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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ

SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.

#Atenção: Atualizações em 29/08/2023 (as últimas atualizações na cor VERDE):

 Questões de concurso.
 Inclusão da Súmula 657 do STJ (24/08/2023)
 Atualização na explicação da Súmula 301 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 27/03/23)
 Inclusão de comentários à Súmula 656 do STJ (23/03/2023)
 Atualização na explicação da Súmula 634 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 11/02/23)
 Atualização de comentários à Súmula 326 do STJ (30/01/2023)
 Outras Súmulas superadas: nº 06, 11, 30, 75, 90, 119, 172, 212, 244, 267, 294, 472, 510, 521 e
533 do STJ.
 Cancelamento das Súmulas 61, 68, 94, 212, 343, 408, 469 e 497 do STJ.

Orientações:

Súmulas válidas: Em verde (Ex: Súmula nº “x”)


Súmulas com pouca relevância: Em cinza (Ex: Súmula nº “y”)
Súmulas canceladas: Em vermelho (Ex: Súmula nº “z”)
Súmulas superadas: Em roxo, ao final da súmula. Ex: (SUPERADA)

Fontes: Site Buscador do Dizer o Direito e Site do DOD; questões de concurso; julgados do STJ
e STF.

Súmula 657: Atendidos os requisitos de segurada especial no RGPS e do período de carência, a


indígena menor de 16 anos faz jus ao salário-maternidade.

Súmula 656: É válida a cláusula de prorrogação automática de fiança na renovação do contrato


principal. A exoneração do fiador depende da notificação prevista no art. 835 do Código Civil.

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa Alfa Ltda. celebrou contrato de mútuo com o
banco. Por meio desse ajuste, o banco emprestou R$ 100 mil à empresa que utilizou tais recursos
como capital de giro para seu negócio. João figurou no contrato como fiador do empréstimo.

O que é fiança? Fiança é um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada de
“fiadora”) assume o compromisso junto ao credor de que ela irá satisfazer a obrigação assumida
pelo devedor, caso este não a cumpra (art. 818 do CC). Logo, João, ao assinar o contrato na
condição de fiador, forneceu ao banco uma garantia pessoal (uma caução fidejussória): “se a
empresa Alfa não pagar o que deve, pode cobrar a dívida de mim”.

Características do contrato de fiança:


a) Acessório: pressupõe a existência de um contrato principal. Em nosso exemplo, o
contrato principal é a abertura de crédito e a fiança é um ajuste acessório a esse.
b) Formal: afirma-se que a fiança é um contrato formal porque exige a forma escrita (art.
819 do CC). Logo, não é válida a fiança verbal. Contrato formal é diferente de solene. A
fiança é formal (precisa de forma escrita), mas não é solene, já que não exige escritura
pública.
c) Gratuito ou benéfico: na grande maioria dos casos, a fiança é gratuita, considerando que
o fiador não terá nenhuma prestação em seu favor, nada recebendo em troca da garantia
prestada. Vale ressaltar, no entanto, que é possível que o fiador seja remunerado por esse
serviço e, então, o contrato passa a ser oneroso (fiança onerosa). É o caso, por exemplo, da
fiança bancária na qual o banco aceita ser fiador de determinada pessoa em troca de uma
remuneração por conta disso.
d) Subsidiário: em regra, a fiança é subsidiária porque depende de inexecução do contrato
principal. Todavia, é possível (e muito comum) que haja a previsão da cláusula de
solidariedade na qual o fiador renuncia ao benefício de ordem e assume o compromisso de
poder ser diretamente acionado em caso de dívida.
e) Unilateral: em regra, a fiança gera obrigação apenas para o fiador (satisfazer o credor
caso o devedor não cumpra a obrigação). Normalmente, nem o credor nem o devedor
possuem obrigações para com o fiador. Exceção: na fiança remunerada, o devedor tem a
obrigação de pagar uma quantia ao fiador por ele ter oferecido esse serviço.
f) Não admite interpretação extensiva: as cláusulas do contrato de fiança devem ser
interpretadas restritivamente. Assim, em caso de dúvida sobre a interpretação das
cláusulas, a exegese deverá ser feita em favor do fiador. Isso se justifica porque a fiança, em
regra, é um contrato gratuito. Logo, não seria justo que, por meio de interpretações
extensivas, o fiador assumisse obrigações que ele não expressamente aceitou no pacto
escrito. Desse modo, o fiador responde somente por aquilo que declarou no contrato de
fiança. Ex: Ricardo assinou contrato de fiança afirmando que pagaria os alugueis caso
Fabiano (locatário) ficasse em atraso. Fabiano pagou todos os alugueis, mas, após a
devolução do apartamento, o locador percebeu que ele deixou a bancada de mármore da
cozinha quebrada. Se o contrato de fiança não mencionava a responsabilidade do fiador
por avarias no imóvel, não será possível que o locador cobre essa despesa de Ricardo.

Contrato de mútuo bancário tinha vigência determinada: O contrato bancário possuía uma
cláusula de vigência de 1 ano, ou seja, vigorava até o dia 05/05/12. Havia, contudo, uma cláusula
prevendo expressamente a possibilidade de prorrogação automática da fiança caso houvesse
também a prorrogação do contrato principal. No dia 05/05/12, a empresa não conseguiu pagar o
empréstimo e, por isso, o contrato de mútuo foi prorrogado por mais 6 meses. Essa prorrogação
foi ajustada e assinada pelo representante legal da empresa e pelo banco. João não participou
dessa prorrogação. 6 meses depois, a empresa novamente não conseguiu quitar a dívida e o banco
ajuizou execução contra a pessoa jurídica e também contra João. Este último se defendeu alegando
que:
• para a fiança continuar válida, seria necessário que ele tivesse anuído expressamente com
a prorrogação;
• a fiança não admite interpretação extensiva;
• a cláusula que prevê a prorrogação automática é abusiva e, portanto, nula de pleno
direito.

O banco poderá cobrar a dívida do fiador? O contrato de fiança ainda está em vigor? Essa
cláusula de prorrogação automática da fiança é válida? SIM. É lícita (e, portanto, válida) cláusula
em contrato de mútuo bancário que preveja expressamente que a fiança prestada prorroga-se
automaticamente com a prorrogação do contrato principal. Em regra, a fiança não se estende além
do período de tempo previsto no contrato. Justamente por isso, para que a fiança seja prorrogada,
é preciso a concordância expressa do fiador. Sobre o tema, o STJ editou, inclusive, um enunciado:
Súmula 214-STJ: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de
aditamento ao qual não anuiu.

No entanto, o STJ decidiu que é válido que o contrato preveja uma cláusula dizendo que, em caso
de prorrogação do contrato principal, a fiança (pacto acessório) também será prorrogada.
Havendo expressa e clara previsão contratual da manutenção da fiança, em caso de prorrogação
do contrato principal, o pacto acessório também é prorrogado automaticamente, seguindo a sorte
do principal.

Essa cláusula não viola o art. 819 do CC, que afirma que a fiança não pode ser interpretada
extensivamente? NÃO. Realmente, na fiança não se admite a interpretação extensiva de suas
cláusulas. No entanto, no caso acima explicado não houve interpretação extensiva. “Não admitir
interpretação extensiva” significa que o fiador deve responder, exatamente, por aquilo que
declarou no instrumento da fiança. Ele não pode responder por nada a mais do que aquilo que ele
aceitou no contrato de fiança. Na situação concreta, o fiador concordou com todos os termos do
contrato, inclusive com a cláusula que previa a prorrogação automática da fiança em caso de
prorrogação do contrato principal. Logo, a cláusula era muito clara e o fiador aceitou. Ao aplicar
essa cláusula de prorrogação automática não se está fazendo interpretação extensiva. Ao contrário,
está sendo interpretada a cláusula literalmente.

Mas o fiador ficará “preso” para sempre a esse contrato? NÃO. Ele tem o direito de, no período
de prorrogação contratual, notificar o credor afirmando que não mais deseja ser fiador. A isso se
dá o nome de “notificação resilitória”, estando prevista no art. 835 do CC:
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo,
sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta
dias após a notificação do credor.

Observação final: Ressalte-se que, no exemplo dado acima, a avença principal não envolvia
relação contratual de consumo, pois cuidava-se de mútuo mediante o qual se obteve capital de
giro para o exercício de atividade empresarial. O mesmo entendimento, contudo, pode ser
aplicado para os casos de contrato de consumo porque o STJ entende que essa cláusula de
prorrogação automática não consiste em cláusula abusiva (art. 51 do CDC):
A simples e clara previsão de que em caso de prorrogação do contrato principal há a
prorrogação automática da fiança não implica violação ao art. 51 do CDC, cabendo, apenas,
ser reconhecido o direito do fiador de, no período de prorrogação contratual, promover a
notificação resilitória, nos moldes do disposto no art. 835 do CC. STJ. 4ª T. AgInt no REsp
1.973.462/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 26/4/22.

Súmula 655: Aplica-se a união estável contraída por septuagenário o regime da separação
obrigatória de bens, comunicando-se os adquiridos na constância, quando comprovado o esforço
comum. (TJPE-2022) (MPSP-2023)

(MPSP-2023-VUNESP): Sobre o regime de bens, nos termos do Código Civil e da jurisprudência


dominante e atual dos Tribunais Superiores, é correto afirmar: A regra do artigo 1.641, II, do
Código Civil, que estabelece o regime da separação obrigatória de bens para os septuagenários,
embora expressamente prevista apenas para a hipótese de casamento, aplica-se também às uniões
estáveis entre pessoas maiores de 70 anos. BL: S. 655, STJ e art. 1641, II, CC.

Súmula 654: A tabela de preços máximos ao consumidor (PMC) publicada pela ABCFarma, adotada
pelo fisco para a fixação da base de cálculo do ICMS na sistemática da substituição tributária, não se
aplica aos medicamentos destinados exclusivamente para uso de hospitais e clínicas.

OBS: Importante.

ICMS: O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96:


Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II — operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;

Principais características do imposto:


- plurifásico: incide sobre o valor agregado, obedecendo-se ao princípio da não-
cumulatividade;
- real: as condições da pessoa são irrelevantes;
- proporcional: não é progressivo;
- fiscal: tem como função principal a arrecadação.

Fatos geradores: Resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos geradores:


- circulação de mercadorias;
- prestação de serviços de transporte intermunicipal;
- prestação de serviços de transporte interestadual;
- prestação de serviços de comunicação.

Substituição tributária progressiva: A substituição tributária progressiva, também chamada de


substituição tributária “para frente” ou subsequente, é uma técnica de arrecadação de alguns
impostos, em especial o ICMS. Na substituição tributária progressiva, a lei prevê que o tributo
deverá ser recolhido antes mesmo que ocorra o fato gerador. Desse modo, primeiro há um
recolhimento do imposto e o fato gerador se dará em um momento posterior. Diz-se, então, que o
fato gerador é presumido porque haverá o pagamento do tributo sem ter certeza de que ele irá
acontecer. A substituição tributária progressiva é prevista na própria CF:
Art. 150 (...) § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição
de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer
posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não
se realize o fato gerador presumido.

Exemplo dado por Ricardo Alexandre: “A” é uma refinaria de combustíveis que vende a gasolina
para os distribuidores (“B”), que revendem para os postos de gasolina (“C”), que, por fim,
vendem ao consumidor final (“D”). Para o Estado é mais fácil cobrar de “A” todo o tributo que irá
incidir sobre a cadeia produtiva. Assim, “A” pagará o imposto por ele devido como contribuinte e
também os impostos que irão incidir sobre as vendas futuras (nesse caso, pagará como substituto
tributário/responsável tributário). (ALEXANDRE, Ricardo.Direito tributário esquematizado. 10ª
ed. São Paulo: Método, 2016, p. 317-319).

Veja como fica a cadeia de vendas e a incidência do imposto:


- “A” vende para “B” (“A” paga o tributo como contribuinte e também já paga, como
responsável tributário, o imposto relacionado com as vendas futuras).
- “B” vende para “C” (“B” não pagará mais o imposto, uma vez que este já foi pago por
“A”, como substituto tributário).
- “C” vende para os consumidores (“C” não pagará o imposto, uma vez que este já foi
pago por “A”, como substituto).

Assim, todo o tributo é pago de uma só vez por “A”, sendo calculado sobre o valor pelo qual se
presume que a mercadoria será vendida ao consumidor. (ALEXANDRE, Ricardo, p. 319).

Regime de valor agregado: Esse cálculo do valor que se supõe que a mercadoria será vendida é
feito mediante a aplicação do regime de valor agregado estabelecido no art. 8º da LC 87/96:
Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:
I - em relação às operações ou prestações antecedentes ou concomitantes, o valor da
operação ou prestação praticado pelo contribuinte substituído;
II - em relação às operações ou prestações subsequentes, obtida pelo somatório das parcelas
seguintes:
a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto tributário ou pelo
substituído intermediário;
b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou
transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;
c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou prestações
subsequentes.

ABCFarma: ABCFarma é a sigla para Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico, uma


entidade sem fins lucrativos, que tem por finalidade precípua defender os interesses das empresas
e empreendedores do comércio farmacêutico.

Revista ABCFarma: A ABCFARMA disponibiliza uma revista mensal, de distribuição nacional,


que veicula a mais completa e atualizada lista de preços de medicamentos do país. Trata-se da
única publicada por uma entidade ligada ao varejo farmacêutico. É, portanto, referência para
farmácias e drogarias, além de ser utilizada pelo Fisco para o cálculo do ICMS.

Feitas estas considerações, imagine a seguinte situação hipotética: A “Bio Remédios” é uma
distribuidora de medicamentos que vende remédios para hospitais e clínicas. A referida empresa
vendeu centenas de remédios “Dorsem” para os hospitais e recolheu ICMS-ST, calculando o valor
de cada medicamento por R$ 300,00. A empresa justificou que encontrou este valor pegando o
preço que ela vende o remédio para os hospitais e adicionando a margem de valor agregado
(MVA), nos termos do art. 8º, II, “c”, da LC 87/96. Ocorre que o Fisco estadual não concordou e
afirmou que a empresa, na condição de substituto tributário, deveria ter recolhido o imposto sobre
R$ 500,00 por cada remédio, já este é o Preço Máximo de venda a Consumidor (PCM) publicado
em Revistas e Informativos de Classes, ABCFarma). Para o Fisco, a empresa violou a Cláusula
Segunda do Convênio 76/94 e o art. 8º, § 2º da LC 87/96, que preconizam:
Cláusula Segunda - A base de cálculo do imposto para fins de substituição tributária será o
valor correspondente ao preço constante da tabela sugerido pelo órgão competente para a
venda a consumidor, e, na falta deste preço, o valor correspondente ao preço máximo de
venda a consumidor sugerido ao público pelo estabelecimento industrial.

Art. 8º (...)
§ 3º Existindo preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou importador, poderá a
lei estabelecer como base de cálculo este preço.

A questão chegou até o STJ. A posição defendida pelo Fisco foi acolhida pelo Tribunal? NÃO.

PCM é legítima, no entanto, quando o medicamento será vendido para clientes em drogarias:
Mostra-se legítima a estipulação da base de cálculo do ICMS, com fundamento no Preço Máximo
ao Consumidor (chamado de PMC) sugerido pelo fabricante de medicamentos e divulgado por
revista especializada de grande circulação. No entanto, a fixação do PMC dirige-se ao comércio
varejista, ou seja, farmácias e drogarias, hipótese diversa da presente situação, na qual os
medicamentos destinavam-se exclusivamente ao uso hospitalar restrito, endereçados a clínicas,
casas de saúde, hospitais e assemelhados, acondicionados em embalagens especiais, para
atendimento dos pacientes, sem possibilidade de comercialização no comércio varejista, dirigido
aos consumidores finais, em balcão. O preço praticado para os hospitais e clínicas é notadamente
inferior àquele que é utilizado na venda em drogarias para os clientes, já que a quantidade
comprada pelos hospitais faz com que o preço seja inferior.

Resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos: Vale ressaltar que a Resolução


nº 3, de 04 de maio de 2009, da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, prevê em seu
art. 2º que o Preço Máximo ao Consumidor - PMC será o “teto de preço a ser praticado pelo
comércio varejista, ou seja, farmácia e drogarias”. Além disso, esta resolução veda a sua utilização
para medicamentos de uso restrito a hospitais e clínicas:
Art. 3º Fica proibida a publicação de Preço Máximo ao Consumidor - PMC, em qualquer
meio de divulgação, para medicamentos cujo registro defina ser “de uso restrito a hospitais
e clínicas”.

Assim, repetindo, o preço máximo de venda ao consumidor publicado em revistas e informativos


de classes (como é o caso da ABCFarma) é até válido como forma de cálculo do ICMS-ST, no
entanto, apenas para o comércio varejista praticado em farmácias e drogarias, não servindo para a
venda de medicamentos de uso restrito a hospitais e clínicas.

Em uma simples frase: a tabela de preços máximos ao consumidor (PMC) publicada pela
ABCFarma, adotada pelo Fisco para a fixação da base de cálculo do ICMS na sistemática da
substituição tributária, não se aplica aos medicamentos destinados exclusivamente para uso de
hospitais e clínicas.

Nesse sentido:
No caso de venda de medicamentos de uso restrito a hospitais e clínicas, a base de cálculo
do ICMS/ST é o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria (art. 2º, I, do DL
nº 406/1968), e não o valor correspondente ao preço máximo de venda a consumidor
sugerido por fabricante de medicamentos (Cláusula Segunda do Convênio nº 76/1994).
STJ. 1ª T. REsp 1.229.289-BA, Rel. Min. Olindo Menezes (Des. Convocado do TRF da 1ª
Região), Rel. para acórdão Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 3/5/16 (Info 588).

A tabela de Preços Máximos ao Consumidor (PMC) publicada pela ABCFARMA, adotada


pelo fisco para o estabelecimento da base de cálculo do ICMS/ST, não se aplica aos
medicamentos destinados exclusivamente para uso de hospitais e clínicas, uma vez que,
consideradas as peculiaridades dessa operação de venda, notadamente a forma de
acondicionamento da mercadoria e o volume de aquisição, são comercializados com preços
diferenciados daqueles que são oferecidos no comércio varejista pelas farmácias e
drogarias. STJ. 1ª T. EDcl nos EDcl no REsp n. 1.237.400/BA, Rel. Min. Gurgel de Faria, j.
26/4/16.

Jurisprudência em Teses (Ed. 177):


8) Na apuração do ICMS/ST para medicamentos destinados exclusivamente para uso de
hospitais e clínicas, não se aplicam os valores constantes da tabela de Preços Máximos ao
Consumidor (PMC) publicada pela ABCFARMA.

Súmula 653: O PEDIDO DE PARCELAMENTO FISCAL, AINDA QUE indeferido, INTERROMPE


o prazo prescricional, pois CARACTERIZA confissão extrajudicial do débito . (TJAP-2022) (MPAC-
2022) (TRF4-2022) (PGERO-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: Determinada empresa devia R$ 500 mil de tributos
federais. Qual é o prazo para que a Fazenda Pública ajuíze execução fiscal contra o devedor? 5
anos, contados da constituição definitiva, conforme prevê o art. 174 do CTN:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da
data da sua constituição definitiva.
A União editou a Lei 9.964/00 prevendo a possibilidade de que o devedor de tributos federais
pudesse parcelar seus débitos. Esse parcelamento foi chamado de REFIS (“Programa de
Recuperação Fiscal”). A empresa pediu para aderir ao parcelamento. Para isso, teve que assinar
um termo de confissão de dívida, reconhecendo o débito e comprometendo-se a pagá-lo em 120
prestações mensais. A Administração tributária foi então examinar para verificar se o
requerimento atendia aos requisitos previstos na lei para que pudesse ser deferido o
parcelamento. A Receita Federal, depois de 1 ano, respondeu que a empresa não preenchia os
requisitos legais, de modo que o pedido de adesão ao parcelamento foi indeferido.

A União poderá ajuizar execução fiscal cobrando a dívida? SIM. Veja o que diz o art. 5º, § 1º da
Lei 9.964/00:
§ 1º A exclusão da pessoa jurídica do Refis implicará exigibilidade imediata da totalidade
do crédito confessado e ainda não pago (...)

O que aconteceu com o prazo prescricional de 5 anos que a Fazenda Nacional possui para
ingressar com execução fiscal cobrando o débito? O prazo foi interrompido com o pedido de
parcelamento. Isso significa que o prazo prescricional de 5 anos se reiniciou do zero. Logo, a
União terá mais 5 anos para ajuizar execução fiscal cobrando a dívida da empresa.

Mesmo o pedido tendo sido indeferido? SIM. O simples requerimento de parcelamento de crédito
tributário, ainda que indeferido, é causa de interrupção do prazo de prescrição, tendo em vista
que caracteriza confissão extrajudicial do débito, nos termos do art. 174, parágrafo único, IV, do
CTN:
Art. 174. (...)
Parágrafo único. A prescrição se interrompe: (...)
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.

Desse modo, o pedido de parcelamento fez com que o prazo prescricional se reiniciasse do zero.
Isso significa que a Fazenda terá novamente 5 anos para ajuizar execução fiscal cobrando a dívida
da empresa.

Veja como caiu na prova:


(MPE-AC 2022 CEBRASPE Promotor de Justiça) Conforme o entendimento majoritário e atual do
STJ, o pedido de parcelamento do crédito tributário que tenha sido indeferido
A) interrompe o prazo de prescrição.
B) suspende o prazo de prescrição.
C) interrompe o prazo da decadência.
D) não interrompe nem suspende o prazo da prescrição ou da decadência.
E) suspende o prazo da decadência.

Gabarito: A (interrompe o prazo de prescrição).

(MPAC-2022-CESPE): Conforme o entendimento majoritário e atual do STJ, o pedido de


parcelamento do crédito tributário que tenha sido indeferido interrompe o prazo de prescrição.
BL: S. 653, STJ.

Súmula 652: A responsabilidade da administração por dano ao meio ambiente decorrente de sua
omissão no dever de fiscalização é de caráter solidário, mas de execução subsidiária . (TJSC-2022)
(TJDFT-2023) (AGU-2023)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “X” implementou um loteamento no


Município de São Paulo em total desconformidade com a legislação que disciplina a regularização
dos lotes urbanos. A implantação desse loteamento irregular causou danos ambientais. O MP
ajuizou ação civil pública contra a empresa e o Município, em litisconsórcio passivo, pedindo que
ambos fossem condenados a reparar os danos ao meio ambiente. O Município contestou alegando
que foi a empresa quem causou os danos, não podendo a Administração Pública ser condenada a
indenizar. Sustentou que não existiu nexo de causalidade entre a atuação do Município e os atos
ilícitos praticados pela empresa “X” que resultaram nos danos ambientais-urbanísticos e, por esse
motivo, não poderia a Administração Pública paulistana ser responsabilizada por atos praticados
por terceiro. O MP contra-argumentou afirmando que cabia ao Município o dever de fiscalizar a
realização do loteamento e, como o poder público não cumpriu sua tarefa, ele deverá ser
responsabilizado por sua omissão.

A empresa deverá ser condenada a indenizar? SIM. Isso porque ela foi a causadora dos danos ao
meio ambiente. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva, conforme prevê o art. 927,
parágrafo único, do Código Civil e o art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente), recepcionado pelo art. 225, §§ 2º, e 3º, da CF:
Art. 927. (...)
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 14 (...)
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e
dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por
danos causados ao meio ambiente.

A responsabilidade ambiental objetiva visa a garantir a reparação do dano, independentemente da


existência de culpa.

Além de ser objetiva, a responsabilidade por danos ambientais é regida pela teoria do risco
integral. Isso significa que a indenização será devida independentemente da existência de culpa e
que as excludentes como o caso fortuito, a força maior e o fato de terceiro não podem ser opostas.
O titular da atividade lesiva assume os riscos dela oriundos, colocando-se na posição de
garantidor da preservação ambiental.

Portanto, exige-se apenas a demonstração da ocorrência da ação ou omissão, do dano e do nexo de


causalidade para que o agente seja responsabilizado civilmente.

O parcelamento da área em questão se deu de forma clandestina e em desconformidade com a


legislação federal e municipal que regulam a matéria.

Neste contexto, prescrevem os arts. 13 e 50 da Lei 6.766/79, que dispõe sobre o Parcelamento do
Solo Urbano:
Art. 13. (...)
Parágrafo único - No caso de loteamento ou desmembramento localizado em área de
município integrante de região metropolitana, o exame e a anuência prévia à aprovação do
projeto caberão à autoridade metropolitana.

Art. 50. Constitui crime contra a Administração Pública.


I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para
fins urbanos, sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo com as
disposições desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e Municípios;
(...)

E o Município, também deverá ser condenado a indenizar? SIM. O Município possui


responsabilidade por conta de sua omissão no dever de fiscalização. Logo, possui
responsabilidade solidária, devendo ser condenada em conjunto com a causadora do dano. Nos
termos do art. 942, in fine, do Código Civil, o Município também responde pelo dano ambiental-
urbanístico causado por particular que procede a parcelamento irregular do solo contando com a
inércia ou descaso estatal:
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação.

No momento do cumprimento de sentença (execução), deve-se exigir o pagamento tanto da


empresa como do Município? Primeiro deve-se tentar fazer com que a empresa pague
integralmente a condenação imposta. A responsabilidade da Administração Pública é objetiva,
solidária e ilimitada, mas de execução subsidiária. Assim, o poder público fica na posição de
devedor-reserva, com “ordem ou benefício de preferência”. Desse modo, fica vedada a sua
convocação per saltum (“pulando” a empresa causadora do dano).
O que significa isso, na prática? Tanto a empresa como o Município serão condenados
solidariamente. Ambos constarão no título executivo. No entanto, no momento da execução,
primeiramente deve-se tentar fazer com que a empresa pague a indenização. Somente se ela não
tiver condições de pagar, a Administração Pública será chamada a arcar com a indenização.
Mesmo que o Poder Público acabe tendo que pagar a condenação, ele poderá, posteriormente,
ajuizar ação regressiva contra o responsável direto pelo dano. Nesse sentido:
O reconhecimento da responsabilização solidária de execução subsidiária enseja que o
Estado somente seja acionado para cumprimento da obrigação de demolição das
construções irregulares após a devida demonstração de absoluta impossibilidade ou
incapacidade de cumprimento da medida pelos demais réus, diretamente causadores dos
danos, e, ainda, sem prejuízo de ação regressiva contra os agentes públicos ou particulares
responsáveis. STJ. 2ª T. AgInt no REsp 1326903/DF, Rel. Min. Og Fernandes, j. 24/04/18.

Em suma: A responsabilidade do Estado por dano ao meio ambiente decorrente de sua omissão no
dever de fiscalização é de caráter solidário, mas de execução subsidiária, na condição de devedor-
reserva. Existe, portanto, uma ordem de preferência.

Confira agora como o tema já foi cobrado em prova:


(Juiz de Direito TJ/RJ 2016 Vunesp) A responsabilidade civil do Estado, por dano ambiental, em
caso de omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar, será
A) solidária, se a omissão for determinante para concretização ou agravamento do dano, porém
de execução subsidiária.
B) solidária, independentemente da omissão ser determinante para concretização ou agravamento
do dano, pois a responsabilidade é subjetiva.
C) subsidiária, se a omissão for determinante para concretização ou agravamento do dano, pois a
responsabilidade é subjetiva.
D) solidária, ainda que a omissão não seja determinante para concretização ou agravamento do
dano.
E) subsidiária, independentemente da omissão ser determinante para concretização ou
agravamento do dano.

Gabarito: letra A.

(AGU-2023-CESPE): Segundo a jurisprudência do STJ, por eventuais danos ambientais


decorrentes da omissão do dever de controlar e fiscalizar, a União, os estados, o Distrito Federal e
os municípios terão responsabilidade objetiva, solidária e de execução subsidiária. BL: S. 652, STJ.

(TJSC-2022-FGV): A sociedade empresária Beta implantou um loteamento irregular no Município


Alfa, em desconformidade com a legislação de regência federal e municipal, e vendeu os lotes
urbanos para terceiros particulares. O ato ilícito causou comprovados e inequívocos danos
ambientais (como poluição hídrica em razão da ausência de rede de esgotamento sanitário) e
urbanísticos (relacionados ao parcelamento irregular do solo). Não obstante tenha sido provocado
para atuar na época da instalação do loteamento ilegal, o Município Alfa quedou-se inerte. O
Ministério Público ajuizou ação civil pública em face da sociedade empresária Beta e do Município
Alfa, pleiteando indenização pelos danos coletivos e regularização do loteamento. Finda a fase de
instrução probatória, o feito foi concluso para sentença. Em tese, de acordo com a jurisprudência
do STJ, o magistrado deve reconhecer a responsabilidade: do Município Alfa e da sociedade
empresária Beta, aplicando-se a responsabilidade civil objetiva, solidária e ilimitada, mas de
execução subsidiária, isto é, o Município está na posição de devedor-reserva, com ordem ou
benefício de preferência, vedada sua convocação per saltum, para não se premiar o loteador
coobrigado, beneficiário direto da ilegalidade. BL: S. 652, STJ.

Súmula 651: Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor público a pena de demissão
em razão da prática de improbidade administrativa, independentemente de prévia condenação,
por autoridade judiciária, a perda de função pública. (TCU-2022) (TCEES-2023)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João, servidor público federal, no exercício de suas
funções, praticou ato de improbidade administrativa. O Ministério Público, ajuizou ação de
improbidade contra esse servidor. Paralelamente a isso, a Administração Pública federal instaurou
processo administrativo disciplinar. Antes que a ação de improbidade fosse julgada, o PAD
chegou ao fim e o servidor. A autoridade administração aplicou, como sanção disciplinar, a
demissão, nos termos do art. 127, III c/c art. 132, IV, da Lei nº 8.112/90:
Art. 127. São penalidades disciplinares: (...)
III - demissão;

Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: (...)


IV - improbidade administrativa;

Inconformado, João impetrou mandado de segurança alegando que, em caso de ato de


improbidade administrativa, a pena de demissão somente poderia ser aplicada pelo Poder
Judiciário, em ação de improbidade, não podendo haver a demissão por meio de processo
administrativo.

Essa tese do servidor não é acolhida pela jurisprudência? NÃO. Para o STJ, é possível a demissão
de servidor por improbidade administrativa em processo administrativo disciplinar. A pena de
demissão não é exclusividade do Poder Judiciário, sendo dever da Administração apurar e,
eventualmente, punir os servidores que vierem a cometer ilícitos de natureza disciplinar. Além
disso, vigora o princípio da independência das instâncias, conforme expressamente prevê o caput
do art. 12 da Lei 8.429/90 (Lei de Improbidade Administrativa), com a redação dada pela Lei
14.230/21:
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se efetivo, e
das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato: (...)

Esse é o entendimento consolidado há muitos anos do STJ:


(...) as sanções disciplinares previstas na Lei 8.112/90 são independentes em relação às
penalidades previstas na LIA, daí porque não há necessidade de aguardar-se o trânsito em
julgado da ação por improbidade administrativa para que seja editado o ato de demissão
com base no art. 132, IV, do Estatuto do Servidor Público Federal. (...) STJ. 1ª Seção. MS
15.848/DF, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 24/04/2013.

(...) 4. A própria LIA, no art. 12, caput, dispõe que “independentemente das sanções penais,
civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de
improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato”. Isso quer dizer que a norma não
criou um único subsistema para o combate aos atos ímprobos, e sim mais um subsistema,
compatível e coordenado com os demais. (...) STJ. 1ª Seção. MS 16.418/DF, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 08/08/2012.

(...) O processo administrativo disciplinar e a ação de improbidade, embora possam


acarretar a perda do cargo público, possuem âmbitos de aplicação distintos, mormente a
independência das esferas civil, administrativa e penal. Logo, não há óbice para que a
autoridade administrativa apure a falta disciplinar do servidor público independentemente
da apuração do fato no bojo da ação por improbidade administrativa. (...) STJ. 1ª Seção. MS
15.951/DF, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 14/09/2011.

(...) 2. A apuração de falta disciplinar realizada no PAD não se confunde com a ação de
improbidade administrativa, esta sabidamente processada perante o Poder Judiciário, a
quem cabe a imposição das sanções previstas nos incisos do art. 12 da Lei n.º 8.429/92.
3. Há reconhecida independência das instâncias civil, penal e administrativa, que é
afastada quando a esfera penal taxativamente afirmar que não houve o fato, e/ou, acaso
existente, houver demonstrações inequívocas de que o agente não foi o seu causador. Este
fundamento, inclusive, autoriza a conclusão no sentido de que as penalidades aplicadas em
sede de processo administrativo disciplinar e no âmbito da improbidade administrativa,
embora possam incidir na restrição de um mesmo direito, são distintas entre si, tendo em
vista que se assentam em distintos planos. (...) STJ. 2ª Turma. REsp 1364075/DF, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 24/11/2015.

Súmula 650: A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para aplicar ao servidor
pena diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 132 da Lei n.º
8.112/90. (TJSP-2021) (PGEGO-2021) (TCU-2022) (TCEES-2023)
OBS: Importante.

Lei nº 8.112/90: A Lei nº 8.112/90 trata sobre o estatuto dos servidores públicos federais. Dentre
outros temas, essa lei prevê as regras do processo administrativo disciplinar. Assim, quando o
servidor público federal pratica uma infração administrativa, será julgado e punido conforme as
normas da Lei nº 8.112/90.

Espécies de penalidades disciplinares: Se o servidor público praticar uma infração disciplinar ele
poderá ser punido com base em uma das seis penalidades previstas no art. 127 da Lei nº 8.112/90:
Art. 127. São penalidades disciplinares:
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
VI - destituição de função comissionada.

Demissão: No art. 132, a Lei prevê as infrações disciplinares que geram a demissão do servidor
público:
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria
ou de outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

Imagine agora a seguinte situação: Determinado Policial Rodoviário Federal foi flagrado
recebendo 200 reais de propina de um caminhoneiro. Após todo o processo administrativo
disciplinar, tendo sido provado o fato, o servidor foi punido com a pena de demissão. A
autoridade administrativa fundamentou o ato de demissão no art. 132, I e XI, da Lei nº 8.112/90:
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
I - crime contra a administração pública; (...)
XI - corrupção;

O servidor demitido impetrou mandado de segurança alegando que a punição aplicada violou o
princípio da proporcionalidade. Isso porque ele possuía quase 20 anos de serviço, sem notícia de
qualquer infração anterior e a propina recebida foi de apenas 200 reais. Logo, a autoridade
administrativa deveria ter aplicado contra ele apenas uma suspensão. O impetrante invocou o
caput do art. 128 da Lei nº 8.112/90:
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias
agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento
legal e a causa da sanção disciplinar.

A tese do autor pode ser acolhida pela jurisprudência do STJ? NÃO. Se a conduta praticada pelo
servidor se enquadrar em um dos incisos do art. 132 da Lei nº 8.112/90, a autoridade tem o dever
de aplicar a pena de demissão, não havendo discricionaridade (“liberdade”) para que se comine
sanção diversa. Configurada hipótese do art. 132 da Lei 8.112/90, o administrador não tem
qualquer margem de discricionariedade na aplicação da pena, tratando-se de ato plenamente
vinculado. Logo, deverá ser aplicada a pena de demissão, sob risco de responsabilização criminal
e administrativa do superior hierárquico desidioso. Não há que se falar, portanto, em
desproporcionalidade da pena, já que informada pelo princípio da legalidade estrita, não havendo
margem para a dosimetria da sanção pelo administrador. O art. 132 é taxativo quanto à incidência
da pena de demissão, não podendo ser afastada a penalidade por razões de proporcionalidade e
razoabilidade. Assim, o art. 128 da Lei 8.112/90 não serve para afastar a aplicação da demissão
quando a situação se amoldar em um dos incisos do art. 132. O art. 128 somente incide na análise
da aplicação das sanções de advertência ou suspensão. Vale ressaltar que essa posição já era
consolidada na jurisprudência e no âmbito da Administração Pública federal, existindo, inclusive,
parecer normativo da AGU afirmando essa mesma conclusão.

O mesmo entendimento vale para a pena de cassação de aposentadoria: Se o servidor praticou


conduta que se amolda às hipóteses de demissão (art. 132 da Lei nº 8.112/90) e, no curso do
processo administrativo, ele se aposenta, o administrador possui o dever de aplicar a pena de
cassação de aposentadoria, nos termos do art. 127, IV c/c art. 134:
Art. 127. São penalidades disciplinares: (...)
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; (…)

Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver


praticado, na atividade, falta punível com a demissão.

Súmula 649: NÃO INCIDE ICMS sobre o serviço de transporte interestadual de mercadorias
destinadas ao exterior. (MPTO-2022)

OBS: Importante.

ICMS: O ICMS é um imposto estadual previsto no art. 155, II, da CF e na LC 87/96 (conhecida
como Lei Kandir). Veja o que diz o art. 155, II, da CF:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;

Resumidamente, o ICMS pode ter os seguintes fatos geradores:


• Circulação de mercadorias;
• Prestação de serviços de transporte intermunicipal;
• Prestação de serviços de transporte interestadual;
• Prestação de serviços de comunicação.

Isenção tributária em caso de operações e prestações destinadas ao exterior: O art. 3º, II, da LC
87/96 prevê o seguinte caso de isenção do ICMS:
Art. 3º O imposto não incide sobre: (...)
II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos
primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;

Imagine agora a seguinte situação hipotética: Determinada empresa produz soja no interior do
Mato Grosso, sendo essa mercadoria exclusivamente destinada ao exterior. Ocorre que Mato
Grosso não possui limites com o oceano. Logo, é indispensável que a soja seja transportada em
caminhões até o porto de Santarém, no Estado do Pará. Nesse caminho, faz-se necessária a
travessia de um rio. Os caminhões, obviamente, não poderão fazê-lo. É indispensável a
contratação de um barco. Depois de atravessar o rio, a soja é novamente embarcada em caminhões
que a levam até o porto. No porto, a soja é colocada em grandes navios, que a levarão até o país
importador. Verifica-se, portanto, que houve um transporte interestadual envolvendo modais
diferentes.

Considerando que o objetivo final era destinar as mercadorias ao exterior, é possível considerar
que todas essas prestações do serviço de transporte são isentas de ICMS, nos termos do art. 3º, II,
da LC 87/96? SIM. O transporte é um só, e desde o início tinha por objetivo destinar os bens ao
exterior, nos termos do art. 3.º, II, da LC 87/96. A jurisprudência do STJ está consagrada no
sentido de que a isenção tributária de ICMS prevista no art. 3º, II, da LC 87/96, relativa a produtos
destinados ao exterior, contempla toda a cadeia de deslocamento físico da mercadoria, o que
abarca, inclusive, trechos eventualmente fracionados, percorridos dentro do território nacional,
não sendo possível, portanto, a tributação das fases intermediárias do itinerário (STJ. 2ª T. REsp
1793173/RO, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 21/03/19). No mesmo sentido é a lição de Roque
Antonio Carraza: “Também não incide ICMS quando o serviço de transporte internacional é efetuado por
uma ou mais empresas, com transbordo. Explicamo-nos melhor. Não raro, a empresa contratada realiza o
serviço de transporte internacional por etapas. Do local de origem da mercadoria até a divisa com o país
vizinho o transporte é feito com o mesmo veículo. Na fronteira a mercadoria é trasladada para um veículo
apropriado e levada até o local de destino, no exterior. (...) Mesmo assim, a nosso ver, o ICMS não é devido.
Por quê? Simplesmente porque há, na espécie, um único serviço de transporte. Apenas, sua execução se
perfaz em etapas. Portanto, mesmo quando a mercadoria, para alcançar seu destino final no exterior, for
transbordada, ainda que com o concurso de outra empresa, não há, na espécie, incidência de ICMS.”
(CARRAZA, Roque Antonio. ICMS. 12ª ed., São Paulo: Malheiros, p. 158).

Assim, a isenção prevista no art. 3º, II, da LC 87/96 não é exclusiva das operações que diretamente
destinam mercadorias ao exterior. Essa isenção alcança todo o processo de exportação, inclusive as
operações e prestações parciais, como o transporte interestadual (STJ. 1ª T. AREsp 851.938/RS,
Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 16/06/16).

Objetivo da norma: A teleologia do art. 3º, II, da LC 87/96 foi a de fazer com que os produtos
nacionais exportados ficassem mais baratos (por não ter que pagar o imposto) e assim tivessem
maior competitividade no mercado estrangeiro. Essa pretendida competitividade do produto
nacional deixa de existir, ou pelo menos fica menor, se for permitida a incidência do ICMS sobre o
transporte do produto a ser exportado.

Leading case: O leading case que consolidou esse entendimento no STJ foi o seguinte:
(...) 1. O art. 3º, II da LC 87/96 dispôs que não incide ICMS sobre operações e prestações
que destinem ao exterior mercadorias, de modo que está acobertado pela isenção tributária
o transporte interestadual dessas mercadorias.
2. Sob o aspecto teleológico, a finalidade da exoneração tributária é tornar o produto
brasileiro mais competitivo no mercado internacional.
3. Se o transporte pago pelo exportador integra o preço do bem exportado, tributar o
transporte no território nacional equivale a tributar a própria operação de exportação, o
que contraria o espírito da LC 87/96 e da própria Constituição Federal.
4. Interpretação em sentido diverso implicaria em ofensa aos princípios da isonomia e do
pacto federativo, na medida em que se privilegiaria empresas que se situam em cidades
portuárias e trataria de forma desigual os diversos Estados que integram a Federação. (...)
STJ. 1ª Seção. EREsp 710.260/RO, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 27/02/2008.

Cuidado para não confundir com esse outro tema:

Imagine a seguinte situação hipotética: Betanol Ltda. é uma empresa que exporta seus produtos
para diversos países da Europa. Ao efetuar essas operações, a Benatol não paga ICMS,
aproveitando-se da imunidade prevista no art. 155, § 2º, X, “a”, da CF:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior; (...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados
a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do
imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

A Adegráfica Ltda vende para a Betanol as embalagens utilizadas para armazenar os produtos
que são exportados.

A Adegráfica também terá direito a essa mesma imunidade tributária? NÃO. Deve incidir o ICMS
também na produção das embalagens e demais insumos utilizados na produção de mercadoria
destinada à exportação, aplicando-se a imunidade tão somente à operação de exportação
propriamente dita, resguardando-se à empresa exportadora o aproveitamento do ICMS das
operações anteriores. A questão é resolvida pela simples leitura do dispositivo constitucional. Ao
estabelecer a imunidade das operações de exportação, o art. 155, § 2º, X, da Constituição ocupa-se,
a contrario sensu, das operações internas, pressupondo a incidência do imposto e estabelecendo o
modo pelo qual o ônus tributário é compensado: mediante a manutenção e o aproveitamento dos
créditos respectivos. Caso houvesse imunidade para as operações internas, de modo que não fosse
cobrado o ICMS em nenhuma das etapas anteriores à exportação, seria inútil e despropositada a
regra de manutenção e aproveitamento de créditos. A expressão “operações que destinem
mercadorias para o exterior”, utilizada na regra constitucional, não abrange toda a cadeia de
produção da mercadoria ao final comercializada para o exterior, não englobando, assim, a compra
ou a venda de componentes e matérias-primas utilizados no produto final levado à exportação. O
texto constitucional é claro ao pressupor a incidência do ICMS sobre as operações de circulação
interna de mercadorias, assegurando a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações anteriores.
A imunidade a que se refere o art. 155, § 2º, X, a, da CF não alcança operações ou prestações
anteriores à operação de exportação. STF. Plenário. RE 754917, Rel. Dias Toffoli, j. 05/08/20
(Repercussão Geral – Tema 475) (Info 994).

Súmula 648: A superveniência da sentença condenatória PREJUDICA o pedido de trancamento da


ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus. (MPDFT-2021) (DPEBA-2021) (MPMS-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: O MP ajuizou ação penal contra João acusando-o da
prática de determinado crime. O juiz recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para
responder a acusação. João apresentou resposta escrita alegando que não havia justa causa e que,
portanto, ele deveria ser absolvido sumariamente. O magistrado, contudo, rejeitou o pedido de
absolvição sumária e determinou o início da instrução penal.

João ainda continuava inconformado. Existe algum recurso que ele possa interpor? Cabe algum
recurso contra a decisão do juiz que rejeita o pedido de absolvição sumária? NÃO. Não existe
recurso cabível na legislação para esse caso. Diante disso, a jurisprudência admite a impetração de
habeas corpus sob o argumento de que existe risco à liberdade de locomoção. Desse modo, em
nosso exemplo, a defesa de João impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo o
trancamento da ação penal por falta de justa causa. O Desembargador negou o pedido de liminar
e designou o dia 15/08 para o julgamento do habeas corpus pela Câmara Criminal do TJ. Ocorre
que, antes disso, no dia 08/08, o juiz proferiu sentença condenando o réu.

Diante desse cenário, o que acontece com o julgamento do habeas corpus? O Tribunal de Justiça
irá apreciar o mérito do habeas corpus? NÃO. A superveniência de sentença condenatória torna
prejudicado o pedido feito no habeas corpus no se buscava o trancamento da ação penal sob a
alegação de falta de justa causa. A sentença condenatória analisa a existência de justa causa de
forma mais aprofundada, após a instrução penal com contraditório e ampla defesa. Logo, não faz
mais sentido o Tribunal examinar a decisão de rejeição da absolvição sumária se já há uma nova
decisão mais aprofundada. Será essa nova manifestação (sentença) que precisará ser analisada.
Logo, o réu terá que interpor apelação contra a sentença condenatória, recurso de cognição ampla
por meio do qual toda a matéria será devolvida ao Tribunal, que terá a possibilidade de examinar
de se a condenação foi acertada, ou não.
Não é cabível examinar a inépcia da inicial acusatória, bem como a justa causa para ação
penal, após a prolação de sentença condenatória, porquanto todos os elementos da exordial
acusatória, bem como da conduta criminosa, foram amplamente debatidos pelas instâncias
ordinárias, em cognição vertical e exauriente. STJ. 5ª T. AgRg no HC 463.788/SP, Rel. Min.
Felix Fischer, j. 13/11/18.

O pedido de trancamento do processo por inépcia da denúncia ou por ausência de justa


causa para a persecução penal não é cabível quando já há sentença, pois seria incoerente
analisar a mera higidez formal da acusação ou os indícios da materialidade delitiva se a
própria pretensão condenatória já houver sido acolhida, depois de uma análise vertical do
acervo fático e probatório dos autos. STJ. 6ª T. RHC 32.524/PR, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, j. 4/10/16.

E se a sentença tivesse sido absolutória? Se o juiz tivesse absolvido João, o HC também ficaria
prejudicado? SIM. Com maior razão, o habeas corpus estaria prejudicado, mas agora por outro
motivo: falta de interesse processual já que a providência buscada pela defesa foi alcançada em 1ª
instância. Nesse sentido:
A superveniência de sentença absolutória, na linha da orientação firmada nesta Corte, torna
prejudicado o pedido que buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de
justa causa. STJ. 6ª T. AgInt no RHC 31.478/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, j.
26/03/19.

Essa foi a explicação da súmula. Vejamos agora três situações correlatadas envolvendo habeas
corpus.

Situação 1:
O juiz, a requerimento do MP, decretou a prisão preventiva de Pedro. A defesa impetrou habeas
corpus no Tribunal de Justiça alegando que não estavam presentes os pressupostos da prisão
preventiva. Logo, o advogado pediu, no habeas corpus, a revogação da prisão preventiva. Esse foi
o pedido do writ. Antes que o habeas corpus fosse julgado, o juiz prolatou sentença condenando
Pedro pelo crime e, na oportunidade, manteve a prisão cautelar, negando o direito do réu de
recorrer em liberdade.

Indaga-se: o habeas corpus fica prejudicado? Depende:


 se, na sentença, o juiz, para manter a prisão preventiva, se valeu dos mesmos fundamentos
que havia utilizado na decisão anterior: o habeas corpus NÃO fica prejudicado. O Tribunal
terá que apreciar.
 se, na sentença, o juiz, para manter a prisão preventiva, se valeu de outros fundamentos
diferentes do que já havia utilizado na decisão anterior: o habeas corpus fica prejudicado.
Isso porque ainda que o Tribunal entendesse que os argumentos utilizados na decisão não
foram corretos, o magistrado já mencionou outros fundamentos para a prisão, devendo
esses novos argumentos serem também impugnados. Ex: na decisão que decretou a prisão
preventiva, o juiz afirmou que o réu estaria ameaçando as testemunhas (prisão decretada
por conveniência da instrução processual). Na sentença, o magistrado manteve a prisão
preventiva sob a alegação de que existiria risco concreto de o réu fugir caso ele fosse solto
(prisão para assegurar a aplicação da lei penal).

A sentença penal condenatória superveniente que não permite ao réu recorrer em liberdade,
somente prejudica o exame do recurso em habeas corpus quando contiver fundamentos diversos
daqueles utilizados na decisão que decretou a prisão preventiva, o que não ocorreu no caso dos
autos. STJ. 5ª T. RHC 105.673/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 13/08/19.

Situação 2: habeas corpus e concessão de suspensão condicional do processo


Imagine a seguinte situação hipotética: João foi denunciado pela prática do crime de descaminho
(art. 334, caput, do CP). O juiz recebeu a denúncia e designou audiência. A defesa de Pedro
impetrou habeas corpus no TRF pedindo o trancamento da ação penal por ausência de justa causa.
O habeas corpus ficou no TRF aguardando ser julgado. Antes que o writ fosse apreciado, chegou o
dia da audiência. Como a pena mínima deste delito é igual a 1 ano, o MP ofereceu proposta de
suspensão condicional do processo. João, acompanhado de seu advogado, aceitou a proposta pelo
período de prova de 2 anos.

Diante disso, indaga-se: com a suspensão condicional do processo, o habeas corpus que estava
pendente fica prejudicado ou o TRF deverá julgá-lo mesmo assim? O Tribunal deverá julgar o
habeas corpus. É a posição tranquila da jurisprudência:
O fato de o denunciado ter aceitado a proposta de suspensão condicional do processo
formulada pelo Ministério Público (art. 89 da Lei nº 9.099/95) não constitui empecilho para
que seja proposto e julgado habeas corpus em seu favor, no qual se pede o trancamento da
ação penal. Isso porque o réu que está cumprindo suspensão condicional do processo fica
em liberdade, mas ao mesmo tempo terá que cumprir determinadas condições impostas
pela lei e pelo juiz e, se desrespeitá-las, o curso do processo penal retomará. Logo, ele tem
legitimidade e interesse de ver o HC ser julgado para extinguir de vez o processo. STJ. 5ª T.
RHC 41527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 3/3/15 (Info 557).

Situação 3: habeas corpus e transação penal


Imagine agora a seguinte situação hipotética: Pedro foi denunciado pela prática de lesões
corporais dolosas. O juiz recebeu a denúncia. A defesa de Pedro impetrou habeas corpus no
Tribunal de Justiça pedindo o trancamento da ação penal por ausência de justa causa. O habeas
corpus ficou lá no TJ aguardando ser julgado. Enquanto isso, foi designada audiência. No curso da
audiência, o Ministério Público, melhor analisando os fatos, entendeu que houve lesões corporais
culposas, infração de menor potencial ofensivo, prevista no art. 129, § 6º do Código Penal. Assim,
na própria audiência, o Promotor de Justiça pediu a desclassificação para lesões corporais
culposas, pleito que foi acolhido pelo juiz. Em seguida, o Promotor ofereceu proposta de transação
penal, que foi aceita por João. O juiz homologou o acordo de transação penal e tornou sem efeito a
decisão de recebimento da denúncia. A decisão que recebeu a denúncia foi anulada pelo juiz
considerando que o benefício da transação penal ocorre antes do início da ação penal.

Como você lembra, havia um habeas corpus tramitando no TJ e que ainda não havia sido julgado.
Diante disso, indaga-se: com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava
pendente fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim?
 STJ: SIM. Fica prejudicado.
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que
se busca o trancamento da ação penal. STJ. 6ª T. HC 495148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657).
 STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus.
A realização de acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus
anteriormente impetrado. A aceitação do acordo de transação penal não impede o exame
de habeas corpus para questionar a legitimidade da persecução penal. Embora o sistema
negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a
barganha no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do
acusado. Assim, o controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos
fundamentais do imputado e para evitar possíveis abusos que comprometam a decisão
voluntária de aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei que imponha a
desistência de recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de
acesso à Justiça. STF. 2ª T. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 17/12/19 (Info 964).

Ainda em 2021, poucos meses depois do enunciado ser aprovado, o STJ proferiu a seguinte decisão
que pode ser encarada como se fosse uma exceção à Súmula 648:
Se o habeas corpus discutia a quebra na cadeia de custódia da prova da materialidade, o
que teria ocorrido no momento do flagrante, a superveniência da sentença condenatória
não faz com que esse habeas corpus perca o objeto. A superveniência de sentença
condenatória não tem o condão de prejudicar habeas corpus que analisa tese defensiva de
que teria havido quebra da cadeia de custódia da prova, ocorrida ainda na fase inquisitorial
e empregada como justa causa para a própria ação penal. STJ. 6ª T. HC 653.515-RJ, Rel. Min.
Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 23/11/21 (Info 720).

(DPEBA-2021-FCC): Sobre recursos, habeas corpus e revisão criminal, de acordo com a


jurisprudência do STJ: a superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de
trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus. BL: S. 648, STJ.

Súmula 647: São IMPRESCRITÍVEIS as ações indenizatórias por danos morais e materiais
decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos
durante o regime militar. (MPSC-2021) (PCPR-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/RR-2021) (MPPE-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João foi vítima de intensa perseguição política praticada
pelo governo federal durante a época do regime militar instalado no Brasil em 1964. Ele sofreu
prejuízos econômicos em razão dessas perseguições, além de ter sido torturado. Esses fatos
ocorreram em 1969. Em 2001, João ajuizou ação de indenização contra a União pedindo a
reparação pelos danos morais e materiais que sofreu durante o período. A União alegou que a
pretensão estaria prescrita, considerando que as ações contra o Poder Público devem ser propostas
dentro do prazo de 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/1932.

A pretensão encontra-se prescrita? NÃO. As ações de indenização por danos morais e materiais
decorrentes de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, ocorridas durante o regime
militar, são imprescritíveis. Para esses casos, não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto
no art. 1º do Decreto 20.910/1932. Tais demandas são imprescritíveis porque se referem a um
período em que a ordem jurídica foi desconsiderada, com legislação de exceção, tendo havido
incontáveis abusos e violações dos direitos fundamentais, especialmente do direito à dignidade da
pessoa humana (STJ. 1ª Turma. AgRg no Ag 1391062/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j.
09/08/11). Nessa época, as vítimas não tinham a plena liberdade para exercer suas pretensões,
razão pela qual não há que se falar em prescrição:
O prazo quinquenal previsto no Decreto n. 20.910/1932 é inaplicável às ações que
objetivam reparação por danos morais ocasionados por torturas sofridas durante o período
do regime militar, demandas que são imprescritíveis, tendo em vista as dificuldades
enfrentadas pelas vítimas para deduzir suas pretensões em juízo.
STJ. 1ª T. AgInt no REsp 1569337/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 03/05/2018.

Conforme argumenta a Min. Regina Helena Costa, a Constituição Federal não prevê prazo
prescricional para o exercício do direito de agir quando se trata de defender o direito inalienável à
dignidade humana, sobretudo quando violados durante o período do regime de exceção (REsp
1.565.166-PR).
É certo que a prescrição é a regra no ordenamento jurídico. Assim, em regra, para uma pretensão
ser considerada imprescritível deverá haver um comando expresso no texto constitucional, como é
o caso do art. 37, § 5º da CF.

O STJ, no entanto, excepcionalmente, afirma que, mesmo sem uma previsão expressa, é possível
considerar que as pretensões que buscam reparações decorrentes do regime militar de exceção são
imprescritíveis, considerando que envolvem a concretização da dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido:
(...) 1. A dignidade da pessoa humana, valor erigido como um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil, experimenta os mais expressivos atentados quando
engendradas a tortura e a morte, máxime por delito de opinião. (...)
4. À luz das cláusulas pétreas constitucionais, é juridicamente sustentável assentar que a
proteção da dignidade da pessoa humana perdura enquanto subsiste a República
Federativa, posto seu fundamento.
5. Consectariamente, não há falar em prescrição da ação que visa implementar um dos
pilares da República, máxime porque a Constituição não estipulou lapso prescricional ao
direito de agir, correspondente ao direito inalienável à dignidade. (...)
12. A exigibilidade a qualquer tempo dos consectários às violações dos direitos humanos
decorre do princípio de que o reconhecimento da dignidade humana é o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz, razão por que a Declaração Universal inaugura seu
regramento superior estabelecendo no art. 1º que "todos os homens nascem livres e iguais
em dignidade e direitos".
13. A Constituição federal funda-se na premissa de que a dignidade da pessoa humana é
inarredável de qualquer sistema de direito que afirme a existência, no seu corpo de normas,
dos denominados direitos fundamentais e os efetive em nome da promessa da
inafastabilidade da jurisdição, marcando a relação umbilical entre os direitos humanos e o
direito processual. (...)
STJ. 1ª Turma. REsp 1165986/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 16/11/2010.

Súmula 646: É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de incidência da contribuição ao
FGTS, visto que apenas as verbas elencadas em lei (artigo 28, parágrafo 9º, da Lei 8.212/1991), em rol
taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo, por força do disposto no artigo 15, parágrafo 6º, da
Lei 8.036/1990.

OBS: Importante.

FGTS: FGTS é a sigla para Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O FGTS foi criado pela Lei
n.º 5.107/66 com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa causa. Atualmente, o
FGTS é regido pela Lei n.º 8.036/90.

Em que consiste o FGTS? Consiste em um depósito bancário vinculado, pecuniário, compulsório,


realizado pelo empregador em favor do trabalhador, visando formar uma espécie de poupança
para este, que poderá ser sacado nas hipóteses legalmente previstas. O FGTS nada mais é do que
uma conta bancária, aberta em nome do trabalhador e vinculada a ele no momento em que celebra
seu primeiro contrato de trabalho. Nessa conta bancária, o empregador deposita, todos os meses, o
valor equivalente a 8% da remuneração paga ao empregado. Assim, vai sendo formado um fundo
de reserva financeira para o trabalhador, ou seja, uma espécie de “poupança”, que é utilizada pelo
obreiro quando fica desempregado sem justa causa ou quando precisa para alguma finalidade
relevante assim considerada pela lei. Se o empregado for demitido sem justa causa, o empregador
é obrigado a depositar, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, uma indenização
compensatória de 40% do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a
vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros
(art. 18, § 1º da Lei n.º 8.036/90). O trabalhador que possui conta do FGTS vinculada a seu nome é
chamado de trabalhador participante do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

Previsão legal dos depósitos de FGTS pelo empregador: A previsão de que os empregadores
devem depositar, mensalmente, 8% na conta vinculada do FGTS encontra-se no art. 15 da Lei nº
8.036/90:
Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a
depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância
correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da
CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as
modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.

Qual é a natureza jurídica dessa exigência do art. 15 da Lei nº 8.036/90? Trata-se de tributo?
NÃO. Conforme explica Leandro Paulsen: “A natureza dos recolhimentos a título de FGTS, em contas
vinculadas em nome dos empregados, não é tributária. Trata-se de um ônus de cunho trabalhista. Note-se
que tributo, por essência, pressupõe a inversão de recursos ao Estado ou a outros entes que exerçam serviços
públicos, e não a particulares no seu interesse pessoal, como é o caso do FGTS.” (Constituição e Código
Tributário comentados à luz da doutrina e da jurisprudência. 18ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017, p.
359).

A jurisprudência também segue o mesmo caminho:


Súmula 353-STJ: As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às
contribuições para o FGTS.

Obs: vale ressaltar que existia uma contribuição para o FGTS que possuía natureza tributária. Era
aquela prevista no art. 1º da LC 11/2001, mas que não interessa no momento.

Critério para fins de incidência da contribuição ao FGTS: Antes de tratarmos da contribuição para
o FGTS, devemos lembrar que, para que incida contribuição previdenciária sobre os valores
pagos aos empregados, é necessário que a verba paga tenha duas características cumulativas:
a) precisa ter natureza remuneratória/trabalhista (não pode ser indenizatória, p. ex.); e
b) deve ter um caráter de habitualidade.

Assim, o empregador só paga contribuição previdenciária se a verba tiver esses dois requisitos
acima expostos. A contribuição ao FGTS prevista no art. 15 da Lei nº 8.036/90 não é uma
contribuição previdenciária. Apesar disso, algumas empresas tentaram utilizar para o FGTS esses
dois requisitos acima expostos e que são das contribuições previdenciárias. Assim, as empresas
ingressaram com ações judiciais pedindo para que as verbas pagas ao empregado e que tivessem
caráter indenizatório fossem excluídas da base de cálculo da contribuição do art. 15 da Lei nº
8.036/90. As autoras pediram que o terço constitucional de férias, o aviso prévio indenizado, os
valores pagos nos 15 dias que antecedem o auxílio-doença, as férias gozadas, o salário-
maternidade entre outras parcelas não fossem incluídos na base de cálculo da contribuição do art.
15 da Lei nº 8.036/90. O argumento invocado foi o de que tais verbas são meramente
indenizatórias e, portanto, não têm natureza trabalhista/remuneratória. Logo, sobre elas não
poderia incidir a contribuição ao FGTS.

O argumento das empresas foi acolhido pelo STJ? O critério para saber se incide ou não FGTS é
definir se a verba é salarial? Podemos utilizar para o FGTS o mesmo raciocínio que aplicamos
para a incidência da contribuição previdenciária? NÃO. O critério não é esse. O parâmetro é o da
lei. Esses 8% incidem sobre tudo o que é pago ao trabalhador, salvo aquilo que a lei expressamente
excluir. É irrelevante, portanto, discutir se a natureza da verba trabalhista é remuneratória ou
indenizatória/compensatória para fins de incidência da contribuição ao FGTS. Somente em
relação às verbas expressamente excluídas pela lei é que não haverá a incidência do FGTS.

E quais são essas verbas expressamente excluídas pela lei? As únicas verbas que podem ser
excluídas da contribuição do art. 15 da Lei nº 8.036/90 são aquelas previstas taxativamente no § 9º
do art. 28 da Lei nº 8.212/91. Nesse § 9º são listadas as verbas que estão fora da base de cálculo da
contribuição ao FGTS. Exs: vale-transporte, licença-prêmio indenizada, diárias para viagem etc.

Obs1: essa lista do § 9º do art. 28 é taxativa (exaustiva).

Obs2: não é necessário que você memorize o rol porque ele é muito extenso.

Onde está previsto que as verbas do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 devem ser excluídas da base
de cálculo da contribuição ao FGTS? Essa exclusão é determinada pelo § 6º do art. 15 da Lei nº
8.036/90:
Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar,
até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a
8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador,
incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a
gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as
modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965. (...)
§ 6º Não se incluem na remuneração, para os fins desta Lei, as parcelas elencadas no § 9º do
art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.

Assim, sendo repetitivo: só podem ser excluídas da base de cálculo da contribuição ao FGTS as
verbas previstas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91. Se a verba não está nesse rol, não pode ser
excluída da base de cálculo da contribuição. Para fins de incidência da contribuição ao FGTS (art.
15 da Lei nº 8.036/90), é irrelevante discutir se a verba é trabalhista ou indenizatória. Isso porque
esse não foi o critério adotado pela lei. Nesse sentido:
(...) 3. O FGTS não tem natureza de imposto nem se iguala a contribuição previdenciária,
em virtude da sua natureza e destinação, pois trata-se de um direito de índole social e
trabalhista. Precedentes do STJ e STF.
4. Não se trata de imposto nem de contribuição previdenciária, indevida sua equiparação
com a sistemática utilizada para a contribuição previdenciária e o imposto de renda, de
modo que é irrelevante a natureza da verba trabalhista (remuneratória ou
indenizatória/compensatória) para fins de incidência do FGTS. (...)
6. Consoante dispõe o § 6º do art. 15 da Lei n. 8.036/90, apenas não se inserem no conceito
de remuneração para fins de incidência do FGTS as parcelas previstas no § 9º do art. 28 da
Lei n. 8.212/91.
Ou seja, apenas as verbas expressamente elencadas em lei podem ser excluídas do alcance
do referido fundo, hipótese que não inclui o terço constitucional de férias, o salário-
maternidade, as horas extras e o aviso prévio indenizado no campo da não incidência. (...)
STJ. 2ª Turma. REsp 1512536/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 14/04/2015.

Saber se a verba tem natureza trabalhista ou indenizatória é importante para fins de incidência de
contribuição previdenciária, no entanto, não o é para a contribuição ao FGTS:
(...) 3. De acordo com o disposto no art. 15, caput e § 6º, da Lei 8.036/1990, apenas as
parcelas taxativamente arroladas no art. 28, § 9º, da Lei 8.212/1991, estão excluídas da base
de cálculo da contribuição para o FGTS. O legislador não excluiu da base de cálculo as
parcelas relativas aos valores pagos a título de férias gozadas, terço constitucional de férias,
aviso-prévio indenizado, quinze primeiros dias de auxílio-doença/acidente, salário-
maternidade, adicional de horas extras, adicional de insalubridade, adicional de
periculosidade, adicional noturno.
Impõe-se, portanto, reconhecer a validade da incidência da contribuição em comento sobre
essas verbas.
4. Acerca da contribuição para o FGTS, o STJ adota o entendimento segundo o qual descabe
sua equiparação à sistemática utilizada para efeito de incidência das contribuições
previdenciárias e do Imposto sobre a Renda, porquanto irrelevante a natureza da verba
trabalhista, se remuneratória ou indenizatória. (...)
STJ. 2ª Turma. AREsp 1651109/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020.

Ainda sobre o tema:


Súmula 593-STF: Incide o percentual do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS)
sobre a parcela da remuneração correspondente a horas extraordinárias de trabalho.
Súmula 63-TST: A contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço incide
sobre a remuneração mensal devida ao empregado, inclusive horas extras e adicionais
eventuais.

Súmula 645: O crime de fraude à licitação é formal, e sua consumação prescinde da comprovação
do prejuízo ou da obtenção de vantagem. (PCRN-2021) (TJPE-2022)

Súmula 644: O núcleo de prática jurídica deve apresentar o instrumento de mandato quando
constituído pelo réu hipossuficiente, salvo nas hipóteses em que é nomeado pelo juízo . (DPERJ-
2021)

Súmula 643: A execução da pena restritiva de direitos DEPENDE do trânsito em julgado da


condenação. (TJGO-2021) (DPEGO-2021) (PCMS-2021) (DPESE-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro foi condenado em 1ª instância a 3 anos de detenção
em regime aberto. A pena privativa de liberdade foi convertida (substituída) em duas penas
restritivas de direitos (prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária), nos termos do
art. 44 do CP. O réu interpôs apelação, mas o Tribunal de Justiça manteve a condenação. Contra
esse acórdão, Pedro interpôs recurso extraordinário.

É possível executar provisoriamente a condenação enquanto se aguarda o julgamento do recurso


extraordinário? É possível que o réu condenado em 2ª instância seja obrigado a iniciar o
cumprimento da pena restritiva de direitos mesmo sem ter havido ainda o trânsito em julgado?
NÃO. Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da
condenação.
O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. É
proibida a chamada execução provisória da pena. STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF,
ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 07/11/19.

O entendimento manifestado pelo STF na ADC 43/DF, acima mencionada, vale tanto para penas
privativas de liberdade como penas restritivas de direito. Isso porque a execução provisória da
pena é incompatível com o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF:
Art. 5º (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

Mesmo antes de o STF resolver o tema no julgamento da ADC 43/DF, a 3ª Seção do STJ já tinha
posição pacificado no sentido de que não é possível execução provisória de penas restritivas de
direitos.

Vale ressaltar, inclusive, que existe expressa previsão na Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84)
exigindo o prévio trânsito em julgado para a execução da pena restritiva de direitos. Confira:
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz
da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução,
podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou
solicitá-la a particulares.

O entendimento sumulado do STJ também é o mesmo adotado pelo STF:


(...) I – O art. 147 da Lei de Execuções Penais determina que a pena restritiva de direitos será
aplicada somente após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. II – O
Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou procedente as Ações Diretas de
Constitucionalidade 43/DF e 44/DF, ambas de relatoria do Ministro Marco Aurélio, para
assentar a constitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal. (...) STF. 2ª T. ARE
1235057 AgR, Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/03/2020.

Súmula 642: O direito à indenização por danos morais TRANSMITE com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir na ação
indenizatória. (MPAP-2021) (MPMG-2021) (DPEBA-2021) (PGERS-2021) (TCDF-2021) (TJPE-2022)
(Cartórios/TJSP-2022) (PGERO-2022) (PCPB-2022) (PGM-Recife/PE-2022) (PGERR-2023)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação: Francisco foi diagnosticado com tumor cerebral maligno. O plano de
saúde recusou-se a custear o tratamento, mesmo estando coberto pelo contrato. Diante disso,
Francisco ajuizou ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais. O juiz
concedeu a tutela provisória de urgência determinando que o plano de saúde custeasse a cirurgia.
Logo após o procedimento, Francisco veio a falecer. Os herdeiros de Francisco pediram para
serem admitidos no processo como sucessores do falecido. O plano de saúde se insurgiu contra
isso afirmando que os danos morais se constituem em direitos da personalidade e, portanto, não
podem ser transmitidos.

Os herdeiros poderão ser admitidos e prosseguir com a ação indenizatória? SIM. É justamente o
que prevê a súmula. O fundamento para essa conclusão é o art. 943 do Código Civil:
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a
herança.

Enunciado 454-CJF: Art. 943. O direito de exigir reparação a que se refere o art. 943 do
Código Civil abrange inclusive os danos morais, ainda que a ação não tenha sido iniciada
pela vítima.

Embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à
respectiva indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito. Logo, os herdeiros
possuem legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em
virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. Caso a ação já tenha sido ajuizada pela vítima
em vida, os herdeiros detêm a legitimidade para prosseguir com ela figurando no polo ativo.

Vale ressaltar, mais uma vez, que não é o direito de personalidade da pessoa morta que é
transmitido com a herança. O direito da personalidade extingue-se com a morte do titular. O que
se transmite, nesse caso, é apenas o direito patrimonial de requerer a indenização.

O direito à indenização por danos morais é transmissível aos sucessores do falecido por ter caráter
patrimonial.

Aprofundando: a súmula falou em herdeiros. O espólio possui legitimidade nesses casos? Vamos
entender com calma.
· Herança: é o conjunto de bens deixado pela pessoa falecida. Caracteriza-se, por força de
lei, como sendo bem imóvel, universal e indivisível.
· Espólio: é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dele. O
espólio não tem personalidade jurídica. Mesmo assim, o espólio tem capacidade para
praticar certos atos jurídicos (ex: celebrar contratos, no interesse da herança) e tem
legitimidade processual (pode estar no polo ativo ou passivo da relação processual). O
espólio - universalidade de bens deixada pelo de cujus - assume, por expressa
determinação legal, a legitimidade ad causam para demandar e ser demandado em todas as
ações em que o de cujus integraria o polo ativo ou passivo se vivo fosse.

Quem representa o espólio em juízo (quem age em nome do espólio)?


• Se já houve inventário: o espólio é representado em juízo pelo inventariante.

• Se ainda não foi aberto inventário: o espólio é representado pelo administrador


provisório (art. 613 do CPC).

A doutrina ensina que, enquanto não há partilha, é do espólio a legitimidade ativa ad causam para
pleitear bem jurídico pertencente ao de cujus. Transitada em julgado a sentença que homologa a
partilha, cessa o condomínio hereditário e os sucessores passam a exercer, exclusiva e plenamente,
a propriedade dos bens e direitos que compõem o seu quinhão. Com a sentença que homologa a
partilha, não há mais que se falar em espólio, sequer em representação em juízo pelo
inventariante, de tal forma que a ação deve ser proposta ou continuada por aqueles que
participaram da partilha, na condição de herdeiros.

O STJ, em todos os julgados que embasaram a edição da súmula, afirmou que o direito à
indenização por danos morais “transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o
espólio ou os herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos
morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus” (STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp
1446353/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/09/2019).

Nesse sentido, veja alguns exemplos:


A posição atual e dominante que vigora nesta c. Corte é no sentido de embora a violação
moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva
indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o espólio ou os
herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais,
em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp
978651 SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/12/2010.

Embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à
respectiva indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o
espólio e os herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por
danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. STJ. 3ª Turma. REsp
1040529/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/06/2011.

O espólio e os herdeiros possuem legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação


indenizatória por danos morais em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. STJ. 4ª
Turma. AgInt no AREsp 1567104/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 29/06/2020.

Essa é a redação também de uma das teses do STJ:


Jurisprudência em Teses do STJ (Ed. 125)
Tese 5: Embora a violação moral atinja apenas os direitos subjetivos do falecido, o espólio e
os herdeiros têm legitimidade ativa ad causam para pleitear a reparação dos danos morais
suportados pelo de cujus.

O STJ, contudo, sem que o tema tenha sido debatido com profundidade em algum precedente
posterior aos julgados acima transcritos, decidiu excluir da redação da súmula a legitimidade do
“espólio”, deixando apenas a dos “herdeiros”.

Diante disso, a solução mais “segura”, por enquanto, é considerar tão somente os herdeiros como
legitimados. No entanto, será necessário aguardar os novos julgados a serem proferidos após o
enunciado para podermos ter certeza se o objetivo do STJ, ao mencionar apenas os herdeiros, foi
realmente o de negar a possibilidade do espólio continuar ou ajuizar a ação.

(PGERR-2023-CESPE): Com base na jurisprudência majoritária e atual do STJ, julgue o próximo


item: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular. BL: S.
642, STJ.

Súmula 641: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar PRESCINDE da


exposição detalhada dos fatos a serem apurados . (PGEAL-2021) (PCPR-2021) (TJMG-2022) (MPPE-2022)
(PCPB-2022)

OBS: Importante.

Processo administrativo disciplinar (PAD): O processo administrativo disciplinar dos servidores


públicos federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.

Fases do PAD: Segundo o art. 151 da Lei nº 8.112/90, o processo disciplinar possui três fases:
FASES DO PAD
1) INSTAURAÇÃO 2) INQUÉRITO 3) JULGAMENTO
ADMINISTRATIVO
Ocorre com a publicação de Nesta etapa ocorrerá: A autoridade julgadora, no
um ato (portaria) indicando • a instrução (oitiva de prazo de 20 dias após receber o
os membros da comissão testemunhas, perícias etc.); processo (com o relatório), irá
processante. • o indiciamento; proferir a sua decisão.
• a apresentação de defesa e
• a elaboração de um relatório
pela comissão processante.
Obs: na portaria de Obs: relatório é o documento no Obs: o PAD se encerra com o
instauração do processo qual a comissão expõe as suas julgamento do feito pela
administrativo disciplinar conclusões sobre as provas autoridade competente, que
não precisa constar a a produzidas e a defesa poderá absolver ou condenar o
exposição detalhada dos apresentada pelo acusado. servidor.
fatos a serem apurados. O relatório deve ser motivado e A autoridade poderá acolher ou
conclusivo, ou seja, precisa não as conclusões expostas no
apontar se a comissão relatório da comissão.
recomenda a absolvição do • Se decidir acolher: não
servidor ou a sua condenação, precisará motivar essa decisão,
sugerindo a punição aplicável. podendo encampar a
Esse relatório será encaminhado fundamentação exposta no
à autoridade competente para o relatório.
julgamento, segundo a estrutura • Se decidir não acolher: nesse
hierárquica do órgão. caso, é indispensável a
motivação, demonstrando que o
relatório contraria as provas dos
autos.

Veja a redação literal do art. 151 da Lei nº 8.112/90:


Art. 151.  O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;
III - julgamento.

Instauração. Como é instaurado o processo administrativo disciplinar? O PAD é instaurado por


meio de uma portaria. Nesta portaria constarão os nomes de três servidores estáveis que irão
formar a comissão que conduzirá os trabalhos do processo disciplinar. Veja o que diz a doutrina
sobre o conteúdo da portaria:
“O ato publicado deve indicar os membros da comissão, e já então seu presidente. Esse ato
deverá também indicar sucintamente dados essenciais ao processo, como o seu número,
eventualmente o servidor envolvido, a acusação que se lhe faz e o seu enquadramento
legal, o nome da repartição, a data e a assinatura da autoridade responsável .” (RIGOLIN,
Ivan Barbosa. Comentários ao Regime Único dos Servidores Públicos Civis. 7ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 379)1. Nada obstante, embora seja necessária a indicação da acusação, a
configurar justamente os motivos da abertura do PAD, a portaria de instauração não
precisa descrever detalhadamente os fatos imputados, que somente serão efetivamente
conhecidos após a instrução probatória e exigidos quando da etapa do indiciamento.

Na portaria de instauração do PAD, é necessário que seja feita uma exposição detalhada dos
fatos que serão apurados? NÃO.
Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar
prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
18/02/2020, DJe 19/02/2020.

Por quê? O objetivo principal da portaria de instauração, prevista no art. 151, I, da Lei) é dar
publicidade à constituição da comissão processante, ou seja, informar quem serão os servidores
responsáveis pela instrução do feito. Somente após a instrução probatória é que a Comissão
Processante terá condições de fazer um relato circunstanciado das condutas supostamente
praticadas pelo servidor indiciado, capitulando as infrações porventura cometidas. Desse modo, a
descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando o servidor for indiciado (etapa de
indiciamento), não sendo imprescindível que conste da portaria de instauração.
Jurisprudência em Teses do STJ (ed. 05)
Tese 3: A portaria de instauração do processo disciplinar prescinde de minuciosa descrição
dos fatos imputados, sendo certo que a exposição pormenorizada dos acontecimentos se
mostra necessária somente quando do indiciamento do servidor.

++ (Juiz TJDFT 2016 CESPE) A portaria de instauração de processo


administrativo disciplinar dispensa a descrição minuciosa da imputação
contra o servidor público, exigida na fase de indiciamento. (CERTO)

E quando ocorre esse “indiciamento”? Após a instrução, ou seja, depois da produção das provas.
Depois de terem sido produzidas as provas, a comissão processante irá tipificar a infração
disciplinar, ou seja, especificar os fatos imputados ao servidor e as respectivas provas. É nesse
momento, portanto, que será feita a descrição minuciosa dos fatos (e não na portaria de
instauração).
Depois desse indiciamento, será dada oportunidade de o servidor apresentar sua defesa. Veja o
que diz o art. 161 da Lei nº 8.112/90:
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a
especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para
apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo
na repartição.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte) dias.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas
indispensáveis.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para
defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez
a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.

1
#Atenção: Tema cobrado na prova do TJMG-2022 (FGV).
Súmula 640: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários
para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de venda de mercadorias de
origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo, industrialização ou reexportação
para o estrangeiro.

OBS:

Zona Franca de Manaus (ZFM): A Amazônia é uma região de enorme relevância para o Brasil e o
mundo em razão de sua biodiversidade. Em razão disso, existe uma grande pressão interna e até
estrangeira para que essa área seja preservada. O Governo Federal chegou à conclusão de que
precisava tomar medidas para evitar que a Floresta Amazônica fosse devastada. No entanto, ao
mesmo tempo, seria necessário garantir que a população que vive na região tivesse uma
alternativa econômica, ou seja, pudesse trabalhar e ter renda sem precisar desmatar. Diante desse
cenário, decidiu-se que seria interessante criar um polo industrial em Manaus, capital do
Amazonas, a fim de permitir que as pessoas tivessem emprego e não precisassem explorar, de
forma desordenada, os recursos naturais existentes principalmente no interior no Estado. Ocorre
que Manaus é distante dos grandes centros consumidores do Brasil (exs: SP, RJ, MG), de sorte que
não havia motivos econômicos que justificassem uma indústria decidir se instalar no Amazonas.
Para o setor industrial, seria muito mais vantajoso se manter nos Estados do centro-sul do país.
Nesse contexto, o Governo Federal percebeu que seria indispensável fomentar a instalação das
indústrias no Amazonas. Para fazer isso, mostrou-se imprescindível conceder incentivos fiscais,
ou seja, a isenção ou redução drástica de impostos. Assim, quando uma indústria estivesse
decidindo onde ficaria a sua unidade produtiva, poderia escolher se instalar em Manaus, já que,
estando lá, pagaria menos impostos. Desse modo, em 1957, foi editada a Lei nº 3.273/57 criando
uma zona franca na cidade de Manaus. Os incentivos, contudo, ainda eram muito restritos e não
surtiram tanto efeito prático. Dez anos mais tarde, o Governo Federal publicou o Decreto-Lei nº
288/1967 ampliando bastante o modelo e estabelecendo que a Zona Franca de Manaus seria uma
área de livre comércio. Veja o art. 1º:
Art. 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação
e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da
Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas
que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que
se encontram, os centros consumidores de seus produtos.

As indústrias que se instalam na Zona Franca de Manaus gozam de incentivos fiscais, como a
isenção total ou parcial de alguns impostos e contribuições federais, como é o caso do IPI, do
imposto de importação, do imposto de renda e do PIS/PASEP. Conforme já expliquei, essa Zona
Franca foi criada com o objetivo de levar o desenvolvimento para a Amazônia, fomentando a
formação de um centro industrial e comercial na região. Com isso, os habitantes da localidade
possuem alternativas econômicas para não precisarem utilizar, de forma devastadora, os recursos
ambientais.

A Zona Franca de Manaus é constitucional ou viola o princípio da uniformidade geográfica ou


uniformidade tributária prevista no art. 151, I, da CF? Segundo o princípio da uniformidade
geográfica, também chamado de princípio da não-discriminação tributária ou da defesa da
identidade de alíquotas, os tributos federais deverão ser uniformes em todo o território nacional.
Trata-se de previsão expressa do art. 151, I, da CF:
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

A Zona Franca de Manaus não viola esse princípio porque se enquadra na parte final do inciso I
do art. 151, ou seja, a concessão dos incentivos tem por objetivo desenvolver uma região do País
que precisa de um tratamento diferenciado em razão de suas peculiaridades geográficas. Além
disso, quando a CF foi editada, a Zona Franca de Manaus (que já existia desde 1957) foi incluída
no art. 40 do ADCT:
Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de
comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco
anos, a partir da promulgação da Constituição.
Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que
disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de
Manaus.
O legislador constituinte optou por essa medida para que não houvesse dúvidas de que ela está de
acordo com o princípio da uniformidade geográfica ou uniformidade tributária. Assim, a Zona
Franca de Manaus é CONSTITUCIONAL porque foi mantida pela própria CF (art. 40 do ADCT) e
também porque se enquadra na parte final do art. 151, I, acima destacado.

Prazo de duração da ZFM: A ZFM é temporária. A ideia é a de que, com o tempo, a região se
desenvolva, encontre outras matrizes econômicas e não precise mais dos incentivos fiscais.
Infelizmente, contudo, essa alternativa econômica ainda não aconteceu. Em virtude disso,
recentemente, o prazo de duração da ZFM foi prorrogado por mais 50 anos pela EC 83/2014.
Assim, pelo texto constitucional, a ZFM irá durar até o ano de 2073.

REINTEGRA: Reintegra é a sigla de “Regime especial de reintegração de valores tributários para


empresas exportadoras”. Trata-se um programa econômico instituído pelo governo federal com o
objetivo de incentivar as exportações. Veja o que diz o art. 21 da Lei nº 13.043/2014:
Art. 21. Fica reinstituído o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as
Empresas Exportadoras - REINTEGRA, que tem por objetivo devolver parcial ou
integralmente o resíduo tributário remanescente na cadeia de produção de bens
exportados.

