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DECLARAÇÕES CAMBIÁRIAS

3.1 NOÇÕES GERAIS


 Existem várias declarações de vontade que poderão ser
realizadas nos títulos de crédito:

 ACEITE: quem assina assume a obrigação pelo pagamento


do título.

 ENDOSSO: quem assina transfere o título.

 AVAL: quem assina garante o pagamento do título.

 SAQUE: declaração originária e que faz nascer o título.

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3.2 ACEITE
 É o ato de concordância do SACADO com o pagamento da
ordem de pagamento emitida.

 Comprometimento puro, simples e irretratável do sacado de


pagar o valor constante do título ao beneficiário, configurando-
se numa declaração sucessiva e acessória, ou seja, não
essencial, pois a letra existe mesmo que não haja o aceite.

 O aceite deve ser dado no próprio título (p. ex. “aceito” seguido
de assinatura), tornando o sacado aceitante e devedor principal.

 O aceite é dado no anverso do título (na frente do título)

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 É ato privativo do sacado. Sacador não pode, endossante
não dá aceite, tomador não dá aceite.

 ATENÇÃO: o sacado só será devedor principal do título


depois do aceite. Significa que antes do aceite, não há
obrigação cambiária alguma. Portanto, quando o sacado
concorda com a ordem de pagamento, se torna o
devedor principal.

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3.2.1 FORMA
 O sacado DEVE manifestar sua vontade aceitando ou não a ordem.

 Onde no próprio título de crédito.

 Como assinatura do sacado/procurador.

 Fórmula não há forma solene (no anverso).

 A legislação presume como aceite a simples assinatura do sacado


na frente do título, no anverso da LC, mesmo que não haja
qualquer indicação. Se for emitido no verso, DEVE ser
complementado por uma declaração indicando o aceite. Ex.:
aceitação, aceitante ou de acordo.
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 Obediência da forma ao Princípio da Literalidade, ou
seja, a declaração deve ser expressa no próprio título.

 Opiniões divergentes: aceite dado fora do título


produziria efeitos normalmente, tornando o sacado
devedor da obrigação (Bulgarelli e Mamede).

 Luiz Emygdio da Rosa Júnior defende que quando o


aceite é dado fora do título produz efeitos não
cambiários, como um reconhecimento de dívida.

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 DIREITO DE ARREPENDIMENTO:

 Pode haver. O sacado deve RISCAR o aceite antes de devolver o


título a quem o apresentou (LUG, art. 29).

 O aceite riscado não produz efeitos, ou seja, o sacado não


precisará pagar o título, se não comunicou a qualquer um dos
signatários da letra que aceitou.

 Por outro lado, se comunicou por escrito qualquer dos signatários


da letra que deu o aceite, fica vinculado em relação a essas
pessoas que receberam a comunicação. Razão: confiança do
terceiro que recebeu esta comunicação.

 Não se trata, neste caso, de aceite dado fora do título. É caso da


não produção de efeitos do cancelamento do aceite em relação
àqueles que foram comunicados.
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3.2.2 DATA DO ACEITE
 Não precisa ser datado.

 Em alguns casos, é necessário identificar o dia do aceite


para se chegar ao dia do vencimento:

 Letras a certo termo da vista: o dia do aceite funciona como


termo inicial do prazo estabelecido para o vencimento
(LUG, art. 25). Em caso de recusa, pode ser protestada por
falta de aceite, porém não é essencial esse protesto, pois a
LUG considera a data do aceite o do último dia do prazo de
apresentação - presunção (LUG, art. 35).
 Letras pagas com prazo determinado: o aceite deverá ser
datado no dia em que foi dado.
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 Art. 25, LUG. O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se
pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra equivalente;
o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples
assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra.
Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de vista,
ou que deva ser apresentada ao aceite dentro de um prazo
determinado por estipulação especial, o aceite deve ser
datado do dia em que foi dado, salvo se o portador exigir que
a data seja a da apresentação.
À falta de data, o portador, para conservar os seus direitos
de recurso contra os endossantes e contra o sacador, deve
fazer constar essa omissão por um protesto, feito em tempo
útil.

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 Art. 35, LUG. O vencimento de uma letra a certo termo
de vista determina-se, quer pela data do aceite, quer pela
do protesto. Na falta de protesto, o aceite não datado
entende-se, no que respeita ao aceitante, como tendo sido
dado no último dia do prazo para a apresentação ao
aceite.

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3.2.3 APRESENTAÇÃO PARA ACEITE
 Em regra, para que ocorra o pagamento do título por
conta do sacado, o título precisa ser apresentado ao
mesmo, SALVO quando o sacador já repassa o título ao
beneficiário com o aceite firmado.

 A apresentação para aceite é facultativa em virtude do


aceite ser também facultativo.

 Pela vontade do signatário (LUG, art. 22), ou conforme


o tipo de vencimento da letra de câmbio (LUG, art. 23),
a apresentação para aceite pode se tornar obrigatória.

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 Art. 22, LUG. O sacador pode, em qualquer letra, estipular que
ela será apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo.
Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite,
salvo se se tratar de uma letra pagável em domicilio de terceiro,
ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio
do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista.
O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite
não poderá efetuar-se antes de determinada data.
Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada
ao aceite, com ou sem fixação de prazo, salvo se ela tiver sido
declarada não aceitável pelo sacador.
 Art. 23. As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas
ao aceite dentro do prazo de 1 (um) ano das suas datas.
O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um prazo maior.
Esses prazos podem ser reduzidos pelos endossantes.
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• Se houver dia definido para vencimento do título
(a certo termo da data ou vencimento em dia
APRESENTAÇÃO certo). Opção do credor.
FACULTATIVA

• Se o título tiver vencimento a certo termo da vista


é obrigatória sua apresentação para aceite. O
APRESENTAÇÃO prazo é de um ano contado da emissão do título
OBRIGATÓRIA (art. 23).

• Sua apresentação ao sacado já torna a obrigação exigível.


Na prática é difícil ocorrer. A LUG afirma que o protesto
TÍTULOS À VISTA E por falta de aceite deve ser feito nos prazos fixados para
SUA APRESENTAÇÃO apresentação para o aceite (LUG, art. 44). Apresentação
não é proibida, mas supérflua.

• Quando o sacado quer confirmar a


autenticidade do título com o sacador e pede
REAPRESENTAÇÃO que o título seja reapresentado no primeiro dia
subsequente.

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 Art. 44, LUG. A recusa de aceite ou de pagamento deve ser comprovada por um ato
formal (protesto por falta de aceite ou falta de pagamento).
O protesto por falta de aceite deve ser feito nos prazos fixados para a apresentação
ao aceite. Se, no caso previsto na alínea 1ª do artigo 24, a primeira apresentação da
letra tiver sido feita no último dia do prazo, pode fazer-se ainda o protesto no dia
seguinte.
O protesto por falta de pagamento de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo
de data ou de vista deve ser feito num dos 2 (dois) dias úteis seguintes àquele em que
a letra é pagável. Se se trata de uma letra pagável à vista, o protesto deve ser feito
nas condições indicadas na alínea precedente para o protesto por falta de aceite.
O protesto por falta de aceite dispensa a apresentação a pagamento e o protesto por
falta de pagamento.
No caso de suspensão de pagamentos do sacado, quer seja aceitante, quer não, ou
no caso de lhe ter sido promovida, sem resultado, execução dos bens, o portador da
letra só pode exercer o seu direito de ação após apresentação da mesma ao sacado
para pagamento e depois de feito o protesto.
No caso de falência declarada do sacado, quer seja aceitante, quer não, bem como
no caso de falência declarada do sacador de uma letra não aceitável, a
apresentação da sentença de declaração de falência é suficiente para que o portador
da letra possa exercer o seu direito de ação.

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3.2.4 ENTREGA/RETENÇÃO DO TÍTULO
 A entrega do título ao sacado pode ser feita pelo
portador ou pelo detentor do título.

 Não há obrigação de deixar o título nas mãos do sacado


(LUG, art. 24). Mas também, não há proibição para isso.

 O título só poderá ser retido por prazo razoável. Depois


a retenção se tornará indevida, podendo o beneficiário
reaver o título, conforme descrito no art. 885 do CPC
(interpretação conforme art. 5º, LXI e LXVII, da CF/88)

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 Art. 24, LUG. O sacado pode pedir que a letra lhe seja
apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira
apresentação. Os interessados somente podem ser admitidos a
pretender que não foi dada satisfação a este pedido no caso de
ele figurar no protesto.
O portador não é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a
letra apresentada ao aceite.

 Art. 885, CPC. O juiz poderá ordenar a apreensão de título não


restituído ou sonegado pelo emitente, sacado ou aceitante; mas
só decretará a prisão de quem o recebeu para firmar aceite ou
efetuar pagamento, se o portador provar, com justificação ou
por documento, a entrega do título e a recusa da devolução.
Parágrafo único. O juiz mandará processar de plano o pedido,
ouvirá depoimentos se for necessário e, estando provada a
alegação, ordenará a prisão.
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 Art. 5º, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei;
[...]
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
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3.2.5 EFEITOS
Aceitação do título Não aceitação do título

• Passa a fazer parte da relação • Se não aceitar, não surge qualquer


cambiária (aceitante), se tornando o obrigação cambiária. A recusa do
obrigado principal e direto pelo aceite não gera qualquer efeito para o
pagamento. sacado.
• Se torna o devedor final da obrigação: • Gera o vencimento antecipado do
os outros só pagam se ele não pagar. título (LUG, art. 43).
• Responde pelo pagamento do título • Todos que assinaram o título (sacador,
independentemente de protesto, ao endossantes e avalistas) deverão pagar
contrário do demais devedores (LUG, o título imediatamente, mesmo antes
art. 53). da data prevista.
• Pagando, libera os outros devedores, • Exige-se para cobrança antecipada o
ou seja, não tem direito de regresso protesto (LUG, art. 44).
contra ninguém. • Não interessa o motivo da não
• Prescrição tem um prazo maior (LUG, aceitação.
art. 70).

