitar a ordem de pagamento que lhe foi dirigida,


o tomador, ou o credor, poderá cobrar o título de imediato do
sacador, posto que o vencimento originariamente fixado para a
cambial é antecipado com a recusa do aceite (Art. 43 da LU).

 Aceite limitativo: é aquele em que o sacado concorda em pagar


apenas uma parte do valor do título.

 Aceite modificativo: é aquele em que o sacado adere à ordem


alterando parte das condições fixadas na letra.

 Nas hipóteses dos aceites limitativo ou modificativo, a lei prescreve


que o aceitante se vincula ao pagamento do título nos exatos termos
de seu aceite (art. 26, LU), mas se opera o vencimento antecipado da
letra de câmbio, podendo ser cobrada de imediato.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ACEITE
• Para evitar que a recusa do aceite produza o vencimento antecipado da letra
de câmbio:

Art. 22 da LU:
“Art. 22. O sacador pode em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao
aceite, com ou sem fixação de prazo.
Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma
letra pagável em domicílio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do
domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista.
O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-
se antes de determinada data.
Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou
sem fixação de prazo, salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador.”

Proibição de apresentação da letra para aceite antes de data determinada

Sacador pode fixar um prazo de apresentação a aceite.


CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ENDOSSO

C. ENDOSSO

É o ato pelo qual o credor de um título de crédito


com cláusula “à ordem” transfere seus direitos a
uma terceira pessoa.

 Endossante ou endossador: é o credor/alienante


do crédito documentado por uma cambial.

 Endossatário é o adquirente/novo credor do


crédito documentado por uma cambial, que passa
a ser o novo credor.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ENDOSSO

• O endosso produz, em regra, dois efeitos:

 transferência: transfere a titularidade do crédito, do


endossante para o endossatário;

 coobrigação: vincula o endossante ao pagamento do título.

Exceção: LU – “Art. 15 - O endossante, salvo cláusula em contrário, é


garante tanto da aceitação como do pagamento da letra.
O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não
garante o pagamento as pessoas a quem a letra for posteriormente
endossada.”.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ENDOSSO

 Art. 12 LU e art. 912 CC: a lei veda ao endossante


limitar o endosso a uma parte do valor da letra,
sendo considerado nulo:

“Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer


condição a que ele seja subordinado considera-se
como não escrita.
O endosso parcial é nulo.
O endosso ao portador vale como endosso em branco.”
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ENDOSSO

 O endosso pode ser:

1. EM BRANCO: sem identificação do endossatário,


que poderá transferir o crédito por mera
tradição, não ficando coobrigado, usando
simplesmente a expressão “Pague-se”;

2. EM PRETO: quando o endossatário é


identificado, usando a expressão “Pague-se a
fulano de tal”.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ENDOSSO
ENDOSSO IMPRÓPRIO:

“Endossos impróprios são aqueles não traslativos de direito de propriedade,


sendo conhecidos como endosso-mandato e endosso-caução.”

1. Endosso-mandato - não transfere a titularidade do crédito mas legitima


a posse sobre a cártula exercida pelo seu detentor, competindo-lhe todos
os direitos do credor, exceto o de transferir o título;

2. Endosso-caução em que a letra, considerada bem móvel, é onerada por


penhor, em favor de um credor do endossante, devendo a mesma
retornar à posse do endossante após cumprida a obrigação garantida
pelo penhor;

3. Endosso “sem garantia” (art. 15 da LU): não produz o efeito de vincular


o endossante ao pagamento do título, sendo que o mesmo transfere a
titularidade da letra sem se obrigar ao seu pagamento.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - ENDOSSO
ENDOSSO IMPRÓPRIO:

4. Cessão civil de crédito: endossos em que o endossante não


responde, em regra, pela solvência do devedor e o
endossatário não adquire obrigação autônoma. São duas as
hipóteses:

 Endosso tardio ou póstumo - praticado após o vencimento;

 Endosso após o protesto por falta de pagamento ou do


transcurso do prazo legal para a extração desse protesto (art.
20 da LU);

 Endosso de letra de câmbio com a cláusula “não à ordem”


(art. 11 da LU).
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - AVAL
D. AVAL
É o ato cambial pelo qual o avalista se compromete
a garantir o pagamento do título de crédito em
favor do avalizado.

“É instituto jurídico tipicamente cambiário por


meio do qual alguém, signatário ou não da letra,
promete o cumprimento de obrigação de
pagamento de importância em dinheiro, no todo
ou em parte e de forma autônoma, em posição
equivalente à obrigação de um ou mais devedores
integrantes do título de crédito.” (Negrão)
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - AVAL
D. AVAL

 Ao contrário do endosso, o aval pode ser total ou parcial, isto é, o avalista


garante o pagamento de toda a importância avalizada ou apenas de uma
parte.

 O aval resulta da simples assinatura do avalista no anverso da letra de


câmbio, sob alguma expressão identificadora do ato praticado (“Por aval” ou
equivalente) ou não. Se o avalista pretender firmar o verso do título,
somente poderá fazê-lo identificando o ato praticado.

