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DIREITO EMPRESARIAL III

Prof. Rodrigo Almeida Magalhães

TÍTULOS DE CRÉDITO

 Conceito de crédito: troca de uma prestação presente por uma futura. Credere é

crer, confiar.

 Histórico: permite a circulação de capital e crescimento econômico.

1ª fase: italiana: surgiram na Idade Média, com o Direito Comercial e o

fortalecimento do comércio e criação das Corporações de Ofício.

2ª fase: francesa: Código Civil Napoleônico de 1808 surgiu o endosso, avalista,

transferência, mas ainda necessitavam de depósito prévio.

3ª fase: alemã: 1848, não mais precisava de depósito prévio.

1. Conceito de título de crédito (art. 887, CC): é um documento físico de posse

indispensável para o exercício do direito literal e autônomo nele contido.

2. Princípios dos títulos de crédito:

2.3. documentariedade ou cartularidade (art. 36 do Decreto 2044/1908 e art.

858, CPC): é necessário o objeto palpável, material, corpóreo. Se destruído ou

extraviado o título, este poderá ser reconstituído por via judicial. Se provada a

existência do título, pode ser eletrônico.

2.4. Literalidade: só vale o que estiver escrito no título. Dá segurança à


circulação. Condições ou atos ilícitos são considerados não escritos, não nulos.

2.5. Formalidade: só é título de crédito se preenchidos os requisitos legais, o

que difere de acordo com a espécie de título.

2.6. Abstração: NÃO É MAIS APLICADO. As causas que geraram o título não

importavam. Agora a relação entre autor e réu podem ser alegadas.

3. Defesas do réu em questões que envolvam T.C.:

3.3. defesas processuais,

3.4. defeito de forma ou

3.5. direito pessoal do réu contra o autor.

4. Títulos de Crédito no Código Civil de 2002 (art. 887 a 926) – parte de Obrigações,

quanto à forma de circulação:

4.3. título ao portador – circulação mediante simples tradição. Lei nº 8.021

proibiu títulos ao portador. Apenas cheques de até 100 reais (BTN's) podem ser

transmitidos por tradição (L. 9.067).

4.4. título à ordem – circula por endosso. O CC considera nulo o endosso

parcial, mas deveria considerá-lo não escrito.

4.5. Título nominativo – transfere-se por termo. Quem emite o título deve

registrar em livro próprio (ex.: debêntures).

5. Fonte normativa do título de crédito: normalmente tratados internacionais.

6. Importância da letra de câmbio: originou todos os demais T.C.'s.

LETRA DE CÂMBIO
1. Conceito: é uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado para que

este pague a importância consignada a um terceiro denominado tomador.

A ------------ B ------------------------- C

sacador, emissor ou dador sacado tomador, beneficiário ou favorecido

2. Natureza jurídica: é ato unilateral de vontade.

3. Emissão (= saque = letra passada): ato de entrega do título ao tomador. Na face

(anverso) deve ser registrado a ordem, no dorso (verso), os endossos e quitação.

Along – anexo na face da letra.

4. Requisitos:

4.3. substanciais ou intrínsecos:

a) capacidade – de quem emite. Se não é capaz, não se obriga.

b) Objeto lícito – protege o terceiro de boa fé. A ordem deve ser em dinheiro.

c) Consentimento.

4.4. Extrínsecos ou formais (arts. 1º e 2º)

a) Denominação “letra de câmbio” inserida dentro do texto do título e expressa

na língua empregada na redação. Não pode ser apenas no título do texto.

b) Mandado puro e simples de pagar uma quantia determinada.

Deve ser em reais, se em outra moeda, o título é nulo.

Na letra de câmbio “à vista” ou “a certo termo da vista” poderá haver cláusula de juros

determináveis.

c) Nome da pessoa que deve pagar (sacado).

O sacado só será obrigado quando assinar, quando passará a ser o obrigado principal
(aceitante).

d) Nome do beneficiário.

e) Data em que a letra é passada. Com mês por extenso. ex.: 27 de junho de

2012.

f) Assinatura do sacador. Inicialmente só o sacador se obriga.

4.5. Requisitos não-essenciais.

Assim chamados porque na ausência a lei tenta supri-los.

a) Época do pagamento – quando não há, considera-se à vista.

b) Lugar do pagamento – endereço ao lado do nome do sacado, considera-se

o do sacado.

c) Lugar da emissão – endereço do sacador.

5. Ineficácia da cambial por falta de requisitos essenciais.

Não será letra de câmbio, valerá como meio de prova, documento quirografário, até um

contrato. Não tendo os elementos essenciais não será nulo.