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 Art. 53, LUG. Depois de expirados os prazos fixados:
- para a apresentação de uma letra à vista ou a certo termo de
vista;
- para se fazer o protesto por falta de aceite ou por falta de
pagamento;
- para a apresentação a pagamento no caso da cláusula "sem
despesas".
O portador perdeu os seus direitos de ação contra os endossantes,
contra o sacador e contra os outros coobrigados, à exceção do
aceitante. Na falta de apresentação ao aceite no prazo estipulado
pelo sacador, o portador perdeu os seus direitos de ação, tanto por
falta de pagamento como por falta de aceite, a não ser que dos
termos da estipulação se conclua que o sacador apenas teve em
vista exonerar-se da garantia do aceite.
Se a estipulação de um prazo para a apresentação constar de um
endosso, somente aproveita ao respectivo endossante.
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 Art. 70, LUG. Todas as ações contra o aceitante
relativas a letras prescrevem em 3 (três) anos a contar
do seu vencimento.
As ações do portador contra os endossantes e contra o
sacador prescrevem num ano, a contar da data do
protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento,
se trata de letra que contenha cláusula "sem despesas".
As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o
sacador prescrevem em 6 (seis) meses a contar do dia
em que o endossante pagou a letra ou em que ele
próprio foi acionado.

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 Art. 43, LUG. O portador de uma letra pode exercer os
seus direitos de ação contra os endossantes, sacador e
outros coobrigados: no vencimento; se o pagamento não
foi efetuado; mesmo antes do vencimento:
1º) se houve recusa total ou parcial de aceite;
2º) nos casos de falência do sacado, quer ele tenha
aceite, quer não, de suspensão de pagamentos do
mesmo, ainda que não constatada por sentença, ou de
ter sido promovida, sem resultado, execução dos seus
bens;

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 Art. 44, LUG. A recusa de aceite ou de pagamento deve ser comprovada por um
ato formal (protesto por falta de aceite ou falta de pagamento).
O protesto por falta de aceite deve ser feito nos prazos fixados para a
apresentação ao aceite. Se, no caso previsto na alínea 1ª do artigo 24, a primeira
apresentação da letra tiver sido feita no último dia do prazo, pode fazer-se ainda o
protesto no dia seguinte.
O protesto por falta de pagamento de uma letra pagável em dia fixo ou a certo
termo de data ou de vista deve ser feito num dos 2 (dois) dias úteis seguintes
àquele em que a letra é pagável. Se se trata de uma letra pagável à vista, o
protesto deve ser feito nas condições indicadas na alínea precedente para o
protesto por falta de aceite.
O protesto por falta de aceite dispensa a apresentação a pagamento e o protesto
por falta de pagamento.
No caso de suspensão de pagamentos do sacado, quer seja aceitante, quer não, ou
no caso de lhe ter sido promovida, sem resultado, execução dos bens, o portador
da letra só pode exercer o seu direito de ação após apresentação da mesma ao
sacado para pagamento e depois de feito o protesto.
No caso de falência declarada do sacado, quer seja aceitante, quer não, bem
como no caso de falência declarada do sacador de uma letra não aceitável, a
apresentação da sentença de declaração de falência é suficiente para que o
portador da letra possa exercer o seu direito de ação.
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3.2.6 ACEITE QUALIFICADO
 É aquele que altera alguma das condições da ordem de
pagamento.

 O aceitante torna-se devedor nos termos de seu aceite.

 Pode ser limitativo ou modificativo.

 Aceite limitativo: aquele que altera o valor para pagamento


do título. Pode ser mais (não há responsabilidade cambial
pelo excedente) ou pode aceitar pagar menos.
 Aceite modificativo: aquele que altera as condições de
pagamento (local, data, moeda).
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 O aceite qualificado PODE equivaler a uma recusa, para
as demais pessoas do título e se comprovada pelo
protesto, facultará a cobrança antecipada do título.

 Divergência doutrinária: parte da doutrina diz que no caso,


haveria apenas recusa parcial e o beneficiário poderia exigir
dos codevedores apenas a diferença do valor não aceito (Fran
Martins, Luiz Emygdio Rosa Júnior)
 Outros autores dizem que haveria o vencimento antecipado
de toda obrigação, pois se trata de recusa do aceite (João
Eunápio Borges, Fábio Ulhoa Coelho, Waldirio Bulgarelli).

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3.2.7 CLÁUSULA NÃO ACEITÁVEL
 É cláusula facultativa proibindo expressamente a apresentação
do título para aceite antes do vencimento (LUG, art. 22).

 Impede que o título seja cobrado antes do vencimento.

 Não traz prejuízos ao beneficiário, pois não impede o aceite,


apenas a cobrança antecipada em razão da recusa do aceite.

 Não admitida nas letras a certo termo da vista (fundamental


apresentação para aceite) e nas letras pagáveis em domicílio
de terceiro ou fora do domicílio do sacado (o terceiro que vai
pagar precisa saber se o sacado aceitou).

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3.3 ENDOSSO
 É a transferência do direito constante do título, vinculando o
endossante a responder solidariamente pelo pagamento.

 Ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito


(endossante) transmite seus direitos a outrem (endossatário).

 Ato cambiário faz o título circular (possui implícita a


cláusula “à ordem”.

 Somente quando for inserida EXPRESSAMENTE, a


cláusula “não à ordem” é que o título de crédito não poderá
circular por endosso e sim por mera cessão civil de crédito.
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 EFEITOS DO ENDOSSO:

a. Transfere a titularidade do crédito;


b. Responsabiliza o endossante, passando este a ser
codevedor do título (se o devedor principal não pagar, o
endossatário poderá cobrar do endossante).

 Não transfere apenas o crédito, mas também a efetiva


GARANTIA de seu pagamento. Entretanto, pode
conter a cláusula “sem garantia”, que exonera
expressamente o endossante de responsabilidade pela
obrigação constante no título.

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 FORMA: Deve ser feito no verso do título, bastando a
assinatura do endossante.

 Caso seja feito no anverso, deve conter, além da assinatura


do endossante, menção expressa de que se trata de endosso.
 Em princípio não há limite quanto ao número de endossos.

 PARTES:
 Endossante: o que transfere o título e se torna codevedor;
 Endossatário: o que recebe o título e se torna o credor.

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 ENDOSSO PARCIAL OU LIMITADO: é vedado pela
legislação cambiária específica (art. 8º, §º, do Decreto n.
2.044/1908), bem como o endosso subordinado a alguma
condição (art. 12, LUG).

 Art. 8, Decreto 2.044/1908. O endosso transmite a


propriedade da letra de câmbio. Para a validade do endosso,
é suficiente a simples assinatura do próprio punho do
endossador ou do mandatário especial, no verso da letra. O
endossatário pode completar este endosso.
 1. A cláusula “por procuração”, lançada no endosso, indica o
mandato com todos os poderes, salvo o caso de restrição, que
deve ser expressa no mesmo endosso.
  2. O endosso posterior ao vencimento da letra tem o efeito de
cessão civil.
  3. É vedado o endosso parcial.
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 Art. 12, LUG. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer
condição a que ele seja subordinado considera-se como não
escrita.
O endosso parcial é nulo.
O endosso ao portador vale como endosso em branco.

 No mesmo sentido, dispõe do Código Civil:

 Art. 912, CC. Considera-se não escrita no endosso qualquer


condição a que o subordine o endossante.
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.

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 ESPÉCIES DE ENDOSSO:

a. ENDOSSO EM BRANCO: é aquele onde não se


indica o seu beneficiário (endossatário). Na prática
permite que o título circule ao portador, ou seja, pela
mera tradição da cártula.

 Seu beneficiário pode tomar 3 atitudes:

 Transformá-lo em endosso em preto, completando-o com o seu


nome ou de terceiro;

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 Endossar novamente o título, em branco ou em preto. O
endossatário passa a integrar a cadeia de codevedores,
responsabilizando-se pelo adimplemento da obrigação constante
no título;

 Transferir o título sem praticar novo endosso, ou seja, pela mera


tradição da cártula (art. 14 da LUG e art. 913, CC). O
endossatário transfere o título sem assumir nenhuma
responsabilidade pelo seu adimplemento, já que não pratica novo
endosso.

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 Art. 14, LUG. O endosso transmite todos os direitos
emergentes da letra. Se o endosso for em branco, o portador
pode:
1º) preencher o espaço em branco, quer com o seu nome,
quer com o nome de outra pessoa;
2º) endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra
pessoa;
3º) remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em
branco e sem a endossar.

 Art. 913, CC. O endossatário de endosso em branco pode


mudá-lo para endosso em preto, completando-o com o seu
nome ou de terceiro; pode endossar novamente o título, em
branco ou em preto; ou pode transferi-lo sem novo endosso.

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b. ENDOSSO EM PRETO: é aquele que identifica
expressamente a quem está sendo transferida a
titularidade do crédito, ou seja, o endossatário.

 O título só poderá circular novamente por meio de


um novo endosso, que poderá ser em branco ou em
preto.

 Nesse caso, o endossatário (recolocando o título em


circulação), assume a responsabilidade pelo
adimplemento da dívida, uma vez que deverá
praticar novo endosso.

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c) ENDOSSO PÓSTUMO OU TARDIO: o endosso
posterior ao vencimento da obrigação é válido e produz
os mesmos efeitos do endosso anterior. Todavia, caso o
endosso seja efetuado após o protesto por falta de
pagamento ou após o prazo para efetivação do protesto
por falta de pagamento, ele NÃO produz os efeitos do
endosso, mas apenas efeitos de uma cessão ordinária de
créditos.

 Art. 20, LUG. O endosso posterior ao vencimento tem os


mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o endosso
posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois
de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz
apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. Salvo
prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi
feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto.
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 Presume-se que o endosso sem data foi feito antes do prazo
para a realização do protesto (art. 20, LUG e art. 920, CC).

 Art. 920, CC. O endosso posterior ao vencimento produz


os mesmos efeitos do anterior.

 A cessão civil de crédito é ato formal que opera a


transferência dos títulos não à ordem, enquanto o endosso
transfere os títulos à ordem.

 São várias as diferenças entre o endosso e a cessão civil de


créditos, a conhecer:

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ENDOSSO CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO

• É ato submetido às regras e • Submetida ao regime jurídico


princípios do regime jurídico civil
cambial • Negócio bilateral formalizado
• Ato unilateral e feito no próprio por meio de contrato, em
título. instrumento à parte.
• Acarreta a responsabilização do • Cedente não assume
endossante – codevedor do responsabilidade pelo
título. adimplemento da obrigação
• Transfere o crédito sem que cedeu, respondendo apenas
nenhum vício relativo aos pelo crédito cedido.
negócios feitos anteriormente • Devedor pode opor contra o
com o título - inoponibilidade cessionário qualquer exceção
das exceções pessoais ao pessoal que tinha contra o
terceiro de boa-fé. cedente (art. 294, CC)

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 Art. 294, CC. O devedor pode opor ao cessionário as
exceções que lhe competirem, bem como as que, no
momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha
contra o cedente.