 O aval pode ser “em branco” (não identifica o avalizado) ou “em preto”
(identifica o avalizado). O aval em branco, determina o art. 31 da LU, é dado
em favor do sacador; é ele o avalizado pelo aval em branco.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO - AVAL

Exceto as assinaturas do sacador e do


aceitante, todas as demais assinaturas
apostadas no anverso da letra de
câmbio são consideradas de avalistas.

Se realizado no verso do título, deve


ser precedido do termo “bom para
aval”.
AVAL

AVAL FIANÇA
Declaração de vontade contrato bilateral
Prestado no próprio título contrato acessório
Solidário benefício de ordem
(art. 827, CC)
AVAL

AVAL SIMULTÂNEO OU
SUCESSIVO = prestado por mais de
uma pessoa à obrigação
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
1. Os devedores de um título de crédito, que, na letra de câmbio, são
de duas categorias:
• devedor principal: o aceitante;
• coobrigados: o sacador e os endossantes. (pagamento
recuperatório)

2. Para tornar-se exigível o crédito cambiário contra o devedor


principal, basta o vencimento do título; já em relação aos
coobrigados, é necessária também a negativa de pagamento do
título vencido por parte do devedor principal, cuja comprovação
deve ser feita por protesto do título.

Devedor principal – vencimento


Coobrigados – vencimento + negativa do devedor principal
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO

• O protesto do título também é condição de exigibilidade deste


crédito, nos mesmos termos, na hipótese de recusa do aceite,
devendo ser providenciado pelo credor dentro de um prazo
estabelecido por lei.
PROTESTO
É o ato formal e solene pelo qual se comprova o
descumprimento de uma obrigação.

• Os prazos para protesto poderão variar conforme a obrigação assumida


pelo devedor (Art. 44 da LU):

 por falta de aceite - a letra deve ser entregue a protesto, findo o prazo
de apresentação para aceite, ou no dia seguinte, se o sacado a recebeu
para aceite;

 por falta de pagamento – a letra deve ser apresentada a protesto no


prazo de dois dias úteis após seu vencimento.
PROTESTO
 Não observância dos prazos (art. 53 da
LU):

 o portador do título perderá o direito de


crédito contra os coobrigados da letra
(sacador, endossantes e seus respectivos
avalistas), também chamado de protesto
necessário, permanecendo apenas com o
direito de crédito contra o devedor
principal e seu avalista, também
chamado de protesto facultativo.
PROTESTO

“O efeito da não apresentação do


título para pagamento no prazo
legal é a perda das ações contra os
devedores à exceção do aceitante
(...)” (Negrão)
PROTESTO
 Art. 46 da LU: a inserção da cláusula “sem despesas” pelo sacador
dispensa o protesto para a conservação do direito de crédito
cambiário contra qualquer devedor do título; já a inserção dessa
cláusula em um endosso ou em um aval, feita pelo endossante ou
pelo avalista, dispensa o protesto para a conservação do direito de
crédito apenas em relação ao endossante ou avalista em questão.

“Nas letras com a cláusula “sem despesas”, “sem protesto” ou “protesto


desnecessário” o portador se vê desobrigado de promover o ato em
cartório, mantendo inalterado seu direito de ação, tornando-se
imprescindível, em contrapartida, a apresentação da letra para aceite
ou pagamento e a expedição de avisos correspondentes ao
endossante e ao sacador do título (arts. 45 e 46), o que torna mais
custoso para o portador que o simples protesto em cartório.” (Negrão)
PROTESTO
• Cancelamento do protesto (Lei 9492/97, art. 26):

“Art. 26. O cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto
de Títulos, por qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja cópia
ficará arquivada.
§ 1º Na impossibilidade de apresentação do original do título ou documento de dívida protestado, será
exigida a declaração de anuência, com identificação e firma reconhecida, daquele que figurou no
registro de protesto como credor, originário ou por endosso translativo.
§ 2º Na hipótese de protesto em que tenha figurado apresentante por endosso-mandato, será suficiente
a declaração de anuência passada pelo credor endossante.
§ 3º O cancelamento do registro do protesto, se fundado em outro motivo que não no pagamento do
título ou documento de dívida, será efetivado por determinação judicial, pagos os emolumentos
devidos ao Tabelião.
§ 4º Quando a extinção da obrigação decorrer de processo judicial, o cancelamento do registro do
protesto poderá ser solicitado com a apresentação da certidão expedida pelo Juízo processante, com
menção do trânsito em julgado, que substituirá o título ou o documento de dívida protestado.
§ 5º O cancelamento do registro do protesto será feito pelo Tabelião titular, por seus Substitutos ou por
Escrevente autorizado.
§ 6º Quando o protesto lavrado for registrado sob forma de microfilme ou gravação eletrônica, o termo
do cancelamento será lançado em documento apartado, que será arquivado juntamente com os
documentos que instruíram o pedido, e anotado no índice respectivo.”
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO

• O coobrigado que paga o título tem o direito de regresso contra o


devedor principal e contra os coobrigados anteriores.
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
4. PAGAMENTO.

