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UPIS/2022 - Aula 2 – AVAL (e fiança)

Código Civil - Art. 897. O pagamento de título de crédito, que - AVAL SIMULTÂNEO E AVAL SUCESSIVO:
contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser O aval é simultâneo quando todos os avalistas garantem o
garantido por aval. mesmo avalizado. Examine o exemplo proposto por um
Quem avaliza um título de crédito está declarando que irá doutrinador:
pagar o título, caso o devedor não o faça. Numa nota promissória 'A' é emitente e 'B' o beneficiário. No
verso há assinaturas de 'C' e 'D', 'E' e 'F'. Não há restrição
Forma de avalizar: alguma, apenas assinaturas; portanto, avais em branco.
O aval pode ser dado em branco: aval em branco é aquele Presume-se que todos avalizaram 'A'.
que não identifica o avalizado. Quando o aval é em branco, por Efeitos do Aval – Aval simultâneo
consequência, é sempre prestado em favor do - Em se tratando de aval simultâneo,
simultâneo, pode o avalista que
sacador/emitente. O aval em branco é dado mediante a pagar o total da obrigação, cobrar dos avalistas anteriores a
simples assinatura do avalista no título. quota-parte que cada um teria obrigação, podendo se valer,
O aval em preto é aquele que identifica o avalizado. O aval em para tanto, da via executiva. No exemplo citado, se "D" pagar o
preto contém o nome de quem está sendo garantido pelo aval. título no lugar do emitente, poderá exercer direito de regresso
-O aval não exige fórmula sacramental. Pode se prestar o aval contra o emitente pelo total da dívida ou cobrar dos outros
apenas lançando sua assinatura no título (aval em branco), ou avalistas a quota- parte devida (a quota-parte de cada avalista,
escrevendo expressões como: “Por aval a Eliza Gomes” (aval no exemplo dado, corresponde apenas a 25% do total pago).
em preto). - O aval é dito sucessivo quando o avalista posterior avaliza o
MAS ATENÇÃO: SE O AVALISTA NÃO INDICAR O NOME anterior. Por exemplo: "A" é o emitente e "C", "D", "E", "F"
DO AVALIZADO, ENTENDE-SE QUE O AVAL FOI DADO AO assinam no verso. Antes da assinatura de "D" está escrito: "por
SACADOR. aval de 'C'", e antes da assinatura de "F", está escrito: "por aval
Código Civil - Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no de 'E'". Neste caso, o avalista que assina e avaliza garante
anverso do próprio título. apenas e tão somente o obrigado anterior (aval em preto); não
§ 1º Para a validade do aval, dado no anverso do título, é há nenhuma responsabilidade quanto aos demais avalistas.
suficiente a simples assinatura do avalista. Importante observar a Súmula 189 do STF editada com a
§ 2º Considera-se não escrito o aval cancelado. seguinte redação:
Embora não esteja previsto no CC, recomenda-se que o aval Avais em branco e superpostos consideram-se
seja lançado no verso do título para não se confundir com simultâneos e não sucessivos.
sucessivos.
aceite ou com o endosso. Não será inválido, porém, se lançado - DIFERENÇAS ENTRE O AVAL E A FIANÇA:
na face do título. a) a primeira diferença é que o aval se dá num título de
- Autonomia do aval: o aval é garantia autônoma; quem lança crédito,
crédito, enquanto a fiança se dá num contrato, como
sua assinatura num título, na qualidade de avalista, vincula-se
diretamente ao credor, independentemente da obrigação que
menciona o Código Civil, quando estabelece:
avalizou. Assim, se a obrigação principal for nula, o aval é Código Civil - Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma
válido e terá que ser honrado por quem avalizou. pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação
assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.
- EFEITOS DO AVAL: b) O prestador do aval pode ser acionado para pagar
Código Civil - Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo antes do avalizado (solidariedade) , o que não ocorre na
nome indicar; na falta de indicação, ao emitente ou devedor
final. fiança, em que se estabelece, em princípio, o benefício
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o de ordem.
seu avalizado e demais coobrigados anteriores. c) No aval, o avalista não pode alegar perante terceiros
§ 2º Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a de boa fé exceções pessoais que teria contra o avalizado
obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a (as obrigações no aval são autônomas). Na fiança, o
nulidade decorra de vício de forma.
Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos
fiador pode alegar defesas pessoais contra o credor.
efeitos do anteriormente dado. d) - A fiança, ao contrário, é uma garantia acessória de
- É POSSÍVEL O AVAL PARCIAL DE TÍTULO DE CRÉDITO? modo que, sendo nula a obrigação principal, nula será
O Decreto Lei 57.663/56 prevê a possibilidade do aval parcial também a fiança.
para a letra de câmbio e a nota promissória. Já a e) - Com relação à OUTORGA MARITAL, o Código Civil
possibilidade do aval parcial do cheque é previsto na própria de 2002 dispôs que a outorga marital é necessária tanto
lei do cheque (L. 7.357/85), cujo artigo 29 prevê:
Art. 29 . O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo no caso de aval quanto no caso de fiança.
ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o sacado, Código Civil - Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art.
ou mesmo por signatário do título. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
Mas, como para a duplicata não há legislação outro, exceto no regime da separação absoluta:
especial/específica regendo a situação, pois a Lei nº I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
5.474/68, que trata da duplicata, é omissa, utiliza-se para a
situação a regra geral do Código Civil (art. 897, CC):
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou
Art. 897 . O pagamento de título de crédito, que contenha direitos;
obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por III - prestar fiança ou aval ; [...]
aval. Parágrafo único. É vedado o aval parcial. *Para a prática de determinados atos, a lei exige que a
PORTANTO: NÃO É ADMISSÍVEL AVAL PARCIAL PARA A pessoa casada tenha o consentimento do outro cônjuge
DUPLICATA, POR VEDAÇÃO EXPRESSA DO CÓDIGO CIVIL. (marido ou esposa). Essa autorização é o que se