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d. ENDOSSO IMPRÓPRIO: é aquele endosso que não
produz os efeitos que deveria produzir (transferência
da titularidade do crédito e responsabilização do
endossante como codevedor).

 Tem a finalidade apenas de legitimar a posse de alguém


sobre o título, permitindo-lhe assim o exercício dos direitos
representados na cártula.

 Compreende duas modalidades distintas, o endosso-


mandato e o endosso-caução.

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 ENDOSSO–MANDATO: também chamado de
endosso-procuração (art. 18, LUG), é aquele onde o
endossante confere poderes ao endossatário para agir
como seu legítimo representante, exercendo em nome
do endossante-mandante os direitos constantes do
título, podendo cobrá-lo, protestá-lo, executá-lo etc.

 É realizado pela colocação das expressões: “para


cobrança”, “valor a cobrar” ou “por procuração”.
 O STJ entende que os bancos, como mandatários, só
respondem por eventuais danos causados ao devedor do
título se for comprovada sua atuação culposa.

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 Súmula 476, STJ: O endossatário de título de crédito por
endosso-mandato só responde por danos decorrentes de
protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário.

 Como o proveito do título é do endossante-mandante, o risco


também será dele.

 Se o endossatário-mandatário causar algum dano no


exercício da sua função, ele estará agindo em nome e em
proveito do endossante. Assim sendo, a responsabilidade
pelos danos causados será, a princípio, do endossante-
mandante.

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 APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
PROTESTO DE TÍTULO. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
EXISTÊNCIA DE PROVA DO ENDOSSO MANDATO.
PRELIMINAR ACOLHIDA. INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. MAJORAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. O banco
endossatário é parte ilegítima para compor o pólo passivo
da demanda de indenização, decorrente de protesto de
título, quando suficientemente comprovada a existência de
endosso-mandato celebrado entre as partes. 2. A
indenização por dano moral arbitrada em desatenção ao
princípio da razoabilidade comporta majoração.
APELAÇÃO 1 PROVIDA. APELAÇÃO 2 PROVIDA. (TJ-
PR 9201105 PR 920110-5 (Acórdão), Relator: Nilson
Mizuta, Data de Julgamento: 12/07/2012, 10ª Câmara
Cível)

42
 Art. 18, LUG. Quando o endosso contém a menção "valor a
cobrar" (valeur en recouvrement), "para cobrança" (pour
encaissement), "por procuração" (par procuration), ou
qualquer outra menção que implique um simples mandato, o
portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra,
mas só pode endossá-la na qualidade de procurador.
Os coobrigados, neste caso, só podem invocar contra o
portador as exceções que eram oponíveis ao endossante.
O mandato que resulta de um endosso por procuração não se
extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do
mandatário.
 ATENÇÃO: erro de tradução da LUG; é a morte do
endossante-mandante que não extingue o endosso mandato.

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 ENDOSSO–CAUÇÃO: também chamado de endosso
pignoratício ou de endosso-garantia (art. 19, LUG).

 Ocorre quando o endossante transmite o título a um


credor, como forma de garantia de uma dívida contraída.

 É feito com o uso das expressões “valor em garantia”,


“valor em penhor” ou outra que implique uma caução.

 Títulos de crédito são bens móveis. O direito real de


garantia sobre os bens móveis é o penhor. Pelas regras do
penhor, a principio, os bens dados em garantia deverão
ficar na posse do credor (CC, art. 1.431).

44
 Feito o endosso-caução ou pignoratício, surgem dois sujeitos
no título: o endossante-pignoratício e o endossatário-
pignoratício, cada um com uma situação diferente em relação
ao título.

O Endossatário NÃO assume a titularidade do crédito,


ficando o título em sua posse apenas como forma de garantia
da dívida que o endossante contraiu perante ele.

 Se o endossante pagar a dívida, resgatará o título; caso não


pague, o endossatário poderá executar a garantia e passar a
possuir a titularidade plena do crédito.

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O endossatário-pignoratício é um possuidor legítimo
do título, mas não o seu proprietário.

A legislação lhe assegura o exercício de todos os


direitos decorrentes do título, EXCETO a
transferência da propriedade do documento, uma vez
que tem apenas a posse do documento.

 Poderá apresentar o título para aceitação ou para


pagamento, levar o título a protesto e ajuizar ações,
isto é, a lei lhe assegura a prática de todos os atos
necessários à defesa e conservação do título.

46
 Art. 19, LUG. Quando o endosso contém a menção
"valor em garantia", "valor em penhor" ou qualquer
outra menção que implique uma caução, o portador
pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas
um endosso feito por ele só vale como endosso a título
de procuração.
Os coobrigados não podem invocar contra o portador as
exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com
o endossante, a menos que o portador, ao receber a
letra, tenha procedido conscientemente em detrimento
do devedor.

47
 ENDOSSO E PLANO COLLOR:

 A Lei nº 8.021, de 12 de abril de 1990 proibia a


emissão de quotas ao portador ou nominativo-
endossáveis, pelos fundos em condomínio, bem
como a emissão de títulos e a captação de depósitos
ou aplicações ao portador ou nominativo-
endossáveis.

 Tal redução poderia levar a crer, numa leitura


apressada, que os títulos endossáveis não seriam
mais admissíveis, o que, contudo, não subsiste em
uma leitura mais atenta. Não foi esse o
entendimento que persistiu.
48
O STJ já afirmou que "a Lei nº 8.021/90 não impede
que a propriedade dos títulos de crédito em geral seja
transferida por endosso. A circulação dos títulos de
crédito é essencial para o sadio desenvolvimento das
atividades comerciais”.

49
 DESCONTO BANCÁRIO E ENDOSSO:

 Por meio desse contrato, uma instituição financeira


antecipa recursos a alguém que é titular de um crédito
com vencimento ainda pendente, mediante a transferência
desse crédito.

 Estamos diante de um contrato real, ou seja, o contrato só


se aperfeiçoa com a entrega do crédito.

 Tal operação pode envolver qualquer crédito, mas o mais


comum é a transferência de créditos corporificados em
títulos de crédito. Nesses casos, pode-se usar tanto a
cessão de crédito como o endosso, sendo esta a opção
mais usual.
50
 Feitaa transferência, está completado o contrato e
surgem obrigações para ambas as partes.

A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA se obriga a


antecipar o valor do crédito com o desconto de juros
e comissão, bem como a apresentar o título para
pagamento.

O DESCONTÁRIO, que já transferiu o crédito na


conclusão do contrato, se obriga a prestar
informações sobre o devedor do crédito, bem como
a responder pelo caso de inadimplemento do crédito
transferido.
51
 A responsabilidade do descontário pelo pagamento do
crédito deverá ser expressamente pactuada no caso de
cessão de crédito.

 Se for realizado o endosso, a responsabilidade do


endossante é a regra, independentemente de menção
específica nesse sentido. Nesse caso, porém, o direito
de cobrar o endossante dependerá de um PROTESTO
realizado dentro do prazo previsto em lei.

52
 FACTORING E ENDOSSO:

 Esse contrato é conceituado em alguns dispositivos


legais, como no artigo 15, § 12, III, d, da Lei n° 9.249,
de 26 de dezembro de 1995, que afirma que o factoring
éa:

 Prestação cumulativa e contínua de serviços de


assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito,
seleção de riscos, administração de contas a pagar e a
receber, compra de direitos creditórios resultantes de
vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços.

53
O factoring é uma atividade empresarial que envolve a
prestação de serviços e a compra de ativos financeiros
(créditos). Todavia, nem sempre as duas atividades serão
exercidas simultaneamente. Existem várias modalidades:

O factoring trustee é aquele onde há apenas a prestação


de serviços de gestão financeira e de negócios da
empresa-cliente.

O maturity factoring é o que ocorre a compra de


créditos, mas sem antecipação de recursos, isto é, a
empresa de factoring (faturizadora) garantiria apenas a
adimplência ou pontualidade do pagamento. Nessa
modalidade, haveria também a prestação de serviços
comuns vinculados ao crédito.
54
 Conventional factoring envolve a compra de direitos
creditórios, com o pagamento imediato dos valores a
quem transferiu os créditos (faturizado). Nessa
modalidade é que existe a transferência de créditos
com o pagamento imediato de valores referentes
àquele crédito.

 Essatransferência pode ser feita tanto por meio de


uma cessão de crédito, como por meio de um
endosso. Em ambas, quem transfere o crédito pode
assumir ou não a responsabilidade pelo não
pagamento do título. Todavia, no factoring a questão
encontra divergências na doutrina.

55
 Parte da doutrina reconhece a possibilidade de que exista
uma convenção expressa no sentido da responsabilidade
pela solvência do devedor na cessão de crédito. Como a
cessão é contrato atípico, as partes poderiam, pela
autonomia que lhes é assegurada, convencionar que o
faturizado será responsável pelo pagamento do título. No
endosso, tal responsabilidade já seria a regra (LUG, art.
15; Lei nº 7.357/85, art. 21) e, por isso, a própria
pactuação da responsabilidade seria desnecessária,
conforme a orientação mais firmada em precedente do
STJ (STJ- REsp 820672/DF, Rei. Ministro HUMBERTO
GOMES DE BARROS, Terceira Turma, julgado em
6/3/2008, DJ IQ/4/2008, p. 1)

56
 Do outro lado está a corrente que acredita que o faturizado
não é, em regra, responsável pelo pagamento dos créditos
transferidos à faturizadora, pois no contrato de factoring, há
a transferência dos riscos para a faturizadora, prova disso é a
cobrança de uma taxa maior de desconto. A
responsabilização do faturizado acabaria confundindo o
factoring com o contrato de desconto bancário, privativo de
instituições financeiras. De todo modo, a boa-fé deverá ser
prestigiada, responsabilizando-se o faturizado nos casos de
vício de legalidade, legitimidade ou veracidade dos títulos
negociados.