5.3. Regularização da cambial incompleta (súmula 387 STF)

Poderá ser regularizada após a emissão. Deverá estar completa na cobrança ou protesto.

5.4. Identificação do devedor nos títulos cambiáveis (Lei nº 6.268/76).

O devedor (sacado) deve ser identificado com nº de documento (CNPJ, CPF, RG ou CT),

além de nome. Sem isso, o devedor não será obrigado.

6. Exemplo de letra de câmbio:

Ilmo. Sr. Fulano de Tal, RG, pagará V. S. Por esta via de letra de câmbio a Sicrano de Tal

a importância de 100.000 (cem mil) reais no dia 21 de agosto e 20112 na praça de Belo
Horizonte. Belo Horizonte, 2 de abril de 2012. assinatura do sacador.

ENDOSSO

É o meio pelo qual se transfere a propriedade de um título de crédito. O endosso é uma

declaração formal (pois regulado por lei), literal (vale o que está escrito no título),

unilateral (vontade do endossante), facultativa, acessória, incondicional e integral (valor

todo).

a) Endossante é quem transfere o título (com os direitos inerente),

permanecendo coobrigado. O primeiro endossante será sempre o tomador.

b) Endossatário é quem o recebe. Poderá endossá-lo depois, tornando-se

endossante.

1. Lançamento do endosso:

normalmente no verso, mas também pode ser no anverso. Quando no verso, só é

necessária a assinatura do endossante; no anverso, além desta, uma indicação da

transferência (ex.: “endosso”).

2. Data e local de sua outorga:

não é essencial. Quando não indicada a data, considera-se endossado antes do

vencimento; se à vista, antes da apresentação.

3. Cláusula “não à ordem”:

inserida pelo sacador na emissão da LC para que esta não circule por endosso, e sim por

cessão civil.

4. Cláusula sem garantia ou endosso sem garantia:


aposta pelo endossante, o exime da obrigação frente a todos os demais.

5. Proibição do endosso:

aposta pelo endossante, garante o pagamento apenas ao endossatário imediato.

6. Cancelamento do endosso:

pode ser feito riscando, apondo “sem efeito” e datando

7. Quem pode endossar:

só o proprietário ou mandatário com poderes especiais podem endossar.

8. Efeitos do endosso:

 transferência do título e dos direitos emergentes da letra de câmbio (transfere-se o

título, primordialmente).

 Responsabilidade do endossante (este se coobriga pelo valor integral)

 Direito regressivo (o endossatário poderá cobrar de todos os coobrigados

anteriores, não posteriores).

SOLIDARIEDADE COMUM SOLIDARIEDADE CAMBIÂNA

Convencional ou legal legal

Causa comum (garantia de uma pessoa) Causa distinta

Pagamento de um extingue a obrigação Pagamento de um só extingue a obrigação

se feita pelo obrigado principal. Se assim

não for, há direito de regresso.

Dívida se reparte (simultânea) Solidariedade sucessiva.

A nulidade de um aproveita aos demais Nulidade não contamina os demais

Pode ser condicional É sempre pura


1. Modalidades do endosso:

a) endosso em preto:

é aquele no qual se designa o nome do endossatário – é o proprietário aquela pessoa

designada no verso ou anverso.

b) endosso em branco:

não se designa o endossatário, há apenas a assinatura do endossante – é proprietário o

portador. Pode se transformar em preto.

2. Espécies de endosso:

a) endosso-mandato, endosso-procuração ou impróprio (art. 917, CC e art. 18, Del

das LC):

é utilizado não para transmitir a propriedade do título ao endossatário, mas para investi-lo

na sua posse a fim de que promova, na condição de mandatário, a sua cobrança e passe

a respectiva quitação. Pode ser novamente endossado, em novo endosso-mandato

apenas. O réu não pode alegar direito contra o endossatário-mandatário, apenas contra o

endossante.

b) endosso-caução, pignoratício ou em garantia (art. 918, CC e art. 19, Del):

é aquele realizado em garantia de outra obrigação. Cumprida a obrigação, a LC deve ser

devolvida. O endosso-caução pode ser endossado em endosso-mandato. Não transfere a

propriedade. Direito real de garantia. O réu deve alegar direito pessoal contra o

endossatário-caucionatário.

c) endosso parcial:
NULO (art. 12 Del das LC)

d) endosso fiduciário:

NÃO EXISTE.

e) endosso póstumo ou tardio (art. 20):

realizado após o protesto ou após o prazo para fazê-lo. É considerado cessão civil.