Em conclusão, para sabermos se o título de crédito admite ou
não aval parcial, temos que verificar que legislação é, denomina outorga uxória.
efetivamente, aplicável ao aval do título.
Outras comparações: A fiança na locação
- 1º) o credor, em determinada situação, pode pedir a A lei, nos casos nela previstos, permite que os fiadores possam
se exonerar do compromisso de garantia.
substituição da Fiança, o que não ocorre com o portador Um fato que dá ensejo a essa faculdade legal em favor do
do título de crédito, que não tem direito à substituição do fiador é a alteração na composição dos locatários.
Aval; É oportuno destacar, entretanto, que os prazos e formas legais
2º) o fiador pode estabelecer prazo de validade da devem ser observados rigorosamente, sob pena de o silêncio
Fiança, o que não acontece com o avalista; do fiador significar que a fiança estará mantida ainda que a
3º) tanto o Aval como a Fiança podem ter garantia de um locação permaneça apenas com um dos afiançados.
Portanto, a faculdade de exoneração, neste caso, tem prazo
único ou vários garantidores da obrigação do devedor peremptório. Se não manifestada na forma e prazos que a lei
principal; dispõe, extingue-se e não mais poderá ser exercitada
- A fiança guarda mais complexidade e é objeto de mais A fiança na locação
discussões judiciais sobre sua validade. A Lei do Inquilinato também prevê a faculdade de o fiador se
- A FIANÇA NO CÓDIGO CIVIL:CIVIL: desonerar da fiança nos casos de prorrogação da locação por
Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação prazo indeterminado. - Lei 8.245/91 - Art. 39. Salvo disposição
assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Art. 819-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004) estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a
sua vontade. prorrogada a locação por prazo indeterminado, por força desta
Art. 821. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste caso, não será Lei. (Artigo com a redação dada pela Lei nº 12.112, de 9-12-
demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor.
Art. 822. Não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os acessórios da dívida 2009) - Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a
principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador.
Art. 823. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em
substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos:
condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que (...) IV - exoneração do fiador; X - prorrogação da locação por
ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada. prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador
Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultar
apenas de incapacidade pessoal do devedor. de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os
Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo não abrange o caso de mútuo feito a
menor. efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a
Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado a notificação ao locador. (inciso X acrescentado pela Lei nº
aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar a
fiança, e não possua bens suficientes para cumprir a obrigação. 12.112, de 9-12-2009)
Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja
substituído.
A fiança na locação
Seção II - Dos Efeitos da Fiança Trata-se de uma faculdade, logo, o fiador deverá tomar a
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a iniciativa de notificar o locador quanto a sua intenção de
contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, desonerar-se da fiança.
deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados,
quantos bastem para solver o débito. É importante destacar que o fiador, mesmo notificando
Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador: regularmente o locador de que não pretende manter a fiança,
I - se ele o renunciou expressamente;
II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário; em qualquer das duas hipóteses previstas, ainda suportará os
III - se o devedor for insolvente, ou falido.
Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa
seus efeitos durante os 120 dias seguintes.
o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o
benefício de divisão.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em
proporção, lhe couber no pagamento.
Art. 830. Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua responsabilidade,
caso em que não será por mais obrigado.
Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só
poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.
Art. 832. O devedor responde também perante o fiador por todas as perdas e danos que este pagar,
e pelos que sofrer em razão da fiança.
Art. 833. O fiador tem direito aos juros do desembolso pela taxa estipulada na obrigação principal, e,
não havendo taxa convencionada, aos juros legais da mora.
Art. 834. Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra o devedor, poderá o
fiador promover-lhe o andamento.
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre
que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a
notificação do credor.
Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao
tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança.

A FIANÇA NA LOCAÇÃO:
A fiança na locação urbana é regida pela Lei 8.245/91 – Lei do
Inquilinato, que dispõe da seguinte forma:
A fiança na locação
Lei 8.245/91 - Art. 12. Em casos de separação de fato,
separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a
locação residencial prosseguirá automaticamente com o
cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. (Redação
dada pela Lei nº 12.112, de 2009)
§ 1o Nas hipóteses previstas neste artigo e no art. 11, a sub-
rogação será comunicada por escrito ao locador e ao fiador, se
esta for a modalidade de garantia locatícia. (Incluído pela Lei nº
12.112, de 2009)
§ 2o O fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades
no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da
comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável
pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a
notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009)

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