 Há uma forte tendência no sentido de admitir o pacto


expresso de responsabilidade do faturizado pelo pagamento
dos créditos transferidos, ou sua responsabilidade, mesmo
sem pacto, no caso do endosso de títulos típicos.
57
3.4 AVAL
 Ato cambiário pelo qual um terceiro (o avalista) se
responsabiliza pelo pagamento da obrigação constante
do título de crédito, nas mesmas condições que um
devedor desse título (avalizado).

 Regulado pelos arts. 30 a 32 da LUG e art. 897 do CC.

 O avalista, ao garantir o cumprimento da obrigação do


avalizado, responde de forma equiparada a este (art. 32,
LUG).

58
 Art. 30, LUG. O pagamento de uma letra pode ser no
todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia é
dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da
letra.

 Art. 897, CC. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação


de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

 ATENÇÃO: Aplicação do art. 903, CC. A regra do art. 897,


parágrafo único, aplica-se tão somente aos títulos de crédito
que não possuam regulamentação por lei especial que
disponha de forma distinta (títulos atípicos ou inominados).

 Art. 903, CC. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos
de crédito pelo disposto neste Código.
59
 Art. 32, LUG. O dador de aval é responsável da mesma
maneira que a pessoa por ele afiançada.
A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação
que ele garantiu ser nula por qualquer razão que não seja
um vício de forma.
Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos
emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado
o aval e contra os obrigados para com esta em virtude da
letra.

60
 A ideia no aval é a de garantia pessoal para a
satisfação do crédito.

 Qualquer pessoa, pode ser avalista: estranha ao título


ou alguém já obrigado anteriormente.

 Garantia peculiar ao regime dos títulos de crédito, não


havendo que se falar em aval em outras obrigações.

61
 FORMA: deve ser dado no anverso do título, caso em
que basta a simples assinatura do avalista ou por meio
de procurador com poderes especiais (art. 31, LUG).

 Vontade deve ser expressa no título ou no alongamento


do documento.

 Não há proibição para que seja feito no verso da


cártula, mas além da assinatura deve ser
mencionada expressão de que se trata de aval. STJ
tem reconhecido que apenas a assinatura no verso,
por si só, pode caracterizar o aval.

62
 Cuidado para não confundir o aval com o aceite:

 Se a assinatura na face do título for do


SACADO, será um aceite.

 Se for de QUALQUER outra pessoa, presume-


se que se trata de aval.

63
 Art. 31, LUG. O aval é escrito na própria letra ou numa
folha anexa. Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou
por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do
aval.
O aval considera-se como resultante da simples assinatura
do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata
das assinaturas do sacado ou do sacador.
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de
indicação, entender-se-á pelo sacador.

64
 PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FUNDADA EM
TÍTULO DE CRÉDITO. CHEQUE. LEGITIMIDADE
PASSIVA AD CAUSAM. CARACTERIZAÇÃO.
ASSINATURA NO VERSO DA CÁRTULA. AVAL. 1 -
Consignado pelas instâncias ordinárias haver o recorrente
assinado no verso do cheque, sem indicação alguma, não
se trata de reexame de provas, mas de, partindo dessa
premissa fática, dar à espécie a qualificação jurídica que o
caso requer. 2 - Denotado que o cheque, na hipótese
vertente não é ao portador, mas nominal, e a assinatura
constante do seu verso é de outra pessoa, que não o seu
beneficiário, a conclusão é de que somente pode ter sido
efetivada como aval, ainda que não especificada a sua
finalidade (por aval), pois, do contrário, estar-se-ia
admitindo quebra na cadeia creditícia.

65
 3 - Somente poderia ser endosso se a assinatura constante
no verso da cártula coincidisse com quem dela seja o
beneficiário, o que não ocorre na espécie, pois o
beneficiário é pessoa diversa daquela que apôs a
assinatura no dorso do cheque em apreço. 4 - A
assinatura, que não se pode ter por inútil no título, faz
atribuir à pessoa que a apôs coobrigação e
responsabilidade pelo crédito por ele representado. 5 -
Legitimidade passiva ad causam que se impõe àquele tido
por avalista. 6 - Recurso especial não conhecido (STJ -
REsp: 493861 MG 2002/0169644-9, Relator: Ministro
ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Data de Julgamento:
04/09/2008, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 01/12/2008).

66
3.4.1 OUTORGA CONJUGAL
 A princípio, o aval exigirá apenas a declaração de
vontade do avalista.

 A LUG nada mais menciona no que tange às


formalidades do aval. Do mesmo modo, o Decreto nº
2.044/1908 e toda a legislação estrangeira sobre o
assunto.

 O 1.647 do CC trouxe a exigência de OUTORGA


CONJUGAL no aval dado por pessoas casadas, salvo
quando casados no regime da separação absoluta
(separação convencional).
67
 O STJ afirmou que tal restrição também se aplica ao
regime da separação obrigatória (legal), pois "ao
excepcionar a necessidade de autorização conjugal para
o aval, o art. 1.647 do CC/2002, mediante a expressão
'separação absoluta', refere-se exclusivamente ao regime
de separação convencional de bens e não ao da
separação legal‘” (STJ - REsp 1163074/PB).

 Tal prática, que sempre existiu para a fiança, nunca foi


prevista para o aval. Representa uma contradição, na
medida em que se dispensa a outorga conjugal para
venda de imóveis ligados à atividade do empresário (art.
1647, III, CC).

68
 Tal dispositivo atinge todos os títulos de crédito, sejam
eles típicos ou atípicos.

 O silêncio das leis especiais sobre o assunto faz com que


sejam aplicáveis as regras do Código Civil.

 Havendo a exigência da OUTORGA CONJUGAL, sua


ausência pode produzir consequências: o aval será
anulável, podendo o cônjuge que não anuiu pedir a
anulação da garantia, até dois anos após o término da
sociedade conjugal (art. 1.649).

69
 A anulação do aval só poderá ser pleiteada pelo cônjuge
que não anuiu ao aval, ou por seus herdeiros, sendo
impossível ao próprio avalista arguir tal invalidade, sob
pena de se proteger alguém que não agiu de boa-fé.

 Ao possibilitar tal anulação, se desprotege o terceiro de


boa-fé que confiou naquela garantia.

 Parte da doutrina afirma que não se trata de uma


invalidade total da garantia, mas apenas de uma
ineficácia em relação ao cônjuge que não consentiu.

70
 Outra parte da doutrina advoga que, no caso de ausência
da outorga, o caminho é a invalidação da garantia como
um todo.

 O terceiro prejudicado terá direito de regresso contra o


cônjuge que praticou o ato (art. 1.646, CC), o qual não
será exercido com base no título, uma vez que o aval
deixará de produzir efeitos.

71
 Tal interpretação parece ser a consagrada pelo STJ em
relação à fiança, nos termos da Súmula 332: "A fiança
prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a
ineficácia total da garantia."

 Como o fundamento é o mesmo, acreditamos que essa


orientação também prevalecerá no que diz respeito ao
aval.

 Conquanto seja uma regra ruim, tal regra existe e deve


ser aplicada.

72
3.4.2 AVAL LIMITADO
 O avalista assume a condição de devedor do título de
crédito, garantindo o pagamento da obrigação. Tal
garantia normalmente é assumida pela integralidade da
dívida.

 Entretanto, a assunção dessa responsabilidade é um ato


de vontade, logo, o próprio avalista pode limitar essa
obrigação, garantindo apenas uma parte do título.

 Portanto, o avalista pode dar um aval parcial ou


limitado.

73
 Ao contrário do endosso parcial que é nulo, o aval
parcial é perfeitamente admitido, ou seja, o avalista pode
garantir o pagamento de apenas uma parte da obrigação
constante do título (LUG, art. 30; Lei n. 7.357/85, art.
29; Lei n. 5.474/68, art. 25).

74
3.4.3 AVALIZADO
 Essa pessoa por quem se dá o aval é chamada de
avalizado, cuja identificação é fundamental para definir
os contornos dos direitos e dos deveres do avalista.

 Ao dar o aval, o avalista assume a obrigação de pagar o


título de crédito, do mesmo modo que um devedor desse
título, isto é, ele dá o aval por algum obrigado pelo
título.

 Nessa condição, ele assume uma OBRIGAÇÃO


EQUIVALENTE, mas não igual, a de outra pessoa que já
consta do título.
75
 Obrigação equivalente não significa mesma obrigação do
avalizado, mas que o avalista responderá da mesma
maneira que o avalizado, isto é, estará sujeita, a
princípio, aos mesmos prazos prescricionais e aos
mesmos requisitos de forma para a exigência da
obrigação.

 Para identificar esse avalizado, devemos recorrer ao teor


do próprio documento que deverá demonstrar por quem
foi dado o aval. Ele pode ser avalista do sacador, do
aceitante ou de endossantes do título.

76
 O aval pode ser feito em branco ou em preto.

 Aval em Branco: aquele que não identifica o


avalizado. Presume-se que foi dado em favor de
alguém: nos casos da letra de câmbio, presume-se
em favor do sacador (LUG, art. 31); nos demais
títulos, em favor do emitente ou subscritor (CC, art.
899).

 Aval em Preto: aquele que o avalizado é


expressamente indicado.

77
 Art. 31, LUG. O aval é escrito na própria letra ou numa
folha anexa. Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou
por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do
aval.
O aval considera-se como resultante da simples assinatura
do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata
das assinaturas do sacado ou do sacador.
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de
indicação, entender-se-á pelo sacador.

 Art. 899, CC. O avalista equipara-se àquele cujo nome


indicar; na falta de indicação, ao emitente ou devedor final.

78
3.4.4 AVAL ANTECIPADO
 Resta a dúvida se o avalista pode dar o aval pelo
SACADO, que não é devedor do título, na medida em
que ainda não o assinou.

 Para parte da doutrina, o aval dado pelo sacado


produziria efeitos sempre. Uma vez que a obrigação do
avalista é autônoma e subsiste a vícios na obrigação do
avalizado, não haveria a necessidade da obrigação do
avalizado existir no título, nem aparentemente.

79
 De outro lado, afirma-se que o aval pode ser dado a
favor do sacado, MAS só produzirá efeitos caso o
mesmo se torne aceitante, pois só assim o avalizado
assumirá obrigações e consequentemente o avalista
(assume obrigações da mesma natureza que o avalizado,
LUG, art. 32).