Este programa prevê que a empresa que exporte bens terá direito a créditos. Esses créditos serão
apurados mediante a aplicação de um percentual sobre a receita auferida com a exportação. Esse
percentual poderia variar entre 0,1% e 3%:
Art. 22. No âmbito do Reintegra, a pessoa jurídica que exporte os bens de que trata o art. 23
poderá apurar crédito, mediante a aplicação de percentual estabelecido pelo Poder
Executivo, sobre a receita auferida com a exportação desses bens para o exterior.
§ 1º O percentual referido no caput poderá variar entre 0,1% (um décimo por cento) e 3%
(três por cento), admitindo-se diferenciação por bem. (...)

Assim, o art. 22, § 1º, da Lei nº 13.043/2014 determina que o Poder Executivo estabeleça o fator
percentual de cálculo do valor do crédito, o qual pode variar entre 0,1% e 3%.

As empresas nacionais que vendem mercadorias para a Zona Franca de Manaus são beneficiadas
com o benefício fiscal do REINTEGRA? SIM. É o teor da Súmula 640 do STJ.

Por quê? O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/1967, recepcionado expressamente pelo art. 40 do ADCT,
e o art. 506 do Decreto nº 6.759/2009 dizem que se uma mercadoria é vendida para a Zona Franca
de Manaus isso é como se fosse uma exportação, ou seja, uma venda para o exterior. Confira:
DL 288/1967 (regula a ZFM)
Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização
na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos
fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o
estrangeiro.

Decreto nº 6.759/2009 (regulamenta a administração das atividades aduaneiras)


Art. 506. A remessa de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização
na Zona Franca de Manaus, ou posterior exportação, será, para efeitos fiscais, equivalente a
uma exportação brasileira para o exterior (Decreto-Lei nº 288, de 1967, art. 4º).

Assim, a venda de mercadorias para empresas situadas na Zona Franca de Manaus equivale, para
efeitos fiscais, à exportação de produto brasileiro para o exterior, de modo que o contribuinte
enquadrado nessas condições faz jus ao benefício fiscal instituído pelo REINTEGRA.

Súmula 639: NÃO FERE o contraditório e o devido processo legal a decisão que, sem ouvida prévia
da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento federal .
(MPRS-2021) (TJPE-2022) (MPMS-2022)

OBS: Importante.

Presídios federais: A quase totalidade dos presídios existentes no Brasil é estadual. Com isso,
mesmo as pessoas presas por conta de processos que tramitam na Justiça Federal, em regra, ficam
custodiadas em presídios estaduais. Na atualidade, existem cinco presídios federais: i)
Penitenciária Federal de Catanduvas (PR); ii) Penitenciária Federal de Campo Grande (MS); iii)
Penitenciária Federal de Porto Velho (RO); iv) Penitenciária Federal de Mossoró (RN); e v)
Penitenciária Federal de Brasília (DF). Cada penitenciária dessas possui um juiz federal
corregedor, responsável pela unidade e com competências previstas em lei.

Base legal: A transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais federais são reguladas
pela Lei 11.671/08. Além disso, podem ser citados outros instrumentos infralegais importantes: i)
Decreto nº 6.877/2009; ii) Decreto nº 6.049/2007; e iii) Resolução nº 557-CJF.

Segurança máxima: Os estabelecimentos penais federais são considerados, pela lei, como de
segurança máxima.

Quem pode ser recolhido em presídio federal? Poderão ser recolhidos em presídio federal: i) presos
provisórios ou condenados; e ii) presos estaduais ou federais.

Preso por “crime federal” ou “crime estadual”: O presídio federal pode receber tanto presos
acusados e condenados por crimes de competência da Justiça Federal como da Justiça Estadual.
Desse modo, o critério para abrigar presos em estabelecimentos prisionais federais não é a
competência para julgamento dos fatos por eles praticados, mas sim a necessidade de uma
custódia de segurança máxima por razões ligadas à segurança pública ou do próprio preso.

Motivos que autorizam o recolhimento do preso em presídio federal: A lei é muito vaga quanto a
isso (art. 3º), afirmando que serão recolhidos em presídios federais aqueles cuja medida se
justifique por conta do interesse: i) da segurança pública; ou ii) do próprio preso.

Segundo o art. 3º do Decreto nº 6.877/2009, para a inclusão ou transferência, o preso deverá


possuir, ao menos, uma das seguintes características:
• ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização
criminosa;
• ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional de
origem;
• estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado — RDD;
• ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou
grave ameaça;
• ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à sua
integridade física no ambiente prisional de origem; ou
• estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema prisional
de origem.

Quem tem legitimidade para pedir a inclusão do preso no Sistema Penitenciário Federal? i)
Autoridade administrativa (exs.: delegado de polícia, secretário de segurança pública, secretário
de justiça etc.); ii) Ministério Público; e iii) o próprio preso.

A quem é endereçado o pedido de transferência para o presídio federal? O requerimento de


transferência deve ser endereçado ao juízo responsável pelo preso (juízo federal ou juízo
estadual, a depender do caso), e nunca diretamente ao juiz federal corregedor da penitenciária
federal. A competência para decidir se haverá a transferência, conforme veremos mais abaixo, é
uma decisão tanto do juízo de origem como do juízo federal corregedor do presídio.

Oitiva prévia: Após o requerimento ser recebido, é formado um processo de transferência. O juiz
deverá determinar, de imediato, que sejam ouvidas, no prazo de 5 (cinco) dias cada:
• a autoridade administrativa;
• o MP;
• a defesa; e
• o Departamento Penitenciário Nacional — DEPEN (a quem é facultado indicar o
estabelecimento penal federal mais adequado).

Na hipótese de imprescindibilidade de diligências complementares, o juiz federal ouvirá, no prazo


de 5 (cinco) dias, o MPF e a defesa e, em seguida, decidirá acerca da transferência no mesmo
prazo.

É possível a transferência ou manutenção do preso em presídio federal mesmo sem a oitiva da


defesa? SIM. A Lei 11.671/08 prevê que, havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá
autorizar a imediata transferência do preso e, após o preso estar incluído no sistema penitenciário
federal, ouvir as partes interessadas e decidir pela manutenção ou revogação da medida adotada.
Desse modo, em caso de situações emergenciais, o contraditório será diferido.

Nesse sentido já decidiu o STF:


A transferência de preso para presídio federal de segurança máxima sem a sua prévia
oitiva, desde que fundamentada em fatos caracterizadores de situação emergencial, não
configura ofensa aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da
individualização da pena e da dignidade da pessoa humana. STF. 1ª T. HC 115539/RO, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 3/9/13 (Info 718).

É também a posição do STJ:


A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de não haver malferimento ao
contraditório e à ampla defesa pela não oitiva prévia da defesa da decisão que determina
tanto a transferência quanto a permanência do custodiado em estabelecimento
penitenciário federal. Precedentes. STJ. 5ª T. RHC 46.786/MS, Rel. Min. Felix Fischer, j.
03/02/15.

No Decreto Federal nº 6.877/09, outrossim, não há previsão de oitiva prévia da defesa,


quando a transferência do preso, entre as unidades integrantes do sistema penitenciário
federal, for requerida pela autoridade administrativa ou pelo Ministério Público. Na
ausência de previsão legal específica, não é de se impor a oitiva prévia da defesa, como
requisito para a transferência do apenado entre estabelecimentos penais federais, sendo
sempre possível que o apenado, em momento posterior e valendo-se dos meios cabíveis,
insurja-se contra qualquer ilegalidade praticada pela administração da justiça, no caso
concreto. STJ. 5ª T. AgRg no RHC 73261/SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 18/04/17.

O Decreto nº 6.877/09 prevê que a transferência poderá ocorrer mediante requerimento da


autoridade administrativa ou do Ministério Público dirigido ao juiz federal corregedor,
sem exigir previa oitiva da defesa, bastando que o pleito seja instruído com os fatos
motivadores. STJ. 6ª T. AgRg no RHC 49.440/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j.
14/11/17.

De quem é a competência para decidir se um preso deve ou não ser incluído no Sistema
Penitenciário Federal? Inicialmente, o juízo de origem (federal ou estadual), isto é, o juízo
responsável pelo preso, faz um juízo de admissibilidade sobre o requerimento de transferência.
• Se nesse juízo de admissibilidade, o pedido for indeferido: encerra-se o processo de
transferência. Há possibilidade de recurso.
• Se houver concordância com o pedido: o próprio juízo de origem formulará requerimento ao
juízo federal competente pelo presídio federal, encaminhando os autos do processo de
transferência.

O juiz federal corregedor do presídio federal irá, então, decidir, de forma fundamentada, se aceita
ou não o preso. Desse modo, a inclusão dependerá de duas decisões:
• do juízo de origem (estadual ou federal, a depender do caso);
• do juízo federal corregedor do presídio.

O que o juízo federal corregedor do presídio analisa para decidir se haverá ou não a inclusão do
preso? Apenas a regularidade formal da solicitação. Segundo entende o STJ:
Ao Juízo Federal não compete realizar juízo de valor sobre as razões de fato emanadas
pelo Juízo solicitante, sendo-lhe atribuído pelo art. 4.º da Lei n.º 11.671/2008, tão somente,
o exame da regularidade formal da solicitação. STJ. 3ª S. CC 168.595/RJ, Rel. Min. Laurita
Vaz, j. 11/03/20.

Prevalece, no STJ, o entendimento no sentido de que, acaso devidamente motivado pelo


Juízo estadual o pedido de manutenção do preso em presídio federal, não cabe ao
Magistrado Federal exercer juízo de valor sobre a fundamentação apresentada, mas
apenas aferir a legalidade da medida. STJ. 3ª S. AgRg no CC 169.736/RJ, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, j. 12/02/20.

Não cabe ao Juízo Federal discutir as razões do Juízo Estadual, quando solicita a
transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, assim quando
pede a renovação do prazo de permanência, porquanto este é o único habilitado a declarar
a excepcionalidade da medida. STJ. 3ª S. AgRg no CC 160.401/PR, Rel. Min. Antonio
Saldanha Palheiro, j. 10/04/19.
O que acontece se o juízo federal corregedor do presídio não admitir a transferência do preso?
Rejeitada a transferência, o juízo de origem poderá suscitar o conflito de competência perante o
tribunal competente, que o apreciará em caráter prioritário. Enquanto não decidido o conflito de
competência e sendo caso de renovação, o preso permanecerá no estabelecimento penal federal.
No julgamento dos conflitos de competência, a lei afirma que o tribunal competente (no caso, o
STJ) deverá negar a transferência em caso de o presídio federal já estar com lotação máxima.

Qual é a natureza jurídica desse conflito de competência? A Lei fala expressamente que se trata
de conflito de competência (posição que deve ser adotada nas provas, especialmente em testes
objetivos). No entanto, em uma prova discursiva ou oral, você pode ser indagado ou, então, pode
acrescentar a informação extra de que existem julgados que criticam essa nomenclatura,
afirmando que teria havido um erro do legislador ao falar em conflito. Veja esse precedente do
TRF da 1ª Região:
PROCESSUAL PENAL. INCLUSÃO DE PRESO EM ESTABELECIMENTO PENAL
FEDERAL DE SEGURANÇA MÁXIMA. INDEFERIMENTO DE PRORROGAÇÃO. LEI
11.671/08 (ART. 10, § 5º). CONFLITO IMPRÓPRIO DE COMPETÊNCIA (RECURSO DE
OFÍCIO). 1. Rejeitada a renovação da permanência de preso em estabelecimento penal
federal de segurança máxima, o juízo de origem poderá suscitar conflito de competência,
que o tribunal apreciará em caráter prioritário (Lei 11.671/08 — art. 10, § 5º). 2. Não há
(firmada a situação), na realidade, nenhum conflito de competência, somente existente
quando "duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou
incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso", ou "quando entre elas surgir
controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos" (art. 114, I e II —
CPP). Regência semelhante contém o Código de Processo Civil (art. 115). 3. O erro técnico
do legislador, numa situação apenas de divergência de entendimento, sem disputa de
competência, expressa a sua intenção em dispor que, rejeitada a renovação, o juízo de
origem mandará o processo para o Tribunal, numa espécie de recurso de oficio, chamado
pelo texto de "conflito" — na verdade, divergência de entendimento na solução de um caso
concreto — para que reveja (ou não) a decisão do juiz federal corregedor do presídio. 4. No
impasse, e em face da necessidade de solucionar a questão, é de se conhecer da
manifestação do juízo de origem como um “conflito impróprio de competência",
entendido, em essência, como um recurso de oficio. 5. Remessa conhecida como "conflito
impróprio de competência" (recurso de ofício). Determinação para que o preso permaneça
no Presídio Federal de Porto Velho/RO por mais 360 dias, até o final do prazo anterior.
(CC 0058415-54.2013.4.01.0000 / AM, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO
RIBEIRO, Rel. Acor. DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO HERCULANO DE
MENEZES, SEGUNDA SEÇÃO, e-DJF1 p.25 de 11/12/2013)

Quem julga esse conflito de competência?


Quem julgará
Se o juízo de origem for
 o conflito?
Juiz estadual STJ
Juiz federal vinculado a um TRF diferente do juiz
federal corregedor do presídio.
Ex.: quem solicitou foi o juiz federal do Rio de Janeiro STJ
(TRF2) e quem rejeitou foi o juiz federal de Porto
Velho (TRF1).
Juiz federal vinculado ao mesmo TRF do juiz federal
Corregedor do presídio.
TRF respectivo
Ex.: quem solicitou foi o juiz federal de Manaus (TRF1)
(no exemplo dado será o TRF1)
e quem rejeitou foi o juiz federal de Porto Velho
(TRF1).

Colaborou com a atualização do post: Ruidiney Nunes.

NOVIDADE LEGISLATIVA (2019): LEI 13.964/19 (PACOTE ANTICRIME): ALTERAÇÃO NA LEI


DOS PRESÍDIOS FEDERAIS (LEI 11.671/2008): A Lei 13.964/19 promoveu algumas alterações na
Lei nº 11.671/2008.

Quem é o responsável pela execução penal no presídio federal? O juiz federal da seção ou subseção
judiciária em que estiver localizado o presídio federal. É o que prevê o art. 2º da Lei nº
11.671/2008:
Art. 2º A atividade jurisdicional de execução penal nos estabelecimentos penais federais
será desenvolvida pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver
localizado o estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o
preso.

A Lei nº 13.964/2019 acrescenta um parágrafo único neste art. 2º com a seguinte redação:
Art. 2º (...) Parágrafo único. O juízo federal de execução penal será competente para as
ações de natureza penal que tenham por objeto fatos ou incidentes relacionados à execução
da pena ou infrações penais ocorridas no estabelecimento penal federal.

Assim, imagine que um detento que está em um presídio federal cometa um crime lá dentro. Essa
infração penal será julgada pelo juízo federal responsável pelo presídio.

Inclusão no presidio federal:


Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima
aqueles para quem a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio
preso, condenado ou provisório. (Redação dada Lei nº 13.964/2019)

Características do cumprimento de pena no estabelecimento penal federal:


Art. 3º (...) § 1º A inclusão em estabelecimento penal federal de segurança máxima, no
atendimento do interesse da segurança pública, será em regime fechado de segurança
máxima, com as seguintes características:
I - recolhimento em cela individual;
II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e de amigos somente em dias
determinados, por meio virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) pessoas por
vez, além de eventuais crianças, separados por vidro e comunicação por meio de interfone,
com filmagem e gravações;
III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e
IV - monitoramento de todos os meios de comunicação, inclusive de correspondência
escrita.
(Parágrafo incluído pela Lei nº 13.964/2019)

Monitoramento de áudio e vídeo no parlatório:


Art. 3º (...) § 2º Os estabelecimentos penais federais de segurança máxima deverão dispor
de monitoramento de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas comuns, para fins de
preservação da ordem interna e da segurança pública, vedado seu uso nas celas e no
atendimento advocatício, salvo expressa autorização judicial em contrário. (Incluído pela
Lei 13.964/2019)

Configura o crime do art. 325 do Código Penal (violação de sigilo funcional), a violação ao
disposto neste § 2º acima transcrito.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais
grave.

Gravações só poderão ser utilizadas como meio de prova de infrações penais praticadas após o
ingresso do preso no estabelecimento prisional:
Art. 3º (...) § 3º As gravações das visitas não poderão ser utilizadas como meio de prova de
infrações penais pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento. (Incluído pela Lei
13.964/2019)

Assim, por exemplo, mesmo que o preso confesse para sua visita que matou uma pessoa antes de
entrar no presídio e que essa confissão fique gravada, ela não poderá ser utilizada como meio de
prova.

Suspensão ou restrição do direito de visitas:


Art. 3º (...) § 4º Os diretores dos estabelecimentos penais federais de segurança máxima ou
o Diretor do Sistema Penitenciário Federal poderão suspender e restringir o direito de
visitas previsto no inciso II do § 1º deste artigo por meio de ato fundamentado. (Incluído
pela Lei 13.964/2019)

Prazo máximo de permanência no presídio federal:


• Antes: era de 360 dias.
• Agora: é de 3 anos.
LEI DE TRANSFERÊNCIA E INCLUSÃO DE PRESOS EM ESTABELECIMENTOS PENAIS
FEDERAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 10.  (...) Art. 10.  (...)
§ 1º O período de permanência não poderá ser § 1º O período de permanência será de até 3
superior a 360 (trezentos e sessenta) dias, (três) anos, renovável por iguais períodos,
renovável, excepcionalmente, quando quando solicitado motivadamente pelo juízo
solicitado motivadamente pelo juízo de origem, de origem, observados os requisitos da
observados os requisitos da transferência. transferência, e se persistirem os motivos que
a determinaram.

Decisões relacionadas com o presídio federal poderão ser colegiadas: Muitas vezes a decisão sobre
a transferência ou prorrogação da permanência de um preso no presídio federal é algo
extremamente arriscado considerando que contraria os interesses de organizações criminosas
perigosas. Pensando nisso, o legislador incluiu o art. 11-A dizendo que essa decisão poderá ser
tomada por um colegiado:
Art. 11-A. As decisões relativas à transferência ou à prorrogação da permanência do preso
em estabelecimento penal federal de segurança máxima, à concessão ou à denegação de
benefícios prisionais ou à imposição de sanções ao preso federal poderão ser tomadas por
órgão colegiado de juízes, na forma das normas de organização interna dos tribunais.

Presídios e segurança máxima estaduais:


Art. 11-B. Os Estados e o Distrito Federal poderão construir estabelecimentos penais de
segurança máxima, ou adaptar os já existentes, aos quais será aplicável, no que couber, o
disposto nesta Lei.

(MPMS-2022-AOCP): Considerando a jurisprudência do STF e STJ em matéria de processo penal,


assinale a alternativa correta: Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem
ouvida prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal. BL: S. 639, STJ.

Súmula 638: É ABUSIVA a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição


financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no
âmbito de contrato de penhor civil. (TJSP-2021) (MPDFT-2021)

OBS: Importante.

Penhor civil: Penhor é o direito real pelo qual o devedor ou terceiro transfere ao credor, em
garantia do débito, a posse de uma coisa móvel. A coisa dada em penhor é “empenhada” ou
“apenhada”. Não se pode confundir penhor (garantia real) com penhora (ato do processo de
execução).

Penhor de joias: A Caixa Econômica Federal oferece uma forma de conferir empréstimo de modo
mais ágil e sem burocracia. Trata-se do empréstimo com penhor. A pessoa interessada em obter
um empréstimo procura a CEF e obtém o empréstimo, oferecendo, como garantia, joias, pedras
preciosas, canetas, relógios etc. Quando a pessoa paga o empréstimo, recebe de volta o bem
empenhado. Se o mutuário não quitar o empréstimo, a coisa apenhada é leiloada.

Imagine agora a seguinte situação hipotética: Pedro, precisando de dinheiro, resolve tomar um
empréstimo na CEF e, como garantia, entrega o seu anel de formatura. No contrato assinado,
havia uma cláusula que dizia que, em caso de roubo, furto ou extravio da joia empenhada, a CEF
deveria pagar ao mutuário, a título de danos materiais e morais, o valor máximo de 1,5 vezes da
quantia pela qual foi avaliado o bem. Ex: se o bem tivesse sido avaliado em R$ 10 mil, a CEF
pagaria, no máximo, R$ 15 mil de indenização. Uma semana após Pedro dar o bem em garantia,
houve um furto na agência da CEF e levaram o anel, que estava guardado em um cofre.

A CEF deverá indenizar Pedro por esse furto? SIM. O furto ocorrido deve ser entendido como
fortuito interno, inerente à atividade explorada pelo banco. Assim, a instituição financeira é
responsável por furtos ou mesmo roubos em seus cofres (STJ. 4ª T. REsp 1.250.997/SP, Rel. Min.
Marco Buzzi, j. 5/2/13).
Essa cláusula que limita o valor da indenização é válida? NÃO. O CDC prevê, em seu art. 51, I:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de
direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;

No contrato de penhor celebrado com a Caixa, é notória a hipossuficiência do consumidor, pois


este, necessitando de empréstimo, apenas adere a um contrato cujas cláusulas são inegociáveis,
submetendo-se, inclusive, à avaliação unilateral realizada pela instituição financeira. Vale
ressaltar que, comumente, a avaliação é inferior ao preço cobrado do consumidor no mercado
varejista de joias. Ao aceitar dar em penhor sua joia pessoal, o consumidor demonstra não estar
interessado em vender esse bem empenhado, preferindo transferir apenas a posse temporária dela
à instituição financeira, em garantia de um empréstimo. Pago o empréstimo, ele tem plena
expectativa de ter de volta seu bem. Isso revela que, em regra, o mutuário possui uma relação
afetiva com a coisa apenhada.

O que fazer, então, no caso concreto? O juiz deverá reconhecer que a cláusula é nula de pleno
direito, nos termos do art. 51, I, do CDC, devendo condenar à CEF a pagar um valor justo de
indenização, que atenda estritamente aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Deve-se salientar que, além dos danos materiais, a CEF deverá ser condenada a pagar também
danos morais, uma vez que o consumidor que decide pelo penhor assim o faz pretendendo
receber o bem de volta, e, para tanto, confia que o mutuante o guardará pelo prazo ajustado. Se a
coisa empenhada fosse para o proprietário um bem qualquer, sem nenhum valor sentimental,
provavelmente o consumidor optaria pela venda da joia, e, certamente, obteria um valor maior.

Qual é o prazo prescricional para o ajuizamento dessa ação de indenização? 5 anos, nos termos
do art. 27 do CDC:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do
produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do
prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

#Atenção: #TJRS-2018: #TJBA-2019: #CESPE: #CESPE: O furto das joias, objeto do penhor,
constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, devendo incidir o prazo
prescricional de 5 anos para a ação de indenização, conforme previsto no art. 27 do CDC. STJ. 4ª
T. REsp 1.369.579-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 24/10/17 (Info 616).

 (TJBA-2019-CESPE): No que se refere a responsabilidade por vício do serviço, legitimidade


ativa para a propositura de ações coletivas, cláusulas abusivas, prescrição e decadência,
assinale a opção correta, com base no CDC e na jurisprudência do STJ: O furto de joias que
sejam objetos de penhor constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, e não
mero inadimplemento contratual, devendo incidir o prazo prescricional de cinco anos para o
ajuizamento das competentes ações de indenização, conforme previsto no CDC. BL: Info 616,
STJ.
 (TJRS-2018-VUNESP): Joias utilizadas como garantia de mútuo em contrato de penhor
subscrito com instituição financeira foram furtadas. A contraprestação devida nos contratos de
mútuo garantido por penhor é o pagamento do valor acordado para o empréstimo. Nesse
caso, a prescrição para que o proprietário das joias, que pagou sua dívida, seja ressarcido pelo
valor das mesmas é de cincos anos, por se tratar de reparação pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço. BL: art. 27, CDC e Info 616, STJ.

(TJSP-2021-VUNESP): Assinale a alternativa correta sobre abusividade de cláusulas contratuais,


conforme entendimento dominante e atual do STJ: É abusiva a cláusula contratual que restringe a
responsabilidade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de
bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil. BL: S. 638, STJ.

(MPDFT-2021): Acerca da defesa dos direitos do consumidor, é correto afirmar: A cláusula


contratual que restringe a responsabilidade civil de instituição financeira pelos danos decorrentes
de roubo, furto ou extravio de bem entregue como garantia de contrato de penhor é abusiva e,
portanto, nula de pleno direito. BL: S. 638, STJ.

(Advogado-CODEN/SP-2021-VUNESP): Josefina procurou a instituição financeira Cofre S/A


para oferecer em penhor joias de sua família, em troca de um crédito. Assinou um contrato de
adesão de mútuo, tendo como garantia o penhor e, após a entrega das joias da família, recebeu o
crédito em sua conta. Das 24 parcelas a serem pagas pelo mútuo, já quitou 12, sendo que pelas
redes sociais descobriu que o Banco Cofre foi vítima de um roubo. Preocupada com as joias
empenhadas, entrou em contato com o banco, que relatou terem sido perdidos todos os objetos
empenhados. Josefina se desesperou e questionou como ficaria a devolução dos bens ao final do
contrato. O banco esclareceu a Josefina que o contrato trazia expresso que em caso de furto ou
roubo dos bens empenhados, o banco, ao final do contrato, apenas reembolsaria o valor de 30% da
avaliação das joias. Diante desse caso concreto, é certo afirmar que é abusiva a cláusula contratual
que restringe a responsabilidade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo de
bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil. BL: S. 638, STJ.

Súmula 637: O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação
possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for o
caso, o domínio. (DPEBA-2021)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou ação de reintegração de posse contra Pedro
alegando que o réu invadiu o seu sítio. Foi, então, que o INCRA (autarquia federal) apresentou
oposição alegando que nenhum dos dois (nem autor nem réu) tinha direito. Isso porque o terreno
em discussão pertenceria a ele (INCRA), de forma que os particulares em questão não teriam a
posse sobre o bem. O juiz não admitiu a intervenção do INCRA no processo alegando que, em
ação possessória não se admite oposição, mesmo que se trate de bem público, porque nesse tipo de
demanda discute-se a posse do imóvel, de forma que o INCRA não poderia intervir discutindo o
domínio (propriedade). O magistrado invocou, como fundamento legal, o art. 557 do CPC/2015:
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira
pessoa.

O argumento utilizado pelo magistrado é aceito pela jurisprudência atual do STJ? NÃO. Em ação
possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se
incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. STJ. Corte
Especial. EREsp 1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 21/03/2018 (Info 623).

Acesso à justiça: O STJ afirmou que, neste caso, não se deve aplicar o art. 557 do CPC/15, sob
pena de o Poder Público ficar sem ter como defender sua propriedade , o que violaria a garantia
constitucional de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF). Não se poderia conceber que o Poder
Público, sendo titular do bem público, possa ser impedido de postular em juízo a observância do
seu direito simplesmente pelo fato de que particulares se anteciparam e estão discutindo entre eles
a posse.

Oposição discute também posse e, apenas incidentalmente, o domínio do bem público: Quando se
trata de bens públicos, não se pode exigir da Administração Pública que demonstre o poder
físico sobre o imóvel, para que se caracterize a posse sobre o bem. Esse procedimento é
incompatível com a amplitude das terras públicas, notadamente quando se refere a bens de uso
comum e dominicais. A posse do Estado sobre seus bens deve ser considerada permanente,
independendo de atos materiais de ocupação, sob pena de tornar inviável conferir aos bens do
Estado a proteção possessória. Disso decorre que a ocupação dos bens públicos por particulares
não significa apenas um ato contrário à propriedade do Estado, mas também um verdadeiro ato
de esbulho contra a posse da Administração Pública sobre esses bens. Desse modo, se dois
particulares estão discutindo a posse de um bem público e há a oposição do Poder Público, este
também estará discutindo a posse do Estado sobre a área.

Não significa que o proprietário irá vencer: Não se está a afirmar que o proprietário haverá de se
sagrar sempre vencedor da demanda possessória. Tanto assim que o parágrafo único do art. 557
do CPC/15 veio a dispor que “Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa”. Com efeito, a tutela possessória há de ser concedida
àquele que tenha melhor posse, que poderá ser não o proprietário, mas o arrendatário, o
cessionário, o locatário, o depositário etc.

(Proc.-TC/DF-2021-CESPE): Acerca de procedimentos especiais e de jurisdição voluntária, julgue


o item que se segue: O município possui legitimidade para oferecer oposição em ação possessória
proposta originariamente entre particulares; nessa situação, o ente público poderá deduzir,
conforme o caso, matéria referente ao domínio do bem. BL: S. 637, STJ.

Súmula 636: A FOLHA DE ANTECEDENTES CRIMINAIS É documento suficiente a comprovar


os maus antecedentes e a reincidência. (TJAL-2019) (Cartórios/TJMS-2021) (DPERS-2022)

OBS: Importante.

Critério trifásico: A dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:


 1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
 2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
 3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.

Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo
consagrado pela jurisprudência pátria (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 19/03/2013).

Maus antecedentes: Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais analisadas pelo juiz são
as seguintes: a) culpabilidade, b) antecedentes, c) conduta social, d) personalidade do agente, e)
motivos do crime, f) circunstâncias do crime, g) consequências do crime, h) comportamento da
vítima.

Antecedentes são as anotações negativas que o réu possua em matéria criminal. Se o juiz
entender que o réu possui maus antecedentes, ele irá aumentar a pena-base imposta ao
condenado. Trata-se, portanto, de uma circunstância analisada na 1ª fase da dosimetria. O STJ
afirma que, em face do princípio da presunção de não culpabilidade, os inquéritos policiais e
ações penais em curso não podem ser considerados maus antecedentes.
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base.

Esse é também o entendimento do STF:


A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não
podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. STF.
Plenário. RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 17/12/14 (repercussão geral) (Info
772).

Exemplo de maus antecedentes: Em 5/5/12, Pedro cometeu um roubo. Em 6/6/13, ele foi
condenado pelo roubo, mas recorreu contra a sentença. Em 7/7/13, Pedro praticou um furto,
iniciando outro processo penal. Em 8/8/13, a condenação pelo roubo transitou em julgado. Em
9/9/13, Pedro é condenado pelo furto. Na sentença condenatória pelo furto, o juiz não poderá
considerar Pedro reincidente (art. 61, I, do CP). Isso porque quando praticou o segundo crime
(furto), a condenação pelo delito anterior (roubo) ainda não havia transitado em julgado. Logo,
não se enquadra na definição de reincidência. Por outro lado, na sentença condenatória pelo furto,
o juiz poderá considerar a condenação pelo roubo, já transitada em julgado, como circunstância
judicial negativa. Vejamos os seguintes julgados:
A condenação por fato anterior ao delito que se julga, mas com trânsito em julgado
posterior, pode ser utilizada como circunstância judicial negativa, a título de antecedente
criminal. STJ. 5ª T. HC n. 210.787/RJ, Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/9/2013.

Uma vez existente condenação transitada em julgado por fato anterior ao cometimento do
delito sub examine, mostra-se correta a conclusão pela existência de maus antecedentes.
STJ. 6ª T. HC 399.029/PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018.

Reincidência: A definição de reincidência, para o Direito Penal brasileiro, é encontrada a partir


da conjugação do art. 63 do CP com o art. 7º da Lei de Contravenções Penais . Com base nesses
dois dispositivos, podemos encontrar as hipóteses em que alguém é considerado reincidente para
o Direito Penal (inspirado no quadro contido no livro de CUNHA, Rogério Sanches. Manual de
Direito Penal. Salvador: JusPodivm, 2013, p. 401):

Se a pessoa é condenada E depois da condenação Qual será a consequência?


definitivamente por definitiva pratica novo(a)
CRIME CRIME REINCIDÊNCIA
(no Brasil ou exterior)
CRIME CONTRAVENÇÃO
REINCIDÊNCIA
(no Brasil ou exterior) (no Brasil)
CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO
REINCIDÊNCIA
(no Brasil) (no Brasil)
NÃO HÁ reincidência.
CONTRAVENÇÃO
CRIME Foi uma falha da lei.
(no Brasil)
Mas gera maus antecedentes.
NÃO HÁ reincidência.
CONTRAVENÇÃO
CRIME ou CONTRAVENÇÃO Contravenção no estrangeiro
(no estrangeiro)
não influi aqui.

A reincidência é uma agravante da pena: Se o réu for reincidente, sofrerá diversos efeitos
negativos no processo penal. O principal deles é que, no momento da dosimetria da pena em
relação ao segundo delito, a reincidência será considerada como uma agravante genérica (art. 61,
I do CP), fazendo com que a pena imposta seja maior do que seria devida caso ele fosse
primário.
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I — a reincidência;

Outras consequências da reincidência: Além de ser uma agravante, a reincidência produz


inúmeras outras consequências negativas para o réu. Vejamos as principais:
a) torna mais gravoso o regime inicial de cumprimento de pena (art. 33, § 2º, CP);
b) o reincidente em crime doloso não tem direito à substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos (art. 44, II);
c) o reincidente em crime doloso não tem direito à suspensão condicional da pena – sursis
(art. 77, I), salvo se condenado apenas a pena de multa (§ 1º do art. 77);
d) o réu reincidente não poderá ser beneficiado com o privilégio no furto (art. 155, § 2º), na
apropriação indébita (art. 170), no estelionato (art. 171, § 1º) e na receptação (art. 180, § 5º,
do CP);
e) a reincidência impede a concessão da transação penal e da suspensão condicional do
processo (arts. 76, § 2º, I e 89, caput da Lei nº 9.099/95);
f) no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência (art. 67 do CP);
g) influencia no tempo necessário para a concessão do livramento condicional (art. 83);
h) o prazo da prescrição executória aumenta em 1/3 se o condenado é reincidente (art. 110)
(obs.: não influencia na prescrição da pretensão punitiva);
i) é causa de interrupção da prescrição executória (art. 117, VI);
j) é causa de revogação do sursis (art. 81, I e § 1º), do livramento condicional (art. 86, I e II, e
art. 87) e da reabilitação, se a condenação for a pena que não seja de multa (art. 95).

Imagine agora a seguinte situação hipotética: Na sentença condenatória, o juiz, no momento da


dosimetria da pena, majorou a pena-base, assim fundamentando sua decisão: “O réu ostenta maus
antecedentes, conforme demonstrado pela folha de antecedentes criminais juntada aos autos pelo Ministério
Público às fls. 111-112, razão pela qual majoro a pena-base, fixando-a em...” A defesa apelou alegando
que os “maus antecedentes” e a “reincidência” somente podem ser comprovados mediante
certidão cartorária, não sendo suficiente a mera juntada de folha de antecedentes considerando
que esta poderia conter erros, não sendo confiável.

A tese da defesa é acolhida pelo STJ? A comprovação dos maus antecedentes e da reincidência
precisa ser feita, obrigatoriamente, por meio de certidão cartorária? NÃO. Para o STJ, a
comprovação dos maus antecedentes ou a comprovação da reincidência pode ser feita com a
juntada da mera folha de antecedentes criminais do réu.
(...) a folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente à comprovação da
existência de maus antecedentes e reincidência, não sendo, pois, imprescindível a
apresentação de certidão cartorária. (...) STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1716998 RN, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, j. 08/05/2018.

O registro de condenação transitada em julgado em folha de antecedentes criminais é


suficiente para a caracterização da reincidência, não sendo obrigatória a apresentação de
certidão cartorária. STJ. 6ª T. HC 212789 SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 07/10/2014.

Assim, a folha de antecedentes criminais é documento hábil à comprovação tanto dos maus
antecedentes como da reincidência.

Por que? Porque a folha de antecedentes criminais já possui fé pública e valor probante para o
reconhecimento das informações nela certificadas. (STJ. 6ª Turma. HC 272899 SP, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, j. 18/9/14). A folha de antecedentes criminais expedida contém a
identificação do réu, o crime que o condenou e a data do trânsito em julgado da condenação. Essas
informações já são suficientes para o reconhecimento da circunstância judicial dos “maus
antecedentes” ou para a agravante da “reincidência”, não sendo necessário, portanto, nenhum
documento a mais (STJ. 5ª Turma. REsp 285750/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 7/10/03).

Esta súmula trata apenas sobre aspectos formais: Vale ressaltar que a Súmula 636 do STJ versa
unicamente sobre a forma de comprovação dos registros criminais que existem contra o réu, ou
seja, ele trata apenas de aspectos formais. Este enunciado não dispõe sobre os registros que se
enquadram ou não juridicamente como “maus antecedentes” ou como “reincidência”. Em outras
palavras, ela não discute o conteúdo do conceito desses institutos. Logo, a Súmula 444 do STJ
não foi afetada e continua sendo plenamente aplicável: “É vedada a utilização de inquéritos policiais
e ações penais em curso para agravar a pena-base”. A Súmula 636 do STJ diz apenas o seguinte: os
registros criminais do réu podem ser comprovados pela “folha de antecedentes”. Os registros
que estão, portanto, na folha de antecedentes são presumivelmente verdadeiros e produzem
efeitos para o processo. A partir daí, se tais registros serão, ou não, considerados como maus
antecedentes ou reincidência não é assunto tratado pela Súmula 636.

Ex: imaginemos que o MP junta, no processo criminal, a folha de antecedentes do réu e que nela
consta a existência de um inquérito instaurado contra ele. Esse documento (folha de antecedentes)
é válido e eficaz para o processo. No entanto, apesar desse registro ser verídico – a folha de
antecedentes comprovou validamente que existe um inquérito contra o réu – isso não servirá para
aumentar a pena-base.

Presunção relativa: Vale ressaltar que a folha de antecedentes faz presunção relativa de
veracidade. Assim, a defesa poderá provar, por exemplo, que alguma informação que ali consta
está incorreta.

Admite-se até mesmo o uso de informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos
tribunais, quando completas, a fim de demonstrar a reincidência do réu:
Para fins de comprovação da reincidência, é necessária documentação hábil que
traduza o cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença
condenatória por crime anterior, mas não se exige, contudo, forma específica para a
comprovação. Desse modo, é possível que a reincidência do réu seja demonstrada com
informações processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais.
STJ. 5ª T. AgRg no HC 448.972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 16/08/18.
STF. 1ª T. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, j. 16/6/20 (Info 982).

O entendimento acima foi além do que prevê que a súmula e afirmou que, mesmo com
informações processuais retiradas da internet, ou seja, um documento menos formal que a
folha de antecedentes, é possível a comprovação da reincidência.

(DPERS-2022-CESPE): Acerca do furto, julgue o item a seguir: Em caso de furto de objeto de


pequeno valor, é facultada ao juiz a aplicação de somente pena de multa, desde que o réu seja
primário, sendo esse requisito subjetivo aferido suficientemente pela simples folha de
antecedentes criminais do réu. BL: art. 155, §2º, CP2 e Súmula 636 do STJ.

(TJAL-2019-FCC): Na aplicação da pena, a folha de antecedentes constitui documento suficiente


para a comprovação de reincidência, não prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a
data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a cinco anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional,
se não ocorrer revogação. BL: S. 636, STJ e art. 64, I, CP.3

2
Art. 155. (...) § 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa;
3
Art. 64. Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação;
Súmula 635: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data
em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma
conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de
caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias
desde a interrupção. (MPM-2021) (TCDF-2021) (TCU-2022)

OBS: Importante.

Processo administrativo disciplinar: Esta súmula trata sobre processo administrativo disciplinar
dos servidores públicos federais. O processo administrativo disciplinar dos servidores públicos
federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.

Processo administrativo disciplinar em sentido amplo: O processo administrativo disciplinar (em


sentido amplo) divide-se em:
• sindicância;
• processo administrativo disciplinar propriamente dito (PAD).

Espécies de sindicância: Existem duas espécies de sindicância:


a) sindicância investigatória (preparatória): instaurada para servir como uma espécie de
investigação prévia do fato. Nela não há contraditório e ampla defesa.
b) sindicância de caráter punitivo (contraditória, acusatória): ocorre quando é instaurada
para julgar o fato, conferindo contraditório e podendo, ao final, aplicar penalidade de
advertência ou suspensão de até 30 dias.

Prescrição da infração administrativa: As infrações disciplinares, assim como as infrações


penais, também estão sujeitas à prescrição. Logo, se a Administração Pública demorar muito
tempo para apurar uma falta cometida pelo servidor, ela perderá o direito de punir. A prescrição
da pretensão punitiva é um direito fundamental do ser humano e está baseado na segurança
jurídica. Somente a CF pode declarar que determinada infração (penal ou administrativa) é
imprescritível (exs.: art. 5º, XLII, XLIV; art. 37, § 5º).

Quais os prazos prescricionais aplicáveis às sanções administrativas? O art. 142 da Lei 8.112/90
prevê os prazos de prescrição disciplinar:
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I — em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II — em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III — em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. (...)
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares
capituladas também como crime.

Veja, de forma mais didática, o tema nesta tabela abaixo:


Tipo de infração Prazo prescricional
Se a sanção prevista para essa infração administrativa for 5 anos
DEMISSÃO, CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA ou
DISPONIBILIDADE e DESTITUIÇÃO de cargo em comissão.
Se a sanção for SUSPENSÃO. 2 anos
Se a sanção for ADVERTÊNCIA. 180 dias
Se a infração administrativa praticada for também CRIME. Será o mesmo prazo da
prescrição penal (art. 109,
CP)

Qual é o termo inicial dos prazos de prescrição das infrações administrativas? Em outras
palavras, quando se iniciam os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei 8.112/90? Na
data em que o fato se tornou conhecido. É o que diz expressamente o § 1º do art. 142:
Art. 142 (...)
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.

Para que o prazo prescricional tenha início, é necessário que a irregularidade praticada pelo
servidor chegue ao conhecimento da autoridade competente para instaurar o PAD ou o prazo já
se inicia caso outras autoridades do serviço público saibam do fato? O termo inicial da
prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o
Processo Administrativo Disciplinar e não a ciência de qualquer autoridade da Administração
Pública:
O art. 142, § 1º da Lei 8.112/90 prevê que o prazo prescricional da ação disciplinar “começa
a correr da data em que o fato se tornou conhecido”. O termo inicial da prescrição é a data
do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) e não a ciência de qualquer autoridade da
Administração Pública. STJ. 1ª S. MS 20.615/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 8/3/17.

Um exemplo para você entender melhor: No dia 02/02, é protocolizado um ofício no Ministério do
Trabalho narrando supostas irregularidades que teriam sido praticadas contra o servidor do
órgão. Ocorre que, por uma falha do protocolo, esse ofício somente é encaminhado ao setor
competente (corregedoria) seis meses depois, ou seja, em 02/08. Neste caso, o termo inicial do
prazo prescricional será 02/08 (e não 02/02). Vejamos:
O mero recebimento de ofício no protocolo do Ministério do Trabalho não pode ser
considerado como conhecimento da autoridade competente para a instauração do
Processo Administrativo Disciplinar. O prazo prescricional somente se inicia no dia em
que a Corregedoria do Ministério do Trabalho recebe a “denúncia” contra o servidor,
considerando que esta é a autoridade competente para instauração do PAD. STJ. 1ª T.
AgInt nos EDcl no AgInt nos EDcl no MS 23.582/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 22/5/19.

Em suma, a 1ª parte da súmula diz o seguinte: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei
nº 8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento
administrativo toma conhecimento do fato.

A fluência desse prazo prescricional sofre alguma interrupção? SIM. A fluência do prazo
prescricional é interrompida com o primeiro ato de instauração válido:
• instauração de sindicância de caráter punitivo (porque aqui tem contraditório); ou
• instauração de processo administrativo disciplinar propriamente dito.

Essa é a redação do § 3º do art. 142:


Art. 142 (...)
§ 3º A abertura de sindicância (obs: de caráter punitivo) ou a instauração de processo
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade
competente.

Eis, portanto a 2ª parte da súmula: “(...) interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido
- sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar (...)”.

O que significa essa “interrupção”? Essa interrupção aqui, na verdade, significa que o prazo é
“zerado” e fica sem correr. Ex: o corregedor do órgão foi informado em 02/02 de que
determinado servidor cometeu uma infração administrativa cuja lei prevê “advertência” como
punição; o prazo prescricional é de 180 dias; no 170º dia, o corregedor instaura uma sindicância de
caráter punitivo; isso significa que o prazo prescricional foi interrompido (“zerado”).

Depois de ser interrompido (“zerado”), o prazo prescricional pode voltar a correr em algum
momento? SIM. Essa interrupção não é definitiva, considerando que, se passarem 140 dias sem
que a sindicância ou o PAD sejam julgados, o prazo prescricional recomeça a correr por inteiro:
STJ. 1ª So. MS 21.669/DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 23/08/2017.

Essa é a 3ª parte da súmula: “(...) e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a
interrupção.”

Por que 140 dias? De onde vem esse prazo? A lei não prevê expressamente esse prazo para a
retomada do prazo prescricional. Trata-se de uma “construção” do STJ. Na verdade, 140 dias é o
prazo máximo fixado pela lei para conclusão e julgamento do PAD a partir de sua instauração
(art. 152 c/c art. 167):
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias,
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.

Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade


julgadora proferirá a sua decisão.

• Prazo para conclusão do PAD: 60 dias prorrogável por mais 60 dias, totalizando 120 dias (art.
152).

• Prazo para decisão: 20 dias.


• Prazo máximo para conclusão e julgamento do PAD: 120 + 20 = 140 dias.

Desse modo, o STJ construiu o seguinte raciocínio:


- a instauração a sindicância de caráter punitivo ou a instauração do processo
administrativo disciplinar interrompem o prazo prescricional. Isso porque demonstram
que o Poder Público não está mais inerte e tomou as providências necessárias.
- ocorre que a lei prevê prazos para que esse procedimento seja concluído.
- se esses prazos são ultrapassados, significa dizer que o Poder Público voltou a ficar
inerte e, então, neste caso, deve o prazo prescricional deve recomeçar por inteiro.

Súmula dividida em três partes:


PARTES FUNDAMENTO
Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 Art. 142, § 1º
iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura
do procedimento administrativo toma conhecimento do fato (...)
(...) interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - Art. 142, § 3º
sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar (...)
(...) e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a Art. 142, § 4º c/c arts. 152 e
interrupção. 167.

Súmula 634: Ao particular APLICA-SE o MESMO REGIME PRESCRICIONAL previsto na lei de


improbidade administrativa para os agentes públicos. (MPGO-2019) (MPCE-2020) (MPMG-2021)

OBS:

Essa súmula continua válida, mas perdeu a relevância com a edição da Lei 14.230/21, que
promoveu alterações no regime de prescrição da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
8.429/92).

O que é prescrição? Se um direito é violado, o titular deste direito passa a ter a pretensão de buscar
judicialmente a reparação do dano (de forma específica ou pelo equivalente em dinheiro). Essa
pretensão, contudo, deve ser exercida dentro de um prazo previsto na lei. Esgotado esse prazo,
extingue-se a pretensão. A extinção dessa pretensão pelo decurso do prazo é chamada de
prescrição. Isso está previsto no art. 189 do Código Civil, valendo como regra geral:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

A prescrição tem como fundamentos a pacificação social e a segurança jurídica. Se não existisse
prazo para o titular do direito exercer a sua pretensão, todas as relações jurídicas seriam sempre
marcadas pela incerteza e instabilidade, considerando que um fato ocorrido há anos ou mesmo
décadas poderia ser questionado. A prescrição está presente nos diversos ramos do Direito,
inclusive no Direito Administrativo.

Prescrição e atos de improbidade administrativa: Os atos de improbidade administrativa, assim


como ocorre com as infrações penais, também estão sujeitos a prazos prescricionais. Logo, caso os
legitimados ativos demorem muito tempo para ajuizar a ação de improbidade administrativa
contra o responsável pelo ato ímprobo, haverá a prescrição e a consequente perda da pretensão
punitiva.

Qual é o prazo prescricional para a propositura de ações de improbidade administrativa?


• Antes da Lei 14.230/21: A Lei previa três incisos no art. 23, um para cada espécie de agente
público:
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas
final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.

E no caso dos terceiros (particulares)? Qual é o prazo prescricional das ações de


improbidade com relação aos particulares (chamados pela lei de “terceiros”)?
O art. 23 da Lei 8.429/92 falhava ao falar sobre uma série de agentes públicos, mas
permanecer silente no que tange ao particular. Isso gerava, portanto, dúvidas. A doutrina e
a jurisprudência, contudo, afirmaram que o prazo deveria ser o mesmo previsto para o
agente público que praticou, em conjunto, o ato de improbidade administrativa. Daí ter
sido editada a Súmula em questão.

• Depois da Lei 14.230/21: 8 anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de
infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência. A redação atual do dispositivo é
a seguinte:
Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos,
contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em
que cessou a permanência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

Desse modo, a súmula 634 permanece válida – com maior razão – considerando que o art. 23
unificou o tratamento da prescrição, não mais fazendo distinção entre agentes públicos.

Hipótese de imprescritibilidade: ressarcimento ao erário em casos de atos de improbidade: A Lei


nº 8.429/92 prevê, em seu art. 12, uma lista de cominações que podem ser aplicadas às pessoas
condenadas por ato de improbidade administrativa. São elas:
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente;
• perda da função pública;
• suspensão dos direitos políticos;
• multa civil; e
• proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios;
• ressarcimento integral do dano (obs: tecnicamente, não se trata de uma sanção/punição,
sendo apenas uma consequência da prática do ato de improbidade).

Uma das cominações acima é imprescritível: o ressarcimento integral do dano. O fundamento para
isso está na parte final do § 5º do art. 37 da CF:
Art. 37 (...)
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.

Vale ressaltar, no entanto, que o STF fez uma “exigência” a mais que não está explícita no art. 37, §
5º da CF. O Supremo afirmou que somente são imprescritíveis as ações de ressarcimento
envolvendo atos de improbidade administrativa praticados DOLOSAMENTE. Assim, se o ato de
improbidade administrativa causou prejuízo ao erário, mas fosse praticado com CULPA (o que
era admitido na hipótese do art. 10 – antes da Lei 14.230/21), então, neste caso, a ação de
ressarcimento seria prescritível e deveria ser proposta no prazo do art. 23 da LIA.

A tese fixada pelo STF foi a seguinte:


São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso
tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig.
Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, j. 08/08/18 (Info 910).

Vale ressaltar que, depois da Lei nº 14.230/2021, só existem atos dolosos de improbidade. Não
existem mais atos culposos de improbidade. Mesmo nos casos do art. 10 da LIA, só se admite a
prática do ato de improbidade se houver dolo.

(MPGO-2019): Em se tratando de prescrição nas ações de responsabilidade por ato de


Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), assinale a alternativa correta: As disposições da Lei
8.429/92 são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou
indireta, destinando-se, ao particular, a mesma sistemática cabível aos agentes públicos, para fins
de prescrição. BL: art. 3º, LIA e S. 634, STJ.

Súmula 633: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para
REVISÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS, no âmbito da administração pública federal, PODE
SER APLICADA DE FORMA SUBSIDIÁRIA aos Estados e municípios SE INEXISTENTE norma
local e específica regulando a matéria. (TJPA-2019) (PF-2021) (MPSP-2019/2022) (TJSC-2022) (MPTO-2022)
(PGDF-2022)

OBS: Importante.

A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais? SIM. Trata-
se do princípio da autotutela (ou poder de autotutela), segundo o qual a Administração tem o
poder-dever de controlar seus próprios atos, com a possibilidade de anular aqueles que forem
ilegais e revogar os que se mostrarem inconvenientes ou inoportunos, sem precisar recorrer ao
Poder Judiciário. Existem duas súmulas do STF que preveem esse princípio:
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.

Necessidade de garantir contraditório e ampla defesa para se realizar a autotutela : A


prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não prescinde (não
dispensa) a instauração de processo administrativo no qual sejam assegurados o contraditório e
a ampla defesa. Assim, a Administração deve dar oportunidade ao interessado para que ele se
manifeste sobre a ilegalidade que foi a princípio detectada:
A Administração, à luz do princípio da autotutela, tem o poder de rever e anular seus
próprios atos, quando detectada a sua ilegalidade, consoante reza a Súmula 473/STF.
Todavia, quando os referidos atos implicam invasão da esfera jurídica dos interesses
individuais de seus administrados, é obrigatória a instauração de prévio processo
administrativo, no qual seja observado o devido processo legal e os corolários da ampla
defesa e do contraditório. STJ. 1ª T. AgInt no AgRg no AREsp 760.681/SC, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 3/6/19.

É necessária a prévia instauração de procedimento administrativo, assegurados o


contraditório e a ampla defesa, sempre que a Administração, exercendo seu poder de
autotutela, anula atos administrativos que repercutem na esfera de interesse do
administrado. STF. 1ª T. RE 946481 AgR, Rel. Min Roberto Barroso, j. 18/11/16.

Ao Estado é facultada a revogação de atos que repute ilegalmente praticados; porém, se de


tais atos já decorreram efeitos concretos, seu desfazimento deve ser precedido de regular
processo administrativo. STF. Plenário. RE 594296, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 21/09/11
(repercussão geral).

Lei 9.784/99 e prazo decadencial para o exercício da autotutela: A Lei 9.784/99 regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Esta Lei prevê expressamente a
possibilidade de o Poder Público exercer a autotutela:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.

Logo, em seguida, a Lei 9.784/99 estabelece um prazo decadencial para a revisão de atos
administrativos no âmbito da Administração Pública federal, ou seja, um prazo para o exercício da
autotutela.

 Qual o prazo de que dispõe a Administração Pública federal para anular um ato administrativo
ilegal?
Regra 5 anos, contados da data em que o ato foi praticado.
Em caso de má-fé.
Exceção 1 Se ficar comprovada a má-fé, não haverá prazo, ou seja, a Administração Pública
poderá anular o ato administrativo mesmo que já tenha se passado mais de 5 anos.
Exceção 2 Em caso de afronta direta à Constituição Federal.
O prazo decadencial de 5 anos do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato
a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal.
Trata-se de exceção construída pela jurisprudência do STF. Não há previsão na lei
desta exceção 2.
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).

O prazo decadencial para a revisão dos atos administrativos no âmbito da Administração Pública
federal está previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.

Estados e Municípios podem dispor de forma diferente da Lei nº 9.784/99: Os Estados e Municípios
possuem autonomia (art. 18 da CF). Uma das decorrências da autonomia dos Estados e
Municípios é a capacidade que eles possuem de editar suas próprias normas. Desse modo,
Estados e Municípios podem editar leis dizendo como será o processo administrativo na
Administração Pública estadual ou municipal. Em outras palavras, assim como a União fez a Lei
9.784/99, Estados e Municípios também podem editar suas próprias leis de processo
administrativo. Nessa lei estadual ou municipal poderá ser previsto um prazo diferente da Lei
nº 9.784/99. Exemplo: o Estado do Mato Grosso editou a Lei 7.692/02 no qual estabeleceu que “o
direito de a Administração Pública Estadual invalidar os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em 10 (dez) anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má fé” (art. 26). Portanto, tenha atenção quando fizer concurso para a PGE ou PGM
porque algumas leis estaduais ou municipais estabelecem prazos maiores, normalmente 10 anos.

E se o Estado ou o Município não estipular um prazo em sua legislação? Se não houver lei
estadual ou municipal fixando um prazo para o exercício da autotutela, será possível aplicar, por
analogia integrativa, o prazo de 5 anos do art. 54 da Lei 9.784/99? SIM. É isso que preconiza a
súmula 633 do STJ.

Qual é o fundamento para essa aplicação? Os princípios da razoabilidade e da


proporcionalidade. Se não houvesse a aplicação do prazo da Lei 9.784/99, a Administração
Pública estadual ou municipal que não editasse a sua lei ficaria, em tese, completamente livre
para exercer a autotutela a qualquer tempo. Isso, contudo, seria uma afronta à segurança
jurídica. Confira:
Com vistas nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o STJ tem admitido
a aplicação, por analogia integrativa, da Lei Federal 9.784/99, que disciplina a decadência
quinquenal para revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública
federal, aos Estados e Municípios, quando ausente norma específica, não obstante a
autonomia legislativa destes para regular a matéria em seus territórios. STJ. 2ª T. AgRg
no AREsp 345831 PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 9/6/16.

Vale ressaltar que, se houver lei local disciplinando o processo administrativo, não se aplica a
Lei 9.784/99. A aplicação da Lei federal é subsidiária, ou seja, apenas e unicamente se não existir
norma local e específica que regule a matéria (STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 393378 DF, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 06/02/2014).

Em suma: O art. 54 da Lei 9.784/99 prevê que a Administração Pública federal possui o prazo de 5
anos para anular um ato administrativo ilegal, salvo comprovada má-fé (quando, então, não
haverá prazo). Trata-se de um prazo para o exercício da autotutela. A Lei 9.784/99, em princípio,
deveria regular apenas e unicamente o processo administrativo no âmbito da Administração
Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos Estados e dos Municípios deve
ser tratado por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes, em virtude da
autonomia legislativa que gozam para regular a matéria em seus territórios. No entanto, o STJ
entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão de prazo
decadencial para a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o
art. 54 da Lei 9.784/99. Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.

(PGDF-2022-CESPE): Acerca do processo administrativo disciplinar, julgue o item seguinte,


considerando o entendimento dos tribunais superiores sobre a matéria: A Lei n.º 9.784/1999,
especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de atos administrativos no
âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos estados e
municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria. BL: S. 633, STJ.
(TJPA-2019-CESPE): A respeito da revisão de atos administrativos, assinale a opção correta: Se
inexistente norma estadual sobre o prazo decadencial para a anulação de ato, pode o
administrador, subsidiariamente, utilizar norma federal que trate do assunto. BL: S. 633, STJ.

(MPSP-2019): Com relação ao processo administrativo, assinale a alternativa correta: A Lei


9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de atos
administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma
subsidiária, aos Estados e Municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria.
BL: S. 633, STJ.

Súmula 632: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil a correção monetária sobre
indenização securitária INCIDE a partir da contratação até o efetivo pagamento. (TJAP-2022) (TJSP-
2023)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: Em 5/5/15, João faz um seguro de vida em favor de seu
filho Lucas. A apólice do seguro previa que a seguradora deveria pagar R$ 100 mil ao beneficiário
em caso de morte do segurado. Esses R$ 100 mil é a indenização securitária. Em 8/8/18, João
faleceu. Isso significa que a seguradora terá que pagar a indenização securitária a Lucas. Ocorre
que a seguradora, alegando descumprimento de certas obrigações contratuais, não efetuou
espontaneamente o pagamento da indenização securitária. Diante disso, em 2/2/19, Lucas teve
que ajuizar uma ação de cobrança, que foi julgada procedente, tendo o juiz condenado a
seguradora a pagar a indenização securitária.

A seguradora terá que pagar o valor da indenização securitária (R$ 100 mil) acrescida de correção
monetária? SIM.

Qual é o termo inicial dessa correção monetária? Ela será calculada a partir de quando? A data
da contratação. Os valores da cobertura do seguro de vida devem ser acrescidos de correção
monetária contada a partir da data em que celebrado o contrato entre as partes (em nosso,
exemplo, 05/05/2015).

A incidência da correção monetária termina quando? Somente no dia em que a indenização for
efetivamente paga. Assim, o termo inicial é o dia da contratação e o termo final o efetivo
pagamento. O objetivo disso é preservar o valor aquisitivo (“poder de compra”) do valor
contratado. Nesse sentido:
A correção monetária incide desde a data da celebração do contrato até o dia do efetivo
pagamento do seguro, pois a apólice deve refletir o valor contratado atualizado. STJ. 3ª T.
AgRg no REsp 1328730/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21/06/16.

O juiz deve condenar a seguradora a pagar também juros de mora? Eles são contados desde
quando? SIM. Nas ações que buscam o pagamento de indenização securitária, os juros de mora
devem incidir a partir da data da citação da seguradora, visto se tratar de eventual ilícito
contratual. STJ. 4ª T. AgInt no AREsp 1167778/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 7/12/17.

Por que a súmula fala em “contratos de seguro regidos pelo Código Civil”? Apenas para deixar
claro que não se está tratando aqui da indenização decorrente do seguro DPVAT, que é regido
pela Lei nº 6.194/74. A correção monetária do seguro DPVAT possui regra própria, consagrada
em enunciado do STJ:
Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou
invalidez, prevista no § 7º do art. 5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº
11.482/2007, incide desde a data do evento danoso.

Súmula 631: O INDULTO EXTINGUE os efeitos primários da condenação (pretensão executória),


mas NÃO ATINGE os efeitos secundários, penais ou extrapenais. (TJAL-2019) (PCES-2019) (MPCE-2020)
(MPRS-2021) (MPSC-2021) (DPERJ-2021) (PGECE-2021) (PCPA-2021) (MPSP-2022) (TJMS-2023)

OBS: Importante.

Efeitos da condenação: A sentença penal condenatória, depois de transitada em julgado, produz


diversos efeitos. Os efeitos da condenação podem se dividir em:
1) Efeitos PRINCIPAIS (PRIMÁRIOS) da condenação;
2) Efeitos SECUNDÁRIOS da condenação.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO
O efeito principal (primário) da condenação é impor ao condenado uma
1) PRINCIPAIS sanção penal.
(PRIMÁRIOS) Efeito principal (primário) = sanção penal.
A sanção penal divide-se em: a) pena; b) medida de segurança.
2.1) PENAIS
Alguns exemplos: reincidência (art. 63), causa de revogação do sursis (art. 77, I
e § 1º), causa de revogação do livramento condicional (art. 86), causa de
conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 44, §
5º), impossibilita a transação penal e concessão de suspensão condicional do
2) SECUNDÁRIOS processo (arts. 76 e 89 da Lei nº 9.099/95) etc.
2.2) EXTRAPENAIS
a) Genéricos: art. 91 do CP;
b) Específicos: art. 92 do CP;
c) Previstos em “leis” especiais (exs: art. 15, III, CF; art. 83 da Lei de Licitações;
art. 181, da Lei de Falências).

Anistia, graça e indulto:


- são formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir;
- classificam-se como causas de extinção da punibilidade (art. 107, II, CP);
- a anistia, a graça e o indulto são concedidas pelo Poder Legislativo (no primeiro caso) ou pelo
Poder Executivo (nos dois últimos), mas somente geram a extinção da punibilidade com a decisão
judicial;
- podem atingir crimes de ação penal pública ou privada.

GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
É um benefício concedido pelo Concedidos por Decreto do Presidente da República.
Congresso Nacional, com a sanção do
Presidente da República (art. 48, VIII, Apagam o efeito executório da condenação.
CF), por meio do qual se “perdoa” a
prática de um fato criminoso. A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
Normalmente, incide sobre crimes • Procurador Geral da República;
políticos, mas também pode abranger • Advogado Geral da União;
outras espécies de delito. • Ministros de Estado.
É concedida por meio de uma lei federal Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.
Pode ser concedida: Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios
• antes do trânsito em julgado (anistia só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da
própria); condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada
• depois do trânsito em julgado (anistia dia mais superado, considerando que o indulto natalino,
imprópria). por exemplo, permite que seja concedido o benefício
desde que tenha havido o trânsito em julgado para a
acusação ou quando o MP recorreu, mas não para
agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto
7.873/2012).
Classificação: Classificação:
a) Propriamente dita: quando concedida a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
antes da condenação. b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena
b) Impropriamente dita: quando (comutação).
concedida após a condenação.
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer
a) Irrestrita: quando atinge condição.
indistintamente todos os autores do fato b) Condicionado: quando impõe condição para sua
punível. concessão.
b) Restrita: quando exige condição
pessoal do autor do fato punível. Ex.: a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige
exige primariedade. primariedade.
b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do
a) Incondicionada: não se exige agente.
condição para a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para
a sua concessão. Ex.: reparação do dano.

a) Comum: atinge crimes comuns.


b) Especial: atinge crimes políticos.
Extingue os efeitos penais (principais e Só extinguem o efeito principal do crime (a sanção
secundários) do crime. penal).
Os efeitos de natureza civil permanecem Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza
íntegros. civil permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se O réu condenado que foi beneficiado por graça ou
cometer novo crime, não será indulto, se cometer novo crime, será reincidente.
reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir- É um benefício individual É um benefício coletivo
se somente a fatos, atinge apenas os que (com destinatário certo). (sem destinatário certo).
o cometeram. Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).

Vale ressaltar que a concessão do indulto está inserida no exercício do poder discricionário do
Presidente da República (STF. ADI 2.795-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa).

Indulto extingue apenas os efeitos principais da condenação: O indulto extingue apenas os efeitos
primários da condenação (pretensão executória). Dito de forma bem simples: o indulto extingue
somente a pena ou a medida de segurança. O indulto não atinge os efeitos secundários (penais ou
extrapenais):
A concessão do indulto afasta o efeito principal decorrente da condenação, qual seja, o
próprio cumprimento da pena anteriormente fixada pela sentença condenatória. No
entanto, os efeitos secundários da condenação, tais como aqueles elencados no art. 91 do
Código Penal, mas não a eles restritos, não são afetados pela concessão do indulto, ante a
inexistência de previsão legal neste sentido, restando mantidas, assim, as devidas
anotações junto aos cartórios e ofícios distribuidores acerca da existência do feito. STJ. 5ª T.
AgInt no RHC 66.190/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 12/03/2019.

A extinção da punibilidade pelo indulto não afasta os efeitos da condenação, dentre eles a
reincidência, uma vez que só atinge a pretensão executória. STJ. 6ª T. AgRg no HC
409.588/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 12/12/2017.

Exemplos de situações que não serão afetadas mesmo tendo havido o indulto:
• as anotações do crime continuarão nos cartórios e ofícios distribuidores;
• nome do condenado continua incluído no “rol dos culpados”;
• a condenação que foi objeto de indulto continua tendo força para gerar reincidência (a
reincidência não é afastada com a concessão do indulto);
• se o indivíduo havia sido condenado a perder bens e valores, o indulto não irá alterar isso;
• condenado continua com a obrigação de indenizar a vítima.

Não confundir:
ANISTIA GRAÇA E INDULTO
Extingue o efeito primário da condenação Extingue o efeito primário da condenação
(pretensão executória). (pretensão executória).

Extingue também os efeitos secundários penais NÃO extingue os efeitos secundários penais da
da condenação (ex: reincidência). condenação.
Não extingue os efeitos secundários extrapenais NÃO extingue os efeitos secundários extrapenais
da condenação (ex: tornar certa a obrigação de da condenação (ex: tornar certa a obrigação de
indenizar, perda da função pública). Os efeitos indenizar, perda da função pública). Os efeitos
de natureza civil permanecem íntegros. de natureza civil permanecem íntegros.

Dito de outro modo:


• Efeitos primários da condenação: anistia, graça e indulto extinguem.

• Efeitos secundários penais: anistia extingue; graça e indulto não extinguem.

• Efeitos secundários extrapenais: não são extintos seja pela anistia, graça ou indulto.

Como o tema já foi cobrado em concursos:


 (Oficial de Justiça - TJAL - FGV - 2018) O indulto gera a extinção dos efeitos penais
primários, mas não os secundários, permanecendo íntegros, também, os efeitos civis da
condenação (CERTO).
 (Promotor de Justiça - MPE- PR - 2016) O indulto extingue a pena e seus efeitos
secundários (penais e extrapenais) (ERRADO).

(TJMS-2023-FGV): Em relação à anistia, graça e indulto, é correto afirmar que: o indulto é


concedido mediante decreto do presidente da República, podendo extinguir pena ou medida de
segurança. BL: S. 631, STJ.

#Atenção: O indulto é concedido mediante decreto do presidente da República, nos termos do art.
84, XII, do CF.4 Além disso, o efeito principal (primário) da condenação é impor ao condenado
uma sanção penal, isto é, efeito principal (primário) = sanção penal. Cumpre ressaltar que a
sanção penal se divide em: a) pena; b) medida de segurança. Desse modo, o indulto só poderá
extinguir o efeito principal do crime - a sanção penal -, na qual compreende a pena e a medida de
segurança.

Súmula 630: A incidência da atenuante da CONFISSÃO ESPONTÂNEA no crime de tráfico ilícito


de entorpecentes EXIGE o reconhecimento da traficância pelo acusado, NÃO BASTANDO a mera
admissão da posse ou propriedade para uso próprio. (TJAL-2019) (MPGO-2019) (MPCE-2020) (MPSC-2021)
(DPEBA-2021) (DPERR-2021) (Cartórios/TJMS-2021) (TJAP-2022) (TJMA-2022) (MPSP-2022) (DPERS-2022)

OBS: Importante.

NOÇÕES GERAIS SOBRE A CONFISSÃO


Confissão espontânea: atenuante: A confissão espontânea é atenuante genérica prevista no art. 65,
III, “d”, do CP:
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III — ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;

Como se trata de atenuante, a confissão serve para diminuir a pena do condenado, o que é feito na
2ª fase da dosimetria da pena.

Confissão parcial: A confissão parcial ocorre quando o réu confessa apenas parcialmente os fatos
narrados na denúncia. Ex.: o réu foi denunciado por furto qualificado pelo rompimento de
obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP). Ele confessa a subtração do bem, mas nega que tenha
arrombado a casa.

Se a confissão foi parcial  e o juiz a considerou  no momento da condenação, este magistrado
deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena? SIM. Se a confissão, ainda que
parcial, serviu de suporte para a condenação, ela deverá ser utilizada como atenuante (art. 65, III,
“d”, do CP) no momento de dosimetria da pena. Incide a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do
CP, independe se a confissão foi integral ou parcial, quando o magistrado a utilizar para
fundamentar a condenação. Mesmo nas hipóteses de confissão qualificada ou parcial, deve
incidir a atenuante prevista no art. 65. III, “d”, do Código Penal, se os fatos narrados pelo autor
influenciaram a convicção do julgador. Essa é a inteligência da Súmula 545 do STJ. STJ. 5ª Turma.
HC 450.201/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 21/03/2019.

Confissão qualificada: A confissão qualificada ocorre quando o réu admite a prática do fato, no
entanto, alega em sua defesa um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena. Ex: eu
matei sim, mas foi em legítima defesa.
 Atenção: por serem muito próximos os conceitos, alguns autores apresentam a confissão
parcial e a qualificada como sinônimas.

Se a confissão foi qualificada  e o juiz a considerou no momento da condenação , este magistrado


deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena?
 Para o STJ: SIM.
Não é possível desmerecer a confissão daquele que efetivamente contribui para a
elucidação dos fatos supostamente delituosos, ainda que agregando teses defensivas.
Nos casos em que a confissão do acusado servir como um dos fundamentos para a
condenação, deve ser aplicada a atenuante em questão, pouco importando se a confissão
foi espontânea ou não, se foi total ou parcial, ou mesmo se foi realizada só na fase
4
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XII - conceder indulto e comutar penas,
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; (...) Parágrafo único. O Presidente da
República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão
os limites traçados nas respectivas delegações.
policial, com posterior retratação em juízo. Quando a confissão for utilizada para a
formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III,
“d”, do Código Penal (Súmula 545/STJ), sendo indiferente que a admissão da autoria
criminosa seja parcial, qualificada ou acompanhada de alguma causa excludente de
ilicitude ou culpabilidade. STJ. 5ª T. HC 450.201/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 21/3/19. STJ.
6ª T. AgInt no REsp 1775963/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 7/5/19.

 O STF possui julgados em sentido contrário, vejamos:


(...) A confissão qualificada não é suficiente para justificar a atenuante prevista no art. 65,
III, “d”, do Código Penal (...) STF. 1ª T. HC 119671, Rel. Min. Luiz Fux, j. 0/11/13.

Atenção: Como o último julgado do STF sobre o tema é relativamente antigo (2013), em provas, é
mais provável que seja cobrado o entendimento do STJ. Fique atenta(o), contudo, à redação do
enunciado.

Confissão retratada: A chamada confissão retratada ocorre quando o agente confessa a prática do
delito e, posteriormente, se retrata, negando a autoria. Ex: durante o inquérito policial, João
confessa o crime, mas em juízo volta atrás e se retrata, negando a imputação e dizendo que foi
torturado pelos policiais. O agente confessa na fase do inquérito policial e, em juízo, se retrata,
negando a autoria. O juiz condena o réu fundamentando sua sentença, dentre outros argumentos
e provas, na confissão extrajudicial.

Se a confissão foi retratada e o juiz a considerou no momento da condenação , este magistrado


deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena?
 Para o STJ: SIM.
Se a confissão do réu foi utilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a
condenação, deve incidir a atenuante prevista no art. 65, III, "d", do Código Penal, sendo
irrelevante o fato de que tenha havido posterior retratação, ou seja, que o agente tenha
voltado atrás e negado o crime. STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1712556/SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, j. 11/06/2019.

 Existem alguns julgados do STF em sentido contrário:


A retratação em juízo da anterior confissão policial obsta a invocação e a aplicação
obrigatória da circunstância atenuante referida no art. 65, inc. III, alínea ‘d’, do Código
Penal (STF. 2ª T. HC 118375, Rel.  Min. Cármen Lúcia, j. 8/4/14.

Em suma, na sentença, o juiz poderá utilizar a confissão parcial, a confissão qualificada ou a


confissão com retratação posterior para, em conjunto com outras provas, condenar o réu? SIM.

Neste caso, o juiz deverá aplicar a atenuante do art. 65, III, “d”, do CP? SIM. Para o STJ, é
irrelevante que a confissão tenha sido parcial ou total, condicionada ou irrestrita, com ou sem
retratação posterior. Se a confissão foi utilizada pelo juiz como fundamento para a condenação,
deverá incidir a atenuante do art. 65, III, “d”, do Código Penal.

Entendimento sumulado: O STJ resumiu seus entendimentos sobre a confissão com a súmula 545:
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do
julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.

Desse modo, a Súmula 545 do STJ vale tanto para casos de confissão parcial, de confissão
qualificada e confissão com retratação posterior. Em suma, se o juiz utilizou a confissão como
fundamento (elemento de argumentação) para embasar a condenação, ele, obrigatoriamente,
deverá aplicar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do CP. A confissão é um fato processual
que gera um ônus e um bônus para o réu. O ônus está no fato de que isso será utilizado contra ele
como elemento de prova no momento da sentença. O bônus foi concedido pela lei e consiste na
atenuação de sua pena. Para o STJ, não seria justo que o magistrado utilizasse a confissão apenas
para condenar o réu, sem lhe conferir o bônus, qual seja, o reconhecimento da confissão.

CONFISSÃO, TRÁFICO DE DROGAS E POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PRÓPRIO


Imagine a seguinte situação hipotética: João foi preso, em uma viagem de ônibus, com uma
grande quantidade de cocaína em sua mochila. O MP denunciou João pela prática do crime do art.
33 da Lei 11.343/06. No interrogatório, João admitiu que a droga era sua, mas alegou que ela seria
utilizada exclusivamente para seu próprio consumo. Disse, em suma, que é usuário de drogas,
afirmando ter adquirido o entorpecente em grande quantidade para evitar ter que ir várias vezes à
“boca-de-fumo”. A defesa alegou que João deveria ser condenado pela prática do crime previsto
no art. 28 da Lei 11.343/06:
Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

O juiz, contudo, não acolheu o pedido e condenou o réu por tráfico de drogas, nos termos do art.
33:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa.

Suponhamos que, na sentença, havia um trecho dizendo o seguinte: “não há dúvidas de que a
droga pertencia ao acusado, considerando que ele próprio confessa que a bolsa sua”. Neste caso,
como o réu admitiu a propriedade da droga, ele terá direito à atenuante da confissão espontânea
ao ser condenado por tráfico? NÃO. Isso porque ele confessou a posse da droga para fins de
consumo (e não para tráfico). A atenuante da confissão espontânea pressupõe que o réu
reconheça a autoria do fato típico que lhe é imputado. Ocorre que, no caso, o réu não admitiu a
prática do tráfico, pois afirmou que a droga era exclusivamente para seu consumo próprio,
numa clara tentativa de desclassificar a sua conduta para o crime do art. 28 da Lei nº
11.343/2006. Nesse caso, em que se nega a prática do tipo penal apontado na peça acusatória, não é
possível o reconhecimento da circunstância atenuante. Para o STJ, não incide a atenuante da
confissão espontânea quando o réu não admite a autoria do exato fato criminoso que lhe é
imputado:
O reconhecimento da atenuante genérica prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal exige
que o réu confesse os fatos pelos quais está sendo devidamente processado. STJ. 6ª T. HC
326.526/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, j. 4/4/17.

Em se tratando do crime de tráfico de entorpecentes, a confissão espontânea do acusado


que admite a propriedade da droga, no entanto afirma ser destinada a consumo próprio,
sendo mero usuário, impossibilita o reconhecimento da atenuante prevista no art. 65,
inciso III, alínea “d”, do CP. STJ. 5ª T. HC 488.991/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j.
26/3/19.

Sabe-se que nos casos em que a confissão do agente é utilizada como fundamento para
embasar a conclusão condenatória, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do
CP, deve ser aplicada em seu favor, pouco importando se a admissão da prática do ilícito
foi espontânea ou não, integral ou parcial ou se houve retratação posterior em juízo.
Entretanto, in casu, não obstante o agravante tenha admitido a propriedade da droga, não
reconheceu a traficância, afirmando que o estupefaciente encontrado seria para uso
pessoal, sendo, portanto, insuficiente para reconhecer a incidência da referida atenuante.
STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1308356 MG, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 7/8/18.

Vale ressaltar que não se pode dizer que houve confissão parcial neste caso porque o réu
admitiu a prática de um fato diferente:
(...) a incidência da atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65, III, alínea d, do
Código Penal, no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da
traficância pelo acusado, não sendo apta para atenuar a pena a mera admissão da
propriedade para uso próprio. Nessa hipótese, inexiste, nem sequer parcialmente, o
reconhecimento do crime de tráfico de drogas, mas apenas a prática de delito diverso. (...)
STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1408971/TO, Rel. Min. Felix Fischer, j. 07/05/2019.

Não confundir:
Réu confessa a prática de outro tipo penal
Confissão parcial
diverso daquele narrado na denúncia.
Réu confessa apenas parcialmente os fatos Ex.: réu é acusado de tráfico de drogas (art. 33 da
narrados na denúncia. LD); ele confessa que a droga era sua, negando,
Ex.: réu foi acusado de furto qualificado; porém, a traficância. Isso significa que ele
confessa a prática do furto, mas nega a confessou a prática de um outro crime, qual seja,
qualificadora do rompimento de obstáculo. o porte para consumo pessoal (art. 28 da LD).
Deverá incidir a atenuante da confissão Não deverá incidir a atenuante da confissão
espontânea (STJ HC 328.021-SC). espontânea, considerando que o réu não
reconheceu a autoria do fato típico imputado.

O entendimento da súmula 630 do STJ também é adotado pelo STF:


Não é de se aplicar a atenuante da confissão espontânea para efeito de redução da pena se
o réu, denunciado por tráfico de droga, confessa que a portava para uso próprio. STF. 1ª
T. HC 141487, Rel.  Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Ac. Min. Rosa Weber, julgado em
04/12/2018.

Admitir-se a incidência da atenuante genérica da confissão (CP, art. 65, III, d), com a
consequência de redução da pena, quando as próprias declarações do condenado não
coincidiram com o propósito maior do instituto, o de facilitar a atuação da justiça criminal,
representaria, por certo, verdadeiro contrassenso. No caso, o paciente assumiu a
propriedade da substância entorpecente para fins de consumo próprio, dissimulando o
propósito da traficância, reconhecido ulteriormente em sentença condenatória. STF. 2ª T.
HC 135345, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/10/2016.

O entendimento da súmula 630 do STJ não é aplicável para situações envolvendo roubo e furto :
MP oferece denúncia contra o acusado imputando-lhe a prática de roubo. O réu se defende
admitindo a subtração, mas negando o emprego de violência ou grave ameaça. Em outras
palavras, o acusado admitiu a prática de um furto (e não de roubo). Nesses casos, o STJ tem
admitido a incidência da atenuante afirmando que se está diante de confissão parcial:
Embora a simples subtração configure crime diverso - furto -, também constitui uma das
elementares do delito de roubo - crime complexo, consubstanciado na prática de furto,
associado à prática de constrangimento, ameaça ou violência, daí a configuração de
hipótese de confissão parcial. STJ. 5ª T. HC 299.516/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, j. 21/6/18. STJ. 6ª T. AgRg no HC 452.897/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 7/8/18.

(TJMA-2022-CESPE): No crime tipificado no art. 33 da Lei 11.343/06, o fato de o agente admitir


que possuía a droga no momento da apreensão pela polícia, sem, contudo, confessar que a droga
era para eventual prática de tráfico de drogas, não constitui nenhuma circunstância que altere a
pena. BL: S. 630, STJ.

#Atenção: Desse modo, se o agente admite que possuía drogas, porém, não confessa que é para o
tráfico ilícito de entorpecentes, não poderá ser beneficiado pela confissão espontânea – majorante
prevista no artigo 65, III, d, do CP (utilizada na segunda fase da dosimetria da pena).

(MPSC-2021-CESPE): Considerando a legislação especial, julgue o item a seguir: Agente


denunciado por tráfico de drogas que confesse o porte da substância para consumo próprio, caso
venha a ser condenado pela conduta imputada, não terá a seu favor o benefício da atenuante da
confissão. BL: S. 630, STJ.

(MPCE-2020-CESPE): Flávio, processado e condenado pela prática de delito de tráfico ilícito de


entorpecentes, confessou, em interrogatório judicial, que possuía a droga para consumo próprio.
Nesse caso, a confissão feita por Flávio em juízo, ainda que parcial, não deve servir como
circunstância atenuante da confissão espontânea para fins de diminuição de pena. BL: S. 630, STJ.

Súmula 629: Quanto ao DANO AMBIENTAL, É ADMITIDA a condenação do réu à obrigação de


fazer ou à de não fazer CUMULADA com a de indenizar. (TJRO-2019) (MPMG-2019) (MPSC-2019) (PGM-
Campo Grande/MS-2019) (MPAP-2021) (PGEAL-2021) (TJRS-2022)

OBS: Importante.

Imagine que determinada empresa causou grave dano ambiental. O MP (ou outro legitimado)
poderá ajuizar ação civil pública pedindo que essa empresa seja condenada a recompor o meio
ambiente (obrigação de fazer)? SIM.

Além disso, é possível que, na ACP, seja pedida a condenação da empresa ao pagamento de danos
morais em favor da coletividade (obrigação de indenizar)? Em outras palavras, em caso de dano
ambiental, é cabível a cumulação da obrigação de fazer (ou não fazer) com a obrigação de
indenizar? SIM. É perfeitamente possível que o poluidor seja condenado, cumulativamente, a
recompor o meio ambiente e a pagar indenização pelos danos causados. Isso porque vigora, em
nosso sistema jurídico, o princípio da reparação integral do dano ambiental, de modo que o
infrator deverá ser responsabilizado por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva ,
permitindo-se que haja a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.

Lei 7.347/85 (Lei da ACP): O art. 3º da Lei 7.347/85 afirma que a ACP “poderá ter por objeto a
condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”. Para o STJ, essa
conjunção “ou” – contida no citado artigo, tem um sentido de adição (soma), não representando
uma alternativa excludente. Em outras palavras, será possível a condenação em dinheiro e
também ao cumprimento de obrigação de fazer/não fazer.
Veja precedente nesse sentido:
(...) Segundo a jurisprudência do STJ, a logicidade hermenêutica do art. 3º da Lei 7.347/85
permite a cumulação das condenações em obrigações de fazer ou não fazer e indenização
pecuniária em sede de ação civil pública, a fim de possibilitar a concreta e cabal reparação
do dano ambiental pretérito, já consumado. Microssistema de tutela coletiva. (...) STJ. 2ª
Turma. REsp 1269494/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 24/09/2013.