ACEITE DA LETRA DE CÂMBIO

Para LC à vista, a lei fixa prazo máximo de um ano para apresentação, a partir da

emissão. Os endossantes somente podem reduzir o prazo de apresentação da letra para

cobrança.

Na letra de câmbio à vista não há o aceite, pois ela já será apresentada para cobrança

imediata.

1.1. Letra de câmbio a certo termo da vista:

o prazo de vencimento passa a contar do aceite. Se o aceite é recusado ou não é datado,

o portador deve realizar o protesto.

1.2. Letra de câmbio não aceitável:

se a letra é não aceitável, não pode o endossante reduzir o prazo de vencimento. LC a

certo termo da vista, LC pagável em domicílio de 3º ou LC pagável no domicílio do sacado

não permitem a cláusula do não aceite, pois nos três casos o prazo passa a contar do

aceite.

1.3.Requisitos do aceite:

pode ser no verso ou no anverso. Neste, a simples assinatura é suficiente. No verso é


necessário um “aceito”, “concordo” etc mais assinatura.

1.4.Aceite por intervenção:

pode ocorrer no caso do título já tiver sido protestado (pela falta de aceito do sacado: na

data da recusa considera-se o vencimento, podendo o portador protestar para exercer seu

direito de regresso) e da concordância do portador. Se um terceiro quiser aceitá-la,

prolonga-se o vencimento à data original.

1.5.Falta ou recusa do aceite:

* falta é por motivo superveniente que impossibilite o aceite do sacado.

* recusa é manifestação expressa do sacado pela recusa.

Consequência: o portador deve promover o protesto do título para cobrar dos coobrigados.

1.6.Limitações do aceite:

casos em que o aceitante aceita apenas parte da ordem que lhe é dada,

consequentemente, será considerada uma recusa, podendo o portador protestar a parte

não aceita. O aceitante se obriga pela parte não recusada. O portador realizará o protesto,

recebendo a parte recusada (se ganhar judicialmente), aguardando até o vendimento para

cobrar a parte aceita. O portador permanecerá com o título, entregando cópia autenticada

da LC e do protesto, para que o aceitante exerça o direito de regresso (exceção ao

princípio da documentariedade).

1.6.Modificação do aceite:

ocorre quando o aceitante altera a LC, consequentemente, considera-se uma recusa da

parte que foi alterada e se obriga pela alteração.

1.7.Aceite domiciliado:
o sacado indica outro domicílio (na mesma localidade) para efetuar o pagamento.

1.8.Letra domiciliada:

o sacador emite a LC com local de pagamento diferente do domicílio do sacado.

1.9.Prova da falta ou recusa do aceite:

protesto realizado até o primeiro dia útil após o vencimento.

1.10. Efeitos do aceite:

o aceitante (sacado) se torna obrigado principal.

AVAL

É a garantia de pagamento da letra de câmbio dada por um terceiro ou mesmo por um de

seus signatários.

É uma declaração cambial escrita na própria cártula ou em seu alongamento, por cujo

meio o subscritor, seja ou não um estranho à relação cambial, assume uma obrigação

solidária, autônoma, direta e pessoal, que tem por finalidade garantir o pagamento integral

ou parcial da obrigação pecuniária.

1. Natureza jurídica:

AVAL FIANÇA

Vinculado ao título de crédito. Ligado ao contrato.

Autônomo (ex.: a nulidade do avalizado Acessória e dependente da principal.

não afeta ao avalista).

Não tem direito de substituir. Pode ser substituído.

Não tem benefício de ordem. Tem o benefício de ordem.


Não tem prazo. Pode ser estabelecido termo de vigência.

2. Outorga conjugal (art. 1647, CC):

o cônjuge (exceto em separação absoluta de bens) deve assinar em conjunto. Se um só

assina, o outro pode entrar com ação de perdas e danos e anulação do aval. O cônjuge

tem até 2 anos após a separação para pedir a anulação de sua assinatura. Para que o

cônjuge evite de se tornar um coobrigado (uma vez que seria se assinasse o título), pode

ser feita a outorga em documento apartado.

3. Forma do aval:

pode ser à lápis, no verso ou anverso. Se no anverso, só a assinatura é suficiente. No

verso é preciso uma indicação do aval.

4. Responsabilidade do avalista:

é obrigado posterior da mesma obrigação.

5. Aval antecipado:

pode ser dado ao sacado antes deste aceitar ou ao possuidor da letra de câmbio. O

avalista do sacado que ainda não assinou se obriga mesmo assim (autonomia), segundo

maior doutrina. Parte minoritária acredita que é um aval condicionado à assinatura do

sacado.

6. Aval limitado:

desde que especificado, o aval pode ser de parte do crédito.

