Você está na página 1de 3

III – DA LETRA DE CÂMBIO

1.Importância

(Os princípios fundamentais da Letra de Câmbio são aplicados aos demais


títulos)

Apesar do uso da Letra de Câmbio estar praticamente suplantado pelo da


duplicata, o seu estudo merece atenção especial, já que os princípios
normativos dos títulos de crédito em geral se originam de suas regras, com as
necessárias adaptações.

2.Conceito

É uma ordem de pagamento que o sacador (emitente) dirige ao sacado


(devedor) para que este pague a importância consignada a um terceiro
denominado tomador (credor).

Ordena que pague

A-----------® B----------®C

O saque (emissor) provém do crédito do sacador perante o sacado e este, ao


aceitar a ordem para pagar a terceiro a soma dele constante, passa a chamar-se
“aceitante”. O aceite é imprescindível à existência da Letra de Câmbio, mas é
dispensável, já que a hipótese de recusa pode ensejar o protesto por falta de
aceite.

Assim, por exemplo, se A é credor de B e, ao mesmo tempo, devedor de C,


poderá sacar uma Letra de Câmbio conta B e a favor de C. Desse modo,
quando C cobra o valor do título de B e este lhe efetua pagamento, liquidar-
se-á também o débito que A tinha para com C.

3.Rigor Cambiário

É a observância de determinados requisitos essenciais, sem os quais o título


perde sua eficácia executiva, servindo o documento, a partir daí, apenas como
elemento comprobatório à interposição de eventual ação de cobrança (vale
como prova de uma obrigação, destituída do rigor cambiário).

4.REQUISITOS

a) Intrínsecos- São os requisitos comuns a todas as obrigações, tais como a


capacidade das partes, objeto lícito e consentimento. Tem-se, pois, que a Letra
de Câmbio há de observar os mesmos requisitos dos atos jurídicos em geral.
b) Extrínsecos- São aqueles de natureza formal previstos no art. 1º da Lei
Uniforme e essenciais à eficácia cambial (força executiva). São eles:

B1) denominação “Letra de Câmbio”(não só no título mas inserida no texto);

B2) a quantia que deve ser paga e a espécie de moeda (Divergência entre a
indicação da quantia numérica e a alfabética – art. 6º da Lei Uniforme -
Prevalece a segunda que é feita por extenso);

B3) nome da pessoa que deve pagá-la (sacado);

B4) nome da pessoa a quem deve ser paga (credor, tomador);

B5) assinatura do sacador ou do mandatário especial (o sacador é o emitente


da letra).

c) Requisitos supríveis:

C1) lugar do saque (praça de pagamento) – equivale ao lugar designado ao


lado do nome do sacador;

C2) a data do pagamento (vencimento) – entende-se pagável à vista.

5.Endosso

É a forma pela qual se transmite a propriedade da Letra de Câmbio.

Processa-se com a assinatura no verso da letra, mas a Lei Uniforme permite o


endosso em folha colada à letra, alongando-a, quando já não existir espaço no
verso do título.

É possível através de mandato, tendo o mandatário poderes especiais para esse


fim.

É proibido o endosso parcial, isto é, parte do título.

O endosso pode ser “em branco” ou “em preto”, se houver ou não indicação
do beneficiário ou endossatário.

6.Aceite

Conceito: É a declaração com a qual o sacado anui cumprir a ordem de


pagamento que lhe dá o sacador. Constitui-se no ato de admissão da mesma
pelo sacado.

Efeito: Com o aceite, o sacado assume a obrigação cambiária.


Aspectos Gerais: É irrevogável; não pode ser cancelado; prova-se o aceite
pela assinatura do sacado no anverso da letra e a falta de aceite ou sua recusa
faculta ao credor protestar o título em conformidade com o art. 19, I, do
Decreto nº 2.044/1908.

Uma das formas de recusa do aceite se dá quando o sacado risca o local onde
deveria subscrever a letra, antes de sua restituição.

7.Aval

É a garantia de pagamento de Letra de Câmbio, dada por um terceiro ou


mesmo por um de seus signatários.

É a forma de garantia, formal e solidária.

Deve indicar a pessoa por quem se dá, de vez que, na omissão, entende-se
dado pelo sacador (Lei Uniforme).

Não se confunde com a fiança, que é uma garantia subsidiária, em forma de


contrato acessório.

Você também pode gostar