Cumpre esclarecer que não há “bis in idem” neste caso, considerando que as condenações
possuem finalidades e naturezas diferentes. Vale ressaltar, por fim, que, apesar dessa
possibilidade existir em tese, a condenação, no caso concreto, e o seu eventual valor dependerão
da situação:
O STJ tem entendimento consolidado segundo o qual é possível a cumulação de
obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar nos casos de lesão ao meio ambiente,
contudo, a necessidade do cumprimento de obrigação de pagar quantia deve ser aferida
em cada situação analisada. STJ. 1ª T. AgInt no REsp 1538727/SC, Rel. Min. Regina Helena
Costa, j. 07/08/18.

(TJPA-2019-CESPE): Associação civil de defesa do meio ambiente fundada em 2015 propôs uma
ação civil pública contra determinada indústria de produção de vinagre que causara grave
degradação ambiental. Na ação, solicita-se a condenação da obrigação de fazer, materializada na
limpeza do rio, cumulada com a de reparar os danos causados ao rio, em razão da morte de duas
toneladas de peixes. Nessa situação hipotética, segundo a jurisprudência do STJ, a associação civil
de defesa do meio ambiente pleiteou corretamente, cumulativa e simultaneamente, a obrigação de
fazer e a de reparar os danos causados ao rio. BL: S. 629, STJ.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ: #MPGO-2016: #TJRO-2019: #TJPA-2019: #PGEAL-2021:


#CESPE: #VUNESP: Tese 01: Admite-se a condenação simultânea e cumulativa das obrigações de
fazer, de não fazer e de indenizar na reparação integral do meio ambiente.

Súmula 628: A TEORIA DA ENCAMPAÇÃO É APLICADA no mandado de segurança quando


presentes, CUMULATIVAMENTE, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico
entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b)
manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de
competência estabelecida na Constituição Federal. (DPEPR-2017) (PGESC-2018) (TJPR-2019) (TJRO-2019)
(TJSC-2019) (MPGO-2019) (MPPR-2019) (MPSC-2019) (MPAP-2021) (PCMS-2021) (MPAC-2022) (MPTO-2022) (TRF4-
2022) (PGDF-2022) (TJDFT-2023) (TCEES-2023)

OBS: Importante.

Autoridade coatora: O MS é impetrado contra o ato de uma autoridade coatora. Nesse sentido,
veja o que diz o art. 5º, LXIX, da CF:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

No mesmo sentido é a redação da Lei do Mandado de Segurança (Lei 12.016/09):


Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de
poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.
§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de
partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes
de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público,
somente no que disser respeito a essas atribuições.
E quem é a autoridade coatora, no caso concreto? Considera-se autoridade coatora:
• a pessoa que praticou o ato impugnado; ou
• a pessoa da qual emanou a ordem para a sua prática (pessoa que mandou o ato ser praticado).

Petição inicial: Na petição inicial do MS deverá ser expressamente indicada quem é a autoridade
coatora:
Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei
processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a
primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

Indicação errada da autoridade coatora: A Administração Pública é cheia de meandros, setores,


gerências, departamentos e outros subdivisões, de forma que nem sempre é uma tarefa fácil
identificar, com exatidão, quem foi o responsável pela ordem. Diante disso, na prática, verificava-
se que o indivíduo impetrava o mandado de segurança indicando, por exemplo, como autoridade
coatora, o diretor de determinado departamento da Secretaria de Estado. Nas informações do
mandado de segurança, este diretor vinha dizendo que a indicação da autoridade foi errada,
considerando que o responsável pelo ato seria o subdiretor. Ao final, a autoridade pedia que o
mandado de segurança fosse extinto sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva.

Teoria da encampação: Situações como a acima expostas, não se revelam razoáveis, tendo em vista
que o mandado de segurança é um remédio constitucional idealizado para a garantia de direitos,
não podendo seu acesso ser inviabilizado por dificuldades burocráticas de se identificar o
verdadeiro autor do ato impugnado na Administração Pública. Diante desse cenário, há muitos
anos, a doutrina e a jurisprudência idealizaram a chamada “teoria da encampação”, por meio da
qual se busca relativizar esse “erro” na indicação da autoridade coatora, desde que cumpridos
determinados requisitos.

Primeiros precedentes: Essa teoria da encampação não se encontra expressamente


regulamentada em lei. Dessa forma, o STJ construiu três requisitos para que ela seja aceita. Um
dos primeiros precedentes do STJ a discorrer, de forma sistematizada, sobre tais requisitos foi em
2008, no RMS 12.779/DF (o STJ já havia tratado sobre a teoria, mas sem organizá-la em requisitos
no MS 10.484/DF, do ano 2005).

No RMS 12.779/DF, a situação concreta foi a seguinte: Determinada Fundação Educacional e


Cultural impetrou MS indicando como autoridade coatora o Ministro de Estado da Previdência
Social. Como o MS era contra Ministro de Estado, ele foi ajuizado no STJ (art. 105, I, “b”, da CF). A
impetrante alegou que seu “Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social” (CEBAS)
foi indevidamente cancelado e, com isso, a Fundação ficou sem poder gozar dos benefícios da
imunidade tributária. O Ministro da Previdência Social apresentou as informações no mandado de
segurança dizendo que:
• o documento cancelando o CEBAS foi assinado pelo Chefe da Seção de Orientação da
Arrecadação Previdenciária (e não por ele, Ministro). Logo, a impetrante teria indicado a
autoridade errada.
• caso não se concorde com isso, a segurança não deve ser concedida porque esse
cancelamento observou a lei e a impetrante não tem direito realmente ao CEBAS.

Requisitos: O STJ, ao apreciar este caso acima relatado (RMS 12.779/DF), afirmou que são três os
requisitos para aplicação da teoria da encampação no mandado de segurança:
a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que
ordenou a prática do ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.

a) vínculo hierárquico entre as autoridades: No caso concreto, o Ministro da Previdência alegou


que quem praticou o ato foi o Chefe de Arrecadação Previdenciária. Está certo. No entanto, esse
Chefe de Arrecadação está subordinado hierarquicamente ao Ministro, de forma que o primeiro
requisito da teoria da encampação está preenchido.

b) defesa do mérito do ato: O segundo requisito para a aplicação da teoria é que a autoridade que
foi indicada no MS e que apresentou as informações tenha se manifestado a respeito do mérito
do ato impugnado. Esse requisito também foi preenchido, considerando que o Ministro afirmou,
expressamente, que o ato praticado foi legal e que a impetrante não teria direito.
c) ausência de modificação de competência: Esse terceiro requisito significa o seguinte:
A autoridade indicada no MS foi “A”. No entanto, a autoridade que praticou o ato realmente foi
“B”. Se o MS tivesse sido impetrado contra a autoridade correta (ou seja, contra “B”), esta ação
estaria tramitando perante o mesmo juiz ou Tribunal que está agora? O MS proposto contra “A” é
julgado pelo mesmo juízo que julgaria o MS impetrado contra “B”? Se a resposta for sim para
essas perguntas, o terceiro requisito está preenchido. Por outro lado, se a CF prever que o MS
impetrado contra a autoridade “A” é julgado pelo Tribunal e que o MS contra a autoridade “B” é
de competência da 1ª instância, neste caso, não será possível aplicar a teoria da encampação. Isso
porque, na prática, estaria havendo uma burla às regras de competência. A parte autora poderia,
de forma maliciosa, indicar autoridade errada para escolher outro juízo que não fosse o natural.

No caso concreto acima explicado (RMS 12.779/DF), este terceiro requisito não foi preenchido e,
por isso, a teoria da encampação não pode ser aplicada. O MS contra o Ministro da Previdência
era de competência do STJ. Por outro lado, o MS contra o Chefe de Arrecadação Previdenciária
deveria ter sido impetrado perante um juiz federal de 1ª instância (art. 109, VIII, da CF). Logo, se
fosse admitida a teoria da encampação, teríamos uma modificação da competência que é
prevista na Constituição Federal.

Veja trecho da ementa:


(...) 1. São três os requisitos para aplicação da teoria da encampação no mandado de
segurança: existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações
e a que ordenou a prática do ato impugnado; ausência de modificação de competência
estabelecida na Constituição Federal; e manifestação a respeito do mérito nas
informações prestadas. Precedente da 1ª Seção: MS 10.484/DF, Rel. Min. José Delgado. 2.
O ato coator apontado foi exarado pelo Chefe da Seção de Orientação da Arrecadação
Previdenciária, da Delegacia da Receita Previdenciária de Niterói/RJ, vinculada à
Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social. 3. O
conhecimento do writ esbarra na alteração de competência estabelecida pela Carta da
República. (...) STJ. 1ª Seção. MS 12.779/DF, Rel. Min. Castro Meira, j. 13/02/2008.

E se houver modificação de competência prevista na Constituição Estadual? As Constituições


Estaduais também trazem regras de competência para MS. Como exemplo, em geral, as Cartas
estaduais preveem que os mandados de segurança impetrados contra Governador e Secretários de
Estado são de competência do Tribunal de Justiça. É possível adotar a teoria da encampação
mesmo que haja uma modificação de competência estabelecida em Constituição Estadual? Não.
Apesar de a letra “c” da Súmula falar apenas em Constituição Federal, podemos encontrar
inúmeros julgados do STJ afirmando que a teoria da encampação também não se aplica se isso
implicar em mudança das regras de competência definidas na Constituição Estadual. Ex: o autor
impetrou, no TJ, MS contra o Secretário de Estado de Educação; ocorre que o ato foi praticado por
um diretor de departamento pedagógico (que é julgado em 1ª instância); logo, mesmo que o
Secretário defenda o ato nas informações do MS, ainda assim o processo deverá ser extinto sem
resolução do mérito. Nesse sentido:
(...) Revela-se incabível falar em aplicação da teoria da encampação, uma vez que a
indevida presença do Secretário da Fazenda no polo passivo do MS modificaria a regra
de competência jurisdicional disciplinada pela Constituição do Estado. (...) STJ. 1ª
Turma. AgInt no RMS 56.103/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 23/8/18.

Emenda da inicial ou correção de ofício: Outra situação importante e que deve ser destacada aqui
é que, algumas vezes, o órgão julgador já percebe, no momento da propositura, que a indicação da
autoridade coatora foi incorreta. Nestes casos, o órgão julgador (juiz ou Relator) deverá
determinar a emenda da inicial ou, se o erro for escusável, fazer a correção de ofício , desde que
isso não implique modificação de competência. Ex: candidato aprovado dentro do número de
vagas para o concurso de professor estadual impetra MS contra o Secretário de Educação pedindo
a nomeação. Ocorre que não é o Secretário quem nomeia, mas sim o Governador do Estado. O
Relator deverá determinar que o autor emende a Inicial para corrigir a autoridade coatora. Vale
ressaltar que isso é possível porque, em regra, o MS impetrado tanto contra o Governador como
contra o Secretário é julgado pelo TJ. Veja precedente do STJ nesse sentido:
(...) O STJ tem entendimento de que "considerando a finalidade precípua do mandado de
segurança que é a proteção de direito líquido e certo, que se mostre configurado de plano,
bem como da garantia individual perante o Estado, sua finalidade assume vital
importância, o que significa dizer que as questões de forma não devem, em princípio,
inviabilizar a questão de fundo gravitante sobre ato abusivo da autoridade.
Consequentemente, o Juiz, ao deparar-se, em sede de mandado de segurança, com a
errônea indicação da autoridade coatora, deve determinar a emenda da inicial ou, na
hipótese de erro escusável, corrigi-lo de ofício, e não extinguir o processo sem
julgamento do mérito" (REsp 865.391/BA, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
7/8/2008. 2. Recurso Ordinário provido. STJ. 2ª Turma. RMS 55.062/MG, Rel. Min.
Herman Benjamin, j. 3/4/18.

Veja o que estabelecem os arts. 338 e 339 do CPC/2015:


Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo
prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição
inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os
honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do
valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da
relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as
despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de
indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da
petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art.
338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para
incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

Leonardo da Cunha defende que esses dispositivos também devem ser aplicados para o
processo de mandado de segurança, “permitindo que se corrija a autoridade coatora ou, até
mesmo, a pessoa jurídica da qual ela faz parte. Assim, se a parte impetrou mandado de segurança,
por exemplo, contra o Governador do Estado, mas a autoridade impetrada seria o Secretário de
Estado, é possível corrigir. De igual modo, se impetrou contra o Governador do Estado, mas
deveria ter indicado, como autoridade, o diretor de determinada autarquia, poderá haver a
correção tanto da autoridade como da pessoa jurídica de cujos quadros faça parte.” (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. São Paulo: Forense, 2016, p. 534).

Com a mesma conclusão: “Enunciado 511-FPPC: A técnica processual prevista nos arts. 338 e 339 pode
ser usada, no que couber, para possibilitar a correção da autoridade coatora, bem como da pessoa jurídica, no
processo de mandado de segurança.”

#Atenção: #STJ: #MPSC-2019: A teoria da encampação também é aplicável ao habeas data:


A teoria da encampação aplica-se ao habeas data, mutatis mutandis, quando o impetrado
é autoridade hierarquicamente superior aos responsáveis pelas informações pessoais
referentes ao impetrante e, além disso, responde na via administrativa ao pedido de acesso
aos documentos. STJ. 3ª T., HD 84/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j.
27/09/06.

(MPTO-2022-CESPE): Túlio impetrou mandado de segurança no tribunal de justiça contra ato de


juiz de direito. Ao prestar as informações, o magistrado defendeu o mérito do ato contestado,
embora tal conduta tivesse sido praticada por oficial de justiça, servidor a ele hierarquicamente
subordinado. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta, consoante o
entendimento jurisprudencial relativo ao tema de encampação no mandado de segurança: Não
deve ser aplicada a teoria da encampação ao caso, pois o vício da legitimidade passiva originária
não pode ser suprimido quando há a modificação da competência constitucionalmente
estabelecida. BL: S. 628, STJ.

#Atenção: No caso em tela, como o Oficial de Justiça não possui a prerrogativa de foro do Juiz de
Direito para julgamento no TJ (art. 96, III, CF), o mandado de segurança não poderia ser
encampado, pois teria de haver modificação da competência, infringindo um dos requisitos
trazidos pela S. 628 do STJ.

(MPAC-2022-CESPE): Um militar, para a defesa de seus direitos, impetrou mandado de


segurança (MS) no STJ para questionar ato coator que, conforme sua alegação, teria sido praticado
pelo comandante do Exército com abuso de poder, violando o seu direito líquido e certo. Embora
a autoridade supostamente coatora tenha prestado informações e defendido o mérito do ato
praticado, o relator do MS constatou que, na realidade, o responsável pela prática do ato teria sido
um coronel subordinado hierarquicamente ao comandante. Os demais requisitos legais do writ
constitucional foram todos atendidos. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção
correta à luz do entendimento do STJ acerca da disciplina do mandado de segurança e da teoria da
encampação: Não se aplica a teoria da encampação na situação hipotética em consideração, pois o
erro na indicação do polo passivo implicou a modificação da competência constitucionalmente
estabelecida. BL: S. 628, STJ.

#Atenção: Desse modo, não se aplica a teoria da encampação na situação hipotética em


consideração, pois o erro na indicação do polo passivo implicou a modificação da competência
constitucionalmente estabelecida, uma vez que o general detém foro privilegiado no STJ e o
comandante não, violando, portanto, o terceiro requisito da Súmula 628, STJ (“(...) c) ausência de
modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.”).

(PGDF-2022-CESPE): À luz do CPC e da jurisprudência do STJ, julgue o item seguinte: Ainda que
a autoridade coatora, ao prestar informações, se manifeste sobre o mérito do ato, não será possível
a aplicação da teoria da encampação em mandado de segurança impetrado contra ministro de
Estado, se a prática do ato impugnado tiver cabido a servidor do respectivo ministério e houver
modificação de competência estabelecida na Constituição Federal. BL: S. 628, STJ.

(MPPR-2019): Sobre o mandado de segurança, é correto afirmar: A errônea indicação da


autoridade coatora pode ser corrigida mediante utilização da teoria da encampação, quando
presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a
autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação
a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de competência
estabelecida na Constituição Federal. BL: S. 628, STJ.

(TJSC-2019-CESPE): Segundo entendimento do STJ, para a aplicação da teoria da encampação em


mandado de segurança, é suficiente que se demonstrem nos autos, cumulativamente, o vínculo
hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que ordenou a prática do ato
impugnado, a manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas e a ausência de
modificação de competência estabelecida na Constituição Federal. BL: S. 628, STJ.

(TJPR-2019-CESPE): Um indivíduo impetrou mandado de segurança junto ao STJ para questionar


ato coator que, conforme afirmava na petição inicial, teria sido praticado por um ministro de
Estado. Após a autoridade supostamente coatora apresentar informações sobre o mérito da
questão, o relator verificou que o ato, na realidade, havia sido praticado exclusivamente por um
servidor subordinado ao ministro e ocupante do cargo de chefe de divisão na pasta ministerial.
Nessa situação hipotética, de acordo com a jurisprudência do STJ, a denominada teoria da
encampação não deve ser aplicada, porque nesse caso o vício de legitimidade implica a
modificação de competência constitucionalmente prevista. BL: S. 628, STJ.

#Atenção: A partir do fato trazido pela questão, a banca queria saber o seguinte:
1º) Se o candidato sabia que a competência originária do STJ para processar e julgar MS refere-se
somente aos atos de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica ou do próprio Tribunal.
2º) Se o candidato se atentou que, como o ato foi praticado exclusivamente por um servidor
subordinado ao ministro e ocupante do cargo de chefe de divisão na pasta ministerial, a
competência para processamento e julgamento do MS não poderia ser do STJ.
3º) Se o candidato sabia que, para aplicar a teoria da encampação ao mandado de segurança,
deveria estar presentes 03 requisitos cumulativos:
 Vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que ordenou a
prática do ato impugnado;
 Manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
 Ausência de modificação de competência estabelecida na CF.

Súmula 627: O contribuinte faz jus à concessão ou à manutenção da isenção do imposto de renda,
não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos sintomas da doença nem da recidiva
da enfermidade.

OBS:

Isenção de imposto de renda sobre os proventos da aposentadoria para doentes graves: O imposto
de renda é regido pela Lei 7.713/88. Esta Lei prevê que as pessoas portadoras de neoplasia
maligna ou outras doenças graves e, que estejam na inatividade, não pagarão imposto de renda
sobre os rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma (art. 6º, XIV). Em
palavras mais simples :pessoas portadoras de doenças elencadas pela legislação não pagarão
imposto de renda sobre os rendimentos que receberem a título de aposentadoria, pensão ou
reforma. Para ter direito à isenção do imposto de renda é necessária a cumulação de dois
requisitos pelo contribuinte:
a) receber proventos de aposentadoria, pensão ou reforma; e
b) estar acometido de uma das doenças arroladas no dispositivo legal.

Veja a previsão legal:


Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por
pessoas físicas:
XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os
percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental,
esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com
base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
depois da aposentadoria ou reforma;

Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, aposentado, estava apresentando problemas
de saúde e foi internado em um hospital particular. Fez diversos exames nos quais ficou
constatado que ele está com neoplasia maligna (câncer). Diante disso, ele requereu isenção do
imposto de renda sobre os valores que ele recebe a título de aposentadoria. Para tanto, ele juntou
todos os laudos dos exames que realizou, assim como uma declaração do médico do hospital. A
Receita Federal, contudo, indeferiu o pedido alegando que, para ter direito à isenção, seria
indispensável a apresentação de um laudo médico oficial. Inconformado, João ingressou com ação
judicial pedindo o reconhecimento de seu direito à isenção com base nos inúmeros laudos
médicos particulares que examinaram a sua situação e que atestaram a existência da moléstia.

O juiz poderá acolher o pedido de João? O magistrado pode reconhecer o direito à isenção do
Imposto de Renda de que trata o art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 apenas com base em documentos
médicos particulares (sem um laudo médico oficial)? SIM. A comprovação da moléstia grave para
fins de isenção de imposto de renda não precisa ser comprovada mediante laudo médico
OFICIAL podendo o magistrado valer-se de outras provas produzidas.
Súmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o
reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda
suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova.

Voltando ao exemplo de João: suponhamos que ele fez quimioterapia e outros tratamentos e ficou
aparentemente curado, não apresentando mais qualquer sintoma do câncer. Também não há
qualquer sinal de recidiva, ou seja, de reaparecimento da doença. Mesmo assim, João terá direito
à isenção do imposto? SIM. Mesmo que a lesão tenha sido aparentemente curada e que o
paciente não apresente sinais de recidiva, o STJ entende que é devida a isenção do imposto de
renda em favor dos inativos portadores de moléstia grave. Isso porque o objetivo da isenção é
diminuir o sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros que ele ainda terá para
fazer acompanhamento médico e continuar tomando as medicações ministradas. O portador de
uma doença grave, como aquelas listadas no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, mesmo aparentemente
curado e assintomático, nunca mais poderá deixar de fazer acompanhamento médico periódico,
tendo, muitas vezes, que tomar medicações para o resto da vida. Além disso, há cuidados
adicionais com a saúde. Desse modo, as razões protetivas que justificaram a edição da norma
ainda permanecem. Vale frisar que esse entendimento já era pacífico no STJ: "A isenção do
imposto de renda incidente sobre os proventos de aposentadoria percebidos por portadores de
moléstias-graves nos termos art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88 independe da
contemporaneidade dos sintomas", vide os precedentes: RESP 1125064/DF, 2ª Turma, Rel. Min.
Eliana Calmon, DJe 14/4/10; RESP 967693/DF, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ
18/9/07; RESP 734541/SP, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 20/2/06; MS 15261/DF, 1ª Seção, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, j. 22.9.10; RMS 57.058; Proc. 2018/0078361-9; GO; 2ª Turma; Rel.
Min. Mauro Campbell Marques; j. 6/9/18.

Em suma: O contribuinte tem direito à concessão ou direito de manter (se já havia sido
concedido) a isenção do imposto de renda de que trata o art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 mesmo
que atualmente (contemporaneamente) ele não esteja mais apresentando sintomas da doença
nem sinais de recidiva (volta da enfermidade).
Súmula 626: A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela lei local como
urbanizável ou de expansão urbana NÃO ESTÁ CONDICIONADA à existência dos
melhoramentos elencados no art. 32, § 1º, do CTN . (TJRO-2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (PGM-Campo
Grande/MS-2019) (PGM-Curitiba/PR-2019) (Cartórios/TJGO-2021) (TJMG-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022)

OBS: Importante.

IPTU: Significa imposto sobre propriedade territorial urbana de bens imóveis, sendo tributo de
competência dos Municípios. O IPTU está previsto no art. 156, I, da CF:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;

Normas que regem o IPTU:


• CF (arts. 156, I, e § 1º; art. 182, § 4º, II);
•CTN (arts. 32 a 34);
• Estatuto da Cidade – Lei federal nº 10.257/2001 (art. 7º);
• Lei municipal que institua o imposto (verificar a lei local).

Características: Trata-se de um imposto:


• Real: incide sobre uma coisa (propriedade imobiliária urbana);
• Direto: o próprio contribuinte é quem suporta o encargo financeiro da tributação (não há
repercussão econômica);
• Fiscal: a função precípua deste imposto é a arrecadação (imposto fiscal). Vale ressaltar, no
entanto, que, em alguns casos, ele poderá assumir também um caráter extrafiscal (forma de
estimular o cumprimento da função social da propriedade);
• Progressivo: pode ser progressivo no tempo caso a propriedade não esteja cumprindo sua
função social (art. 182, § 4º), além de poder ser progressivo em razão do valor do imóvel (art. 156,
§ 1º, I);

Fato gerador:
- de bem imóvel
• propriedade
O fato gerador - por natureza ou
• domínio útil
do IPTU é a... - por acessão física
• posse
- localizado na zona urbana.

IPTU x ITR: O IPTU incide sobre imóveis urbanos. O ITR recai sobre imóveis rurais. Assim, em
regra, o ITR incide apenas sobre imóveis rurais. Se o imóvel for urbano, o imposto devido é o IPTU. O
conceito de imóvel rural é dado por exclusão. O CTN, em seu art. 32, §§ 1º e 2º, explica em que
consiste o imóvel urbano para fins de incidência do IPTU. Se o imóvel não se enquadrar em tais
critérios, será considerado rural.

Por que se falou “em regra”? Existe alguma exceção? Existe hipótese em que o ITR incidirá sobre
imóvel localizado em zona urbana? SIM. Segundo o STJ, incide o ITR (e não o IPTU) sobre
imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial, ainda que localizados em áreas consideradas urbanas pela legislação municipal.
Nesse sentido:
Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde
que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial. STJ. 1ª Seção. REsp 1112646/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 26/8/09.

O fundamento para essa decisão do STJ está no art. 15 do DL 57/66:


Art. 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (artigo do CTN que
fala sobre o fato gerador do IPTU), não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja
utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo
assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados.

 (Procurador Municipal - Pref. de Curitiba/PR - UFPR - 2015) A propriedade de imóvel


situado na zona urbana do Município de Curitiba será objeto de cobrança do IPTU ainda
que destinada exclusivamente à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agropecuária
(Errado).

O que é um imóvel urbano, para fins de incidência do IPTU? Imóvel urbano, para fins de
incidência de IPTU, é aquele localizado na zona urbana. O CTN, nos §§ 1º e 2º do art. 32, traz os
critérios para essa definição. Ele diz, basicamente, o seguinte:
• A Lei municipal irá definir o que é a zona urbana daquele respectivo Município.
• No entanto, a lei municipal só poderá incluir, como sendo zona urbana, as áreas da cidade que
tiverem, no mínimo, dois dos seguintes “melhoramentos” construídos ou mantidos pelo Poder
Público:
a) meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
b) abastecimento de água;
c) sistema de esgotos sanitários;
d) rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
e) escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.

• A lei municipal poderá prever, no entanto, um outro conceito, qual seja, o de área “urbanizável
ou de expansão urbana”.
• Segundo o § 2º do art. 32 do CTN, áreas urbanizáveis (ou de expansão urbana) são aquelas que
abrangem loteamentos aprovados pelos órgãos competentes e que são destinados à habitação, à
indústria ou ao comércio, mas que não se enquadram na definição do § 1º do art. 32. Para você
entender melhor, é como se fossem áreas para onde a “cidade” está crescendo (expandindo) e que,
por estar no início da expansão, ainda não há tantos melhoramentos feitos pelo Poder Público.
Apesar disso, já pode cobrar IPTU, até para ter recursos para conseguir fazer os referidos
melhoramentos.

IPTU Para ser zona urbana, Área urbanizável ou de Área urbanizável ou de


Recai sobre a região da cidade expansão urbana: é uma expansão urbana:
imóveis deve ter, no mínimo, área que, mesmo sem ter loteamentos aprovados
localizados na: 2 dos melhoramentos os 2 melhoramentos, pelos órgãos competentes
previstos no § 1º do pode ser incluída na e que são destinados à
ZONA URBANA art. 32 do CTN. esfera de tributação do habitação, à indústria ou
IPTU. ao comércio.
A zona urbana é
definida por lei
municipal.

Desse modo, o IPTU incide sobre:


1) Imóveis localizados na 2) Imóveis localizados na
zona urbana área urbanizável ou de expansão urbana
Locais onde possuem, no mínimo, 2 dos São loteamentos aprovados pelos órgãos
melhoramentos do § 1º do art. 32 do CTN. competentes e destinados à habitação, à indústria
ou ao comércio.
Art. 32 (...) Não possuem os 2 dos melhoramentos do § 1º,
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se mas mesmo assim irão ser objeto de IPTU, desde
como zona urbana a definida em lei municipal; que previstas na lei municipal. Isso porque são
observado o requisito mínimo da existência de áreas que o CTN autorizou que a lei municipal
melhoramentos indicados em pelo menos 2 considerasse como urbanas, apesar de não terem
(dois) dos incisos seguintes, construídos ou os melhoramentos.
mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de Art. 32 (...)
águas pluviais; § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as
II - abastecimento de água; áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
III - sistema de esgotos sanitários; constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos
IV - rede de iluminação pública, com ou sem competentes, destinados à habitação, à indústria
posteamento para distribuição domiciliar; ou ao comércio, mesmo que localizados fora das
V - escola primária ou posto de saúde a uma zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.
distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.

Assim, o que diz a súmula: Pode incidir IPTU sobre imóvel situado em área urbanizável ou de
expansão urbana mesmo que ainda não existam os melhoramentos previstos no art. 32, § 1º do
CTN. O exemplo típico são os sítios de recreio:
É legal a cobrança do IPTU dos sítios de recreio, localizados em zona de expansão urbana
definida por legislação municipal, mesmo que não contenha os melhoramentos previstos
no art. 31, § 1º, do CTN. STJ. 2ª T. AgRg no REsp 783.794/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 15/12/09.

(TJMG-2022-FGV): Sobre as diversas espécies de impostos existentes na legislação tributária,


assinale a alternativa correta: A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela
lei local como urbanizável ou de expansão urbana não está condicionada à existência dos
melhoramentos tais como meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
abastecimento de água; sistema de esgotos sanitários; rede de iluminação pública, com ou sem
posteamento para distribuição domiciliar e escola primária ou posto de saúde a uma distância
máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. BL: S. 626, STJ.

(TJRO-2019-VUNESP): Terreno situado em zona de expansão urbana segundo lei municipal


devidamente aprovada encontra-se alugado para Fulano de Tal. Ao receber o lançamento do
imposto territorial urbano relativo ao terreno em nome do seu proprietário, Fulano de Tal resolve
ingressar com ação judicial para discutir a relação jurídico-tributária relativa à cobrança do IPTU
pela municipalidade, considerando que o terreno se situa em região que, embora seja zona de
expansão urbana, ainda não possui nenhum dos melhoramentos considerados pelo CTN como
requisitos mínimos para a cobrança do IPTU. Em razão da ausência das referidas melhorias na
zona de localização do imóvel, a legislação municipal prevê alíquota 50% inferior à praticada no
restante da cidade. Considerando a jurisprudência das cortes superiores no Brasil e a legislação
nacional, é correto afirmar, com relação à situação apresentada, que a incidência do IPTU sobre
imóvel situado em área considerada pela lei local como urbanizável ou de expansão urbana não
está condicionada à existência dos melhoramentos elencados no CTN. BL: S. 626, STJ.

Súmula 625: O pedido administrativo de compensação ou de restituição não interrompe o prazo


prescricional para a ação de repetição de indébito tributário de que trata o art. 168 do CTN nem o
da execução de título judicial contra a Fazenda Pública . (TCERJ-2021) (PGERO-2022) (PGM-Teresina/PI-
2022)

OBS: Importante.

Repetição de indébito: Ação de repetição de indébito (ou ação de restituição de indébito) é a ação
na qual o requerente pleiteia a devolução de determinada quantia que pagou indevidamente. A
ação de repetição de indébito não é restrita ao direito tributário. Assim, por exemplo, se um
consumidor é cobrado pelo fornecedor e paga um valor que não era devido, poderá ingressar com
ação de repetição de indébito para pleitear valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável (art. 42, §
único do CDC). No âmbito tributário, o contribuinte que pagar tributo indevido (exs: pagou
duas vezes, pagou imposto que era inconstitucional, houve erro na alíquota etc.) terá direito à
repetição de indébito, ou seja, poderá ajuizar ação cobrando a devolução daquilo que foi pago.
As hipóteses em que o contribuinte terá direito à repetição de indébito, no âmbito tributário, estão
previstas no art. 165 do CTN:
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição
total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o
disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face
da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato
gerador efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo
do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao
pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

O mencionado art. 165 afirma que o sujeito passivo tem direito à restituição, independentemente
de prévio protesto (isto é, mesmo que na hora de pagar não tenha “reclamado” do tributo
indevido ou tenha feito qualquer ressalva; não interessa o estado de espírito do sujeito passivo no
momento do pagamento, ou seja, se sabia ou não que o pagamento era indevido). Pagou
indevidamente, tem direito de receber de volta a fim de evitar o enriquecimento sem causa da
outra parte (no caso, o Fisco).

Qual é o prazo prescricional para a ação de repetição de indébito tributário? 5 anos. O CTN
prevê o prazo prescricional de 5 anos para que o contribuinte ajuíze a ação de repetição de
indébito tributário pedindo a restituição das quantias que pagou indevidamente:
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco)
anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado,
revogado ou rescindido a decisão condenatória.
Pedido administrativo de compensação não interrompe o prazo: Imagine a seguinte situação: Em
2010, João pagou R$ 900,00 a título de IPTU de sua casa. Ocorre que, logo depois, ficou
reconhecido que João pagou um valor maior do que era o devido segundo a legislação tributária.
Em outras palavras, João pagou R$ 900,00, no entanto, o correto seria ele pagar apenas R$ 400,00.
Isso significa que João (sujeito passivo) tem direito à repetição de indébito, ou seja, tem direito à
restituição parcial do tributo pago. O art. 168 do CTN afirma que João tem um prazo de 5 anos
para ingressar com ação exigindo isso. João estava cheio de problemas e esqueceu de fazer o
pedido. Em 2015, pouco antes de completar 5 anos, João descobre que está devendo R$ 450,00 de
taxa de lixo (tributo municipal). Ele lembra, então, que tem aquele “crédito” de R$ 500,00 do IPTU
de 2010 que pagou a mais. Diante disso, ele requer, ao Fisco municipal, a compensação do crédito
com o débito.

#Atenção: Vou abrir um parêntese para relembrar o que é a compensação no direito tributário:
ocorre quando o contribuinte possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro
de contas do valor que o sujeito passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da
Administração. Trata-se de causa de extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN).

O Fisco, contudo, em 2016, dá a resposta, negando o pedido do contribuinte. O que isso significa?
Que houve a prescrição da pretensão para o ajuizamento da ação de repetição de indébito
tributário de que trata o art. 168 do CTN. Isso porque o STJ entende que o “pedido administrativo
de compensação” não interrompe o prazo prescricional de 5 anos que o contribuinte tem para
ajuizar a ação de repetição de indébito tributário.

Pedido administrativo de restituição também não interrompe o prazo: A mesma situação ocorre
nos casos de pedido administrativo de restituição. No exemplo acima, suponhamos que João não
tivesse esse débito de taxa de lixo. Assim, em 2015, pouco antes de completar 5 anos, ele lembra
que tinha esse “crédito” do IPTU de 2010 pago a mais. Diante disso, formula um pedido
administrativo de restituição. Em 2015, o Fisco nega a restituição pleiteada. Isso significa que o
prazo prescricional continuou correndo e que não foi interrompido com o requerimento
administrativo. João não poderá mais entrar com a ação de repetição de indébito de que trata o
art. 168 do CTN.

Por que não há a interrupção? O STJ entende que, em se tratando de créditos e débitos
tributários, as hipóteses de interrupção de prescrição são apenas aquelas listadas no parágrafo
único do art. 174 do CTN. O pedido administrativo de compensação e o pedido administrativo
de restituição não foram previstos neste rol. Logo, não têm o condão de interromper a prescrição.
Veja a redação legal:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da
data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I -pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.

Logo, por ausência de previsão legal, não se pode admitir que a formalização de pedido de
restituição/compensação interrompa o prazo prescricional.

João ainda tem alguma possibilidade de resguardar seu direito? SIM. Em tese, ele poderá, ainda,
ajuizar ação anulatória buscando desconstituir a decisão administrativa que negou o seu
pedido. Esta ação é disciplinada pelo art. 169 do CTN:
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a
restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial,
recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao
representante judicial da Fazenda Pública interessada.

Nesse sentido:
O contribuinte que formula pleito de compensação na via administrativa dispõe de dois
anos, a contar da ciência da resposta que o denega, para ingressar em juízo com a
respectiva pretensão anulatória, nos termos do art. 169 do CTN. STJ. 1ª Turma. REsp
1180878/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 6/2/18.

Assim, não se deve confundir o prazo prescricional do art. 168 do CTN, que versa sobre o direito
que o contribuinte possui de pleitear a restituição (repetição/compensação) diretamente na via
judicial, daquela contemplada no art. 169, que cuida do prazo extintivo de ação anulatória, na qual
o contribuinte se insurge contra decisão administrativa do Fisco.

A Súmula 625 versa apenas do prazo prescricional do art. 168 do CTN, não tratando sobre a ação
anulatória do art. 169.

O que quer dizer a parte final da súmula: “nem o da execução de título judicial contra a Fazenda
Pública”? É o caso, por exemplo, em que o contribuinte teve reconhecido seu direito à restituição
tributária por meio de decisão judicial transitada em julgado. Ex: a empresa “X” pagou
determinado tributo; posteriormente ingressou com ação judicial pedindo o reconhecimento de
que ela não estava obrigada a pagar e que a exigência do Fisco foi indevida; o juízo acolhe o
pedido da contribuinte e há o trânsito em julgado; com o trânsito em julgado tem início o prazo
para a ação de repetição do indébito; se a empresa optar por pedir a restituição na via
administrativa ou formular pedido administrativo de compensação, deverá estar ciente de que
esses pedidos não irão interromper o prazo que ela possui para executar o título judicial contra
a Fazenda Pública. É sobre isso que fala a parte final da súmula. Veja precedente do STJ no
mesmo sentido:
(...) a ação de repetição do indébito tributário foi ajuizada após o transcurso do prazo de
cinco anos, cujo termo inicial coincide com a data do trânsito em julgado da ação
mandamental que reconheceu a inexigibilidade do imposto cobrado, de modo que
configurada a prescrição. II - O pedido administrativo de compensação constitui meio
inidôneo para interromper a fluência da prescrição para ajuizamento da respectiva ação de
repetição. (...) STJ. 1ª T. AgRg no REsp 1.276.022/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, j.
19/5/15.

Súmula 624: É possível cumular a indenização do dano moral com a reparação econômica da Lei n.
10.559/2002 (Lei da Anistia Política).

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi vítima de intensa perseguição política praticada
pelo governo federal durante a época da ditadura militar instalada no Brasil em 1964. O art. 8º do
ADCT concede anistia política a pessoas que foram prejudicadas por perseguições decorrentes de
motivação política no período de 18/9/46 até a data de promulgação da CF/88. Há previsão
também de que o anistiado receba uma reparação de natureza econômica, a ser paga pela União, em
alguns casos nos quais fique demonstrado que ele sofreu prejuízos em sua atividade laboral. A Lei
10.559/02 regulamentou o art. 8º do ADCT e a concessão dessa reparação econômica para os
anistiados. Veja:
ADCT
Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da
promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação
exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que
foram abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos
atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções,
na inatividade, ao cargo, emprego, posto ou graduação a que teriam direito se estivessem
em serviço ativo, obedecidos os prazos de permanência em atividade previstos nas leis e
regulamentos vigentes, respeitadas as características e peculiaridades das carreiras dos
servidores públicos civis e militares e observados os respectivos regimes jurídicos.

Lei nº 10.559/02
Art. 1º O Regime do Anistiado Político compreende os seguintes direitos:
I - declaração da condição de anistiado político;
II - reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação
mensal, permanente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na
inatividade, nas condições estabelecidas no caput e nos §§ 1º e 5º do art. 8º do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias; (...)

Art. 3º A reparação econômica de que trata o inciso II do art. 1º desta Lei, nas condições
estabelecidas no caput do art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
correrá à conta do Tesouro Nacional. (...)

Art. 4º A reparação econômica em prestação única consistirá no pagamento de trinta


salários mínimos por ano de punição e será devida aos anistiados políticos que não
puderem comprovar vínculos com a atividade laboral. (...)
Art. 5º A reparação econômica em prestação mensal, permanente e continuada, nos termos
do art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, será assegurada aos anistiados
políticos que comprovarem vínculos com a atividade laboral, à exceção dos que optarem por
receber em prestação única. (...)

Art. 6º O valor da prestação mensal, permanente e continuada, será igual ao da


remuneração que o anistiado político receberia se na ativa estivesse, (...)

João requereu e recebeu, administrativamente, a reparação econômica prevista na Lei 10.559/02


(Lei de Anistia). Ocorre que, depois disso, já em 2014, ele ajuizou ação de compensação por danos
morais contra a União pedindo indenização extrapatrimonial pelos sofrimentos que passou neste
período.

A pretensão em tela está prescrita? NÃO. As ações de indenização por danos morais decorrentes
de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante o regime militar, são
imprescritíveis. Para esses casos, não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º
do Decreto 20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 25/6/13
(Info 523).

O STJ concluiu que tais demandas são imprescritíveis porque se referem a um período (regime
militar) em que a ordem jurídica foi desconsiderada, com legislação de exceção, tendo havido,
sem dúvida, incontáveis abusos e violações dos direitos fundamentais, mormente do direito à
dignidade da pessoa humana (AgRg no Ag 1391062/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma,
j. 9/8/11).

É possível que o anistiado político pleiteie judicialmente indenização por danos morais mesmo já
tendo recebido administrativamente a reparação econômica da Lei 10.559/02? SIM. É possível
cumular a indenização do dano moral com a reparação econômica da Lei 10.559/02 (Lei da
Anistia Política). Assim, o anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação
econômica prevista na Lei 10.559/02 não está impedido de pleitear, na esfera judicial,
indenização por danos morais pelo mesmo episódio político. A Lei 10.559/2002, em seu art. 16,
prevê o seguinte:
Art. 16. Os direitos expressos nesta Lei não excluem os conferidos por outras normas legais
ou constitucionais, vedada a acumulação de quaisquer pagamentos ou benefícios ou
indenização com o mesmo fundamento, facultando-se a opção mais favorável.

Esse dispositivo pode dar a impressão de que seria proibida a acumulação da reparação
econômica com a indenização por danos morais. Contudo, não foi esta a interpretação dada pelo
STJ. Segundo entendeu o Tribunal, o art. 16 é um comando dirigido, antes e unicamente, à
Administração Pública, e não à jurisdição. Em outras palavras, esse dispositivo proíbe que o
Poder Público pague, administrativamente, a reparação econômica cumulada com outros
pagamentos, benefícios ou indenização. Além disso, a reparação econômica prevista na Lei nº
10.559/2002 não tem por objetivo indenizar danos morais.

O art. 8º do ADCT determina que seja paga reparação econômica para aquelas pessoas que
sofreram prejuízos na sua esfera profissional e, por consequência, patrimonial. A Lei 10.559/02,
ao regulamentar o art. 8º do ADCT, restringiu-se a estipular os direitos profissionais do
anistiado político e suas repercussões econômicas. Analisando os arts. 4º e 5º da Lei, fica ainda
mais claro que essa reparação econômica tem natureza patrimonial e se destina a compensar o
anistiado pelo fato de ele não mais ter podido exercer suas atividades laborais.

Desse modo, o recebimento da reparação econômica de que trata a Lei 10.559/02 não exclui, por
si só, o direito de o anistiado buscar na via judicial, em ação autônoma e distinta, a reparação
dos danos morais que tenha sofrido em decorrência da mesma perseguição política geradora da
anterior reparação administrativa (art. 5º, V e X, da CF), pois distintos se revelam os
fundamentos que amparam cada uma dessas situações.

Súmula 623: As obrigações ambientais POSSUEM natureza PROPTER REM, SENDO


ADMISSÍVEL COBRÁ-LAS do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, À ESCOLHA
do credor. (TJMT-2018) (TJSP-2018) (TRF2-2018) (TJRJ-2019) (PGM-Boa Vista/RR-2019) (MPSC-2019/2021) (DPEBA-
2021) (TJRS-2022)
OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João possuía uma fazenda e parte dela, estava em área de
preservação permanente. Em 2015, João fez um desmatamento em sua propriedade e parte das
árvores derrubadas estavam na área de preservação permanente. Vale ressaltar que isso foi feito
sem qualquer autorização das autoridades ambientais. Em 2016, João vendeu o imóvel a Pedro.
Em 2017, foi constado o desmatamento ilegal. Diante disso, o MP ajuizou ação civil pública
pedindo que Pedro seja condenado a fazer a recomposição florestal.

Pedro demonstrou, por meio de fotos e perícia que, quando ele comprou a fazenda, a situação já
estava daquele jeito e o desmatamento já havia sido realizado. Com isso, ele ficará desobrigado
de reparar os danos ambientais? NÃO. As obrigações ambientais (ex: obrigação de reparar os
danos ambientais) são propter rem. Isso significa que as obrigações ambientais aderem ao título
de domínio ou posse e se transferem ao atual proprietário ou possuidor, ainda que eles não
tenham sido os responsáveis pela degradação ambiental. Vale ressaltar também que não
interessa discutir a boa ou má-fé do adquirente, considerando que não se está no âmbito da
responsabilidade subjetiva, baseada em culpa.

Escolha do credor: Vale ressaltar que o mais comum é que a obrigação ambiental seja exigida do
possuidor ou proprietário atual em virtude da facilidade de localização e maior efetividade em
caso de execução. No entanto, existe uma solidariedade entre o atual e os anteriores, de forma
que o credor pode escolher aqueles que serão acionados.

O entendimento exposto na súmula aplica-se também para casos de multa ambiental?: Há


julgado do STJ afirmando que não. No REsp 1251697/PR, o STJ fez a seguinte distinção:
• obrigação de reparar o dano ambiental (responsabilidade civil pela reparação dos danos
ambientais): possui natureza propter rem sendo possível cobrar também do atual proprietário
condutas derivadas de danos provocados pelos proprietários antigos.
• multa ambiental (sanção administrativa): somente poderia ser cobrada do próprio
transgressor, não podendo passar da pessoa do culpado.

Confira trechos da ementa:


(...) 5. Esta Corte Superior possui entendimento pacífico no sentido de que a
responsabilidade civil pela reparação dos danos ambientais adere à propriedade, como
obrigação propter rem, sendo possível cobrar também do atual proprietário condutas
derivadas de danos provocados pelos proprietários antigos. Foi essa a jurisprudência
invocada pela origem para manter a decisão agravada.
6. O ponto controverso nestes autos, contudo, é outro. Discute-se, aqui, a possibilidade de
que terceiro responda por sanção aplicada por infração ambiental.
7. A questão, portanto, não se cinge ao plano da responsabilidade civil, mas da
responsabilidade administrativa por dano ambiental.
8. Pelo princípio da intranscendência das penas (art. 5º, inc. XLV, CR88), aplicável não só ao
âmbito penal, mas também a todo o Direito Sancionador, não é possível ajuizar execução
fiscal em face do recorrente para cobrar multa aplicada em face de condutas imputáveis a
seu pai.
9. Isso porque a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da
responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve
obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida
pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.
10. A diferença entre os dois âmbitos de punição e suas consequências fica bem estampada
da leitura do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81, segundo o qual "[s]em obstar a aplicação das
penalidades previstas neste artigo [entre elas, frise-se, a multa], é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade".
11. O art. 14, caput, também é claro: "[s]em prejuízo das penalidades definidas pela
legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da
qualidade ambiental sujeitará os transgressores: [...]".
12. Em resumo: a aplicação e a execução das penas limitam-se aos transgressores; a
reparação ambiental, de cunho civil, a seu turno, pode abranger todos os poluidores, a
quem a própria legislação define como "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental" (art. 3º, inc. V do mesmo diploma normativo).
13. Note-se que nem seria necessária toda a construção doutrinária e jurisprudencial no
sentido de que a obrigação civil de reparar o dano ambiental é do tipo propter rem, porque,
na verdade, a própria lei já define como poluidor todo aquele que seja responsável pela
degradação ambiental - e aquele que, adquirindo a propriedade, não reverte o dano
ambiental, ainda que não causado por ele, já seria um responsável indireto por degradação
ambiental (poluidor, pois).
14. Mas fato é que o uso do vocábulo "transgressores" no caput do art. 14, comparado à
utilização da palavra "poluidor" no § 1º do mesmo dispositivo, deixa a entender aquilo que
já se podia inferir da vigência do princípio da intranscendência das penas: a
responsabilidade civil por dano ambiental é subjetivamente mais abrangente do que as
responsabilidades administrativa e penal, não admitindo estas últimas que terceiros
respondam a título objetivo por ofensa ambientais praticadas por outrem.
15. Recurso especial provido.
(REsp 1251697/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 12/04/2012, DJe 17/04/2012)

(MPSC-2021-CESPE): Um cidadão, por descuido, iniciou um incêndio em sua propriedade,


situada em área rural coberta pelo bioma campos, o que resultou na destruição da vegetação
nativa de outras duas propriedades vizinhas. A respeito da situação hipotética apresentada e de
aspectos legais a ela relacionados, julgue o próximo item: Caso o cidadão venda a sua
propriedade, o novo proprietário deverá responder por eventuais obrigações ambientais ainda
pendentes de cumprimento, haja vista a sua natureza real. BL: art. 2º, §2º, CFlo5 e Súmula 623,
STJ.

(DPEBA-2021-FCC): Agenor adquiriu imóvel em área rural, desconhecendo o fato de que, no


local, a edificação se deu a partir de desmatamento de vegetação nativa. A obra foi realizada sem a
autorização dos órgãos de proteção ambiental competentes. Em razão dos danos ambientais, o
Ministério Público ajuizou ação de reparação de danos em face de Agenor. Nesse caso, as
obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do adquirente
do imóvel e/ou do(s) antigo(s) proprietário(s), ficando tal prerrogativa à escolha do credor. BL:
art. 2º, §2º, CFlo e Súmula 623, STJ.

(MPSC-2019): As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-
las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. BL: S. 623, STJ.

(TJSP-2018-VUNESP): A descontaminação de um terreno de propriedade particular é de


responsabilidade do atual proprietário do imóvel. BL: S. 623, STJ.

#Atenção: #PGM-Fortaleza/CE-2017: #TRF2-2017/2018: #PGM-Boa/Vista-2019: #CESPE:


Cumpre advertir que a questão cobrada no concurso gerou bastante polêmica pela ausência
trazidos no enunciado, porém é possível concordar com o gabarito oficial. A partir da leitura da
Súmula 623 do STJ, podemos dizer, em outros termos, que a responsabilidade do antigo e do atual
proprietários é SOLIDÁRIA, operando-se LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO, pois
será possível litigar apenas contra o atual proprietário, apenas contra o antigo proprietário, ou
contra ambos simultaneamente. Todavia, apesar de a questão parecer incompleta por não trazer
outros dados, conclui-se também que a responsabilidade do atual proprietário do imóvel NÃO
SERÁ EXCLUSIVA. Acrescente-se, ainda, o STJ entende que “A obrigação de recuperar a
degradação ambiental é do TITULAR da propriedade do imóvel, MESMO QUE não tenha
contribuído para a deflagração do dano, tendo em conta sua natureza PROPTER REM”
(Jurisprudência em Teses/STJ, 30ª Ed. Tese 09). 6 Portanto, as obrigações ambientais, como a de
recuperar a degradação ambiental são propter rem, de modo que elas aderem ao título de
domínio ou posse e se transferem ao atual proprietário ou possuidor, ainda que eles não
tenham sido os responsáveis pela degradação ambiental.

Súmula 622: A notificação do auto de infração FAZ CESSAR a contagem da decadência para a
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO; EXAURIDA a instância administrativa com o
decurso do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado

5
Art. 2º. (...) §2º. As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de
qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
6
(TRF2-2018): No que se refere à responsabilidade ambiental decorrente do dano relativo à degradação
ambiental, assinale a alternativa correta: a obrigação de recuperar a degradação ambiental é do
proprietário do bem imóvel, mesmo que não tenha contribuído para a deflagração do dano, devido à sua
natureza propter rem.
o prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo
prescricional para a cobrança judicial . (TJRJ-2019) (Cartórios/TJMG-2019) (MPMS-2022) (PGM-
Florianópolis/SC-2022) (PGM-Teresina/PI-2022)

OBS: Importante.

Fato gerador e obrigação tributária: O contribuinte realiza o fato gerador do tributo (exs.: adquire
renda, faz uma doação, chega no dia 01/01 sendo proprietário de um bem imóvel etc.). Quando o
contribuinte realiza o fato gerador, torna-se sujeito passivo de uma obrigação tributária principal,
ou seja, passa a ter a obrigação de pagar o tributo.

Constituição do crédito tributário: Diante dessa situação, o Fisco irá praticar um ato chamado de
“lançamento tributário”. O lançamento é, portanto, o ato por meio do qual o Auditor Fiscal
constata que ocorreu um fato gerador de tributo. Ele, então, identifica quem é o sujeito passivo
(contribuinte), calcula o quanto do tributo é devido (aplicando a alíquota sobre a base de cálculo) e
inclui também a multa (se for o caso). O crédito tributário é constituído (nasce) com um ato do
Fisco chamado de “lançamento”. O lançamento confere exigibilidade à obrigação tributária. Com
o lançamento, a obrigação tributária transforma-se em crédito tributário. Só depois que a
obrigação tributária se transforme em crédito tributário é que ela se torna líquida e exigível e
poderá ser executada. O Fisco possui, no entanto, um prazo para efetuar o lançamento. Se não
fizer no prazo, haverá decadência.

Decadência: A decadência é, portanto, a perda do direito que o Fisco possui de fazer o


lançamento em virtude de essa providência não ter sido feita no prazo de 5 anos. A decadência
está prevista no art. 173 do CTN:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o
decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.

Auto de infração: Normalmente conhecido pela sigla “AI”, é um procedimento administrativo


realizado pelo Fisco caso constate alguma infração à legislação tributária. Trata-se de uma forma
de lançamento de ofício.

Notificação do auto de infração: Imagine que a empresa “X” deixou de pagar um tributo federal,
que venceu em setembro/2000. Vale ressaltar que esse tributo era sujeito a lançamento de ofício.
Isso significa que a Receita Federal tinha 5 anos para fazer esse lançamento, iniciando-se o prazo
em 1º de janeiro de 2001, conforme prevê o art. 173 do CTN:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;

Em outras palavras, em 01/01/01 iniciou o prazo decadencial para que a Fazenda Pública fizesse
o lançamento do tributo. Esse prazo se encerraria em 01/01/06. Assim, se o Fisco não fizesse o
lançamento até essa data (01/01/06), haveria a decadência, que é uma causa de extinção do
crédito tributário (art. 156, V, do CTN). Suponhamos, contudo, que o Fisco lavrou o auto de
infração em 05/12/05. No entanto, o Fisco terá ainda que notificar a empresa contribuinte sobre
esse auto de infração.

Notificação do lançamento: Após o Fisco realizar o lançamento, ele precisa comunicar que fez isso
ao sujeito passivo para que este possa pagar o tributo ou impugná-lo, caso não concorde com o
que está sendo cobrado. “É a notificação que confere efeitos ao lançamento realizado, pois antes
daquela não se conta prazo para pagamento ou impugnação.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito
tributário esquematizado. 10ª ed., São Paulo: Método, 2016, p. 377).

Voltando ao nosso exemplo: Imaginemos que a notificação do auto de infração ocorreu em


10/12/05. Repare que, por pouco, o Fisco não ultrapassa o prazo de 5 anos para lançar. Se ele
tivesse ultrapassado, teria havido a decadência. A notificação do contribuinte perfectibiliza a
constituição definitiva do crédito tributário. Com a notificação da empresa contribuinte sobre o
auto de infração, termina a contagem da decadência, ou seja, o Fisco cumpriu o seu poder-dever
de lançar. Essa é a primeira parte da Súmula 622:
“A notificação do auto de infração faz cessar a contagem da decadência para a
constituição do crédito tributário; (...)”

Possibilidade de impugnação administrativa: O sujeito passivo, depois de receber a notificação do


auto de infração, terá um prazo (normalmente de 30 dias), ao final do qual poderá adotar uma de
três opções:
a) pagar;
b) fazer a impugnação administrativa;
c) ficar inerte.

Assim, o contribuinte receberá a notificação do auto de infração, que terá um texto mais ou menos
assim:
“Fica o autuado intimado do conteúdo deste auto de infração para efetuar o pagamento ou
apresentar impugnação, no prazo de 30 dias, na forma da Lei XXX”.

Pagamento: Se o contribuinte pagou, fica extinto o crédito tributário (art. 156, I, do CTN).

Impugnação: Se o contribuinte impugnou, esta impugnação será julgada em âmbito


administrativo.
• Se a impugnação for julgada procedente (contribuinte tem razão): o lançamento que foi
realizado será desconstituído (ex: contribuinte não praticou o fato gerador) ou alterado (ex: Fisco
calculou o valor errado).
• Se a impugnação for julgada improcedente (contribuinte não tem razão) e não couber mais
recurso (houve o julgamento definitivo na esfera administrativa): neste caso, a Administração
Tributária deverá notificar o contribuinte sobre a decisão.

No âmbito federal, depois que o contribuinte é notificado de que “perdeu” por decisão definitiva,
ele ainda terá um prazo de 30 dias concedido pela Administração para pagamento voluntário. Isso
está previsto no art. 43 c/c art. 21 do Decreto 70.235/72:
Art. 43. A decisão definitiva contrária ao sujeito passivo será cumprida no prazo para
cobrança amigável fixado no artigo 21, aplicando-se, no caso de descumprimento, o
disposto no § 3º do mesmo artigo.

Art. 21. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora
declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta
dias, para cobrança amigável. (...)
§ 3º Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago o crédito tributário, o
órgão preparador declarará o sujeito passivo devedor remisso e encaminhará o processo à
autoridade competente para promover a cobrança executiva.

Assim, com a notificação do contribuinte de que houve o julgamento definitivo e esgotado o prazo
concedido pela Administração para o pagamento voluntário (30 dias), só resta agora ao Fisco
executar judicialmente o crédito. Começa, então, o prazo prescricional para a Fazenda ajuizar a
execução fiscal.

Inércia: Passado o prazo de 30 dias sem que o contribuinte tenha pagado nem impugnado:
começa o prazo prescricional para o Fisco ajuizar a execução fiscal. Assim, esgotado o prazo para
impugnar ou pagar, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança judicial do crédito tributário.

Segunda parte da súmula: A segunda parte da súmula trata, portanto, do caso em que a
impugnação é julgada improcedente ou da hipótese na qual o contribuinte fica inerte. Veja:
“(...) exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou
com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela
Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a
cobrança judicial.”

(MPMS-2022-AOCP): Concernente à prescrição e decadência em matéria tributária, assinale a


alternativa correta: Exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para a
impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela
Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança
judicial do crédito tributário. BL: S. 622, STJ.
(TJRJ-2019-VUNESP): Com base na jurisprudência do STJ, é correto afirmar que a notificação do
auto de infração faz cessar a contagem da decadência para a constituição do crédito tributário. BL:
S. 622, STJ.

Súmula 621: Os EFEITOS DA SENTENÇA que REDUZ, MAJORA ou EXONERA o alimentante do


pagamento RETROAGEM à data da citação, VEDADAS a COMPENSAÇÃO e a
REPETIBILIDADE. (MPMT-2019) (DPEGO-2021) (DPEPI-2022)

OBS: Importante.

Imagine o seguinte exemplo hipotético: Gabriel ingressou com ação de alimentos contra Rui, seu
pai. O juiz, na sentença, fixou os alimentos em R$ 4 mil. Após pagar alguns meses, Rui mostrou-se
inadimplente, razão pela qual Gabriel iniciou a execução dos alimentos. Rui, por sua vez, propôs
ação de redução de alimentos. Gabriel foi citado na ação de revisão no dia 01/07 e, no dia 31/12, o
juiz prolatou a sentença, reduzindo a obrigação alimentícia para R$ 1 mil mensais. Rui estava
atrasado em 4 meses (setembro a dezembro), ou seja, deixou de pagar 4 meses de pensão
(equivalente a um total de R$ 16 mil).

Recapitulando:
•Antes da execução, Rui estava pagando 4 mil por mês.
•01/09 a 31/12: Rui não pagou nada (ficou devendo 4 meses = 16 mil).
•Gabriel ajuizou execução de alimentos.
•Rui ajuizou ação de revisão de alimentos.
•01/07: Gabriel foi citado para a ação de redução de alimentos.
•31/12: transitou em julgado a sentença do juiz reduzindo os alimentos para 1 mil mensais.

Tese do alimentante: Enquanto era julgada a revisional, a execução proposta por Gabriel
continuava tramitando. O valor cobrado na execução era de R$ 16 mil (4 meses de 4 mil cada).
Depois do trânsito em julgado da revisional, o advogado de Rui apresentou uma petição no
processo executivo afirmando que seu cliente não precisa mais pagar os R$ 16 mil que estavam
sendo cobrados porque foi proferida uma sentença de redução de alimentos. Alegou que a
sentença na ação de revisão retroage à data da citação, conforme prevê o § 2º do art. 13 da Lei nº
5.478/68 (Lei de Alimentos):
Art. 13 (...) § 2º Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação.

Logo, o valor que estava sendo cobrado (16 mil) foi reduzido para 4 mil. Isso porque o valor da
prestação mensal deixou de ser 4 mil e passou a ser 1 mil.

A tese alegada pelo advogado de Rui está correta? A decisão que revisa a obrigação alimentícia
possui efeito retroativo? SIM. Os efeitos da sentença proferida em ação de revisão de alimentos
(seja em caso de REDUÇÃO, MAJORAÇÃO ou EXONERAÇÃO) retroagem à data da citação,
conforme prevê o art. 13, § 2º, da Lei nº 5.478/68. Essa solução tem por objetivo evitar o
enriquecimento sem causa do credor dos alimentos, porque o entendimento contrário – sentença
de redução ou exoneração dos alimentos produzindo efeitos somente após o seu trânsito em
julgado – ensejaria a inusitada consequência de submeter o alimentante à execução das parcelas
pretéritas não adimplidas (por qualquer razão), mesmo estando ele amparado por decisão judicial
transitada em julgado que diminuiu ou até mesmo eliminou o encargo.

Em julho e agosto, Rui pagou R$ 4 mil em cada mês e, posteriormente, esse valor foi reduzido
para R$ 1 mil mensais. Ele poderá pedir de volta esses R$ 6 mil que pagou a mais para Gabriel
(seu filho) (3 mil a mais em cada mês)? NÃO. A decisão na revisão de alimentos é
RETROATIVA, no entanto, os valores adimplidos são irrepetíveis, ou seja, as parcelas que já
foram pagas não podem ser pedidas de volta. É vedada (proibida) a repetibilidade. Isso porque o
direito presume, de forma absoluta (presunção jure et jure), que as quantias recebidas a título de
alimentos foram utilizadas para o sustento da pessoa, isto é, foram efetivamente consumidas, não
sendo, portanto, legítimo que o beneficiário seja obrigado a devolver por conta de uma decisão
posterior.

Rui poderá utilizar esse valor pago a mais (R$ 6 mil) como crédito e compensá-lo (abatê-lo) das
prestações futuras? NÃO. A decisão na revisão de alimentos é RETROATIVA, no entanto,
mesmo que isso gere um “crédito” em favor do alimentante, ele não poderá utilizar esse saldo
positivo para abater (fazer a compensação) dos valores que ele ainda tem que pagar . Em outras
palavras, ele não pode compensar o excesso do que foi pago com prestações vincendas. É vedada
a compensação.

OUTRAS PERGUNTAS RELACIONADAS COM O TEMA:


Se existe uma decisão determinando que o pai/devedor pague pensão alimentícia para o seu filho e
este pai ajuíza uma ação de exoneração ou redução dos alimentos, o simples fato de ter sido
proposta a demanda já faz com que fique suspensa a sua obrigação? NÃO. O ajuizamento de
ação pleiteando exoneração/revisão de alimentos não exime o devedor de continuar a prestá-los
até o trânsito em julgado da decisão que modifica o valor da prestação alimentar ou exonerá-lo
do encargo alimentar (art. 13, § 3º, da Lei 5.478/68).

Se o juiz profere sentença exonerando o pai/devedor de pagar alimentos ou reduzindo o valor


fixado, mas o alimentando (filho) apresenta apelação, a obrigação alimentícia é suspensa? NÃO.
Da sentença revisional/exoneratória caberá apelação com efeito suspensivo e, ainda que a
referida decisão seja confirmada em segundo grau (pelo Tribunal), não haverá liberação da
prestação alimentar se for interposto recurso especial ou recurso extraordinário. Em suma,
somente com o trânsito em julgado é que haverá a retroação da decisão que reduz ou exonera.
Durante todo o período de tramitação da ação revisional/exoneratória, salvo se concedida
antecipação de tutela suspendendo o pagamento, o devedor deverá adimplir a obrigação, sob
pena de prisão (art. 733 do CPC).
Desse modo, pretendeu a lei conferir ao alimentado (credor) o benefício da dúvida, dando-lhe a
segurança de que, enquanto não assentada, definitivamente, a impossibilidade do cumprimento
da obrigação alimentar nos termos anteriormente firmados, as alegadas necessidades do credor
não deixarão de ser providas. Agora, transitada em julgado a sentença revisional/exoneratória, se,
por qualquer motivo, não tiverem sido pagos os alimentos, a exoneração ou a redução terá efeito
retroativo à citação (art. 13, § 2º, da Lei nº 5.478/68), não sendo cabível a execução de verba já
afirmada indevida por decisão transitada em julgado.

Súmula 620: A embriaguez do segurado NÃO EXIME a seguradora do pagamento da indenização


prevista em contrato de seguro de vida . (TJSC-2019) (TJPA-2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (TJGO-2021) (TJAP-
2022) (DPEMS-2022) (DPERS-2022) (Cartórios/TJSP-2022) (TJDFT-2023) (TJSP-2023)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João fez um seguro de vida, por meio do qual paga R$ 50
por mês (prêmio) e, se vier a falecer na vigência do contrato, a seguradora terá que pagar R$ 500
mil reais (indenização) ao seu filho (beneficiário). Determinado dia, João, após sair de uma festa
completamente embriagado, perdeu o controle sobre o carro e o colidiu contra um poste,
falecendo no local. A seguradora se negou a pagar o valor da apólice, ao argumento de que houve
agravamento intencional do risco (embriaguez ao volante). A seguradora afirmou que existe
cláusula contratual prevendo a exclusão de cobertura nestes casos. Confira:
Cláusula 2.3.1 – Há perda do direito à indenização no caso de morte ocorrida em acidente
cuja consequência direta ou indireta tenha sido decorrente de ingestão, por parte do
segurado, de álcool, de drogas, entorpecentes ou substâncias tóxicas.

O filho de João questionou judicialmente a validade desta cláusula.

Esta cláusula presente no seguro de vida é válida? NÃO. É vedada a exclusão de cobertura do
seguro de vida na hipótese de sinistro ou acidente decorrente de atos praticados pelo segurado
em estado de embriaguez. Tal cláusula é abusiva, com base nos arts. 3º, § 2º, e 51, IV, do CDC.
STJ. 2ª S. EREsp 973.725-SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Des. Conv. TRF 5ª Região), j. 25/04/18
(Info 625).

Cláusulas limitativas das avenças securitárias: Em tese, é possível que existam cláusulas no
contrato de seguro que limitem ou restrinjam o pagamento da indenização. Ex: é válida a
cláusula que exclua o pagamento da indenização caso a morte tenha ocorrido por conta de uma
doença preexistente que foi omitida pelo segurado no momento da contratação. Vale ressaltar, no
entanto, que as cláusulas que limitam a cobertura securitária, para serem válidas, não podem
contrariar:
 as disposições legais;

 a finalidade do contrato.

A jurisprudência do STJ entende que a cláusula presente no contrato de seguro de vida que
exclua a cobertura em caso de morte decorrente de embriaguez é uma cláusula muito restritiva
que acaba contrariando a própria finalidade do contrato. Essa é também a posição da
Superintendência de Seguros Privados, que editou a Carta Circular SUSEP/DETEC/GAB n°
08/07 orientando que as seguradoras não incluam cláusulas excluindo a cobertura na hipótese de
sinistros ou acidentes decorrentes de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade
mental, de alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas.

Situação diferente no caso de seguro de veículos: No caso de seguro de veículos, o STJ e a SUSEP
entendem que é válida a cláusula contratual que preveja a exclusão da indenização caso os
danos ao automóvel tenham sido causados pela embriaguez do segurado.

Compare:
No SEGURO DE VIDA (seguro de pessoas) é No SEGURO DE AUTOMÓVEL (seguro de
devida a indenização securitária mesmo que o bens) celebrado por uma empresa com a
acidente que vitimou o segurado tenha seguradora, é devida a indenização securitária se
decorrido de seu estado de embriaguez? o condutor do veículo estava embriagado?
SIM. É vedada a exclusão de cobertura do • Em regra: NÃO.
seguro de vida na hipótese de sinistro ou • Exceção: será devido o pagamento da
acidente decorrente de atos praticados pelo indenização se o segurado conseguir provar que
segurado em estado de embriaguez. STJ. 3ª T. o acidente ocorreria mesmo que o condutor não
REsp 1.665.701-RS, Rel. Min. Ricardo Villas estivesse embriagado.
Bôas Cueva, j. 9/5/17 (Info 604). STJ. 2ª S. Não é devida a indenização securitária decorrente
EREsp 973.725-SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães de contrato de seguro de automóvel quando o
(Des. Conv. do TRF 5ª Região), j. 25/4/18 (Info causador do sinistro (condutor do veículo
625). segurado) estiver em estado de embriaguez, salvo
se o segurado demonstrar que o infortúnio
ocorreria independentemente dessa circunstância.
STJ. 3ª T. REsp 1.485.717-SP, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, j. 22/11/16 (Info 594).7

(TJDFT-2023-CESPE): De acordo com o disposto no Código Civil e o entendimento


jurisprudencial do STJ acerca dos contratos de seguro, assinale a opção correta: Em regra, a
embriaguez do segurado não pode eximir a seguradora do pagamento da indenização prevista em
contrato de seguro de vida. BL: S. 620, STJ e Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 95 - Tese 09.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 95 – Tese 09: #TJDFT-2023: #CESPE: Tese 09: A embriaguez
do segurado, por si só, não exime o segurador do pagamento de indenização prevista em contrato
de seguro de vida, sendo necessária a prova de que o agravamento de risco dela decorrente influiu
decisivamente na ocorrência do sinistro.

(TJGO-2021-FCC): De acordo com a jurisprudência do STJ, constante de súmula, a embriaguez do


segurado não exime a seguradora do pagamento de indenização prevista em contrato de seguro
de vida. BL: S. 620, STJ.

7
(DPERS-2022-CESPE): Túlio, ao conduzir seu veículo depois de ter ingerido bebida alcoólica, envolveu-
se em acidente de trânsito do qual resultaram somente danos materiais ao seu veículo e ao de terceiro. Ao
fazer o comunicado de sinistro à seguradora com a qual mantinha contrato de seguro do veículo, Túlio
recebeu resposta negativa à cobertura securitária, com base na justificativa de que ele, ao conduzir o
veículo sob efeito de álcool, teria intencionalmente agravado o risco objeto do contrato. Com relação a essa
situação hipotética, julgue o item seguinte, à luz da legislação e do entendimento jurisprudencial acerca de
contrato de seguro. Conforme entendimento do STJ, caso Túlio comprove que o acidente teria ocorrido
independentemente do seu estado de embriaguez, a responsabilidade da seguradora em pagar a
indenização remanescerá. BL: Info 594, STJ.
Súmula 619: A OCUPAÇÃO INDEVIDA de bem público CONFIGURA mera detenção, de
natureza precária, INSUSCETÍVEL de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. (PCMS-
2017) (MPBA-2018) (DPEPE-2018) (TJPA-2019) (TJRJ-2019) (MPSP-2019) (Cartórios/TJRS-2019) (DPEBA-2021)
(DPERJ-2021) (PGECE-2021) (PGEGO-2021) (DPEPR-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação: No DF ainda há alguns terrenos, especialmente em locais mais


afastados, que pertencem ao Governo do Distrito Federal e que estão sem edificação ou utilização.
Em outras palavras, são áreas de terra sem nada construído ainda. A maioria desses imóveis está
em nome da Companhia Imobiliária de Brasília – TERRACAP. A TERRACAP é uma empresa
pública que pertence ao DF e tem por objetivo executar as atividades imobiliárias de interesse do
Distrito Federal. Imagine que um grupo de pessoas “sem casa” invade um imóvel da TERRACAP.
Neste lugar, que era apenas um terreno plano, sem qualquer edificação, estes invasores constroem
10 casas, onde passam a morar com as suas famílias. Além disso, fazem também galinheiros e
outras benfeitorias, além de plantações de milho, mandioca, feijão, cana e frutas. Esses particulares
permanecem no local por mais de 20 anos. A TERRACAP, então, finalmente, decide ingressar com
uma ação reivindicatória contra os “invasores”. A partir dessa situação, podemos fazer algumas
perguntas:

Se os ocupantes da área alegarem, em sua defesa, a existência de usucapião (Súmula 237-STF),


este argumento poderá ser acolhido pelo juízo? NÃO. Isso porque o imóvel pertence ao poder
público (empresa pública). Trata-se, portanto, de bem público e os bens públicos não estão
sujeitos a usucapião, conforme preveem os arts. 183, § 3º e 191, parágrafo único, da CF e o art. 102
do CC/02. Segundo o art. 98 do CC/02:
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.

Se fôssemos levar em consideração a redação literal do art. 98 do CC, este imóvel não poderia ser
considerado como bem público, considerando que a TERRACAP é uma empresa pública (pessoa
jurídica de direito privado). No entanto, a doutrina defende que também deve ser considerado
bem público aquele pertencente à pessoa jurídica de direito privado que seja prestadora de
serviço público quando este bem estiver vinculado à prestação dessa atividade. Nesse sentido:
CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. 14ª ed. Salvador: JusPodivm, 2015, p.
391.

Esta orientação é acolhida pela jurisprudência, conforme aconteceu quando o STF reconheceu
que os bens dos Correios (empresa pública federal) são impenhoráveis:
Os bens, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos são
impenhoráveis e a execução deve observar o regime de precatórios. STF. 1ª T. RE 393032
AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 27/10/09.

Além disso, no caso da TERRACAP, o STJ, há muito tempo, consolidou o entendimento de que
seus bens são públicos, considerando que eram bens do Distrito Federal e que foram
transferidos à NOVACAP e depois para a TERRACAP a fim de serem administrados
descentralizadamente. Logo, permaneceram com a mesma característica:
Os imóveis administrados pela Companhia Imobiliária de Brasília (TERRACAP) são
públicos. STJ. 4ª T. AgRg no AREsp 762.197/DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j.
1/9/16.

Desse modo, os ocupantes terão que realmente deixar o imóvel. No entanto, indaga-se: eles
poderão pedir indenização ao Poder Público pelas acessões e benfeitorias que fizeram no imóvel
(exs: as casas, os galinheiros, as plantações etc.)? Eles poderão se valer do direito de retenção,
permanecendo no imóvel enquanto o Poder Público não pagar a indenização devida? NÃO.
Vamos entender com calma os argumentos do STJ:

O legislador brasileiro, ao adotar a teoria objetiva de Ihering, definiu a posse como o exercício
de algum dos poderes inerentes à propriedade:
Art. 1.196 do CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
O art. 1.219 do CC reconheceu, ao possuidor de boa-fé, o direito à indenização pelas benfeitorias
úteis e necessárias, além do direito de retenção:
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis.

Apesar de o art. 1.219 do CC mencionar apenas “benfeitorias”, a doutrina majoritária e o STJ


entendem que o direito de retenção abrange também as acessões (como é o caso de uma casa
construída em um terreno). Nesse sentido: STJ. 3ª T. Resp 1.316.895/SP, julgado em 11/06/2013.

Foi o entendimento consagrado na I Jornada de Direito Civil do CJF/STF:


Enunciado 81: O direito de retenção previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da realização
de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações)
nas mesmas circunstâncias.

Aliás, o Código Civil possui um dispositivo semelhante para os casos de construções. Veja:
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do
proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a
indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do
terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo,
mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.

Mesmo o possuidor de má-fé tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias, não tendo,
contudo, direito de retenção:
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias;
não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.

E por que os ocupantes do imóvel público não terão direito? Porque o art. 1.219 e demais
dispositivos acima transcritos são inaplicáveis aos imóveis públicos. Tais dispositivos não se
aplicam ao caso porque os imóveis públicos não admitem a posse privada, mas apenas a mera
detenção. O art. 1.196 do CC define o possuidor como aquele que tem, de fato, o exercício de
algum dos poderes inerentes à propriedade. Com se sabe, o particular jamais exerce poderes de
propriedade sobre o imóvel público porque o imóvel público não pode ser usucapido. O
particular, portanto, não poderá ser considerado possuidor de área pública. O nome jurídico da
sua relação com o bem público é “detenção”. Assim, o particular que invade um bem público é
considerado mero detentor. A mera detenção é um instituto jurídico de natureza precária e que é
mais restrito que a posse. Assim, não se confere ao mero detentor os mesmos direitos do
possuidor. A doutrina e a jurisprudência entendem que a posse privada do bem público não se
coaduna (não se harmoniza) com os princípios da indisponibilidade e da supremacia do
interesse público. Veja dois precedentes do STJ que retratam bem este entendimento:
(...) 2. Posse é o direito reconhecido a quem se comporta como proprietário. Posse e
propriedade, portanto, são institutos que caminham juntos, não havendo de se reconhecer
a posse a quem, por proibição legal, não possa ser proprietário ou não possa gozar de
qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 3. A ocupação de área pública, quando
irregular, não pode ser reconhecida como posse, mas como mera detenção. 4. Se o direito
de retenção ou de indenização pelas acessões realizadas depende da configuração da
posse, não se pode, ante a consideração da inexistência desta, admitir o surgimento
daqueles direitos, do que resulta na inexistência do dever de se indenizar as benfeitorias
úteis e necessárias. (...) STJ. 2ª T. REsp 863.939/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 4/11/08. 8

8
(Cartórios/TJRS-2019-VUNESP): Suponha que determinado indivíduo, por onze anos, tenha
ocupado um terreno de propriedade do Município, construído nele a sua residência e um galpão, em
que funciona uma oficina mecânica, local onde exerce a sua profissão de mecânico e retira os
recursos necessários a sua subsistência. A Administração, após notar o uso do espaço pelo particular
sem seu consentimento, notifica-o, solicitando a desocupação da área. Diante da situação hipotética,
assinale a alternativa correta: O particular não tem o direito de permanecer no imóvel e não possui o
direito de ser indenizado pelas benfeitorias existentes no local. BL: S. 619, STJ e REsp 863.939/RJ,
STJ.
(TRF1-2011-CESPE): Assinale a alternativa correta: Segundo o STJ, na hipótese em que o particular ocupa
irregularmente área pública, não é cabível o pagamento de indenização por acessões ou benfeitorias,
tampouco o direito de retenção, sob pena de ofensa aos princípios da indisponibilidade do patrimônio
público e da supremacia do interesse público. BL: REsp 863.939/RJ, STJ.
Configurada a ocupação indevida de bem público, não há falar em posse, mas em mera
detenção, de natureza precária, o que afasta direitos típicos de posseiro. STJ. 2ª T. REsp
1762597/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 16/10/18.

Mas os invasores estavam de boa-fé...: Se o imóvel é público, não interessa a discussão sobre a
existência ou não de boa-fé. Isso porque a detenção, mesmo que de boa-fé, não gera indenização
por acessões e benfeitorias. Não havendo direito à indenização, por consequência, também não
existe direito de retenção.

As realizações feitas no imóvel nem geram benefício ao Poder Público: Ressalta-se que,
juridicamente, os argumentos acima expostos já seriam suficientes para afastar o direito à
indenização e à retenção por parte dos detentores. Ressalte-se, no entanto, que alguns julgados do
STJ mencionam ainda outro aspecto: as construções feitas pelos invasores (exs: casas, barracos,
galinheiros etc.), não geram qualquer utilidade para o poder público, que terá, ainda, que
demolir tudo a fim de permitir que o imóvel seja utilizado para a finalidade ao qual estava
prevista (ex: construção de uma repartição pública, de uma praça etc). Assim, seria incoerente
impor à Administração a obrigação de indenizar por construções feitas irregularmente no
imóvel público, considerando que tais obras não terão qualquer utilidade para o poder público e,
ao contrário, gerarão gastos de recursos do erário para a sua demolição. Alguns Ministros
chegam a afirmar nos votos que “a indenização, na hipótese, é devida pelo invasor, não pelo
Poder Público.” (Min. Herman Benjamin).

Mas o Poder Público foi omisso e permitiu que os invasores ficassem anos no local…: “O imóvel
público é indisponível, de modo que eventual omissão dos governos implica responsabilidade
de seus agentes, nunca vantagem de indivíduos às custas da coletividade. Invasores de áreas
públicas não podem ser considerados sócios ou beneficiários da omissão, do descaso e da inércia
daqueles que deveriam zelar pela integridade do patrimônio coletivo. (...) Entender de modo
diverso é atribuir à detenção efeitos próprios da posse, o que enfraquece a dominialidade pública,
destrói as premissas básicas do Princípio da Boa-Fé Objetiva, estimula invasões e construções
ilegais, e legitima, com a garantia de indenização, a apropriação privada do espaço público. (...)
Saliente-se que o Estado pode – e deve – amparar aqueles que não têm casa própria, seja com a
construção de habitações dignas a preços módicos, seja com a doação pura e simples de residência
às pessoas que não podem por elas pagar. É para isso que existem as Políticas Públicas de
Habitação federais, estaduais e municipais. O que não se mostra razoável é torcer as normas
que regram a posse e a propriedade para atingir tais objetivos sociais e, com isso, acabar por dar
tratamento idêntico a todos os que se encontram na mesma situação de ocupantes ilegais
daquilo que pertence à comunidade e às gerações futuras – ricos e pobres.” (Min. Herman
Benjamin, no Resp 945.055/DF).

Conclusões:
 A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária.
 A mera detenção não confere ao detentor os mesmos direitos do possuidor.
 A mera detenção não gera direito de retenção ou de indenização por acessões e
benfeitorias realizadas no bem público.

SITUAÇÕES PECULIARES: Existem duas situações peculiares que podem gerar confusão com o
tema tratado na Súmula 619, mas que são ligeiramente diferentes. A fim de que você tenha um
conhecimento completo sobre o assunto, passo a tratar delas agora.

1) Particular pode ajuizar ação possessória tendo como objeto bem público de uso comum do
povo
Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “XX” começou a construir uma indústria em
um terreno localizado na área rural do Município. Ocorre que a obra avançou sobre uma rua que
liga uma comunidade de 12 casas com a avenida principal. Em outras palavras, parte da indústria
em construção está invadindo a via de acesso para as casas dos moradores locais. Diante disso, os
moradores ajuizaram ação de reintegração de posse contra a empresa alegando que a rua que está
sendo invadida representa uma servidão de passagem que dá acesso aos loteamentos há mais de
20 anos. A ré alegou, dentre outros argumentos, que a estrada objeto da controvérsia é bem
público municipal de uso comum, não podendo sua proteção possessória ser requerida por
particulares. Isso porque os particulares não detêm a posse dos bens públicos, mas sim a mera
detenção, que não pode ser tutelada por ações possessórias.

A tese da empresa foi acolhida pelo STJ? Não. O STJ decidiu que os particulares podem sim
9
(DPEAM-2018-FCC): Em relação à posse, considere o enunciado seguinte: É possível o manejo de
(DPEBA-2021-FCC): Em relação à posse: Não se configura com a ocupação indevida de bem
público, pois de acordo com entendimento sumulado do STJ, tal situação caracteriza mera
detenção, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. BL: S. 619, STJ.