7. Aval em branco ou em preto:

em branco quando não é designado o avalizado. Presume-se este o sacador.


Em preto quando é designado.

8. Avais simultâneos:

quando mais de um avalista avaliza a mesma pessoa. Se um dos avalistas pagar, poderá

cobrar dos demais avalistas simultâneos a cota parte (solidariedade civil), ou a totalidade

do avalizado. Não há benefício de ordem. Avais em branco e superpostos consideram-se

simultâneos (súm. 189 STF)

A ---------- B ---- C ---- D

a' – a'' – a''' (avalistas simultâneos de A)

se a'' paga a dívida toda à D (R$120), aquele pode cobrar R$40 de a' mais 40 de a''' ou

R$120 de A.

9. Avais sucessivos:

há ordem para a cobrança, pois os avalistas só poderão cobrar dos avalizados anteriores.

A ---- B ---- C ---- D

a1

a2

a3

10. Avalista do aceitante:

é obrigado principal.

11. Relação entre avalista e avalizado:

avalista só pode cobrar do avalizado, ou dos avalizados que assinarem junto (simultâneos)

ou antes dele (sucessivos).


ORDEM DE OBRIGADOS AO PAGAMENTO DA LETRA DE CÂMBIO

A ----------- B ------ C ------ D ---- E

a1 a2 a3 b1 c1 c2 d1

b2

Primeiro o sacado (B), depois seus avalistas (b1 e b2, nessa ordem). Depois do sacado

(ou quando não houve o aceite deste), o próximo é o emissor (A), depois seus avalistas

(a1, a2 e a3, conjuntamente, no caso). Depois C (depois seus avalistas), depois D (depois

seu avalista).

1. Modalidades de vencimento

a) vencimento à vista

é aquela em que o vencimento ocorre no momento da apresentação da LC ao sacado. A

LC está sujeita à apresentação para que ocorra o vencimento, mas é imposto o prazo de

1 ano para que seja apresentada. O sacador pode aumentar ou reduzir esse prazo e os

endossantes apenas reduzi-lo. O sacador pode fixar um prazo mínimo para apresentação

(apresentável a partir daqui a um mês), o prazo de 1 ano correrá desta data. Admite

cláusula de juros compensatórios, que correrão desde emissão até o pagamento, desde

que expressa.

b) vencimento a certo termo da vista

LC cujo prazo de pagamento começa a contar a partir do aceite. Este deve ser datado

pelo aceitante, o possuidor não pode datá-la, e deverá realizar o protesto por falta de data

do aceite . A lei fixa o prazo de 1 ano para que haja o aceite, podendo o sacador

aumentá-lo ou reduzi-lo. Também aceita juros compensatórios. Ex. Vencimento 1 ano a


partir do aceite

c) vencimento a certo termo da data

fixa-se prazo para vencimento na emissão. Não permite cláusula de juros compensatórios.

Ex. 6 meses a partir da emissão

d) vencimento a dia certo

fixa-se o dia exato do pagamento na emissão. Ex. Paga-se no dia 5 de maio.

2. Contagem de prazo

Igual ao CPC, não se conta o do início e se conta o final. Se contado em semanas ou

meses, o vencimento é no mesmo dia (numeral ou da semana) em que se emitiu. Início

de mês é dia 1º, meio de mês, dia 15 e último dia é o último do mês, 28, 29, 30 ou 31.

Prazos fracionados (ex. um mês e meio, conta-se o valor inteiro, depois mais 15 dias). Se

o vencimento é dia não útil, cobra-se sem juros no próximo dia útil.

3. Vencimento antecipado

nestes casos o vencimento se antecipa. No Brasil, só é falido se há sentença. O tratado

internacional aceitava a presunção de falência se o sacado não paga a obrigação no

vencimento

a) na hipótese de falta ou recusa do aceite

b) nos casos de falência do sacado, que tenha aceito ou não, ou de ter sido

promovida, sem resultado, a execução de bens.

c) Na hipótese de falência do sacador de uma letra não aceita

falência é declarada em sentença. Até lá é insolvente, se não consegue pagar seus

compromissos.
4. Pagamento de juros

podem correr cumulativamente.

a) moratórios

São devidos a partir do vencimento da obrigação. De acordo com a taxa Selic. É

presumido, teoricamente não precisa ser pedido em ação de cobrança.

b) compensatórios ou remuneratórios

Normalmente a partir da emissão. Nas LC à vista ou a certo termo da vista.

5. Ressaque

Consiste no saque, pelo portador, de uma nova LC, à vista, contra o obrigado de quem

deseja obter a soma cambial. São condições para o ressaque: a) que o portador tenha o

direito de ação regressiva e b) que a nova letra emitida seja à vista.