 A segunda corrente parece ser a mais adequada, visto


que não é necessário que a obrigação exista, mas apenas
que haja uma aparência de que ela exista.

80
3.4.5 AVAIS SIMULTÂNEOS
 Não sendo identificado o avalizado, presume-se que ele é
o sacador.

 Caso existam no título dois avais em branco e


superpostos, presume-se que ambos são avalistas do
sacador, isto é, são avais simultâneos e não sucessivos
(Súmula 189, STF), ou seja, apesar da proximidade das
assinaturas, considera-se que eles são avais pelo
sacador e não aval um do outro, ou seja, temos
coavalistas.

81
 No aval simultâneo, temos duas pessoas com a mesma
obrigação, isto é, ambos são avalistas do mesmo
obrigado.

 Os coavalistas serão obrigados a pagar sempre a


totalidade da obrigação perante o credor, nos termos do
artigo 47 da LUG (solidariedade e não indivisibilidade).

 Um coavalista terá direito de regresso contra o outro,


apenas pela quota-parte de cada um.

82
3.4.6 RESPONSABILIDADE DO
AVALISTA

 Ao dar um aval eficaz, o avalista se torna devedor


solidário do título de crédito (LUG, art. 47), no sentido
de que ele será obrigado a pagar a integralidade da
obrigação, mesmo que o avalizado possua bens.

 O avalista NÃO possui benefício de ordem, isto é, ele


não pode indicar bens livres e desembaraçados do
avalizado quando for demandado para honrar sua
obrigação.

83
 Além de ser um devedor solidário, ele poderá ser um
devedor principal ou indireto, uma vez que ele
responde da mesma forma que o avalizado.

 Não se pode enquadrar o avalista previamente em uma


ou outra classe de devedores e, por isso, não se pode
definir se é necessário ou não o protesto para cobrar um
avalista, ou qual é o prazo prescricional da execução em
face do avalista.

 Tudo dependerá da identificação do avalizado.

84
 É certo que a obrigação do avalista é autônoma em
relação à obrigação do avalizado, ou seja, não é afetada
pela obrigação do avalizado.

 Mesmo que a obrigação do avalizado seja considerada


nula, ou mesmo se for falsa a assinatura do avalizado, o
aval permanece, salvo em virtude de vícios formais do
titulo (LUG, arts. 72 e 32).

 No caso de vícios formais, o documento não terá valor


como titulo de crédito e, diante disso, não subsistirá o
aval.

85
 Em decorrência dessa mesma autonomia, NÃO PODE o
avalista usar como defesa matéria atinente ao avalizado.

 Nesse sentido, o STJ afirmou que "Ignorar ou mesmo


relativizar esse princípio significa pôr em xeque o
arcabouço normativo que sustenta o regime jurídico
cambial, com o risco de produzir danos à necessária
segurança jurídica que deve presidir as relações
econômicas" (STJ, AgRg no REsp 885.261/SP).

 Não obstante a autonomia da obrigação do avalista, é


certo que não se pode proteger o credor de má-fé:
nesse caso deve-se admitir ao avalista discutir a própria
existência do débito.
86
 Em tais casos, não se aplica o princípio da abstração e,
por isso, o avalista poderá discutir a causa da obrigação,
como o avalizado poderia.

 A obrigação do avalista é autônoma e abstrata, mas


diante da má-fé de um credor o avalista poderá invocar
matérias ligadas a extinção, ilicitude ou inexistência da
dívida que originou o título.

87
3.4.7 TRANSMISSÃO AOS HERDEIROS
 A obrigação do avalista é uma garantia pessoal, mas não
é personalíssima.

 Ela se transfere aos herdeiros do avalista, dentro das


forças da herança (CC, art. 1.792).

 Já concluiu o STJ que ''A morte do responsável


cambiário é modalidade de transferência anômala da
obrigação que, por não possuir caráter personalíssimo,
é repassada aos herdeiros, mesmo que o óbito tenha
ocorrido antes do vencimento do título” (STJ, REsp
260004/SP).
88
3.4.8 DIREITO DO AVALISTA
 O avalista é um devedor do título que possui uma
obrigação solidária, autônoma e não personalíssima,
podendo ser considerado um devedor principal ou indireto.

 Além dessa responsabilidade, o avalista possui um direito:


o DIREITO DE REGRESSO que nasce ao efetuar o
pagamento do título de crédito.

 Ele se tomará credor do título, podendo exigir dos seus


codevedores o pagamento da obrigação. Trata-se de direito
novo, autônomo e não de sub-rogação como consta
equivocadamente da tradução da lei uniforme.
89
 O direito de regresso do avalista não poderá ser exercido
contra todos os signatários do título.

 Terá direito de regresso contra o avalizado e contra as


mesmas pessoas contra quem o avalizado teria o direito
de regresso e ainda o direito de cobrar o próprio
avalizado.

90
3.4.9 AVAL X FIANÇA

 O AVAL é uma declaração unilateral de vontade, ao


passo que a FIANÇA pressupõe duas vontades, mas não
duas obrigações.

 Se distinguem, sobretudo, pela natureza cambial do aval


e contratual da fiança. Por tal distinção, o AVAL só pode
ser prestado em títulos de crédito, já a FIANÇA pode ser
prestada em qualquer obrigação.

91
 Dada a natureza cambiária do AVAL, aplicam-se a ele os
princípios da autonomia, da literalidade e da abstração,
ao passo que a FIANÇA não obedece a tais princípios.

 Em razão do princípio da literalidade, o AVAL deve ser


escrito no próprio título. Já a FIANÇA pode ser prestada
em qualquer documento.

 A obrigação do AVAL subsiste mesmo diante da nulidade


da obrigação avalizada. São duas obrigações distintas e
independentes. Já a FIANÇA é acessória, no sentido de
que seguirá a sorte da obrigação principal. Há uma única
obrigação com dois devedores. Se a obrigação garantida
for nula, tal nulidade também contaminará a fiança.
92
 O avalista é sempre um devedor solidário, sendo
obrigado a honrar a obrigação, mesmo que o avalizado
tenha bens suficientes para saldar a dívida. Já na fiança,
a princípio, existe esse benefício de ordem (CC, art.
827), ou seja, o fiador pode indicar bens livres e
desembaraçados do devedor principal para se eximir da
obrigação.

 ATENÇÃO: o fiador também poderá ser solidário se


expressamente assumir tal condição, ou se renunciar ao
benefício de ordem. Também não haverá tal benefício se
o afiançado for falido ou insolvente.

93
O credor pode exigir a substituição do fiador se ele
se tomar insolvente ou incapaz (CC, art. 826), o que
não pode ocorrer no aval.

 Havendo mais de um fiador, eles podem se reservar


o benefício da divisão, o que não é possível no aval,
devendo cada avalista pagar a dívida inteira ao
credor.

94
 Nafiança o fiador poderá promover o andamento da
execução contra o afiançado, se o credor, sem justa
causa, não faz (CC, art. 834).

A obrigação do avalista se transfere aos herdeiros


independentemente da data do seu falecimento, ao
passo que a fiança só se transfere se o fiador já fosse
responsável na época do falecimento (CC, art. 836)

95
 Art. 827, CC. O fiador demandado pelo pagamento da dívida
tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam
primeiro executados os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a
que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no
mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para
solver o débito.

 Art. 837, CC. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe
forem pessoais, e as extintivas da obrigação que competem ao
devedor principal, se não provierem simplesmente de
incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa
menor.

96
3.4.10 AVAL X ENDOSSO
 O endosso visa a transferir a propriedade do título, já o aval
visa a garantir o pagamento desse título.

 A assunção de responsabilidade também os difere, na medida


em que a responsabilidade do endossante decorre da lei, já a
do avalista de um ato de vontade.

 Quem endossa pode não assumir obrigação nenhuma (endosso


sem garantia), já quem avaliza sempre assumirá obrigação.

 O endosso só pode ser feito pelo portador legítimo do título,


enquanto o aval pode ser dado por qualquer pessoa.

97
3.4.11 CONEXÃO DE TÍTULOS
 Determinadas relações jurídicas são instrumentalizadas
em um contrato e em um título de crédito.

 Há uma CONEXÃO de dois títulos, que poderão até ser


executados juntos (Súmula 27 do STJ). Todavia, nem
sempre se executa os dois títulos juntos, sendo o mais
comum executar apenas o contrato, no qual existe uma
disciplina mais detalhada das obrigações.

98
 O STJ entende que o avalista só poderá ser demandado
nesse caso, se ele assumir a condição de devedor
principal ou de fiador solidário no contrato.

 Assumindo tal condição, ele tem obrigações no contrato


e pode ser chamado a responder, ainda que a obrigação
ali seja mais gravosa.

 Não sendo obrigado pelo contrato, ele não terá


legitimidade para ser parte desse processo de execução.

99
UNIDADE 4
VENCIMENTO, PAGAMENTO E
PROTESTO

Profª Roberta C. de M. Siqueira


Direito Empresarial III

ATENÇÃO: Este material é meramente informativo e não exaure a matéria. Foi


retirado da bibliografia do curso constante no seu Plano de Ensino. São
necessários estudos complementares. Mera orientação e roteiro para estudos.
4.1 VENCIMENTO

 Dá exigibilidade ao crédito. A partir dele é que a ação


executiva pode ser ajuizada.

 Define o termo inicial do prazo prescricional, bem


como o termo inicial dos juros moratórios legais.

 Nas letras de câmbio, NÃO são admitidos vencimentos


sucessivos, devendo haver sempre um vencimento único.
A LUG afirma a nulidade do título que contenha
vencimentos diferentes ou sucessivos (art. 33).

101
 Art. 33 (LUG). Uma letra pode ser sacada:
à vista;
a um certo termo de vista;
a um certo termo de data;
pagável num dia fixado.
As letras, quer com vencimentos diferentes, quer com
vencimentos sucessivos, são nulas.

 Portanto, não se admite nos títulos de crédito o


vencimento condicionado ou impreciso. Há que se
determinar precisamente o dia de vencimento, que é
admitido pelas modalidades previstas no art. 33 da LUG.

102
 VENCIMENTO é a data em que o título se torna
exigível. Deve ser certo, único, possível e de uma das
modalidades previstas na lei.