Súmula 618: A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA APLICA-SE às ações de degradação ambiental.


(TRF2-2018) (TRF3-2018) (MPGO-2019) (MPSC-2019) (DPEMG-2019) (TJRS-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “XXX”, após vencer a licitação, construiu uma
usina hidrelétrica no rio Paranapanema, que faz a divisa dos Estados de São Paulo e Paraná. João é
pescador artesanal e vivia da pesca que realizava no rio Paranapanema. Ocorre que, segundo
alega João, após a construção da usina, houve uma grande redução na quantidade de peixes
existentes no rio, em especial “pintados”, “jaú” e “dourados”. Diante deste fato, João ajuizou ação
de indenização contra a empresa sustentando que a construção da usina causou degradação
ambiental com terríveis impactos no ecossistema. Na ação, o autor pediu a inversão do ônus da
prova mediante a aplicação, por analogia, da regra do art. 6º, VIII, do CDC:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

É possível a inversão do ônus da prova nas ações que se pede a reparação econômica pelos danos
causados ao meio ambiente? SIM. A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação
ambiental.

Princípio da precaução: Uma das razões que justifica essa inversão do ônus da prova é o princípio
da precaução. Por meio do princípio da precaução, entende-se que o meio ambiente deve ter em
seu favor o benefício da dúvida no caso de incerteza. Em outras palavras, se existe uma
desconfiança, um risco de que determinada atividade pode gerar um dano ambiental ao meio
ambiente e à saúde humana, deve-se considerar que esta atividade acarreta sim este dano. Logo, é a
empresa-ré (empresa poluidora) quem tem o ônus de provar que a atividade econômica por ela
desempenhada não gerou o dano ambiental que foi alegado pelo autor na ação de reparação. Nesse
sentido:
O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório, competindo a quem
supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a
substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva. STJ. 2ª Turma. REsp
1.060.753/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 1/12/09.11

Qual é a consequência prática disso? O autor precisará provar apenas que existe um nexo de
causalidade provável entre a atividade exercida e a degradação ambiental. Sendo isso provado,
fica transferido para a concessionária o encargo (ônus) de provar que sua conduta não ensejou
riscos ou danos para o meio ambiente. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1311669/SC, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 3/12/018. No mesmo sentido: Aquele que cria ou assume o risco de
danos ambientais tem o dever de reparar os danos causados e, em tal contexto, transfere-se a ele
todo o encargo de provar que sua conduta não foi lesiva. STJ. 1ª Turma. REsp 1.049.822/RS, Rel.
Min. Francisco Falcão, j. 23/4/09.

Seja o poluidor ente público ou empresa privada: Vale ressaltar que essa inversão do ônus da
prova ocorre tanto nos casos em que o degradador é uma pessoa jurídica de direito público como
também nas hipóteses em que se trata de pessoa jurídica de direito privado. Assim já decidiu o
STJ:

interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a
disputa será relativa à posse. BL: Info 594, STJ.
(DPEPR-2017-FCC): A respeito dos procedimentos especiais, é correto: Embora o STJ possua orientação
de que constitui mera detenção a ocupação por particular de área pública sem autorização expressa e
legítima do titular do domínio, entende cabível o manejo dos interditos possessórios em face de outros
particulares para a defesa da posse. BL: Info 594, STJ.
10
#Atenção: Tema cobrado nas seguintes provas: i) MPBA-2018 e ii) MPMS-2018.
11
(TRF2-2018): A respeito do princípio da precaução em relação ao Direito Ambiental, é correto afirmar
que: compete a quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a
substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva. BL: Entend. Jurisprud.
A responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a qualificação jurídica
do degradador, público ou privado, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo
regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da
reparação in natura e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de
facilitação do acesso à justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor
da vítima ambiental. STJ. 2ª T. REsp 1.454.281/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe
9/9/16.

Os princípios poluidor-pagador, reparação in integrum e prioridade da reparação in natura e do


favor debilis são, por si sós, razões suficientes para legitimar a inversão do ônus da prova em
favor da vítima ambiental. STJ. 2ª T. AgInt no AREsp 620.488/PR, Rel. Min. Og Fernandes, j.
04/09/18.

Seja em ACP, seja em ação individual: Importante também destacar que essa inversão do ônus da
prova pode ocorrer tanto em ação civil pública como em ação individual, desde que relacionada
com degradação ambiental.

A inversão é cabível mesmo que o autor da ação seja o MP: A inversão do ônus da prova deve ser
também admitida em caso de ação civil pública proposta pelo Ministério Público pedindo a
recomposição e/ou a reparação decorrente de degradação ambiental. Isso porque, por mais que o
Ministério Público não possa ser considerado hipossuficiente, ele atua em juízo como substituto
processual e a vítima (substituída) é toda a sociedade que, em se tratando de dano ambiental, é
considerada hipossuficiente do ponto de vista de conseguir produzir as provas. STJ. 2ª Turma.
REsp 1235467/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/08/2013.

Previsão do princípio da precaução: O princípio da precaução tem origem na “Carta Mundial da


Natureza”, de 1982, cujo princípio n. 11, “b”, estabeleceu a necessidade de os Estados
controlarem as atividades potencialmente danosas ao meio ambiente, ainda que seus efeitos
não fossem completamente conhecidos. Esse princípio foi posteriormente incluído na Declaração
do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92). Além desses documentos, o
princípio da precaução está contido, implicitamente, no art. 225, § 1º, IV e V, da CF:
Art. 225 (...)
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...)
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que
se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

Regra de instrução: A inversão do ônus da prova de que trata o art. 6º, VIII, do CDC é REGRA DE
INSTRUÇÃO, devendo a decisão judicial que determiná-la ser proferida preferencialmente na fase
de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurar à parte a quem não incumbia inicialmente o
encargo a reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos. Nesse sentido: STJ. 2ª Seção.
EREsp 422.778-SP, Rel. para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgados em 29/2/2012.

Súmula 617: A ausência de suspensão ou revogação do LIVRAMENTO CONDICIONAL antes do


término do período de prova ENSEJA a EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE pelo integral
cumprimento da pena. (MPGO-2019) (MPSP-2019) (DPEMG-2019) (TJGO-2021) (TJSP-2023)

OBS: Válida.
O que é livramento condicional? Livramento condicional é...
- um benefício da execução penal
- concedido ao condenado preso,
- consistindo no direito de ele ficar em liberdade,
- mesmo antes de ter terminado a sua pena,
- assumindo o compromisso de cumprir algumas condições,
- desde que preencha os requisitos previstos na lei.

O indivíduo que está no gozo do livramento condicional desfruta de uma liberdade antecipada,
condicional e precária. Entenda:
• antecipada: porque o condenado é solto antes de ter cumprido integralmente a pena.
• condicional: uma vez que, durante o período restante da pena (chamado de período de prova),
ele terá que cumprir certas condições fixadas na decisão que conceder o benefício.
• precária: tendo em vista que o benefício poderá ser revogado (e ele retornar à prisão) caso
descumpra as condições impostas.
(MASSON, Cleber. Direito Penal esquematizado. 8. ed., São Paulo: Saraiva, 2014, p. 808).

Previsão legal: As regras sobre o livramento condicional estão elencadas nos arts. 83 a 90 do CP e
arts. 131 a 146 da LEP.

Requisitos
Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, deverá atender aos seguintes
requisitos:
O condenado deve ter:
1) sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos;
2) reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossível fazê-lo;
3) cumprido parte da pena, quantidade que irá variar conforme ele seja reincidente ou
não:
• condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes: basta cumprir mais de
1/3 (um terço) da pena. É chamado de livramento condicional SIMPLES;
Requisitos
• condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de 1/2 (metade) da pena
OBJETIVOS
para ter direito ao benefício. É o livramento condicional QUALIFICADO;
• condenado por crime hediondo ou equiparado, se não for reincidente específico em crimes
dessa natureza: deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) da pena. É o livramento
condicional ESPECÍFICO;
• condenado por crime hediondo ou equiparado, se for reincidente específico em crimes dessa
natureza: não terá direito a livramento condicional.

O condenado deve ter:


1) bom comportamento carcerário, a ser comprovado pelo diretor da unidade
prisional;
2) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;
Requisitos 3) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
SUBJETIVOS 4) para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de
condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.

Competência para deferir: A concessão do livramento competirá ao juiz da execução da pena que
o condenado estiver cumprindo. Antes de decidir, o magistrado deverá:
• requerer um parecer do diretor do estabelecimento sobre o comportamento carcerário do
apenado;
• ouvir o Ministério Público e a defesa.

O ato do juiz que concede ou nega o livramento condicional é uma sentença, que deverá ser
sempre motivada.

O juiz tem que ouvir o Conselho Penitenciário? NÃO. Não se exige a prévia oitiva do Conselho
Penitenciário para fins de concessão do livramento condicional, segundo a nova redação do art.
112 da LEP dada pela Lei nº 10.792/2003. STJ. 5ª Turma. HC 350.902/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 21/06/2016.

Legitimidade para instaurar o procedimento: O livramento condicional poderá ser concedido


mediante:
• requerimento do sentenciado;
• requerimento o cônjuge ou de parente em linha reta do sentenciado;
• proposta do diretor do estabelecimento penal; ou
• por iniciativa do Conselho Penitenciário.

Obs: apesar de não estar previsto na lei, entende-se que o juiz pode conceder de ofício.

Condições: O juiz, ao conceder o livramento condicional, irá impor ao condenado algumas


condições, ou seja, obrigações que ele terá que cumprir. Existem algumas condições que são
obrigatórias, ou seja, a própria lei diz que todo condenado deverá cumprir (art. 132, § 1º da LEP).
Por outro lado, há determinadas condições que são facultativas, isto é, são obrigações que o
magistrado poderá ou não impor ao condenado, a depender do caso concreto (art. 132, § 2º, LEP).
O livramento condicional consiste na última etapa da execução da pena, visando à
ressocialização do apenado, quando ele é colocado em liberdade mediante o cumprimento
de determinadas condições previstas nos arts. 83, do CP e 132, § 1º, da LEP, algumas
obrigatórias, outras facultativas. STJ. 5ª T. HC 235.480/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, j.
26/06/12.

Vejamos quais são essas condições:


CONDIÇÕES DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
OBRIGATÓRIAS FACULTATIVAS
Serão sempre impostas ao liberado condicional Poderão ainda ser impostas ao liberado
as seguintes obrigações: condicional, entre outras obrigações, as
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo seguintes:
razoável se for apto para o trabalho; a) não mudar de residência sem comunicação ao
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua Juiz e à autoridade incumbida da observação
ocupação; cautelar e de proteção;
c) não mudar do território da comarca do Juízo b) recolher-se à habitação em hora fixada;
da execução, sem prévia autorização. c) não frequentar determinados lugares.
As condições obrigatórias são apenas essas, que As condições facultativas estão previstas em um
estão previstas taxativamente no art. 132, § 1º da rol exemplificado no art. 132, § 2º da LEP. Isso
LEP. significa que o juiz poderá estabelecer outras,
desde que razoáveis. São chamadas por alguns
autores de “condições judiciais” (art. 85 do CP).
Ex: juiz pode determinar que o condenado
frequente tratamento para viciados em droga.

Cerimônia do livramento condicional: O livramento condicional é concedido em uma


“cerimônia” (uma espécie de audiência admonitória) realizada no próprio estabelecimento onde o
condenado está preso. Apesar de não se verificar isso na prática, é importante que você conheça o
art. 137 da LEP para fins de concurso:
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia
marcado pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo
cumprida a pena, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente
do Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas
na sentença de livramento;
III - o liberando declarará se aceita as condições.
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia
e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.

Quanto tempo dura o livramento condicional? O livramento condicional perdura durante o


tempo que restante da pena. Ex: João foi condenado a uma pena de 6 anos de reclusão. Após
cumprir 2 anos e 1 dia de pena (ou seja, mais de 1/3), ele requereu e foi concedido o benefício.
Este livramento condicional irá durar pouco menos de 4 anos, isto é, o período que falta para ele
terminar a pena. Conforme já explicado, no período do livramento condicional, o condenado
ficará em uma época de “teste” no qual se irá analisar se ele cumpre as condições impostas e se ele
não pratica nenhum ato que configure motivo para revogar o benefício. Assim, o tempo em que o
apenado está em livramento condicional é chamado de “período de prova”. O benefício poderá
ser revogado (e ele retornar à prisão) caso descumpra as condições impostas. Se isso acontecer,
significa que ele terá falhado na “prova”.

Revogação do livramento: A lei prevê situações que, se acontecerem, o livramento condicional


deverá ser obrigatoriamente revogado (causas de revogação obrigatória – art. 86, CP). Há também
outros casos que se ocorrerem, o juiz pode avaliar a situação concreta e decidir se irá revogar o
benefício ou se dará uma chance para o apenado de continuar no livramento condicional (causas
de revogação facultativa – art. 87, CP). A revogação será decretada:
• a requerimento do Ministério Público;
• mediante representação do Conselho Penitenciário; ou
• de ofício, pelo Juiz.

O condenado deverá ser ouvido previamente.

Causas de revogação OBRIGATÓRIA:


1) Se o agente for condenado definitivamente à pena privativa de liberdade por crime cometido
durante a vigência do benefício.
• Situação muito grave; o apenado recebeu uma chance, ou seja, ficou em liberdade antes de
terminar a pena e, apesar disso, praticou um crime durante o período de prova.
• O condenado irá “perder” esse tempo em que ficou no livramento condicional, ou seja, o
tempo em que ele ficou em liberdade não será computado (descontado) na pena a cumprir . Ex:
ele recebeu livramento condicional quando ainda faltavam 4 anos de pena; depois de 2 anos no
livramento condicional, ele praticou e foi condenado por novo crime; esses 2 anos serão
desconsiderados; ele voltará para a prisão e terá que cumprir os 4 anos que ainda faltavam mais a
nova pena fixada;
• Não será permitido novo livramento para o crime revogado. Pode ser concedido, no entanto,
para a nova condenação (quando ele completar os requisitos);
• O novo livramento não permite soma da pena do crime anterior (assim, se o novo crime for
menor que 2 anos, não caberá livramento nem para o segundo crime).

2) Se o agente for condenado definitivamente à pena privativa de liberdade por crime anterior à
vigência do benefício.
• Computa-se, na pena a cumprir, o tempo de liberdade. Ex: ele recebeu livramento condicional
quando ainda faltavam 4 anos de pena; depois de 2 anos no livramento condicional, veio a
condenação transitada em julgado por crime praticado antes do benefício; esses 2 anos que ele
ficou cumprindo corretamente o livramento condicional serão “aproveitados” e poderão ser
descontados da pena que ainda falta ele cumprir; assim, este apenas voltará para a prisão e terá
que cumprir apenas 2 anos da primeira condenação e mais a nova pena fixada;
• Será permitido novo livramento, inclusive para o crime revogado;
• Cabe a soma das penas.

Veja o que dizem os arts. 141 e 142 da LEP e o art. 87 do CP:


Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento,
computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida,
para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em
que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo
livramento.
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.

Causas de revogação FACULTATIVA:


1) Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença;

2) Se o liberado for condenado definitivamente por crime ou contravenção e não receber pena
privativa de liberdade. Ex: recebeu pena restritiva de direitos.

Obs: se o juiz decidir manter o livramento condicional, na hipótese da revogação facultativa, ele
deverá advertir o liberado ou agravar as condições que já tinham sido impostas (art. 140,
parágrafo único da LEP).

Suspensão do livramento condicional: No caso da prática de crime ou contravenção penal, a


legislação exige, como condição para a revogação, que haja sentença judicial transitada em
julgado. Ocorre que o trânsito em julgado e uma condenação criminal pode demorar anos para
acontecer. Diante disso, em tais casos, o juiz deve determinar a suspensão cautelar do
livramento condicional enquanto se aguarda a decisão final do processo criminal. Assim, se o
indivíduo que estava em liberdade condicional praticar uma infração penal durante o período de
prova, não se poderá revogar imediatamente o benefício, mas o juiz deverá suspender o
livramento, mandando o condenado de volta para a prisão enquanto se aguarda o desfecho do
processo penal. É o que prevê o art. 145 da LEP:
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão,
ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do
livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.

Fique atento para o fato de que a suspensão cautelar do livramento só pode ocorrer para o caso
de cometimento de outra infração penal. Assim, não é o descumprimento de toda e qualquer
condição que gera a possibilidade de suspensão do livramento.

Se ocorrer alguma causa de revogação do livramento condicional durante o período de prova, o


juiz somente poderá revogar ou suspender o benefício antes do término do cumprimento da pena:

Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro cumpria pena por extorsão. O juiz concedeu
livramento condicional a Pedro no dia 5/5/12. O período de prova terminaria dia 10/7/17,
quando se encerraria o tempo que falta para cumprimento da pena. No dia 5/5/17, ou seja, três
anos depois do início do livramento, Pedro praticou um roubo. Ocorre que o juiz da execução não
foi informado imediatamente sobre o fato e, por isso, não determinou a suspensão do livramento
condicional. Em 5/7/17, o MP ofereceu denúncia contra Pedro pelo cometimento do roubo e
pediu para que o juízo da execução penal fosse informado sobre a ocorrência deste novo delito.
Em 15/7/17 o juiz da execução penal foi comunicado de que o condenado Pedro praticou outro
crime durante o livramento condicional e está respondendo ao processo penal.

O juiz da execução, ao receber essa comunicação, poderá revogar o livramento condicional,


determinando que Pedro volte a cumprir a pena, descontado o período em que ficou gozando do
benefício? NÃO. Isso porque já se encerrou o período de prova sem que tenha havido suspensão
ou revogação do livramento. Logo, se essas providências não foram tomadas durante o período
de prova, não podem ser feitas agora, depois que já se encerrou o prazo do livramento
condicional.

Mas o novo crime foi praticado durante o período de prova, ou seja, enquanto o condenado ainda
cumpria o livramento condicional... Como a nova infração penal foi cometida durante o
livramento condicional (antes de o benefício acabar), não seria possível considerar que, com a
prática do novo crime, houve a prorrogação automática do período de prova, nos termos do art.
89 do CP? NÃO. O art. 89 do CP prevê o seguinte:
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
livramento.

O art. 89 do CP traz a possibilidade de ser prorrogado o prazo do livramento em caso de crime


cometido durante o gozo do benefício. Contudo, essa prorrogação do período de prova não pode
ser automática. Assim, ocorrendo novo delito durante o período de prova do livramento
condicional, é necessária a suspensão cautelar do benefício, sob pena de ser declarada extinta a
pena após o término do prazo do livramento.

O que o juiz da execução deve fazer, então? Como não houve decisão determinado a suspensão ou
revogação do período de prova durante o prazo do livramento condicional, somente resta agora
ao juiz proferir sentença declarando a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da
pena (em relação ao crime de extorsão). Pedro irá continuar respondendo pelo delito de roubo,
mas a pena pelo crime de extorsão já foi cumprida. Essa é a interpretação que é dada pelo STJ ao
art. 90 do CP:
Art. 90. Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade.

“Expirado o prazo do livramento condicional sem a sua suspensão ou prorrogação (art. 90 do CP),
a pena é automaticamente extinta” (STJ. 5ª T. HC 279.405/SP, Rel. Min. Felix Fischer, DJe
27/11/14).

Conclusões:
• se o réu cometeu crime durante a vigência do livramento condicional, não haverá a suspensão,
prorrogação ou revogação automática do benefício;
• em caso de prática de crime durante o período de prova, o juiz deverá determinar: 1) a
suspensão do livramento condicional (caso o processo criminal pelo segundo delito ainda não
tenha se encerrado) ou 2) a sua revogação (caso já tenha sentença condenatória transitada em
julgado);
• se o juiz suspender nem revogar expressamente o livramento condicional durante o período de
prova, não poderá mais fazê-lo depois que esgotado esse prazo;
• se o período de prova transcorrer sem decisão formal do juiz suspendendo ou revogando o
livramento, considera-se que houve o cumprimento integral da pena, não havendo outra solução a
não ser reconhecer a extinção da punibilidade;
• logo, a ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do
período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena;
• decorrido o período de prova do livramento condicional sem que seja proferido uma decisão
formal e expressa de suspensão ou revogação do benefício, a pena deve ser extinta, nos termos do
art. 90 do CP.

Posição do STF: Vale ressaltar que o STF possui o mesmo entendimento que é manifestado na
súmula:
(...) À luz do disposto no art. 86, I, do Código Penal e no art. 145 da Lei das Execuções
Penais, se, durante o cumprimento do benefício, o liberado cometer outra infração penal, o
juiz poderá ordenar a sua prisão, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja
revogação, entretanto, aguardará a conclusão do novo processo instaurado.
3. A suspensão do livramento condicional não é automática. Pelo contrário, deve ser
expressa, por decisão fundamentada, para se aguardar a apuração da nova infração penal
cometida durante o período de prova, e, então, se o caso, revogar o benefício. Precedente.
4. Decorrido o prazo do período de prova sem ter havido a suspensão cautelar do
benefício, tampouco sua revogação, extingue-se a pena privativa de liberdade. Precedentes.
5. Ordem concedida, para reconhecer a extinção da pena privativa de liberdade imposta ao
paciente quanto ao primeiro crime cometido.
STF. 1ª Turma. HC 119938, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 03/06/2014.

(DPEMG-2019): Analise o caso a seguir: ““M.K.T.” encontrava-se em regime semiaberto quando foi
deferido o livramento condicional. Encerrado o período de prova do livramento, os autos foram ao Ministério
Público que requereu a juntada da Folha e da Certidão de Antecedentes Criminais. Deferido o pedido
ministerial e juntados os documentos requeridos, com vista dos autos, o parquet verificou que “M.K.T.”
havia sido preso – e logo solto em audiência de custódia – pela prática de crime ocorrido durante o período de
prova do livramento condicional. O Ministério Público observou ainda que ele havia sido denunciado e
condenado pelo fato, tendo a sentença penal permitido que “M.K.T.” recorresse em liberdade. Interposto
recurso pela defesa, a sentença penal condenatória não havia transitado em julgado. Diante da informação
acerca da condenação penal, o Ministério Público requereu a revogação do livramento condicional, a
regressão cautelar de regime prisional e a designação de audiência de justificação.” Após a manifestação
da defesa, deve o magistrado declarar extinta a pena privativa de liberdade. BL: S. 617, STJ.

(TJAL-2019-FCC): Em relação ao livramento condicional, correto afirmar que a ausência de


suspensão ou revogação antes do término do período de prova enseja extinção da punibilidade
pelo integral cumprimento da pena. BL: S. 617, STJ e art. 90, CP.

#Atenção: Vide art. 90, CP: “Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a
pena privativa de liberdade.”

Súmula 616: A indenização securitária É DEVIDA quando ausente a comunicação prévia do


segurado acerca do atraso no pagamento do prêmio por constituir requisito essencial para
suspensão ou resolução do contrato de seguro. (Cartórios/TJRS-2019) (PGECE-2021) (TJAP-2022)

OBS: Importante.

Indenização securitária: É o valor pago pela seguradora caso o risco coberto se concretize
(sinistro). Ex: João faz um seguro de vida em favor de seus filhos; se ele morre, o risco se
concretizou, e a seguradora terá que pagar a indenização securitária aos beneficiários da apólice
(filhos de João).

Prêmio: É a quantia paga pelo segurado para que a seguradora aceite assumir o risco. Ex: João
faz um seguro de vida em favor de seus filhos. Ele combinou de pagar à seguradora, como
prêmio, R$ 1 mil por mês. Em palavras simples, o prêmio é a contraprestação paga à seguradora e
que foi combinada no contrato. O valor do prêmio é fixado a partir de cálculos atuariais e o seu
valor leva em consideração os riscos cobertos. Ex: se João tem 40 anos, o prêmio a ser pago será
menor do que se ele tiver 80.

Se o segurado atrasa o pagamento do prêmio, haverá automaticamente a suspensão ou resolução


da cobertura securitária? NÃO. O simples atraso no pagamento da prestação mensal, sem prévia
constituição em mora do segurado, não produz o cancelamento automático ou a imediata
suspensão do contrato de seguro firmado entre as partes (STJ. 4ª T. AgInt no AREsp 805.441/RS,
Rel. Min. Marco Buzzi, j. 27/02/18).12

Se o segurado atrasa o pagamento do prêmio, o que a seguradora deve fazer? A seguradora deverá
constituir o segurado em mora, mediante interpelação extrajudicial. Em outras palavras, a
seguradora deverá notificar o segurado informando a ele que está em mora (em atraso). Assim,
não basta o atraso no pagamento de parcela do prêmio para o desfazimento automático do
contrato de seguro, sendo necessária a prévia constituição em mora, por meio de notificação ou
interpelação específica. Ex: João deixou de pagar as “parcelas do seguro”, ou seja, o prêmio
mensal que havia sido ajustado. Já estava devendo três meses. Apesar disso, a seguradora não

12
#Atenção: Tema cobrado nas provas: i) Cartórios/TJRS-2019 (VUNESP); ii) PGECE-2021 (CESPE).
notificou o segurado. João morreu; os beneficiários do contrato terão direito à indenização
securitária porque não houve comunicação prévia da seguradora informando o segurado sobre o
atraso. Foi esse o entendimento consolidado pelo STJ nesta Súmula 616: a indenização
securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segurado acerca do atraso no
pagamento do prêmio. Isso porque essa comunicação prévia (interpelação) é considerada
requisito essencial para a suspensão ou resolução do contrato de seguro.

Código Civil: O Código Civil trata sobre o tema no art. 763:


Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do
prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.

A interpretação dada pela doutrina e pelo STJ é a de que a constituição em mora de que trata o
art. 763 do CC exige prévia interpelação. Nesse sentido:
Enunciado n. 376 Jornada de Direito Civil CJF: Para efeito de aplicação do art. 763 do
Código Civil, a resolução do contrato depende de prévia interpelação.

Desse modo, pode-se dizer que a mora, no contrato de seguro, é classificada como ex persona (e
não ex re). Relembre a diferença:

Mora ex re (mora automática) Mora ex persona (mora pendente)


Determinadas obrigações possuem mora ex Outras obrigações possuem mora ex
re, ou seja, se o devedor não cumprir a persona, ou seja, exigem a interpelação
obrigação no dia certo do vencimento, judicial ou extrajudicial do devedor para
considera-se que ele está, que este possa ser considerado em mora.
automaticamente, em mora. Apenas depois dessa notificação é que o
A mora ocorre de pleno direito, credor estará desautorizado a cumprir
independentemente de notificação. suas obrigações contratuais.
Aplica-se a máxima dies interpellat pro
homine: o dia interpela pelo homem (o
termo interpela no lugar do credor).

E se no contrato houver uma cláusula dizendo que a mora é “ex re” e que, havendo o atraso, o
segurado perde o direito à indenização independentemente de prévia interpelação? Tal cláusula é
considerada abusiva, nos termos do art. 51, IV, do CDC:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
(...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade;

Considera-se abusiva a cláusula contratual que prevê o cancelamento ou a extinção do contrato de


seguro em razão do inadimplemento do prêmio, sem a prévia constituição em mora do segurado,
mediante prévia notificação. STJ. 4ª T. AgRg no AREsp 292.544/SP, Rel. Min. Raul Araújo, j.
23/4/13.

Súmula 615: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos
fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as
providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação adaptada: O Estado do Amapá celebrou convênio com a União
(Ministério das Cidades). Por meio desse convênio, o Estado receberia determinadas verbas para
realizar projetos de interesse social, assumindo o compromisso de prestar contas junto ao
Ministério e ao TCU da utilização de tais valores. A União detectou supostas irregularidades no
convênio e, em razão disso, o Estado foi inserido no SIAF, que é uma espécie de cadastro federal
de inadimplência. Com a referida inscrição, o Estado-membro ficou impedido de contratar
operações de crédito, celebrar convênios com órgãos e entidades federais e receber transferências
de recursos. O Estado-membro não concordou com a inclusão no cadastro e ajuizou ação ordinária
contra a União alegando que houve violação ao princípio da intranscendência subjetiva das
sanções, uma vez que o inadimplemento ocorreu em gestão anterior (era outro Governador).
O que é o princípio da intranscendência subjetiva das sanções? O princípio da intranscendência
subjetiva significa que não podem ser impostas sanções e restrições que superem a dimensão
estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato
ilícito. Na jurisprudência do STF encontramos dois exemplos de aplicação desse princípio em
casos envolvendo inscrição de Estados e Municípios nos cadastros de inadimplentes da União:

 1ª acepção: quando a irregularidade foi praticada pela gestão anterior


Existem julgados do STF afirmando que se a irregularidade no convênio foi praticada pelo gestor
anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o erário e
corrigir as falhas (exs: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de
ressarcimento contra o antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser
incluído nos cadastros de inadimplentes da União.
Assim, segundo esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a
aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores. Segundo o Min. Luiz Fux, “não se pode inviabilizar a administração de quem foi eleito
democraticamente e não foi responsável diretamente pelas dificuldades financeiras que
acarretaram a inscrição combatida”.
Logo, deve-se aplicar o princípio da intranscendência subjetiva das sanções, impedindo que a
Administração atual seja punida com a restrição na celebração de novos convênios ou recebimento
de repasses federais.
Nesse sentido: STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados
em 23/6/2015 (Info 791).
Assim, “o princípio da intranscendência subjetiva das sanções inibe a aplicação de severas sanções
às administrações por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos.” (STF. 1ª Turma.
ACO 3014 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/05/2018).
A própria AGU admite esta tese:
Súmula 46-AGU: Será liberada da restrição decorrente da inscrição do município no SIAFI
ou CADIN a prefeitura administrada pelo prefeito que sucedeu o administrador faltoso,
quando tomadas todas as providências objetivando o ressarcimento ao erário.

O STJ comunga também desse entendimento exigindo sempre que a gestão sucessora tenha
tomado as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos. Por isso,
editou a súmula 615:
Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros
restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são
tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.

 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma entidade do


Estado/Município ou pelos outros Poderes que não o Executivo
Além do caso acima explicado, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções pode ser
aplicado também nas situações em que uma entidade estadual/municipal (ex: uma autarquia)
descumpriu as regras do convênio e a União inscreve não apenas essa entidade, como também o
próprio ente (Estado/Município) nos cadastros restritivos. Nesse sentido:
(...) O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem jurídica
superem a dimensão estritamente pessoal do infrator. Em virtude desse princípio, as
limitações jurídicas que derivam da inscrição, em cadastros públicos de inadimplentes, das
autarquias, das empresas governamentais ou das entidades paraestatais não podem atingir
os Estados-membros, projetando, sobre estes, consequências jurídicas desfavoráveis e
gravosas, pois o inadimplemento obrigacional – por revelar-se unicamente imputável aos
entes menores integrantes da administração descentralizada – só a estes pode afetar. Os
Estados-membros e o Distrito Federal, em consequência, não podem sofrer limitações em
sua esfera jurídica, motivadas pelo só fato de se acharem administrativamente
vinculadas a eles as autarquias, as entidades paraestatais, as sociedades sujeitas a seu
poder de controle e as empresas governamentais alegadamente inadimplentes e que, por
tal motivo, hajam sido incluídas em cadastros federais (CAUC, SIAFI, CADIN, v.g.). (...)
STF. Plenário. ACO 1848 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 6/11/14.

Também viola o princípio da intranscendência quando o Estado-membro é incluído nos


cadastros de inadimplentes da União por irregularidades praticadas pelos outros Poderes que
não o Executivo:
A imposição de sanções ao Executivo estadual em virtude de pendências dos Poderes
Legislativo e Judiciário locais constitui violação do princípio da intranscendência, na
medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera
orgânica daquelas instituições, que dispõem de plena autonomia institucional a elas
outorgadas por efeito de expressa determinação constitucional. STF. Plenário. ACO 2995
AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/02/2018.

Súmula 614: O locatário NÃO POSSUI LEGITIMIDADE ATIVA para discutir a relação jurídico-
tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado NEM para repetir indébito desses
tributos. (Cartórios/TJMG-2018/2019) (TJRO-2019) (Cartórios/TJPR-2019) (TJAP-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022)

OBS: Importante.

IPTU: O IPTU (Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana) é um tributo de


competência dos Municípios, estando previsto no art. 156, I da CF:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I – propriedade predial e territorial urbana;

O fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel localizado na
zona urbana do Município.

O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária de IPTU e de
taxas referentes ao imóvel alugado (1ª parte da súmula)
Imagine a seguinte situação hipotética: João (proprietário) alugou seu imóvel para Pedro
(inquilino). No contrato, havia uma cláusula prevendo que a obrigação pelo pagamento do IPTU
do imóvel competia a Pedro (locatário). Houve um aumento do valor do IPTU por meio de
decreto do Prefeito. Diante disso, Pedro ajuizou ação contra o Município alegando que este
aumento violou o princípio da legalidade tributária e pedindo a volta do antigo valor. Esta ação
terá êxito? NÃO. Pedro não tem legitimidade ativa para a causa, uma vez que ele não é o
proprietário do imóvel. O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-
tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado (1ª parte da súmula).

O locatário não possui legitimidade ativa para pedir a repetição de indébito do IPTU e das taxas
referentes ao imóvel alugado (2ª parte da súmula)
Exemplo: a empresa JM Ltda. é locatária de um imóvel. Pelo contrato, a obrigação de pagar o IPTU
é dela. Durante três anos, a JM Ltda. pagou ao Município o IPTU. Ocorre que a lei municipal que
fundamentava a cobrança do imposto foi declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça. Com
base nisso, a JM Ltda. ajuizou ação ordinária contra o Município pedindo a restituição dos valores
indevidamente recolhidos a título de IPTU nos anos de 2012, 2013 e 2014 em virtude da
inconstitucionalidade da lei. Esta ação não será conhecida, considerando que a JM Ltda. é mera
locatária. O locatário não possui legitimidade ativa para pedir a repetição de indébito do IPTU e
das taxas referentes ao imóvel alugado (2ª parte da súmula)

Mas, nos dois casos, o contrato de locação diz que a responsabilidade pelo pagamento do IPTU e
das taxas é do locatário... O locatário é quem está pagando os tributos... : Isso não importa. O
Fisco não tem nada a ver com isso, ele não participou desse ajuste. Um contrato entre particulares
não tem a força de interferir na relação jurídico-tributária com o Fisco. É o que prevê o art. 123
do CTN:
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública,
para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
correspondentes.

Em outras palavras, não se pode invocar contra o ente público o contrato firmado entre locador e
locatário, sendo o proprietário do imóvel o sujeito passivo da obrigação tributária.

Correta interpretação do art. 34 do CTN: O art. 34 do CTN prevê quem são os contribuintes do
IPTU:
Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil,
ou o seu possuidor a qualquer título.

Diante disso, alguns leitores podem estar pensando: o locatário detém a posse do imóvel. Logo,
ele também poderia ser considerado contribuinte do IPTU. Sendo contribuinte do imposto, teria
legitimidade para ajuizar ações questionando esse tributo. Essa interpretação, contudo, não é
acolhida pela jurisprudência.

O STJ, ao interpretar o art. 34 do CTN, afirma que a posse tributária é a que exterioriza o
domínio, não aquela exercida pelo locatário ou pelo comodatário. Assim, o possuidor até pode
ser considerado contribuinte do IPTU, mas, para isso, é necessário que ele seja um possuidor
que tenha animus domini.

Desse modo, contribuinte do IPTU, na visão do STJ, é:


 o proprietário do imóvel;
 o titular do domínio útil do imóvel; ou
 o possuidor do imóvel, a qualquer título, desde que tenha animus domini.

Posse animus domini (com ânimo de dono) é aquela posse demonstrada por quem se considera o
dono do imóvel. É a posse que gera direito à usucapião. Mesmo que o contrato de locação dure
20 anos e que o locatário permaneça todo esse tempo no imóvel, ele não terá direito de adquiri-lo
por usucapião. Isso porque a sua posse não tem animus domini, ou seja, ele sabe que não é o
proprietário do imóvel e que só está na posse em virtude do contrato. Logo, a súmula 614 do STJ
não é incompatível com o art. 34 do CTN.

Seria possível que o locatário pedisse a repetição de indébito do IPTU com base no art. 166 do
CTN, alegando que foi ele quem sofreu o encargo econômico do tributo? NÃO. O art. 166 do CTN
prevê o seguinte:
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido
encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado
a recebê-la.

Ocorre que este art. 166 do CTN é aplicado apenas para tributos indiretos, não sendo regra
válida para os tributos diretos, como é o caso do IPTU e das taxas que incidem sobre o imóvel.
Nesse sentido:
O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que o art. 166 do CTN não tem
aplicabilidade aos tributos diretos, como via de regra, são o IPTU e as taxas incidentes
sobre o imóvel, vez que referidas exações não podem ser enquadradas no rol de tributos
que comportem, por sua natureza, transferência do referido encargo. STJ. 1ª Turma. AgRg
no AgRg no REsp 1294961/RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 12/04/2016.

Taxas referentes ao imóvel: Ex: taxa de lixo (SV 19).

Súmula 613: NÃO SE ADMITE a aplicação da TEORIA DO FATO CONSUMADO em tema de


Direito Ambiental. (TRF2-2018) (DPEMG-2019) (TJPR-2021) (PGEAL-2021) (TJRS-2022) (PGDF-2022) (PGM-
Florianópolis/SC-2022) (PGM-POA/RS-2022)

OBS: Importante.

O que é a teoria do fato consumado? Segundo a teoria do fato consumado, as situações jurídicas
consolidadas pelo decurso do tempo, amparadas por decisão judicial, não devem ser
desconstituídas, em razão do princípio da segurança jurídica e da estabilidade das relações
sociais (STJ. REsp 709.934/RJ).13 Assim, de acordo com essa posição, se uma decisão judicial
autorizou determinada situação jurídica e, após muitos anos, constatou-se que tal solução não era
acertada, ainda assim não deve ser desconstituída, para que não haja insegurança jurídica. Em
suma, trata-se de uma espécie de convalidação da situação pelo decurso de longo prazo.

A teoria do fato consumado não se aplica para violações ao meio ambiente: Ex: João construiu
uma casa em uma área de proteção ambiental (APA), com a autorização do Município. Muitos
anos mais tarde, o MP ajuizou ação civil pública requerendo a demolição da construção e a
recomposição da vegetação do local. João não poderá invocar a teoria do fato consumado. Se
fosse aceita essa teoria, isso significaria que se estaria admitindo a perpetuação do direito de
poluir, degradar o meio ambiente. Nesse sentido: STJ. 2ª T. AgInt no REsp 1355428/MS, Rel. Min.
Francisco Falcão, j. 12/12/17. Esse é também o entendimento do STF: RE 609748 AgR, Rel. Min.
Luiz Fux, 1ª T., j. 23/08/11.

Haverá a demolição mesmo que a construção irregular tenha sido feita com autorização dos
órgãos ambientais? SIM. Constatado que houve edificação irregular em área de preservação
permanente, o fato de ter sido concedido licenciamento ambiental, por si só, não afasta a
responsabilidade pela reparação do dano causado ao meio ambiente, mormente quando
reconhecida a ilegalidade do aludido ato administrativo (STJ. 2ª T. AgInt nos EDcl no AREsp
359.140/MS, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 07/12/17). 14

13
#Atenção: Julgado cobrado na prova da PGDF-2022 (CESPE).
A licença, espécie de ato administrativo autorizativo, está submetida ao regime jurídico
administrativo. Isso significa que se esta licença foi irregular, deve ser declarada a sua nulidade,
o que significa, por sua vez, que não poderão ser produzidos efeitos válidos nem se poderá
aceitar que haja a consolidação de qualquer direito adquirido. Vale dizer, declarada a sua
nulidade, a situação fática deve retornar ao estado ex ante, sem prejuízo de eventual reparação
civil do lesado caso presentes os pressupostos necessários para tal. Essa circunstância se torna
ainda mais acentuada tendo em vista o bem jurídico tutelado no caso em tela, que é o meio
ambiente, e a obrigação assumida pelo Estado brasileiro em diversos compromissos internacionais
de garantir o uso sustentável dos recursos naturais em favor das presentes e futuras gerações (STJ.
2ª T. REsp 1362456/MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 28/06/13).

O STJ possui precedentes negando a aplicação da teoria mesmo em casos envolvendo residências
familiares localizadas em área de proteção ambiental:
(...) 1. Os impetrantes buscam o reconhecimento da ilegalidade no procedimento de
desocupação perpetrado pelo Secretário de Administração de Parques do Distrito Federal,
objetivando que a autoridade coatora abstenha-se de praticar qualquer ato tendente a
remover os moradores do Parque das Copaíbas. (...) 6. Não prospera também a alegação de
aplicação da teoria do fato consumado, em razão de os moradores já ocuparem a área,
com tolerância do Estado por anos, uma vez que tratando-se de construção irregular em
Área de Proteção Ambiental-APA, a situação não se consolida no tempo. Isso porque, a
aceitação da teoria equivaleria a perpetuar o suposto direito de poluir, de degradar, indo
de encontro ao postulado do meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo
essencial à qualidade sadia de vida. (...) STJ. 1ª T. AgRg no RMS 28.220/DF, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j.18/04/17. 15

Como foi cobrado em concursos:


 “Em área de preservação permanente, edificam-se construções em parcelamento de solo sem
autorização nem EIA-RIMA. Ante a degradação ambiental, o Ministério Público ingressa
com ação civil pública julgada procedente em primeiro grau. Os condenados apelam e se
propõem a regenerar o restante da área, desde que o recurso seja provido para arredar a
multa ambiental. Diante desse quadro, analise as assertivas que seguem: II. cuidando-se de
fato consumado, o apelo deve ser provido para reconhecer aos ocupantes o direito a
permanecer na APP; (...) V. inexiste direito adquirido à ocupação irregular de área de
preservação permanente com degradação ambiental.” (Juiz Substituto-TJSP – VUNESP –
2011 – Falso e Verdadeiro, respectivamente).
 “É compatível com o Direito brasileiro a chamada desafetação ou desclassificação jurídica
tácita em razão do fato consumado.” (Procurador do Estado – PGE-PA – UEPA – 2012 –
Falso).

(TJPR-2021-FGV): João construiu uma suntuosa mansão de veraneio ao lado do leito de um rio e
em Área de Preservação Permanente (APP), com considerável supressão de vegetação. Constando
a ocorrência de graves danos ambientais e de ilegal atividade causadora de impacto ambiental, o
Ministério Público ajuizou ação civil pública, pleiteando a demolição da edificação ilegal e o
reflorestamento da área degradada. Na contestação, João alegou que, inobstante não tenha obtido
prévia licença para a construção, o Município tinha ciência da construção de sua casa, eis que
fiscais de meio ambiente estiveram no local e não lavraram auto de infração. Assim, argumenta o
réu que o poder público quedou-se inerte, devendo ser aplicada a teoria do fato consumado, pois
a construção já ocorreu há dez anos. Consoante jurisprudência do STJ, a tese defensiva: não
merece prosperar, pois não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito
Ambiental, que equivaleria a perpetuar e perenizar um suposto direito de poluir que vai de
encontro ao postulado do meio ambiente ecologicamente equilibrado. BL: S. 613, STJ.

(DPEMG-2019): Segundo o direito ambiental e agrário, analise a afirmativa a seguir: Ainda que se
considere o decurso do tempo, eventuais construções existentes em área de preservação
permanente podem ser demolidas pelo Poder Público, haja vista a inaplicabilidade da teoria do
fato consumado. BL: S. 613, STJ.

(TRF2-2018): No âmbito do Direito Ambiental, é correto afirmar que: não se admite a aplicação da
teoria do fato consumado. BL: S. 613, STJ.

14
#Atenção: Julgado cobrado nas provas: i) TRF2-2018; e ii) DPEMG-2019; iii) TJPR-2021 (FGV).
15
#Atenção: Julgado cobrado na prova do TRF2-2018.
Súmula 612: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no prazo de sua
validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus efeitos à data em que
demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei complementar para a fruição da
imunidade. (TCDF-2021)

OBS: Válida.

Certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS): O CEBAS é um certificado


concedido pelo Governo Federal, por intermédio dos Ministérios da Educação, do
Desenvolvimento Social e Agrário e da Saúde, às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social que prestem serviços
nas áreas de educação, assistência social ou saúde. Têm direito ao CEBAS as pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência
social e que prestem serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação e que atendam às
regras previstas na Lei nº 12.101/2009.

Efeito ex tunc do CEBAS: O certificado que reconhece a entidade como filantrópica, de utilidade
pública, tem efeito ex tunc, por se tratar de ato declaratório. Assim, as entidades beneficentes
possuem direito à imunidade desde quando preencheram os requisitos previstos na lei
complementar (e não desde a data em que foi conferido o CEBAS).

Ex: se o CEBAS só foi concedido em março de 2018, mas desde agosto de 2017 a entidade já havia
preenchido os requisitos previstos na lei, a imunidade deve ser reconhecida desde agosto de 2017.
Isso porque, como já dito, o CEBAS tem natureza declaratória (e não constitutiva).

O STJ possui precedentes afirmando, inclusive, que o fato de a entidade “não possuir o
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), não é suficiente a impedir o
reconhecimento da imunidade tributária no caso concreto pois, a teor da jurisprudência desta
Corte, referido certificado trata-se de ato declaratório.” (STJ. 1ª Turma. REsp 1517801 SC, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/09/2015).

No mesmo sentido:
Se a instituição de assistência social conseguiu, por meio de uma perícia contábil, provar
que atende os requisitos do art. 150, VI, “c”, da CF e do art. 14, do CTN, ela terá direito à
imunidade tributária, mesmo que não apresente certificado de entidade de assistência
social, documento emitido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. Não é possível condicionar a concessão de imunidade tributária prevista para as
instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos à apresentação de
certificado de entidade de assistência social na hipótese em que prova pericial tenha
demonstrado o preenchimento dos requisitos para a incidência da norma imunizante .
STJ. 1ª T. AgRg no AREsp 187.172-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18/2/14
(Info 535).

(TCDF-2021-CESPE): No que se refere à imunidade e à competência tributárias, julgue o item que


se segue: Segundo a jurisprudência sumulada pelo STJ, a entidade que recebe o certificado de
entidade beneficente de assistência social (CEBAS) passa a usufruir de tais efeitos de forma
retroativa à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei
complementar para a fruição da imunidade. BL: S. 612, STJ.

Súmula 611: DESDE QUE devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, É
POSSÍVEL a instauração de processo administrativo disciplinar com base em DENÚNCIA
ANÔNIMA, EM FACE DO poder-dever de autotutela imposto à Administração. (DPEMG-2019)
(PGM-Boa Vista/RR-2019) (TJPR-2021) (MPDFT-2021) (PGEAL-2021) (PCPR-2021) (MPM-2021) (PCGO-2018/2022)
(MPPE-2022) (PCPB-2022) (PCRJ-2022) (MPT-2022)

OBS: Importante.

O que é a chamada "denúncia anônima"? Denúncia anônima ocorre quando alguém, sem se
identificar, relata para as autoridades que determinada pessoa praticou uma infração, um ilícito.
Essa “denúncia anônima” pode relatar a ocorrência de crimes e/ou de infrações administrativas.
Ex1: uma pessoa liga para a polícia e avisa que em determinado local está ocorrendo o comércio
ilegal de drogas (denúncia anônima de um crime).
Ex2: uma pessoa envia mensagem para a ouvidoria do órgão público, sem se identificar, relatando
que o servidor João não trata os usuários do serviço com urbanidade e gentileza (trata-se de uma
denúncia anônima envolvendo a prática de uma infração administrativa).
Ex3: um indivíduo envia mensagem para a corregedoria do Fisco, sem se identificar, narrando um
episódio no qual o Fiscal exigiu vantagem ilícita para não fazer o lançamento tributário (neste
caso, teremos uma denúncia anônima revelando uma infração administrativa que também
configura crime).

É possível instaurar processo administrativo disciplinar com base em “denúncia anônima”? SIM,
mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade deverá realizar uma investigação preliminar
ou sindicância para averiguar o conteúdo e confirmar se a “denúncia anônima” possui um
mínimo de plausibilidade.

Anonimato x Princípios da administração pública: A Constituição Federal assegura a livre


manifestação do pensamento, mas proíbe o anonimato (art. 5º, IV). Por essa razão, algumas
pessoas defendiam a ideia de que a denúncia anônima seria proibida. Os Tribunais Superiores,
contudo, não concordaram com essa tese. Isso porque existem outros valores constitucionais que
devem ser ponderados, ou seja, devem também ser levados em consideração, não se podendo ter
essa regra do art. 5º, IV, como absoluta. O art. 37, caput, da CF determina que a Administração
Pública deverá obedecer aos princípios da legalidade, da impessoalidade e da moralidade.
Dessa forma, tais princípios exigem que o administrador público, ao ser informado de uma
possível infração administrativa, tome providências. Essas providências devem ser adotadas
porque a Administração Pública está submetida ao poder-dever da autotutela. A autotutela
obriga que o administrador público corrija, mesmo de ofício, atos ilegais que estejam sendo
praticados no âmbito da administração pública. Logo, mesmo a informação tendo chegado sem
identificação do remetente, o administrador público não pode ser omisso e ignorá-la, sob pena
de ele (administrador) ser responsabilizado nas esferas civil (art. 37, § 6º, da CF), penal
(prevaricação – art. 319 do CP; condescendência criminosa – art. 320 do CP), administrativa (art.
117, XV, Lei nº 8.112/90 - proceder de forma desidiosa) e também por ato de improbidade (art. 11,
II, Lei nº 8.429/92 - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício).

Lei nº 8.112/90: Isso que foi explicado acima vale para todas as esferas da administração pública
(União, Estados/DF e Municípios). No caso da União, contudo, é importante ressaltar que existe
previsão expressa na Lei nº 8.112/90:
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.

Desse modo, a Lei nº 8.112/90 prevê dois instrumentos para a apuração das infrações
administrativas praticadas pelos servidores públicos federais:
a) a sindicância e
b) o processo administrativo disciplinar.

Quando se instaura um ou o outro?


 Sindicância: quando o administrador percebe que há a necessidade de que alguns fatos
sejam esclarecidos antes, ou seja, quando ainda não há muitos elementos para se
instaurar diretamente o processo. É uma espécie de investigação prévia.
 PAD: deve ser instaurado quando a existência do fato está plenamente caracterizada e a
autoria é conhecida.

Como explica Ivan Barbosa Rigolin, existem situações que são tão graves e evidentes “ que nem
mesmo é preciso a sindicância para apontar a necessidade de processo disciplinar. Nessa hipótese, deve ser
logo de início instaurado aquele processo, convocando-se todas as pessoas, bem como invocando-se todos os
meios de provas necessários à boa condução do trabalho e à elucidação do fato apontado.” (Comentários ao
Regime Único dos Servidores Públicos Civis. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 350).

Denúncia anônima exige prévia sindicância ou investigação prévia: O STJ afirmou que, no caso de
denúncia anônima, não se deve instaurar imediatamente (diretamente) o processo
administrativo disciplinar. Antes disso, por precaução e prudência, o administrador deverá
realizar uma sindicância, ou seja, uma investigação prévia para examinar se essa denúncia
anônima não é completamente infundada. Ex: chega à Administração Pública a denúncia
anônima de que Pedro, fiscal do Município, teria recebido vantagem indevida para a emissão de
alvará de funcionamento da empresa X. A informação que chegou foi apenas esta. O
administrador público deverá instaurar para confirmar minimamente a procedência dos fatos.
Durante essa investigação prévia, constata-se que Pedro nunca atuou neste processo. Logo, a
sindicância será arquivada e não será instaurado processo administrativo disciplinar.
Instauração do PAD, devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância: Por
outro lado, suponhamos que, na sindicância que foi aberta para apurar a denúncia anônima,
constata-se que Pedro atuou realmente como fiscal no pedido de alvará da empresa X e que ele
não exigiu alguns documentos que seriam obrigatórios. Neste caso, constatando-se a existência de
indícios de que houve a prática de uma infração administrativa grave, deverá a autoridade
administrativa, de forma devidamente motivada, ou seja, expondo essas razões, instaurar
processo administrativo disciplinar.

Cuidado com a redação do art. 144 da Lei nº 8.112/90: O art. 144 da Lei nº 8.112/90 prevê o
seguinte:
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que
contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
confirmada a autenticidade.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou
ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.

Esse art. 144 era muito utilizado como tese de defesa para tentar invalidar os processos
administrativos iniciados com base em denúncia anônima. O STJ, contudo, afasta esse argumento
e afirma que:
(...) 3. Conquanto a Lei 8.112/90, no art. 144, preveja a formulação por escrito, com
identificação e endereço do denunciante, não há expressa determinação legal para que
denúncias anônimas sejam ignoradas e simplesmente arquivadas, uma vez que a
Administração dispõe do poder-dever de autotutela. (...) STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1126789/RS, Rel. Min. Og Fernandes, j. 6/8/13.

Em suma, mesmo com o art. 144 da Lei nº 8.112/90, admite-se a denúncia anônima.

Procedimento em caso de denúncia anônima: Assim, o procedimento em caso de denúncia


anônima na Administração Pública deverá ser o seguinte:
1) Iniciar uma sindicância ou uma investigação preliminar (obs: a investigação preliminar
na Administração Pública federal é chamada de sindicância, mas em outros entes pode não
ter esse nome);
2) Arquivamento: quando na sindicância ou investigação ficar demonstrado que a
denúncia anônima é completamente infundada e que não há qualquer indício da prática
de infração administrativa;
3) Instauração de processo disciplinar: quando for constatada a existência de indícios de
que houve a prática de uma infração administrativa. Para a instauração do PAD exige-se
ato devidamente motivado.

CGU: Vale ressaltar que a CGU possui um enunciado administrativo semelhante ao entendimento
do STJ:
Enunciado nº 3-CGU: A delação anônima é apta a deflagrar apuração preliminar no
âmbito da Administração Pública, devendo ser colhidos outros elementos que a
comprovem.

Como foi cobrado em concursos:


 “É vedada a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia
anônima em respeito ao princípio da formalidade dos atos administrativos”. (Procurador-
AL-RS – Fundatec – 2018 – Falso).
 “É ilegal a instauração de PAD a partir de denúncia anônima”. (Analista Judiciário – TRT
8ª Região – CESPE – 2016 -Falso).
 “Não é admitida a instauração de ofício de processo administrativo disciplinar com base
em denúncia anônima”. (Analista Judiciário – TRE-PI – CESPE – 2016 -Falso).
 “É possível a instauração de procedimento administrativo disciplinar com base em
denúncia anônima”. (Defensor Público Federal – DPU – CESPE – 2017 -Verdadeiro).

(MPPE-2022-FCC): Sobre o processo administrativo disciplinar: Desde que devidamente motivada


e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela
imposto à Administração. BL: S. 611, STJ.

(PCPB-2022-CESPE): Se determinado órgão público receber denúncia anônima que impute


conduta irregular a servidor público lotado nesse mesmo órgão, por ato cometido no exercício da
função, à administração pública é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar
em desfavor do servidor, em razão do poder-dever de autotutela imposto à administração, desde
que motivada e com amparo em investigação ou sindicância. BL: S. 611, STJ.

(TJPR-2021-FGV): Em sede de processo administrativo disciplinar (PAD) instaurado após


sindicância patrimonial em face de servidor público federal, foi-lhe aplicada a penalidade de
demissão do serviço público, tendo em vista a constatação de variação patrimonial a descoberto.
Inconformado, o servidor demitido impetra mandado de segurança visando a anular o ato
demissório e argumenta, preliminarmente, a nulidade do PAD por ter sido instaurado com base
em denúncia anônima; por não lhe ter sido assegurada defesa técnica; e por ter havido a posterior
alteração da capitulação legal. Além disso, o impetrante também sustenta a inexistência de provas
inequívocas das irregularidades e a incongruência entre a conduta apurada e a pena de demissão.
Considerando a narrativa fática hipotética acima, é correto afirmar que: desde que devidamente
motivada e com amparo em investigação ou sindicância, admite-se a instauração de PAD com
base em denúncia anônima. BL: S. 611, STJ.

(MPDFT-2021): Assinale a alternativa correta: Pelo poder-dever de autotutela imposto à


Administração, desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância
instaurada ex officio, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base
em denúncia anônima. BL: S. 611, STJ.

(DPEMG-2019): Segundo a jurisprudência do STJ, é permitida a instauração de processo


administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, desde que devidamente motivada e
com amparo em investigação ou sindicância. BL: S. 611, STJ.

Súmula 610: O SUICÍDIO NÃO É COBERTO nos dois primeiros anos de vigência do contrato de
seguro de vida, RESSALVADO o direito do beneficiário à devolução do montante da RESERVA
TÉCNICA FORMADA. (TRF3-2018) (TJSC-2019) (MPSC-2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (Cartórios/TJRS-2019)
(TJAP-2022) (TJDFT-2023) (TJSP-2023)

OBS: Importante.

RELEMBRANDO: NOMENCLATURAS UTILIZADAS NOS CONTRATOS DE SEGURO


 Risco: é a possibilidade de ocorrer o sinistro. Ex.: risco de morte.
 Sinistro: o sinistro é o risco concretizado. Ex.: morte.
 Apólice (ou bilhete de seguro): é um documento emitido pela seguradora no qual estão
previstos os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o
prêmio devido e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário.
 Prêmio: é a quantia paga pelo segurado para que o segurador assuma o risco. O prêmio
deve ser pago depois de recebida a apólice. O valor do prêmio é fixado a partir de
cálculos atuariais e o seu valor leva em consideração os riscos cobertos.
 Indenização: é o valor pago pela seguradora caso o risco se concretize (sinistro).

SEGURO E SUICÍDIO
Imagine a seguinte situação: João fez um seguro de vida por meio do qual paga R$ 50 por mês
(prêmio) e, se vier a falecer na vigência do contrato, a seguradora terá que pagar R$ 500 mil reais
(indenização) ao seu filho (beneficiário). O prazo de vigência do contrato é de 5 anos.

Se João se matar, mesmo assim a seguradora terá que pagar a indenização ao beneficiário? No
seguro de vida, se o segurado se suicidar, a seguradora continua tendo obrigação de pagar a
indenização? Depende:

Se o suicídio ocorreu ANTES dos Se o suicídio ocorreu DEPOIS dos


dois primeiros anos do contrato: dois primeiros anos do contrato:

NÃO SIM

O beneficiário não terá direito ao capital Se o suicídio ocorrer depois dos dois primeiros
estipulado quando o segurado se suicida nos anos do contrato será devida a indenização, ainda
primeiros dois anos de vigência inicial do que exista cláusula expressa em contrário.
contrato ou nos dois primeiros anos depois
de o contrato ter sido reiniciado (recondução) Obs: é nula a cláusula contratual que exclua a
depois de um tempo suspenso (art. 798 do indenização da seguradora em caso de suicídio
CC). ocorrido depois dos dois primeiros anos do
contrato (art. 798, parágrafo único). Assim, se o
Obs: o beneficiário não terá direito à suicídio ocorre depois dos dois primeiros anos, é
indenização, mas receberá o valor da reserva devida a indenização ainda que exista cláusula
técnica já formada, ou seja, terá direito à expressa dizendo que a seguradora não deve
quantia que o segurado pagou a título de indenizar.
prêmio para a seguradora. A seguradora será
obrigada a devolver ao beneficiário o montante
da reserva técnica já formada mesmo que fique
provado que o segurado premeditou o suicídio.

SEGURO E SUICÍDIO NOS DOIS PRIMEIROS ANOS


Se o suicídio acontecer nos dois primeiros anos, o beneficiário poderá receber o seguro provando
que o segurado não agiu de forma premeditada? Se o suicídio acontecer nos dois primeiros anos,
tem alguma relevância discutir-se a premeditação do segurado? NÃO. A redação do art. 798 do
CC é muito clara e direta: se o suicídio ocorrer dentro dos dois primeiros anos do contrato, a
seguradora não está obrigada a indenizar o beneficiário. Em outras palavras, durante os dois
primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida, o suicídio é risco não coberto por força
de lei. Perceba que o legislador estabeleceu um critério objetivo para regular a matéria, sendo,
portanto, irrelevante a discussão a respeito da premeditação da morte. O art. 798 adotou critério
objetivo temporal para determinar a cobertura relativa ao suicídio do segurado, afastando o
critério subjetivo da premeditação. Acontecendo o suicídio nos dois primeiros anos de contrato, o
beneficiário não terá direito à indenização, quer tenha sido o suicídio premeditado, quer tenha
ocorrido sem premeditação. Essa escolha do legislador teve como objetivo conferir maior
segurança jurídica evitando discussões sobre o elemento subjetivo, ou seja, a respeito da intenção
do segurado. Esse é o entendimento do STJ. 2ª S. AgRg nos EDcl nos EREsp 1076942⁄PR, Rel. para
acórdão Min. João Otávio de Noronha, j. 27⁄5⁄15. 16

Suicídio premeditado x Suicídio não premeditado: Para fins de contrato de seguro, suicídio
premeditado é aquele no qual o segurado já faz o seguro de vida pensando na ideia de se
suicidar para deixar a indenização para o beneficiário. Em outras palavras, o segurado agiu de
má-fé porque, quando fez o seguro, já tinha essa intenção. Suicídio não premeditado, por sua vez,
é aquele no qual o segurado, quando assinou o contrato, não tinha a intenção de se matar, tendo
a vontade surgido posteriormente. Como se percebe, provar essa intenção do agente é algo
extremamente difícil, razão pela qual o CC-2002, de forma acertada, abandonou esse critério.

Enunciado 187: Cuidado com o enunciado 187 da Jornada de Direito Civil, que diz o seguinte:
187 – Art. 798: No contrato de seguro de vida, presume-se, de forma relativa, ser
premeditado o suicídio cometido nos dois primeiros anos de vigência da cobertura,
ressalvado ao beneficiário o ônus de demonstrar a ocorrência do chamado "suicídio
involuntário”

O referido enunciado está em sentido contrário à jurisprudência do STJ e NÃO deve ser adotado
em provas de concurso. Risque ele dos seus materiais de estudo para não se confundir.

Reserva técnica: Vimos acima que, se o suicídio ocorrer nos dois primeiros anos, o beneficiário
não terá direito à indenização, mas receberá o valor da reserva técnica já formada, ou seja, ele
terá direito de receber a quantia que o segurado pagou a título de prêmio para a seguradora .
Isso está previsto na parte final do art. 798 c/c art. 797, parágrafo único do CC. Importante
ressaltar que a seguradora será obrigada a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica
já formada mesmo que fique provado que o segurado premeditou o suicídio.

SEGURO E SUICÍDIO DEPOIS DOS DOIS PRIMEIROS ANOS


Após o período de carência de dois anos a seguradora será obrigada a indenizar mesmo diante
da prova mais cabal de premeditação. Mesmo que a seguradora prove que o segurado, no
momento da contratação do seguro já pensava em se suicidar, se esse suicídio aconteceu após os
dois primeiros anos de contrato, ela terá sim que indenizar. Perceba, mais uma vez, que não
importa mais essa discussão sobre premeditação. O critério atual é apenas temporal:
 Suicídio nos dois primeiros anos: SEM direito à indenização.

 Suicídio após os dois primeiros anos: TEM direito à indenização.

SÚMULAS SOBRE O TEMA


Existiam duas súmulas que tratavam sobre o tema:
Súmula 105-STF: Salvo se tiver havido premeditação, o suicídio do segurado no período
contratual de carência não exime o segurador do pagamento do seguro.

16
#Atenção: Tema cobrado na prova do TJDFT-2023 (CESPE).
Súmula 61-STJ: O seguro de vida cobre o suicídio não premeditado.

O STJ, no dia 25/04/2018, ao aprovar a Súmula 610, decidiu cancelar a Súmula 61. A Súmula 105
do STF, apesar de formalmente não estar cancelada, encontra-se superada.

As Súmulas 105-STF e 61-STJ foram aprovadas ainda sob a égide do CC/1916. Com a redação do
art. 798 do CC/02, tais súmulas passaram a estar em confronto com o ordenamento jurídico. Isso
porque, conforme já explicado, o critério adotado pelo Código Civil atual é meramente temporal
(menos ou mais de 2 anos). O CC/2002 abandonou o critério da premeditação. A premeditação do
suicídio não serve para nada e não deve nem sequer ser trazida para a discussão.

Alguns de vocês podem estar pensando: mas como o entendimento do STJ vai fazer com que uma
súmula do STF deixe de ser aplicada (torne-se superada)? A Súmula 105 foi editada pelo STF em
13/12/63. Nesta época, não existia STJ (que só foi criado com a CF/88). Isso significa que a tarefa
de interpretar a legislação federal (interpretar o Código Civil, por exemplo) cabia ao STF. Com a
CF/88, a competência para interpretar a legislação infraconstitucional passou para o STJ. Logo, a
competência para definir esse tema (interpretar se a regra do Código Civil sobre suicídio e
contrato de seguro) é atualmente do STJ, considerando que não há questão constitucional
envolvida.

Como foi cobrado em concursos:


 “Se o suicídio do segurado ocorrer dentro do prazo dos dois primeiros anos de vigência
do contrato de seguro de vida, seus beneficiários não terão direito a indenização, ainda
que não premeditado o suicídio, mas o segurador será obrigado a devolver o montante da
reserva técnica já formada”. (Juiz Substituto-TJAM – CESPE – 2016 – Verdadeiro)
 “Se um indivíduo cometer suicídio quatro anos após contratar seguro de vida, a
seguradora estará dispensada de pagar a indenização prevista no contrato caso haja
cláusula contratual que exclua o pagamento na hipótese de suicídio”. (Analista Judiciário-
TJDFT – CESPE – 2015 – Falso)
 “O Código Civil adotou o critério subjetivo da premeditação para determinar a cobertura
relativa ao suicídio do segurado. Desse modo, a seguradora não será obrigada a indenizar
se houver prova cabal da premeditação do suicídio, mesmo após o decurso do período de
carência de dois anos”. (Defensor Público-RN – CESPE – 2015 – Falso)

Resumindo:
No seguro de vida, se o segurado se suicidar, a seguradora continua tendo obrigação de pagar a
indenização?
 Se o suicídio ocorreu ANTES dos dois primeiros anos do contrato: NÃO.

O beneficiário não terá direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros
dois anos de vigência inicial do contrato ou nos dois primeiros anos depois de o contrato ter sido
reiniciado (recondução) depois de um tempo suspenso (art. 798 do CC).
Obs: o beneficiário não terá direito à indenização, mas receberá o valor da reserva técnica já
formada, ou seja, terá direito à quantia que o segurado pagou a título de prêmio para a
seguradora. A seguradora será obrigada a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica
já formada mesmo que fique provado que o segurado premeditou o suicídio.

 Se o suicídio ocorreu DEPOIS dos dois primeiros anos do contrato: SIM.

Se o suicídio ocorrer depois dos dois primeiros anos do contrato será devida a indenização, ainda
que exista cláusula expressa em contrário.
Obs: é nula a cláusula contratual que exclua a indenização da seguradora em caso de suicídio
ocorrido depois dos dois primeiros anos (art. 798, parágrafo único). Assim, se o suicídio ocorre
depois dois primeiros anos, é devida a indenização ainda que exista cláusula expressa dizendo
que a seguradora não deve indenizar.

Principal precedente que deu origem à súmula: STJ. 2ª S. REsp 1.334.005-GO, Rel. originário Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, j. 8/4/15 (Info 564).

Está cancelada a Súmula 61 do STJ e encontram-se superados a Súmula 105 do STF e o Enunciado
187 da Jornada de Direito Civil.

É cabível a modulação dos efeitos do entendimento da Súmula 610 do STJ no caso de suicídio
que tenha ocorrido ainda na vigência do entendimento anterior, previsto nas Súmulas 105 do
STF e 61 do STJ:
No seguro de vida, se o segurado se suicidar, a seguradora continua tendo obrigação
de pagar a indenização?
1) Entendimento ANTERIOR (até 08/04/2015) (Súmulas 105 do STF e 61 do STJ):
O critério era o da premeditação:
• Se o suicídio foi premeditado: NÃO
• Se o suicídio não foi premeditado: SIM

2) Entendimento ATUAL (Súmula 610 do STJ):


O critério passou a ser o meramente temporal:
• Suicídio nos dois primeiros anos: SEM direito à indenização.
• Suicídio após os dois primeiros anos: TEM direito à indenização.
Caso concreto: segurado cometeu suicídio antes de terminarem os dois primeiros anos
do contrato. Ficou demonstrado que o suicídio não foi premeditado.
Assim, pelo entendimento anterior, o beneficiário do seguro teria direito à indenização
(porque o suicídio não foi premeditado). Por outro lado, pelo entendimento atual, o
filho de João não teria direito à indenização (porque o suicídio ocorreu nos dois
primeiros anos do contrato). O beneficiário ajuizou a ação contra a seguradora quando
ainda vigorava o entendimento anterior do STJ, tendo, inclusive, obtido uma sentença
favorável. Ocorre que, quando o processo chegou ao STJ por meio de recurso, o
entendimento já havia mudado.
Neste caso, o STJ afirmou que, mesmo tendo havido alteração da jurisprudência,
deveria ser aplicado o entendimento anterior.
STJ. 3ª T. REsp 1.721.716-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 10/12/19 (Info 662).

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 95 – Tese 03: #TJDFT-2023: #CESPE: Tese 03: O suicídio
cometido nos dois primeiros anos de vigência do contrato de seguro de vida é risco não coberto,
ressalvado o direito do beneficiário ao ressarcimento do montante da reserva técnica já formada.

(MPSC-2019): Segundo entendimento do STJ, o suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de
vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução do
montante da reserva técnica formada. BL: S. 610, STJ.

(TRF3-2018): Sobre o contrato de seguro, é correto afirmar: No seguro de vida, o suicídio não é
coberto nos dois primeiros anos de vigência do contrato, ressalvado o direito do beneficiário à
devolução do montante da reserva técnica formada. BL: S. 610, STJ.

Súmula 609: A RECUSA DE COBERTURA SECURITÁRIA sob alegação de doença pré-existente É


ILÍCITA SE NÃO HOUVE a exigência de exames prévios à contratação ou a demonstração de má-
fé do segurado. (TJPR-2019) (DPEMG-2019) (Cartórios/TJRS-2019) (MPSC-2021) (DPEBA-2021) (TJRS-2022)

OBS:
Dever de informar doenças preexistentes: No momento em que a pessoa vai contratar um seguro,
ela preenche uma ficha na qual será perguntado a ela se possui alguma doença preexistente.
Assim, caso o contratante tenha alguma enfermidade, ele é obrigado a informar essa situação à
seguradora no momento da assinatura do contrato.

O que é considerado doença preexistente?


 No caso de seguro de vida, é a doença que o segurado sabia que possuía no momento
da assinatura do contrato e que mesmo assim não declarou na proposta de contratação
(art. 62 da Circular SUSEP nº 302 de 19/09/2005).
 No caso dos seguros e planos de saúde, doença preexistente é aquela “que o beneficiário
ou seu representante legal saiba ser portador ou sofredor, no momento da contratação
ou adesão ao plano privado de assistência à saúde” (art. 2º da Resolução Normativa
162/2007 da ANS.

Por que o consumidor tem esse dever de informar? Porque os contratos de seguro de danos
pessoais (morte, invalidez e acidentes pessoais) preveem cláusula que exclui cobertura
securitária em caso de dano causado por doença preexistente. Ex: no contrato de seguro de vida,
há uma cláusula dizendo que se o segurado falecer em decorrência de doença preexistente, o
beneficiário da apólice não terá direito ao recebimento da indenização.
Nos seguros e planos de saúde não há exclusão, mas existem cláusulas que estipulam uma
carência de até 24 meses, período durante o qual o contratante não terá direito a procedimentos
mais complexos relacionados ao tratamento de tais doenças. Ex: a pessoa possui câncer e contrata
um plano de saúde (ou seguro-saúde); o contrato poderá prever que ela estará sujeita a uma
carência de 24 meses, de forma que, neste período, não terá direito a cirurgia ou internação
decorrente deste câncer.

E se o consumidor sabe que possui essa doença, mas omite tal informação no momento da
assinatura do contrato? Em outras palavras, se o contratante omite a doença preexistente? Neste
caso, o consumidor age de má-fé e não terá direito à cobertura securitária, conforme prevê o art.
766 do Código Civil:
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas ou omitir
circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o
direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.

Exames médicos prévios: A demonstração de que o segurado agiu com má-fé e que não declarou a
doença preexistente é difícil de ser feita. Diante disso, como cautela, antes de ser assinado o
contrato de seguro, algumas seguradoras exigem que o usuário seja submetido a exames médicos
para verificar se ele apresenta ou não alguma enfermidade física ou psíquica. Não há ilegalidade
da operadora na conduta de exigir esses exames médicos prévios. Isso é permitido.

A seguradora pode se recusar a arcar com a cobertura securitária sob a alegação de que o sinistro
ocorreu em virtude de doença preexistente? SIM. Essa recusa será considerada lícita, no entanto,
para isso, é necessário que a operadora:
1) Tenha realizado exames médicos no usuário antes da assinatura do contrato,
constatando-se que ele possuía essa doença; ou
2) Se a operadora não fez esses exames prévios, ela terá que provar agora (já durante o
contrato) que o consumidor agiu de má-fé e ocultou intencionalmente a existência da
doença.

Em outras palavras, antes de concluir o contrato, a seguradora pode exigir do segurado a


realização de exames médicos para constatação de sua efetiva disposição física e psíquica. Se a
operadora não realizou os exames no contratante, ela assumiu os riscos por essa sua postura.
Logo, somente poderá recusar o tratamento se provar que o segurado agiu de má-fé.
Má-fé = omissão intencional de doença preexistente.

Vejamos um exemplo para ilustrar melhor: João contratou seguro de vida. No momento da
assinatura, ele informou que não possuía qualquer enfermidade. Passados alguns meses, João
morre de bronquite crônica. A viúva requer o pagamento da indenização securitária. A
seguradora nega, afirmando que se tratava de doença preexistente. Essa recusa pode ser
considerada lícita? Depende:
1) Se a seguradora fez exames antes da assinatura e detectou que João estava com bronquite : ela
poderá recusar o pagamento da indenização porque a morte foi decorrente dessa doença
preexistente. A recusa será lícita.
2) Se a seguradora não fez os exames prévios, haverá duas possibilidades:
2.1) Seguradora consegue provar que o segurado agiu de má-fé, ou seja, sabia que estava doente
e omitiu essa informação para poder conseguir assinar o seguro de vida: neste caso, a seguradora
poderá recusar a cobertura. A recusa será lícita.
2.2 ) Seguradora não consegue reunir provas de que o segurado agiu de má-fé: neste caso, a
seguradora não poderá recusar a cobertura securitária. A recusa será ilícita.

Precedentes que deram origem à súmula: A maioria dos precedentes que deram origem à súmula
estão relacionados com contratos de seguro de vida. No entanto, o entendimento vale também para
contratos de seguro saúde e até para contratos de planos de saúde, nos quais se pode exigir uma
carência de até 24 meses para doenças preexistentes. Confira:

Seguro de vida:
A seguradora que não exigiu exames médicos previamente à contratação, não pode
descumprir a obrigação indenizatória sob a alegação de que houve omissão de
informações pelo segurado quanto à doença preexistente, salvo quando ficar provado
que o contratante agiu de má-fé. STJ. 3ª T. AgRg no REsp 1.286.741-SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, j. 15/8/13 (Info 529).

Seguro saúde:
A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que é ilícita a recusa da cobertura
securitária, sob a alegação de doença preexistente à contratação do seguro-saúde, se a
seguradora não submeteu o segurado a prévio exame de saúde e não comprovou má-fé.
STJ. 4ª T. EDcl nos EDcl no AREsp 567.144/PR, Rel. Min. Raul Araújo, j. 15/03/2016.

Plano de saúde:
Não se justifica a recusa à cobertura de tratamento necessária à sobrevida do segurado ,
ao argumento de se tratar de doença pré-existente, quando a administradora do plano de
saúde não se precaveu mediante realização de exames de admissão no plano ou prova
inequívoca de má-fé a qual não ocorreu. STJ. 4ª T. AgInt no AREsp 998.163/DF, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, j. 21/02/17.

Exceção à má-fé: Como vimos, em regra, se o segurado omitir, de má-fé, que possuía alguma
doença preexistente, a seguradora poderá recusar a cobertura. Existe, no entanto, uma exceção a
essa regra. Há uma situação na qual mesmo que o segurado omita doença preexistente, ainda
assim ele terá direito à cobertura securitária. Trata-se da hipótese na qual essa doença somente
vem a se manifestar e exigir alguma providência por parte da seguradora muitos anos após a
assinatura do contrato. Neste caso, fica demonstrado que o contratante, mesmo apresentando a
doença, estava em boas condições de saúde. Veja:
(...) 1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de não ser possível à seguradora
eximir-se do dever de pagamento da cobertura securitária sob a alegação de omissão de
informações por parte do segurado, se dele não exigiu exames médicos prévios à
contratação do seguro. Precedentes. 1.1. Consoante cediço no STJ, a suposta má-fé do
segurado (decorrente da omissão intencional de doença preexistente) será,
excepcionalmente, relevada quando, sem sofrer de efeitos antecipados, mantém vida
regular por vários anos, demonstrando que possuía razoável estado de saúde no
momento da contratação/renovação da apólice securitária. (...) STJ. 4ª T. AgRg no REsp
1359184/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 06/12/16.

(TJRS-2022-Faurgs): Considere a afirmação a seguir sobre direito do consumidor: Conforme


súmula do Superior Tribunal de Justiça acerca dos contratos de seguro de saúde, a recusa de
cobertura securitária sob a alegação de doença preexistente é ilícita se não houve a exigência de
exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado. BL: S. 609, STJ.

(MPSC-2021-CESPE): A respeito dos planos e seguros privados de assistência à saúde, julgue o


item subsequente: É defeso ao plano de saúde recusar tratamento de doença preexistente caso não
tenha realizado prévio exame médico ou não tenha provado má-fé do paciente. BL: S. 609, STJ.

(TJPR-2019-CESPE): Com base na jurisprudência do STJ, julgue o item a seguir, a respeito de


relações consumeristas: A recusa de cobertura securitária sob a alegação de doença preexistente é
considerada lícita se exigidos exames médicos previamente à contratação do seguro. BL: S. 609,
STJ.

Súmula 608: APLICA-SE o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde,
SALVO os administrados por entidades de autogestão. (TJMT-2018) (MPBA-2018) (MPMS-2018) (DPEAM-
2018) (DPEPE-2018) (TRF2-2018) (TJPA-2019) (TJRO-2019) (MPPI-2019) (TJSP-2021) (MPAP-2021) (MPDFT-2021)
(DPEBA-2021)

OBS:
Plano de saúde de autogestão: Planos de saúde de autogestão (também chamados de planos
fechados de saúde) são criados por órgãos, entidades ou empresas para beneficiar um grupo
restrito de filiados com a prestação de serviços de saúde. Tais planos são mantidos por
instituições sem fins lucrativos e administrados paritariamente, de forma que no seu conselho
deliberativo ou de administração, há representantes do órgão ou empresa instituidora e também
dos associados ou usuários. O objetivo desses planos fechados é baratear para os usuários o custo
dos serviços de saúde, tendo em vista que não visam ao lucro. Exemplo: CASSI (Caixa de
Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil).

Segundo a Resolução Normativa 137, da ANS, de 14/11/06, a operadora de autogestão é...


(...) a pessoa jurídica de direito público ou privado que, diretamente ou por intermédio de
entidade pública ou privada patrocinadora, instituidora ou mantenedora, administra plano
coletivo de assistência à saúde destinado exclusivamente a pessoas (e seus dependentes) a
ela ligadas por vínculo jurídico ou estatutário, ou aos participantes (e seus dependentes) de
associações, fundações, sindicatos e entidades de classes, nos termos dos incisos I, II e III e
§ 2º, do art. 2º.
A relação entre a empresa de plano de saúde constituída sob a modalidade de autogestão e os seus
filiados é regida pelo Código de Defesa do Consumidor? NÃO. Não se aplica o CDC às relações
existentes entre operadoras de planos de saúde constituídas sob a modalidade de autogestão e
seus filiados. STJ. 2ª S. REsp 1.285.483-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 22/6/2016 (Info 588).

As operadoras de planos de saúde constituídas sob a modalidade de autogestão possuem


inúmeras diferenças em relação às operadoras comerciais de plano de saúde. Confira as principais
distinções:
Planos de saúde comerciais
Planos de saúde de autogestão
(inclui-se aqui as cooperativas)
Operam em regime de mercado. Não operam em regime de mercado.
Buscam auferir lucro com as contribuições Não têm objetivo de lucro.
vertidas pelos participantes (proveito
econômico).
Os assistidos não participam da gestão do plano. Os assistidos participam da gestão do plano.
São comercializados para o público em geral. São disponibilizados para um grupo restrito de
pessoas que possuem alguma relação com o
plano.
Exs: Bradesco Saúde, Sulamérica, Unimed. Exs: CASSI, GEAP, ASSEFAZ.

Por essas razões, as regras do CDC não se aplicam às relações envolvendo entidades de planos de
saúde constituídas sob a modalidade de autogestão. Isso porque tais entidades não oferecem
serviços no mercado e não exercem empresa com o intuito de lucro, razão pela qual não se lhes
aplica o conceito de fornecedor estabelecido no art. 3º, § 2º do CDC.
O tratamento legal a ser dado na relação jurídica entre os associados e os planos de saúde
de autogestão, os chamados planos fechados, não pode ser o mesmo dos planos comuns,
sob pena de se criar prejuízos e desequilíbrios que, se não inviabilizarem a instituição,
acabarão elevando o ônus dos demais associados, desrespeitando normas e regulamentos
que eles próprios criaram para que o plano se viabilize (STJ. 3ª T. REsp 1121067/PR, Rel.
Min. Massami Uyeda, julgado em 21/06/2011).

Cancelamento da súmula 469 do STJ: O enunciado 469 do STJ dizia o seguinte: “Súmula 469-STJ:
Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.”

Na mesma sessão que aprovou a Súmula 608, o STJ decidiu cancelar o enunciado 469,
considerando que ele não excepcionava os planos de saúde de autogestão. Assim, a Súmula 608,
por ser mais completa, veio substituir o enunciado 469, que está cancelado.

(TRF2-2018): Sob a ótica do ordenamento jurídico brasileiro e a jurisprudência do STJ, marque a


opção correta: Aplica-se o CDC aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por
entidades de autogestão. BL: S. 608, STJ.

(MPMS-2018): Não se aplica o CDC às relações entre operadoras de plano de saúde constituídas
sob a modalidade de autogestão e seus filiados, por operar plano de assistência à saúde com
exclusividade para um público determinado de beneficiários, mesmo que sem fins lucrativos. BL:
S. 608, STJ.

Súmula 607: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) SE
CONFIGURA com a prova da destinação internacional das drogas, AINDA QUE NÃO
CONSUMADA a TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRAS. (PCGO-2017) (TJSP-2018) (MPPB-2018) (MPPI-
2019) (MPPR-2019) (Cartórios/TJMS-2021) (MPGO-2022) (MPSP-2022)

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi preso em flagrante delito, no Aeroporto
Internacional de Guarulhos/SP, na fila do check in do voo da companhia aérea South African, com
destino a Johannesburg/África do Sul, levando consigo cerca de 2kg de cocaína amarrada em seu
corpo. O agente foi denunciado pela prática de tráfico transnacional de drogas (art. 33 da Lei nº
11.343/2006), com a incidência da causa de aumento prevista no art. 40, I::
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;

A defesa alegou que o agente não chegou a atravessar a fronteira de nenhum país, de forma que
não houve transnacionalidade. Logo, não deveria incidir a causa de aumento do inciso I. Essa tese
é aceita pela jurisprudência? Para incidir essa causa de aumento, é necessário que o agente
atravesse a fronteira? NÃO.
Para a incidência da causa especial de aumento de pena prevista no inciso I do art. 40 da
Lei de Drogas, é irrelevante que haja a efetiva transposição das fronteiras nacionais, sendo
suficiente, para a configuração da transnacionalidade do delito, que haja a comprovação de
que a substância tinha como destino/origem localidade em outro País. STJ. 6ª Turma.
AgRg no AREsp 377.808/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 12/09/2017.