A nova letra de câmbio poderá ser cobrada quando quiser. Com novo prazo de um ano

para apresentação. Pode ser embutidos os juros moratórios, custas do protesto.

PROTESTO

Ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação

originada em títulos e outros documentos de dívida. Regulado pela Lei nº 9.492/97

Comprova o não pagamento pe lo devedor no vencimento. Protesta-se o sacado,

inicialmente. É útil quando se tem coobrigados; não é necessário protestar quando se

quer cobrar dos avalistas do obrigado principal.

1. Efeito do protesto

a) garante o direito de regresso.


b) Comprova a impontualidade e inadimplência do devedor cambiário.

c) Interrompe a prescrição. (introduzido pelo CC'02)

2. Prazos do protesto

a) por falta de pagamento

Primeiro dia útil seguinte ao do vencimento (não é no segundo dia útil seguinte).

b) Por falta de aceite

Prazo fixado para a apresentação ao aceite. Pode ser protestado por falta de aceite entre

essa data e o vencimento.

3. Dispensa do protesto

Dispensa que o título seja apresentado ao tabelião do protesto para cobrar dos demais

coobrigados. Os avisos do protesto devem ser feitos mesmo assim.

O sacador, endossantes ou avalistas podem colocar a cláusula de dispensa do protesto

para poderem ser cobrados sem necessidade de protesto. Se posta pelo sacador, vale

erga omnes; se posta por qualquer um dos demais, a dispensa é só contra aquele que a

colocou.

4. Procedimento do protesto

O portador entregará a LC ao tabelião do protesto para que este, no prazo de 3 dias, cite

o devedor (aceitante ou sacado). Comunicado do protesto, o sacado tem três dias para

pagar ou aceitar a LC. Não cumprindo, o tabelião registra o fato e devolve o título,

juntamente com uma certidão da realização do protesto, ao portador. TIRAR O

PROTESTO = realizar o protesto e obter certidão de que o título foi apresentado e não

pago.
Jurisprudencialmente se construiu que o devedor tem 3 dias úteis após a citação para

pagar o título.

O portador tem o prazo de 4 dias úteis para avisar o emissor e seu endossante direto do

não pagamento pelo sacado. Os endossantes têm 2 dias úteis (após serem avisados)

para avisarem seus endossantes diretos, sucessivamente até novo aviso do emissor.

Quem não avisa pode responder por perdas e danos.

5. Cancelamento do protesto (arts. 26 e 27, § 2º, Lei nº 9.492/97)

Após realização do protesto, ordem dada por quem realizou o protesto (com firma

reconhecida); pelo aceitante com posse da letra; ou ordem judicial podem cancelar o

protesto no cartório.

6. Sustação do protesto (art. 17 da Lei nº 9.492/97)

Objetiva evitar a realização do protesto. É medida cautelar, preventiva. O sacado tem 30

dias para propor a ação principal (de inexigibilidade da LC). O juiz pode exigir a caução

do valor da LC para sustação do protesto. Se não proposta a principal ou julgada

improcedente, o protesto será tirado (realizado). O pedido de sustação pode ser feito

liminarmente na ação principal. Para participar de uma licitação a pessoa não pode ter

protestos em aberto contra ela.

7. Ação cambial - Execução

A ação para cobrança do TC é a Execução.

Mas não se executa letra prescrita. Após a prescrição, há três ações que cobram a

obrigação que originou o título (não o título em si) e podem ser propostas contra o

sacador ou aceitante:
a) cobrança – é proposta, normalmente, contra o sacador, mas pode ser contra

o aceitante (sacado que aceitou a LC)

b) enriquecimento sem causa – proposta contra quem obteve a vantagem

econômica

c) monitória – aquele que detém o título não exigível alega a causa que gerou

o título. Só é útil quando o réu não apresenta contestação. Tendo uma

sentença favorável ao autor, haverá a execução de sentença, não do título,

que continua prescrito.

Nos casos a), b) e c) o título é um meio de prova. A maior parte da doutrina (não o

professor) acha que o prazo prescricional para proposição das 3 ações acima inicia -se

após prescrever o prazo da ação executiva. O p rofessor acha que o prazo de prescrição

de todas as ações (as 3 mais a execução) começam a correr do vencimento do título.

8. Objeto da ação cambial

Valor da letra, mais juros, correção monetária, despesas do protesto e custas do processo.

9. Defesas do executado

a) direito pessoal do réu contra o autor

b) defeito de forma

c) defesas processuais – ilegitimidade, prescrição etc.