 MODALIDADES:

 Poderá ser ordinário ou extraordinário.

a) O vencimento ordinário é aquele que vence com o


término do prazo estipulado. Pode apresentar as
seguintes formas:

103
 VENCIMENTO À VISTA: o vencimento ocorre no
momento apresentação do título ao sacado, que poderá
ser feita no prazo de até 1 ano a contar da emissão (art.
34, LUG).
Não apresentação no prazo (1 ano) não extingue o
direito de crédito, implicando apenas perda de direito
contra os obrigados indiretos no título.

 VENCIMENTO A DIA CERTO: o vencimento


ocorre em data previamente combinada, fixada no
calendário. Se for para o princípio, meado ou fim do
mês, entende-se que será nos dias 1º, 15 e 30 ou 31
(LUG, art. 36).

104
 A CERTO TEMPO DA DATA: vencimento em que o
sacador fixa um prazo a contar da data da emissão do
título. Não se escreve no título a data, mas o prazo
para se chegar nesta data. Não se inclui o dia da
emissão na contagem, mas o primeiro dia útil
posterior.

 A CERTO TEMPO DA VISTA: o vencimento


acontece após determinado prazo, mencionado no
título, a contar do aceite. É fundamental a
apresentação do título para aceite. Se houver falta do
aceite, deve haver um protesto, a partir do qual conta-
se o prazo para o vencimento do título de crédito.

105
 Art. 34. A letra à vista é pagável à apresentação. Deve
ser apresentada a pagamento dentro do prazo de 1 (um)
ano, a contar da sua data. O sacador pode reduzir este
prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos
podem ser encurtados pelos endossantes.
O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista
não deverá ser apresentada a pagamento antes de uma
certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentação
conta-se dessa data.

106
 Art. 36. O vencimento de uma letra sacada a 1 (um) ou mais
meses de data ou de vista será na data correspondente do
mês em que o pagamento se deve efetuar. Na falta de data
correspondente, o vencimento será no último dia desse mês.
Quando a letra é sacada a 1 (um) ou mais meses e meio de
data ou de vista, contam-se primeiro os meses inteiros.
Se o vencimento for fixado para o princípio, meado ou fim
do mês, entende-se que a letra será vencível no primeiro, no
dia 15 (quinze), ou no último dia desse mês.
As expressões "oito dias" ou "quinze dias" entendem-se não
como 1 (uma) ou 2 (duas) semanas, mas como um prazo de 8
(oito) ou 15 (quinze) dias efetivos.
A expressão "meio mês" indica um prazo de 15 (quinze) dias.

107
b) O vencimento extraordinário ou antecipado é o que
ocorre pela falta ou recusa de aceite ou pela falência
do aceitante ou do sacador.

 A LUG prevê no art. 43, os casos de vencimento


antecipado do título, ou seja, casos que autorizam o
credor a exigir o pagamento do título imediatamente:

 Recusa total ou parcial do aceite;


 Falência do sacado ou aceitante, suspensão de pagamentos
pelo sacado ou aceitante e execução frustrada contra o
sacado ou aceitante;
 Falência do sacador na letra não aceitável.

108
 Art. 43. O portador de uma letra pode exercer os seus
direitos de ação contra os endossantes, sacador e outros
coobrigados: no vencimento; se o pagamento não foi
efetuado; mesmo antes do vencimento:
1º) se houve recusa total ou parcial de aceite;
2º) nos casos de falência do sacado, quer ele tenha
aceite, quer não, de suspensão de pagamentos do
mesmo, ainda que não constatada por sentença, ou de
ter sido promovida, sem resultado, execução dos seus
bens;
3º) nos casos de falência do sacador de uma letra não
aceitável.

109
 O Brasil adotou a reserva prevista no artigo 10 do Anexo
II, do Decreto n. 57.663/66, pela qual "fica reservada
para a legislação de cada uma das Altas Partes
Contratantes a determinação precisa das situações
jurídicas a que se referem os nos 2 e 3 do art. 43”.

 Divergência doutrinária:

 Fran Martins entende que estão em vigor no Brasil todas as


hipóteses de vencimento antecipado previstas no artigo 43 da
LUG.

110
 Para Luiz Emygdio da Rosa Junior, Fábio Ulhoa Coelho,
Antônio Mercado Junior, Waldirio Bulgarelli e Wille
Duarte Costa, os n. 2 e 3 do artigo 43 da LUG não têm
aplicabilidade no Brasil, estando em vigor apenas o
artigo 19 do Decreto nº 2.044/1908, ou seja, estariam em
vigor apenas as seguintes hipóteses de vencimento
antecipado:

a falta ou recusa total ou parcial de aceite


 a falência do aceitante.

111
 PRORROGAÇÃO DE VENCIMENTO:

 Nosso direito NÃO admite dias de perdão ou dias de


graça em relação à letra de câmbio, ou seja, não se
concede dias de tolerância para o cumprimento da
obrigação (LUG, art. 74).

 Em caso de concessão de tolerância, o credor poderá


perder os direitos contra os devedores indiretos,
pois é exigido, para cobrança deles, protesto
tempestivo (art. 53).

 Caso haja prorrogação, essa convenção só vale em


relação às partes que o ajustaram.
112
 Art. 53. Depois de expirados os prazos fixados:
- para a apresentação de uma letra à vista ou a certo termo de vista;
- para se fazer o protesto por falta de aceite ou por falta de
pagamento;
- para a apresentação a pagamento no caso da cláusula "sem
despesas".
O portador perdeu os seus direitos de ação contra os endossantes,
contra o sacador e contra os outros coobrigados, à exceção do
aceitante. Na falta de apresentação ao aceite no prazo estipulado
pelo sacador, o portador perdeu os seus direitos de ação, tanto por
falta de pagamento como por falta de aceite, a não ser que dos
termos da estipulação se conclua que o sacador apenas teve em vista
exonerar-se da garantia do aceite.
Se a estipulação de um prazo para a apresentação constar de um
endosso, somente aproveita ao respectivo endossante.

 Art. 74. Não são admitidos dias de perdão quer legal, quer judicial.
113
4.2 APRESENTAÇÃO
 Deve ser feita pelo portador ao devedor principal para
que este pague a quantia constante do título na data do
vencimento, no local indicado na cártula (LUG, art. 38).

 Por PORTADOR LEGÍTIMO deve-se entender a pessoa


que tem seu nome no título, seja originariamente, seja
por endosso.

 Falta de pagamento pelo portador legítimo: o título deve


ser apresentado ao Tabelionato de Protestos (lavrar
protesto por falta de pagamento).

114
 Nos títulos À VISTA, a apresentação deverá ocorrer até 1
ano após a emissão do título, admitidas alterações desse
prazo pelo sacador e apenas redução pelos endossantes.

 Nos demais tipos de vencimento (a dia certo, a certo tempo


da data, a certo tempo da vista), a apresentação deve ser
feita no dia do vencimento ou em um dos dois dias úteis
seguintes (art. 38). Atenção!

 Todavia, neste particular, o Brasil adotou a reserva ao texto


da LUG, prevista no artigo 5º do anexo II do Decreto n.
57.663/66, pelo qual poderá se prever que "em relação às
letras pagáveis no seu território, o portador deverá fazer a
apresentação no próprio dia do vencimento".

115
 Apesar da reserva, alguns autores entendem que a reserva
precisa ser completada, encontrando-se vigente ainda a LUG,
que determina a apresentação num dos dois dias úteis
seguintes.

 A maior parte da doutrina entende que está em vigor a norma


do artigo 20 do Decreto n. 2.044/1908, exceto no que tange à
sanção, que exige a apresentação no dia do vencimento, ou
em sendo feriado, no primeiro dia útil imediato.

 Esse prazo poderá ser prorrogado em razão de um caso


fortuito ou de um motivo de força maior. Cessado o
impedimento, o portador deverá fazer a apresentação o mais
breve possível. Pela LUG (art. 54), se o fortuito se prolongar
por mais de 30 dias, podem ser promovidas as ações,
independentemente da apresentação.
116
 Desobediência ao prazo não traz maiores consequências
ao credor que não perderá qualquer direito. Só ocorre
perda de direitos contra os DEVEDORES INDIRETOS
se não for feito o protesto (art. 53).

 Art. 38. O portador de uma letra pagável em dia fixo ou


a certo termo de data ou de vista deve apresentá-la a
pagamento no dia em que ela é pagável ou num dos 2
(dois) dias úteis seguintes.
A apresentação da letra a uma câmara de compensação
equivale a apresentação a pagamento.

117
4.3 PAGAMENTO
 A POSSE do título pelo devedor faz presunção de
pagamento da dívida cambial. Se quem paga é:

a) O aceitante: extingue-se a obrigação cambiária –


pagamento EXTINTIVO.

b) O avalista do aceitante: há desoneração de todos os


coobrigados do título, havendo ação cambial do
avalista contra seu avalizado – pagamento
RECUPERATÓRIO. Não extingue a vida útil do
título, na medida que faz nascer o direito de
regresso.
118
c) Um dos coobrigados: há desoneração dos
endossantes e avalistas que lhe são posteriores na
ordem de endossos, podendo ele se voltar contra os
que lhe são anteriores – pagamento
RECUPERATÓRIO.

d) O sacador: há desoneração de todos os endossantes


e avalistas que lhe são posteriores, podendo voltar-
se contra o aceitante e seu avalista – pagamento
RECUPERATÓRIO.

119
 O pagamento DEVE abranger o valor escrito no título –
Princípio da literalidade.

 Nem sempre o pagamento se limitará ao que está


escrito, podendo incidir encargos: multas, juros de
mora, juros remuneratórios, comissões etc.

 A maior parte desses encargos só poderá ser exigida se


estiver expressamente prevista no título.

120
 JUROS MORATÓRIOS

 São uma sanção pela mora do devedor.

 Previsto na LUG, arts. 48 e 49 e por isso, NÃO


precisam estar escritos expressamente no título.

 Mesmo em caso de omissão, serão devidos (mora ex


re).

 Divergência entre seções do STJ se a taxa correta de


juros é a taxa SELIC (variável) ou a taxa fixa de 1% ao
mês prevista no art. 161, §1º, do CTN.
121
 A divergência entre as seções do STJ acabou sendo
resolvida por meio dos Embargos de Divergência no
Recurso Especial n. 727.842: os juros de mora
decorrentes de descumprimento de obrigação civil são
calculados conforme a taxa referencial do Sistema
Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), por ser ela
que incide como juros moratórios dos tributos federais.