A incidência da majorante, que tem como objetivo apenar com maior severidade a atuação
do traficante direcionada para além das fronteiras do País, não exige o transporte efetivo
para o exterior, basta que se identifique a intenção. STF. 2ª Turma. HC 127221, Rel. Min.
Teori Zavascki, j. 25/08/2015.

Esse entendimento pacificado do STJ e STF foi agora sumulado. Vale mencionar uma súmula
relacionada que adota o mesmo raciocínio:
Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06,
é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.

(MPGO-2022-FGV): Para configuração da majorante da transnacionalidade (Art. 40, inciso I, da


Lei 11.343/06), a persecução penal deve demonstrar elementos concretos aptos de que o agente:
pretendia disseminar a droga no exterior, sendo dispensável ultrapassar as fronteiras que dividem
as nações. BL: S. 607, STj.

(MPPR-2019): Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, assinale a


alternativa: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, inciso I, da Lei 11.343/06)
configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a
transposição de fronteiras. BL: S. 607, STJ.

Súmula 606: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de
sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei
9.472/97.

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Os fiscais da Agência Nacional de Telecomunicações
(ANATEL) constataram que João mantinha um provedor de internet, via rádio, no qual os clientes
pagavam a ele mensalmente e recebiam em suas casas o sinal da internet. Ocorre que João não
tinha autorização da ANATEL para exploração desse serviço. Foi, então, lavrado auto de infração
e encaminhada notícia do fato ao MPF. O Procurador da República denunciou João pela prática do
delito do art. 183 da Lei nº 9.472/97:
Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação:
Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e
multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Segundo a tese do MPF, o provedor de acesso à Internet via radiofrequência (internet via rádio)
desenvolve dois serviços:
• um serviço de telecomunicações (Serviço de Comunicação Multimídia); e
• um Serviço de Valor Adicionado (Serviço de Conexão à Internet).
Dessa forma, a chamada “internet via rádio” pode ser considerada também um serviço de
telecomunicação.

A jurisprudência acolhe a tese do MPF? A conduta de transmitir sinal de internet, via rádio, como se
fosse um provedor de internet, sem autorização da ANATEL, configura algum crime? Amolda-se ao
art. 183 da Lei 9.472/97? SIM. É pacífico no STJ que a transmissão clandestina de sinal de internet,
via radiofrequência, sem autorização da ANATEL, caracteriza, em tese, o delito previsto no art. 183
da Lei 9.472/97. Não há se falar em atipicidade do delito pela previsão de que se trata de serviço de
valor adicionado, uma vez que referida característica não exclui sua natureza de efetivo serviço de
telecomunicação. STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1077499/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j.
26/9/17. STJ. 6ª T. AgRg no AREsp 971.115/PA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, j. 27/4/17.

E no STF? Apesar de existir um recente julgado em sentido contrário (STF. 1ª Turma. HC 127978,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/10/2017. Info 883), o entendimento que prevalece no STF é
o mesmo do STJ. Veja:
O desenvolvimento clandestino de atividade de transmissão de sinal de internet, via rádio,
comunicação multimídia, sem a autorização do órgão regulador, caracteriza, por si só, o tipo
descrito no art. 183 da Lei 9.472/97, pois se trata de crime formal, inexigindo, destarte, a
necessidade de comprovação de efetivo prejuízo. STF. 1ª T. HC 152118 AgR, Rel. Min. Luiz
Fux, j. 7/5/18.

Em sua defesa, João invocou o princípio da insignificância, considerando que seu provedor
operava com a potência de 0,5 Watts, que é muito baixa. Tal alegação é aceita pela jurisprudência
majoritária? NÃO. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância no crime do art. 183
da Lei 9.472/97. Isso porque a instalação de estação clandestina de radiofrequência, sem
autorização, já é, por si, suficiente para comprometer a segurança, a regularidade e a
operabilidade do sistema de telecomunicações  do país, não podendo, portanto, ser vista como
uma lesão inexpressiva. Diante do entendimento pacificado, o STJ editou a Súmula 606. Essa é
também a posição do STF: 1ª Turma. HC 118400/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
04/10/2016 (Info 842).

O acusado argumentou também que não deveria ser condenado, considerando que não ficou
provado que ele causou prejuízo, seja para os clientes, seja para os serviços de telecomunicações.
Essa alegação é acolhida pelos Tribunais? NÃO. O delito do art. 183 da Lei nº 9.427/97 é crime de
perigo abstrato. Isso significa que, para a sua consumação, basta que alguém desenvolva de forma
clandestina as atividades de telecomunicações, sem necessidade de demonstrar prejuízo concreto
para o sistema de telecomunicações (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1560335/MG, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/06/2016).

Confira julgado que sintetiza esses entendimentos:


(...) 1. Este STJ pacificou sua jurisprudência no sentido de que a transmissão de sinal de
internet via rádio sem autorização da ANATEL caracteriza o fato típico previsto no artigo
183 da Lei nº 9.472/97, ainda que se trate de serviço de valor adicionado de que cuida o
artigo 61, § 1º, da mesma lei. 2. É também pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido
de que a instalação de estação de radiodifusão clandestina é delito de natureza formal de
perigo abstrato que, por si só, é suficiente para comprometer a segurança, a regularidade e
a operabilidade do sistema de telecomunicações do país, não tendo aplicação o princípio da
insignificância mesmo que se trate de serviço de baixa potência. (...) STJ. 6ª T. AgRg no
REsp 1566462/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 15/03/16.

Súmula 605: A superveniência da maioridade penal NÃO INTERFERE na apuração de ato


infracional NEM na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, INCLUSIVE na liberdade
assistida, ENQUANTO NÃO ATINGIDA a idade de 21 anos. (PCGO-2017) (TJCE-2018) (MPMS-2018)
(PCBA-2018) (PCMA-2018) (TJAL-2019) (TJBA-2019) (DPEDF-2019) (DPESP-2019) (MPSC-2019/2021) (MPRS-2021)
(TJRS-2022)

OBS: Válida.

Ato infracional: Quando uma criança ou adolescente pratica um fato previsto em lei como crime
ou contravenção penal, esta conduta é chamada de “ato infracional”. Assim, juridicamente, não se
deve dizer que a criança ou adolescente cometeu um crime ou contravenção penal, mas sim ato
infracional.

O que é criança e adolescente, para os fins legais?


• Criança: é a pessoa que tem até 12 anos de idade incompletos.
• Adolescente: é a pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade.

Quando uma criança ou adolescente pratica um ato infracional, não receberá uma pena (sanção
penal), considerando que não pratica crime nem contravenção. O que acontece então?
• Criança: receberá uma medida protetiva (art. 101 do ECA).
• Adolescente: receberá uma medida socioeducativa (art. 112 do ECA) e/ou medida protetiva
(art. 101).

Adulto Adolescente
Igual ou maior que 18 anos. De 12 até 18 anos.
Obs: se a pessoa cometer o fato no dia do seu 18º
aniversário, já é considerada adulta, não sendo
mais adolescente.
Comete crime e contravenção penal. Pratica ato infracional.
Recebe pena (sanção penal). Recebe medida socioeducativa.
A execução da pena é regulada pela Lei A execução da medida socioeducativa é regulada
7.210/84. pela Lei 12.594/2012.

Quais são as medidas socioeducativas? O rol de medidas socioeducativas está previsto no art. 112
do ECA. Assim, quando um adolescente pratica um ato infracional ele poderá receber as seguintes
medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das medidas protetivas previstas no art. 101, I a VI do ECA (exs:
orientação, matrícula obrigatória em escola, inclusão em programa comunitário, entre
outras).

Procedimento aplicável no caso de apuração de ato infracional: A apuração de ato infracional


praticado por criança ou adolescente é regulada por alguns dispositivos do ECA. No entanto,
como o Estatuto não tratou de forma detalhada sobre o tema, o art. 152 determina que sejam
aplicadas subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente.

No caso de apuração de ato infracional, aplica-se subsidiariamente o CPP ou o CPC? Depende.


Aplica-se:
• o CPP para o processo de conhecimento (representação, produção de provas, memoriais,
sentença);
• o CPC para as regras do sistema recursal (art. 198 do ECA).

Resumindo:
1ª opção: normas do ECA.
Na falta de normas específicas:
• CPP: para regular o processo de conhecimento.
• CPC: para regular o sistema recursal.

Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, com 17 anos e 11 meses de idade, praticou ato
infracional equiparado a roubo. O Promotor de Justiça ofereceu representação ao Juiz, propondo a
instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa (art. 182, ECA). A
“representação” de que trata o ECA é como se fosse a “denúncia” do processo penal. O Juiz
entendeu que não era o caso de rejeição da representação e, assim, designou audiência de
apresentação do adolescente. Na audiência de apresentação, o Juiz ouviu o adolescente e seus
pais. Em seguida, o juiz, por entender que não era o caso de conceder remissão judicial,
determinou o prosseguimento do processo com a realização de instrução. Depois da instrução foi
realizado o debate entre MP e defesa. Chegou o momento de o Juiz proferir a sentença. Ocorre que
o magistrado verificou que, em virtude da demora na tramitação do processo, João já está
atualmente com 19 anos.

Diante disso, surgiu a dúvida: é possível que João continue sendo julgado pelo juízo da Vara de
Infância e Adolescência mesmo já tendo atingido a maioridade penal (18 anos)? É possível que o
magistrado aplique alguma medida socioeducativa em relação a João mesmo ele já sendo adulto
(maior de 18 anos)? SIM. A medida socioeducativa pode ser aplicada ao indivíduo maior de 18
anos, desde que o ato infracional tenha sido praticado antes, ou seja, quando ele ainda era
adolescente. A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional
nem na aplicabilidade de medida socioeducativa.

Outra situação: Pedro, com 17 anos de idade, recebeu medida socioeducativa de internação pela
prática de ato infracional. Ele está cumprindo medida em uma unidade de internação de
adolescentes infratores. Ocorre que Pedro completou 18 anos. Ele pode continuar cumprindo a
internação? SIM. A superveniência da maioridade penal não interfere na aplicabilidade de
medida socioeducativa. Em palavras mais simples: o fato de o adolescente ter completado 18 anos
durante o cumprimento da medida socioeducativa não faz com que essa execução tenha que ser
encerrada. Ela continuará normalmente até o Juiz entenda que a medida já cumpriu a sua
finalidade ou até que o indivíduo complete 21 anos. Se o interno completar 21 anos, deverá ser
obrigatoriamente liberado, encerrando o regime de internação.

Mas o ECA pode ser aplicado para maiores de 18 anos? Existe possibilidade legal para isso? SIM.
Essa autorização encontra-se prevista no art. 2º, § único e no art. 121, § 5º do ECA:
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Desse modo, um exemplo desse § único do art. 2º do ECA é justamente a possibilidade de


aplicação e cumprimento de medida socioeducativa para pessoas entre 18 e 21 anos, desde que o
fato tenha sido praticado antes de atingida da maioridade penal, ou seja, antes dos 18 anos.

Idade na data do fato: O que interessa para saber se a pessoa deve responder por ato infracional é
considerar a sua idade na data do fato, e não na data do julgamento ou do cumprimento da
medida (respeitada a idade máxima de 21 anos). Veja o que diz o ECA:
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à
data do fato.

Assim, se data do fato, o adolescente tinha menos de 18 anos, nada impede que permaneça no
cumprimento de medida socioeducativa imposta, ainda que implementada a sua maioridade
penal.

Internação até 21 anos: Vale ressaltar o art. 121 do ECA, que trata sobre a internação, prevê
expressamente a possibilidade de o indivíduo permanecer cumprindo a medida até 21 anos .
Confira:
Art. 121 (...)
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

O art. 121, § 5º dispõe sobre a internação. Essa possibilidade de o indivíduo cumprir medida
mesmo até os 21 anos vale para a medida de semiliberdade? SIM. Existe previsão expressa
afirmando que as regras da internação, incluindo o art. 121, § 5º, podem ser aplicadas, no que
couber, à medida de semiliberdade:
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma
de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial. (...)
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as
disposições relativas à internação.

O ECA, ao tratar sobre a liberdade assistida, não traz um dispositivo como esse do art. 120, § 2º
acima transcrito. Em razão disso, vários doutrinadores sustentaram que, para a liberdade
assistida, o cumprimento deveria ficar restrito até os 18 anos por ausência de previsão legal. Essa
tese prevaleceu? NÃO. A jurisprudência entendeu que, mesmo sem regra expressa, deve ser
permitido o cumprimento da liberdade assistida até os 21 anos, assim como ocorre com a
internação e a semiliberdade. Não há qualquer fundamento jurídico ou lógico que autorize uma
diferença de tratamento. Isso porque a internação e a semiliberdade são medidas mais gravosas
que a liberdade assistida. Desse modo, seria ilógico considerar que é possível a incidência das
medidas mais gravosas e, ao mesmo tempo, proibida a aplicação das mais brandas. Assim, o STJ
possui o entendimento pacífico de que o art. 121, § 5º do ECA admite a possibilidade da
extensão do cumprimento da medida socioeducativa até os 21 anos de idade, abarcando
qualquer que seja a medida imposta ao adolescente.

Posição do STF: O STF possui o mesmo entendimento manifestado na Súmula 605 do STJ.
Confira:
O disposto no § 5º do art. 121 da Lei 8.069/90, além de não revogado pelo art. 5º do Código
Civil, é aplicável à medida socioeducativa de semiliberdade, conforme determinação
expressa do art. 120, § 2º, do ECA. Em consequência, se o paciente, à época do fato, ainda
não tinha alcançado a maioridade penal, nada impede que ele seja submetido à
semiliberdade, ainda que, atualmente, tenha mais de dezoito anos, uma vez que a liberação
compulsória só ocorre aos vinte e um. STF. 2ª T. HC 94939, Rel.   Min. Joaquim Barbosa, j.
14/10/08.

Medidas socioeducativas em meio aberto:


• Prestação de serviços à comunidade;
• Liberdade assistida.
Prestação de serviços à comunidade (art. 117, ECA): A prestação de serviços comunitários consiste
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto
a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
programas comunitários ou governamentais. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do
adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola
ou à jornada normal de trabalho.

Liberdade assistida (art. 118, ECA): “Baseada no instituto norte-americano do probation system,
consiste em submeter o adolescente, após sua entrega aos pais ou responsável, a uma vigilância
e acompanhamentos discretos, a distância, com o fim de impedir a reincidência e obter a
ressocialização. Na prática, consiste na obrigação de o adolescente infrator e seus responsáveis
legais comparecerem periodicamente a um posto predeterminado e, ali, entrevistarem-se com os
técnicos para informar suas atividades.” (Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo e Thales Cezar
de Oliveira).

Medidas socioeducativas que implicam privação de liberdade:


• Semiliberdade;
• Internação.

Semiliberdade (art. 120, ECA): Pelo regime da semiliberdade, o adolescente realiza atividades
externas durante o dia, sob supervisão de equipe multidisciplinar, e fica recolhido à noite. O
regime de semiliberdade pode ser determinado como medida inicial imposta pelo juiz ao
adolescente infrator, ou como forma de transição para o meio aberto (uma espécie de
“progressão”).

Internação (art. 121, ECA): Por esse regime, o adolescente fica recolhido na unidade de
internação. A internação constitui medida privativa da liberdade e se sujeita aos princípios de
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Pode ser permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade,
salvo expressa determinação judicial em contrário. A medida não comporta prazo determinado,
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis
meses. Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. Se o interno
completar 21 anos, deverá ser obrigatoriamente liberado, encerrando o regime de internação.

(TJSP-2021-VUNESP): Acerca da superveniência da maioridade penal do adolescente (18 anos),


enquanto submetido à medida socioeducativa, é correto afirmar que a medida socioeducativa
poderá ser estendida até que ele complete 21 anos. BL: S. 605, STJ.

(DPEGO-2021-FCC): Decide de acordo com o entendimento sumulado do STJ o juiz que mantém
a liberdade assistida ao jovem a despeito de ele ter alcançado a maioridade penal no curso da
execução da medida. BL: S. 605, STJ.

(MPDFT-2021): Assinale a alternativa correta, entre as seguintes assertivas relacionadas aos


crimes relacionados à criança e ao adolescente: A superveniência da maioridade penal não
interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em
curso, enquanto não atingida a idade de 21 anos. BL: S. 605, STJ.

(Escrivão/PF-2018-CESPE): Situação hipotética: Francisco, com dezessete anos e dez meses de


idade, praticou ato infracional equiparado a furto. O promotor de justiça ofereceu representação
ao juiz, propondo a instauração de procedimento para a aplicação da medida socioeducativa.
Entretanto, com a demora na tramitação do procedimento, Francisco completou dezenove anos de
idade antes da sentença. Assertiva: Nessa situação, o juiz ainda poderá aplicar medida
socioeducativa a Francisco, mesmo que este já tenha completado a maioridade penal. BL: S. 605,
STJ e Info 630, STJ.

Súmula 604: Mandado de segurança NÃO SE PRESTA para atribuir EFEITO SUSPENSIVO a
recurso criminal interposto pelo Ministério Público. (Cartórios/TJMG-2018) (TJAL-2019) (MPMT-2019)
(DPEAM-2018/2021) (MPAP-2021) (MPSC-2021) (TJPE-2022) (TJRS-2022)

OBS:
Efeito devolutivo: Significa dizer que, quando o recurso é interposto, a análise da questão
discutida é “devolvida” para a apreciação do Poder Judiciário, que irá proferir um novo
julgamento, mantendo ou não a decisão anterior. Todo recurso possui efeito devolutivo.

Efeito suspensivo: Se um recurso tem efeito suspensivo, isso significa que a sua interposição
impede a eficácia/aplicabilidade da decisão recorrida. Em outras palavras, a decisão recorrida
não produzirá efeitos (não poderá ser executada) enquanto o recurso não for julgado. Nas
palavras de Renato Brasileiro, o efeito suspensivo “consiste na impossibilidade de a decisão
impugnada produzir seus efeitos regulares enquanto não houver a apreciação do recurso
interposto.” (LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3ª ed. Salvador: JusPodivm,
2015, p. 1664).

Exemplo de recurso com efeito suspensivo: Apelação contra a sentença condenatória.

Exemplos de recursos sem efeito suspensivo:


 Recurso em sentido estrito (em regra).
 Agravo em execução (art. 197 da LEP), salvo no caso de decisão que determina a
desinternação ou liberação de quem cumpre medida de segurança.

Imagine agora a seguinte situação hipotética: João encontra-se em presídio federal. Terminou o
prazo para a sua permanência e a consequência natural disso é que ele retornaria para o presídio
estadual. O MP requereu a renovação de sua permanência na unidade prisional federal. O juiz,
contudo, negou o pedido e determinou o encaminhamento de João ao presídio estadual. Contra
essa decisão, o MP interpôs agravo em execução ao Tribunal de Justiça. O agravo em execução é
um recurso que possui efeito meramente devolutivo, ou seja, não goza de efeito suspensivo. Isso
significa que a decisão determinando o retorno de João ao presídio estadual já poderia produzir
efeitos. Diante desse cenário, o MP, além de interpor o agravo em execução, impetrou também
um mandado de segurança no próprio TJ, distribuído por dependência para o Desembargador
Relator do agravo em execução, pedindo a concessão de efeito suspensivo para o recurso
interposto. Em outras palavras, o MP afirmou: eu sei que o agravo em execução não possui efeito
suspensivo ope legis (por força de lei), portanto, estou pedindo nesse mandado de segurança, que
seja atribuído efeito suspensivo ope iudicis (efeito suspensivo impróprio), ou seja, por decisão do
magistrado, segundo a análise do caso concreto considerando que a transferência do preso
poderia gerar dano irreparável ou de difícil reparação à sociedade.

Esse mandado de segurança poderá ser concedido? É possível a impetração de mandado de


segurança nesses casos? NÃO. O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. Se a lei não confere efeito
suspensivo para aquele recurso, não se pode dizer que a parte tenha direito líquido e certo de
obtê-lo. Logo, se não existe direito líquido e certo, não é caso de concessão de mandado de
segurança. Nesse sentido:
A jurisprudência do STJ é firme no sentido do descabimento de mandado de segurança
para conferir efeito suspensivo a recurso em sentido estrito interposto à decisão que
concede liberdade provisória, por ausência de amparo legal e por tal manejo refugir ao
escopo precípuo da ação mandamental. STJ. 6ª T. AgRg no HC 384.863/SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, j. 05/10/2017.17

Outro argumento invocado pela jurisprudência para não admitir o MS nesses casos é o de que,
“por observância ao princípio constitucional do devido processo legal, não pode o Parquet
buscar restringir o direito do acusado além dos limites conferidos pela legislação de regência”
(Min. Felix Fischer).

Exemplo comum no qual o MP tenta o MS e a jurisprudência rechaça: O juiz defere a liberdade


provisória em favor do réu e o MP interpõe RESE contra essa decisão (art. 581, V, CPP). Ocorre
que esse recurso não tem efeito suspensivo. Logo, mesmo ainda estando pendente o RESE, o réu já
será colocado em liberdade (a decisão concessiva de liberdade já será imediatamente executada).
Tentando evitar isso, o MP impetra mandado de segurança pedindo a concessão de efeito
suspensivo. Esse pedido, contudo, não terá êxito. Isso porque a jurisprudência entende que não é
cabível a impetração de mandado de segurança para fins de conferir efeito suspensivo a recurso
em sentido estrito interposto contra decisão que defere a liberdade provisória.

Por que a súmula fala apenas em “Ministério Público” (e não inclui a defesa do réu)? Porque, no
caso do réu, o instrumento cabível não seria o mandado de segurança, mas sim o habeas corpus

17
(MPRO-2008-CESPE): Com relação ao mandado de segurança em matéria penal, assinale a opção
correta à luz do entendimento do STJ: O MP não possui legitimidade para propor ação mandamental com
o fim de conferir efeito suspensivo a recurso de agravo em execução. BL: Entend. Jurisprud.
para evitar a execução provisória de uma decisão que lhe é desfavorável.

Já que não cabe mandado de segurança, qual seria o instrumento cabível a ser manejado pelo MP?
O MP poderia propor uma medida cautelar para tentar obter efeito suspensivo do recurso . É o
que ocorre, por exemplo, no caso do RESE e dos recursos especial e extraordinário. Nesse sentido:
É admissível o ajuizamento de ação cautelar inominada para atribuir efeito suspensivo a
recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público contra decisão que
substituiu a prisão preventiva da Paciente pela domiciliar. Inaplicável, ao caso, a Súmula
n.º 604 do STJ, que é específica ao proibir o uso do mandado de segurança como via de
atribuição de efeito suspensivo a recurso criminal da Acusação. STJ. 6ª T. HC 468.526/SP,
Rel. Min. Laurita Vaz, j. 13/11/18.18

(MPSC-2021-CESPE): Acerca dos aspectos processuais no direito penal, julgue o item


subsequente: É cabível ação cautelar inominada para conferir efeito suspensivo a recurso em
sentido estrito interposto pelo Ministério Público. BL: Entend. Jurisprud.

#Atenção: A vedação da Súmula nº 604 do STJ trata somente no caso da utilização de mandado de
segurança para se atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público.
Por outro lado, o STJ admite o ajuizamento de ação cautelar inominada para atribuir efeito
suspensivo a recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público contra decisão que
determinou a soltura do acusado. Vejamos o trecho do seguinte julgado: “(...) “ É admissível o
ajuizamento de ação cautelar inominada para atribuir efeito suspensivo a recurso em sentido estrito
interposto pelo Ministério Público contra decisão que determinou a soltura do Acusado. Inaplicável, ao caso,
a Súmula n. 604 do Superior Tribunal de Justiça, que é específica ao proibir o uso do mandado de segurança
como via de atribuição de efeito suspensivo a recurso criminal da Acusação. Precedentes. STJ. 6ª Turma. HC
572.583/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 04/08/20.”

(MPMT-2019-FCC): Na fase de execução penal, foi proferida decisão que concedeu progressão de
regime ao condenado. O órgão do Ministério Público interpôs recurso de agravo, nos termos do
art. 197, da Lei de Execuções Penais e Mandado de Segurança, objetivando dar efeito suspensivo
ao agravo em execução. Em relação ao Mandado de Segurança interposto é correto afirmar: O
Mandado de Segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo ao agravo em execução
interposto. BL: S. 604, STJ.

Súmula 603: É vedado ao banco mutuante reter em qualquer extensão o salário, os vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo comum contraído, ainda que haja cláusula
contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial consignada, com
desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal específico e admite a retenção de
percentual. (CANCELADA)

OBS: A Súmula 603 do STJ, que havia sido aprovada em 22/02/2018, foi CANCELADA hoje
(22/08/18), apenas quatro meses após a sua edição.

Por que a súmula foi cancelada em tão pouco tempo? O STJ entendeu que a redação dada à
súmula não foi a mais adequada e que ela estava gerando interpretações equivocadas por partes
dos juízes e Tribunais.

O que o STJ queria dizer com a Súmula 603? Que o banco não pode “invadir” a conta do
correntista e se apropriar do salário/remuneração ali depositado para salvar uma dívida que esse
cliente tenha com a instituição financeira. A conduta de instituição financeira que desconta o
salário do correntista para quitação de débito contraria o art. 7º, X, da Constituição Federal e o art.
833, IV, do CPC, pois estes dispositivos visam à proteção do salário do trabalhador, seja ele
servidor público ou não, contra qualquer atitude de penhora, retenção, ou qualquer outra conduta
de restrição praticada pelos credores, salvo no caso de prestações alimentícias. A instituição
financeira terá que buscar a satisfação de seu crédito pelas vias judiciais próprias (ajuizar ação de
cobrança, monitória ou de execução, a depender do caso concreto).

Exemplo do que a súmula queria proibir: João é servidor público aposentado e recebe seus
proventos no banco “Moreal”. João fez contrato de mútuo com o banco, tendo tomado emprestado
18
(TJPE-2022-FGV): Quanto à teoria geral dos recursos e os recursos em espécie no processo penal,
segundo a doutrina e a jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores, admite-se: a interposição de
recurso em sentido estrito pelo ofendido não habilitado como assistente se o Ministério Público não
recorrer da decisão. BL: Entend. Jurisprud.
R$ 40 mil. O mutuário pagou quase todo o empréstimo, mas ficou devendo R$ 11 mil. Ocorre que,
em vez de buscar os meios judiciais para receber a dívida, o banco passou a reter o valor de toda a
aposentadoria de João (R$ 1.500) todas as vezes que ela era depositada, até quitar integralmente a
dívida. A conduta do banco não foi lícita. É ilegal a conduta do banco de se apropriar do salário
do cliente, depositado na conta-corrente, ainda que seja para pagar um mútuo (empréstimo)
contraído com esta instituição financeira.

Como a súmula estava sendo interpretada? Os juízes e Tribunais estavam entendendo que a
súmula proibiu todo e qualquer desconto realizado em conta corrente, mesmo em conta que não é
salário, mesmo que exista prévia e atual autorização concedida pelo correntista.

Exemplo do que a súmula NÃO queria proibir, mas que estava sendo vedado com base nela: João é
servidor público aposentado e recebe seus proventos no banco “BB”. João fez contrato de mútuo
com o banco e as parcelas são descontadas diretamente de conta-corrente todas as vezes em que é
depositado algum dinheiro.

Diante dessa polêmica, o STJ resolveu cancelar a súmula.

Súmula 602: O Código de Defesa do Consumidor É APLICÁVEL aos empreendimentos


habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas. (TJMT-2018) (MPMS-2018) (TRF2-2018) (TJPA-
2019) (TJPR-2019) (TJRJ-2019) (TJRO-2019) (MPPR-2019) (MPGO-2019) (TJGO-2021) (TJSP-2021) (MPDFT-2021)
(TJRS-2022) (PGDF-2022)

OBS:
Cooperativas habitacionais: Existem determinados empreendimentos habitacionais que são
planejados, construídos e comercializados por sociedades cooperativas. Um exemplo famoso é o
da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). A Bancoop foi criada com o
objetivo de construir e vender imóveis (em geral, apartamentos) para os trabalhadores bancários.
A ideia das cooperativas habitacionais é nobre, considerando que o objetivo, em tese, é o de
facilitar que um grupo de pessoas consiga adquirir sua casa própria de forma facilitada, com
preços menores, juros mais baixos e prazo mais extenso para pagamento. Isso porque, na teoria, a
cooperativa não possui finalidade de lucro. Sua finalidade seria apenas a de facilitar para que
aquele grupo de pessoas consiga atingir seu objetivo, que, no caso, seria construir um
empreendimento imobiliário para moradia. Algumas vezes, contudo, os fins originais das
cooperativas habitacionais foram desvirtuados, sendo comum notícias de irregularidades e até
mesmo de crimes cometidos por determinados dirigentes de sociedades cooperativas. Assim,
infelizmente, aconteceram vários casos de sociedades cooperativas que atrasaram a entrega ou
mesmo não entregaram os empreendimentos habitacionais que lançaram e pelos quais as pessoas
pagaram com o objetivo de ali morarem.

Essas questões foram levadas até o Judiciário e surgiu a seguinte dúvida: os adquirentes desses
imóveis podem ser considerados consumidores? As cooperativas habitacionais podem ser
classificadas como fornecedoras? Essa relação jurídica é regida pelo Código de Defesa do
Consumidor? SIM. O STJ, há muito tempo, firmou a posição de que a cooperativa que promove
um empreendimento habitacional assume posição jurídica equiparada a uma incorporadora
imobiliária, estando sujeita, portanto, às disposições do CDC. Quando lança um plano
habitacional, a cooperativa age como prestadora de serviços, e os seus cooperados (adquirentes) se
equiparam a consumidores. Os cooperados adquirem o imóvel como destinatários finais e são
considerados vulneráveis, razão pela qual se enquadram no conceito de consumidores.

(PGDF-2022-CESPE): Considerando os conceitos de consumidor e fornecedor, a relação


consumerista e a prestação de serviços públicos, julgue o item que se segue: Aplica-se o CDC aos
empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas. BL: S. 602, STJ.

(TJPR-2019-CESPE): Com base na jurisprudência do STJ, julgue o item a seguir, a respeito de


relações consumeristas: As regras do CDC são aplicáveis aos contratos de empreendimentos
habitacionais celebrados por sociedades cooperativas. BL: S. 602, STJ.

(TJPA-2019-CESPE): Acerca da relação jurídica de consumo, assinale a opção correta segundo a


jurisprudência do STJ. Nesse sentido, considere que a sigla CDC, sempre que utilizada, refere-se a
CDC: O CDC é aplicável empreendimentos habitacionais promovidos por sociedades
cooperativas. BL: S. 602, STJ.
Súmula 601: O Ministério Público TEM LEGITIMIDADE ATIVA para atuar na defesa dos direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, AINDA QUE DECORRENTES da
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS. (MPMS-2018) (TJBA-2019) (TJRJ-2019) (MPGO-2019) (MPMT-
2019) (MPPI-2019) (MPPR-2019) (TJSP-2021) (MPAP-2021) (PGEMS-2021) (TJPE-2022) (TJRS-2022) (MPSC-2021/2023)
(MPPA-2023) (DPERO-2023)

OBS:
Legitimidade do MP para a ACP: O MP está legitimado a promover ação civil pública para a
defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. No entanto, o MP somente terá
representatividade adequada para propor a ACP se os direitos/interesses discutidos na ação
estiverem relacionados com as suas atribuições constitucionais, que são previstas no art. 127 da
CF:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.

Desse modo, indaga-se: o MP possui legitimidade para ajuizar ACP na defesa de qualquer direito
difuso, coletivo ou individual homogêneo? O entendimento majoritário está exposto a seguir:

Direitos Direitos Direitos


DIFUSOS COLETIVOS (stricto sensu) INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS

SIM SIM 1) Se esses direitos forem


indisponíveis: SIM
O MP está sempre legitimado a O MP está sempre legitimado a (ex: saúde de um menor)
defender qualquer direito defender qualquer direito
difuso. coletivo. 2) Se esses direitos forem
disponíveis: DEPENDE
(o MP sempre possui (o MP sempre possui
representatividade adequada). representatividade adequada). O MP só terá legitimidade para
ACP envolvendo direitos
individuais homogêneos
disponíveis se estes forem de
interesse social (se houver
relevância social).

Quatro conclusões importantes:


1) Se o direito for difuso ou coletivo (stricto sensu), o MP sempre terá legitimidade para propor
ACP (há posições em sentido contrário, mas é o que prevalece).
2) Se o direito individual homogêneo for indisponível (ex: saúde de um menor carente), o MP
sempre terá legitimidade para propor ACP.
3) Se o direito individual homogêneo for disponível, o MP pode agir desde que haja relevância
social.
Ex1: defesa dos interesses de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação.
Ex2: defesa de trabalhadores rurais na busca de seus direitos previdenciários.

4) O Ministério Público possui legitimidade para a defesa de direito individual indisponível


mesmo quando a ação vise à tutela de pessoa individualmente considerada (tutela do direito
indisponível relativo a uma única pessoa).
Ex: MP ajuíza ACP para que o Estado forneça uma prótese auditiva a um menor carente
portador de deficiência.

Assim, o MP sempre terá legitimidade quando os direitos envolvidos:


 revestirem-se de interesse social; ou
 caracterizarem-se como individuais indisponíveis.

Exemplos de direitos individuais homogêneos dotados de relevância social (Ministério Público


pode propor ACP nesses casos):
1) MP pode questionar edital de concurso público para diversas categorias profissionais de
determinada Prefeitura, em que se previa que a pontuação adotada privilegiaria candidatos que já
integrariam o quadro da Administração Pública municipal (STF RE 216443);
2) na defesa de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação (STF AI 637853 AgR);
3) em caso de loteamentos irregulares ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento de
indenização aos adquirentes (REsp 743678);
4) o Ministério Público tem legitimidade para figurar no polo ativo de ACP destinada à defesa de
direitos de natureza previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR);
5) o Ministério Público tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de anular Termo de
Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas beneficiárias de
redução fiscal. O referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o regime
especial de apuração do ICMS, poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público, fato que
legitima a atuação do parquet na defesa do erário e da higidez da arrecadação tributária (STF RE
576155/DF);
6) o MP tem legitimação para, por meio de ACP, pretender que o Poder Público forneça
medicação de uso contínuo, de alto custo, não disponibilizada pelo SUS, mas indispensável e
comprovadamente necessária e eficiente para a sobrevivência de um único cidadão desprovido de
recursos financeiros;
7) defesa do direito dos consumidores de não serem incluídos indevidamente nos cadastros de
inadimplentes (REsp 1.148.179-MG).

Exemplos de direitos individuais homogêneos destituídos de relevância social (Ministério Público


NÃO pode propor ACP nesses casos):
1) o MP não pode ajuizar ACP para veicular pretensões que envolvam tributos (impostos, taxas
etc.), contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros
fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados
(art. 1º, parágrafo único, da LACP). Ex: o MP não pode propor ACP questionando a cobrança
excessiva de uma determinada taxa, ainda que envolva um expressivo número de contribuintes;
2) “O Ministério Público não tem legitimidade ativa para propor ação civil pública na qual busca a
suposta defesa de um pequeno grupo de pessoas - no caso, dos associados de um clube, numa
óptica predominantemente individual.” (STJ REsp 1109335/SE);
3) o MP não pode buscar a defesa de condôminos de edifício de apartamentos contra o síndico,
objetivando o ressarcimento de parcelas de financiamento pagas para reformas afinal não
efetivadas.

E no caso de direitos dos consumidores? O Ministério Público poderá defender em juízo direitos
individuais homogêneos dos consumidores? SIM. O MP possui legitimidade para promover ação
civil pública para tutelar não apenas direitos difusos ou coletivos de consumidores, mas também
direitos individuais homogêneos. Trata-se de legitimação que decorre, de forma genérica, dos
arts. 127 e 129, III da CF e, de modo específico, do art. 82, I do CDC:
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público; (...)

Art. 81. (...)


Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: (...)
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de
origem comum.

Vimos acima que o MP somente tem legitimidade para defender direitos individuais homogêneos
caso estes sejam indisponíveis ou tenham relevância social. E no caso dos direitos individuais
homogêneos relacionados com direitos dos consumidores? Prevalece o entendimento de que “a
proteção coletiva dos consumidores constitui não apenas interesse individual do próprio
lesado, mas interesse da sociedade como um todo. Realmente, é a própria Constituição que
estabelece que a defesa dos consumidores é princípio fundamental da atividade econômica (CF,
art. 170, V), razão pela qual deve ser promovida, inclusive pelo Estado, em forma obrigatória (CF,
art. 5º, XXXII). Não se trata, obviamente, da proteção individual, pessoal, particular, deste ou
daquele consumidor lesado, mas da proteção coletiva, considerada em sua dimensão
comunitária e impessoal. Compreendida a cláusula constitucional dos interesses sociais (art. 127)
nessa dimensão, não será difícil concluir que nela pode ser inserida a legitimação do MP para a
defesa de ‘direitos individuais homogêneos’ dos consumidores, o que dá base de legitimidade ao
art. 82, I da Lei nº 8.078/90 (...)” (voto do falecido Min. Teori Zavascki no REsp 417.804/PR, DJ
16/05/05).

“A tutela efetiva de consumidores possui relevância social que emana da própria Constituição
Federal (arts. 5º, XXXII, e 170, V).” (STJ. 3ª Turma. REsp 1254428/MG, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, j. 02/06/16).

Assim, “o Ministério Público ostenta legitimidade ativa para a propositura de Ação Civil
Pública objetivando resguardar direitos individuais homogêneos dos consumidores.” (STJ. 2ª
Turma. AgInt no REsp 1569566/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 7/3/17).
Os direitos dos consumidores muitas vezes são disponíveis (ex: direitos patrimoniais). Mesmo
assim, o Ministério Público terá legitimidade para a ação civil pública em tais casos? O MP tem
legitimidade para a defesa de direitos individuais homogêneos de consumidores mesmo que estes
sejam direitos disponíveis? SIM. O MP tem legitimidade ativa para a propositura de ação civil
pública destinada à defesa de direitos individuais homogêneos de consumidores, ainda que
disponíveis, pois se está diante de legitimação voltada à promoção de valores e objetivos
definidos pelo próprio Estado (STJ. 3ª T. REsp 1254428/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j.
02/06/16).

A relação de consumo pode se dar com o Poder Público. Em outras palavras, o Estado presta
serviços públicos a uma infinidade de consumidores. Neste caso, o Ministério Público possui
legitimidade para a defesa em juízo dos direitos individuais homogêneos desses consumidores?
SIM. Com mais razão ainda. O MP possui legitimidade para promover ação civil pública para
tutelar não apenas direitos difusos ou coletivos de consumidores, mas também direitos
individuais homogêneos, inclusive quando decorrentes da prestação de serviços públicos (STJ.
1ª T. REsp 929.792/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18/02/16).

Ex: ACP proposta pelo MP contra o Município e contra a empresa concessionária do serviço
público de transporte de passageiros questionando o reajuste da tarifa de ônibus, que teria sido
abusivo, violando os direitos individuais homogêneos dos consumidores.

A explicação da súmula já acabou. Vamos agora relembrar o que são direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos:
Gênero: os direitos ou interesses coletivos (lato sensu) são o gênero. Eles são chamados de
direitos ou interesses transindividuais, metaindividuais ou supraindividuais.

Espécies: esses direitos coletivos (em sentido amplo) são divididos em três espécies:
COLETIVOS INDIVIDUAIS
DIFUSOS
(em sentido estrito) HOMOGÊNEOS
Ex: determinado lote de um
Ex: direito ao meio ambiente Ex: reajuste abusivo das
remédio causou lesão a alguns
ecologicamente equilibrado. mensalidades escolares.
consumidores.
São classificados como direitos
São classificados como direitos São classificados como direitos ACIDENTALMENTE
ESSENCIALMENTE ESSENCIALMENTE COLETIVOS (isso porque são
COLETIVOS. COLETIVOS. direitos individuais, mas tratados
como se fossem coletivos).
Há uma transindividualidade
ARTIFICIAL, formal ou
São transindividuais (há uma São transindividuais (há uma
relativa (são direitos individuais
transindividualidade real ou transindividualidade real ou
que, no entanto, recebem
material). material).
tratamento legal de direitos
transindividuais).

Têm natureza INDIVISÍVEL. Têm natureza DIVISÍVEL.


Têm natureza INDIVISÍVEL.
Tais direitos pertencem a todos
O resultado será o mesmo para O resultado da demanda pode
de forma simultânea e
aqueles que fizerem parte do ser diferente para os diversos
indistinta.
grupo, categoria ou classe de titulares (ex: o valor da
O resultado será o mesmo para
pessoas. indenização pode variar).
todos os titulares.
Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas:
• indeterminadas e • indeterminadas, • determinadas; ou
• indetermináveis. • mas determináveis. • determináveis.

Não se tem como determinar Os titulares são, a princípio,


(dizer de maneira específica) indeterminados, mas é
quem são os titulares desses possível que eles sejam
direitos. Isso porque são identificados.
direitos que não pertencem a Os titulares fazem parte de um
apenas uma pessoa, mas sim à grupo, categoria ou classe de
coletividade. pessoas.
Caracterizam-se, portanto, pela
Caracterizam-se, portanto, pela Caracterizam-se, portanto, pela DETERMINABILIDADE.
indeterminabilidade indeterminabilidade
ABSOLUTA. RELATIVA.
Os titulares desses direitos
NÃO possuem relação EXISTE uma relação jurídica
jurídica entre si. base entre os titulares.
Os titulares não são ligados
entre si, mas seus interesses
Os titulares são ligados por Os titulares são ligados entre si
decorrem de uma ORIGEM
CIRCUNSTÂNCIAS DE ou com a parte contrária em
COMUM.
FATO. virtude de uma RELAÇÃO
Os titulares se encontram em JURÍDICA BASE.
uma situação de fato comum.
Outros exemplos:
interesses ligados aos
membros de um mesmo
sindicato ou partido;
integrantes de um mesmo Outros exemplos:
Outros exemplos: patrimônio
conselho profissional (ex: Ex: pílula de farinha como
histórico; moralidade
OAB). anticoncepcional: só tem direito
administrativa; publicidade
a mulher que comprovar que
enganosa divulgada pela TV.
O MP tem legitimidade para tomou o remédio daquele lote.
promover ACP cujo
fundamento seja a ilegalidade
de reajuste de mensalidades
escolares (Súmula 643-STF).

Atenção: a definição legal dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos é
fornecida pelo art. 81, parágrafo único do CDC.

(MPSC-2023-CESPE): A respeito de ações coletivas, julgue o item subsecutivo, com base na


jurisprudência do STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da
prestação de serviço público. BL: S. 601, STJ.

Súmula 600: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei
11.340/2006, Lei Maria da Penha, NÃO SE EXIGE A COABITAÇÃO entre autor e vítima. (MPPB-
2018) (DPEPE-2018) (PGETO-2018) (PCRS-2018) (TJAC-2019) (MPPI-2019) (Cartórios/TJMG-2019) (MPT-2020)
(MPDFT-2021) (Cartórios/TJMS-2021) (PCRN-2021) (MPRJ-2022) (TJDFT-2023)

OBS:
Requisitos para que se configure a violência doméstica e familiar prevista na Lei Maria da Penha:
a) sujeito passivo (vítima) deve ser pessoa do sexo feminino (não importa se criança,
adulta ou idosa, desde que seja do sexo feminino);
b) sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino;
c) ocorrência de violência baseada em relação íntima de afeto, motivação de gênero ou
situação de vulnerabilidade, nos termos do art. 5º da Lei.

Veja o que diz o art. 5º da Lei nº 11.340/2006:


Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente
de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação
sexual.

Coabitação significa morar sob o mesmo teto. É possível a aplicação da Lei Maria da Penha (Lei
11.340/06) mesmo que não haja coabitação entre autor e vítima? SIM. É possível que haja
violência doméstica mesmo que agressor e vítima não convivam sob o mesmo teto (não morem
juntos). Isso porque o art. 5º, III, da Lei afirma que há violência doméstica em qualquer relação
íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.

Exemplos:
Ex1: violência praticada por irmão contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o
mesmo teto (STJ. 5ª T. REsp 1239850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/02/2012);
Ex2: é possível que a agressão cometida por ex-namorado configure violência doméstica
contra a mulher ensejando a aplicação da Lei nº 11.340/2006 (STJ. 5ª T. HC 182.411/RS, Rel.
Min. Adilson Vieira Macabu (Des. Conv. do TJ/RJ), j. 14/8/12).

Alguns precedentes do STJ sobre o tema:


A Lei 11.340/06 buscou proteger não só a vítima que coabita com o agressor, mas também
aquela que, no passado, já tenha convivido no mesmo domicílio, contanto que haja nexo
entre a agressão e a relação íntima de afeto que já existiu entre os dois. STJ. 3ª CC
102.832/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 22/4/09.

A intenção do legislador, ao editar a Lei Maria da Penha, foi de dar proteção à mulher que
tenha sofrido agressão decorrente de relacionamento amoroso, e não de relações
transitórias, passageiras, sendo desnecessária, para a comprovação do aludido vínculo, a
coabitação entre o agente e a vítima ao tempo do crime. STJ. 6ª T. HC 181.246/RS, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, DJe 06/09/2013.

A caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher não depende do fato de agente
e vítima conviverem sob o mesmo teto. Assim, embora a agressão tenha ocorrido em local público,
ela foi nitidamente motivada pela relação familiar que o agente mantém com a vítima, sua irmã,
circunstância que dá ensejo à incidência da Lei Maria da Penha. STJ. 5ª Turma. HC 280.082/RS,
Rel. Min. Jorge Mussi, j. 12/2/15.

(MPMT-2019-FCC): De acordo com o entendimento do STJ sobre a aplicação da Lei 11.340/06 (Lei
Maria da Penha): É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para violência praticada por irmão
contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto. BL: S. 600, STJ.

Súmula 599: O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA É INAPLICÁVEL aos crimes contra a


Administração Pública. (PGERS-2015) (TJRS-2016) (TRF5-2017) (PCMT-2017) (TRF3-2018) (Cartórios/TJMG-
2018) (PGEPE-2018) (PCGO-2018) (PCMA-2018) (PCRS-2018) (TCEMG-2018) (Anal. Judic./STJ-2018) (TJAL-2019)
(TJRJ-2019) (PCES-2019) (Cartórios/TJGO-2021) (Cartórios/TJSC-2021) (PCMS-2021) (PCRN-2021) (TCERJ-2021)
(PCAM-2022)

OBS:
Princípio da insignificância: Quem primeiro tratou sobre o princípio da insignificância no direito
penal foi Claus Roxin, em 1964. Também é chamado de “princípio da bagatela” ou “infração
bagatelar própria”. O princípio da insignificância não tem previsão legal no direito brasileiro.
Trata-se de uma criação da doutrina e da jurisprudência. Para a posição majoritária, o princípio da
insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material. Se o fato for penalmente
insignificante, significa que não lesou nem causou perigo de lesão ao bem jurídico. Logo, aplica-se
o princípio da insignificância e o réu é absolvido por atipicidade material, com fundamento no art.
386, III do CPP. O princípio da insignificância atua, então, como um instrumento de interpretação
restritiva do tipo penal.

O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes contra a Administração Pública? Para
o STJ, não. Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública,
ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo. Segundo o STJ, os crimes contra a
Administração Pública têm como objetivo resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas,
principalmente, a moral administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo seja insignificante,
deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade administrativa,
que é insuscetível de valoração econômica.

Exceção: Existe uma exceção. A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da


insignificância ao crime de descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no
Título XI do Código Penal, que trata sobre os crimes contra a Administração Pública. De acordo
com o STJ, “a insignificância nos crimes de descaminho tem colorido próprio, diante das disposições
trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc. (AgRg no
REsp 1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013).
O STF concorda com a Súmula 599 do STJ? NÃO. No STF, há julgados admitindo a aplicação do
princípio mesmo em outras hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel.
Min. Gilmar Mendes, j. 26/04/11 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Peluso, j. 21/08/12.
Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a Administração Pública,
por si só, não inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise
do caso concreto para se examinar se incide ou não o referido postulado.

Súmula 598: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento


judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente
demonstrada a doença grave por outros meios de prova . (Cartórios/TJPR-2019)

OBS:
Isenção de imposto de renda sobre os proventos da aposentadoria para doentes graves: O imposto
de renda é regido pela Lei nº 7.713/88. Esta Lei prevê que as pessoas portadoras de neoplasia
maligna ou outras doenças graves e que estejam na inatividade não pagarão imposto de renda
sobre os rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma (art. 6º, XIV). Em
palavras mais simples: pessoas portadoras de doenças elencadas pela legislação não pagarão
imposto de renda sobre os rendimentos que receberem a título de aposentadoria, pensão ou
reforma. Para ter direito à isenção do imposto de renda é necessária a cumulação de dois
requisitos pelo contribuinte:
a) receber proventos de aposentadoria, pensão ou reforma; e
b) estar acometido de uma das doenças arroladas no dispositivo legal.

Veja a previsão legal:


Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por
pessoas físicas:
XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os
percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental,
esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com
base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
depois da aposentadoria ou reforma;

Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, aposentado, estava apresentando problemas
de saúde e foi internado em um hospital particular. Fez diversos exames nos quais ficou
constatado que ele está com neoplasia maligna (câncer). Diante disso, ele requereu isenção do
imposto de renda sobre os valores que ele recebe a título de aposentadoria. Para tanto, ele juntou
todos os laudos dos exames que realizou, assim como uma declaração do médico do hospital. A
Receita Federal, contudo, indeferiu o pedido alegando que, para ter direito à isenção, seria
indispensável a apresentação de um laudo médico oficial, conforme exige o art. 30 da Lei nº
9.250/95:
Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções
de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988,
com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia
deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Inconformado, João ingressou com ação judicial pedindo o reconhecimento de seu direito à
isenção com base nos inúmeros laudos médicos particulares que examinaram a sua situação e que
atestaram a existência da moléstia.

O juiz poderá acolher o pedido de João? O magistrado pode reconhecer o direito à isenção do
Imposto de Renda de que trata o art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 apenas com base em documentos
médicos particulares (sem um laudo médico oficial)? SIM. A comprovação da moléstia grave para
fins de isenção de imposto de renda não precisa ser comprovada mediante laudo médico OFICIAL
podendo o magistrado valer-se de outras provas produzidas. Esse entendimento reiterado do STJ
deu origem à Súmula 598.

E o art. 30 da Lei 9.250/95? O STJ entende que a norma prevista no art. 30 da Lei 9.250/95 é uma
regra aplicável apenas para a Administração Pública, de forma que ela não vincula (limita) o
juiz. Isso porque o magistrado, no momento de julgar, goza do “livre convencimento motivado”
(persuasão racional), podendo apreciar, de forma motivada, as provas produzidas, conforme
autorizado pelos arts. 371 e 479 do CPC/2015:
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando
na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões
do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.

Nesse sentido: STJ. 1ª T. AgRg no AREsp 533.874/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j.
16/5/17.

Como explica Daniel Amorim Assumpção Neves:


“O sistema de valoração das provas, adotado pelo sistema processual brasileiro, é o da persuasão
racional, também chamado de livre convencimento motivado. Significa dizer que não existem cargas
de convencimento pré-estabelecidas dos meios de prova, sendo incorreto afirmar abstratamente que
determinado meio de prova é mais eficaz no convencimento do juiz do que outro. Com inspiração
nesse sistema de valoração das provas, o art. 479 do Novo CPC prevê que o juiz não está adstrito ao
laudo pericial, podendo se convencer com outros elementos ou fatos provados no processo.”
(Comentários ao Novo Código de Processo Civil. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 817).

Obs: alguns autores afirmam que, com o novo CPC, não seria mais correto falar em “livre”
convencimento motivado. É o caso, por exemplo, de Fredie Didier:
“Todas as referências ao ‘livre convencimento motivado’ foram extirpadas do texto do
Código. O silêncio é eloquente. O convencimento do julgador deve ser racionalmente
motivado: isso é quanto basta para a definição do sistema de valoração da prova pelo juiz adotado
pelo CPC-2015. Não é mais correta, então, a referência ao ‘livre convencimento motivado’ como
princípio fundamental do processo civil brasileiro; não é dogmaticamente aceitável, do mesmo modo,
valer-se desse jargão para fundamentar as decisões judiciais. (...)” (DIDIER, Fredie. Curso de
Direito Processual Civil. Vol. 2., Salvador: Juspodivm, 2015, p. 102-103).

Apesar dessa relevantíssima posição doutrinária acima, é importante registrar que, para a maioria
da doutrina e da jurisprudência, continua sendo possível falar em livre convencimento
motivado. O próprio STJ permanece utilizado essa nomenclatura:
(...) O art. 370 do Novo Código de Processo Civil (art. 130 do CPC/1973) consagra o
princípio do livre convencimento motivado, segundo o qual o magistrado fica habilitado a
valorar, livremente, as provas trazidas à demanda. (...) STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp
1169112/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 27/6/17.

Súmula 597: A cláusula contratual de plano de saúde que PREVÊ carência para utilização dos
serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência É CONSIDERADA
ABUSIVA SE ULTRAPASSADO o prazo máximo de 24 horas, CONTADO da data da contratação.
(TJMT-2018) (MPMS-2018) (TJPR-2019) (MPGO-2019) (TJSP-2021) (DPEBA-2021)

OBS:
O que é carência nos contratos de plano de saúde? Carência é o tempo que a pessoa terá que
esperar para poder gozar dos serviços oferecidos pelo plano de saúde. Esse prazo normalmente
varia de acordo com o procedimento médico ou hospitalar. Ex: consultas médicas, sem carência;
partos – carência de 300 dias etc. Os prazos de carência devem estar previstos no contrato.

É lícita a cláusula contratual do plano de saúde que estabeleça prazos de carência? Em regra, sim,
desde que respeitados os limites máximos estabelecidos pela Lei nº 9.656/98.

Quais são esses limites?


Situação Tempo máximo de carência
Partos a termo, excluídos os partos prematuros e decorrentes de 300 dias
complicações no processo gestacional
Doenças e lesões preexistentes (quando contratou o plano de 24 meses
saúde, a pessoa já sabia possuir)
Casos de URGÊNCIA (acidentes pessoais ou complicações no 24 horas
processo gestacional) e EMERGÊNCIA (risco imediato à vida ou
lesões irreparáveis)
Demais situações 180 dias
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, há dois meses, contratou o plano de saúde
“X”. João estava se sentindo mal e foi até o hospital conveniado ao plano. Constatou-se que ele
necessitava de internação em caráter de urgência/emergência, porque estava com suspeita de
AVC. O plano de saúde negou a autorização para internação alegando que existe uma cláusula no
contrato prevendo carência de 180 dias para que o usuário tenha direito à internação.

Foi lícita a conduta do plano de saúde de negar a internação? NÃO. A seguradora tinha a
obrigação de arcar com a internação, mesmo estando no período de carência. Em se tratando de
procedimento de emergência ou de urgência, ou seja, de evento que se não for realizado
imediatamente implica em risco concreto de morte ou lesão irreparável para o paciente, deve ser
adotado o prazo de carência de vinte e quatro horas e não o de cento e oitenta dias , sob pena de
violação à legítima expectativa do consumidor ao celebrar o contrato para preservar a sua vida,
sua saúde e sua integridade física. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1448660/MG, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 04/04/2017.

A legislação permite que o contrato estipule prazo de carência (art. 12, da Lei 9.656/98). No
entanto, mesmo havendo carência, os planos de saúde e seguros privados de saúde são obrigados
a oferecer cobertura nos casos de urgência e emergência a partir de 24 horas depois de ter sido
assinado o contrato (art. 12, V, c).

Os contratos de seguro e assistência à saúde são pactos de cooperação e solidariedade, cativos e de


longa duração, informados pelos princípios consumeristas da boa-fé objetiva e função social,
tendo o objetivo precípuo de assegurar ao consumidor, no que tange aos riscos inerentes à saúde,
tratamento e segurança para amparo necessário de seu parceiro contratual.

Os arts. 18, § 6º, III, e 20, § 2º, do CDC, preveem a necessidade da adequação dos produtos e
serviços à legítima expectativa do consumidor de, em caso de pactuação de contrato oneroso de
seguro de assistência à saúde, não ficar desamparado no que tange a procedimento médico
premente e essencial à preservação de sua vida.

Como se trata de situação limite, em que há nítida possibilidade de violação de direito


fundamental à vida, não é possível à seguradora invocar prazo de carência contratual para
restringir o custeio dos procedimentos de emergência ou de urgência.

O STJ sumulou agora o tema.

Em caso de recusa indevida, é possível a condenação do plano de saúde ao pagamento de


indenização? SIM. A recusa indevida da operadora de plano de saúde a autorizar o tratamento do
segurado é passível de condenação por dano moral, uma vez que agrava a situação de aflição e
angústia do segurado, comprometido em sua higidez físico-psicológica pela enfermidade (STJ. 4ª
Turma. AgInt no AREsp 949.288/CE, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 20/10/2016).

(TJSP-2021-VUNESP): Assinale a alternativa correta sobre abusividade de cláusulas contratuais,


conforme entendimento dominante e atual do STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que
prevê carência para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência ou
de urgência é considerada abusiva, se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data
da contratação. BL: S. 597, STJ.

Súmula 596: A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR dos avós TEM natureza complementar e subsidiária,
SOMENTE SE CONFIGURANDO no caso da IMPOSSIBILIDADE TOTAL ou PARCIAL de seu
cumprimento pelos pais. (DPEAL-2017) (DPERO-2017) (TJMG-2018) (MPMS-2018) (Anal. Judic./STJ-2018)
(TJAC-2019) (TJRO-2019) (MPSC-2019) (MPDFT-2021) (DPERR-2021) (TCDF-2021) (DPECE-2022)

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João é um jovem rico empresário. Ele é casado e possui
duas filhas deste casamento. Além disso, possui também um terceiro filho (Bernardo), caçula,
fruto de um relacionamento extraconjugal. João pagava 5 salários-mínimos de pensão alimentícia
para o filho. Ocorre que, determinado dia, o empresário sofreu um acidente e faleceu. Com a
morte, foi aberto inventário judicial para apurar quais foram os bens deixados pelo falecido e,
após isso, realizar a partilha entre os herdeiros. Vale ressaltar que, como o patrimônio deixado por
João é grande, é provável que o inventário demore alguns anos para ser concluído. Um mês após a
morte, Bernardo, representado por sua mãe, ajuizou ação de alimentos contra o pai de João,
alegando que, com a morte deste, a criança ficou desassistida e precisa urgentemente da quantia
que já era paga para suas necessidades diárias. Segundo alegou Bernardo, diante da morte de seu
pai, a obrigação de prestar os alimentos deverá ser transmitida automaticamente para seu avô
paterno, que é um rico empresário, detentor de grande fortuna. O pedido de Bernardo foi
fundamentado no art. 1.696 do Código Civil:
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes (ex: avós), recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em
falta de outros.

O pedido de Bernardo deverá ser acolhido? NÃO. A obrigação dos avós de prestar alimentos tem
natureza complementar e subsidiária e somente exsurge se ficar demonstrada a impossibilidade
de os dois genitores proverem os alimentos dos filhos, ou de os proverem de forma suficiente.
Assim, morrendo o pai que pagava os alimentos, só se poderá cobrar alimentos dos avós se ficar
demonstrado que nem a mãe nem o espólio do falecido têm condições de sustentar o filho. Não
tendo ficado demonstrada a impossibilidade ou a insuficiência do cumprimento da obrigação
alimentar pela mãe, como também pelo espólio do pai falecido, não há como reconhecer a
obrigação do avô de prestar alimentos.

O falecimento do pai do alimentante não implica a automática transmissão do dever alimentar


aos avós. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.133-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel.
para acórdão Min. Raul Araújo, j. 16/6/2016 (Info 587).

Demonstrar a impossibilidade da mãe: A primeira questão a ser ressaltada é que, para a ação de
alimentos ajuizada contra os avós ter êxito, é indispensável que se demonstre que nem o pai nem a
mãe têm condições de sustentar o alimentando. No caso concreto, o pai já era falecido, mas o autor
(Bernardo) teria que demonstrar que a sua mãe também não tinha condições de sustentar o filho.
Isso porque a obrigação alimentar avoenga (entre avós e netos) tem natureza complementar e
subsidiária. Confira:
(...) A obrigação alimentar dos avós apresenta natureza complementar e subsidiária,
somente se configurando quando pai e mãe não dispuserem de meios para promover as
necessidades básicas dos filhos. 2. Necessidade de demonstração da impossibilidade de
os dois genitores proverem os alimentos de seus filhos. 3. Caso dos autos em que não
restou demonstrada a incapacidade de a genitora arcar com a subsistência dos filhos. 4.
Inteligência do art. 1.696 do Código Civil. (...) STJ. 3ª T. REsp 1.415.753/MS, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, j. 24/11/2015.

Demonstrar a impossibilidade do espólio: Além disso, para intentar a ação contra o avô, o autor
também teria que ter demonstrado que o espólio de seu pai não tinha condições de continuar
pagando a pensão alimentícia.

Obs: o espólio é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dele. Mesmo
sem possuir personalidade jurídica, o espólio tem capacidade para praticar atos jurídicos (ex.:
celebrar contratos no interesse da herança) e tem legitimidade processual (pode estar no polo ativo
ou passivo da relação processual) (FARIAS, Cristiano Chaves. et. al., Código Civil para concursos.
Salvador: Juspodivm, 2013, p. 1396).

Ação deveria ter sido dirigida contra o espólio: Desse modo, no caso concreto, Bernardo deveria
ter ajuizado a ação de alimentos contra o espólio de seu pai. O alimentando é herdeiro do
falecido e, por isso, deveria ter pedido alimentos ao espólio de seu pai.

Não há transmissão automática do dever de alimentar aos avós: Não é correta, portanto, a
afirmação de que o dever de alimentar transmite-se automaticamente aos avós em caso de
falecimento do pai que pagava a pensão.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 65: #DPEAC-2012: #MPRO-2010/2013; #DPEMS-2014:


#DPERS-2014: #DPEBA-2016: #DPEMT-2016: #DPERO-2017: #TJRO-2019: #DPERR-2021:
#TCDF-2021: #DPECE-2022: #CESPE: #FCC: #VUNESP: #UFMT: Tese 15: A responsabilidade
dos avós de prestar alimentos aos netos apresenta natureza complementar e subsidiária, somente
se configurando quando demonstrada a insuficiência de recursos do genitor.

(DPECE-2022-FCC): De acordo com entendimento sumular do STJ, a obrigação alimentar dos avós
em relação aos netos possui natureza complementar e subsidiária em relação aos pais, somente se
configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento por estes. BL: S.
596, STJ.
(MPMS-2018): Assinale a alternativa correta: A obrigação alimentar dos avós tem natureza
complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial
de seu cumprimento pelos pais. BL: S. 596, STJ.

Súmula 595: As instituições de ensino superior RESPONDEM OBJETIVAMENTE pelos danos


suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da
Educação, sobre o qual NÃO LHE TENHA SIDO DADA prévia e adequada informação. (TJMT-
2018) (TRF2-2018) (Anal. Judic./STJ-2018) (MPGO-2019) (MPPR-2021) (TJPE-2022)

OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João matriculou-se na primeira turma do curso de
bacharelado em Direito da UNISABES (Universidade do Saber). Quando João se formou, em 2010,
a Universidade ainda não havia conseguido obter o reconhecimento do curso junto ao Ministério
da Educação, de forma que ela não pode emitir os diplomas de Bacharel em Direito. Assim, apesar
de aprovado no exame da OAB, João não pode obter a sua inscrição como advogado. A situação
somente foi resolvida 18 meses depois. Diante disso, o ex-aluno ingressou com ação de
indenização por danos morais e materiais contra a UNISABES. Vale ressaltar que no momento em
que o curso foi oferecido não se informou aos alunos que a Universidade ainda não havia
conseguido o reconhecimento.

Neste caso concreto, João terá direito de ser indenizado? SIM.

Qual é a natureza da relação jurídica firmada entre João e o Instituto? Relação de consumidor e
fornecedor. A relação jurídica firmada entre o aluno e a instituição de ensino particular é uma
relação de índole consumerista considerando que o aluno é o destinatário final dos serviços
prestados pela faculdade. Além disso, o aluno possui vulnerabilidade jurídica frente à instituição.

Responsabilidade objetiva: Como a relação é consumerista, a instituição possui responsabilidade


civil objetiva pelos danos causados, nos termos do art. 14 do CDC:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

Falha no dever de informação: Fica evidente a responsabilidade objetiva da instituição,


considerando que ela deveria ter informado previamente os alunos que o curso não estava ainda
reconhecido, informação que era fundamental para que eles decidissem se desejariam ou não se
matricular. Houve, portanto, descumprimento do dever de informar, gerando o direito à
indenização.

O STJ sumulou o entendimento acima exposto:


Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos
suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo
Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada
informação. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.

Assim, “a instituição de ensino superior responde objetivamente pelos danos causados ao aluno
em decorrência da falta de reconhecimento do curso pelo MEC, quando violado o dever de
informação ao consumidor.” (STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 651.099/PR, Rel. Min. Marco Buzzi,
j. 26/5/15).

E se os alunos tivessem sido previamente informados, no momento da matrícula, que o curso


ainda não havia sido reconhecido pelo MEC e que as providências ainda seriam tomadas? Se a
falta de reconhecimento do curso pelo MEC tivesse sido previamente informada aos alunos, de
maneira clara e objetiva, a responsabilidade civil da Instituição poderia ser afastada, conforme
já decidiu o STJ:
(...) 2. Essa Corte reconhece a responsabilidade objetiva da instituição de ensino e o direito
à compensação por danos morais a aluno de curso não reconhecido pelo Ministério da
Educação quando violado o dever de informação ao consumidor. 3. Na hipótese, a situação
do curso era conhecida pelos alunos e as providências quanto ao seu reconhecimento
oficial, após a conclusão da primeira turma, foram tomadas pela instituição. 4. A demora
no reconhecimento do curso pelo MEC, não impediu que a recorrente fosse contratada
por duas empresas do ramo farmacêutico, ou seja, não impediu que ela exercesse sua
atividade profissional. 5. Como já eram previsíveis os aborrecimentos e dissabores por
quais passou até o reconhecimento oficial do curso pelo MEC porque a recorrente foi
informada da situação pela instituição de ensino, não ficou demonstrada a ocorrência do
dano moral passível de compensação. (...) STJ. 3ª T. REsp 1230135/MT, Rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 04/12/12.

Em caso de informação prévia, não se pode dizer que os alunos foram surpreendidos com a
situação, tendo sido enganados pela instituição ao longo dos anos de curso. Não houve engodo ou
violação do dever de informação. A situação do curso era conhecida por todos e as providências
cabíveis foram tomadas pela Instituição, razão pela qual não há direito à indenização.

(TJMT-2018-VUNESP): Estipêndio da Silva queria galgar rapidamente posições em sua profissão


e para tal finalidade se inscreveu em uma instituição de ensino superior, próxima da sua
residência, que oferecia curso por mensalidade módica. Contudo, concluídos os estudos,
Estipêndio soube que o curso ainda não era reconhecido pelo Ministério da Educação e, em razão
disso, não poderia obter o diploma. Sentindo-se ludibriado pela situação, pretende ser reparado
pelos gastos na realização do curso. Diante dessa situação, assinale a alternativa correta,
considerando também entendimento jurisprudencial sumulado sobre a questão: A instituição de
ensino responde objetivamente pelos danos sofridos pelo aluno/consumidor que realiza curso não
reconhecido pelo Ministério da Educação, mas exime-se da responsabilidade se provar que o
aluno foi prévia e adequadamente informado do fato. BL: S. 595, STJ.

Súmula 594: O Ministério Público TEM legitimidade ativa para ajuizar AÇÃO DE ALIMENTOS
em proveito de criança ou adolescente INDEPENDENTEMENTE do exercício do poder familiar
dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto
da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou
eficiência da Defensoria Pública na comarca. (TJRS-2018) (MPMS-2018) (DPEAM-2018) (DPEPE-2018) (TJBA-
2019) (TJPA-2019) (MPMT-2019) (MPSP-2019) (MPSC-2016/2021) (TJMA-2022)

OBS:
O MP pode ajuizar ação de alimentos em favor de criança ou adolescente? SIM. O MP tem
legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente. Nesse
caso, o MP atua como substituto processual, ou seja, ele irá propor a ação em nome próprio
defendendo direito alheio (da criança/adolescente). Vale ressaltar que o MP tem legitimidade
ativa para ajuizar a ação de alimentos ainda que em proveito de uma única criança. Ficará assim
na petição inicial:
“MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO XX, por intermédio do Promotor de Justiça que ao final
subscreve, vem ajuizar a presente AÇÃO DE ALIMENTOS em favor da criança XXX, contra
FULANO DE TAL (...)”

Quais são os fundamentos para que se reconheça a legitimidade ativa do MP na ação de


alimentos em favor das crianças e adolescentes?
Fundamentos constitucionais
 O direito das crianças e adolescentes aos alimentos pode ser classificado como sendo um
interesse individual indisponível, o que se insere nas atribuições do MP, conforme previsto
no art. 127 da CF.
 É dever não apenas da família, como também da sociedade e do Estado, assegurar à criança,
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, entre outros (art. 227).

Fundamento legal
 Compete ao Ministério Público promover e acompanhar as ações de alimentos em favor de
crianças e adolescentes (art. 201, III, do ECA).

O Ministério Público pode ajuizar ação de alimentos em favor de criança ou adolescente mesmo
que na localidade exista Defensoria Pública instalada e funcionando? SIM. O Ministério Público
tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente
independentemente de existir ou não Defensoria Pública no local. Isso porque as atuações dos
órgãos não se confundem, não sendo idênticas.

Ação de alimentos proposta pelo MP Ação de alimentos proposta pela Defensoria


Na ação de alimentos, o MP atua como Na ação de alimentos, a Defensoria Pública atua
substituto processual, pleiteando, em nome como representante processual, pleiteando, em
próprio, o direito do infante aos alimentos. Para nome da criança ou do adolescente, o seu direito
isso, em tese, o Parquet não precisa que a mãe aos alimentos.
ou o responsável pela criança ou adolescente Para tanto, a Defensoria só pode ajuizar a ação
procure o órgão em busca de assistência. O MP de alimentos se for provocada pelos
pode atuar de ofício. Aliás, na maioria das vezes responsáveis pela criança ou adolescente.
o MP atua quando há a omissão dos pais ou
responsáveis na satisfação dos direitos mínimos
da criança e do adolescente, notadamente o
direito à alimentação.

Existia uma posição sustentando que o MP somente poderia ajuizar ação de alimentos se a mãe
da criança ou do adolescente não estivesse exercendo o poder familiar, uma vez que, em caso
contrário, ela deveria tomar essa providência. Essa posição prevaleceu? NÃO. O Ministério
Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou
adolescente, independentemente do exercício do poder familiar dos pais. Em suma, a mãe e o
pai podem estar no pleno exercício do poder familiar e mesmo assim a ação ser proposta pelo
Parquet.

Existia uma posição sustentando que o MP somente poderia ajuizar ação de alimentos se ficasse
caracterizado que a criança ou o adolescente estivesse em situação de risco (art. 98 do ECA). Essa
posição prevaleceu? NÃO. O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de
alimentos em proveito de criança ou adolescente mesmo que a criança ou adolescente não se
encontre nas situações de risco descritas no art. 98 do ECA. Vigora em nosso ordenamento a
doutrina da proteção integral da criança e do adolescente. Como decorrência lógica dessa
doutrina, o ECA adota, em seu art. 100, parágrafo único, VI, o princípio da intervenção precoce,
segundo o qual a atuação do Estado na proteção do infante deve ocorrer antes que o infante caia
no que o antigo Código de Menores chamava de situação irregular, como nas hipóteses de maus-
tratos, violação extrema de direitos por parte dos pais e demais familiares.

(TJMA-2022-CESPE): Pode ajuizar ação de execução de alimentos em proveito de criança e


adolescente o Ministério Público, na condição de substituto processual, independentemente de
qualquer circunstância. BL: S. 594, STJ.

#Atenção: Em se tratando de ação de alimentos, o Ministério Público atuará como substituto


processual, pleiteando, em nome próprio, o direito do infante aos alimentos. Para isso, em tese, o
MP não precisará que a mãe ou o responsável pela criança ou adolescente procure o órgão em
busca de assistência. Por outro lado, caso a Defensoria Pública seja a responsável pelo ajuizamento
da referida demanda, esta atuará como representante processual do menor, dependendo que os
pais do menor a procurem para entrar com a ação.

(TJPA-2019-CESPE): O Ministério Público terá legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos
em proveito de criança ou adolescente se o menor necessitar dos alimentos, ainda que exista
Defensoria Pública na comarca. BL: S. 594, STJ.

(MPMT-2019-FCC): Relativamente às suas funções no Processo Civil, é correto afirmar que o


Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito da criança
ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor
se encontrar nas situações de risco descritas no ECA, ou de quaisquer outros questionamentos
acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. BL: S. 594, STJ.

(MPMS-2018): Assinale a alternativa correta: O Ministério Público tem legitimidade ativa para
ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente, independentemente do exercício
do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no
art. 98 do ECA, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da
Defensoria Pública na comarca. BL: S. 594, STJ.

(TJRS-2018-VUNESP): Assinale a alternativa correta de acordo com o entendimento sumulado do


STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de
criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de
o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do ECA, ou de quaisquer outros
questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. BL: S. 594,
STJ.
Súmula 593: O crime de ESTUPRO DE VULNERÁVEL CONFIGURA-SE com a conjunção carnal
ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, SENDO IRRELEVANTE o eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente. (MPRS-2016) (TJCE-2018) (MPPB-2018) (DPEAP-2018) (TRF2-2018)
(PGETO-2018) (PCGO-2018) (PCMA-2018) (TJAC-2019) (TJPA-2019) (MPPI-2019) (DPEMG-2019) (TJSP-2021) (PCPA-
2021) (PCRN-2021) (TJMG-2022) (DPEPB-2022)

OBS:
A Lei 12.015/09 acrescentou o art. 217-A ao Código Penal, criando um novo delito, chamado de
“estupro de vulnerável”:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

Antes do art. 217-A, ou seja, antes da Lei 12.015/09, as condutas de praticar conjunção carnal ou
ato libidinoso com menor de 14 anos já eram consideradas crimes? SIM. Tais condutas poderiam
se enquadrar nos crimes previstos no art. 213 c/c art. 224, “a” (estupro com violência presumida
por ser menor de 14 anos) ou art. 214 c/c art. 224, “a” (atentado violento ao pudor com violência
presumida por ser menor de 14 anos), todos do CP, com redação anterior à Lei 12.015/09. Desse
modo, apesar dos arts. 213, 214 e 224 do CP terem sido revogados pela Lei 12.015/09, não houve
abolitio criminis dessas condutas, ou seja, continua sendo crime praticar estupro ou ato
libidinoso com menor de 14 anos. No entanto, essas condutas, agora, são punidas pelo art. 217-A
do CP. O que houve, portanto, foi a continuidade normativa típica, que ocorre quando uma
norma penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador,
ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou
normativamente diverso do originário.

Antes da Lei 12.015/09, se o agente praticasse atentado violento ao pudor (ex: coito anal) com um
adolescente de 13 anos, haveria crime mesmo que a vítima consentisse (concordasse) com o ato
sexual? Haveria crime mesmo que a vítima já tivesse tido outras relações sexuais com outros
parceiros anteriormente? Essa presunção de violência era absoluta? SIM. A presunção de
violência nos crimes contra os costumes cometidos contra menores de 14 anos, prevista na antiga
redação do art. 224, alínea “a”, do CP (antes da Lei 12.015/09), possuía caráter absoluto, pois
constituía critério objetivo para se verificar a ausência de condições de anuir com o ato sexual.
Assim, essa presunção absoluta não podia ser afastada (relativizada) mesmo que a vítima tivesse
dado seu “consentimento” porque nesta idade este consentimento seria viciado (inválido). Logo,
mesmo que a vítima tivesse experiência sexual anterior, mesmo que fosse namorado do autor do
fato, ainda assim haveria o crime. A presunção de violência era absoluta nos casos de
estupro/atentado violento ao pudor contra menor de 14 anos. Nesse sentido: STJ. 3ª Seção. EREsp
1152864/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/02/2014.

E, atualmente, ou seja, após a Lei 12.015/09? Continua sendo crime praticar conjunção carnal ou
qualquer outro ato libidinoso contra menor de 14 anos. Isso está expresso no art. 217-A do CP e
não interessa se a vítima deu consentimento, se namorava o autor do fato etc. A discussão sobre
presunção de violência perdeu sentido porque agora a lei incluiu a idade (menor de 14 anos) no
próprio tipo penal. Manteve relação sexual com menor de 14 anos: estupro de vulnerável. A Lei
12.015/09 acrescentou o art. 217-A ao Código Penal, criando um novo delito, chamado de
“estupro de vulnerável”:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

A fim de que não houvesse mais dúvidas sobre o tema, o STJ pacificou a questão editando a
Súmula 593.

O Congresso Nacional decidiu incorporar na legislação esse entendimento e acrescentou o § 5º ao


art. 217-A do CP repetindo, em parte, a conclusão da súmula e estendendo o mesmo raciocínio
para outras espécies de pessoa vulnerável. Veja:
Art. 217-A. (...)
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações
sexuais anteriormente ao crime. (Inserido pela Lei nº 13.718/2018)
Em algumas localidades do país (ex: determinadas comunidades do interior), seria possível dizer
que não há crime, considerando que é costume a prática de atos sexuais com crianças? É possível
excluir o crime de estupro de vulnerável com base no princípio da adequação social? NÃO.
Segundo afirmou o Min. Rogério Schietti, a prática sexual envolvendo menores de 14 anos não
pode ser considerada como algo dentro da "normalidade social". Não é correto imaginar que o
Direito Penal deva se adaptar a todos os inúmeros costumes de cada uma das microrregiões do
país, sob pena de se criar um verdadeiro caos normativo, com reflexos danosos à ordem e à paz
públicas. Ademais, o afastamento do princípio da adequação social aos casos de estupro de
vulnerável busca evitar a carga de subjetivismo que acabaria marcando a atuação do julgador
nesses casos, com danos relevantes ao bem jurídico tutelado, que é o saudável crescimento
físico, psíquico e emocional de crianças e adolescentes. Esse bem jurídico goza de proteção
constitucional e legal, não estando sujeito a relativizações.

Na sentença, durante a dosimetria, o juiz pode reduzir a pena-base do réu alegando que a vítima
(menor de 14 anos) já tinha experiência sexual anterior ou argumentando que a vítima era
homossexual? Claro que NÃO.
Em se tratando de crime sexual praticado contra menor de 14 anos, a experiência sexual
anterior e a eventual homossexualidade do ofendido não servem para justificar a
diminuição da pena-base a título de comportamento da vítima. A experiência sexual
anterior e a eventual homossexualidade do ofendido, assim como não desnaturam
(descaracterizam) o crime sexual praticado contra menor de 14 anos, não servem também
para justificar a diminuição da pena-base, a título de comportamento da vítima. STJ. 6ª
Turma. REsp 897.734-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 3/2/15 (Info 555).

O que acontece se um garoto de 13 anos praticar sexo consensual com a sua namorada de 12 anos?
Haverá o que a doutrina denomina de estupro bilateral. Assim, ocorre o “estupro bilateral”
quando dois menores de 14 anos praticam conjunção carnal ou outro ato libidinoso entre si. Em
outras palavras, tanto o garoto como a garota, neste exemplo, serão autores e vítimas, ao mesmo
tempo, de ato infracional análogo ao crime de estupro de vulnerável.

Em que consiste a chamada “exceção de Romeu e Julieta”? Trata-se de uma tese defensiva
segundo a qual se o agente praticasse sexo consensual (conjunção carnal ou ato libidinoso) com
uma pessoa menor de 14 anos, não deveria ser condenado se a diferença entre o agente e a
vítima não fosse superior a 5 anos. Ex: Lucas, 18 anos e 1 dia, pratica sexo com sua namorada de
13 anos e 8 meses. Pela “exceção de Romeu e Julieta” Lucas não deveria ser condenado por
estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). A teoria recebe esse nome por inspiração da peça de
Willian Shakespeare na qual Julieta, com 13 anos, mantém relação sexual com Romeu. Assim,
Romeu, em tese, teria praticado estupro de vulnerável. A “exceção de Romeu e Julieta” não é
aceita pela jurisprudência, ou seja, mesmo que a diferença entre autor e vítima seja menor que 5
anos, mesmo que o sexo seja consensual e mesmo que eles sejam namorados, há crime.

(TJPA-2019-CESPE): No início de 2018, Ricardo, com dezenove anos de idade, começou a namorar
Joana, de doze anos de idade. Com o consentimento dela, mantiveram conjunção carnal no dia em
que ela completou treze anos de idade. Ricardo sabia que Joana completava treze anos de idade na
data em que mantiveram conjunção carnal. Ao descobrirem o relacionamento, os pais de Joana
comunicaram os fatos ao MP, que ofereceu denúncia contra Ricardo. Na instrução processual,
demonstrou-se que Joana já havia mantido conjunção carnal com outro homem, antes de conhecer
Ricardo. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a
jurisprudência do STJ: Ricardo praticou o crime de estupro de vulnerável contra Joana. BL: S. 593,
STJ.

(DPEMG-2019): Sobre a parte especial do Código Penal, analise a afirmativa a seguir, conforme a
jurisprudência predominante: João, imputável, namora Maria, 13 anos idade. O namoro é de
conhecimento de todos, inclusive dos pais de Maria. Numa determinada viagem de férias João e
Maria mantiveram relação sexual de forma consentida. Nessa situação, a prática de conjunção
carnal consentida não afasta a tipificação do crime de estupro de vulnerável. BL: S. 593, STJ.

(DPEAP-2018-FCC): Conforme o ordenamento penal pátrio e o entendimento dos tribunais


superiores: Para a caracterização do crime de estupro de vulnerável previsto no art. 217-A, caput,
do CP, basta que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com pessoa
menor de 14 anos. O consentimento da vítima, sua eventual experiência sexual anterior ou a
existência de relacionamento amoroso entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do crime.
BL: S. 593, STJ.
(MPRS-2016): “É um crime que chocou o Brasil”, disse ao G1 a delegada encarregada da
investigação sobre o estupro coletivo, mediante doping, de uma jovem de 16 anos, na comunidade
do Morro da Barão, Zona Oeste do Rio de Janeiro, por elevado número de agressores. A respeito
deste fato, correto dizer que, para a configuração do delito de estupro de vulnerável, são
irrelevantes a experiência sexual ou o consentimento da vítima menor de 14 anos. BL: S, 593, STJ e
Info 568, STJ [questão adaptada]

Súmula 592: O excesso de prazo PARA A CONCLUSÃO do processo administrativo disciplinar


SÓ CAUSA NULIDADE SE HOUVER demonstração de prejuízo à defesa. (TJSC-2017) (TJMT-2018)
(TJMG-2022) (MPPE-2022) (DPEPA-2022) (MPT-2022)

OBS:
Processo administrativo disciplinar: O processo administrativo disciplinar dos servidores
públicos federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.