10. Pluralidade de exemplares

a) duplicata

o portador poderá exigir do sacador a emissão de novas LC tendo dentro da ordem

de pagamento as expressões “1a via”, “2a via” etc. O pagamento de qualquer uma
delas extingue a exigibilidade das demais.

b) Cópias

xerox feito pelo próprio portador, não pode ser cobrada. Pode ser posta em circulação, se

houver um endosso na cópia, o endossante só se obriga na cópia, não na original.

11. Prescrição

a) contra o aceitante: 3 anos do vencimento

b) contra o sacador: 1 ano do protesto

c) dos endossantes uns contra os outros: 6 meses do prazo que pagou ou foi

acionado

d) do endossante contra o sacador: mesmo prazo da letra

e) do portador contra os endossantes: 1 ano do protesto

Para os avalistas, o prazo é o mesmo do avalizado.

NOTA PROMISSÓRIA

É um título de crédito mediante a qual seu emitente se obriga a pagar a seu

beneficiário, ou a sua ordem, a quantia em dinheiro nela declarada.

É basicamente uma promessa de pagamento. Emitente/devedor da nota

promissória tem as mesmas obrigações do aceitante de uma LC; é o obrigado principal.

Não há aceite na NP.

1. Legislação: Decreto 57.663/66

Lei Uniforme de Genebra.

2. Natureza jurídica
Ato unilateral de vontade: não é necessário causa, motivo etc. Normalmente tem,

mas não é necessário; não é causal.

3. Requisitos essenciais (art. 75)

a) a denominação “nota promissória” expressa na língua empregada para a

redação do título.

Dentro do título

b) A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada.

Não admite condições, que serão consideradas não escritas. Quantia sempre em

dinheiro. Se emitida no Brasil para ser paga aqui, deve ser em Reais. É admitida em

moeda estrangeira, no caso de transações internacionais (se é internacional, mesmo que

paga no Brasil, pode ser outra moeda).

Pode ter cláusula de juros nas NP à vista ou a certo termo da vista. Neste caso

haverá duas assinaturas: uma do emitente se obrigando e outra marcando o início do

prazo de vencimento.

c) O nome da pessoa a quem, ou à ordem de quem, deve ser paga.

Nome do beneficiário/credor.

d) Data de emissão

Mês por extenso.

e) assinatura do emitente

ou por mandatário com poderes especiais.

4. Requisitos não-essenciais

A lei tenta supri-los. Não conseguindo, é nula.


a) época do pagamento

se não tem, é à vista.

b) lugar do pagamento

se não tem, é o lugar designado ao lado do nome do emitente.

c) lugar da emissão

será considerado o lugar de pagamento.

5. Aplicação das normas sobre a letra de câmbio às notas promissórias.

Desde que não contrárias às normas da NP, aplicam-se as normas da LC (ex.: não se

aplicam as regras do aceite; não há duplicata [vários exemplares da mesma LC ex.:

1º via, 2º via, 3º via...] de NP). Tem endosso, aval, mesmo prazo de protesto, de

prescrição etc.

Nota promissória vinculada ao contrato:

STJ: a NP perde certeza e liquidez, deixa de ser uma NP e vincula-se (adendo) ao

contrato.

O professor não concorda: para ele, se preenche os requisitos, será sempre NP, até

porque a promessa é pura e simples, não importa as condições do contrato. Se o

contrato for nulo, a nota promissória continuará obrigando as partes. No caso do

STJ, duas obrigações viram uma só; ele acha isso errado, devem ser duas

obrigações distintas.

CHEQUE

É uma ordem de pagamento à vista dada a um banco ou instituição


assemelhada por alguém que tem fundos disponíveis no mesmo (sic) em favor próprio ou

de terceiro.

Apresentou tem que pagar, vence na apresentação ao sacado.

3 pessoas: Sacador/emitente; sacado (sempre banco, caixa econômica,

cooperativa de crédito etc); tomador/beneficiário.

Diferenças da LC: o cheque é sempre à vista, o sacado é sempre um banco, o

emitente sempre deverá ter fundos e será o obrigado principal. Não pode haver aval ao

sacado (banco).

O Banco é só depositário, não tem obrigação nenhuma, a princípio. Só terá

obrigação se ele proceder errado (ex.: pagar cheque com assinatura falsa, não pagar um

cheque que tinha fundos etc).

“Cheque pré-datado”

Cheque emitido com data posterior apresentado em data anterior o banco deverá

pagar. Ex.: hoje é dia 4/6 e recebi um cheque com data de 10/10, posso apresentá-lo hoje

e o banco deverá pagar. Jurisprudencialmente, poderá haver perdas e danos por quebra

contratual no caso de apresentação do cheque antes da data acordada.