 Mesmo posteriormente a tal orientação, ainda há


decisões do STJ divergindo sobre o tema (STJ, AgReg
no REsp 832.418/SP).

122
 Art. 48. O portador pode reclamar daquele contra quem exerce o seu
direito de ação:
1º) o pagamento da letra não aceite não paga, com juros se assim foi
estipulado;
2º) os juros à taxa de 6% (seis por cento) desde a data do vencimento;
3º) as despesas do protesto, as dos avisos dados e as outras despesas.
Se a ação for interposta antes do vencimento da letra, a sua
importância será reduzida de um desconto. Esse desconto será
calculado de acordo com a taxa oficial de desconto (taxa de Banco)
em vigor no lugar do domicílio do portador à data da ação.

 Art. 49. A pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus
garantes:
1º) a soma integral que pagou;
2º) os juros da dita soma, calculados à taxa de 6% (seis por cento),
desde a data em que a pagou;
3º) as despesas que tiver feito.
123
 JUROS REMUNERATÓRIOS:

 Sua função é remunerar o credor pela


indisponibilidade do capital. Não decorrem
automaticamente da lei. É essencial que estejam
previstos no documento para serem cobrados.

 Não podem existir nos títulos atípicos (CC, art. 890)


e no cheque (Lei n. 7.357/85), art. 10).

124
 Nas letras de câmbio e notas promissórias, a
pactuação dos juros é possível, mas apenas nos títulos
com vencimento à vista ou a certo termo da vista
(LUG - art. 5º).

 Legislaçãoimpõe certos limites para sua fixação (por


exemplo, no mútuo, não podem ultrapassar 1% ao
mês e nos outros contratos, o limite é 2% ao mês,
conforme o Decreto n. 22.626/33 – Lei da usura).

125
4.3.1 PROVA DO PAGAMENTO
 A prova de pagamento deve constar no próprio título.

 O recibo em separado NÃO tem valor perante terceiros,


produzindo efeitos apenas em relação às partes.

 A entrega do título ao devedor configura presunção de


pagamento, que poderá ser elidida por prova em contrário.

 Em caso de pagamento parcial – deve haver dupla


quitação: escrita no título e outra em separado. Documento
não é entregue, uma vez que ainda será usado parta
cobrança do valor restante.
126
4.3.2 PAGAMENTO PARCIAL

 O portador NÃO PODE RECUSAR o pagamento parcial


pelo aceitante no vencimento do título (LUG, art. 39).

 Caso recuse, PERDE o direito de cobrança contra os


obrigados indiretos em relação à quantia oferecida para
pagamento.

 Tal regra visa a proteger os devedores indiretos, que só


devem responder pela falta de pagamento do devedor
principal ou do sacado. Se a falta de pagamento é parcial,
sua responsabilidade também deverá ser parcial.
127
 Art. 39. O sacado que paga uma letra pode exigir que ela lhe
seja entregue com a respectiva quitação.
O portador não pode recusar qualquer pagamento parcial.
No caso de pagamento parcial, o sacado pode exigir que
desse pagamento se faça menção na letra e que dele lhe seja
dada quitação.

128
4.3.3 OUTRAS FORMAS DE
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

 As obrigações cambiárias, poderão ser extintas, também


por meio de transação, compensação, novação, confusão
etc., ou seja, por todas as formas de extinção das
obrigações em geral.

 Pode haver pagamento parcial por parte de uma dos


devedores solidários, bem como remissão parcial. No
caso, este fica excluído da solidariedade e os devedores
restantes, comprometidos (ainda solidários) apenas ao
pagamento do restante (abatida a quota-parte).

129
4.4 PROTESTO

 É a prova de que o portador do título o apresentou para


ACEITE ou PAGAMENTO e que nenhum dos dois
ocorreu, razão pela qual passa a ter o direito de se voltar
contra os coobrigados cambiários.

 A falta de protesto ou o protesto efetuado fora do prazo


legal implicam a perda do direito de regresso do portador
contra os coobrigados cambiários (LUG, art. 53).

 O protesto é realizado pelos Tabelionatos de Protesto,


sendo ato solene e extrajudicial.
130
 O protesto é normatizado pela Lei 9.492/97.

 Art. 1º, conceitua protesto como “o ato formal e solene


pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento
e obrigação originada em títulos e outros documentos de
dívida”.

 Conceito incompleto: não menciona a recusa de aceite.

131
 Fabio Ulhoa Coelho: “ato praticado pelo credor, perante
o competente cartório, para fins de incorporar ao título
de crédito a prova de fato relevante para as relações
cambiais”, como a falta de pagamento, a falta de aceite
etc.

 É sempre ato do credor do título de crédito.

132
 TIPOS DE PROTESTO: Na forma do artigo 21 da Lei
9.492/97, há 3 (três) hipóteses em que o protesto pode
ser tirado (efetuado):

a) Protesto por falta de pagamento: Após o vencimento,


o protesto poderá ser efetuado por falta de pagamento,
vedada a recusa da lavratura e registro do protesto por
motivo não previsto na lei cambial (art. 21, § 2º).

b) Protesto por falta de aceite: poderá ser efetuado antes


do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo
legal para o aceite ou a devolução (art. 21, § 1º).

133
c) Protesto por falta de devolução: devido quando o
sacado retiver a letra de câmbio ou a duplicada enviada
para aceite e não proceder à devolução dentro do prazo
legal. Esse protesto poderá basear-se na segunda via da
letra de câmbio ou nas indicações da duplicada, que se
limitarão a conter os mesmos requisitos lançados pelo
sacador ao tempo da emissão da duplicata, vedada a
exigência de qualquer formalidade não prevista na lei
que regula a emissão e circulação das duplicatas (art.
21, §3º).

134
 Art. 21. O protesto será tirado por falta de pagamento, de aceite ou de devolução.
§ 1º O protesto por falta de aceite somente poderá ser efetuado antes do
vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a
devolução.
§ 2º Após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento,
vedada a recusa da lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na lei
cambial.
§ 3º Quando o sacado retiver a letra de câmbio ou a duplicata enviada para aceite
e não proceder à devolução dentro do prazo legal, o protesto poderá ser baseado
na segunda via da letra de câmbio ou nas indicações da duplicata, que se
limitarão a conter os mesmos requisitos lançados pelo sacador ao tempo da
emissão da duplicata, vedada a exigência de qualquer formalidade não prevista
na Lei que regula a emissão e circulação das duplicatas.
§ 4º Os devedores, assim compreendidos os emitentes de notas promissórias e
cheques, os sacados nas letras de câmbio e duplicatas, bem como os indicados
pelo apresentante ou credor como responsáveis pelo cumprimento da obrigação,
não poderão deixar de figurar no termo de lavratura e registro de protesto.
§ 5o  Não se poderá tirar protesto por falta de pagamento de letra de câmbio
contra o sacado não aceitante.

135
 Sumula 153, STF. Simples protesto cambiário não interrompe a
prescrição (Revogada pelo art. 202, CC).

 Art. 202, CC. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer


uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em
concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do
ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
136
 O serviço de protestos cabe ao Tabelião de Protestos de
Títulos a quem cabe:

 Art. 3º. Compete privativamente ao Tabelião de


Protesto de Títulos, na tutela dos interesses públicos e
privados, a protocolização, a intimação, o acolhimento da
devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento, do
título e de outros documentos de dívida, bem como lavrar e
registrar o protesto ou acatar a desistência do credor em
relação ao mesmo, proceder às averbações, prestar
informações e fornecer certidões relativas a todos os atos
praticados, na forma desta Lei.

137
Pedido Intimação Lavratura do Protesto

• Tabelião não age de • Forma livre. • Não será lavrado se


ofício. • Recebimento deve ser dentro do prazo da
• Qualquer detentor do comprovado através de intimação ocorrer
título pode apresentá- protocolo, AR ou pagamento, aceitação
lo ao cartório. documento equivalente ou devolução do título.
• Dirigido ao (art. 14, §1º). • Não ocorridas as
competente cartório: • Intimação não precisa hipóteses acima, o
Tabelionato de ser pessoal (art. 14). protesto será lavrado e
protesto (art. 7º) • Pode ser feita por deve conter os
• Instruído com o edital (art. 15). requisitos do art. 22.
documento original • Prazo ao intimado: lei • Representa prova
• Tabelião examina não estabelece, mas o solene do fato que se
aspectos formais do protesto deve ser queria demonstrar.
título (art. 9º) registrado em três dias
úteis da protocolização
do título (art. 12).

138
 Da não obrigatoriedade do protesto: O protesto não é
obrigatório para acionar o devedor principal e seus
avalistas, vez que a sua obrigação para com o
pagamento apura-se diretamente da cártula.

 É lícito ao credor protestar o título antes de acionar o


devedor principal e os seus avalistas, tratando-se de
MEDIDA FACULTATIVA, para o exercício do direito à
ação de execução.

 Somente para acionar outros coobrigados, faz-se


necessário o protesto, que passa a ser OBRIGATÓRIO.

139
 PAGAMENTO EM CARTÓRIO: A partir do
vencimento do título, incidem juros de mora e correção
monetária.

 Por isso, o pagamento de título em cartório, para fins de


evitar a efetivação do protesto, deve compreender esses
encargos, além do valor do título.

 Também será devido, o reembolso das despesas e custas


incorridas pelo credor, na tentativa de protestar o título,
conforme artigo 19 da Lei 9.492/97.

140
 Art. 19. O pagamento do título ou do documento de dívida
apresentado para protesto será feito diretamente no Tabelionato
competente, no valor igual ao declarado pelo apresentante,
acrescido dos emolumentos e demais despesas.
§ 1º Não poderá ser recusado pagamento oferecido dentro do prazo
legal, desde que feito no Tabelionato de Protesto competente e no
horário de funcionamento dos serviços.
§ 2º No ato do pagamento, o Tabelionato de Protesto dará a
respectiva quitação, e o valor devido será colocado à disposição do
apresentante no primeiro dia útil subsequente ao do recebimento.
§ 3º Quando for adotado sistema de recebimento do pagamento por
meio de cheque, ainda que de emissão de estabelecimento
bancário, a quitação dada pelo Tabelionato fica condicionada à
efetiva liquidação.
§ 4º Quando do pagamento no Tabelionato ainda subsistirem
parcelas vincendas, será dada quitação da parcela paga em
apartado, devolvendo-se o original ao apresentante.
141
 A CORREÇÃO MONETÁRIA é devida em decorrência
do previsto na Lei n. 6.899/81, que a assegura, a partir do
vencimento, na execuções de títulos extrajudiciais.