O processo administrativo disciplinar (em sentido amplo) divide-se em:


 sindicância;
 processo administrativo disciplinar propriamente dito (PAD).

Fases do PAD: O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:


I — instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
II — inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;
III — julgamento.

Prazo de duração do PAD: No âmbito federal, o prazo de duração do PAD é de 60 dias,


prorrogáveis por mais 60 dias, até a elaboração do relatório. Nesse sentido:
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias,
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.

Depois disso, a autoridade julgadora terá 20 dias para proferir sua decisão (art. 167).

Excesso de prazo: Tanto o STJ como o STF entendem que o excesso de prazo para a conclusão do
processo administrativo disciplinar não gera, por si só, qualquer nulidade no feito. O excesso de
prazo só tem a força de invalidar o processo administrativo se ficar comprovado que houve
fundado e evidenciado prejuízo à defesa do servidor. Se não há prejuízo, não há razão para se
declarar a nulidade do processo. É a aplicação do princípio do pas de nullité sans grief (não há
nulidade sem prejuízo). No âmbito federal, a Lei nº 8.112/91 é expressa nesse sentido:
Art. 169 (...)
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo.

Atenção: A súmula 592 aplica-se não apenas para processos administrativos disciplinares de
servidores públicos federais, mas também para servidores estaduais e municipais.

#Atenção: #STJ: #TRF2-2011: #CESPE: #TJSC-2017: #FCC: O desprezo pelos prazos máximos do
rito não resulta, de per si, na nulidade ou extinção do procedimento, mormente quando não
comprovado prejuízo à defesa do servidor. (...) (STJ. 3ª S., MS 10154/DF. Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz. DJe 19/12/13). Portanto, para o STJ, não se considera prescrito o jus puniendi no caso de
transcurso do prazo legal assinalado para conclusão procedimento de processo administrativo
disciplinar.

Súmula 591: É PERMITIDA a “PROVA EMPRESTADA” no processo administrativo disciplinar,


DESDE QUE devidamente autorizada pelo juízo competente e RESPEITADOS o contraditório e a
ampla defesa. (DPEAC-2017) (DPEAL-2017) (TJCE-2018) (MPBA-2018) (PGEAP-2018) (PGEPE-2018) (PGM-
Manaus/AM-2018) (MPSC-2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (PGM-Campo Grande/MS-2019) (TJSP-2021) (PCRN-2021)
(TJMA-2022)

OBS: Importante.

Prova emprestada: Em regra, a prova que será utilizada pelas partes e pelo juiz no processo é
produzida dentro do próprio processo. É possível, no entanto, que uma prova que foi produzida
em um processo seja levada (“transportada”) para ser utilizada em outro processo. A isso a
doutrina chama de “prova emprestada”.
“Prova emprestada é a prova de um fato, produzida em um processo, seja por documentos,
testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame pericial, que é trasladada para outro
processo sob a forma documental.” (DIDIER JR. Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA,
Rafael. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 52).

Quais são os fundamentos que justificam a aceitação da prova emprestada?


 Princípio da economia processual; e
 Princípio da busca da verdade possível, uma vez que nem sempre será possível produzir
a prova novamente.

“A utilização de prova já produzida em outro processo responde aos anseios de economia processual,
dispensando a produção de prova já existente, e também da busca da verdade possível, em especial
quando é impossível produzir novamente a prova.” (NEVES, Daniel Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil. São Paulo: Método, 2013, p. 430).

A prova emprestada ingressa no processo com que natureza? A prova que veio de outro processo
entra no processo atual como “prova documental”, independentemente da natureza que ela tinha
no processo originário.
 Ex.1: foi colhido o depoimento de uma testemunha no processo 1. Trata-se de prova
testemunhal. Se essa inquirição for “emprestada” (trasladada) para o processo 2, ela
ingressará no feito como prova documental (e não mais como prova testemunhal).
 Ex.2: a perícia realizada no processo 1, se for emprestada para o processo 2, ingressará
como prova documental (e não mais como prova pericial).

É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada


validamente produzida em processo criminal? SIM. A jurisprudência do STJ e do STF são firmes
no sentido de que é admitida a utilização no processo administrativo de “prova emprestada” do
inquérito policial ou do processo penal, desde que autorizada pelo juízo criminal e respeitados
o contraditório e a ampla defesa (STJ. 1ª Seção. MS 17.472/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima,
julgado em 13/6/2012).

Obs: apesar de ser menos comum, em tese, também é possível emprestar para o processo
administrativo provas produzidas em uma ação cível.

Este “empréstimo” da prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha transitado
em julgado? SIM. É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova
emprestada validamente produzida em processo criminal, independentemente do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida
no processo criminal não repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência
existente entre as instâncias (STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado
em 2/4/2013. Info 521).

É possível utilizar, em processo administrativo disciplinar, na qualidade de “prova emprestada”,


a interceptação telefônica produzida em ação penal? SIM, desde que a interceptação tenha sido
feita com autorização do juízo criminal e com observância das demais exigências contidas na
Lei nº 9.296/1996 (STJ. 3ª Seção. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012). Ex.:
a Polícia Federal, por meio de interceptação judicial deferida pelo juízo criminal, conseguiu captar
conversa na qual determinado servidor público exige quantia para praticar certo ato relacionado
com suas atribuições. Com base nessa prova e em outras constantes do inquérito, o MPF oferece
denúncia contra esse servidor. A Administração Pública, por sua vez, instaura processo
administrativo disciplinar.

O STF também decidiu no mesmo sentido afirmando que:


A prova colhida mediante autorização judicial e para fins de investigação ou processo
criminal pode ser utilizada para instruir procedimento administrativo punitivo. Assim, é
possível que as provas provenientes de interceptações telefônicas autorizadas
judicialmente em processo criminal sejam emprestadas para o processo administrativo
disciplinar. STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834).

(TJMA-2022-CESPE): Antônio, secretário de administração do governo do estado Y, foi acusado


por servidores públicos lotados naquela secretaria de ter nomeado sua empregada doméstica para
o cargo em comissão de secretária no seu gabinete, o que foi seguido da extinção do vínculo de
doméstica pela ocorrência de demissão. Um ano após a nomeação, instaurado processo disciplinar
para apurar a conduta de Antônio, este, apesar de regularmente citado, não apresentou defesa
nem se manifestou nos autos. Contudo, a comissão processante teve notícia de que o Ministério
Público estadual o havia denunciado pela prática do crime de peculato desvio, em ação penal que
se encontrava em grau de recurso. Ciente da existência dos depoimentos de Antônio, de sua
antiga empregada e de testemunhas nos autos da ação penal, o presidente da comissão
processante solicitou ao tribunal de justiça a remessa de cópia dos autos judiciais para instruir o
processo administrativo disciplinar. Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta:
As provas do processo penal podem ser emprestadas ao processo administrativo,
independentemente do trânsito em julgado da sentença condenatória. BL: S. 591, STJ e Info 521,
STJ (citado acima).

(PCRN-2021-FGV): Tramita no âmbito interno da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte
processo administrativo disciplinar (PAD) que apura eventual falta funcional praticada por certo
delegado de polícia. Durante a instrução do PAD, foi verificada pela autoridade competente que o
conduz a necessidade de obtenção de prova emprestada, consistente em interceptação telefônica
realizada no bojo de processo criminal. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores,
o compartilhamento de prova pretendido é: viável, desde que devidamente autorizada pelo juízo
criminal competente e respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa. BL: S. 591,
STJ.

#Atenção: A jurisprudência do STJ e do STF é firme no sentido de que é admitida a utilização no


processo administrativo de “prova emprestada” do inquérito policial ou do processo penal, desde
que autorizada pelo juízo criminal e respeitados o contraditório e a ampla defesa. (MS 17.472/DF,
Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Seção, julgado em 13/6/2012). Além disso, esse
“empréstimo” da prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha transitado em
julgado. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não
repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre as instâncias
(STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013. Info 521).

(TJCE-2018-CESPE): Com base na legislação de regência e na jurisprudência do STJ, é correto


afirmar que a ação de improbidade administrativa admite a utilização de prova emprestada
colhida na persecução penal, desde que assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.
BL: S. 591, STJ.

#Atenção: #STJ e STF: #MPGO-2012/2013: #TRF1-2013: #TJCE-2018: #MPMG-2019: #CESPE: A


questão espelha a posição adotada pelo STJ e pelo STF (STF. AI 769.094/MT, rel. Min. Cármen
Lúcia, j. 21/10/09). Vejamos o seguinte julgado do STJ: "É possível a utilização da prova colhida em
persecução penal no processo em que se imputa a prática de ato de improbidade administrativa, desde que
assegurado o contraditório e a ampla defesa no processo em que for utilizada. Precedentes.” (REsp
1529688/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, 1ª Turma, j. 9/8/16).

Súmula 590: Constitui acréscimo patrimonial a atrair a incidência do Imposto de Renda, em caso de
liquidação de entidade de previdência privada, a quantia que couber a cada participante, por rateio
do patrimônio, superior ao valor das respectivas contribuições à entidade em liquidação,
devidamente atualizadas e corrigidas.

OBS: Em caso de liquidação de entidade de previdência privada, haverá rateio do patrimônio


entre os participantes, cada um recebendo uma quantia proporcional às contribuições que fez. Se o
valor recebido for igual ou menor do que as contribuições que o participante fez, ele não terá que
pagar imposto de renda. Se o valor for maior, ele terá que pagar o imposto sobre a diferença, ou
seja, sobre o valor que exceder o total das contribuições vertidas (atualizadas monetariamente).
Isso porque, neste caso, terá havido acréscimo patrimonial, que é o fato gerador do imposto de
renda.

Súmula 589: É INAPLICÁVEL o PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA nos crimes ou


contravenções penais PRATICADOS CONTRA a mulher no âmbito das relações domésticas.
(PCGO-2017/2018) (TJCE-2018) (DPEPE-2018) (PGEPE-2018) (PGETO-2018) (PCRS-2018) (TJAL-2019) (TJPA-2019)
(TJRJ-2019) (MPMT-2019) (DPEMG-2019) (TJMS-2020) (PCPR-2021) (MPRJ-2022)

OBS: Importante.
O princípio da insignificância pode ser aplicado aos delitos praticados em situação de violência
doméstica? NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. Os delitos praticados com violência
contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do
comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se
ao direito penal. Assim, o STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância
aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no
âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta.

Precedentes nesse sentido:


STJ. 5ª T. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 12/4/16. 19 STJ. 6ª T. AgRg no HC
318.849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 27/10/15. STF. 2ª T. RHC 133043/MT, Rel.
Min. Cármen Lúcia, j. 10/5/16 (Info 825).

Surgiu uma tese defensiva afirmando que se o casal se reconciliasse durante o curso do processo
criminal, o juiz poderia absolver o réu com base no chamado “princípio da bagatela imprópria”.
Essa tese é aceita pelos Tribunais Superiores? NÃO. Assim como ocorre com o princípio da
insignificância, também não se admite a aplicação do princípio da bagatela imprópria para os
crimes ou contravenções penais praticados contra mulher no âmbito das relações domésticas,
tendo em vista a relevância do bem jurídico tutelado (STJ. 6ª T. AgInt no HC 369.673/MS, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 14/02/2017).

O fato de o casal ter se reconciliado ou de a vítima ter perdoado não importará na absolvição do
réu. Nesse sentido:
O princípio da bagatela imprópria não tem aplicação aos delitos praticados com violência à
pessoa, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta, não
implicando a reconciliação do casal em desnecessidade da pena. STJ. 6ª T. AgRg no REsp
1463975/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 09/08/2016.

Portanto, nem o princípio da insignificância nem o princípio da bagatela imprópria são aplicados
aos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas. A súmula 589 do STJ deixou isso expresso quanto ao princípio da insignificância.

(PCPR-2021-UFPR): Sobre Lei nº 11.340/2006, a qual cria os mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, assinale a alternativa correta: Não é possível a aplicação do
princípio da insignificância nos delitos praticados com violência ou grave ameaça no âmbito das
relações domésticas e familiares contra a mulher. BL: S. 589, STJ.

(TJMS-2020-FCC): No tocante ao crime de lesão corporal praticado no ambiente doméstico,


correto afirmar que não é vedada por entendimento sumulado a aplicação, em tese e para algumas
situações, do chamado princípio da insignificância. BL: S. 589, STJ.

#Atenção: A Súmula 589 do STJ traduz o entendimento de que o princípio da insignificância não
pode ter aplicação no caso de crimes ou contravenções penais praticados no ambiente doméstico
contra a mulher. Desse modo, não se pode negar, de forma absoluta, a possibilidade de aplicação
do princípio da insignificância nos crimes de violência doméstica quando a vítima for homem.
Cumpre registrar que a questão de concurso não especificou a qualidade da vítima.

(DPEMG-2019): Sobre a legislação extravagante ao Código Penal e a jurisprudência majoritária do


STJ, analise a afirmativa a seguir: Não é possível a aplicação dos princípios da insignificância e da
bagatela imprópria nos delitos praticados com violência ou grave ameaça no âmbito das relações
domésticas e familiares. BL: S. 589, STJ.

Súmula 588: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave
ameaça no ambiente doméstico IMPOSSIBILITA a SUBSTITUIÇÃO da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos. (TJCE-2018) (MPPB-2018) (PGETO-2018) (PCGO-2018) (PCMG-2018)

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#Atenção: #STJ: #DPEMG-2019: A jurisprudência desta Corte Superior está consolidada no sentido de
não admitir a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e
contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra mulher, no âmbito das relações
domésticas, dada a relevância penal da conduta, não implicando a reconciliação do casal atipicidade
material da conduta ou desnecessidade de pena. Precedentes. (HC 333.195/MS, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 12/04/2016
(PCRS-2018) (Anal. Judic./STJ-2018) (TJPA-2019) (TJSC-2019) (MPPI-2019) (DPEMG-2019) (MPCE-2020) (MPRS-2021)
(PCRN-2021) (MPRJ-2022)

OBS: Importante.

Discussão sobre a aplicação das penas restritivas para infrações praticadas no âmbito da
violência doméstica: O art. 17 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) prevê o seguinte:
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher,
de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
pena que implique o pagamento isolado de multa.

Veja, portanto, que esse dispositivo proíbe que o juiz aplique as seguintes penas restritivas de
direitos à pessoa que praticou violência doméstica e familiar contra a mulher:
 Pena de "cesta básica";
 Quaisquer espécies de prestação pecuniária (art. 45, §§ 1º e 2º);
 Pagamento isolado de multa (art. 44, § 2º do CP).

Diante disso, alguns doutrinadores sustentaram a tese de que o art. 17, ao proibir apenas esses
tipos de penas, teria, a contrario sensu, permitido que fossem aplicadas outras espécies de penas
restritivas de direitos.

Essa interpretação foi aceita pela jurisprudência do STJ? É possível a aplicação de penas
restritivas de direito para os crimes cometidos contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico? NÃO. O STJ pacificou o entendimento de que não cabe a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos crimes ou contravenções penais
cometidos contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico. O STJ editou
a súmula 588 para espelhar essa sua posição consolidada.

E o art. 17 da Lei nº 11.340/2006? A interpretação que prevaleceu foi a seguinte: além das sanções
previstas no art. 17, são proibidas quaisquer penas restritivas para os condenados por violência
doméstica e familiar contra a mulher. Isso porque o art. 44, I, do CP veda penas restritivas de
direito em caso de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. Nesse sentido:
(...) Embora a Lei 11.340/06 não vede a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, obstando apenas a imposição de prestação pecuniária e o pagamento
isolado de multa, o art. 44, I, do CP proíbe a conversão da pena corporal em restritiva de
direitos quando o crime for cometido com violência à pessoa (...) STJ. 5ª T. AgRg no REsp
1521993/RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 04/08/2016.

Vale ressaltar que a Lei 9.099/95 não se aplica para os delitos praticados com violência doméstica
contra a mulher, por força do art. 41 da Lei nº 11.340/2006:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
1995.

IMPORTANTE. O STF concorda com o teor da súmula 588 do STJ? Em parte.


Em caso de CRIMES praticados contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico: o STF possui o mesmo entendimento do STJ e afirma que não cabe a substituição por
penas restritivas de direitos. Nesse sentido:
Não é possível a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao
condenado pela prática do crime de lesão corporal praticado em ambiente doméstico (art.
129, § 9º, CP). A substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
pressupõe, entre outras coisas, que o crime não tenha sido cometido com violência ou
grave ameaça (art. 44, I, do CP). STF. 2ª T. HC 129446/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, j.
20/10/15 (Info 804).

Em caso de CONTRAVENÇÕES PENAIS praticadas contra a mulher com violência ou grave


ameaça no ambiente doméstico há uma discordância. Ex: imagine que o marido pratica vias de
fato (art. 21 da Lei de Contravenções Penais) contra a sua esposa; ele poderá ser beneficiado com
pena restritiva de direitos?
 STJ e 1ª Turma do STF: NÃO. Não é possível a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos tanto no caso de crime como contravenção penal praticados contra a
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico. É o teor da Súmula 588-STJ. A
1ª Turma do STF também comunga do mesmo entendimento: HC 137888/MS, Rel. Min. Rosa
Weber, j. 31/10/17.
 2ª Turma STF: SIM. Afirma que é possível a conversão da pena privativa de liberdade por
restritiva de direito, nos moldes previstos no art. 17 da Lei Maria da Penha, aos condenados
pela prática da contravenção penal. Isso porque a contravenção penal não está na proibição
contida no inciso I do art. 44 do CP, que fala apenas em crime. Logo, não existe proibição no
ordenamento jurídico para a aplicação de pena restritiva de direitos em caso de contravenções.
Nesse sentido: STF. 2ª T. HC 131160, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 18/10/16. Relembre o que diz
o inciso I do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se
o crime for culposo;

O STJ e a 1ª Turma do STF fazem, portanto, uma ampliação do inciso I do art. 44 do CP para
abranger também os casos de contravenção penal praticados com violência ou grave ameaça (STJ.
6ª T. AgRg no REsp 1607382/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 27/09/16). A 2ª Turma do STF
não admite essa ampliação e trabalha com o texto literal do art. 44, I, do CP.

Resumindo: É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos
casos de crimes ou contravenções praticadas contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico?
1) Crime: NÃO. Posição tanto do STJ como do STF.
2) Contravenção penal:
 2ª Turma do STF: entende que é possível a substituição.
 1ª Turma do STF e STJ: afirmam que também não é permitida a substituição.

ATENÇÃO: Em concursos, se o enunciado não estiver fazendo qualquer distinção, fiquem com a
posição exposta na súmula e que também é adotada pela 1ª Turma do STF.

(MPRS-2021): Assinale a assertiva correta: Conforme o entendimento sumulado no âmbito do


Superior Tribunal de Justiça, a prática de qualquer infração penal com violência ou grave ameaça
contra a mulher no ambiente doméstico, inclusive contravenção penal, impossibilita a substituição
da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos. BL: S. 588, STJ.

(MPPI-2019-CESPE): Considerando o entendimento dos tribunais superiores acerca da Lei


Antidrogas e da Lei Maria da Penha, julgue o item a seguir: A prática de crime mediante grave
ameaça contra a mulher no ambiente doméstico impede a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, independentemente da condição de primariedade do réu. BL:
S. 588, STJ.

(TJPA-2019-CESPE): Tendo como referência o dispositivo da Lei Maria da Penha, assinale a opção
correta, de acordo com a jurisprudência do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a
mulher no âmbito doméstico, com violência ou grave ameaça, impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. BL: S. 588, STJ.

Súmula 587: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, É
DESNECESSÁRIA a EFETIVA transposição de fronteiras entre estados da federação, SENDO
SUFICIENTE a demonstração inequívoca da intenção de realizar o TRÁFICO INTERESTADUAL.
(TJSP-2018) (MPPB-2018) (DPEPE-2018) (PGETO-2018) (PCRS-2018) (MPMT-2019) (MPPI-2019) (MPPR-2019) (TJMS-
2020) (MPSP-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João pegou um ônibus em Campo Grande (MS) com
destino a São Paulo (SP). Ocorre que algumas horas depois, antes que o ônibus cruzasse a
fronteira entre os dois Estados, houve uma blitz da polícia no interior do coletivo, tendo sido
encontrados 10kg de cocaína na mochila de João, que confessou que iria levá-la para um traficante
de São Paulo. O agente foi denunciado pela prática de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06),
com a incidência de duas causas de aumento previstas no art. 40, III e V:
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se: (...)
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em
transportes públicos; (...)
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;

Quando caracterizado o tráfico entre estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal, o
réu deverá sofrer uma sanção maior do que aquele que, por exemplo, vende entorpecente a um
usuário local. Isso está de acordo como princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da
CF).

A defesa alegou que o agente não chegou a atravessar a fronteira de nenhum Estado, de forma que
não houve tráfico "entre Estados da Federação". Logo, não deveria incidir a causa de aumento do
inciso V. Essa tese é aceita pela jurisprudência? Para incidir essa causa de aumento, é necessário
que o agente atravesse as fronteiras? NÃO.
Para que incida a causa de aumento de pena prevista no inciso V do art. 40, não se exige a
efetiva transposição da fronteira interestadual pelo agente, sendo suficiente a
comprovação de que a substância tinha como destino localidade em outro Estado da
Federação. STF. 1ª T. HC 122791/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/15 (Info 808). STJ. 6ª
T. REsp 1370391/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 3/11/15.

Esse era o entendimento pacificado no STJ e STF e agora foi sumulado.

APROFUNDANDO: O que você estudou acima é o suficiente para entender a súmula 587 do STJ.
No entanto, acho importante para alertar sobre um tema correlato: a necessidade de demonstração
da intenção do agente de pulverizar a droga em mais de um Estado para que se caracterize a causa
de aumento de pena do art. 40, V, da Lei de Drogas. Veja abaixo:

Imagine a seguinte situação hipotética: Pablo comprou cocaína na Bolívia e a trouxe para o Brasil,
entrando em nosso país por meio do Município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. De
Corumbá, Pablo pegou um ônibus com destino a Brasília, onde iria comercializar a droga. O
ônibus passou pelo Estado de Goiás e, quando chegou no Distrito Federal, Pablo foi preso em uma
fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal. Pablo confessou a prática do crime relatando
que adquiriu o entorpecente na Bolívia e que pretendia vendê-lo para um cliente em Brasília.

De quem é a competência para julgar este delito? Justiça Federal, considerando que ficou
provado o caráter transnacional do delito, nos termos do art. 109, V, da CF e art. 70 da Lei nº
11.343/06:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.

Voltando ao exemplo: Pablo foi denunciado e condenado pela prática de tráfico de drogas (art. 33
da Lei 11.343/06) com as causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da
interestadualidade (art. 40, V):
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; (...)
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;

A defesa recorreu alegando que não restou provada a interestadualidade prevista no art. 40, V.

O STJ concordou com a tese da defesa? SIM. O magistrado fez incidir a causa de aumento do art.
40, V, sob o argumento de que a droga atravessou mais de um Estado da Federação, considerando
que entrou no Brasil no Estado do Mato Grosso do Sul, passou pelo Estado de Goiás e chegou até
o Distrito Federal. Ocorre que não existe nenhum indício de que a intenção do agente fosse
difundir o entorpecente em mais de um Estado da Federação. A droga, adquirida na Bolívia,
atravessou a fronteira com o MS e perpassou outro Estado rumo ao DF (destino final), por
imperativos de ordem geográfica e pela própria lógica da importação, de modo que, sem a
existência de elementos concretos acerca da intenção do paciente de pulverizar a droga em
outros Estados do território nacional, não há como condenar o réu pela majorante do inciso V
do art. 40 da Lei 11.343/06 em concomitância com a causa especial de aumento relativa à
transnacionalidade do delito, sob pena de bis in idem.

Veja precedente do STJ neste sentido:


Embora possível a cumulação das causas de aumento referente a internacionalidade e
interestadualidade do tráfico ilícito de entorpecentes, esta última poderá incidir somente
quando houver, pelo menos, a comprovação do interesse em difusão da droga em mais
de um Estado da Federação. Assim, não se revela admissível sua incidência em hipóteses
de mero transporte terrestre da mercadoria proveniente do exterior com destino final certo
em localidade estranha ao Estado fronteiriço pelo qual ingressou. STJ. 5ª T. AgRg no REsp
1273754/MS, Rel. Min. Felix Fischer, j. 23/10/14.

Resumindo:
As causas especiais de aumento da pena relativas à transnacionalidade e à
interestadualidade do delito, previstas, respectivamente, nos incisos I e V do art. 40 da Lei
de Drogas, até podem ser aplicadas simultaneamente, desde que demonstrada que a
intenção do acusado que importou a substância era a de pulverizar a droga em mais de um
Estado do território nacional. Se isso não ficar provado, incide apenas a transnacionalidade.
Assim, é inadmissível a aplicação simultânea das causas de aumento da
transnacionalidade (art. 40, I) e da interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar
comprovada a intenção do importador da droga de difundi-la em mais de um Estado-
membro. O fato de o agente, por motivos de ordem geográfica, ter que passar por mais
de um Estado para chegar ao seu destino final não é suficiente para caracterizar a
interestadualidade. STJ. 6ª T. HC 214.942-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 16/6/16
(Info 586).

(MPPR-2019): Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, assinale a


alternativa: Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso V, da Lei n. 11.343/2006, é
desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo suficiente a
demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual. BL: S. 587, STJ.

(MPPB-2018-FCC): A Lei de Drogas estabelece que a pena prevista no art. 33 será aumentada de
um sexto a dois terços se caracterizado o tráfico entre Estados da Federação. De acordo com o
entendimento sumulado do STJ, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção do agente de realizar o tráfico interestadual. BL:
S. 587, STJ.

(DPEPE-2018-CESPE): A demonstração inequívoca da intenção do agente de realizar tráfico entre


estados da Federação é suficiente para a incidência do aumento de um sexto a dois terços da pena
para o crime de tráfico de drogas, sendo desnecessária a efetiva transposição da fronteira entre os
estados. BL: S. 587, STJ.

(PCRS-2018-Fundatec): Analise a assertiva a seguir, de acordo com o disposto na Lei 11.343/06,


Lei de Drogas, e em cotejo com o entendimento dos Tribunais Superiores: Para a incidência da
majorante de pena, prevista no art. 40, inciso V da referida Lei, ao crime de tráfico de drogas
interestadual, de acordo com entendimento do STJ, basta que esteja demonstrado, de forma
inequívoca, que o traficante tinha intenção de extrapolar as fronteiras de um Estado, mesmo que
assim não consiga. BL: S. 587, STJ.

Súmula 586: A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário
aplica-se, exclusivamente, aos contratos não vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação - SFH .
(PGM-Contagem/MG-2019)

Súmula 585: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Código de


Trânsito Brasileiro - CTB, NÃO ABRANGE o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que
se refere ao período posterior à sua alienação . (PGEAP-2018) (PGEGO-2021)

OBS: Importante.

Dever do comprador do veículo providenciar novo CRV: O art. 123, I e § 1º do Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) determinam que, depois que a pessoa comprar um carro, ela deverá providenciar
junto ao DETRAN, no prazo de 30 dias, a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo
(CRV). Por outro lado, o art. 134 do CTB determina, expirado o prazo de 30 dias (previsto no § 1º
do art. 123) sem que o novo proprietário tenha tomado as providências necessárias à efetivação da
expedição do novo Certificado de Registro de Veículo, o antigo proprietário deverá encaminhar ao
DETRAN, no prazo de 60 dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de
propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar
solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação. Esse
“comprovante de transferência da propriedade” é chamado popularmente de DUT (documento
único de transferência) e consiste em uma espécie de “recibo de compra e venda” que consta na
parte detrás do CRV. Lá existem alguns campos que são uma autorização para a transferência de
propriedade do veículo e que deverão ser preenchidos e assinados pelo vendedor e comprador na
frente do tabelião de notas a fim de que possa ser dado o reconhecimento de firma por
autenticidade nas assinaturas. Vale ressaltar que o comprovante de transferência de propriedade
poderá ser substituído por documento eletrônico com assinatura eletrônica válida, na forma
regulamentada pelo Contran.

O que acontece se o comprador não cumprir a obrigação acima explicada? Ele praticará infração
grave, podendo receber multa, além de o veículo ser retido para regularização (art. 233 do CTB).

O que acontece se o vendedor não fizer a comunicação ao DETRAN? Neste caso, o vendedor
(antigo proprietário) poderá ser responsabilizado solidariamente pelas penalidades impostas e
suas reincidências até a data da comunicação. Em outras palavras, se houver alguma multa, o
DETRAN considerará o nome do “antigo” proprietário que ainda consta em seus arquivos como
sendo o dono do veículo multado. Veja a redação do caput do art. 134 do CTB:
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, expirado o prazo previsto no § 1º do art.
123 deste Código sem que o novo proprietário tenha tomado as providências necessárias à
efetivação da expedição do novo Certificado de Registro de Veículo, o antigo proprietário
deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no
prazo de 60 (sessenta) dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de
propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar
solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação.
(Redação dada pela Lei nº 14.071/2020)

E se a lei estadual prever que o vendedor (antigo proprietário) que não fizer a comunicação ao
DETRAN terá responsabilidade solidária junto com o adquirente pelo pagamento do IPVA que
incidir após a venda? Isso é possível? SIM. Neste caso haverá responsabilidade solidária:
Jurisprudência em Teses (ed. 112)
Tese 6: Havendo previsão em lei estadual, admite-se a responsabilidade solidária de ex-
proprietário de veículo automotor pelo pagamento do Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores - IPVA, em razão de omissão na comunicação da alienação ao órgão
de trânsito local, excepcionando-se o entendimento da súmula n. 585/STJ. [obs.: é uma
exceção à Súmula 585 do STJ]

(PGEGO-2021-FCC): Miguel vende o seu carro a Ramon entregando-o imediatamente.


Contratualmente, Ramon se obriga a efetuar a transferência formal e arcar com todos os débitos
incidentes sobre o veículo, inclusive os anteriores a alienação. Miguel não notifica a autoridade de
trânsito, obrigação prevista no Código de Trânsito Brasileiro. Ramon descumpre a sua obrigação,
no que Miguel passa a ser cobrado por multas de trânsito e IPVA. Nesse caso, considerando o
disposto no CTN e a jurisprudência do STJ, Miguel não pode ser cobrado pelo IPVA incidente
sobre o veículo posteriormente à data de entrega do veículo a Ramon, exceto se houver tal
previsão em lei estadual. BL: S. 585, STJ e Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 112 – Tese 06.

Súmula 584: As sociedades corretoras de seguros, que não se confundem com as sociedades de
valores mobiliários ou com os agentes autônomos de seguro privado, estão fora do rol de entidades
constantes do art. 22, § 1º, da Lei n. 8.212/1991, não se sujeitando à majoração da alíquota da Cofins
prevista no art. 18 da Lei n. 10.684/2003.

OBS: Lei 10.684/03: A Lei 10.684/03 aumentou a alíquota da COFINS de 3% para 4% para
determinados contribuintes:
Art. 18. Fica elevada para quatro por cento a alíquota da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social — COFINS devida pelas pessoas jurídicas referidas
nos §§ 6º e 8º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998.

Lei 9.718/98 O § 6º do art. 3º da Lei 9.718/98, por sua vez, remete ao § 1º do art. 22 da Lei nº
8.212/91. O § 8º fala em pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos
imobiliários, financeiros e agrícolas. Veja:
§ 6º Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as
pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, além das exclusões e
deduções mencionadas no § 5º, poderão excluir ou deduzir: (...)

§ 8º Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS,


poderão ser deduzidas as despesas de captação de recursos incorridas pelas pessoas
jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos:
I - imobiliários, nos termos da Lei no 9.514, de 20 de novembro de 1997;
II - financeiros, observada regulamentação editada pelo Conselho Monetário Nacional;
III - agrícolas, conforme ato do Conselho Monetário Nacional.

Conjugando os dispositivos acima listados, pode-se concluir que o art. 18 da Lei 10.684/03
aumentou a alíquota da COFINS para as entidades constantes do art. 22, § 1º, da Lei 8.212/91. São
elas:
 bancos comerciais;
 bancos de investimentos;
 bancos de desenvolvimento;
 caixas econômicas;
 sociedades de crédito, financiamento e investimento;
 sociedades de crédito imobiliário;
 sociedades corretoras;
 distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
 empresas de arrendamento mercantil;
 cooperativas de crédito;
 empresas de seguros privados e de capitalização;
 agentes autônomos de seguros privados e de crédito; e
 entidades de previdência privada abertas e fechadas.

As sociedades corretoras de seguros estão incluídas no rol do art. 22, § 1º, da Lei nº 8.212/91? As
sociedades corretoras de seguros sofreram aumento da alíquota da COFINS promovida pelo art.
18 da Lei nº 10.684/2003? NÃO. Não cabe confundir as “sociedades corretoras de seguros” com as
“sociedades corretoras de valores mobiliários” (regidas pela Resolução BACEN 1.655//89) ou
com os “agentes autônomos de seguros privados” (representantes das seguradoras por contrato
de agência).

Assim, por ausência de enquadramento legal, as "sociedades corretoras de seguros" estão fora do
rol de entidades constantes do art. 22, § 1º, da Lei 8.212/91. Assim, o aumento de 3% para 4% da
alíquota da COFINS promovido pelo art. 18 da Lei 10.684/03 não alcança as sociedades corretoras
de seguros.

Nesse sentido: STJ. 1ª Seção. REsp 1.391.092-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 22/4/15
(recurso repetitivo) (Info 576).

Súmula 583: O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, dirigido aos
débitos inscritos como dívida ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por
ela cobrados, não se aplica às execuções fiscais movidas pelos conselhos de fiscalização profissional
ou pelas autarquias federais.

OBS:

Em suma: o art. 20 da Lei 10.522/02 não se aplica às execuções de créditos das autarquias federais,
cobrados pela Procuradoria-Geral Federal.

Os Conselhos de Fiscalização Profissional possuem natureza jurídica de autarquia e seus créditos


são cobrados por corpo jurídico próprio (e não pela PGFN). Assim, o art. 20 da Lei 10.522/02
também não se aplica para as execuções fiscais movidas pelos Conselhos de Fiscalização
Profissional.

Súmula 582: CONSUMA-SE o CRIME DE ROUBO com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, AINDA QUE por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, SENDO PRESCINDÍVEL a posse mansa e
pacífica ou desvigiada. (MPRS-2017) (DPESC-2017) (PCMS-2017) (PCMT-2017) (DPEPE-2018) (TJCE-2018) (PF-
2018) (TJAL-2019) (TJPA-2019) (MPGO-2019) (MPMT-2019) (MPSC-2019) (DPEMG-2019) (TJPR-2017/2021) (TJGO-
2021) (PGECE-2021) (PCPA-2021) (TJRS-2016/2022) (TJMG-2022) (TJSC-2022)

OBS: Importante.

Em que momento se consuma o crime de roubo? Existem quatro teorias sobre o tema:
1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a
coisa alheia. Se tocou, já consumou.

2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída passa para
o poder do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo
perseguido pela polícia ou pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do agente,
isso significa que houve a inversão da posse. Por isso, ela é também conhecida como teoria da
inversão da posse. Vale ressaltar que, para esta corrente, o crime se consuma mesmo que o
agente não fique com a posse mansa e pacífica. A coisa é retirada da esfera de disponibilidade da
vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia da esfera de vigilância da vítima (não se
exige que o agente tenha posse desvigiada do bem).

3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um lugar
para outro.

4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão para tê-la
a salvo.

Para cada uma das quatros teorias, quando se consuma?

Contrectacio Apprehensio Ablatio Ilatio


(amotio)
Tocar Inversão da posse Transportar Lugar seguro

Qual foi a teoria adotada pelo STF e STJ? A teoria da APPREHENSIO (AMOTIO). Nos países
cujos Códigos Penais utilizam expressões como “subtrair” ou “tomar” para caracterizar o furto e o
roubo (Alemanha e Espanha, por exemplo), predomina, na doutrina e na jurisprudência, a
utilização da teoria da apprehensio (ou amotio). Foi a corrente também adotada no Brasil.

Exemplo concreto: João apontou a arma de fogo para a vítima e disse: “perdeu, passa a bolsa”. A
vítima entregou o aparelho e o assaltante subiu em cima de uma moto e fugiu. Duas ruas depois,
João foi parado em uma blitz da polícia e, como não conseguiu explicar o motivo de estar com
uma bolsa feminina e uma arma de fogo, acabou confessando a prática do delito. Assim, por ter
havido a inversão, ainda que breve, da posse do bem subtraído, o fato em tela configura roubo
consumado.

STF: Este é também o entendimento do STF:


Para a consumação do crime de roubo, basta a inversão da posse da coisa subtraída, sendo
desnecessária que ela se dê de forma mansa e pacífica, como argumenta a impetrante. STF.
2ª Turma. HC 100.189/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe 16/4/10.

(TJRS-2022-Faurgs): Sobre os crimes contra a propriedade e o patrimônio, considerando o direito


vigente e a jurisprudência sumulada do STJ, assinale a alternativa correta: Consuma-se o crime de
roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda
que por breve tempo e seguida da perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada.
BL: S. 582, STJ.

(TJPA-2019-CESPE): O MP ofereceu denúncia contra Paulo em razão de ele, mediante grave


ameaça exercida com o emprego de arma de fogo por um comparsa não identificado, ter subtraído
de uma pessoa R$ 80 e um aparelho celular que custava R$ 700. Perseguido por populares, Paulo
foi preso com os produtos do crime. Não houve apreensão da arma utilizada no crime. Após
confissão espontânea do crime, Paulo foi condenado à pena mínima pela prática do crime de
roubo simples, pois, na sentença, alegou-se que a arma de fogo não havia sido utilizada pelo réu
nem apreendida à época dos fatos. Tanto o MP quanto a defesa, no entanto, recorreram da
sentença: o MP requereu o reconhecimento das qualificadoras de concurso de pessoas e emprego
de arma de fogo; a defesa, por sua vez, requereu o reconhecimento da tentativa e a aplicação de
pena aquém do mínimo, alegando atenuante da confissão espontânea e aplicação do princípio da
insignificância. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta: Quanto ao
recurso da defesa, é inadmissível o reconhecimento da tentativa, pois, para consumação do crime
de roubo, é prescindível posse mansa e pacífica do bem subtraído. BL: S. 582, STJ.

(TJPA-2019-CESPE): Eduardo, de vinte e um anos de idade, adentrou em uma padaria e,


apontando uma arma de fogo para o gerente do estabelecimento, retirou todo o dinheiro do caixa
e o colocou em sua mochila. Ao sair da padaria levando o dinheiro, Eduardo foi abordadopor
policiais militares que passavam pelo local. Na delegacia, foi lavrado o auto de prisão em flagrante
delito, e o dinheiro foi devolvido à vítima. De acordo com a jurisprudência do STJ, é correto
afirmar que Eduardo praticou o crime de roubo: Consumado, uma vez que o STJ adota a teoria da
apprehensio no que se refere ao momento consumativo do roubo. BL: S. 582, STJ.

(DPEMG-2019): Sobre a parte especial do Código Penal, analise a afirmativa a seguir, conforme a
jurisprudência predominante: João, imputável, namora Maria, 13 anos idade. O delito de roubo,
assim como o de furto, consuma-se no momento em que o agente se torna possuidor da coisa
alheia móvel, ainda que por poucos instantes, sendo prescindível a posse mansa, pacífica,
tranquila e desvigiada do bem. Dessa forma, prevalece, a teoria da amotio ou apprehensio junto
ao Superior Tribunal de Justiça. BL: S. 582, STJ.

Súmula 581: A recuperação judicial do devedor principal NÃO IMPEDE o PROSSEGUIMENTO


das ações e execuções ajuizadas CONTRA terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral,
por garantia cambial, real ou fidejussória. (TRF4-2016) (TRT/Unificado-2017) (TJMG-2018) (MPMS-2018)
(PGEAP-2018) (TJAL-2019) (MPSC-2019)

OBS: Importante.

A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem
induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a
suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o art. 59,
caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei 11.101/2005. STJ. 2ª Seção. REsp
1.333.349-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2014 (recurso repetitivo) (Info
554).

A aprovação do plano de recuperação judicial opera a novação das dívidas do devedor, nos
termos do art. 59 da Lei 11.101/05). Entretanto, dispõe o art. 49, §1º que “os credores do devedor em
recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de
regresso”. Ao interpretando os dois dispositivos, o STJ entende, por meio da Súmula 581, que as
ações movidas em face dos coobrigados não são afetadas pela recuperação judicial.

(TRF5-2017-CESPE): Maria, credora de um título de crédito, ingressou com um processo de


execução somente contra o avalista João, já que o devedor principal, José, empresário individual,
não possuía bens disponíveis para uma eventual constrição judicial. No curso do processo de
execução, sobreveio a recuperação judicial de José, o que motivou o executado João a solicitar,
com esse fundamento, que o juiz proferisse decisão que impedisse o prosseguimento do processo
de execução e habilitasse o crédito no feito da recuperação judicial. Nessa situação hipotética,
considerando o entendimento jurisprudencial sumulado a respeito da matéria, o juiz da causa
executiva deverá indeferir o pedido e prosseguir normalmente a execução. BL: S. 581 do STJ.

Súmula 580: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez,
prevista no § 7º do art. 5º da Lei n. 6.194/1974, redação dada pela Lei n. 11.482/2007, incide desde a
data do evento danoso.

Súmula 579: Não é necessário RATIFICAR o recurso especial INTERPOSTO NA PENDÊNCIA


DO JULGAMENTO dos embargos de declaração, QUANDO INALTERADO o resultado anterior.
(DPEAC-2017) (DPESC-2017) (DPU-2017) (TRF3-2018) (PGEAP-2018) (MPSC-2019) (DPEDF-2019)

OBS: Importante.

Imagine o seguinte exemplo hipotético: João é o autor de uma ação contra Pedro. O pedido foi
julgado parcialmente procedente em 1ª instância e ambas as partes apelaram ao Tribunal de
Justiça, que manteve a sentença. O acórdão do TJ foi publicado no dia 22/04/2015.

Quais os recursos que as partes poderiam interpor contra este acórdão do TJ? Em tese, tanto João
como Pedro poderiam interpor os seguintes recursos:
• Recurso especial;
• Recurso extraordinário; e
• Embargos de declaração.

No dia 24/04/2015, João interpôs recurso especial alegando que a decisão do TJ violava lei
federal. No dia 25/04/2015, Pedro opôs embargos de declaração afirmando que a decisão do TJ foi
omissa quanto a alguns pontos.

Quem julgará estes recursos e qual deles deverá ser apreciado por primeiro? O REsp é julgado
pelo STJ e os embargos de declaração pelo próprio TJ. Justamente por isso, os embargos devem ser
julgados em primeiro lugar e só depois os autos serão remetidos ao STJ para apreciação do REsp.
Os embargos de declaração foram julgados conhecidos e improvidos (rejeitados) em 20/5/15 e o
acórdão publicado no dia 23/5/15.

Diante disso, indaga-se: O recurso que havia sido interposto antes da decisão dos embargos de
declaração continua valendo e poderá ser conhecido pelo Tribunal ad quem ou a parte que o
ajuizou deverá ratificá-lo (confirmá-lo) após os embargos serem julgados? Não é necessária a
ratificação do recurso interposto na pendência de julgamento de embargos de declaração
quando, pelo julgamento dos aclaratórios, não houver modificação do julgado embargado . STJ.
Corte Especial. REsp 1.129.215-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 16/9/2015 (Info 572).

Voltando ao nosso exemplo. E se os embargos tivessem sido providos e o resultado do acórdão do


TJ houvesse sido alterado, o que João teria que fazer? Neste caso, João teria que ratificar o
recurso especial já interposto. Além de ratificar, ele também teria direito de complementá-lo,
impugnando o que foi decidido nos embargos em seu desfavor. A isso chamamos de princípio
da complementaridade. Confira a lição de Fredie Didier e Leonardo da Cunha sobre este
derradeiro ponto: “Vale ressalvar, apenas, a hipótese de, nos embargos de declaração, haver modificação da
decisão, sendo, então, possível à parte que já recorreu aditar seu recurso relativamente ao trecho da decisão
embargada que veio a ser alterado. É o que se extrai do chamado ‘princípio’ da complementaridade. Não
havendo, todavia, modificação no julgamento dos embargos de declaração, a parte que já recorreu não pode
aditar ou renovar seu recurso.” (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3. 11ª ed. Juspodivm, 2013, p.
231).

Novo CPC: O NCPC reforça a conclusão acima exposta ao trazer a seguinte regra:
Art. 1.024 (...)
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

Súmula 418-STJ: O entendimento acima explicado é recente. Durante muito tempo o STJ decidiu
de forma oposta, tendo, inclusive, editado uma súmula espelhando essa posição. Veja:
Súmula 418-STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do
acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.

O STJ cancelou formalmente a súmula 418 e, em seu lugar, editou outro enunciado que agora
espelha o entendimento atual do Tribunal:
Súmula 579-STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior.

A Súmula 579 fala que não é necessário ratificar o "recurso especial". O mesmo raciocínio ali
presente pode ser aplicado também para o recurso extraordinário? SIM. Antes do CPC/2015, o
tema era polêmico no STF e havia decisões afirmando que a ratificação era indispensável e outras
sustentando que era desnecessária, em regra.

(PGM-Andralina/SP-2017-VUNESP): Dr. Regis é procurador do Município de Andradina. Numa


ação em que representa os interesses da Prefeitura, interpôs Embargos de Declaração contra
acórdão de segundo grau que manteve a decisão de primeira instância in totum condenando
parcialmente o Poder Público Municipal a pagar determinada quantia a um munícipe, e que,
segundo o procurador, não teria ficado claro se tal condenação seria por danos materiais ou
morais. A parte contrária não embargou, mas fez Recurso Especial, para discutir a parte que
sucumbiu, antes da decisão dos embargos ser proferida. Os embargos não foram providos,
mantendo-se exatamente a decisão anterior. De acordo com o entendimento do Novo CPC,
assinale a alternativa correta a respeito desse Recurso Especial, já proposto pelo munícipe: Não é
necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos embargos de
declaração, quando inalterado o resultado anterior. BL: art. 1024, §5º NCPC e S. 579 do STJ.

(PGM-Rosana/SP-2016-VUNESP): João e Maria litigam em ação indenizatória movida pelo


primeiro em face da segunda. Em sentença proferida em primeiro grau de jurisdição, a ação foi
julgada parcialmente procedente, motivando a interposição de recurso de apelação por ambas as
partes. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ/SP), por meio de acórdão, confirmou a
parcial procedência, mas omitiu-se com relação a um dos pedidos do recurso interposto por
Maria, consistente na reavaliação e na redistribuição dos ônus da sucumbência. Assim, Maria opôs
tempestivos embargos de declaração, na mesma data em que João interpôs recurso especial. Em
novo acórdão, o TJ/SP manteve integralmente sua decisão. Nesse cenário, de acordo com o
contemporâneo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que o recurso
especial interposto será normalmente processado, independentemente de qualquer nova
providência por João. BL: art. 1024, §5º NCPC e Súmula 579 do STJ.

Súmula 578: Os empregados que laboram no cultivo da cana-de-açúcar para empresa agroindustrial
ligada ao setor sucroalcooleiro detêm a qualidade de rurícola, ensejando a isenção do FGTS desde a
edição da Lei Complementar n. 11/1971 até a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Súmula 577: É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo
apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida sob o contraditório.

Súmula 576: Ausente requerimento administrativo no INSS, o termo inicial para a implantação da
aposentadoria por invalidez concedida judicialmente será a data da citação válida . (TRF3-2018)
(PGEAL-2021)

OBS: Importante.

SITUAÇÃO 1: COM PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO: Em 04/04, Lázaro foi até


uma agência do INSS e requereu a sua aposentadoria por invalidez, tendo sido o pedido, contudo,
administrativamente negado. Diante disso, em 07/07, ele ajuizou uma ação contra a autarquia
pedindo a concessão do benefício. Em 10/10, o magistrado julgou procedente o pleito. Vale
ressaltar que, antes, Lázaro não estava recebendo auxílio-doença. A aposentadoria deverá ser
concedida desde que data? Qual é a data inicial do benefício (DIB)? A aposentadoria deverá ser
concedida de forma retroativa à data do requerimento administrativo (no caso, 04/04). Esta é a
DIB. Para o STJ, “o termo inicial da concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por
invalidez é a prévia postulação administrativa ou o dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença.” (AgRg no REsp 1418604/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 11/02/2014).

SITUAÇÃO 2: SEM PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO: Em 04/04, Rodolfo ajuizou


uma ação contra o INSS pedindo sua aposentadoria por invalidez. Em 05/05, o INSS foi citado.
Em 06/06, o autor foi submetido à perícia médica judicial. Em 07/07, o laudo pericial foi juntado
aos autos e o INSS foi intimado, atestando que o autor apresenta invalidez total e permanente
para o trabalho. Em 08/08, o magistrado julga o pedido procedente e determina a concessão da
aposentadoria por invalidez. Vale ressaltar que o autor não chegou a formular requerimento
administrativo ao INSS pedindo a aposentadoria. Em outras palavras, ele ingressou diretamente
com a ação judicial. A aposentadoria deverá ser concedida desde que data? Qual é a data inicial
do benefício (DIB)? A aposentadoria deverá ser concedida de forma retroativa à data da citação
(no caso, 05/05). Esta é a DIB. Segundo o STJ, a citação válida informa a parte ré sobre a existência
do litígio, constitui em mora o INSS e deve ser considerada como termo inicial para a implantação
da aposentadoria por invalidez concedida na via judicial quando ausente a prévia postulação
administrativa.

Tese da Procuradoria Federal. A Procuradoria Federal, em geral, defendia o argumento de que a


DIB deveria ser a data em que o INSS foi intimado do laudo pericial. Para os Procuradores, foi
nesse dia que o INSS passou a estar em mora. Essa tese, contudo, não foi acolhida.

Laudo pericial apenas declara algo que já existia. Para o STJ, não há como adotar, como termo
inicial do benefício, a data da ciência do laudo do perito judicial que constata a incapacidade, haja
vista que esse documento constitui simples prova produzida em juízo, que apenas declara
situação fática preexistente. Dito de outra forma, o laudo pericial não tem força constitutiva, mas
sim declaratória. A incapacidade do segurado já existia antes do laudo ser juntado, de forma que
não se pode limitar a essa data o início do benefício. O direito à aposentadoria já existia antes do
INSS ser intimado do laudo.

Importante destacar que o STJ decidiu esse tema sob a sistemática do recurso repetitivo, tendo
sido firmada a seguinte regra de jurisprudência, que será aplicada para os demais casos
semelhantes (art. 543-C do CPC): “A citação válida informa o litígio, constitui em mora a
autarquia previdenciária federal e deve ser considerada como termo inicial para a implantação da
aposentadoria por invalidez concedida na via judicial quando ausente a prévia postulação
administrativa”. STJ. 1ª Seção. REsp 1.369.165-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
26/2/2014 (Info 536).

Este entendimento foi agora materializado na Súmula 576 do STJ.

EXIGÊNCIA DO PRÉVIO REQUERIMENTO: Para fins de concurso, saber o entendimento da


súmula 576 irá resolver a maioria das questões. No entanto, é importante fazer um esclarecimento
adicional e uma observação crítica a respeito do referido enunciado. Segundo decidiu o STF, em
regra, o segurado/dependente somente pode propor ação pleiteando a concessão do benefício
previdenciário se anteriormente formulou requerimento administrativo junto ao INSS e este foi
negado. Caso seja ajuizada a ação sem que tenha havido prévio requerimento administrativo e
sem que este pedido tenha sido indeferido, deverá o juiz extinguir o processo sem resolução do
mérito por ausência de interesse de agir, considerando que havia a possibilidade de o pedido ter
sido atendido pelo INSS na via administrativa. Este tema foi polêmico até 2014, mas restou
pacificado no RE 631240/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/8/2014 (repercussão
geral) (Info 756). O próprio STJ já aderiu a este entendimento: STJ. 1ª Seção. REsp 1.369.834-SP,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 24/9/2014 (recurso repetitivo) (Info 553).

Logo, desde 2014, não há mais dúvidas de que é obrigatório o prévio requerimento
administrativo, não podendo, em regra, o segurado propor diretamente a ação judicial. Obs: se
quiser recordar o tema, inclusive as exceções, consulte o Info 756-STF ou o Info 553-STJ.

Como conciliar a Súmula 576 do STJ com a decisão do STF que impõe o prévio requerimento
administrativo (RE 631240/MG)? Se formos analisar os precedentes que deram origem à Súmula
576-STJ, iremos perceber que eles envolvem processos judiciais iniciados antes da decisão do STF
no RE 631240/MG, ou seja, na época em que a jurisprudência majoritária não exigia o prévio
requerimento administrativo para que o segurado pudesse ingressar com a ação. Portanto, os
debates que envolveram a Súmula 576-STJ ocorreram em processos surgidos em dado momento
histórico em que o segurado ainda podia escolher se primeiro iria tentar requerer o benefício na
via administrativa ou se já queria propor diretamente a ação judicial pleiteando a aposentadoria
por invalidez. Assim, a Súmula 576-STJ surgiu principalmente para dirimir estes processos.

Súmula 575: CONSTITUI CRIME a conduta de PERMITIR, CONFIAR ou ENTREGAR a


DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR a pessoa que não seja habilitada, ou que SE
ENCONTRE em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, INDEPENDENTEMENTE
da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. (PCPA-2016) (MPRS-
2016/2017) (TJPR-2017) (DPEAC-2017) (TJBA-2019) (MPPI-2019) (DPEMG-2019) (MPDFT-2015/2021) (PCRN-2021)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João, 55 anos, entregou seu carro para que seu filho Igor
(17 anos) fosse a uma festa. Na volta para casa, Igor foi parado em uma blitz. Além de aplicar a
multa, os agentes de trânsito encaminharam cópia do processo administrativo para o Ministério
Público, que denunciou João pela prática do crime previsto no art. 310 do CTB:
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Em sua defesa, João alegou que Igor não causou nenhum tipo de perigo porque sabe dirigir há
anos e estava em velocidade compatível no local, não tendo os agentes de trânsito observado
qualquer condução irregular do veículo por sua parte.

Os argumentos da defesa poderão ser aceitos? NÃO. Para o STJ, o delito previsto no art. 310 do
CP é crime de perigo ABSTRATO. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento do delito, a
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de quem permite, confia ou
entrega a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o
direito de dirigir suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.

O art. 310, mais do que tipificar uma conduta idônea a lesionar, estabelece um dever de garante ao
possuidor do veículo automotor. Neste caso, estabelece-se um dever de não permitir, confiar ou
entregar a direção de um automóvel a determinadas pessoas, indicadas no tipo penal, com ou sem
habilitação, com problemas psíquicos ou físicos, ou embriagadas, ante o perigo geral que encerra a
condução de um veículo nessas condições. STJ. 3ª Seção. REsp 1.485.830-MG, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/3/2015 (recurso
repetitivo) (Info 563). STJ. 6ª Turma. REsp 1.468.099-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 19/3/15 (Info
559). Este entendimento foi materializado na Súmula 575 do STJ.

(TJBA-2019-CESPE): Pedro, mesmo sabendo que seu amigo Jaime se encontrava embriagado e
com a CNH vencida, entregou-lhe a condução de seu veículo automotor. Jaime, tão logo assumiu
a direção do veículo, provocou um acidente de trânsito que causou lesões corporais em Maria.
Nessa situação hipotética, conforme a jurisprudência pertinente e a Lei n.º 9.503/97, Pedro
responderá pelo crime de entrega da direção de veículo automotor a pessoa sem condições de
conduzi-lo com segurança, o qual se teria configurado ainda que não tivesse sido demonstrado o
perigo concreto de dano a terceiros. BL: S. 575, STJ e art. 310, CTB.

(MPRS-2017): Independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na


condução do veículo, constitui crime a conduta de entregar a direção de um automóvel à pessoa
com o direito de dirigir suspenso. BL: S. 575, STJ e art. 310, CTB.

(MPDFT-2015): Quanto aos crimes previstos na Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro),
assinale a opção correta: O crime de entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, é de perigo abstrato,
conforme entendimento do STJ. BL: art. 575, STJ e art. 310, CTB.

Súmula 574: PARA A CONFIGURAÇÃO do delito de violação de direito autoral e a comprovação


de sua materialidade, É SUFICIENTE a PERÍCIA realizada por amostragem do produto
apreendido, nos aspectos externos do material, e É DESNECESSÁRIA a identificação dos titulares
dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem . (DPERN-2015) (PCMS-2017) (PCMA-
2018) (MPDFT-2021) (PCPA-2021) (PCPB-2022)

OBS: Importante. Vide Súmula 502 do STJ.

A pessoa que vende CD ou DVD “pirata” pratica qual fato típico? Essa conduta amolda-se ao § 2º
do art. 184 do CP:
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (...)
§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto,
distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito,
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de
autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de
fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a
expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.

Não se pode invocar o princípio da adequação social: Como essa prática é cada vez mais comum,
havendo, inclusive, “feiras” fiscalizadas pelo Poder Público onde esse comércio ocorre livremente,
é possível afirmar que não haveria crime com base no princípio da adequação social? NÃO, não é
possível afirmar isso. Tanto o STF como o STJ entendem que é típica, formal e materialmente, a
conduta de expor à venda CDs e DVDs falsificados. Em suma, é crime.

O fato de, muitas vezes, haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não
significa que a conduta não seja mais tida como típica, ou que haja exclusão de culpabilidade,
razão pela qual, pelo menos até que advenha modificação legislativa, incide o tipo penal, mesmo
porque o próprio Estado tutela o direito autoral. Não se pode considerar socialmente tolerável
uma conduta que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica brasileira e aos comerciantes
legalmente instituídos, bem como ao Fisco pelo não pagamento de impostos. Nesse sentido: STF
HC 98898, julgado em 20/04/2010.20

Justamente para que não houvesse mais dúvidas, o STJ editou a Súmula 502-STJ.

Outra tese alegada pela defesa é a de que deveria ser aplicado o princípio da insignificância. Tal
argumentação é aceita pelos Tribunais? NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao
crime de violação de direito autoral. Em que pese a aceitação popular à pirataria de CDs e DVD’s,
com certa tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática, a conduta, que causa sérios
prejuízos à indústria fonográfica brasileira, aos comerciantes legalmente instituídos e ao Fisco, não
escapa à sanção penal, mostrando-se formal e materialmente típica (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1380149/RS, Rei. Min. Dg Fernandes, julgado em 27/08/2013). 21

Pena: A pena prevista para esse crime é de 2 a 4 anos. Trata-se de reprimenda desproporcional
para esse tipo de conduta? NÃO. Segundo o STJ, não há desproporcionalidade da pena prevista,
pois o próprio legislador, atento aos reclamos da sociedade que representa, entendeu merecer tal
conduta pena considerável, especialmente pelos graves e extensos danos que acarreta, estando
geralmente relacionada a outras práticas criminosas, como a sonegação fiscal e a formação de
quadrilha (HC 191568/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, j. 7/2/13).

Ação penal: Qual é a ação penal nos crimes previstos no art. 184 do CP?
 Art. 184, caput: ação penal privada.
 Art. 184, §§ 1º e 2º (ex: venda de DVD pirata): ação pública incondicionada.
 Art. 184, § 3º: ação penal pública condicionada.

Regras de procedimento: O processo e julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial é


disciplinado pelos arts. 524 a 530-I do CPP. Estes artigos preveem dois tipos de procedimento: um
para o delito do art. 184, caput, do CP e outro para as infrações dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do CP.

Delito do art. 184, caput, do CP: aplicam-se as regras dos arts. 524 a 530 do CPP.

Delitos dos §§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do CP:


 a autoridade policial fará a apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos
(ex.: CDs e DVDs piratas), em sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes
e materiais que possibilitaram a sua existência (ex.: computador onde eram feitas as
cópias das mídias), desde que estes se destinem precipuamente à prática do ilícito;
 na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais testemunhas,
com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre suas origens, o qual
deverá integrar o inquérito policial ou o processo;
 depois da apreensão, será realizada, por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo que
deverá integrar o inquérito policial ou o processo; Este exame técnico tem o objetivo de
atestar a ocorrência ou não de reprodução (cópia) feita com violação de direitos autorais.
Segundo o STJ, no caso do § 2º do art. 184 do CP, comprovada a materialidade delitiva
por meio da perícia, é totalmente desnecessária a identificação e inquirição das supostas
vítimas, até mesmo porque este ilícito é apurado mediante ação penal pública
incondicionada, dispensando qualquer provocação por parte da vítima;
 caso sejam identificadas as vítimas do delito, os titulares de direito de autor e os que lhe
são conexos serão os fiéis depositários de todos os bens apreendidos, devendo colocá-los
à disposição do juiz quando do ajuizamento da ação;
 o juiz poderá determinar, a requerimento da vítima, a destruição da produção ou
reprodução apreendida, salvo se estiver sendo discutido se o material encontrado é ou
não ilícito;
 o juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens
ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos,
20
#Atenção: Tema cobrado nas provas: i) DPERN-2015 (CESPE); ii) PCMA-2018 (CESPE).
21
#Atenção: Tema cobrado na prova do PCMA-2018 (CESPE).
desde que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da
Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito
Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência social, bem como
incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não
poderão retorná-los aos canais de comércio;
 as associações de titulares de direitos de autor e dos que lhes são conexos poderão, em
seu próprio nome, funcionar como assistente da acusação, quando praticado o delito em
detrimento de qualquer de seus associados.

Voltando ao nosso exemplo hipotético: Os peritos fizeram a perícia em apenas alguns DVD’s, por
amostragem, e esse exame se limitou a analisar os elementos externos dos DVD's apreendidos,
como a impressão da capa, o código de barras, o nome do fabricante etc. A Defensoria Pública
questionou a validade dessa perícia, afirmando que: 1) o art. 530-D do CPP exige que a perícia
seja feita sobre TODOS os bens apreendidos, não podendo ser realizada por amostragem; 2) a
perícia deveria ter examinado o conteúdo de cada um dos DVD’s (e não apenas os aspectos
exteriores); 3) para a configuração do delito em questão, é necessária a identificação dos titulares
dos direitos autorais violados.

As teses suscitadas pela defesa são aceitas pela jurisprudência do STJ? NÃO.

1) É válida a perícia por amostragem: Realmente, a redação literal do art. 530-D do CPP afirma
que a perícia deve ser realizada "sobre todos os bens apreendidos". Apesar disso, o STJ relativiza
essa exigência e admite que a perícia seja feita por amostragem. Assim, basta que haja a apreensão
de um único objeto e se a perícia realizada sobre ele constatar a falsidade, estará configurado o
delito do art. 184, § 2º do CP. Entender de forma diversa apenas dificultaria a apuração do delito e
retardaria o término do processo judicial, em inobservância ao princípio constitucional da
razoável duração do processo. Assim, a exigência do legislador de que a perícia seja realizada
sobre todos os bens apreendidos se presta, na verdade, não para fins de comprovação da
materialidade delitiva, mas para fins de dosimetria da pena, mais especificamente para a
exasperação da reprimenda-base, uma vez que se mostra mais acentuada a reprovabilidade do
agente que reproduz, por exemplo, com intuito de lucro, 500 obras intelectuais do que aquele que,
nas mesmas condições reproduz apenas 20.

2) É suficiente a análise das características externas do material apreendido: É dispensável


excesso de formalismo para a constatação da materialidade do crime de violação de direito
autoral. Desse modo, a simples análise de características externas dos objetos apreendidos é
suficiente para a aferição da falsidade necessária à configuração do delito descrito no art. 184, § 2º,
do CP. Não é razoável exigir minúcias exageradas no laudo pericial, como a catalogação de
centenas ou milhares de CD's e DVD's, indicação de cada título e autor da obra apreendida e
contrafeita. Assim, é válida a perícia realizada nas características externas do material apreendido.

3) É dispensável a identificação individualizada dos titulares dos direitos autorais violados: Para
a configuração do crime em questão, é dispensável a identificação individualizada dos titulares
dos direitos autorais violados ou de quem os represente. Isso porque a violação de direito autoral
extrapola a individualidade do titular do direito, devendo ser tratada como ofensa ao Estado e a
toda a coletividade, visto que acarreta a diminuição na arrecadação de impostos, reduz a oferta de
empregos formais, causa prejuízo aos consumidores e aos proprietários legítimos e fortalece o
poder paralelo e a prática de atividades criminosas conexas à venda desses bens, aparentemente
inofensiva. Além disso, o tipo penal do art. 184, § 2º, do CP, é crime de ação penal pública
incondicionada, de modo que não é exigida nenhuma manifestação do detentor do direito autoral
violado para que se dê início à ação penal. Consequentemente, não é coerente se exigir a sua
individualização para a configuração do delito em questão. Ademais, o delito previsto no art. 184,
§ 2º, do CP é de natureza formal. Portanto, não é necessária, para a sua consumação, a ocorrência
de resultado naturalístico, o que reforça a prescindibilidade (desnecessidade) de identificação dos
titulares dos direitos autorais violados para a configuração do crime.

(PCMA-2018-CESPE): Assinale a opção correta no que se refere aos crimes contra a propriedade
imaterial: A materialidade do crime de violação de direito autoral pode ser provada mediante
perícia por amostragem sobre os aspectos externos do material apreendido. BL: S. 574, STJ.

(PCMS-2017-FAPEMS): Considerando as teses sumuladas pelo STJ quanto aos crimes contra o
patrimônio e contra a propriedade intelectual, assinale a alternativa correta: À configuração do
delito de violação de direito autoral com provação de sua materialidade, é suficiente a perícia
realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, sendo
dispensável a identificação dos titulares dos direitos violados. BL: S. 574, STJ.

Súmula 573: Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter
permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico,
exceto nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior
resulte comprovado na fase de instrução.

OBS:

Caso a pessoa beneficiária do DPVAT não receba a indenização ou não concorde com o valor
pago pela seguradora, ela poderá buscar auxílio do Poder Judiciário? Sim. A pessoa poderá
ajuizar uma ação de cobrança contra a seguradora objetivando a indenização decorrente de
DPVAT.

Qual é o prazo para as ações decorrentes do DPVAT? A ação de cobrança do seguro obrigatório
DPVAT prescreve em 3 anos (Súmula 405-STJ).

A partir de quando se inicia a contagem desse prazo no caso da invalidez? Súmula 278-STJ: O
termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve
ciência inequívoca da incapacidade laboral.

Quando se considera que a pessoa teve ciência inequívoca da invalidez?


 REGRA: a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez depende de laudo
médico. Assim, para efeitos de início do prazo prescricional, considera-se que o segurado
somente tem ciência da invalidez permanente quando é produzido um laudo médico
atestando essa condição.
 EXCEÇÕES: o prazo prescricional se inicia mesmo sem ter sido feito laudo médico se:
a) a invalidez permanente for notória (ex: acidente no qual a vítima teve amputada
suas duas pernas); ou
b) se o conhecimento anterior resultar comprovado na fase de instrução.

Dessa forma, exceto nos casos de invalidez permanente notória, ou naqueles em que o
conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução, a ciência inequívoca do caráter
permanente da invalidez depende de laudo médico.

Súmula 572: O Banco do Brasil, na condição de gestor do CADASTRO DE EMITENTES DE


CHEQUES SEM FUNDOS (CCF), NÃO TEM a responsabilidade de notificar previamente o
devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, TAMPOUCO legitimidade passiva para as
ações de reparação de danos fundadas na ausência de prévia comunicação. (TJPA-2019) (TJRJ-2019)
(MPSC-2023)

OBS: Importante.

Quando uma pessoa emite um cheque sem fundos, ela pode ser incluída em um cadastro negativo
chamado de Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF). A inclusão no CCF ocorre
automaticamente quando o cheque é devolvido por:
a) falta de provisão de fundos (motivo 12), na segunda apresentação;
b) conta encerrada (motivo 13); e
c) prática espúria (motivo 14).

O CCF é organizado e mantido pelo Banco do Brasil, mas abrange informações sobre os cheques
de todos os bancos. Assim, por exemplo, se João emite um cheque do Itaú e o beneficiário não
consegue descontá-lo porque não havia fundos, o próprio Itaú irá comunicar esse fato ao Banco do
Brasil, que irá incluir o nome do emitente no CCF.

Dessa forma, importante deixar claro que o responsável pela inclusão do emitente do cheque no
CCF é o banco sacado, ou seja, o banco ao qual estava vinculado o cheque que não pôde ser pago
(em nosso exemplo, Itaú). Assim está previsto na Resolução 1.682/1990 e na Circular 2.989/2000,
ambas do BACEN.

Segundo a Resolução, a instituição financeira, ao recusar o pagamento de cheque por motivo que
enseje a inclusão de ocorrência no CCF, deve providenciar a referida inclusão no prazo de 15 dias,
contados da data de devolução do cheque.

O emitente do cheque precisa ser avisado antes de sua inclusão no CCF? SIM. A abertura de
qualquer cadastro, ficha, registro e dados pessoais ou de consumo referentes ao consumidor
deverá ser comunicada por escrito a ele (§ 2º do art. 43 do CDC). O CCF, por ser de consulta
restrita, não pode ser considerado como banco de dados públicos para o fim de afastar o dever de
proceder à prévia notificação prevista no art. 43, § 2º, do CDC. Assim, é indispensável que o
emitente do cheque seja notificado antes de ser incluído no CCF.

Caso o emitente do cheque não tenha sido previamente notificado, poderá ajuizar ação de
indenização por danos morais? SIM.

Essa ação é proposta contra o Banco do Brasil (órgão gestor do CCF) ou contra o banco ao qual o
cheque está vinculado? Quem é o responsável por notificar previamente o emitente do cheque? O
banco sacado (banco que recusou o pagamento do cheque).

O Banco do Brasil, na condição de gestor do CCF, NÃO tem a responsabilidade de notificar


previamente o devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade
passiva para as ações de reparação de danos diante da ausência de prévia comunicação. Como
vimos acima, a responsabilidade pela inclusão do emitente no CCF é do banco sacado. Logo, ele é
que tem responsabilidade pela notificação prévia do emitente e, caso não cumpra essa obrigação,
terá o dever de indenizar o lesado. Não pode o Banco do Brasil encarregar-se de desempenhar
função estranha (notificação prévia de emitente de cheque sem provisão de fundos), dever que a
Resolução do BACEN atribui corretamente a outro componente do sistema — o próprio banco
sacado, instituição financeira mais próxima do correntista, detentor do cadastro desse cliente e do
próprio saldo da conta do correntista, como depositário. STJ. 2ª S. REsp 1.354.590-RS, Rel. Min.
Raul Araújo, j. 9/9/15 (Info 568).

Cuidado para não confundir. É importante ressaltar que a situação acima exposta difere do caso
de bancos de dados mantidos por instituições privadas, como SPC e SERASA. Vejamos a
diferença:

SPC e SERASA Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos


(CCF)

São bancos de dados que reúnem É um cadastro que reúne informações sobre pessoas
informações sobre clientes de lojas, bancos que emitiram cheques que foram devolvidos por
etc. que estão em situação de inadimplência. falta de provisão de fundos, por encerramento de
conta ou por prática espúria.
Geridos por instituições privadas. Gerido pelo Banco do Brasil.
São instituídos e mantidos no interesse de Sua finalidade é a proteção do crédito em geral e a
particulares (sociedades empresárias). preservação da higidez do sistema financeiro
Estão regrados por normas de índole nacional, havendo submissão a normas fixadas pelo
meramente contratual. Banco Central.
Há intuito de lucro. Não há intuito de lucro.
Alimentado por informações transmitidas Alimentado pelo banco sacado. A instituição
por empresas conveniadas (CDL, lojas, financeira, ao recusar o pagamento do cheque por
bancos etc.). um dos motivos acima, deve informar ao Banco do
Brasil o nome do emitente para sua inclusão no
CCF.
É indispensável a notificação prévia da É indispensável a notificação prévia da pessoa antes
pessoa antes de sua inclusão. de sua inclusão.
A obrigação de notificar previamente o A obrigação de notificar previamente o emitente do
consumidor é do próprio SPC ou SERASA. cheque é do BANCO SACADO.
Se não houver a prévia notificação, deverá Se não houver a prévia notificação, deverá ser
ser ajuizada a ação de indenização contra o ajuizada a ação de indenização contra o banco
SPC ou SERASA. sacado.
O credor (empresa conveniada que informou O Banco do Brasil, na condição de gestor do CCF,
a existência do débito) não é parte legítima NÃO tem a responsabilidade de notificar
para figurar no polo passivo de ação de previamente o devedor acerca da sua inscrição no
indenização por danos morais decorrentes aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva
da inscrição em cadastros de inadimplentes para as ações de reparação de danos diante da
sem prévia comunicação. ausência de prévia comunicação.
(TJRJ-2019-VUNESP): Considere a seguinte situação hipotética: Eva comprou mercadorias em
uma loja popular e emitiu um cheque do Banco Bradesco em 10 de outubro, preenchendo a data
de emissão correta, mas combinando oralmente com a vendedora que ela deveria depositá-lo
apenas em 01 de novembro do mesmo ano. A vendedora endossa o cheque emitido por Eva a um
de seus fornecedores, sem mencionar o que fora verbalmente combinado. O endossatário
apresenta o título ao Banco Bradesco antes de 01 de novembro. O cheque é devolvido por
insuficiência de fundos, e o nome de Eva é inserido no Cadastro de Emitentes de Cheques sem
Fundos (CCF) pelo Banco do Brasil, gestor do referido cadastro, sem que este a notifique
previamente. Diante do exposto, assinale a alternativa correta: As ações do Banco do Brasil e do
fornecedor endossatário não caracterizam dano moral. BL: Súmulas 37022 e 572, STJ.

#Atenção: Embora o cheque seja uma ordem de pagamento à vista, na prática, é muito comum sua
utilização como pós-datado. Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência aceitam a modalidade do
cheque pós-datado, consignando que a apresentação antecipada do cheque para pagamento pelo
beneficiário acarreta dano moral ao emitente (sacador). Tal entendimento encontra-se pacificado
na Súmula 370 do STJ. Todavia, para que se configure o dano moral é necessário que conste no
local do vencimento, a data que o emitente quer que o cheque seja apresentado (1 de novembro).
Como o emitente inseriu no cheque a data de 10 de outubro, não haverá indenização por dano
moral se for apresentado para pagamento a partir dessa data.

Súmula 571: A taxa progressiva de juros não se aplica às contas vinculadas ao FGTS de trabalhadores
qualificados como avulsos.

Súmula 570: COMPETE à JUSTIÇA FEDERAL o processo e julgamento de demanda em que se


discute a ausência de ou o obstáculo ao credenciamento de instituição particular de ensino superior
no Ministério da Educação como condição de expedição de diploma de ensino a distância aos
estudantes. (TRF5-2017) (Anal./MPU-2017)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação adaptada: João cursava uma faculdade, na modalidade à distância,
tendo concluído integralmente o curso e colado grau. Apesar disso, ele não consegue obter o
diploma devidamente registrado, em virtude de a instituição de ensino não estar credenciada pelo
Ministério da Educação, órgão da União. João quer ajuizar uma ação para conseguir a entrega do
diploma de conclusão do curso devidamente registrado e para receber indenização por danos
morais em virtude dos transtornos que sofreu.

Contra quem e em qual juízo deverá ser proposta esta demanda? Contra a instituição de ensino
superior e contra a União, em litisconsórcio passivo, sendo demanda de competência da Justiça
Federal.

Credenciamento de cursos de ensino à distância é incumbência da União: Conforme o art. 9º, IX e


o art. 80, §§ 1° e 2°, da Lei n° 9394/96, cabe à União credenciar e fiscalizar as instituições de ensino
que oferecem programas de educação à distância:
Art. 9º A União incumbir-se-á de:
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos
das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. (...)
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de
ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por
instituições especificamente credenciadas pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma
relativos a cursos de educação a distância.

Assim, se for proposta ação na qual se discuta a dificuldade do aluno de obter o diploma do curso
à distância que realizou por causa da ausência/obstáculo de credenciamento da instituição
particular junto ao MEC, haverá nítido interesse da União, que deverá compor a lide no polo
passivo da demanda, já que é ela quem credencia as instituições.

22
Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
No STJ, este tema já havia sido pacificado por meio de recurso especial repetitivo: STJ. 1a S.
REsp 1344771/PR, Rei. Min. Mauro Campbel1 Marques, j. 24/04/13. Existe também precedente
do STF no mesmo sentido: STF. 2° T. ARE 750186 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 24/06/14.

E se João propusesse a ação pedindo unicamente a indenização por danos morais? Neste caso, a
ação teria que ser proposta somente contra a instituição de ensino, e a competência seria da
Justiça Estadual. Nesse sentido: (...) No caso em análise, não há interesse jurídico da União a
ensejar o deslocamento do feito para a Justiça Federal, uma vez que a autora não pleiteou a
emissão do diploma, somente a reparação dos supostos danos morais e materiais sofridos em
decorrência da conduta da parte ré. (...) (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1553120/PR, Rei. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado 17/11/2015).

RESUMO: #DPEAL-2017: #CESPE: De quem é a competência para julgar ações propostas contra
instituição PRIVADA de ensino superior?
1) Se a ação proposta for mandado de segurança: Justiça Federal.
2) Ação (diferente do MS) discutindo questões privadas relacionadas ao contrato de
prestação de serviços firmado entre a instituição de ensino e o aluno (exs:
inadimplemento de mensalidade, cobrança de taxas etc.): Justiça Estadual.
3) Ação (diferente do MS) discutindo registro de diploma perante o órgão público
competente ou o credenciamento da entidade perante o Ministério da Educação (obs:
nesse caso, a União deverá figurar na lide): Justiça Federal.

(DPEAL-2017-CESPE): Julgue o item seguinte, a respeito de demandas que envolvam instituição


de ensino superior particular: A competência para o processamento do feito que verse sobre
credenciamento de entidade perante o MEC é da justiça federal. BL: S. 570, STJ.

(DPEAL-2017-CESPE): Julgue o item seguinte, a respeito de demandas que envolvam instituição


de ensino superior particular: Em se tratando de demanda sobre cobrança de taxas escolares
oriunda de um mandado de segurança, a competência será da justiça federal. BL: vide item 3
acima.

(TRF5-2017-CESPE): Com base na jurisprudência STJ, julgue o seguinte item, no que concerne à
competência: A justiça federal possui competência para julgar demanda proposta por estudante
acerca de credenciamento de instituição privada de ensino superior junto ao Ministério da
Educação, com vistas à expedição de diploma de ensino a distância ao autor. BL: S. 570, STJ.

Súmula 569: Na importação, é indevida a exigência de nova certidão negativa de débito no


desembaraço aduaneiro, se já apresentada a comprovação da quitação de tributos federais quando
da concessão do benefício relativo ao regime de drawback.

OBS: Comprovação de quitação de tributos federais: Para que o contribuinte possa receber
incentivos ou benefícios fiscais relacionados com tributos federais, ele não pode estar em débito
com o Fisco federal. Assim, ao requerer o incentivo ou benefício, o contribuinte deverá apresentar
uma certidão negativa comprovando que todos os tributos federais estão quitados. Tal exigência
encontra-se prevista no art. 60 da Lei nº 9.069/95 e no art. 47, I, “a”, da Lei nº 8.212/91:
Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos
a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica
condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de
tributos e contribuições federais.

Art. 47. É exigida Certidão Negativa de Débito-CND, fornecida pelo órgão competente, nos
seguintes casos:
I - da empresa:
a) na contratação com o Poder Público e no recebimento de benefícios ou incentivo fiscal ou
creditício concedido por ele;

Drawback: É uma palavra de origem inglesa, cuja tradução literal seria algo como "arrastar de
volta". Trata-se de uma operação pela qual o contribuinte se compromete a importar a mercadoria,
beneficiá-la e, depois, mandá-la de volta ao exterior (exportá-la). Nas palavras do Min. João
Otávio de Noronha, "drawback" é a operação mediante a qual o contribuinte, para fazer jus a
incentivos fiscais, importa mercadoria com o compromisso de exportá-la após o beneficiamento."
(STJ REsp 385634/BA).
Concessão do benefício e desembaraço aduaneiro: Para que o contribuinte possa participar do
drawback, é necessário que ele assuma junto ao Governo um compromisso de exportação. A
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) analisa o pedido e autoriza (ou não) a importação com a
suspensão dos tributos. No momento em que formula o pedido, já se exige que o contribuinte
apresente a certidão negativa de tributos federais. Ocorre que, posteriormente, no momento em
que a mercadoria chega ao Brasil e o importador vai realizar o desembaraço aduaneiro, o Governo
exige novamente a apresentação da certidão negativa. O STJ, contudo, entende que é indevida a
exigência da certidão negativa nestes dois momentos distintos. Assim, “apresentada a certidão
negativa, antes da concessão do benefício por operação Drawback, não é lícito condicionar-se à
apresentação de novo certificado negativo no desembaraço aduaneiro da respectiva
importação." (STJ. 1ª Turma. REsp 196.161/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgado em
16/11/1999).

Drawback: ato complexo: O argumento do STJ para que a certidão negativa seja exigida somente
uma vez está no fato de que o drawback é uma operação única que, no entanto, se divide em três
momentos distintos: a) quando a mercadoria ingressa no território nacional; b) quando a
mercadoria, no País, sofre o beneficiamento; e c) quando a mercadoria beneficiada vai ser
reexportada (REsp 240.322/RS). Assim, o drawback é um ato complexo, que se forma a partir da
conjugação dessas três fases, não sendo lícito exigir-se a certidão negativa em cada uma de suas
etapas.

Outra razão invocada pelo STJ está na redação do art. 60 da Lei 9.069/95. Isso porque o referido
dispositivo afirma que a comprovação, pelo contribuinte, da quitação de tributos federais deve
ocorrer no momento da “concessão ou reconhecimento” de qualquer incentivo ou benefício
fiscal. Dessa forma, a certidão é exigida em um momento ou no outro. E não nos dois. Assim,
quando o Fisco aceitou o compromisso do contribuinte de fazer o drawback, ele já concedeu o
benefício, exigindo, para tanto, a certidão negativa. Logo, não é devida nova exigência no
momento do desembaraço.

Súmula 568: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, PODERÁ DAR ou


NEGAR PROVIMENTO ao recurso quando HOUVER ENTENDIMENTO DOMINANTE acerca
do tema. (MPSC-2016) (PGEAP-2018) (TJRJ-2019)

OBS: Importante. O novo CPC previu, em seu art. 932, uma lista de poderes outorgados ao relator
do processo que tramita nos Tribunais (Turmas Recursais – por analogia, Tribunais de Justiça,
Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal).