• Pelo pagamento, extinguem-se uma, alguma ou todas as obrigações


representadas por um título de crédito.
 Se o pagamento é feito por um coobrigado ou pelo avalista do aceitante,
são extintas a própria obrigação de quem pagou e mais as dos
coobrigados posteriores;
 se o pagamento é feito pelo aceitante da letra de câmbio, extinguem-se
todas as obrigações cambiais.

• O pagamento deve ser feito no prazo da lei. Se o prazo de apresentação


para pagamento não for observado, o credor não perderá o direito ao
crédito cambiário. Caso isso ocorra, qualquer devedor poderá depositar,
em juízo, por conta do credor, o valor do título, respondendo, portanto, o
credor de letra não-apresentada tempestivamente para pagamento, pelo
ressarcimento das despesas de eventual depósito judicial feito pelo
devedor principal ou por um coobrigado.
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO (IV)

• Somente na hipótese de letra com a cláusula “sem despesas”, que


dispensa o protesto para fins de conservação do direito de crédito contra
os coobrigados, ou parte deles, é que a inobservância do prazo de
apresentação para pagamento importa em consequência distinta, isto é,
perda do direito de crédito contra todos os coobrigados, nos termos do
art. 53 da LU.

• O pagamento de uma cambial deve cercar-se de cautelas próprias:


1. o devedor que paga deve exigir que lhe seja entregue o título;
2. deve exigir que se lhe dê quitação no próprio título.
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
• Se não forem observadas tais cautelas, e a letra for endossada
a portador de boa-fé, o devedor não poderá furtar-se a um
segundo pagamento, por força do princípio da autonomia das
obrigações cambiais, podendo reaver o que pagou a mais de
quem se beneficiou do enriquecimento indevido.

• Uma obrigação cambial é de natureza quesível, cabendo ao


credor a iniciativa para a obtenção da satisfação do crédito,
devendo procurar o devedor para receber o valor do título ou
avisá-lo do local onde poderá ser feito o pagamento.
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
(VIII)
6. Ação Cambial.
• A ação cambial é um meio processual pelo qual o credor visa a
satisfazer os direitos decorrentes de um título. O portador da letra
deverá ingressar com a ação cambial em tempo hábil, sob pena de
supressão do direito pelo decurso do tempo. Assim, o prazo
prescricional será:

 em 3 anos a contar do vencimento, para o exercício do direito de


crédito contra o devedor principal (aceitante) e seu avalista;

 em 1 ano a contar do protesto – ou do vencimento, no caso da cláusula


“sem despesas” – para o exercício do direito de crédito contra os
coobrigados (sacador, endossantes e respectivos avalistas);

 em 6 meses a contar do pagamento, ou do ajuizamento da execução


cambial, para o exercício do direito de regresso por qualquer um dos
coobrigados.
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO
(IX).
• Após a prescrição da ação de execução, ninguém poderá ser acionado em
virtude da letra de câmbio.
• Se a obrigação representada pelo título de crédito tinha origem
extracambial, o devedor poderá ter demandado por ação de conhecimento
própria (Dec. Nº 2.044/1908, art. 48), na qual a letra servirá, somente, como
elemento probatório. Um coobrigado cuja obrigação tenha-se originado,
exclusivamente, no título de crédito (como é, em geral, o caso do avalista),
após a prescrição da execução, não poderá, em nenhuma hipótese, ser
responsabilizado perante o credor da letra.
• Esta ação de conhecimento prescreverá de acordo com a lei aplicável à
espécie, e, inexistindo regra específica, aplicar-se-á o art. 205 do CC.
• A execução cambial, segundo art. 48 da LU, compreende o pagamento do
principal do título acrescido de juros moratórios, à taxa pactuada entre as
partes, além das despesas e, segundo o disposto da Lei nº 6.899/81,
correção monetária a partir do vencimento.
O Plano Collor e os Títulos de Crédito
• Medida provisória nº 165 de 15/03/1990 → convertida na Lei nº 8.021/90:
trouxe vedações a alguns documentos representativos de obrigação
pecuniária ou investimentos, com o objetivo de identificar o respectivo
titular. Duas delas nos interessam:

1. a proibição de emissão de títulos ao portador ou nominativos-endossáveis


(art. 2º, II);

2. a relativa ao pagamento de títulos a beneficiário não-identificado (art. 1º,


caput).

• Estes dispositivos são aplicáveis à letra de câmbio e, em decorrência, por se


sujeitarem ao mesmo regime jurídico, à nota promissória e à duplicata, que
já não admitiam, no saque, a forma ao portador. A novidade decorrente da
aplicação da Lei nº 8.021/90, é a proibição da forma nominativo-
endossável, que é proibir a criação de títulos de crédito com a cláusula “à
ordem”, passando a ser requisito essencial seu a cláusula “não à ordem”.

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