 Se o credor pode exigir, em juízo, atualização monetária,


ele também pode cobrar no âmbito extrajudicial,
ainda que não exista expressa menção no texto do
documento creditício. A propósito, quando é esse o caso,
o credor deve, ao encaminhar o título ao cartório de
protesto, apresentar também o demonstrativo do valor
atualizado e do critério de atualização (Lei 9.492/97, art.
11).

142
 Art. 11. Tratando-se de títulos ou documentos de dívida
sujeitos a qualquer tipo de correção, o pagamento será
feito pela conversão vigorante no dia da apresentação,
no valor indicado pelo apresentante.

143
 EFEITOS DO PROTESTO:

 POR FALTA DE ACEITE: possibilidade de cobrança


antecipada dos devedores indiretos (sacador, endossantes e
respectivos avalistas) do título de crédito. Não produz efeitos
em relação ao sacado, pois ele só dá o aceite se quiser.

 POR FALTA DE PAGAMENTO: cobrança dos devedores


indiretos (sacador, endossantes e respectivos avalistas), em
caso de não pagamento pelo sacado; protesto não é essencial
para cobrança do devedor principal (aceitante e respectivos
avalistas), mas para os indiretos sim.

144
 Protesto resguarda os direitos do portador contra os demais
coobrigados, permitindo o ajuizamento da AÇÃO
CAMBIAL contra eles também.

 Outro efeito é a INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO (CC,


art. 202). Reinício do prazo de contagem. Súmula 153 do
STF perdeu sua aplicação*.

 Configuração de IMPONTUALIDADE para fins de pedido


de falência (art. 94, I, da Lei n. 11.101/2005).

 Inscrição em cadastros de INADIMPLENTES (banco de


dados sobre crédito). Ex.: SPC, SERASA, Equifax.
Restrição do crédito do mercado.

145
 Conforme era assente na doutrina e jurisprudência, o
simples protesto cambiário NÃO interrompia a
prescrição. Apenas o protesto judicial (art. 867, CPC)
tinha o condão de interromper a prescrição, conforme
determinava o disposto no art. 172 do CC de 1916. Não
havia dissenso a este respeito.

 O CC de 2002, entendeu por bem estender os efeitos da


interrupção da prescrição ao PROTESTO CAMBIAL .
Atualmente, tanto o protesto judicial, bem como o
protesto cambial, interrompe a fluência da prescrição.

146
 ATENÇÃO:

 Ação cautelar de Protesto Judicial (arts. 867 a 873 CPC/1973)


deixa de existir no novo CPC.

 No novo CPC o protesto judicial é substituído por um


procedimento de jurisdição voluntária, na seção “da
Notificação e da Interpelação”, arts. 726 a 729.

 Art. 726. omissis


§ 2º Aplica-se o disposto nesta Seção, no que couber, ao
protesto judicial.

147
 PRAZO PARA O PROTESTO:

 O protesto por FALTA DE ACEITE só será realizado


enquanto ainda se pode dar o aceite, ou seja, até o
vencimento do título.
 O protesto por FALTA DE PAGAMENTO pode ser feito
após o vencimento do título, a qualquer momento.

 ATENÇÃO: O Decreto n. 2.044/1908 diz que ele deve


ser tirado até 1 DIA ÚTIL após o vencimento do título.
Se for feito após este prazo, perde-se o efeito de
cobrança dos devedores indiretos.

148
 SUSTAÇÃO DO PROTESTO: medida judicial que
impede a lavratura do protesto (art. 17, Lei n. 9.492/97).

 Só pode ser realizada enquanto NÃO LAVRADO o protesto.


 Depois de lavrado o protesto, pode-se sustar os efeitos do
protesto.
 Medida cautelar atípica ou antecipação de tutela (art. 237,
§7º do CPC). Ação principal discute a existência da
obrigação ou a validade do título.

149
 Art. 17. Permanecerão no Tabelionato, à disposição do Juízo
respectivo, os títulos ou documentos de dívida cujo protesto for
judicialmente sustado.
§ 1º O título do documento de dívida cujo protesto tiver sido
sustado judicialmente só poderá ser pago, protestado ou retirado
com autorização judicial.
§ 2º Revogada a ordem de sustação, não há necessidade de se
proceder a nova intimação do devedor, sendo a lavratura e o
registro do protesto efetivados até o primeiro dia útil subsequente
ao do recebimento da revogação, salvo se a materialização do ato
depender de consulta a ser formulada ao apresentante, caso em
que o mesmo prazo será contado da data da resposta dada.
§ 3º Tornada definitiva a ordem de sustação, o título ou o
documento de dívida será encaminhado ao Juízo respectivo,
quando não constar determinação expressa a qual das partes o
mesmo deverá ser entregue, ou se decorridos trinta dias sem que a
parte autorizada tenha comparecido no Tabelionato para retirá-lo.
150
 CANCELAMENTO DO PROTESTO:

 Para retirar o registro do protesto, deve ser feito o


seu cancelamento (art. 26).

 Pode ocorrer se não existir mais o fato provado pelo


protesto: pagamento do título.

 Deve ser apresentado no cartório a prova do


pagamento: apresentação do título.
Excepcionalmente se admite declaração firmada pelo
credor (firma reconhecida).

151
 Art. 26. O cancelamento do registro do protesto será
solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto de Títulos,
por qualquer interessado, mediante apresentação do
documento protestado, cuja cópia ficará arquivada.
§ 1º Na impossibilidade de apresentação do original do título
ou documento de dívida protestado, será exigida a declaração
de anuência, com identificação e firma reconhecida, daquele
que figurou no registro de protesto como credor, originário ou
por endosso translativo.
§ 2º Na hipótese de protesto em que tenha figurado
apresentante por endosso-mandato, será suficiente a
declaração de anuência passada pelo credor endossante.
§ 3º O cancelamento do registro do protesto, se fundado em
outro motivo que não no pagamento do título ou documento de
dívida, será efetivado por determinação judicial, pagos os
emolumentos devidos ao Tabelião.
152
§ 4º Quando a extinção da obrigação decorrer de
processo judicial, o cancelamento do registro do protesto
poderá ser solicitado com a apresentação da certidão
expedida pelo Juízo processante, com menção do
trânsito em julgado, que substituirá o título ou o
documento de dívida protestado.
§ 5º O cancelamento do registro do protesto será feito
pelo Tabelião titular, por seus Substitutos ou por
Escrevente autorizado.
§ 6º Quando o protesto lavrado for registrado sob forma
de microfilme ou gravação eletrônica, o termo do
cancelamento será lançado em documento apartado, que
será arquivado juntamente com os documentos que
instruíram o pedido, e anotado no índice respectivo
153
 Pode ser requerido por qualquer pessoa. O STJ entende que a iniciativa
é do devedor.

 Cancelamento por outros motivos que não o pagamento - ORDEM


JUDICIAL (arts. 26, §4º e 34).

 Não há prazo fixado em lei para o cancelamento do protesto: o decurso


de prazo não cancela o protesto (cadastro de inadimplentes 5 anos ou
até a prescrição da cobrança da obrigação).

 A lei, através do Artigo 206, § 3º, VIII, CC, estipula que prescreve em
3 anos:

VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a


contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;

154
 A Justiça tem entendido que PRESCRITO o título o mesmo NÃO
poderá ser protestado.

 Havendo o protesto após o prazo de prescrição, o consumidor tem


todo o direito de exigir na justiça a sua imediata SUSTAÇÃO.

 No caso do cheque, que têm lei especial (Lei nº 7.357/85) o prazo


de prescrição do direito de cobrança é de 6 meses e o prazo legal
para o protesto é de 30 (trinta dias) quando emitido no lugar onde
deverá ocorrer o pagamento e, de 60 (sessenta) dias, quando emitido
em outro lugar do País ou no exterior e o protesto deve ser feito no
lugar de pagamento ou do domicílio do emitente.

 Portanto, o protesto de cheque fora destes prazos ou em outra cidade


que não aquela que for o do lugar de pagamento ou do domicilio do
emitente, é ILEGAL.

155
 Embora os cartórios de protesto NÃO ESTEJAM
OBRIGADOS a negar o protesto de títulos de crédito
(cheques, notas promissórias, letra de câmbio e duplicata)
prescritos (com mais de 3 anos da data em que o título
venceu e não foi pago), no caso de haver o protesto após o
prazo de prescrição, o mesmo é ilegal e o consumidor tem o
direito de buscar a justiça o pedido da imediata sustação do
mesmo.

 Vale ressaltar que, embora os prazos de prescrição sejam


inferiores a 5 anos, para efeitos de SPC e SERASA continua
valendo o prazo de 5 anos a contar da data de vencimento da
dívida.

156
 CLÁUSULA SEM DESPESAS/ SEM PROTESTO:

 É um instituto que assegura ao credor contra qualquer


devedor, seja ele principal ou codevedor, os direitos de
crédito da cártula INDEPENDENTEMENTE DE
PROTESTO.

 Ao credor assistirá o direito de cobrança do título contra


qualquer um SEM o prévio protesto. Referida cláusula
poderá ser inserida pelo sacador, pelos endossantes ou pelos
avalistas.

 Ex.: Pague-se a Diogo a quantia de 600 reais sem despesa


(ou sem protesto).

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 PROTESTO INDEVIDO:

 A lavratura do protesto pode causar danos ao devedor: divulgação


do estado de insolvência.

 Apontamento para protesto NÃO configura dano, mas o registro


SIM.

 Protesto indevido é aquele irregular sob o ponto de vista formal ou


aquele onde a dívida inexiste e ainda aquele abusivo. O prejuízo
causado ao devedor deve ser indenizado: danos materiais e morais.

 Responsabilidade da pessoa que levou o título a protesto: conduta


causadora do dano. Em regra, não há responsabilidade do tabelião,
excepcionalmente, em casos de defeito da prestação do serviço,
poderá haver responsabilidade (falha na prestação do serviço).
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