Alteração do Regimento Interno do STJ: O STJ realizou diversas alterações em seu regimento
interno como forma de se adequar ao NCPC. Tais mudanças foram materializadas por meio da
emenda regimental n.º 22/16. Dentre as modificações efetuadas, o STJ atualizou a redação do art.
34 do Regimento Interno, que trata sobre os poderes dos Ministros Relatores, a fim de
compatibilizá-lo com o art. 932, III a V, do CPC 2015:
Art. 34. São atribuições do relator:
XVIII - distribuídos os autos:
a) não conhecer do recurso ou pedido inadmissível, prejudicado ou daquele que não tiver
impugnado especificamente todos os fundamentos da decisão recorrida;
b) negar provimento ao recurso ou pedido que for contrário a tese fixada em julgamento de
recurso repetitivo ou de repercussão geral, a entendimento firmado em incidente de
assunção de competência, a súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal
de Justiça ou, ainda, a jurisprudência dominante acerca do tema;
c) dar provimento ao recurso se o acórdão recorrido for contrário a tese fixada em
julgamento de recurso repetitivo ou de repercussão geral, a entendimento firmado em
incidente de assunção de competência, a súmula do Supremo Tribunal Federal ou do
Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, a jurisprudência dominante acerca do tema;

Detalhando as novas atribuições do Relator: O Ministro do STJ que for sorteado como relator do
processo poderá tomar as seguintes decisões monocráticas, ou seja, sem levar o caso à apreciação
do colegiado:

O relator poderá: Hipóteses


1) NÃO CONHECER Caso este:
do recurso ou pedido seja inadmissível,
tenha ficado prejudicado; ou
não tenha impugnado especificamente todos os fundamentos
da decisão recorrida.
2) NEGAR PROVIMENTO Caso o recurso ou pedido feito seja contrário a:
ao recurso ou pedido tese fixada em julgamento de recurso repetitivo (pelo STJ)
tese fixada em julgamento de repercussão geral (pelo STF)
entendimento firmado em incidente de assunção de
competência;
súmula do STF ou do STJ; ou
jurisprudência dominante acerca do tema.
3) DAR PROVIMENTO Caso o acórdão atacado no recurso seja contrário à:
ao recurso tese fixada em julgamento de recurso repetitivo (pelo STJ)
tese fixada em julgamento de repercussão geral (pelo STF)
entendimento firmado em incidente de assunção de
competência;
súmula do STF ou do STJ; ou
jurisprudência dominante acerca do tema.

Obs: na primeira situação, o relator não chega a examinar o mérito do recurso porque algum
aspecto de ordem processual impede a sua análise. Nas demais hipóteses, o relator examina o
mérito do recurso e nega ou dá provimento com base no entendimento jurisprudencial dominante
acerca do tema. O STJ decidiu editar a Súmula 568 espelhando, de forma muita clara, estas
atribuições do relator.

Súmula 567: SISTEMA DE VIGILÂNCIA REALIZADO por monitoramento eletrônico ou por


existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, POR SI SÓ, NÃO TORNA
IMPOSSÍVEL a configuração do CRIME DE FURTO. (PCPE-2016) (TJPR-2017) (MPRS-2017) (PCMS-2017)
(PGM-BH/MG-2017) (TJCE-2018) (MPMS-2018) (DPEPE-2018) (PCGO-2018) (PCMA-2018) (TJBA-2019) (TJAL-2019)
(MPMT-2019) (MPCE-2020) (PF-2018/2021) (DPEGO-2021) (TJMG-2022) (TJRS-2022) (TJSC-2022)

OBS: Importante.

Se o agente praticou uma conduta que é descrita na lei como crime, mas o meio que ele escolheu
para praticar o delito é ineficaz, ele deverá responder pelo delito? Ex.: João, pretendendo matar
Pedro, pega uma arma que viu na gaveta e efetua disparos contra a vítima; o que João não sabia é
que a arma tinha balas de festim, razão pela qual Pedro não morreu. O agente responderá por
tentativa de homicídio?

Se o agente praticou uma conduta que é descrita na lei como crime, mas o objeto material (a
pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta) é inexistente, ele deverá responder pelo delito? Ex.:
João pretende matar Pedro; ele avista seu inimigo deitado no sofá e, pensando que este estivesse
dormindo, dispara diversos tiros nele; o que João não sabia é que Pedro havia morrido 15 minutos
antes de parada cardíaca; João atirou, portanto, em um cadáver, em um corpo sem vida. Logo, não
foram os tiros que mataram Pedro. O agente responderá por tentativa de homicídio?

Para discutir as perguntas acima, os estudiosos do Direito Penal desenvolveram algumas teorias
trotando sobre o “'crime impossível”: Vejamos:

1) TEORIA SUBJETIVA: Os que defendem a teoria subjetiva afirmam que não importa se o meio
ou o objeto são absoluta ou relativamente ineficazes ou impróprios. Para que haja crime, basta que
a pessoa tenha agido com vontade de praticar a infração penal. Tendo o agente agido com
vontade, configura-se a tentativa de crime mesmo que o meio seja ineficaz ou o objeto seja
impróprio. É chamada de subjetiva porque, para essa teoria, o que importa é o elemento
subjetivo. Assim, o agente é punido pela sua intenção delituosa, mesmo que, no caso concreto,
não tenha colocado nenhum bem em situação de perigo.

2) TEORIAS OBJETIVAS: Os que defendem essa teoria afirmam que não se pode analisar apenas
o elemento subjetivo para saber se houve crime. É indispensável examinar se está presente o
elemento objetivo. Diz-se que há elemento objetivo quando a tentativa tinha possibilidade de
gerar perigo de lesão para o bem jurídico. Se a tentativa não gera perigo de lesão, ela é inidônea.
A inidoneidade pode ser:
a) absoluta (aquela conduta jamais conseguiria fazer com que o crime se consumasse); ou
b) relativa (a conduta poderia ter consumado o delito, o que somente não ocorreu em razão
de circunstâncias estranhas à vontade do agente).

A teoria objetiva se subdivide em:


2.1) OBJETIVA PURA: para esta corrente, não haverá crime se a tentativa for inidônea (não
importa se inidoneidade absoluta ou relativa). Enfim, em caso de inidoneidade, não interessa
saber se ela é absoluta ou relativa, não haverá crime.

2.2) OBJETIVA TEMPERADA: esta segunda corrente faz a seguinte distinção:


 Se os meios ou objetos forem relativamente inidôneos, haverá crime tentado.
 Se os meios ou objetos forem absolutamente inidôneos, haverá crime impossível.

Qual foi a teoria adotada pelo Brasil? A teoria OBJETIVA TEMPERADA. Veja o que diz o art.
17 do CP:
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Ineficácia absoluta do meio: Ocorre quando o meio empregado jamais poderia levar à
consumação do crime. Trata-se de um meio absolutamente ineficaz para aquele crime. Ex.1: uma
pessoa diz que vai fazer uma feitiçaria para que a outra morra. Não há crime de ameaça por
absoluta ineficácia do meio. É crime impossível. Ex.2: tentar fazer uso de documento falso com
uma falsificação muito grosseira.

Impropriedade absoluta do objeto: A palavra objeto, aqui, significa a pessoa ou coisa sobre a qual
recai a conduta criminosa. Diz-se que há impropriedade absoluta do objeto quando ele não existe
antes do início da execução ou lhe falta alguma qualidade imprescindível para configurar-se a
infração. Ex.1: João quer matar Pedro, razão pela qual invade seu quarto e, pensando que a vítima
está dormindo, nela desfere três tiros. Ocorre que Pedro não estava dormindo, mas sim morto,
vítima de um ataque cardíaco. Dessa forma, João atirou em um morto. Logo, trata-se de crime
impossível, porque o objeto era absolutamente inidôneo. Ex.2: a mulher, acreditando
equivocadamente que está grávida, toma medicamento abortivo.

Ineficácia ou impropriedade relativas = crime tentado: Como no Brasil adotamos a teoria objetiva
temperada, se a ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto forem relativas, haverá crime
tentado.

Qual é a natureza jurídica do crime impossível? Trata-se de excludente de tipicidade. Nesse


sentido: (Juiz Federal TRF1 2013 CESPE) O crime impossível constitui causa de exclusão da
tipicidade (CERTO).

Imagine agora a seguinte situação hipotética: João ingressa em um supermercado e, na seção de


eletrônicos, subtrai para si um celular que estava na prateleira. Ele não percebeu, contudo, que
acima deste setor havia uma câmera por meio da qual o segurança do estabelecimento monitorava
os consumidores, tendo este percebido a conduta de João. Quando estava na saída do
supermercado com o celular no bolso, João foi parado pelo segurança do estabelecimento, que lhe
deu voz de prisão e chamou a PM, que o levou até a Delegacia de Polícia. João foi denunciado pela
prática de tentativa de furto. A defesa alegou a tese do crime impossível por ineficácia absoluta do
meio: como existia uma câmera acima da prateleira, não haveria nenhuma chance de o réu
conseguir furtar o objeto sem ser visto. O cometimento do crime seria impossível porque o meio
por ele escolhido (furtar um celular que era vigiado por uma câmera) foi absolutamente ineficaz.

A tese da defesa é aceita pela jurisprudência do STJ? O simples fato de o estabelecimento contar
com sistema de segurança ou vigilância eletrônica (câmera) já é suficiente para caracterizar o
crime impossível? NÃO. A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não
torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial.

No caso de furto praticado no interior de estabelecimento comercial (supermercado, p. ex.)


equipado com câmeras e segurança, o STJ entende que, embora esses mecanismos de vigilância
tenham por objetivo evitar a ocorrência de furtos, sua eficiência apenas MINIMIZA as perdas dos
comerciantes, visto que não impedem, de modo absoluto (por completo), a ocorrência de furtos
nestes locais.

Existem muitas variáveis que podem fazer com que, mesmo havendo o equipamento, ainda assim
o agente tenha êxito na conduta. Exs.: o equipamento pode falhar, o vigilante pode estar desatento
e não ter visto a câmera no momento da subtração, o agente pode sair rapidamente da loja sem
que haja tempo de ser parado etc.

É certo que, na maioria dos casos, o agente não conseguirá consumar a subtração do produto por
causa das câmeras; no entanto, sempre haverá o risco de que, mesmo com todos esses cuidados, o
crime aconteça.

Desse modo, concluindo: na hipótese aqui analisada, não podemos falar em ABSOLUTA
ineficácia do meio. O que se tem, no caso, é a inidoneidade RELATIVA do meio. Em outras
palavras, o meio escolhido pelo agente é relativamente ineficaz, visto que existe sim uma
possibilidade (ainda que pequena) de o delito se consumar.

Sendo assim, se a ineficácia do meio deu-se apenas de forma relativa, não é possível o
reconhecimento do instituto do crime impossível previsto no art. 17 do CP. STJ. 3ª Seção. REsp
1.385.621-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/5/2015 (recurso repetitivo) (Info
563).

#Atenção: #DOD: #STF: Sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice
para a consumação do furto: A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial
não constitui óbice para a tipificação do crime de furto. STF. 1ª T. HC 111278/MG, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Roberto Barroso, j. 10/4/18 (Info 897). STF. 1ª T. HC HC
183.570, Rel.. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/20.

SITUAÇÃO ESPECÍFICA:

Imagine a seguinte situação hipotética: João, adentra a um supermercado para subtrair peças de
carne. Ao ingressar no local repara que o supermercado é monitorado com diversas câmeras e
robusto sistema de vigilância, razão pela qual coloca seu boné e é mais cauteloso em suas ações.
Ao avistar João de boné, Cleber – segura do supermercado – suspeita e resolve seguir os passos de
João. Cleber acompanha toda conduta do agente ao colocar os pedaços de carne em um bolso falso
do carrinho de bebê. Ao deixar o estabelecimento – já na posse dos pedaços de picanha – João é
retido pelo segurança que imediatamente chama a polícia, sendo João preso em flagrante.

É possível falar em crime impossível?: Sim. De acordo com a Súmula 567 do STJ o sistema de
vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou a existência de segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
Ocorre que, conforme a própria súmula descreve, tais circunstâncias isoladamente analisadas
não afastam a configuração do delito, porém, a análise deve ser realizada de acordo com cada
caso concreto. Nesse sentido, a 2ª Turma do STF já se manifestou pela atipicidade da conduta do
agente se acompanhado em todo seu trajeto por segurança do supermercado, sendo tal vigilância
direta e integral:
HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO QUALIFICADO TENTADO. ARTIGO 155, § 4º,
INCISO IV, EM COMBINAÇÃO COM O ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO
PENAL. CONDUTA DELITUOSA PRATICADA EM SUPERMERCADO.
ESTABELECIMENTO VÍTIMA QUE EXERCEU VIGILÂNCIA DIRETA SOBRE A
CONDUTA DOS PACIENTES. ACOMPANHAMENTO ININTERRUPTO DE TODO O
ITER CRIMINIS. INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO EMPREGADO PARA A
CONSECUÇÃO DO DELITO, DADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO.
CRIME IMPOSSÍVEL CARACTERIZADO. ARTIGO 17 DO CÓDIGO PENAL.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA. COM FUNDAMENTO DIVERSO,
VOTARAM PELA CONCESSÃO DA ORDEM OS EMINENTES MINISTROS CELSO DE
MELLO E EDSON FACHIN.
1. A forma específica mediante a qual os funcionários do estabelecimento vítima
exerceram a vigilância direta sobre a conduta dos pacientes, acompanhando
ininterruptamente todo o iter criminis, tornou impossível a consumação do crime, dada a
ineficácia absoluta do meio empregado. Tanto isso é verdade que, no momento em que se
dirigiam para a área externada do estabelecimento comercial sem efetuar o pagamento dos
produtos escolhidos, os pacientes foram abordados na posse dos bens por funcionário
comunicado de sua conduta, sendo esses restituídos à vítima.
2. De rigor, portanto, diante dessas circunstâncias, a incidência do art. 17 do Código Penal,
segundo o qual “não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. (...)
STF; HC 144.851; 2ª T.; Rel. Min. Dias Toffoli; DJE 06/02/18
Nessa mesma linha de pensamento: STF; HC-RO 144.516; 2ª T.; Rel. Min. Dias Toffoli; DJE
06/02/18, STF; HC 137290; 2ª T., Rel. Min. Dias Toffoli; j. 07/02/17.

Dessa forma, a forma específica mediante a qual o funcionário do estabelecimento vítima exerceu
a vigilância direta sobre a conduta da paciente, acompanhando ininterruptamente todo o iter
criminis, tornou impossível a consumação do crime, dada a ineficácia absoluta do meio
empregado.

Ressalte-se que a 2ª Turma do STF consagrou que “esse entendimento não conduz,
automaticamente, à atipicidade de toda e qualquer subtração em estabelecimento comercial que
tenha sido monitorada pelo corpo de seguranças ou pelo sistema de vigilância, sendo
imprescindível, para se chegar a essa conclusão, a análise individualizada das circunstâncias de
cada caso concreto”. Em outras palavras, muito embora vigore a Súmula 567 do STJ nada impede,
contudo, que, excepcionalmente conforme entendimento da 2a Turma do STF, diante das
circunstâncias concretas, se entenda que a vigilância tornou absoluta a ineficácia do meio
utilizado, afastando, assim, a tipicidade, nos termos do art. 17 do Código Penal.

(TJRS-2022-Faurgs): Sobre os crimes contra a propriedade e o patrimônio, considerando o direito


vigente e a jurisprudência sumulada do STJ, assinale a alternativa correta: A existência de sistema
de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou a presença de segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. BL: S.
567, STJ.

(DPEGO-2021-FCC): O crime impossível pode ocorrer em caso de furto em estabelecimento


comercial se a vigilância concretamente tornar impossível a consumação do delito. BL: art. 155,
CP e S. 567, STJ.

#Atenção: Perceba que não há contradição entre o conteúdo da súmula e a proposição


apresentada, dado que, se num caso concreto, tal como afirmado, verificar-se ser impossível a
consumação do delito, em função de sistema de vigilância, a conduta seria atípica em função da
configuração do crime impossível. Porém, se, mesmo existindo um sistema de vigilância, num
caso concreto, observar-se que haveria a possibilidade de consumação do delito de furto, não seria
possível afirmar-se tratar-se de crime impossível. Assim sendo, no caso de existir um sistema de
vigilância em estabelecimento comercial, há possibilidade de configuração do crime impossível,
não se podendo afirmar que sempre que existir um sistema de vigilância se configuraria um crime
impossível.

(PF-2021-CESPE): No que concerne aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue
o item subsequente: A adoção de sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico,
por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. BL: art. 155, CP e S. 567, STJ.

(MPMS-2018): Segundo o STJ, é possível a consumação do furto em estabelecimento comercial,


ainda que possua vigilância mediante câmara de vídeo em circuito interno ou realizada por
seguranças. BL: art. 155, CP e S. 567, STJ.

Súmula 566: Nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n.


3.518/2007, em 30/4/2008, PODE SER COBRADA a TARIFA DE CADASTRO no início do
relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira. (DPERN-2015) (TJDFT-2016)

(TJDFT-2016-CESPE): Assinale a opção correta relativa a juros, encargos moratórios e taxas dos
contratos bancários: A cobrança de taxa de cadastro só é permitida no primeiro contrato celebrado
pelo consumidor com a instituição financeira, não podendo ser cobrada nos posteriores. BL: S.
566, STJ.

Súmula 565: A pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou
outra denominação para o mesmo fato gerador, é válida apenas nos contratos bancários anteriores
ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008 . (DPERN-2015) (Cartórios/TJRJ-
2017)

Súmula 564: No caso de reintegração de posse em ARRENDAMENTO MERCANTIL


FINANCEIRO, quando a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido
(VRG) com o valor da venda do bem ULTRAPASSAR o total do VRG previsto contratualmente, o
arrendatário TERÁ DIREITO DE RECEBER a respectiva diferença, CABENDO, porém, SE
ESTIPULADO no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos pactuados. (TRF4-
2016) (TJRJ-2019) (MPCE-2020) (MPAP-2021)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação: o escritório “A”, desejando adquirir 50 computadores e sem possuir
capital para tanto, faz um contrato de arrendamento mercantil financeiro (leasing financeiro) com
o Banco “Y” para que este compre os equipamentos e os arrende para que o escritório fique
utilizando os equipamentos. O escritório é o arrendatário e o Banco o arrendador. Os bens foram
adquiridos pelo Banco por R$ 150 mil. O VRG foi fixado em R$ 120 mil, que deveria ser pago, de
forma diluída durante o contrato, em 24 parcelas de R$ 5 mil. O valor do aluguel foi estipulado em
R$ 2 mil. Segundo o contrato, o escritório teria que pagar o valor do aluguel dos computadores e
mais o VRG diluído entre as parcelas. Em outras palavras, o arrendatário, por força do pacto, já
era obrigado a antecipar o VRG e, assim, quando o contrato de leasing chegasse ao final, ele seria o
dono dos computadores. Em suma, por mês, o escritório teria que pagar R$ 7 mil (2 mil de aluguel
mais 5 mil de VRG diluído). O contrato tinha duração de 24 meses. Ocorre que, a partir do 16º
mês, o escritório tornou-se inadimplente. Ao longo do contrato, o arrendatário pagou R$ 32 mil a
título de aluguéis e R$ 80 mil como antecipação do VRG. Desse modo, o arrendador recebeu R$
112 mil no total.

Se o arrendatário não paga as prestações do leasing, qual é a ação que deverá ser proposta pelo
arrendador? Ação de reintegração de posse. Logo, o Banco intentou ação de reintegração de posse
contra o escritório. O juiz expediu uma liminar determinando que os 50 computadores fossem
entregues ao arrendador. Ao final, a ação foi julgada procedente e o autor ficou na posse plena dos
bens.

O arrendador, que ficou com a posse dos bens por conta da reintegração, poderá vendê-los? SIM.
Os bens pertencem ao arrendador e ele poderá vendê-los. Aliás, no leasing financeiro, na quase
totalidade dos casos, o arrendante irá alienar os bens, pois ele é uma instituição financeira que
somente adquiriu a coisa arrendada por causa do interesse do arrendatário.

Voltando ao nosso exemplo, o Banco alienou os computadores para um terceiro.

A pergunta que surge e é respondida pela súmula é a seguinte: o arrendador tem a obrigação de
devolver as quantias pagas, antecipadamente, pelo arrendatário, a título de Valor Residual
Garantido (VRG), nos casos em que o produto objeto do leasing foi apreendido na ação de
reintegração de posse e depois alienado para um terceiro? Depende:
1) Se o VRG pago pelo arrendatário somado com o valor obtido pelo arrendador com a
venda do bem for maior que o VRG total previsto no contrato: o arrendatário terá direito
de receber a diferença. Isso porque, neste caso, o arrendador terá recebido o valor total do
VRG, não tendo porque ele ficar o dinheiro conseguido a maior.
2) Se o VRG pago pelo arrendatário somado com o valor obtido pelo arrendador com a
venda do bem NÃO for superior ao VRG total previsto no contrato: o arrendatário não
irá receber nada.

Graficamente, a situação pode ser assim ilustrada:


1) Se VRG pago + valor do bem vendido > VRG previsto no contrato = arrendatário terá direito de
receber a diferença.
2) Se VRG pago + valor do bem vendido < VRG previsto no contrato = arrendatário NÃO terá
direito de receber a diferença (até porque não haverá diferença).

Mesmo na hipótese 1, o contrato poderá prever que, antes de devolvida a diferença para o
arrendatário, o arrendador terá direito de descontar, previamente, outras despesas que tenha
tido ou encargos contratuais.

Vamos tentar entender melhor retomando o exemplo que dei acima:


VRG previsto no contrato = R$ 120 mil.
VRG pago antecipadamente = R$ 80 mil.

O escritório ficou inadimplente, razão pela qual os computadores foram retomados. O Banco
vendeu os computadores para um terceiro. O arrendatário terá direito de receber de volta alguma
quantia?
1) Se os computadores foram vendidos por mais de R$ 40 mil = SIM.
2) Se os computadores foram vendidos por menos de R$ 40 mil = NÃO.

Ex1: computadores foram vendidos por R$ 60 mil. VRG pago (80) + valor da venda (60) = R$ 140
mil. Como o VRG previsto no contrato era de R$ 120 mil, o arrendatário irá receber esta diferença
(20 mil).

Ex2: computadores foram vendidos por R$ 30 mil. VRG pago (80) + valor da venda (30) = R$ 110
mil. Como o VRG previsto no contrato era de R$ 120 mil, o arrendatário não terá diferença para
receber.

Mesmo no caso do exemplo 1, o contrato de leasing poderia prever que, antes de devolvida a
diferença para o arrendatário, o arrendador teria direito de descontar previamente despesas ou
encargos contratuais que tenha tido.

(MPAP-2021-CESPE): Determinada empresa firmou com uma instituição financeira contrato cujo
objeto é a aquisição de um equipamento que a empresa locará pelo prazo de cinco anos, ao fim do
qual poderá a parte optar por devolver o equipamento, renovar a locação ou adquiri-lo pelo preço
residual fixado no momento inicial do contrato. Nessa situação hipotética, está configurado o
contrato de arrendamento mercantil. BL: S. 564, STJ.

#Atenção: #STJ: #TJRJ-2019: #MPAP-2021: #CESPE: #VUNESP: O valor residual da opção de


compra é o valor do bem ao final do contrato, com a arrendatária optando pela compra do bem.
Por outro lado, o Valor Residual Garantido é uma garantia, é um valor mínimo que o
arrendador irá receber caso o contrato não seja prorrogado por algum motivo. Acerca da
distinção dos institutos, vejamos o seguinte julgado do STJ: “(…) No contrato de leasing, o valor
residual é o preço contratual estipulado para o exercício da opção de compra, enquanto o valor
residual garantido é obrigação assumida pelo arrendatário, quando da contratação do
arrendamento mercantil, no sentido de garantir que o arrendador receba, ao final do contrato, a quantia
mínima final de liquidação do negócio, em caso de o arrendatário optar por não exercer seu direito de
compra e, também, não desejar que o contrato seja prorrogado (…)” (STJ, 4ª T., REsp 249.340/SP,
Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 18.05.00).

(MPCE-2020-CESPE): Determinada sociedade empresária realizou, na qualidade de arrendadora,


contrato de arrendamento mercantil financeiro com um particular, tendo havido o pagamento de
diversas prestações mensais que, além do principal, incluíam também valor adiantado a título de
valor residual garantido (VRG). Posteriormente, em razão de inadimplemento do arrendatário, a
sociedade ajuizou ação de reintegração de posse do bem objeto do contrato. Acerca dessa situação
hipotética, assinale a opção correta, de acordo com a jurisprudência do STJ: Deferida a
reintegração de posse e alienado o bem a terceiro, se a soma da importância antecipada a título de
VRG com o valor da venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o
arrendatário deverá receber a respectiva diferença, cabendo o desconto de outras despesas que
tenham sido pactuadas contratualmente. BL: S. 564, STJ.

(TJRJ-2019-VUNESP): A empresa Kero celebrou um contrato de arrendamento mercantil


financeiro, mas, após várias parcelas adimplidas, entra em crise financeira e interrompe o
pagamento dos valores devidos à arrendadora, que toma as medidas necessárias para a
reintegração de posse do bem arrendado. Em vista disso, é correto afirmar que se a soma da
importância antecipada a título de valor residual garantido com o valor da venda do bem
ultrapassar o total do valor residual garantido previsto contratualmente, a arrendatária terá
direito de receber essa diferença, deduzidos eventuais descontos previstos no respectivo contrato.
BL: S. 564, STJ.

(TRF4-2016): A propósito dos contratos empresariais: Nas ações de reintegração de posse


motivadas por inadimplemento de arrendamento mercantil financeiro, quando o produto da soma
do “valor residual garantido” quitado com o valor da venda do bem for maior que o total
pactuado como “valor residual garantido” na contratação, será direito do arrendatário receber a
diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto de outras despesas ou
encargos contratuais. BL: S. 564, STJ.

Súmula 563: O Código de Defesa do Consumidor É APLICÁVEL às entidades abertas de


previdência complementar, NÃO INCIDINDO nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas. (MPMS-2015) (DPEBA-2016) (PGEAM-2016) (TRF5-2017) (TJMT-2018) (MPBA-2018)
(DPEAM-2018) (DPEPE-2018) (TRF2-2018) (MPPR-2017/2019) (TJPA-2019) (TJRO-2019) (MPPI-2019) (TJGO-2021)
(PGM-Recife/PE-2022) (TJSP-2021/2023)

(TJSP-2021-VUNESP): Assinale a alternativa correta sobre a incidência do CDC às seguintes


relações jurídicas, segundo entendimento dominante e atual do STJ: Aplica-se às entidades abertas
de previdência complementar, mas não aos contratos previdenciários celebrados com entidades
fechadas. BL: S. 563 do STJ.

(DPEPE-2018-CESPE): Conforme o entendimento do STJ, o CDC aplica-se a contratos de


previdência complementar celebrados com entidades abertas. BL: S. 563 do STJ.

Súmula 562: É POSSÍVEL a REMIÇÃO de parte do tempo de execução da pena quando o


condenado, em regime fechado ou semiaberto, DESEMPENHA atividade laborativa, AINDA QUE
EXTRAMUROS. (TJSP-2015) (DPEPR-2017) (Cartórios/TJMG-2017)

OBS: Importante.

TRABALHO EXTERNO: O preso que está cumprindo pena no regime semiaberto pode trabalhar.
Esse trabalho pode ser:
a) interno (intramuros): é aquele que ocorre dentro da própria unidade prisional.
b) externo (extramuros): é aquele realizado pelo detento fora da unidade prisional. O reeducando
é autorizado a sair para trabalhar, retornando ao final do expediente.

As regras sobre o trabalho externo variam de acordo com o regime prisional.

Três principais vantagens do trabalho para o preso:


1) O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho
ou por estudo, parte do tempo de execução da pena (art. 126 da LEP). Assim, para cada 3 dias de
trabalho, o preso tem direito de abater 1 dia de pena.
2) Um dos requisitos para que o preso obtenha a progressão do regime semiaberto para o aberto é
a de que ele esteja trabalhando ou comprove a possibilidade de trabalhar imediatamente quando
for para o regime aberto (inciso I do art. 114 da LEP);
3) É reinserido ao mercado de trabalho, recebe salários por isso e, se o trabalho for externo, ainda
poderá passar um tempo fora do estabelecimento prisional.

A pergunta que surge é a seguinte: A remição pelo trabalho abrange apenas o trabalho interno ou
também o externo? Se o preso que está no regime fechado ou semiaberto é autorizado a realizar
trabalho externo, ele terá direito à remição? SIM. É possível a remição de parte do tempo de
execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade
laborativa extramuros (trabalho externo).

A LEP, ao tratar sobre a remição pelo trabalho, não restringiu esse benefício apenas para o
trabalho interno (intramuros). Desse modo, mostra-se indiferente o fato de o trabalho ser
exercido dentro ou fora do ambiente carcerário. Na verdade, a lei exige apenas que o condenado
esteja cumprindo a pena em regime fechado ou semiaberto para que ele tenha direito à remição
pelo trabalho. Esta tese já havia sido definida pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo (3ª
Seção. REsp 1.381.315RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 13/5/15) e agora transformou-se em
súmula.

A súmula, com outras palavras: O condenado que estiver em regime fechado ou semiaberto, se
trabalhar dentro (intramuros) ou fora (extramuros) da unidade prisional, terá direito à remição da
pena (abatimento de parte da pena). O reeducando que cumpre pena em regime aberto não possui
direito à remição pelo trabalho (mas poderá remir caso estude).

(TJAL-2019-FCC): No que se refere à execução das penas privativas de liberdade, possível a


remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou
semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros, considerando-se como pena
cumprida, para todos os efeitos, o tempo remido. BL: S. 563, STJ e art. 128, LEP.

#Atenção: Vide art. 128, LEP: “Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para
todos os efeitos.”
Súmula 561: Os Conselhos Regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e autuar as
farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência de manter profissional legalmente
habilitado (farmacêutico) durante todo o período de funcionamento dos respectivos
estabelecimentos. (PGEPE-2018)

OBS: Atenção em concursos federais.

O Conselho Regional de Farmácia é o órgão competente para fiscalização das farmácias e


drogarias quanto à verificação de possuírem, durante todo o período de funcionamento dos
estabelecimentos, profissional legalmente habilitado, sob pena de incorrerem em infração passível
de multa.

O órgão de vigilância sanitária tem como atribuição licenciar e fiscalizar as condições de


funcionamento das drogarias e farmácias no que se refere a observância dos padrões sanitários
relativos ao comércio exercido, notadamente o controle sanitário do comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.

Súmula 560: A decretação da INDISPONIBILIDADE DE BENS E DIREITOS, na forma do art. 185-


A do CTN, PRESSUPÕE o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica
caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de
ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran . (TJPE-2015) (MPF-
2017) (Cartórios/TJMG-2017) (PGESE-2017) (TJSP-2018) (TJRJ-2019) (Cartórios/TJGO-2021)

OBS: Importante.

Indisponibilidade de bens e direitos na execução fiscal: Na execução fiscal, a Fazenda Pública


dispõe de um poderoso instrumento para tentar cobrar seu crédito. Trata-se do pedido de
indisponibilidade dos bens e direitos do devedor, providência prevista no art. 185-A do CTN:
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

O art. 185-A do CTN é mais amplo e mais invasivo ao patrimônio do devedor do que a mera
penhora “on line” disciplinada pelo CPC. Isso porque o art. 185-A do CTN prevê a
indisponibilidade universal dos bens e direitos do executado. Como pontua o STJ: "O bloqueio
universal e bens e de direitos, previsto no art. 185-A do CTN, não se confunde com a penhora de
dinheiro aplicado em instituições financeiras, por meio do sistema Bacen Jud, disciplinada no art.
655-A do CPC (redação conferida pela Lei 11.382/2006)" (STJ. 2ª Turma. AgRg no Ag 1164948/SP,
Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 02/02/2011).

Requisitos: Por ser uma medida muito grave, a indisponibilidade de que trata o art. 185-A do
CTN só pode ser decretada se forem preenchidos três requisitos que podem ser extraídos da
própria redação do dispositivo. São eles:
1) Citação do devedor. A indisponibilidade só pode ser decretada se o executado já foi
citado (“devidamente citado”).

2) Inexistência de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal. O art.


185-A afirma que somente poderá ser determinada a indisponibilidade se o devedor, após
ser citado, “não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal”.

3) Não localização de bens penhoráveis mesmo após a Fazenda Pública esgotar as


diligências nesse sentido. A indisponibilidade só pode ser decretada se a Fazenda Pública
provar que providenciou o esgotamento das diligências para achar bens do devedor e,
mesmo assim, não teve êxito. Segundo o STJ, para que a Fazenda Pública prove que
esgotou todas as diligências na tentativa de achar bens do devedor, basta que ela tenha
adotado duas providências:
a) pedido de acionamento do Bacen Jud (penhora “on line”) e consequente
determinação pelo magistrado;
b) expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao
Departamento Nacional ou Estadual de Trânsito - DENATRAN ou DETRAN.

Repare na letra “b” que basta que a Fazenda Pública tenha feito pesquisas de bens nos registros
públicos localizados no domicílio do executado (cartórios existentes na cidade do devedor).
Assim, não se exige que a Fazenda Pública realize busca em todos os registros de imóveis do País,
por exemplo.

Resumindo: O art. 185-A do CTN prevê a possibilidade de ser decretada a indisponibilidade dos
bens e direitos do devedor tributário na execução fiscal.
Vale ressaltar, no entanto, que a indisponibilidade de que trata o art. 185-A do CTN só pode ser
decretada se forem preenchidos três requisitos:
1) deve ter havido prévia citação do devedor;
2) o executado deve não ter pago a dívida nem apresentado bens à penhora no prazo legal;
3) não terem sido localizados bens penhoráveis do executado mesmo após a Fazenda Pública
esgotar as diligências nesse sentido.
Obs.: para que a Fazenda Pública prove que esgotou todas as diligências na tentativa de achar
bens do devedor, basta que ela tenha adotado duas providências:
a) pedido de acionamento do Bacen Jud (penhora “on line”) e consequente determinação pelo
magistrado;
b) expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento
Nacional ou Estadual de Trânsito - DENATRAN ou DETRAN.

Nesse sentido: STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.507-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/11/2014
(recurso repetitivo) (Info 552).

(MPF-2017): A DECRETAÇÃO DA INDISPONIBILIDADE DE BENS E DIREITOS, NA FORMA


DO ART. 185-A DO CTN: pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens
penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos
financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran
ou Detran. BL: S. 560, STJ.

(PGESE-2017-CESPE): Um devedor tributário, devidamente citado em execução fiscal, não pagou


nem apresentou bens à penhora no prazo legal. Nesse caso, considerando-se as garantias e os
privilégios do crédito tributário, a declaração da indisponibilidade dos bens do devedor prevista
no CTN dependerá da demonstração do esgotamento das diligências para a localização de bens
penhoráveis. Segundo a jurisprudência do STJ, o esgotamento dessas diligências caracteriza-se
pela existência de pedido e determinação, nos autos, de constrição sobre ativos financeiros via
BacenJud, expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao
Departamento Nacional — ou estadual — de Trânsito. BL: S. 560, STJ.

Súmula 559: Em AÇÕES DE EXECUÇÃO FISCAL, É DESNECESSÁRIA a instrução da petição


inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de REQUISITO NÃO PREVISTO
no art. 6º da Lei nº. 6.830/1980. (TJRS-2016) (TRF3-2016) (MPF-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (PGESC-2018)
(PGEAL-2021) (PGECE-2021) (PGM-Florianópolis/SC-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação: determinado Município ajuizou execução fiscal contra João, devedor
de IPTU. O juiz indeferiu a petição inicial da execução alegando que a Fazenda Pública não juntou
o demonstrativo de cálculo do débito, conforme exige o art. 798, I, "b", do CPC 2015:
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - instruir a petição inicial com: (...)
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar
de execução por quantia certa;

Agiu corretamente o magistrado? NÃO. O art. 6º da Lei 6.830/80 (LEF) trata sobre os requisitos da
petição inicial na execução fiscal e não exige que o exequente instrua a petição inicial com o
demonstrativo de cálculo do débito.

Princípio da especialidade: Diante da diferença entre a Lei nº 6.830/80 e o CPC, o STJ entende
que deve prevalecer a LEF, já que se trata de norma especial, que prepondera sobre a norma geral.
CDA já discrimina o débito: Além disso, a própria Certidão da Dívida Ativa que embasa a
execução já discrimina a composição do débito, considerando que todos os elementos que
compõem a dívida estão arrolados no título executivo (que goza de presunção de liquidez e
certeza).

Súmula 558: Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o
argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada . (TJRS-2016) (PGM-
POA/RS-2016) (MPF-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (PGESC-2018)

OBS: Importante. O art. 6° da Lei n" 6.830/80 (LEF), que trata sobre os requisitos da petição inicial
na execução fiscal, não exige que o exequente faça a indicação de RG, CPF ou CNPJ do executado.
Art. 6°- A petição inicial indicará apenas:
I – o Juiz a quem é dirigida;
II - o pedido; e
III - o requerimento para a citação.

Novo CPC: O novo CPC exige que a qualificação das partes venha acompanhada da indicação do
CPF/CNPJ, mas há a ressalva de que a petição inicial pode ser recebida apesar da ausência de
algumas informações. Isso está no art. 319, 11 e §§ 1° e 2°.

Súmula 557: A renda mensal inicial (RMI) alusiva ao benefício de aposentadoria por invalidez
precedido de auxílio-doença será apurada na forma do art. 36, § 7º, do Decreto nº. 3.048/1999,
observando-se, porém, os critérios previstos no art. 29, § 5º, da Lei nº. 8.213/1991, quando
intercalados períodos de afastamento e de atividade laboral.

Súmula 556: É INDEVIDA a incidência de imposto de renda sobre o valor da complementação de


aposentadoria pago por entidade de previdência privada e em relação ao resgate de contribuições
recolhidas para referidas entidades patrocinadoras no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995, em razão
da isenção concedida pelo art. 6º, VII, b, da Lei n. 7.713/1988, na redação anterior à que lhe foi
dada pela Lei nº. 9.250/1995. (MPF-2017)

OBS:

Reescrevendo a súmula com outras palavras: no período de 1°/1/89 a 31/12/95, o participante de


plano de previdência privada fechada não tinha que pagar imposto de renda no momento em que
recebia a aposentadoria complementar (complementação de aposentadoria) ou se optasse por
resgatar as contribuições recolhidas. Havia a previsão de uma isenção no art. 6°, VII, b, da Lei
n°7.713/88, que foi revogada pela Lei n° 9.250/95.

Súmula 555: Quando NÃO HOUVER declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o
Fisco constituir o crédito tributário CONTA-SE EXCLUSIVAMENTE na forma do art. 173, I, do
CTN, nos casos em que a legislação ATRIBUI ao sujeito passivo o DEVER DE ANTECIPAR O
PAGAMENTO sem prévio exame da autoridade administrativa. (TJDFT-2014) (MPSC-2014)
(Cartórios/TJRS-2015) (PGEMA-2016) (TJPR-2017) (DPERO-2017) (MPF-2017) (Cartórios/TJMG-2017)
(Cartórios/TJRJ-2017) (PGEPE-2018) (PGESC-2018) (TJGO-2021) (Cartórios/TJSC-2021) (PGEMS-2021)

OBS: Importante. O crédito tributário é constituído (nasce) com um ato do Fisco chamado de
“lançamento”. Só depois que a obrigação tributária se transforme em crédito tributário é que ela
se torna líquida e exigível e poderá ser executada. O Fisco possui, no entanto, um prazo para
efetuar o lançamento. Se não fizer no prazo, haverá decadência.

Existem três espécies de lançamento:


a) LANÇAMENTO DE OFÍCIO (DIRETO): ocorre quando o Fisco, sem a ajuda do
contribuinte, calcula o valor do imposto devido e o cobra do sujeito passivo. Ex: IPTU.
b) LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO (MISTO): ocorre quando, para que o Fisco
calcule o valor devido, é necessário que o contribuinte forneça antes algumas informações
sobre matéria de fato. Aqui o contribuinte não antecipa o pagamento. Apenas fornece esses
dados e aguarda o valor que lhe vai ser cobrado.  Ex: ITBI.
c) LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO ("AUTOLANÇAMENTO"): será visto
abaixo.
A lei é que determina qual modalidade de lançamento é aplicável para cada imposto.

LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO ("AUTOLANÇAMENTO"): No lançamento por


homologação, a lei determina que é o próprio contribuinte quem, sem prévio exame da
autoridade administrativa, deverá calcular e declarar o quanto deve, antecipando o pagamento
do imposto. Depois que ele fizer isso, o Fisco irá conferir se o valor pago foi correto e, caso tenha
sido, fará a homologação deste pagamento. Esta espécie de homologação encontra-se prevista no
art. 150 do CTN:
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

A doutrina afirma que o lançamento por homologação ocorre sob a sistemática do "débito
declarado" em contraposição à expressão "débito apurado" (que é utilizada para o lançamento de
ofício). Exemplos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação: IR, IPI, ITR, ICMS e ISS.

HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA OU TÁCITA: A homologação do pagamento feito pode ser


expressa ou tácita.

Será expressa se a autoridade administrativa examinar o pagamento e editar um ato


concordando com o valor recolhido.

Será tácita quando o Fisco não examinar o pagamento no prazo legal. Aí neste caso, o pagamento
é homologado tacitamente porque a Fazenda perde o direito de questionar o valor pago. A
homologação tácita está prevista no § 4º do art. 150:
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência
do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Havendo a homologação (expressa ou tácita) ocorre a extinção do crédito tributário (art. 156, VII,
do CTN). Vale ressaltar que a extinção não acontece com o pagamento antecipado, mas sim com
a homologação.

O que acontece se o sujeito passivo antecipa o pagamento no prazo fixado pela lei, mas o Fisco
constata que o contribuinte pagou menos do que seria devido? Em caso de pagamento menor do
que o devido, o Fisco possui um prazo de 5 anos para apurar eventual diferença nos valores
recolhidos e efetuar, de ofício, o lançamento suplementar daquilo que faltar. Esse prazo de 5
anos é contado do dia em que ocorreu o fato gerador, na forma do § 4º do art. 150.

Conforme explica Ricardo Alexandre, "o prazo decadencial é contado exatamente da data da
ocorrência do fato gerador. Entende-se que não se justificaria esperar um prazo razoável para o
início da contagem de prazo (conforme ocorre na regra geral) porque a antecipação do pagamento
provoca imediatamente o Estado a verificar sua correção, de forma que a inércia inicial já
configura cochilo." (Direito Tributário esquematizado. São Paulo: Método, 2012).

Passados os 5 anos, se o Fisco não realizou o lançamento das diferenças, ele perderá o direito de
fazê-lo porque terá havido decadência e homologação tácita e a Fazenda Pública terá que se
contentar com o valor que foi pago pelo contribuinte.

E se o sujeito passivo não antecipar o pagamento no prazo fixado pela lei? Se ele não pagar nada,
o que acontece? Aqui o Fisco também deverá fazer o lançamento de ofício. Assim, se a lei prevê
que o contribuinte deveria ter feito o pagamento antecipado do imposto e, mesmo assim, o sujeito
passivo não o realiza, não fazendo a declaração prévia do débito, então, neste caso, a
Administração Tributária deverá fazer o lançamento direto substitutivo (art. 149, V, do CTN). O
Auditor Fiscal irá identificar quem é o sujeito passivo, calcular o quanto do tributo é devido e o
valor da multa aplicável. Dessa forma, o lançamento era inicialmente por homologação, mas como
o sujeito passivo não fez o pagamento, o Fisco passa a ter o poder dever de agir e cobrar o imposto
diretamente, por meio do lançamento de ofício.

Vale ressaltar que, se o contribuinte não paga nada, significa que é praticamente certo que ele
também não fez a "declaração do débito". Isso porque no lançamento por homologação, o
contribuinte declara o quanto acha que deve e antecipa o pagamento para só depois isso ser
analisado pelo Fisco. Se ele não pagou nada, é intuitivo que também não tenha declarado o débito.

Vimos acima que, no caso de pagamento PARCIAL, o termo inicial do prazo para a realização do
lançamento de ofício é a data da ocorrência do fato gerador (§ 4º do art. 150). Na hipótese de
ausência de pagamento, aplica-se esta mesma regra? Qual é o termo inicial do prazo decadencial
para lançamento de ofício no caso de AUSÊNCIA DE PAGAMENTO antecipado? NÃO. O termo
inicial no caso de pagamento parcial é diferente da hipótese de ausência de pagamento.

Se o contribuinte não antecipa o pagamento, ou seja, se ele não paga nada, o prazo decadencial
para que o Fisco faça o lançamento de ofício não será calculado com base no § 4º do art. 150, mas
sim de acordo com o inciso I do art. 173 do CTN:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;

Quando o inciso I fala em "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado" ele quer dizer primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato
gerador (REsp 973.733-SC). Assim, se o fato gerador ocorreu em 15 de março de 2015 e o
contribuinte não apresentou a declaração do débito e não fez a antecipação do pagamento, o Fisco
terá 5 anos para realizar o lançamento de ofício, sendo que este prazo se iniciou em 01 de janeiro
de 2016.

Comparando:
Tributo sujeito à lançamento por homologação
Se o sujeito passivo antecipa o pagamento, Se o sujeito passivo não antecipa nada do
mas paga menos do que deveria: pagamento (não paga nada):
O Fisco terá o poder-dever de realizar o O Fisco terá o poder-dever de fazer o
lançamento de ofício cobrando as diferenças. lançamento de ofício cobrando todo o valor que
não foi pago.
O prazo decadencial para o lançamento de ofício
é de 5 anos. O prazo decadencial para o lançamento de ofício
é de 5 anos.
O termo inicial do prazo é a data do fato
gerador. O termo inicial do prazo será o primeiro dia do
ano seguinte àquele em que ocorreu o fato
gerador.
Aplica-se a regra do art. 150, § 4º do CTN.
Aplica-se a regra do art. 173, I, do CTN.
Vale ressaltar que, se ficar comprovado que o
contribuinte pagou apenas parte do valor, mas Obs: chamo a atenção novamente para o fato de
agiu com dolo, fraude ou simulação, ficará que o prazo é de 5 anos. Digo isso porque o
afastada a regra do § 4º do art. 150 (mais benéfica Fisco, durante um bom tempo, defendeu a tese
ao contribuinte), devendo ser aplicado o art. 173, de que, no caso de não pagamento, o prazo
I, do CTN (um pouco mais favorável ao Fisco, decadencial seria de 10 anos (a Fazenda queria
que ganhará um tempo maior para lançar). somar o prazo do art. 150, § 4º com o do art. 173,
I). Após um tempo de polêmica, esta tese, foi
finalmente rechaçada pelo STJ (REsp 973.733-
SC).

Este é o entendimento exposto pela doutrina: "No caso dos tributos sujeitos a lançamento por
homologação, podem ocorrer duas hipóteses quanto à contagem do prazo decadencial do Fisco
para a constituição de crédito tributário: 1) quando o contribuinte efetua o pagamento no
vencimento, o prazo para o lançamento de ofício de eventual diferença a maior, ainda devida, é de
cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, forte no art. 150, § 4º, do CTN; 2) quando o
contribuinte não efetua o pagamento no vencimento, o prazo para o lançamento de ofício é de
cinco anos contado do primeiro dia do exercício seguinte ao de ocorrência do fato gerador, o que
decorre da aplicação, ao caso, do art. 173, I, do CTN. Importante é considerar que, conforme o
caso, será aplicável um ou outro prazo; jamais os dois sucessivamente, pois são excludente um do
outro. Ou é o caso de aplicação da regra especial ou da regra geral, jamais aplicando-se as duas no
mesmo caso." (PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da
doutrina e da jurisprudência, 9ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 1109).

O prazo inicial da decadência quinquenal tributária: Lançamento por homologação:


I) Não foi declarado e não foi pago antecipadamente: 1º dia do exercício seguinte àquele que
poderia ter ocorrido o lançamento (art. 173, I). (regra geral)
II) Foi declarado e pago (parcial ou total): O dia da ocorrência do fato gerador (art. 150 § 4º);
III) Declarado e não pago: não sofre decadência, apenas prescrição.
IV) Com dolo, Fraude ou Simulação: 1º dia do exercício seguinte àquele que poderia ter ocorrido
o lançamento (art. 173, I). (doutrina majoritária)

(PGEPE-2018-CESPE): Determinado tributo deveria ter sido lançado no dia 5 de setembro de


2016, uma segunda-feira, mas o contribuinte não providenciou a declaração do débito. A
legislação desse tributo atribuiu ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa. Nessa situação hipotética, considerando-se a posição
majoritária do STJ, a data correta para o início da contagem do prazo quinquenal para a fazenda
pública constituir o crédito tributário é o dia 1.º de janeiro de 2017. BL: S. 555, STJ e art. 173, I do
CTN23.

#Atenção: Considerando-se o lançamento por homologação, deve-se observar o artigo 173, I, CTN,
bem como o disposto à súmula 555 do STJ.

(TJPR-2017-CESPE): Em 3/6/09, determinado contribuinte sofreu lançamento referente a fatos


geradores de ICMS que teriam ocorrido em 1.º/3/04, sem que tivesse havido declaração de débito
nem qualquer pagamento de tributo. Nessa situação hipotética, não houve decadência nem
prescrição. BL: S. 555, STJ e art. 173, I,24 e art. 174, CTN25.

#Atenção: Em se tratando de tributo lançado por homologação que não foi pago e nem declarado,
aplica-se, para o prazo decadencial, o disposto do art. 173, I do CTN, amparado na Súmula 555 do
STJ. No caso concreto, como o fato gerador ocorreu em 1º/3/04, o prazo decadencial para a
constituição do crédito se contará a partir do primeiro dia do exercício seguinte (01/05/05). E,
como o prazo é de 5 anos, a decadência somente estaria consumada em 01/10/10. Desse modo,
como o lançamento foi feito em 3/6/09, não há se falar em decadência. Por outro lado, a
prescrição de 5 anos somente se iniciaria da data da constituição definitiva do crédito tributário
pelo lançamento, nos termos do art. 174 do CTN. Logo, no caso em tela, não houve nem
decadência nem prescrição.

Súmula 554: Na hipótese de SUCESSÃO EMPRESARIAL, a responsabilidade da sucessora


ABRANGE NÃO APENAS os tributos devidos pela sucedida, MAS TAMBÉM as multas
moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores OCORRIDOS até a data da sucessão . (TRF3-
2016) (TRF2-2017) (MPF-2017) (PGESC-2018) (PGESP-2018) (PCBA-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018)
(Cartórios/TJMG-2017/2019) (TJPR-2019) (PGEGO-2021) (TCDF-2021) (TJRS-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022)
(PGM-POA/RS-2022) (Aud. Fiscal-SEFAZ/SE-2022) (MPSC-2023)

OBS: Importante. A Súmula 554-STJ trata sobre a responsabilidade tributária na sucessão


empresarial. Ao falar em responsabilidade tributária por "sucessão empresarial", a jurisprudência
abrange duas hipóteses:
a) Responsabilidade em caso de fusão, transformação ou incorporação de pessoas jurídicas
(art. 132);
b) Responsabilidade do adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento (art. 133 do
CTN).

A sucessora terá que pagar apenas os tributos ou também as multas tributárias que a sucedida
tivesse contra si? As empresas argumentavam que a sucessora deveria pagar apenas os tributos,
estando dispensadas de arcar com o pagamento das multas. Isso porque os arts. 132 e 133, que
tratam sobre a responsabilidade tributária na sucessão empresarial, falam expressamente apenas
em tributos. Veja:
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos TRIBUTOS devidos (...)

23
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
(...)
24
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
(...)
25
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por
qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob
firma ou nome individual, responde pelos TRIBUTOS, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de
seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de
comércio, indústria ou profissão.

Outro argumento dos responsáveis era o de que a multa, por possuir caráter de sanção, seria
pessoal e, por isso, não se transmitiria a terceiros.

A tese das empresas foi acolhida pela jurisprudência? NÃO. O STJ decidiu que, na hipótese de
sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos
pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores
ocorridos até a data da sucessão.

Dívidas de valor que acompanham o patrimônio passivo transmitido ao sucessor : Segundo o STJ,
as multas moratórias ou punitivas representam dívida de valor e, como tal, acompanham o
passivo do patrimônio transmitido ao sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a
data da sucessão.

Evitar simulações: Outro argumento invocado, este de ordem metajurídico, é o de que se as


multas fossem excluídas da responsabilidade por sucessão, as empresas que possuíssem contra si
multas impostas poderiam simular uma sucessão e, com isso, poderiam reiniciar as atividades
pagando apenas os tributos e ficando livres das multas.

Abrange multas moratórias e punitivas: Vale chamar a atenção para o fato de que a multa será
devida pelo sucessor, não importando se ela é de caráter moratório ou punitivo. Havia
divergência quanto a isso e agora está pacificado. As multas moratórias, também chamadas de
multas administrativas, são aquelas impostas ao contribuinte pelo fato de ele ter atrasado o
pagamento do tributo. As multas punitivas, também denominadas de multas de ofício, são
aquelas impostas pelo descumprimento de uma obrigação acessória do contribuinte. O exemplo
típico está no art. 44 da Lei nº 9.430/96.

Multa continua sendo diferente de tributo: Por fim, uma última observação: multa não é tributo.
O conceito de tributo é previsto no art. 3º do CTN e nele é previsto expressamente que tributo não
constitui "sanção de ato ilícito". A multa é uma sanção por ato ilícito e, portanto, está fora da
definição de tributo. Apesar de multa não ser tributo, ela também é transmitida para o sucessor
em caso de sucessão empresarial. Essa transmissão ocorre porque a multa é uma dívida de valor
que faz parte do patrimônio passivo do sucedido e, como tal, transfere-se ao sucessor.

(PGEGO-2021-FCC): BMM Indústria Ltda. adquire estabelecimento comercial de LTC Indústria


Ltda. Após tal aquisição, BMM Indústria Ltda. permanecem na mesma atividade do
estabelecimento. LTC Indústria Ltda. também continua a exercer a sua atividade. Após a
aquisição, a fiscalização apura débitos tributários e infrações do estabelecimento adquirido, com
fatos geradores anteriores ao trespasse. Nesse caso, nos termos do Código Tributário Nacional e
da jurisprudência do STJ, a BMM Indústria Ltda. fica subsidiariamente responsável pelos débitos
tributários, juros de mora e multas moratórias ou punitivas do estabelecimento adquirido. BL: art.
133, II, CTN e S. 554, STJ (citada acima).

#Atenção: Ao ler o enunciado da questão, podemos identificar o seguinte: i) Analisar se o


alienante (LTC Indústria Ltda), após vender, cessou suas atividades empresárias por pelo menos
seis meses, ou, ao contrário, de dentro desse período de carência ele voltou a praticar atos
comércio.; ii) O próprio enunciado da questão, nos concede a informação, veja-se: “LTC Indústria
Ltda. também continua a exercer a sua atividade”. Dessa forma, com a LTC Indústria Ltda, continuou a
exercer a sua atividade, então ela que continuará respondendo pelas dívidas que gerou, endividou
e ficou inadimplente; iii) O adquirente (BMM Indústria Ltda), ficará protegido com a
responsabilização apenas subsidiária, por força do art.133, II do CTN.; iv) Agora, no caso a
alienante (LTC Indústria Ltda) tivesse cessado suas atividades por, pelo menos, seis meses a
contar da venda ou cessado para sempre, o adquirente (BMM Indústria Ltda) passaria a responder
"integralmente" (no sentido de "solidariamente com o alienante) pela dívidas, por força do art. 133, I
do CTN.; v) Constatem, portanto, que o que vai determinar a responsabilidade do adquirente
(BMM Indústria Ltda) será "subsidiaria" ou "integral" é a postura do alienante (LTC Indústria
Ltda) após a venda.; vi) Por fim, leia o teor da Súmula 554 do STJ.

(TJPR-2019-CESPE): A empresa X adquiriu todo o fundo de comércio da empresa Y e passou a


explorar o negócio sob outra razão social. Após a venda do fundo, Y encerrou regularmente suas
atividades, sem que tenha havido falência ou recuperação judicial. De acordo com a
jurisprudência majoritária do STJ, em relação a tributos e multas devidos pela empresa Y e
referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão, a empresa X responderá pelos
tributos devidos e pelas multas moratórias ou punitivas. BL: S. 554, STJ.

(PGM-João Pessoa/PB-2018-CESPE): Empresa devedora de tributo municipal e multas moratórias


e punitivas aplicadas pelo município foi extinta, e um dos sócios continuou, com firma individual,
a exploração da mesma atividade empresarial. Nessa situação hipotética, ocorreu transferência da
responsabilidade de pagamento dos tributos e das multas moratórias e punitivas. BL: S. 554, STJ.

(PCBA-2018-VUNESP): Havendo a incorporação de uma pessoa jurídica de direito privado por


outra, os tributos e as multas devidos pela pessoa jurídica incorporada até o ato de incorporação
são de responsabilidade da pessoa jurídica que resultar da incorporação, por sucessão. BL: 132,
CTN e S. 554, STJ.

Súmula 553: Nos casos de empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica, é
competente a Justiça estadual para o julgamento de demanda proposta exclusivamente contra a
Eletrobrás. Requerida a intervenção da União no feito após a prolação de sentença pelo juízo
estadual, os autos devem ser remetidos ao TRF competente para o julgamento da apelação, se
deferida a intervenção. (M)

OBS: Importante. No Direito Tributário, o que é um empréstimo compulsório? Se houver...


1) uma calamidade pública
2) uma guerra externa ou
3) a necessidade de se fazer investimento público urgente e de interesse nacional ...
... a União poderá tomar emprestados recursos do contribuinte comprometendo-se a
aplicar o valor arrecadado em uma dessas despesas.

Nisso consiste o empréstimo compulsório, que é uma espécie de tributo prevista no art. 148 da CF:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

A lei complementar que instituir o empréstimo compulsório já deverá fixar o seu prazo e as
condições de resgate (art. 15, parágrafo único, do CTN).

Empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica: A súmula 553 trata a respeito de
um empréstimo compulsório que foi instituído sobre o consumo de energia elétrica. Esse
empréstimo compulsório foi criado pela Lei 4.156/62 com o objetivo de financiar a expansão e a
melhoria do setor elétrico brasileiro em uma época onde em muitos lugares do país não havia
energia elétrica. Assim, na conta de luz do consumidor, além da tarifa normal, era cobrado
determinado valor a título de empréstimo compulsório.

Esse empréstimo compulsório foi exigido até 1993. O valor arrecadado era destinado à Eletrobrás
(Centrais Elétricas Brasileiras), sociedade de economia mista federal responsável pela expansão da
oferta de energia elétrica no país.

Divergências quanto à devolução dos valores: No prazo previsto na lei, a Eletrobrás efetuou a
devolução dos valores cobrados dos clientes como empréstimo compulsório. No entanto, surgiram
várias divergências acerca da quantia que seria realmente devida. Isso porque diversos
consumidores questionaram os índices de correção monetária e juros que foram utilizados pela
empresa para a devolução, especialmente por causa da alta inflação vivenciada no período. Além
disso, parte desses valores foram devolvidos em forma de ações preferenciais da Eletrobrás, o que
também gerou inúmeros conflitos quanto ao preço dessas ações, que não teria se baseado no valor
real de mercado. Enfim, todos esses problemas acabaram se transformando em milhares de ações
judiciais propostas pelos consumidores contra a Eletrobrás.

Vimos que o dinheiro arrecadado com o empréstimo compulsório era repassado à Eletrobrás, que
tinha a obrigação de investir na expansão da rede elétrica e, no final do prazo previsto na lei,
devolver aos consumidores a quantia tomada emprestada. E a União, qual era o papel que a lei
estabeleceu para ela? A União instituiu o empréstimo compulsório e, segundo a lei, ela seria
responsável solidária, juntamente com a Eletrobrás, pela devolução dos valores aos
consumidores (art. 4º, § 3º da Lei nº 4.156/62). Em outras palavras, a obrigação de devolver os
valores do empréstimo compulsório era solidária da União e da Eletrobrás.

Diante disso, surgiu uma dúvida: de quem é a competência para julgar as demandas envolvendo
cobrança de valores relacionados com o empréstimo compulsório sobre o consumo de energia
elétrica? Depende:
1) Se o consumidor propõe a ação contra a Eletrobrás e a União, em litisconsórcio : Justiça
FEDERAL. Vimos acima que a União responde solidariamente pelo empréstimo compulsório, nos
termos do art. 4º, § 3º, da Lei 4.156/62. Desse modo, sendo caso de responsabilidade solidária, o
autor (credor) poderá ajuizar a ação contra os dois devedores solidários (União e Eletrobrás) em
litisconsórcio. Se assim o fizer, a competência será da Justiça Federal, com base no art. 109, I, da
CF.

2) Se o consumidor propõe a ação exclusivamente contra a Eletrobrás:


2.1 REGRA: em regra, a competência será da Justiça ESTADUAL. Como a dívida é solidária, o
autor (credor) pode escolher ajuizar a ação contra apenas um dos devedores solidários (art. 275 do
CC). Não se trata de litisconsórcio necessário, mas sim facultativo (REsp 1145146/RS). Se
escolher propor a ação exclusivamente contra a Eletrobrás (não incluindo a União na lide), a
Justiça Estadual será competente para a apreciação da causa. Isso porque, em regra, as
sociedades de economia mista, ainda que mantidas pela União, não são julgadas pela Justiça
Federal. Se você ler novamente o inciso I do art. 109 da CF verificará que as sociedades de
economia mista não estão ali previstas. Houve uma opção do constituinte de não incluir tais
empresas estatais no rol do art. 109 da CF. Justamente por isso, as causas envolvendo a Eletrobrás
(sociedade de economia mista federal), sem a presença da União, são julgadas pela Justiça
estadual.

2.2 EXCEÇÃO: se a União intervier na lide, a competência será da Justiça FEDERAL. Como a
União é devedora solidária, ela possui interesse jurídico e poderá pedir para intervir na lide .
Ocorrendo esta situação, o juiz de direito (juiz estadual) que estava apreciando a lide contra a
Eletrobrás deverá declinar a competência para a Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF.
Importante esclarecer que não cabe ao juiz de direito dizer se há ou não interesse da União.
Pedindo a União para intervir, o magistrado estadual deverá declinar a competência para que a
Justiça Federal aprecie o pedido da União (Súmula 150-STJ).

Esse pedido de intervenção da União pode ocorrer após o juiz já ter sentenciado a lide? Ex: o
consumidor ingressou, na Justiça Estadual, com ação exclusivamente contra a Eletrobrás. Em um
primeiro momento, a União não pediu para intervir na lide. O juiz de direito sentenciou
condenando a Eletrobrás. Ao saber da sentença, a União pede para intervir. Isso é possível? O que
acontecerá neste caso? SIM, é possível que a União requeira sua intervenção na lide mesmo
após a sentença já ter sido prolatada. Neste caso, os autos deverão ser remetidos ao Tribunal
Regional Federal competente para que este analise em um primeiro momento o pedido de
ingresso da União e, se deferida a intervenção, faça o julgamento da apelação. Trata-se de uma
interessante hipótese em que o TRF irá julgar, em apelação, uma sentença proferida por juiz
estadual (juiz de direito). Vale ressaltar que, quando a sentença foi prolatada pelo juiz direito, ele
era competente para julgar a causa, já que só havia a Eletrobrás na lide. Assim, a sentença não
poderá ser anulada por incompetência. Somente a partir do momento em que ocorre a
intervenção da União é que a competência muda para a Justiça Federal, ocasionando o
deslocamento da competência, mas sem a anulação dos atos praticados pelo juízo estadual
anteriormente competente (STJ 1.111.159/RJ).

Importante esclarecer que, havendo manifestação da União no sentido de ingressar no feito na


qualidade de assistente da Eletrobrás, o feito deve ser deslocado para o TRF porque cabe à
Justiça Federal (e não à Justiça Estadual) analisar se cabe ou não a intervenção da União (Súmula
150 do STJ).
Súmula 552: O portador de SURDEZ UNILATERAL NÃO SE QUALIFICA como pessoa COM
DEFICIÊNCIA para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.

OBS: Importante.

A CF determina que um percentual das vagas dos concursos públicos deve ser destinado aos
candidatos com deficiência. Ex.: em um concurso para analista judiciário, são oferecidas 100 vagas.
A lei dessa carreira determina que 10% das vagas sejam destinadas a portadores de necessidades
especiais (PNEs). Logo, 10 vagas desse concurso deverão ser ocupadas por PNEs. Se não houver
candidatos deficientes aprovados em número suficiente para preencher essas vagas, o edital
poderá prever que essas vagas serão ocupadas por candidatos que não sejam pessoas com
deficiência.

Veja o texto constitucional:


Art. 37 (...)
VIII — a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

Percentual no caso de concursos públicos federais: Nos concursos públicos realizados no âmbito
do Poder Executivo federal, a legislação determina que o edital deverá prever um percentual de,
no mínimo 5% e, no máximo, 20% das vagas às pessoas com deficiência. Caso a aplicação do
percentual resulte em um número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número
inteiro subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das vagas ofertadas. Ex.:
concurso público para 12 vagas; edital prevê 10% para pessoas com deficiência (1,2 vagas); logo, 2
vagas serão para PNEs. Além disso, é indispensável que a deficiência apresentada não seja
incompatível com o cargo. Tais regras estão previstas no art. 5º, § 2º da Lei nº 8.112/90 e no art. 1º,
§1º do Decreto nº 9.508/18.

A pessoa que possui audição em apenas um dos ouvidos (surdez unilateral) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? NÃO. Segundo a jurisprudência do
STJ, candidato em concurso público com surdez unilateral NÃO tem direito a participar do
certame na qualidade de deficiente auditivo.

Por quê? O Decreto nº 3.298/99 regulamentou a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Em seu art. 4º, o Decreto assim
define a deficiência auditiva:
Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes
categorias:
II — deficiência auditiva — perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB)
ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
(Redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004)

Perceba, portanto, que, para o Decreto, a deficiência auditiva é a perda bilateral da audição. A
redação atual foi dada pelo Decreto nº 5.296/2004, que expressamente acrescentou a palavra
“bilateral”.

Vale ressaltar que existe um precedente da 2ª Turma do STF no mesmo sentido: MS 29.910 AgR,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2011.

A pessoa que possui visão em apenas um dos olhos (visão monocular) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? SIM. Existe a Súmula 377 do STJ
espelhando essa conclusão. Esse é também o entendimento do STF: RMS 26071, Rel. Min. Carlos
Britto, j. 13/11/2007.

Diferença de tratamento entre as duas situações: Essa distinção acima existe porque o Decreto nº
3.298/99 exige expressamente, para que seja considerada deficiência auditiva, que a surdez seja
bilateral (art. 4º, II). Este mesmo Decreto, ao definir deficiência visual (art. 4º, III), não exige que a
cegueira seja nos dois olhos. Em outras palavras, o art. 4º do Decreto nº 3.298/99 proíbe que a
pessoa com surdez unilateral seja considerada deficiente auditiva, mas permite que a pessoa com
visão monocular seja enquadrada como deficiente visual. Dessa forma, a diferença de tratamento
foi fixada pelo Decreto com base, supostamente, em critérios técnicos. Para nós, leigos, contudo,
resta a sensação de que não há muita razoabilidade nesta distinção.

Em suma:
a) Surdez unilateral: NÃO é considerada deficiência para fins de concurso público.
b) Cegueira unilateral: é considerada deficiência para fins de concurso público.

(MPGO-2019): A respeito dos direitos da pessoa com deficiência, assinale a alternativa correta:
Segundo entendimento do STJ, em concurso público, o portador de surdez unilateral não se
qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas, enquanto o
portador de visão monocular tem direito de concorrer às vagas reservadas à pessoa com
deficiência. BL: S. 377 e 552, STJ.

(MPMS-2018): Em atenção ao Direito das Pessoas com Deficiência, é correto afirmar: De acordo
com o STJ, o portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o
fim de disputar vagas reservadas em concursos públicos. BL: S. 552, STJ.

Súmula 551: Nas demandas por complementação de ações de empresas de telefonia, admite-se a
condenação ao pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio independentemente de
pedido expresso. No entanto, somente quando previstos no título executivo poderão ser objeto de
cumprimento de sentença.

OBS: O juiz pode condenar ao pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio mesmo que
não tenha havido pedido expresso na petição inicial da demanda de complementação de ações.
No entanto, se a sentença foi omissa, tais verbas não poderão ser exigidas no momento do
cumprimento de sentença.

Súmula 550: A UTILIZAÇÃO DE ESCORE DE CRÉDITO, método estatístico de avaliação de risco


que NÃO CONSTITUI banco de dados, DISPENSA o consentimento do consumidor, que terá o
direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados
considerados no respectivo cálculo. (MPF-2015) (TJDFT-2016) (TJAM-2016) (MPRR-2017) (DPU-2017) (TJMT-
2018) (DPEPE-2018) (DPEGO-2021) (TJSP-2023)

OBS: Importante.

Escore de crédito: Escore de crédito, também chamado de “crediscore” ou "credit scoring”, é um


sistema ou método utilizado para analisar se será concedido ou não crédito ao consumidor que
pedir a concessão de um empréstimo ou financiamento. No escore de crédito, a pessoa que está
pedindo o crédito é avaliada por meio de fórmulas matemáticas, nas quais são consideradas
diversas variáveis como a idade, a profissão, a finalidade da obtenção do crédito etc. Tais variáveis
são utilizadas nas fórmulas matemáticas e, por meio de ferramentas da estatística, atribui-se uma
espécie de pontuação (nota) para a pessoa que está pedindo o crédito. Quanto maior a nota, menor
seria o risco de se conceder o crédito para aquele consumidor e, consequentemente, mais fácil para
ele conseguir a liberação. Algumas das informações que são consideradas como variáveis na
fórmula matemática do “credit scoring”: idade, sexo, estado civil, profissão, renda, número de
dependentes, endereço, histórico de outros créditos que pediu etc. Com base em estudos
estatísticos, concluiu-se que pessoas de determinado sexo, profissão, estado civil, idade etc. são
mais ou menos inadimplentes. Logo, se o consumidor está incluído nos critérios considerados
como de “bom pagador”, ele recebe uma pontuação maior.

O “credit scoring” pode ser utilizado no Brasil como sistema de avaliação do risco de concessão
de crédito?: SIM. O STJ entendeu que essa prática comercial é LÍCITA, estando autorizada pela Lei
12.414/11 (Lei do Cadastro Positivo). Vale ressaltar, no entanto, que para o “credit scoring” ser
lícito, é necessário que respeite os limites estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor
no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações negociais, conforme
previsão do CDC e da Lei nº 12.414/2011. Nesse sentido: STJ. 2ª Seção. REsp 1.419.697-RS, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 551).
(TJSP-2023-VUNESP): É correto afirmar que: é lícito o uso de escore de crédito (credit scoring) para
concessão de crédito ao consumidor. BL: Info 551, STJ.

O escore de crédito é previsto na Lei nº 12.414/2011?


• Antes LC 166/2019: não era previsto expressamente. A doutrina e o STJ afirmavam que o escore
de crédito era autorizado, indiretamente, pelo art. 5º, IV e pelo art. 7º, I, da Lei nº 12.414/2011.
• Depois LC 166/2019: foi inserido o art. 7º-A na Lei nº 12.414/2011 prevendo expressamente a
nota ou pontuação de crédito. Confira:
Art. 7º-A Nos elementos e critérios considerados para composição da nota ou pontuação
de crédito de pessoa cadastrada em banco de dados de que trata esta Lei, não podem ser
utilizadas informações:
I - que não estiverem vinculadas à análise de risco de crédito e aquelas relacionadas à
origem social e étnica, à saúde, à informação genética, ao sexo e às convicções políticas,
religiosas e filosóficas;
II - de pessoas que não tenham com o cadastrado relação de parentesco de primeiro grau
ou de dependência econômica; e
III - relacionadas ao exercício regular de direito pelo cadastrado, previsto no inciso II do
caput do art. 5º desta Lei.
§ 1º O gestor de banco de dados deve disponibilizar em seu sítio eletrônico, de forma clara,
acessível e de fácil compreensão, a sua política de coleta e utilização de dados pessoais para
fins de elaboração de análise de risco de crédito.
§ 2º A transparência da política de coleta e utilização de dados pessoais de que trata o § 1º
deste artigo deve ser objeto de verificação, na forma de regulamentação a ser expedida pelo
Poder Executivo.

A pessoa que tem seus dados registrados no crediscore tem direito de pedir para saber quais as
informações a seu respeito que lá constam? SIM. Apesar de ser possível a inserção de dados do
consumidor no crediscore mesmo sem o seu prévio consentimento, caso este solicite, a empresa
deverá fornecer esclarecimentos sobre as fontes dos dados considerados (histórico de crédito),
bem como sobre as informações pessoais que foram valoradas (STJ. 2ª Seção. REsp 1419697/RS,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/11/2014.

(DPEPE-2018-CESPE): De acordo com a jurisprudência do STJ, a utilização de escore de crédito


para a avaliação do risco de concessão de crédito é prática lícita independentemente do
consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações
e dados pessoais valorados. BL: S. 550, STJ.

#Atenção: #DPU-2017: #CESPE: A utilização do escore de crédito não é considerada prática


comercial ilícita, na medida em que esse sistema não constitui banco de dados, e dispensa o
consentimento do consumidor para que seus dados sejam nele incluídos.

(MPRR-2017-CESPE): Acerca dos bancos de dados e cadastros de consumidores, assinale a opção


correta à luz do entendimento doutrinário a respeito do tema e da jurisprudência do STJ: Embora
restrinjam a privacidade dos consumidores, os bancos de dados de proteção ao crédito estão em
conformidade com a ordem constitucional. BL: S. 550, STJ.

Súmula 549: É VÁLIDA a PENHORA DE BEM DE FAMÍLIA pertencente a fiador de contrato de


locação. (TJDFT-2014) (TJPR-2017) (DPESC-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (TRT/Unificado-2017) (DPEAP-2018)
(DPEPE-2018) (PGEAP-2018) (TJAC-2019) (DPEMG-2019) (MPCE-2020) (DPERJ-2021) (TJSC-2022) (TCERJ-2023)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro aluga seu apartamento para Rui (locatário). João,
melhor amigo de Rui, aceita figurar no contrato como fiador. Após um ano, Rui devolve o
apartamento, ficando devendo, contudo, quatro meses de aluguel. Pedro propõe uma execução
contra Rui e João cobrando o valor devido. O juiz determina a penhora da casa em que mora João
e que está em seu nome. É possível a penhora da casa de João, mesmo sendo bem de família? SIM.
A impenhorabilidade do bem de família não se aplica no caso de dívidas do fiador decorrentes
do contrato de locação. Veja o que diz a Lei nº 8.009/90:
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

Esse inciso VII do art. 3º é constitucional? Ele é aplicado pelo STF e STJ? SIM. O STF decidiu que
o art. 3º, VII, da Lei 8.009/90 é constitucional, não violando o direito à moradia (art. 6º da CF) nem
qualquer outro dispositivo da CF. O Tribunal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº
407.688-8/SP, declarou a constitucionalidade do inciso VII do art. 3º da Lei 8.009/90, que
excepcionou da regra de impenhorabilidade do bem de família o imóvel de propriedade de fiador
em contrato de locação (STF. 1ª Turma. RE 495105 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 5/11/13).

Resumindo: é legítima a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.


Isso porque o art. 3º, VII, da Lei 8.009/90 afirma que a impenhorabilidade do bem de família não
se aplica no caso de dívidas do fiador decorrentes do contrato de locação. O STF decidiu que esse
dispositivo é constitucional e não viola o direito à moradia. Principal precedente que deu
origem à súmula: STJ. 2ª Seção. REsp 1.363.368-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
12/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 552).

(TJAC-2019-VUNESP): Assinale a alternativa correta sobre os bens de família, de acordo com a


legislação pertinente e entendimento jurisprudencial sobre a matéria: É válida a penhora de bem
de família pertencente a fiador de contrato de locação residencial. BL: art. 3º, VII da Lei 8009 e
Súmula 549 do STJ.

(TJPR-2017-CESPE): Pedro alugou um imóvel pertencente a Maria. Os fiadores, João e Mateus,


não renunciaram ao benefício de ordem nem optaram expressamente pelo benefício da divisão.
Diante da ausência de pagamento de Pedro, Maria ajuizou ação de despejo cumulada com
cobrança de alugueres vencidos e vincendos. Julgado procedente o pedido, na fase de execução do
julgado, ante a ausência de bens de Pedro e João, foi penhorado imóvel de Mateus, o qual
argumentou que o bem era destinado à sua residência com os filhos menores. Considerando essa
situação hipotética à luz da legislação aplicável ao caso e da jurisprudência do STJ, assinale a
opção correta: A penhora realizada sobre o bem de família de Mateus foi legítima. BL: art. 3º, VII
da Lei 8009 e Súmula 549 do STJ.

Súmula 548: INCUMBE ao credor a EXCLUSÃO DO REGISTRO DA DÍVIDA em nome do


devedor NO CADASTRO DE INADIMPLENTES no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral
e efetivo pagamento do débito. (TJSP-2014) (TJPI-2015) (DPEPE-2015) (PGEPA-2015) (PGM-Salvador/BA-2015)
(MPRO-2017) (MPF-2017) (Cartórios/TJRJ-2017) (TJCE-2018) (TJMT-2018) (MPBA-2018) (TJPA-2019) (TJRJ-2019)
(DPECE-2022) (TJDFT-2016/2023)

OBS: Importante.

Se o devedor paga a dívida, a quem caberá informar o SPC ou a SERASA dessa situação para que
seja retirado o nome do devedor? Cumpre ao CREDOR (e não ao devedor) providenciar o
cancelamento da anotação negativa do nome do devedor em cadastro de proteção ao crédito,
quando paga a dívida.

Vale ressaltar que é inclusive crime, previsto no CDC, quando o fornecedor deixa de comunicar o
pagamento ao cadastro de proteção ao crédito:
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de
cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Pena — Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Assim, uma vez regularizada a situação de inadimplência do consumidor, deverão ser


imediatamente corrigidos os dados constantes nos órgãos de proteção ao crédito (REsp
255.269/PR).

Qual é o prazo que tem o credor para retirar (dar baixa) do nome do devedor no cadastro
negativo? 5 (cinco) dias úteis. Assim, mesmo havendo regular inscrição do nome do devedor em
cadastro de órgão de proteção ao crédito, após o integral pagamento da dívida, incumbe ao
CREDOR requerer a exclusão do registro desabonador, no prazo de 5 dias úteis, a contar do
primeiro dia útil subsequente à completa disponibilização do numerário necessário à quitação
do débito vencido. STJ. 2ª S. REsp 1.424.792-BA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/9/14 (recurso
repetitivo) (Info 548).

Qual foi o fundamento para se encontrar esse prazo? O STJ construiu este prazo por meio de
aplicação analógica do art. 43, § 3º do CDC:
Art. 43 (...) § 3º. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e
cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco
dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.

Qual é o termo inicial para a contagem? Este prazo começa a ser contado da data em que houve
o pagamento efetivo. No caso de quitações realizadas mediante cheque, boleto bancário,
transferência interbancária ou outro meio sujeito à confirmação, o prazo começa a ser contado do
efetivo ingresso do numerário na esfera de disponibilidade do credor.

Estipulação de prazo diverso mediante acordo entre as partes: É possível que seja estipulado entre
as partes um outro prazo diferente desses 5 dias, desde que não seja abusivo.
O que acontece se o credor não retirar o nome do devedor do cadastro no prazo de 5 dias? A
manutenção do registro do nome do devedor em cadastro de inadimplentes após esse prazo
impõe ao credor o pagamento de indenização por dano moral, independentemente de
comprovação do abalo sofrido.

(TJPA-2019-CESPE): Maria e João, titulares de conta-corrente conjunta, foram informados da


existência de uma dívida contraída por Maria para a aquisição de determinado produto e
notificados de que o não pagamento no prazo estipulado implicaria a inclusão de seus nomes em
cadastro restritivo de crédito. Em difícil situação financeira, nem João nem Maria efetuaram o
pagamento no prazo estipulado, por isso seus nomes foram incluídos em cadastro de
consumidores inadimplentes. Posteriormente, houve o pagamento integral da dívida. Tendo como
referência essa situação hipotética, assinale a opção correta, com base na jurisprudência do STJ
acerca de bancos de dados e cadastros de consumidores: A partir do pagamento integral do
débito, cabe ao fornecedor do produto adquirido por Maria excluir do cadastro de inadimplentes
o nome dela e o de João. BL: S. 548, STJ.

(TJMT-2018-VUNESP): No que concerne ao banco de dados e cadastro de consumidores,


considerando também o posicionamento sumulado do STJ, assinale a alternativa correta: No prazo
de cinco dias úteis a partir do integral e efetivo pagamento do débito, o credor deverá promover a
exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes. BL: S. 548,
STJ.

(MPF-2017): Acerca da inscrição do nome do devedor em cadastros de proteção ao crédito,


assinale a alternativa correta: Somente a partir do integral e efetivo pagamento do débito, o credor
terá a obrigação de excluir do registro da dívida o nome do devedor no cadastro de
inadimplentes, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. BL: S. 548, STJ.

(TJPI-2015-FCC): Em razão de dificuldade financeira, Mike deixou de realizar o pagamento de


compra na empresa Bravo, que, depois de notificar regularmente o consumidor, inscreveu-o em
cadastro de proteção ao crédito. Posteriormente, a empresa Juliett também inscreveu Mike em
cadastro de proteção ao crédito, mas de maneira irregular. Mike ajuizou ação indenizatória contra
Juliett. Ato contínuo, Mike pagou a dívida que tinha com Bravo. Contudo, Bravo manteve Mike
inscrito irregularmente em cadastro de proteção ao crédito. Por tal razão, Mike ajuizou outra ação,
agora em face de Bravo. Tendo em vista os princípios que informam a responsabilidade do
fornecedor, bem como súmula do STJ, Mike tem direito de receber indenização por dano moral de
Bravo, que o manteve inscrito indevidamente em cadastro de proteção ao crédito, mas não de
Juliett, em razão da preexistência de legítima inscrição. BL: S. 548, STJ.

#Atenção: Além da súmula 385 do STJ, que fundamenta o indeferimento do pedido de reparação
de dano moral pela empresa Juliett, a questão também exige o conhecimento da súmula 548 do
STJ: Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de
inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito. A
manutenção indevida do nome do consumidor do órgão de proteção ao crédito enseja a reparação
de dano moral, razão pela qual Bravo deve pagar indenização.

Súmula 547: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de participação
financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica, o prazo prescricional é de vinte
anos na vigência do Código Civil de 1916. Na vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de cinco
anos se houver previsão contratual de ressarcimento e de três anos na ausência de cláusula nesse
sentido, observada a regra de transição disciplinada em seu art. 2.028 . (PGM-Várzea Paulista/SP-2021)

Súmula 546: A competência para processar e julgar o CRIME DE USO DE DOCUMENTO FALSO
É FIRMADA em razão da entidade ou órgão ao qual FOI APRESENTADO o documento público,
NÃO IMPORTANDO a qualificação do órgão expedidor. (DPERO-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (Anal.
Judic./TRF5-2017) (PCGO-2018) (PCRS-2018) (TJBA-2019) (MPGO-2019) (PCES-2019)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João e Ricardo já haviam feito inúmeras vezes o exame de
direção para tirar carteira de motorista, mas nunca passavam. Decidiram, então, comprar de Pedro
(conhecido falsário) a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsificada, uma para cada.

FALSIFICAÇÃO COMETIDA POR PEDRO: Alguns meses depois, Pedro, que continuava
falsificando carteiras para vender, foi preso em flagrante, tendo sido denunciado por falsificação
de documento público (art. 297 do CP).