Na interpretação literal do cheque, a pré-datação do cheque só serve para alterar o

prazo prescricional. Doutrina clássica e ultrapassada.

A emissão de cheque sem fundos é estelionato. Se há data futura para

apresentação e fundos, não haverá dolo, nem estelionato.

1. Legislação: Lei nº 7.357/85

Toda aplicável, pois todas as reservas ao tratado internacional já estão na lei.


2. Pressupostos de emissão do cheque

a) ser o sacado um banco ou instituição financeira a ele equiparada.

b) Provisão do sacador.

Ou dinheiro ou crédito dado pelo banco.

c) Disponibilidade sobre a provisão

ex.: não pode haver bloqueio judicial.

d) haver entre o emitente e o banco sacado uma convenção para que o

emitente disponha dos fundos ou provisões por meio do cheque.

Contrato de conta-corrente movimentável por cheque.

3. Validade do cheque em que faltam os pressupostos de emissão (cheque irregular).

4. Requisitos essenciais

a) a denominação “cheque” inserida no contexto do título e expressa na língua

em que este é redigido.

b) A ordem incondicional de pagar quantia determinada

não pode haver cláusula de juros no cheque.

c) o nome do banco ou instituição financeira que deve pagar (sacado)

d) assinatura do sacador

e) data do cheque

dia, mês e ano. É nulo se data for inexistente .

5. Requisitos não-essenciais

a) lugar do pagamento
lugar designado ao lado do nome do sacado (banco).

b) lugar de emissão

lugar do sacador.

6. Especificidades

6.1. Cheque acima de 100 BTN's (100 reais)

deve ser nominal, se não, é nulo.

6.2. Modelo oficial

a folha tem mesmo tamanho, praticamente.

6.3. Responsabilidade do sacado

é só o depositário, não tem responsabilidade, a não ser que tenha agido com culpa na

verificação da regularidade do título. Só só sacador, dos endossantes não.

6.4. Endosso

Tudo das LC se aplica ao cheque. Na época da CPMF, só podia ter um endosso

(transferiam por aval).

6.5. Aval

Admite aval, se aplica as normas da LC.

6.6. Cheque marcado

É proibido no Brasil. O possuidor apresentava, o banco desconta o valor do sacador e

pagaria no futuro ao possuidor. O sacado (banco) seria o único responsável pelo

pagamento do título.

6.7. Cheque visado

O portador ou emitente pede ao sacado para que este assine com data. A quantia é
debitada (bloqueada na conta) e fica reservada para saque durante o prazo de

apresentação do cheque (30 dias na mesma praça, 60 em outra praça). Após isso

volta ao sacador. Admite contraordem e sustação.

6.8. Cheque cruzado

Só pode ser pago a um banco ou a um cliente do banco sacado. Primeiro se deposita.

Dois traços paralelos no anverso (na horizontal ou vertical). Para ser pago, o

cheque deve ser depositado.

a) Cruzamento geral

dois traços paralelos somente, poderá ser depositado em qualquer banco.

b) Cruzamento especial

dois traços paralelos com o número (ou nome) de um banco entre eles, só pode ser

depositado no banco colocado. Banco que não existe é cheque nulo. Cruzamento

especial não volta a ser geral.

6.9. Cheque para ser creditado em conta

somente poderá ser pago mediante crédito na conta do portador. É praticamente igual ao

cruzado, só que no cheque para ser creditado em conta não há possibilidade de

saque na hora do depósito. O professor acha que este aceita endosso e cessão

civil, pois não há proibição legal; outros doutrinadores acham que não pode

endosso.

6.10. Cheque de caixa ou administrativo

Dado por um banco para outro banco da mesma pessoa jurídica. É cheque do próprio

banco, só este pode sustá-lo. Normalmente serve para transferir numerários de


uma agência para outra. Mas correntistas podem utilizá-lo; o banco debita o

dinheiro da conta na hora e cobra uma taxa. É obrigatoriamente nominativo. O

banco é ao mesmo tempo sacador e sacado, o gerente assina.

6.11. Cheque de viagem

Cheque do banco para ser pago em outro estabelecimento do próprio banco em outra

localidade. Deve ter duas assinaturas do portador, na hora da emissão e do saque.

6.12. Cheque garantido

O sacado abre crédito para o emitente (cheque especial).

6.13. “Cheque postal” (NÃO É CHEQUE)

há o depósito em uma agência dos correios para que outra pessoa saque em outra. A

ECT não é banco, por isso não pode emitir cheque.

6.14. Cheque pós-datado (pré-datado)

Data futura de emissão. O STJ decidiu que isso aumenta o prazo de apresentação do

cheque: 30 a 60 dias a contar da data da emissão. Se apresentado antes da data,

deve ser pago, mas cabe perdas e danos por quebra contratual. Professor não

concorda com isso. Quem emite cheque pré-datado e o possuidor desconta antes e

não tem dinheiro na conta não há estelionato (sem dolo).

6.15. Prazo para apresentação

tem 30 ou 60 dias para apresentar o cheque a partir da emissão. Após essa data, corre

mais 6 meses para a prescrição. O STJ decidiu que o prazo de seis meses corre a

partir da devolução do cheque pelo banco.

6.16. Não apresentação no prazo legal


Se o emitente deixou de ter fundos por motivos que ele não deu causa após os 30 ou 60

dias, o cheque não mais poderá ser cobrado. Se há culpa (gastação sem parar), o

emitente continua obrigado.

6.17. Revogação ou contra-ordem

ordem dada por escrito pelo emitente falando o motivo para o cheque não ser pago. A

contra-ordem só vale após o prazo de apresentação.

6.18. Sustação ou oposição

A sustação (ordem por escrito e justificada, quem verifica o motivo é o judiciário) passa a

valer na hora em que é dada, mesmo dentro do prazo de apresentação.

6.19. Comprovação do não pagamento

a) protesto

b) declaração do sacado

carimbo do banco, supre o protesto, “mo tivo 11”

c) declaração da câmara de compensação

o Brasil não tem essa câmara, o Banco do Brasil faz esse serviço, troca de cheques entre

instituições financeiras.

6.20. Novação

pagamento realizado com cheque NÃO GERA NOVAÇÃO. O pegamento só acontece

com a compensação (pagamento pro solvendo). Pagar com cheque sem fundo é

não pagar.

6.21. Utilização do cheque

O estabelecimento não é obrigado a aceitar cheques, apenas dinheiro.


6.22. Direito penal relativo ao cheque

a) insuficiência de provisão

art. 171, parágrafo 2º, VI – Estelionato

b) contra-ordem ou sustação

art. 171, parágrafo 2º, VI – Estelionato

c) desvio de finalidade

há coação para que o cheque seja emitido. Art. 160

DUPLICATA

É título de crédito tipicamente brasileiro. Lei nº 5.474/68.

É causal (deve haver motivo para emissão), nos casos de:

compra e venda mercantil ou prestação de serviços.

Sem motivo é crime.

Antes da emissão da duplicada, deve haver a fatura, não importa o prazo de pagamento,

com a descrição da mercadoria. O recebedor deve assinar a fatura, se correta. É diferente

da nota fiscal, que precisa apenas do preço. Podem ser juntas.

Profissional liberal não pode emitir duplicata, por força de lei.

1. Requisitos

1.1. denominação “duplicata”

1.2. número da fatura

1.3. nome e domicílio do vendedor e do comprador


1.4. a importância a pagar

1.5. a praça de pagamento

1.6. a cláusula à ordem

1.7. a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de

pagá-la a ser assinada pelo comprador como aceite cambial

1.8. a assinatura do emitente

2. Modelo oficial

O BC estabelece padrões para a forma, tamanho etc do título.

3. Registro de duplicatas

Registro em livro próprio de duplicatas.

4. Remessa e devolução da duplicata

4.1. pelo vendedor: 30 dias

se emitida pelo próprio vendedor, tem 30 dias a partir da emissão para enviar para o

aceite do comprador.

4.2. Por representante: 10 dias do recebimento na praça de pagamento

5. Recusa do aceite (art. 8º)

O comprador só pode não aceitar justificando no título. Se não dizer nada, presume-se o

aceite. A lei supre a assinatura.

6. Aceite

7. Vencimento

7.1. à vista
7.2. a data certa

8. Protesto

8.1. por falta de aceite

pode ser realizado até o vencimento

8.2. por falta de pagamento

realizado até 30 dia após o vencimento

8.3. por falta de devolução

chamado de protesto por falta de indicação. Prazo de 10 dias após o envio para aceite. O

comprador recebe a duplicata para aceite e não devolve. O vendedor, com o comprovante

da entrega da mercadoria, poderá realizar o protesto e executar o comprador.

Antigamente bancos ficavam com duplicatas para cobrança e enviavam boletos de

cobrança. Se o comprador não pagava, o banco protestava por falta de devolução. Não

ocorre mais, pois boleto não é duplicata.

9. Triplicata

após perda da duplicata, a segunda via da duplicada é a triplicada, que NÃO é segunda

via da fatura.

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