 De quem será a competência para julgar Pedro? Justiça Estadual. Isso porque a Carteira
de Habilitação, quando verdadeira, é um documento expedido pelo DETRAN, conforme
previsto no art. 22, II, da Lei nº 9.503/97 (CTB). O DETRAN possui natureza jurídica de
órgão ou de autarquia estadual (a depender da legislação de cada Estado). Logo, quando
o agente falsifica uma Carteira de Habilitação, ele está lesando um serviço de interesse
estadual.

USO DE DOCUMENTO FALSO POR JOÃO: Determinado dia, João, em uma blitz do órgão
municipal de trânsito, apresentou sua Carteira de Habilitação falsificada. O agente de trânsito,
percebendo a falsificação, chamou um PM e João foi preso em flagrante por uso de documento
falso (art. 304 do CP).

 De quem será a competência para julgar João? Justiça Estadual. Isso porque o uso do
documento falso foi feito para iludir o serviço de segurança viária realizado pelo
Município. Logo, não há nenhum interesse federal no crime praticado, não sendo
competência da Justiça Federal por não se enquadrar em nenhuma das hipóteses do art.
109 da CF.

USO DE DOCUMENTO FALSO POR RICARDO: Mais alguns meses depois, Ricardo foi viajar de
carro para outro Estado e, na fiscalização montada pela Polícia Rodoviária Federal, foi solicitado a
ele que apresentasse a habilitação, o que foi feito. Ao consultar no sistema informatizado, o
Policial Rodoviário Federal constatou que se tratava de documento falsificado, uma vez que o
número não constava nos registros do DENATRAN. Ricardo foi preso em flagrante por uso de
documento falso (art. 304 do CP).

 Ficou agora a dúvida: a Carteira Nacional de Habilitação é um documento expedido por


ente estadual, mas a Polícia Rodoviária é um órgão federal. Diante disso, indaga-se: de
quem será a competência para julgar o crime: da Justiça Estadual ou Federal? Justiça
Federal. A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público,
não importando a qualificação do órgão expedidor.

Para o STJ, no caso do crime de uso de documento falso, a qualificação do órgão expedidor do
documento público é irrelevante para determinar a competência. No uso de documento falso, o
critério a ser utilizado para definir a competência é analisar a natureza do órgão ou da entidade a
quem o documento foi apresentado, considerando que são estes quem efetivamente sofrem os
prejuízos em seus bens ou serviços. Assim, se o documento falso é apresentado perante um órgão
ou entidade federal, a vítima é este órgão ou entidade que teve seu serviço ludibriado.

Quadro-resumo:
 Competência para julgar a FALSIFICAÇÃO do documento: definida em razão do órgão
expedidor.
 Competência para julgar o USO do documento falso: definida em razão do órgão a
quem é apresentado.

Regras para definir a competência nos crimes contra a fé-pública: De forma bem completa, Renato
Brasileiro (Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 426429) elenca quatro regras
para se determinar a competência nos crimes contra a fé pública:
1) Em se tratando de falsificação, em qualquer uma de suas modalidades, a competência será
determinada pelo ente responsável pela confecção do documento.
2) Em se tratando de crime de uso de documento falso (art. 304 do CP), por terceiro que não
tenha sido responsável pela falsificação do documento, é irrelevante a natureza desse documento
(se federal ou estadual), pois a competência será determinada em virtude da pessoa física ou
jurídica prejudicada pelo uso.
3) Em caso de uso de documento falso pelo próprio autor da falsificação, estará configurado um
só delito (o de falsificação), sendo o uso considerado como mero exaurimento da falsificação
anterior (post factum impunível), com base na aplicação do princípio da consunção. Assim, a
competência será determinada pela natureza do documento (regra 1), independentemente da
pessoa física ou jurídica prejudicada pelo seu uso.
4) Em se tratando de crimes de falsificação ou de uso de documento falso cometidos como meio
para a prática de um crime-fim, sendo por este absorvidos, a competência será determinada pelo
sujeito passivo do crime-fim.

#Atenção: #MPGO-2019: #STJ: “[…] Não obstante tratar-se a Carteira Nacional de Habilitação –
CNH de documento cuja expedição é atribuída ao Departamento Trânsito – DETRAN de cada
unidade da federação, infere-se que, no caso em questão, referido documento, fruto de
falsificação, foi apresentado pelo acusado a agente da Polícia Rodoviária Federal, servidor público
federal que é incumbido da função de patrulhar ostensivamente as rodovias federais. […] Em
recentes julgados proferidos em casos semelhantes, esta Corte tem dado relevância à pessoa ou
entidade que tenha sido alvo da utilização do documento falso, não importando, em princípio, a
qualidade do órgão expedidor do documento público. […] Sendo certo que a Carteira Nacional
de Habilitação falsa que portava o acusado foi utilizada perante agente da Polícia Rodoviária
Federal, o qual, como anteriormente salientado, é incumbido do dever de patrulhar
ostensivamente as rodovias federais, evidente é a caracterização do prejuízo a serviço da União,
justificando-se a fixação da competência da Justiça Federal. […]'” (STJ, 3ª S. CC 78382BA, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis MOURA, j. 22/8/07).

(MPMT-2019-FCC): O Governo do Estado do Mato Grosso publicou edital de concurso público


para provimento de cargo no Poder Executivo. O agente, utilizando-se de diploma de graduação
expedido por Universidade Federal falsificado, inscreveu-se e participou das etapas do concurso
até ser descoberto o crime. A competência para processar e julgar a ação penal será da Justiça
Estadual de Mato Grosso. BL: S. 546, STJ.

#Atenção: Perceba que o diploma falsificado foi apresentado perante o Governo do Estado do
Mato Grosso. Portanto, de acordo com o entendimento sumulado, pouco importa a qualificação
do suposto orgão expedidor (Universidade Federal), devendo, outrossim, o crime ser julgado
perante a Justiça Estadual do MT.

(TJAL-2019-FCC): Em matéria de competência, fica firmada em razão da entidade ou órgão ao


qual apresentado o documento público falso, independentemente da qualificação do órgão
expedidor. BL: S. 546, STJ.

(TJMG-2018-Consulplan): Em relação à competência no processo penal, analise a afirmativa a


seguir: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em
razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor. BL: S. 546, STJ.

Súmula 545: Quando a CONFISSÃO FOR UTILIZADA para a formação do convencimento do


julgador, o réu FARÁ JUS à ATENUANTE prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal . (MPRR-
2017) (DPEMA-2018) (TRF3-2018) (TJAL-2015/2019) (TJBA-2019) (TJPA-2019) (TJRJ-2019) (MPGO-2019) (DPEDF-
2019) (DPESP-2019) (MPDFT-2015/2021) (MPSC-2021) (DPEBA-2021) (DPERR-2021) (PCMS-2021) (MPM-2021)
(MPSP-2017/2022)

OBS1: Importante.

Confissão espontânea: A confissão espontânea é atenuante genérica prevista no art. 65, III, “d”, do
CP:
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;

Como se trata de atenuante, a confissão serve para diminuir a pena do condenado, o que é feito na
2ª fase da dosimetria da pena.

Confissão parcial: Ocorre quando o réu confessa apenas parcialmente os fatos narrados na
denúncia. Ex.: o réu foi denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 155,
§ 4º, I, do CP). Ele confessa a subtração do bem, mas nega que tenha arrombado a casa.

Se a confissão foi parcial e o juiz a considerou no momento da condenação, este magistrado


deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena? SIM. Se a confissão, ainda que
parcial, serviu de suporte para a condenação, ela deverá ser utilizada como atenuante (art. 65, III,
“d”, do CP) no momento de dosimetria da pena. Incide a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do
CP, independe se a confissão foi integral ou parcial, quando o magistrado a utilizar para
fundamentar a condenação. Mesmo nas hipóteses de confissão qualificada ou parcial, deve incidir
a atenuante prevista no art. 65. III, “d”, do Código Penal, se os fatos narrados pelo autor
influenciaram a convicção do julgador. Essa é a inteligência da Súmula 545 do STJ. STJ. 5ª Turma.
HC 450.201/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 21/03/2019.

Confissão qualificada: Ela ocorre quando o réu admite a prática do fato, no entanto, alega em
sua defesa um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena . Ex: eu matei sim, mas foi em
legítima defesa. Obs: por serem muito próximos os conceitos, alguns autores apresentam a
confissão parcial e a qualificada como sinônimas.

Se a confissão foi qualificada e o juiz a considerou no momento da condenação, este magistrado


deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena? Para o STJ: SIM. Não é possível
desmerecer a confissão daquele que efetivamente contribui para a elucidação dos fatos
supostamente delituosos, ainda que agregando teses defensivas. Nos casos em que a confissão do
acusado servir como um dos fundamentos para a condenação, deve ser aplicada a atenuante em
questão, pouco importando se a confissão foi espontânea ou não, se foi total ou parcial, ou mesmo
se foi realizada só na fase policial, com posterior retratação em juízo. Quando a confissão for
utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no
art. 65, III, “d”, do Código Penal (Súmula 545/STJ), sendo indiferente que a admissão da autoria
criminosa seja parcial, qualificada ou acompanhada de alguma causa excludente de ilicitude ou
culpabilidade. STJ. 5ª Turma. HC 450.201/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 21/03/2019. STJ.
6ª Turma. AgInt no REsp 1775963/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 07/05/2019.

Obs: o STF possui julgados em sentido contrário. Veja: (...) A confissão qualificada não é suficiente
para justificar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal (...) STF. 1ª Turma. HC
119671, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/11/2013.

Como o último julgado do STF sobre o tema é relativamente antigo (2013), em provas, é mais
provável que seja cobrado o entendimento do STJ. Fique atenta(o), contudo, à redação do
enunciado.

OBS: O STF possui precedentes em sentido contrário: “(...) A confissão qualificada não é suficiente
para justificar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal (...)” STF. 1ª T. HC 119671, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 05/11/2013.

Confissão retratada: A chamada confissão retratada ocorre quando o agente confessa a prática
do delito e, posteriormente, se retrata, negando a autoria. Ex: durante o inquérito policial, João
confessa o crime, mas em juízo volta atrás e se retrata, negando a imputação e dizendo que foi
torturado pelos policiais. O agente confessa na fase do inquérito policial e, em juízo, se retrata,
negando a autoria. O juiz condena o réu fundamentando sua sentença, dentre outros argumentos
e provas, na confissão extrajudicial.26

Se a confissão foi retratada e o juiz a considerou no momento da condenação, este magistrado


deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena? Para o STJ: SIM. Se a confissão do
réu foi utilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a condenação, deve incidir a
atenuante prevista no art. 65, III, "d", do CP, sendo irrelevante o fato de que tenha havido
posterior retratação, ou seja, que o agente tenha voltado atrás e negado o crime. STJ. 6ª T. AgRg no
REsp 1712556/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 11/06/19.

Obs: Existem alguns julgados do STF em sentido contrário: a retratação em juízo da anterior
confissão policial obsta a invocação e a aplicação obrigatória da circunstância atenuante referida
no art. 65, inc. III, alínea ‘d’, do CP. STF. 2ª T. HC 118375, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 08/04/14.

Em suma, na sentença, o juiz poderá utilizar a confissão parcial, a confissão qualificada ou a


confissão com retratação posterior para, em conjunto com outras provas, condenar o réu? SIM.

Neste caso, o juiz deverá aplicar a atenuante do art. 65, III, “d”, do CP? SIM. SIM. Para o STJ, é
irrelevante que a confissão tenha sido parcial ou total, condicionada ou irrestrita, com ou sem
retratação posterior. Se a confissão foi utilizada pelo juiz como fundamento para a condenação,
deverá incidir a atenuante do art. 65, III, “d”, do Código Penal.

26
#Atenção: Tema cobrado nas provas: i) DPEDF-2019 (CESPE); ii) MPSC-2021 (CESPE); iii) DPERR-2021
(FCC).
Entendimento sumulado: O STJ resumiu seus entendimentos sobre a confissão com a súmula 545:

Desse modo, o Súmula 545 do STJ vale tanto para rasos de confissão parcial, de confissão
qualificada e confissão com retratação posterior. Em suma, se o juiz utilizou a confissão como
fundamento (elemento de argumentação) para embasar a condenação, ele, obrigatoriamente,
deverá aplicar a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d” do CP.

A confissão é um fato processual que gera um ônus e um bônus para o réu . O ônus está no fato
de que isso será utilizado contra ele como elemento de prova no momento da sentença. O bônus
foi concedido pela lei e consiste na atenuação de sua pena. Para o STJ, não seria justo que o
magistrado utilizasse a confissão apenas para condenar o réu, sem lhe conferir o bônus, qual seja,
o reconhecimento da confissão.

(MPSP-2022): Considere a seguinte afirmação acerca da aplicação da pena e do regime prisional:


ainda que parcial, o réu fará jus à atenuante do artigo 65, III, “d”, do CP, quando a confissão for
utilizada para a formação do convencimento do julgador. BL: S. 545, STJ.

(DPEBA-2021-FCC): Sobre a confissão, é correto afirmar: Ainda que parcial, atenua a pena, se
utilizada para dar suporte à condenação. BL: S. 545, STJ.

#Atenção: #STJ: Nos termos da Súmula 545/STJ, a atenuante da confissão espontânea deve ser
reconhecida, ainda que tenha sido parcial ou qualificada, seja ela judicial ou extrajudicial, e
mesmo que o réu venha a dela se retratar, quando a manifestação for utilizada para motivar a sua
condenação, o que não ocorreu no caso. STJ. 6ª T., AgRg no AREsp 1823877/SP, Rel. Min. Olindo
Menezes (Des. Conv. do TRF 1ª Região), j. 03/08/2021.

(MPGO-2019): Sobre a questão da pena, assinale a alternativa correta: Tem prevalecido no STJ o
entendimento no sentido de que a confissão espontânea, quando utilizada para a formação do
convencimento do julgador, dá ensejo à incidência da atenuante prevista no art .65, III, “d”, do CP,
mesmo que a confissão tenha sido qualificada. Não obstante essa posição do STJ, há na doutrina
relevantes autores que sustentam que a confissão qualificada não atenua a pena, já que neste caso
o acusado não estaria propriamente colaborando com a Justiça para a descoberta da verdade real,
mas sim agindo no exercício de sua autodefesa. Essa linha e entendimento, inclusive, foi
recentemente prestigiada pelo STF, em julgado de 2019, no qual se decidiu que a natureza
qualificada da confissão afasta a possiblidade de aplicação da circunstância atenuante prevista no
art. 65, III, “d” , do CP. BL: S. 545, STJ e Entend. Jurisprud do STF.

#Atenção: #STF: A confissão qualificada ocorre quando o agente admite o fato, mas alega causa
impeditiva ou modificativa do direito de punir, como, por exemplo, excludentes de ilicitude ou de
culpabilidade (CUNHA, 2020, p. 541). De fato, a jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de
que a confissão, ainda que qualificada, deve atenuar a pena, conforme se conclui a partir da leitura
do enunciado 545 da súmula deste tribunal. Contudo, há uma segunda corrente que defende que a
confissão qualificada não induz à aplicação da atenuante descrita pelo art. 65, inciso III, alínea "d",
do CP, pois o réu, ao sustentar qualquer tese exculpatória ou justificadora de sua ação, na
verdade, nega a prática do crime imputado, uma vez que a conduta se tornaria autorizada ou
tolerada pela norma penal. Foi esse o entendimento manifestado pelo STF no HC 119671. Segundo
o teor da assertiva, o tema é controvertido na doutrina e na jurisprudência do STF, conforme se
percebe a partir de recente julgado, vejamos. “(...) 13.b.7) A natureza qualificada da confissão – a
partir da negativa do aspecto criminoso da conduta – afasta a possibilidade de aplicação da
circunstância atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. (...)” STF. 1ª T. AP 892, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 26/02/19.

(TJBA-2019-CESPE): À luz da jurisprudência do STJ a respeito das circunstâncias judiciais e legais


que devem ser consideradas quando da aplicação da pena, assinale a opção correta: A confissão
qualificada, na qual o réu alega em seu favor causa descriminante ou exculpante, não afasta a
incidência da atenuante de confissão espontânea. BL: Info 586, STJ e Súmula 545, STJ.

(MPDFT-2015): Sobre a aplicação da sanção penal e os efeitos da condenação penal, assinale a


opção correta: A retratação, em juízo, da anterior confissão na fase de investigação, obsta a
aplicação da atenuante da confissão espontânea, a não ser que a confissão retratada venha a ser
considerada na fundamentação da sentença. BL: S. 545, STJ.

#Atenção: Uma das características da confisão é a sua retratabilidade. Isso significa dizer que, em
Juízo, o acusado pode negar o fato, desacreditando a admissão de culpa por ele feita. Acontece
que, mesmo assim, o juiz não fica vinculado à retratação feita, podendo, inclusive, utilizar tal
elemento de convicção para formação do seu livre convencimento motivado. Todavia, “quando a
confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no
artigo 65, III, d, do Código Penal.” (Súmula 545, STJ). Nesse sentido, vejamos também o seguinte
julgado do STF: “Se a confissão do agente é utilizada pelo magistrado como fundamento para
embasar a condenação, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP deve ser aplicada
em favor do réu, não importando que, em juízo, este tenha se retratado (voltado atrás) e negado o
crime”. (STJ. 5ª T. HC 176.405/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 23/4/13)

Súmula 544: É válida a utilização de tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados para
estabelecer a proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT ao grau de invalidez também na
hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em vigor da Medida Provisória n.
451/2008.

OBS:
Tabelas do CNSP: A Lei 6.194/74 foi lacunosa e não previu os critérios para se graduar a
indenização a ser paga em caso de invalidez permanente. Diante dessa omissão da lei, o Conselho
Nacional de Seguros Privados (CNSP) elaborou uma tabela prevendo limites indenizatórios de
acordo com as diferentes espécies de sinistros. Essa tabela previa, por exemplo: a) Perda total da
visão de um olho: a vítima receberá X% do valor da indenização; b). Fratura não consolidada do
maxilar inferior: a vítima receberá Y% do valor da indenização. Como essa tabela não estava
prevista em lei, ela era muito questionada. As vítimas que sofriam invalidez permanente, mas não
recebiam o valor máximo, ingressavam com ações afirmando que tal escalonamento feito pelo
CNSP violava o princípio da legalidade.

MP 451/2008 (publicada em 16/12/2008): Com o objetivo de evitar esses questionamentos, foi


editada a MP 451/08 (convertida na Lei 11.945/09), que acrescentou um anexo à Lei 6.194/74,
prevendo expressamente, por meio de uma tabela, situações caracterizadoras de invalidez
permanente. Assim, a tabela de graduação dos tipos de indenização e dos valores a serem pagos,
que antes era trazida em ato do CNSP, foi prevista, a partir da MP, na própria lei do DPVAT .
Dessa forma, com a inclusão da aludida tabela na própria Lei 6.194/74, encerrou-se a polêmica
acerca dos critérios para o cálculo da indenização proporcional em relação aos acidentes de
trânsito ocorridos após a entrada em vigor da MP 451/2008. Em outras palavras, as pessoas que se
acidentaram após a MP 451/08 (16/12/08) já não mais podiam questionar a tabela porque agora
ela estava prevista em lei.

Mas e na época em que a tabela não era prevista em lei, mas apenas no ato do CNSP, ela era
válida? Dito de outro modo, no caso de acidentes ocorridos antes da MP 451/2008 (16/12/2008),
era possível aplicar as tabelas do CNSP? SIM. O STJ decidiu que mesmo em caso de acidentes de
trânsito ocorridos antes da MP 451/08 (16/12/08), já era válida a utilização da tabela do CNSP
para se estabelecer proporcionalidade entre a indenização a ser paga e o grau da invalidez. Esse
entendimento foi pacificado pela 2ª Seção no REsp 1.303.038-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, j. 12/3/14 (recurso repetitivo) (Info 537), sendo este julgado o principal precedente
que deu origem à Súmula 567.

Qual foi o fundamento utilizado pelo STJ para validar a tabela do CNSP mesmo antes da MP
451/2008? Segundo afirmou o Min. Sanseverino, a declaração de invalidade da tabela não seria a
melhor solução, pois a ausência de percentuais previamente estabelecidos para o cálculo da
indenização causaria grande insegurança jurídica, uma vez que o valor da indenização passaria
a depender exclusivamente de um juízo subjetivo do magistrado. Além disso, os valores
estabelecidos pela tabela para a indenização proporcional pautavam-se por um critério de
razoabilidade em conformidade com a gravidade das lesões corporais sofridas pela vítima do
acidente de trânsito.

Mas o CNSP poderia ter editado um ato normativo como esse? SIM. O art. 7º do Decreto-Lei
73/66 prevê que “Compete privativamente ao Governo Federal formular a política de seguros
privados, legislar sobre suas normas gerais e fiscalizar as operações no mercado nacional”. Essa
competência normativa foi recepcionada pela CF e, com base nela, foi que o CNSP editou a
referida tabela. Vale ressaltar, ainda, que a tabela do CNSP não era de observância sempre
obrigatória. Era prevista a possibilidade de o magistrado, diante das peculiaridades do caso
concreto, fixar indenização segundo outros critérios.
Súmula 543: Na hipótese de RESOLUÇÃO DE CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E
VENDA DE IMÓVEL submetido ao Código de Defesa do Consumidor, DEVE OCORRER a
imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador - INTEGRALMENTE, em caso
de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou PARCIALMENTE, caso tenha sido o
comprador quem deu causa ao desfazimento. (DPEDF-2013) (TJMS-2015) (PGEPA-2015) (TJDFT-2016) (TJRJ-
2016) (DPESC-2017) (MPF-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (MPMS-2018) (DPEPE-2018)
(MPSC-2016/2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (DPEBA-2021) (DPEPR-2017/2022) (TJSP-2014/2023)

OBS: Importante.

DISTRATO E RETENÇÃO DE VALORES PELA CONSTRUTORA:


Imagine a seguinte situação hipotética: João celebra contrato de promessa de compra e venda de
um apartamento com determinada construtora. Uma das cláusulas do contrato, intitulada
“Distrato”, possuía a seguinte redação: “7.1. Nas hipóteses de rescisão, resolução ou distrato da
presente promessa de compra e venda o promitente vendedor poderá reter até 80% do valor pago
pelo promitente comprador, a título de indenização, sendo restituído o restante.”

Essa cláusula é válida? NÃO. É abusiva a cláusula de distrato, fixada no contrato de promessa de
compra e venda imobiliária, que estabeleça a possibilidade de a construtora vendedora promover
a retenção integral ou a devolução ínfima do valor das parcelas adimplidas pelo consumidor
distratante. O art. 53 do CDC veda a retenção integral das parcelas pagas:
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de
pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em
benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a
retomada do produto alienado.

Desse modo, o art. 53 do CDC afirma que é nula de pleno direito a cláusula de decaimento.

O que é cláusula de decaimento? É aquela que estabelece que o adquirente irá perder todas as
prestações pagas durante o contrato caso se mostre inadimplente ou requeira o distrato.

Devolução de uma parte ínfima das prestações pagas: Como o CDC foi expresso ao proibir a
retenção integral do valor pago pelo adquirente, as construtoras passaram a tentar burlar essa
vedação legal e começaram a prever que, em caso de distrato, seria feita a devolução das parcelas
pagas, fazendo-se, contudo, a retenção de determinados valores a título de indenização pelas
despesas experimentadas pela construtora. Ocorre que diversos contratos previram que essa
devolução seria de valores ínfimos, ou seja, muito pequenos, ficando a construtora com a maior
parte da quantia já paga pelo adquirente. Essa prática também foi rechaçada pela jurisprudência.
Assim, a devolução de uma parte ínfima das prestações também é vedada pelo CDC por colocar
o consumidor em uma situação de desvantagem exagerada:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

Mas a construtora poderá reter, em caso de distrato, uma parte do valor que já foi pago pelo
adquirente caso este desista do negócio? SIM. A resolução do contrato de promessa de compra e
venda de imóvel por culpa (ou por pedido imotivado) do consumidor gera o direito de retenção,
pelo fornecedor, de parte do valor pago. Assim, o STJ entende que é justo e razoável que o
vendedor retenha parte das prestações pagas pelo consumidor como forma de indenizá-lo pelos
prejuízos suportados, especialmente as despesas administrativas realizadas com a divulgação,
comercialização e corretagem, além do pagamento de tributos e taxas incidentes sobre o imóvel, e
a eventual utilização do bem pelo comprador. Existem precedentes do STJ afirmando que o
percentual máximo que o promitente-vendedor poderia reter seria o de 25% dos valores já
pagos, devendo o restante ser devolvido ao promitente comprador.

E se a resolução do contrato ocorreu por culpa exclusiva do promitente vendedor? Se o


construtor/vendedor foi quem deu causa à resolução do contrato, neste caso a restituição das
parcelas pagas deve ocorrer em sua integralidade, ou seja, o promitente vendedor não poderá
reter nenhuma parte.

DISTRATO E RESTITUIÇÃO IMEDIATA DOS VALORES:


Imagine a seguinte situação hipotética: João celebrou contrato de promessa de compra e venda de
um apartamento com determinada construtora. Uma das cláusulas do contrato, intitulada
“Distrato”, possuía a seguinte redação: “7.1. Nas hipóteses de rescisão, resolução ou distrato da
presente promessa de compra e venda o promitente vendedor restituirá a quantia paga pelo
promitente comprador de forma parcelada em até 12 vezes.” Em outro contrato hipotético, a
cláusula de distrato previa: “9.3. Nas hipóteses de rescisão, resolução ou distrato da presente
promessa de compra e venda, o promitente vendedor restituirá a quantia paga pelo promitente
comprador somente quando a obra do apartamento estiver pronta e entregue.”

Tais cláusulas são válidas? NÃO. Em contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao CDC, é abusiva a cláusula contratual que determine, no caso de resolução, a
restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada,
independentemente de qual das partes tenha dado causa ao fim do negócio. A restituição dos
valores deverá ser imediata, mesmo que o "culpado" pelo desfazimento do negócio tenha sido o
consumidor (promitente comprador).

Qual é o fundamento para essa conclusão? Não existe um dispositivo no CDC que afirme
expressamente que a devolução das parcelas deve ser imediata. No entanto, para o STJ tais
cláusulas violam o art. 51, II e IV, do CDC:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
II — subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste Código;
IV — estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

Resumindo:
1) O desfazimento do contrato ocorreu por culpa exclusiva do promitente vendedor: as
parcelas pagas deverão ser INTEGRALMENTE devolvidas.
2) O desfazimento do contrato ocorreu por culpa exclusiva do consumidor: as parcelas
pagas deverão ser PARCIALMENTE devolvidas.

Lei nº 13.786/2018: A Lei 13.786/18 acrescentou o art. 67-A à Lei 4.591/64 prevendo o seguinte:
Art. 67-A.  Em caso de desfazimento do contrato celebrado exclusivamente com o
incorporador, mediante distrato ou resolução por inadimplemento absoluto de obrigação
do adquirente, este fará jus à restituição das quantias que houver pago diretamente ao
incorporador, atualizadas com base no índice contratualmente estabelecido para a correção
monetária das parcelas do preço do imóvel, delas deduzidas, cumulativamente:
I - a integralidade da comissão de corretagem;
II - a pena convencional, que não poderá exceder a 25% (vinte e cinco por cento) da quantia
paga. (...)
§ 5º Quando a incorporação estiver submetida ao regime do patrimônio de afetação, de que
tratam os arts. 31-A a 31-F desta Lei, o incorporador restituirá os valores pagos pelo
adquirente, deduzidos os valores descritos neste artigo e atualizados com base no índice
contratualmente estabelecido para a correção monetária das parcelas do preço do imóvel,
no prazo máximo de 30 (trinta) dias após o habite-se ou documento equivalente expedido
pelo órgão público municipal competente, admitindose, nessa hipótese, que a pena referida
no inciso II do caput deste artigo seja estabelecida até o limite de 50% (cinquenta por cento)
da quantia paga.
§ 6º Caso a incorporação não esteja submetida ao regime do patrimônio de afetação de que
trata a Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004, e após as deduções a que se referem os
parágrafos anteriores, se houver remanescente a ser ressarcido ao adquirente, o pagamento
será realizado em parcela única, após o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data
do desfazimento do contrato.
§ 7º Caso ocorra a revenda da unidade antes de transcorrido o prazo a que se referem os §§
5º ou 6º deste artigo, o valor remanescente devido ao adquirente será pago em até 30
(trinta) dias da revenda. (...)

Compare a posição do STJ com a redação da Lei:


Em caso de resolução do contrato, em quanto tempo a incorporadora
deverá promover devolução dos valores ao adquirente?
Posição do STJ: imediatamente Lei nº 13.786/2018:
Súmula 543-STJ: Na hipótese de resolução • Quando a incorporação estiver submetida ao
de contrato de promessa de compra e regime do patrimônio de afetação: o incorporador
venda de imóvel submetido ao Código de restituirá os valores pagos pelo adquirente no prazo
Defesa do Consumidor, deve ocorrer a máximo de 30 dias após o habite-se ou documento
imediata restituição das parcelas pagas equivalente expedido pelo órgão público municipal
pelo promitente comprador - competente.
integralmente, em caso de culpa exclusiva
do promitente vendedor/construtor, ou • Caso a incorporação não esteja submetida ao regime
parcialmente, caso tenha sido o comprador do patrimônio de afetação: o pagamento será
quem deu causa ao desfazimento. realizado em parcela única, após o prazo de 180 dias,
contado da data do desfazimento do contrato.

Perceba, portanto, que os §§ 5º e 6º do art. 67-A, com redação dada pela Lei 13.786/18, afrontam o
teor da Súmula 543 do STJ. Veremos com a jurisprudência irá encarar essa novidade legislativa.

(TJSP-2023-VUNESP): A resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel,


submetido ao Código de Defesa do Consumidor, impõe a imediata restituição: parcial das
parcelas pagas, caso o promitente comprador tenha dado causa ao desfazimento. BL: S. 543, STJ.

(DPEBA-2021-FCC): Felisberto assinou com uma incorporadora contrato de promessa de compra


e venda de imóvel na planta, com a intenção de utilizar o imóvel que seria construído para a
moradia de sua família. No contrato, ficou estabelecido que em caso de rescisão da promessa de
compra e venda, a restituição das parcelas pagas seria feita somente ao término da obra. Diante
dessa situação, a jurisprudência do STJ preconiza que cláusulas dessa natureza são abusivas, razão
pela qual a restituição das parcelas deve ser feita imediatamente, de modo que, caso o comprador
tenha dado causa à rescisão, a restituição será parcial, porém, imediata. BL: S. 543, STJ.

(TJRJ-2016-VUNESP): Carlos dos Santos mora em um apartamento alugado e pretendendo


tornar-se proprietário de sua própria moradia, assinou um contrato de promessa de compra e
venda com uma empresa construtora para aquisição de um apartamento. O contrato foi celebrado
com cláusula contratual que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da
obra, ou de forma parcelada na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda
do imóvel, por culpa de quaisquer contratantes. A partir desses fatos, assinale a alternativa
correta: Se houver a resolução do contrato de promessa de compra e venda do imóvel em
decorrência de vontade exclusiva do promitente vendedor, caberá a este a imediata restituição
integral das parcelas pagas pelo promitente comprador em aplicação da legislação consumerista.
BL: S. 543, STJ.

Súmula 542: A ação penal relativa ao CRIME DE LESÃO CORPORAL resultante de violência
doméstica contra a mulher É PÚBLICA INCONDICIONADA. (TJDFT-2014) (MPPE-2014) (TJPI-2015)
(MPAM-2015) (MPPR-2016) (PCPA-2016) (MPRO-2017) (MPRR-2017) (MPRS-2017) (DPEAL-2017) (DPERO-2017)
(PCAC-2017) (PCAP-2017) (MPMG-2017/2018) (PCGO-2017/2018) (TJCE-2018) (MPPB-2018) (DPEMA-2018) (DPEPE-
2018) (TJSC-2019) (TJPA-2019) (MPMT-2019) (Cartórios/TJMG-2019) (TJMS-2020) (PCSE-2020) (DPEAM-2021)
(Cartórios/TJSC-2021) (PCPR-2021) (MPRJ-2022) (Anal./DPERO-2022) (TJDFT-2023)

OBS: Importante. O crime de lesões corporais está previsto no art. 129 do Código Penal. Dentro
desse artigo existem várias espécies de lesão corporal.

O CP prevê, em algum dispositivo, que o crime de lesões corporais é de ação pública


condicionada? NÃO. O CP não prevê, em nenhum lugar, que o crime de lesões corporais seja de
ação pública condicionada. Quando a lei não afirma que determinado crime é de ação pública
condicionada, a regra é que este delito seja de ação pública incondicionada. Assim, em regra,
todos os crimes são de ação pública incondicionada, salvo se a lei prevê expressamente que ele
seja de ação pública condicionada ou de ação privada. Esse comando está no art. 100, § 1º do CP:
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do
ofendido.
§ 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o
exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

Logo, se formos analisar unicamente o texto do CP, deveríamos entender que o crime de lesões
corporais é sempre de ação pública incondicionada. Isso porque não existe nenhum dispositivo do
CP que afirme o contrário. Por essa razão, até 1995, sempre se entendeu que todas as espécies de
lesão corporal (incluindo a leve e a culposa) seriam crimes de ação penal pública incondicionada.

Lei 9.099/95 veio alterar esse cenário: Ocorre que, em 1995, foi editada a Lei dos Juizados Especiais
(Lei 9.099/95). Essa Lei, com o objetivo de instituir medidas despenalizadoras, afirmou que os
delitos de lesões corporais leves e de lesões corporais culposas deveriam ser crimes de ação
penal pública condicionada. Veja a redação do art. 88 da Lei 9.099/95:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

Assim, por exemplo, quando, em uma briga de bar, João desfere um soco em Ricardo, causando-
lhe lesões corporais leves, este crime é de ação penal pública condicionada, ou seja, qualquer
providência para apurar este delito e para dar início ao procedimento criminal só se inicia se o
ofendido (no caso, Ricardo) tiver interesse e provocar os órgãos públicos (procurar a polícia ou o
Ministério Público).

Repita-se que, se não houvesse este art. 88 da Lei 9.099/95, a ação penal nos crimes de lesões
corporais leves e culposas seria pública incondicionada, considerando que o CP não exige
representação para este crime (art. 129 c/c art. 100, § 1º do CP).

As lesões corporais leves e culposas praticadas contra a mulher no âmbito de violência doméstica
são de ação pública incondicionada ou condicionada? Em outras palavras, este art. 88 da Lei
9.099/95 também vale para as lesões corporais leves e culposas praticadas contra a mulher no
âmbito de violência doméstica? NÃO. Qualquer lesão corporal, mesmo que leve ou culposa,
praticada contra mulher no âmbito das relações domésticas é crime de ação penal
INCONDICIONADA, ou seja, o Ministério Público pode dar início à ação penal sem
necessidade de representação da vítima. O art. 88 da Lei 9.099/95 NÃO vale para as lesões
corporais praticadas contra a mulher no âmbito de violência doméstica.

Por quê? Porque a Lei 9.099/95 NÃO se aplica aos crimes de violência doméstica e familiar
contra a mulher. Veja o que diz o art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06):
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Desse modo, a Lei 11.340/06 exclui de forma absoluta a aplicação da Lei 9.099/95 aos delitos
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas e familiares.

Entendimento do STF: Vale ressaltar que a Súmula nº 542-STJ reflete o entendimento do STF
construído no julgamento da ADI 4424/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, j. 9/02/12).

(DPEAM-2018-FCC): A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência


doméstica contra a mulher é pública incondicionada, independentemente da natureza da lesão
corporal. BL: S. 542, STJ.

(TJRJ-2016-VUNESP): A, casada com B, durante uma discussão de casal, levou um soco, sendo
ameaçada de morte. Diante dos gritos e ameaças, os vizinhos acionaram a Polícia que, ao chegar
ao local, conduziu todos à Delegacia. A, inicialmente, prestou depoimento na Delegacia e
manifestou o desejo de que o marido fosse processado criminalmente pelos crimes de lesão
corporal leve e ameaça. Entretanto, encerradas as investigações policiais e remetidos os autos ao
Fórum, em sede de audiência preliminar, A informou o Juízo que havia se reconciliado com B, não
desejando que o marido fosse processado por ambos os crimes. Diante da nova manifestação de
vontade de A, é correto afirmar que o procedimento terá seguimento quanto ao crime de lesão
corporal, visto que a ação penal é pública incondicionada, por ter se dado em âmbito doméstico. Já
quanto ao crime de ameaça, a retratação de A obsta o prosseguimento, visto que a ação penal
continua condicionada à representação, ainda que praticada em âmbito doméstico. BL: S. 542, STJ
e art. 147, § único, CP.

#Atenção: No caso em tela, temos a configuração de dois delitos: lesão corporal e ameaça. Os
referidos crimes repercutem de forma diversa no deslinde da problemática. Vejamos dois aspectos
importantes:
i) LEGITIMIDADE ATIVA: No que tange ao crime de lesão corporal leve, como
praticada em âmbito violência doméstica contra a mulher, aplica-se o disposto na Súmula
542 do STJ. Quanto ao delito de ameaça, ainda que praticado em âmbito de violência
doméstica contra a mulher, trata-se de ação penal pública condicionada à representação
(art. 147, § único do CP). Logo, é errado afirmar que todos os crimes praticados contra a
mulher, em sede de violência doméstica, serão de ação penal incondicionada.
ii) PRAZO PARA A RETRATAÇÃO: Quanto ao prazo de retratação, os dois delitos
também possuem uma peculiaridade. Pelo fato de o delito de lesão corporal leve
resultante de violência doméstica contra a mulher ser de ação penal pública
incondicionada, não se pode cogitar em retratação da representação. Vale lembrar que para
as ações penais públicas vige o princípio da obrigatoriedade: presentes as condições da
ação e havendo justa causa, o MP está obrigado a denunciar - exceto se presente alguma
causa extintiva da punibilidade se fizer presente. Logo, não há discricionariedade na
atuação do MP. Por isso, para o crime de lesão corporal, é irrelevante o fato de o casal ter se
reconciliado. Diversamente, o crime de ameaça, é condicionado à representação. Assim, é
possível que haja a retratação. E qual é o momento para a retratação? Depende: a) no CPP
(art. 25): "A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia."; b) no âmbito
da lei 11340/2006 (art. 16): até audiência preliminar, antes do recebimento da denúncia.

(TJRS-2016-Faurgs): De acordo com o STF e com o STJ, ação penal relativa ao crime de lesão
corporal, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticado contra a mulher em âmbito
doméstico, é pública incondicionada. BL: S. 542, STJ.

Súmula 541: A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da
mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada . (DPEMA-2015) (TJDFT-
2016) (PGM-POA/RS-2016) (DPU-2017)

OBS: Importante. Vide Súmula 539 do STJ (abaixo). Comentário igual reproduzido na S. 539 do
STJ.

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS: A capitalização de juros, também chamada de anatocismo, ocorre


quando os juros são calculados sobre os próprios juros devidos. Outras denominações para
“capitalização de juros”: “juros sobre juros”, “juros compostos” ou “juros frugíferos”.
Normalmente, os juros capitalizados estão presentes nos contratos de financiamento bancário.
Carlos Roberto Gonçalves explica melhor: “O anatocismo consiste na prática de somar os juros
ao capital para contagem de novos juros. Há, no caso, capitalização composta, que é aquela em
que a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados até o período
anterior. Em resumo, pois, o chamado ‘anatocismo’ é a incorporação dos juros ao valor principal
da dívida, sobre a qual incidem novos encargos.” (Direito Civil Brasileiro. 8ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2011, p. 409).

CAPITALIZAÇÃO ANUAL DE JUROS: A capitalização de juros foi vedada no ordenamento


jurídico brasileiro pelo Decreto 22.626/33 (Lei de Usura), cujo art. 4º estabeleceu:
Art. 4º É proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a acumulação de
juros vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano.

O STJ entende que a ressalva prevista na segunda parte do art. 4º (parte grifada) significa que a
Lei de Usura permite a capitalização anual. Em outras palavras, a Lei de Usura proibiu, em regra,
a capitalização de juros. Exceção: é permitida a capitalização de juros em periodicidade anual.

O CC-1916 (art. 1.262) e o CC-2002 também permitem a capitalização anual:


Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais,
sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a
capitalização anual.

Desse modo, a capitalização anual sempre foi PERMITIDA (para todos os contratos).

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COM PERIODICIDADE INFERIOR A UM ANO: Como vimos, a


capitalização de juros por ano é permitida, seja para contratos bancários ou não-bancários. O que
é proibida, como regra, é a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano. Ex:
capitalização mensal de juros (ou seja, a cada mês incidem juros sobre os juros).

A capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano (ex: capitalização mensal de juros) é
proibida também para os bancos? NÃO. A MP 1.963-17, editada em 31 de março de 2000,
permitiu às instituições financeiras a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.
Em suma, é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em
contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP 1.963-
17/2000 (atual MP 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada. Veja a redação da MP
2.170-36/2001:
Art. 5º Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.

O STJ confirma essa possibilidade: "Nos contratos celebrados por instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional, posteriormente à edição da MP 1.963-17/00 (reeditada sob o 2.170-
36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada." (STJ. 3ª
Turma, REsp 894.385/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27.3.07, DJ 16.4.07).

Desse modo, os bancos podem fazer a capitalização de juros com periodicidade inferior a um
ano, desde que expressamente pactuada.

DESDE QUE EXPRESSAMENTE PACTUADA: Repare que a súmula 539 do STJ afirma que a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano só é permitida se isso for
expressamente pactuado. Na prática, observa-se que os contratos bancários não trazem uma
cláusula dizendo: “os juros vencidos e devidos serão capitalizados mensalmente” ou “fica
pactuada a capitalização mensal de juros”. O que se verifica, no dia-a-dia, é a previsão das taxas
de juros mensal e anual e o contratante, ao assinar o pacto, deverá observar que a taxa de juros
anual é superior a 12 vezes a taxa mensal, o que faz com que ela conclua que os juros são
capitalizados.

A pergunta que surge é: essa forma comum de previsão da taxa de juros dos contratos bancários é
válida? O que significa essa terminologia “desde que expressamente pactuada”? De que modo o
contrato bancário deverá informar ao contratante que está adotando juros capitalizados com
periodicidade inferior a um ano?
 1ª corrente: a capitalização de juros deveria estar prevista no contrato bancário de forma
clara, precisa e ostensiva. A capitalização de juros não poderia ser deduzida da mera
divergência entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxa de juros mensal (Obs:
duodécuplo significa 12 vezes maior).
 2ª corrente: a capitalização dos juros em periodicidade inferior (ex: capitalização mensal) à
anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. Ocorre que o fato de o contrato
bancário prever taxa de juros anual superior ao duodécuplo (12x) da mensal já é
suficiente para que se considere que a capitalização está expressamente pactuada . Em
outras palavras, basta que o contrato preveja que a taxa de juros anual será superior a 12
vezes a taxa mensal para que o contratante possa deduzir que os juros são capitalizados .
Na prática, isso significa que os bancos não precisam dizer expressamente no contrato que
estão adotando a “capitalização de juros”, bastando explicitar com clareza as taxas
cobradas. A cláusula com o termo “capitalização de juros” será necessária apenas para
que, após vencida a prestação sem o devido pagamento, o valor dos juros não pagos seja
incorporado ao capital para o efeito de incidência de novos juros.

O STJ adotou a 2ª corrente: REsp 973.827-RS, 2ª Seção, julgado em 08/08/2012 (recurso


repetitivo). A Súmula 541 foi editada para espelhar, de forma mais ostensiva, essa posição.

Exemplo: imagine que em um contrato de financiamento bancário não há nenhuma cláusula


dizendo que “fica pactuada a capitalização mensal de juros”. No entanto, existe a previsão de que
a taxa pré-fixada de juros será de 3,82% ao mês e 47,34% ao ano. Desse modo, percebe-se que a
taxa de juros anual é superior ao duodécuplo da mensal, ou seja, a taxa de juros anual é mais que
12x maior que a mensal. Isso nos permite chegar a três conclusões:
1) há capitalização de juros neste contrato;
2) para o STJ, ao prever as taxas de juros dessa forma, o banco já atendeu a exigência de
que a capitalização seja expressamente pactuada;
3) mesmo que o contratante questione a pactuação, o banco poderá cobrar essa taxa anual
contratada.

Súmula 540: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor escolher entre os
foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu.

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação: Ricardo, que mora em Uberlândia (MG), sofreu um acidente de
trânsito em Belo Horizonte (MG), ficou com invalidez permanente e procurou extrajudicialmente
a seguradora X, devidamente credenciada, para receber seu DPVAT. A seguradora, que é sediada
em São Paulo (SP), negou o pagamento, alegando que faltaram determinados documentos. Em
razão disso, Ricardo procura um advogado a fim de ajuizar uma ação contra a seguradora.

Essa ação, que é de competência da Justiça Estadual, deverá ser proposta em qual comarca? O
autor poderá escolher, dentre três opções, o local onde irá ajuizar a ação:
a) no foro do local do acidente (art. 100, § único do CPC 1973 / art. 53, V, do CPC 2015);
b) no foro do seu domicílio (art. 100, § único do CPC / art. 53, V, do CPC 2015); ou
c) no foro do domicílio do réu (art. 94 do CPC 1973 / art. 46 do CPC 2015).

Veja o fundamento no CPC/2015 para essa possibilidade:


Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
Art. 53. É competente o foro:
V — de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em
razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

O STJ entende que essas duas previsões acima listadas não se excluem, mas ao contrário, se
completam. Em outras palavras, são todas opções colocadas à disposição do autor. A demanda
objetivando o recebimento do seguro obrigatório DPVAT é de natureza pessoal, fazendo com que
a competência para a ação seja, em princípio, do foro do domicílio do réu (art. 53, V, do CPC 2015).
Trata-se, contudo, de uma faculdade, ou seja, uma comodidade oferecida ao lesado. Se é uma
faculdade (algo fixado em seu favor), nada impede que o beneficiário da norma especial “abra
mão” desta prerrogativa, ajuizando a ação no foro domicílio do réu, que é a regra geral (art. 94
do CPC 1973 / art. 46 do CPC 2015). Para o réu, não haverá prejuízo. Ao contrário, se ele for
demandado em seu domicílio, será até melhor para a sua defesa. Assim, estamos diante de um
típico caso de competência concorrente (STJ. 2ª Seção. REsp 1357813/RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 11/09/2013).

Confira o que diz a doutrina sobre essa hipótese de competência concorrente: “A competência do
foro do lugar do acidente, ou delito, para a ação de reparação do dano por ele causado, não é
exclusiva. O parágrafo em exame a considera concorrente com a do foro do domicílio do autor,
cabendo a este optar por um desses dois foros. Tratando-se de regra criada em favor da vítima do
delito ou acidente, pode ela abrir mão dessa prerrogativa e, se lhe convier, ajuizar a ação no foro
do domicílio do réu. Como se vê há, na realidade, três foros concorrentes, à escolha do autor: o do
lugar do fato, o do domicílio do autor e o do domicílio do réu. E o réu não tem poder legal de se
opor a essa escolha.” (BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. I. 13.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 351-352).

(DPEMA-2015-FCC): Negado pagamento de seguro DPVAT, vítima de acidente de trânsito ajuíza


ação de cobrança contra seguradora. De acordo com súmula do Superior Tribunal de Justiça, a
competência para julgamento desta ação constitui faculdade do autor, que pode escolher entre os
foros de seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu. BL: S. 540, STJ.

Súmula 539: É PERMITIDA a CAPITALIZAÇÃO DE JUROS com periodicidade inferior à anual


em contratos celebrados com instituições INTEGRANTES do Sistema Financeiro Nacional a partir
de 31/3/2000 (MP n. 1.963-17/2000, reeditada como MP n. 2.170-36/2001), DESDE QUE
EXPRESSAMENTE PACTUADA. (DPEMA-2015) (TJDFT-2014/2016) (PGM-POA/RS-2016) (DPU-2017)
(DPEPE-2018) (TRF2-2018) (DPEMS-2022)

OBS: Importante. Vide Súmula 541 do STJ (acima). Comentário igual reproduzido na S. 541 do
STJ.

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS: A capitalização de juros, também chamada de anatocismo, ocorre


quando os juros são calculados sobre os próprios juros devidos. Outras denominações para
“capitalização de juros”: “juros sobre juros”, “juros compostos” ou “juros frugíferos”.
Normalmente, os juros capitalizados estão presentes nos contratos de financiamento bancário.
Carlos Roberto Gonçalves explica melhor: “O anatocismo consiste na prática de somar os juros
ao capital para contagem de novos juros. Há, no caso, capitalização composta, que é aquela em
que a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados até o período
anterior. Em resumo, pois, o chamado ‘anatocismo’ é a incorporação dos juros ao valor principal
da dívida, sobre a qual incidem novos encargos.” (Direito Civil Brasileiro. 8ª ed., São Paulo:
Saraiva, 2011, p. 409).

CAPITALIZAÇÃO ANUAL DE JUROS: A capitalização de juros foi vedada no ordenamento


jurídico brasileiro pelo Decreto 22.626/33 (Lei de Usura), cujo art. 4º estabeleceu:
Art. 4º É proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a acumulação de
juros vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano.

O STJ entende que a ressalva prevista na segunda parte do art. 4º (parte grifada) significa que a
Lei de Usura permite a capitalização anual. Em outras palavras, a Lei de Usura proibiu, em regra,
a capitalização de juros. Exceção: é permitida a capitalização de juros em periodicidade anual.

O CC-1916 (art. 1.262) e o CC-2002 também permitem a capitalização anual:


Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais,
sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a
capitalização anual.

Desse modo, a capitalização anual sempre foi PERMITIDA (para todos os contratos).

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COM PERIODICIDADE INFERIOR A UM ANO: Como vimos, a


capitalização de juros por ano é permitida, seja para contratos bancários ou não-bancários. O que
é proibida, como regra, é a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano. Ex:
capitalização mensal de juros (ou seja, a cada mês incidem juros sobre os juros).

A capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano (ex: capitalização mensal de juros) é
proibida também para os bancos? NÃO. A MP 1.963-17, editada em 31 de março de 2000,
permitiu às instituições financeiras a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.
Em suma, é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em
contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP 1.963-
17/2000 (atual MP 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada. Veja a redação da MP
2.170-36/2001:
Art. 5º Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.

O STJ confirma essa possibilidade: "Nos contratos celebrados por instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional, posteriormente à edição da MP 1.963-17/00 (reeditada sob o 2.170-
36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada." (STJ. 3ª
Turma, REsp 894.385/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27.03.2007, DJ 16.04.2007).

Desse modo, os bancos podem fazer a capitalização de juros com periodicidade inferior a um
ano, desde que expressamente pactuada.

DESDE QUE EXPRESSAMENTE PACTUADA: Repare que a súmula 539 do STJ afirma que a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano só é permitida se isso for
expressamente pactuado. Na prática, observa-se que os contratos bancários não trazem uma
cláusula dizendo: “os juros vencidos e devidos serão capitalizados mensalmente” ou “fica
pactuada a capitalização mensal de juros”. O que se verifica, no dia-a-dia, é a previsão das taxas
de juros mensal e anual e o contratante, ao assinar o pacto, deverá observar que a taxa de juros
anual é superior a 12 vezes a taxa mensal, o que faz com que ela conclua que os juros são
capitalizados.

A pergunta que surge é: essa forma comum de previsão da taxa de juros dos contratos bancários é
válida? O que significa essa terminologia “desde que expressamente pactuada”? De que modo o
contrato bancário deverá informar ao contratante que está adotando juros capitalizados com
periodicidade inferior a um ano?
 1ª corrente: a capitalização de juros deveria estar prevista no contrato bancário de forma
clara, precisa e ostensiva. A capitalização de juros não poderia ser deduzida da mera
divergência entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxa de juros mensal (Obs:
duodécuplo significa 12 vezes maior).
 2ª corrente: a capitalização dos juros em periodicidade inferior (ex: capitalização mensal) à
anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. Ocorre que o fato de o contrato
bancário prever taxa de juros anual superior ao duodécuplo (12x) da mensal já é
suficiente para que se considere que a capitalização está expressamente pactuada. Em
outras palavras, basta que o contrato preveja que a taxa de juros anual será superior a 12
vezes a taxa mensal para que o contratante possa deduzir que os juros são capitalizados .
Na prática, isso significa que os bancos não precisam dizer expressamente no contrato que
estão adotando a “capitalização de juros”, bastando explicitar com clareza as taxas
cobradas. A cláusula com o termo “capitalização de juros” será necessária apenas para
que, após vencida a prestação sem o devido pagamento, o valor dos juros não pagos seja
incorporado ao capital para o efeito de incidência de novos juros.

O STJ adotou a 2ª corrente: REsp 973.827-RS, 2ª Seção, julgado em 08/08/2012 (recurso


repetitivo). A Súmula 541 foi editada para espelhar, de forma mais ostensiva, essa posição.

Exemplo: imagine que em um contrato de financiamento bancário não há nenhuma cláusula


dizendo que “fica pactuada a capitalização mensal de juros”. No entanto, existe a previsão de que
a taxa pré-fixada de juros será de 3,82% ao mês e 47,34% ao ano. Desse modo, percebe-se que a
taxa de juros anual é superior ao duodécuplo da mensal, ou seja, a taxa de juros anual é mais que
12x maior que a mensal. Isso nos permite chegar a três conclusões:
1) há capitalização de juros neste contrato;
2) para o STJ, ao prever as taxas de juros dessa forma, o banco já atendeu a exigência de
que a capitalização seja expressamente pactuada;
3) mesmo que o contratante questione a pactuação, o banco poderá cobrar essa taxa anual
contratada.

(DPEPE-2018-CESPE): Em cada uma das opções a seguir é apresentada uma situação hipotética a
respeito de práticas comerciais e contratos regidos pelo CDC, seguida de uma assertiva a ser
julgada de acordo com a jurisprudência do STJ: Para quitar despesas pessoais, Rafael realizou
contrato de mútuo com o banco X no valor de R$ 30 mil. Nessa situação, a cobrança, pela
instituição financeira, de juros capitalizados será válida apenas se houver disposição contratual
expressa nesse sentido. BL: S. 539, STJ.

(PGM-POA/RS-2016-Fundatec): Sobre juros, é correto afirmar que: Os juros remuneratórios


financeiros admitem capitalização, desde que haja disposição contratual autorizativa. BL: S. 539,
STJ.

Súmula 538: As administradoras de consórcio TÊM LIBERDADE para estabelecer a respectiva


TAXA DE ADMINISTRAÇÃO, AINDA QUE FIXADA em percentual superior a dez por cento .
(TJMS-2015) (TRF4-2016) (TJPA-2019)

Súmula 537: Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou


contestar o pedido do autor, PODE SER CONDENADA, direta e solidariamente junto com o
segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice. (TJSE-
2015) (DPEMA-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (PGM-BH/MG-2017) (MPCPA-2019) (MPAP-2021) (TJMA-2022)
(TJDFT-2023)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro estava dirigindo seu veículo, quando foi abalroado
por trás pelo carro de José. Aparentemente, a culpa pelo acidente foi de José (ele foi o causador do
dano). Felizmente, José possui contrato de seguro de veículos com a “Seguradora X”. Pedro
ajuizou a ação de indenização apenas contra José cobrando as despesas do conserto. José poderá
fazer a denunciação da lide à seguradora? SIM, nos termos do art. 125, II, do CPC 2015:
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o
prejuízo de quem for vencido no processo.

Suponhamos que a “Seguradora X” comparece em juízo aceitando a denunciação da lide feita pelo
réu, contestando o mérito do pedido do autor e assumindo, assim, a condição de litisconsorte
passiva.

O juiz entende que o pedido do autor é procedente. É admitida a condenação direta da seguradora
denunciada? Em outras palavras, a seguradora denunciada pode ser condenada a pagar
diretamente a Pedro (autor da ação), isto é, sem que José pague antes e depois o seguro faça
apenas o ressarcimento? SIM. O STJ entende que, em ação de indenização, se o réu (segurado)
denunciar a lide à seguradora, esta poderá ser condenada, de forma direta e solidária, a
indenizar o autor da ação. Há até um recurso repetitivo com esta conclusão: STJ. 2ª Seção. REsp
925.130/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/02/2012 (recurso repetitivo).

O STJ resolveu editar a Súmula 537 espelhando este entendimento.

(TJMA-2022-CESPE): Assinale a opção correta em relação à intervenção de terceiros, conforme


disposto no Código de Processo Civil/2015: Em ação de reparação de danos, a seguradora
denunciada que aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor poderá ser condenada,
direta e solidariamente, junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos
limites contratados na apólice. BL: S. 537, STJ.

(MPAP-2021-CESPE): A respeito dos atos processuais, da intervenção de terceiros e do


procedimento comum, assinale a opção correta, à luz do CPC e da jurisprudência do STJ: Em ação
de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido
do autor, poderá ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da
indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice. BL: S. 537, STJ.

(PGM-BH/MG-2017-CESPE): Situação hipotética: Em ação indenizatória, o réu denunciou à lide


terceiro que estava obrigado, por contrato, a ressarci-lo de forma regressiva. Assertiva: Nessa
situação, em caso de procedência das demandas originária e regressiva, o autor da ação originária
pode requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, observadas possíveis
limitações da condenação deste último. BL: art. 128, § único, NCPC e Súmula 537 do STJ.

(TJSE-2015-FCC): C ajuizou ação contra M no âmbito da qual requereu indenização por danos
materiais em razão de acidente veicular. Citado, M denunciou a lide à Seguradora Z, a qual
apresentou resposta. De acordo com jurisprudência dominante do STJ, se o juiz se convencer da
existência dos elementos para a responsabilização civil, a Seguradora Z, pode ser condenada
direta e solidariamente junto com o segurado M a pagar indenização à vítima C, nos
limites contratados na apólice. BL: S. 537, STJ.

(DPEMA-2015-FCC): Em razão de acidente de trânsito, Caio ajuizou ação contra Luiz, causador
do dano, o qual denunciou à lide seguradora com quem mantém vínculo contratual. Esta, por sua
vez, compareceu aos autos e contestou o pedido formulado por Caio. De acordo com súmula do
STJ, a seguradora pode ser condenada, direta e solidariamente com Luiz, a pagar indenização a
Caio, nos limites contratados na apólice. BL: S. 537, STJ.

Súmula 536: A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO e a TRANSAÇÃO PENAL NÃO


SE APLICAM na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha . (TJPI-2015) (TJGO-2015)
(MPAM-2015) (DPERN-2015) (TJRJ-2016) (PCPA-2016) (TJSP-2017) (MPRO-2017) (MPRR-2017) (MPRS-2017)
(DPERO-2017) (DPESC-2017) (PCGO-2017/2018) (TJMT-2018) (MPPB-2018) (DPEMA-2018) (TRF3-2018) (TJPR-
2017/2019) (TJPA-2019) (MPMT-2019) (MPSC-2019) (DPEMG-2019) (Cartórios/TJPR-2019) (TJMS-2020) (DPEAM-
2021) (PCPR-2021) (PCRN-2021) (MPRJ-2022) (TJDFT-2014/2016/2023)

OBS: Importante. A suspensão condicional do processo e a transação penal estão previstas na Lei
9.099/95. Ocorre que a Lei Maria da Penha expressamente proíbe que se aplique a Lei 9.099/95
para os crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher. Veja:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Vale ressaltar que a Lei 9.099/95 não se aplica NUNCA E PARA NADA que se refira à Lei Maria
da Penha.

Esse art. 41 da Lei Maria da Penha é compatível com a CF? O legislador poderia ter proibido
isso? SIM. O STF decidiu que este art. 41 é constitucional e que, para a efetiva proteção das
mulheres vítimas de violência doméstica, foi legítima a opção do legislador de excluir tais crimes
do âmbito de incidência da Lei nº 9.099/95 (STF. Plenário. ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio,
9/2/12).

O art. 41 fala apenas em CRIMES. Se o agente praticar uma contravenção penal com violência
doméstica, será possível aplicar a Lei 9.099/95? É cabível a transação penal (art. 76 da Lei
9.099/95) para contravenções cometidas com violência doméstica contra a mulher? NÃO. A
transação penal NÃO é aplicável na hipótese de contravenção penal praticada com violência
doméstica e familiar contra a mulher. De fato, a interpretação literal do art. 41 da Lei Maria da
Penha poderia indicar, em uma análise rápida, a conclusão de que os institutos despenalizadores
da Lei 9.099/95, entre eles a transação penal, seriam aplicáveis às contravenções penais praticadas
com violência doméstica e familiar contra a mulher. Entretanto, em uma interpretação que
atenda os fins sociais a que a lei se destina, deve-se concluir que o art. 41 da Lei 1.340/06 afasta a
Lei 9.099/95 tanto em relação aos crimes quanto às contravenções penais praticados contra
mulheres no âmbito doméstico e familiar. Nesse sentido: STJ. 6ª T. HC 280.788-RS, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, j. 3/4/14 (Info 539).

Em suma, os institutos despenalizadores da Lei 9.099/95, entre eles a transação penal e a


suspensão condicional do processo, não se aplicam a nenhuma prática delituosa contra a mulher
no âmbito doméstico e familiar, ainda que configure contravenção penal.

Repetindo: a Lei nº 9.099/95 não se aplica NUNCA E PARA NADA que se refira à Lei Maria da
Penha. Nada que esteja na Lei nº 9.099/95 poderá ser utilizado para delitos praticados com
violência doméstica (outros exemplos: composição civil dos danos, termo circunstanciado de
ocorrência como substituto do flagrante etc.).

(PCRN-2021-FGV): Paula namorou João por onze meses, tendo dado fim ao relacionamento em
razão do comportamento ciumento e agressivo deste. Três meses após, João, inconformado com o
fim do relacionamento, abordou Paula na saída do seu trabalho e, após desferir um soco em seu
rosto, causando-lhe lesão leve, ainda a perseguiu até sua casa, ameaçando-a de morte caso não
retomasse o namoro. Temendo a reação de João, Paula registrou o ocorrido, sendo os fatos
confirmados por perícia e testemunhas que presenciaram o evento. João foi denunciado pelos
crimes de lesão corporal e ameaça. Diante do que foi acima narrado, é correto constatar que: caso
condenado por pena de até dois anos, João poderá ser beneficiado com a aplicação do sursis da
pena, não sendo cabível, contudo, a suspensão condicional do processo. BL: S. 536, STJ e art. 41 da
Lei 11.340/06 e art. 77 do CP.27

#Atenção: #DPEDF-2013: #DPERN-2015: #PCGO-2018: #TJMS-2020: #MPCE-2020: #PCRN-


2021: #MPRJ-2022: #CESPE: #FCC: #FGV: O benefício da suspensão condicional da pena
(sursis) está previsto a partir do art. 77 e seguintes do CP, de modo que não há nenhuma vedação
legal quanto à sua concessão aos agentes que venham a ser condenados por crimes de violência
doméstica. Portanto, a vedação legal imposta pelo art. 41 da Lei 11.340/06 refere-se aos institutos
criados pela Lei 9.099/95, a saber: a suspensão condicional do processo e a transação penal.
Nesse sentido, é importante observar o entendimento jurisprudencial cristalizado na súmula 536
do STJ. Sobre o assunto, vejamos a seguinte decisão do STJ: “A jurisprudência desta Corte é firme em
assinalar ser possível a concessão de suspensão condicional da pena aos crimes e às contravenções penais
praticados em contexto de violência doméstica, desde que preenchidos os requisitos previstos no art. 77 do
Código Penal, nos termos reconhecidos na sentença condenatória restabelecida. STJ. 6ª T., AgRg no REsp
1691667/RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 02/08/18”.
(MPCE-2020-CESPE): Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
admite-se suspensão condicional da pena. BL: S. 536, STJ e art. 41 da Lei 11.340/06.

(MPSP-2019): Sobre a transação penal, assinale a alternativa correta: No crime de lesão corporal
leve decorrente de violência doméstica contra a mulher, não poderá o Ministério Público oferecer
a proposta. BL: S. 536, STJ e art. 41 da Lei 11.340/06.

Súmula 535: A prática de falta grave NÃO INTERROMPE o prazo para fim de COMUTAÇÃO DE
PENA ou INDULTO. (MPDFT-2015) (TJDFT-2016) (MPRS-2017) (PCMS-2017) (TJSP-2017/2018) (MPMS-2018)
(TJAL-2015/2019) (TJPR-2019) (TJSC-2019) (DPEDF-2019) (DPEMG-2019) (MPPR-2019/2021) (MPSC-2019/2021)
(DPEAM-2021) (DPERJ-2021) (MPSP-2015/2017/2019/2022)

OBS: Importante. O INDULTO é um benefício concedido por Decreto do Presidente da República


por meio do qual os efeitos executórios da condenação são apagados (deixam de existir).

COMUTAÇÃO é o mesmo que indulto parcial, ou seja, ocorre quando o Presidente da


República, em vez de extinguir os efeitos executórios da condenação, decide apenas diminuir a
pena imposta ou substituí-la por outra mais branda.

Assim, temos:
a) indulto pleno: quando extingue totalmente a pena.
b) indulto parcial: quando somente diminui ou substitui a pena. Neste caso, é chamado
de comutação.

A falta grave interfere, em regra, na concessão de indulto ou comutação de pena? NÃO. Em regra,
não.

27
Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa,
por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que [...].
O cometimento de falta grave não interrompe automaticamente o prazo para o deferimento do
indulto ou da comutação de pena. A concessão do indulto e da comutação é regulada por
requisitos previstos no decreto presidencial pelo qual foram instituídos.

Assim, a prática de falta disciplinar de natureza grave, em regra, não interfere no lapso necessário
à concessão de indulto e comutação da pena, salvo se o requisito for expressamente previsto no
decreto presidencial.

Exemplo: o Presidente da República editou um Decreto Presidencial concedendo o "indulto


natalino" para aqueles que tivessem cumprido 1/3 da pena. João já cumpriu 1/3 da pena
(requisito objetivo). Ocorre que ele praticou, há um mês, falta grave. O juiz negou a concessão do
indulto, afirmando que, como o condenado praticou falta grave, a contagem do prazo deverá ser
interrompida (reiniciar-se do zero). Ocorre que o Decreto não previu isso. Desse modo, essa
exigência imposta pelo juiz é ilegal e não pode ser feita. Não cabe ao magistrado criar
pressupostos não previstos no Decreto Presidencial, para que não ocorra violação do princípio
da legalidade. Assim, preenchidos os requisitos estabelecidos no mencionado Decreto, não há
como condicionar ou impedir a concessão da comutação da pena ao reeducando sob nenhum
outro fundamento, sendo a sentença meramente declaratória.

Redação incompleta do enunciado: Ressalte-se que a redação do enunciado, com a devida vênia,
poderia ser mais completa. Isso porque o cometimento de falta grave não interrompe o prazo para
o deferimento do indulto ou da comutação de pena. Ocorre que é possível imaginar que o
Presidente da República decida prever, no Decreto, a interrupção do prazo em caso de falta grave.
Se isso for fixado no Decreto, tal consequência poderá ser exigida . (TJPA-2019) (DPEDF-2019) (MPSC-
2021)

Logo, o ideal seria que a súmula tivesse dito: a prática de falta grave não interrompe o prazo para
fim de comutação de pena ou indulto, salvo disposição expressa em contrário no decreto
presidencial.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 146: #MPSC-2021: #CESPE: Tese 17: A falta disciplinar de
natureza grave praticada no período estabelecido pelos decretos presidenciais que tratam de
benefícios executórios impede a concessão de indulto ou de comutação da pena, ainda que a
penalidade tenha sido homologada após a publicação das normas.

(MPPR-2021): Segundo o disposto na Lei de Execuções Penais, bem como o entendimento


sumulado dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta: A prática de falta grave não
interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto. BL: S. 535, STJ.

(TJPA-2019-CESPE): A respeito da execução penal, assinale a opção correta: A prática de falta


grave não interrompe o prazo para a comutação da pena nem para a concessão do indulto, desde
que sejam observados os requisitos previstos no decreto presidencial que instituiu o referido
indulto. BL: S. 535, STJ [vide destaque (TJPA-2019) acima].

(DPEPE-2018-CESPE): João cumpria pena no regime semiaberto quando foi flagrado, por agentes
penitenciários, com um aparelho de telefone celular em sua cela. Considerando essa situação
hipotética, assinale a opção correta à luz da jurisprudência dos tribunais superiores: O prazo para
a comutação da pena de João e indulto não será interrompido em razão da falta cometida. BL: S.
535, STJ.

Súmula 534: A prática de falta grave INTERROMPE a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual SE REINICIA a partir do cometimento dessa infração.
(Cartórios/TJDFT-2014) (TJAL-2015) (MPGO-2016) (TJSP-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (MPBA-2018) (DPEPE-2018)
(DPERS-2018) (PF-2018) (TJPA-2019) (TJPR-2019) (TJSC-2019) (DPEDF-2019) (MPSC-2019) (DPEMG-2019) (MPPR-
2017/2019/2021) (TJGO-2021) (TJRS-2022)

OBS: Importante.

Falta grave acarreta a interrupção da contagem do tempo para a progressão: Se o condenado


comete falta grave, há a interrupção da contagem do tempo para a concessão da progressão de
regime. Em outras palavras, a contagem do requisito objetivo é zerada e deve reiniciar-se. Para a
jurisprudência do STJ, se assim não fosse, ao custodiado em regime fechado que comete falta
grave não se aplicaria sanção em decorrência dessa falta, o que seria um estímulo ao cometimento
de infrações no decorrer da execução.

Vejamos o seguinte exemplo: “A” foi condenado a 6 anos por roubo (roubo não é hediondo, salvo
o latrocínio). “A” começou a cumprir a pena em 01/01/10 no regime fechado. Para progredir ao
regime semiaberto, “A” precisa cumprir 1/6 da pena (1 ano) e ter bom comportamento carcerário.
“A” completaria 1/6 da pena em 31/12/10. Ocorre que, em 30/11/10, “A” fugiu, tendo sido
recapturado em 15/12/10. A fuga é considerada falta grave do condenado (art. 50, II, da LEP).
Como “A” praticou falta grave, seu período de tempo para obter a progressão de regime irá
reiniciar do zero.

O prazo se reinicia a partir do cometimento da infração disciplinar: No caso de fuga, a contagem


do tempo é recomeçada a partir do dia da recaptura. Isso porque enquanto o reeducando está
foragido, ele continua praticando a falta grave. É como se fosse um estado de permanente falta
grave. Assim, o prazo para a progressão só irá recomeçar quando ele for novamente preso.

Logo, para que “A” obtenha o direito à progressão, precisará cumprir 1/6 do restante da pena
período contado a partir de 15/12/10.

Até o dia da fuga, “A” cumpriu 11 meses. Restam ainda 5 anos e 1 mês de pena. Desse período,
“A” terá que cumprir 1/6. Conta-se esse 1/6 do dia da recaptura (15/12/10).

Dessa feita, “A” atingirá 1/6 em 19/10/11.

Em suma, o cometimento de falta grave pelo apenado implica o reinício da contagem do prazo
para obter os benefícios relativos à execução da pena, inclusive para a progressão de regime
prisional.

(MPSP-2019): Quanto aos efeitos da falta grave na execução da pena, interrompe a contagem do
prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do
cometimento dessa infração, a teor da Súmula 534 do STJ. BL: S. 534, STJ.

(MPSP-2017): A decisão judicial que reconhece a prática de falta grave tem como consequência a
interrupção do período para fins de progressão de regime. BL: S. 534, STJ.

(TJDFT-2016-CESPE): No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal,


assinale a opção correta: A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de
pena será interrompida pela prática de falta grave e se reiniciará a partir do cometimento dessa
infração. BL: S. 534, STJ.

Súmula 533: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, É
IMPRESCINDÍVEL a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, ASSEGURADO o direito de defesa, A SER REALIZADO POR
advogado constituído ou defensor público nomeado. (SUPERADA, em parte) (DPESP-2012) (MPRS-
2014) (TJPI-2015) (MPDFT-2015) (TJDFT-2014/2016) (DPEPR-2017) (DPERO-2017) (Cartórios/TJRJ-2017) (MPMS-2018)
(DPEMA-2018) (DPEPE-2018) (TJAL-2015/2019) (TJAC-2019) (TJPA-2019) (MPGO-2019) (TJSP-2017/2018/2021)
(DPEAM-2021) (PCRN-2021)

OBS: Superada, em parte, ou, nas palavras do STJ, o enunciado foi “relativizado”.

Veja a tese fixada pelo STF:


A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação
realizada na presença do defensor e do Ministério Público, afasta a necessidade de
prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual
ausência ou insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de
falta grave durante o cumprimento da pena. Assim sendo, a apuração da prática de falta
grave perante o juízo da Execução Penal é compatível com os princípios do contraditório
e da ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, da CF). STF. Plenário. RE 972598, Rel. Roberto
Barroso, j. 04/05/20 (Repercussão Geral – Tema 941).

Diante disso, o próprio STJ tem se curvado ao entendimento do Supremo. Nesse sentido: STJ. 6ª
Turma. AgRg no HC 581.854/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/08/2020.
Disciplina: O condenado que está cumprindo pena, bem como o preso provisório, possuem o
dever de cumprir determinadas normas disciplinares. A LEP trata sobre o tema nos arts. 44 a 60.

Faltas disciplinares: Caso o indivíduo descumpra alguma das normas de disciplina impostas,
dizemos que ele praticou uma falta disciplinar. As faltas disciplinares classificam-se em: leves,
médias e graves.

Faltas leves e médias: são definidas pela legislação local (estadual), que deverá prever ainda as
punições aplicáveis.

Faltas graves: estão previstas nos arts. 50 a 52 da LEP (O pacote anticrime - Lei 13.964/19 -
também acrescentou uma nova falta grave no § 8º do art. 9º-A, da LEP).

Vale lembrar que a competência para legislar sobre direito penitenciário é concorrente, conforme
determina o art. 24, I, da CF.

Sanções disciplinares: Se ficar realmente comprovado que o reeducando praticou uma falta, ele
receberá uma sanção disciplinar. Como vimos, no caso de faltas leves e médias, as sanções
disciplinares devem ser definidas pela lei estadual. Na hipótese de faltas graves, a própria LEP é
que as prevê.

Para que seja aplicada a sanção disciplinar, exige-se a realização de processo administrativo
disciplinar? A Súmula 533 sempre exigia a realização do processo administrativo. Ocorre que o
STF decidiu em sentido contrário. Veja a tese fixada pela Corte Constitucional:
A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação
realizada na presença do defensor e do MP, afasta a necessidade de prévio Procedimento
Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual ausência ou insuficiência
de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta grave durante o
cumprimento da pena. Assim sendo, a apuração da prática de falta grave perante o juízo
da Execução Penal é compatível com os princípios do contraditório e da ampla defesa (art.
5º, LIV e LV, da CF). STF. Plenário. RE 972598 RG, Rel. Roberto Barroso, j. 04/05/20
(Repercussão Geral – Tema 941)28- 29

Isso significa que a Súmula 533 do STJ foi superada, em parte, ou, nas palavras do STJ, o
enunciado foi “relativizado” considerando que, se houver audiência de justificação, não será
imprescindível a instauração do PAD:
(...) 2. A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação
realizada na presença do defensor e do Ministério Público, afasta a necessidade de prévio
Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual ausência ou
insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta grave
durante o cumprimento da pena (RE 972.598/RS, Relator Min. ROBERTO BARROSO Tema
941, Plenário, Sessão Virtual de 24/4/20 a 30/4/20).
3. Diante dessa nova orientação traçada pelo STF, esta Corte tem entendido que a
Súmula n. 533 do STJ, que reputa obrigatória a prévia realização de procedimento
administrativo disciplinar para o reconhecimento de falta praticada pelo condenado
durante a execução penal, deve ser relativizada, sobretudo em casos nos quais o
reeducando pratica falta grave durante o cumprimento de pena extra muros, ocasiões em
que a realização de audiência de justificação em juízo, com a presença da defesa técnica e
do Parquet, é suficiente para a homologação da falta, não havendo que se falar em
prejuízo para o executado, visto que atendidas as exigências do contraditório e da ampla
defesa, assim como os princípios da celeridade e da instrumentalidade das formas. Isso
porque a sindicância realizada por meio do PAD somente se revelaria útil e justificável para
averiguar fatos vinculados à casa prisional, praticados no interior da cadeia ou sujeitos ao
conhecimento e à supervisão administrativa da autoridade penitenciária.
Precedentes: HC 581.854/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe de 19/6/20; HC 585.769/MG,
Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 30/06/20; HC 582.486/PR, Rel. Min. Rogério Schietti, DJe de

28
#Atenção: Tema cobrado nas provas: i) PCRN-2021 (FGV); ii) MPTO-2022 (CESPE).
29
(TJSP-2021-VUNESP): Em apuração de falta disciplinar atribuída a recluso no interior do
estabelecimento penal, instaurada sindicância para esse fim, em observância aos termos do Regimento
Interno Padrão dos Estabelecimentos Penais, é correto afirmar que garantida a defesa ao sentenciado, em
observância à norma que regulamenta a matéria, válido é o procedimento. BL: Info 941, STF.
28/05/20; HC 577.233/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma do STJ,
unânime, j. 18/08/20, DJe de 24/08/20.
4. A relativização do verbete sumular n. 533/STJ não desprestigia o disposto nos arts. 47,
48 e 59 da LEP, pois, como se sabe, o executado que cumpre pena em regime aberto,
semiaberto harmonizado (com tornozeleira eletrônica ou em prisão domiciliar sem
tornozeleira) ou em livramento condicional deixa de se reportar à direção do presídio e
passa a se reportar diretamente ao Juízo de Execução Criminal, responsável pelo
estabelecimento e fiscalização das condições a serem observadas durante o cumprimento
da pena extra muros, não havendo como se afirmar que nessa etapa da execução penal o
executado remanesce sob o poder disciplinar da autoridade administrativa penitenciária.
(...) STJ. 5ª T. AgRg no HC 579.647/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 08/09/20.

(TJPA-2019-CESPE): Durante revista regular no interior de um presídio, um revólver foi


encontrado na posse de Antônio, que cumpria pena no regime semiaberto, o que constitui falta
grave. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta: O juízo de execução poderá
determinar regressão do regime, baseado em procedimento instaurado pelo diretor do presídio,
sendo garantidos o contraditório e a ampla defesa. BL: S. 533, STJ e art. 66, III, “b”, LEP.30

Súmula 532: CONSTITUI PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, CONFIGURANDO-SE ATO ILÍCITO
INDENIZÁVEL e SUJEITO à aplicação de MULTA ADMINISTRATIVA. (DPERS-2014) (TJDFT-2015)
(PGM-Salvador/BA-2015) (DPEBA-2016) (TRF4-2016) (DPU-2017) (MPBA-2018) (DPEPE-2018) (TJRJ-2019) (MPSC-
2021) (DPEMT-2022)

OBS: Importante.

A questão chegou ao STJ em diversas oportunidades. O que foi decidido? É permitido enviar
cartão de crédito ao cliente sem este ter solicitado? NÃO. Isso configura algo que o CDC chama
de “prática abusiva”. Trata-se, portanto, de ato ilícito porque viola o art. 39, III, do CDC:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou
fornecer qualquer serviço;

Haverá prática abusiva mesmo se o cartão de crédito que for enviado estiver bloqueado? SIM.
Não importa que o cartão de crédito esteja bloqueado. Se ele foi enviado ao consumidor sem que
este tenha feito pedido pretérito e expresso isso já caracteriza prática comercial abusiva, violando
frontalmente o disposto no art. 39, III, do CDC (STJ REsp 1199117/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 18/12/2012).

O consumidor que recebeu o cartão de crédito terá direito de receber indenização por danos
morais? SIM. O STJ reconhece o direito do consumidor à indenização por danos morais nestes
casos.

Além disso, haverá algum outro tipo de punição para a instituição financeira? SIM. Além de
arcar com a indenização por danos morais, a instituição financeira também poderá ser
condenada a pagar multa administrativa imputada pelos órgãos de defesa do consumidor (ex:
PROCON), nos termos do art. 56, I, do CDC.

E se o consumidor, mesmo não tendo solicitado o cartão, optar por ficar com ele? Flávio Tartuce
defende que, no caso de envio de cartão de crédito sem solicitação, se o consumidor quiser com ele
permanecer, a instituição não poderá cobrar anuidade, devendo esse serviço ser considerado
como amostra grátis, com base no art. 39, parágrafo único, do CDC (Manual de Direito do
Consumidor. São Paulo: Método, 2014, p. 377).
Art. 39 (...) Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo
obrigação de pagamento.

(DPEMT-2022-FCC): Mário recebeu, sem prévia ou expressa solicitação, cartão de crédito do


banco do qual é correntista. Segundo entendimento sumulado do STJ, o banco realizou prática
comercial abusiva, ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. BL: S. 532,
STJ.

30
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: (...) III - decidir sobre: (...) b) progressão ou regressão nos regimes;
(TJRJ-2019-VUNESP): Adão solicitou a emissão de um cartão de débito em seu nome, mas, para
sua surpresa, recebeu um cartão de débito e crédito. Em contato com a administradora de cartões,
foi informado que a função de cartão de crédito estava inativa, que a anuidade somente seria
cobrada se este fosse utilizado, e que a taxa de juro para o pagamento de parcelas mínimas seria
de 250% (duzentos e cinquenta por cento) ao ano. Considerando a posição atual dos tribunais
superiores, é correto afirmar que constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito
sem prévia e expressa solicitação do consumidor, mesmo que a função esteja inativa. BL: S. 532,
STJ e jurisprud. do STJ.

#Atenção: #STJ: O art. 39, III, do CDC veda a prática de enviar ao consumidor produtos ou
serviços não requeridos por ele. Nesse ponto, cai por terra a alegação da parte recorrente de que o
cartão enviado estaria com a função crédito inativada, pois tal argumento é irrelevante para o
deslinde da controvérsia. Isso porque, pelo o que consta do acórdão impugnado, o pedido da
consumidora se restringiu a um cartão de débito, tão somente, não havendo registro de que
tenha havido qualquer manifestação de vontade por parte dela quanto ao cartão múltiplo. Há a
abusividade da conduta com o simples envio do cartão de crédito, sem pedido pretérito e
expresso do consumidor, independentemente da múltipla função e do bloqueio da função
crédito, pois tutelam-se os interesses dos consumidores em fase pré-contratual, evitando a
ocorrência de abuso de direito na atuação dos fornecedores na relação consumerista com esse tipo
de prática comercial, absolutamente contrária à boa-fé objetiva. Precedentes: REsp 1199117/SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª T., j. 18/12/12; AgRg no AREsp 152.596/SP, Rel. Min.
Sidnei Beneti, 3ª T., j. 15/05/12. (...) (STJ, 2ª T., REsp 1261513/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 27/08/13).

(DPU-2017-CESPE): A instituição financeira que enviar cartão de crédito para correntista sem a
sua solicitação prévia e expressa cometerá prática comercial abusiva, configuradora de ato ilícito
indenizável. BL: S. 532, STJ

Súmula 531: Em AÇÃO MONITÓRIA FUNDADA em cheque prescrito AJUIZADA CONTRA o


emitente, É DISPENSÁVEL a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. (MPAC-
2014) (TJPI-2015) (TJSE-2015) (TRF3-2016) (DPESC-2017) (PGM-BH/MG-2017) (DPEMA-2015/2018) (PGEAP-2018)
(TJDFT-2023) (TJSP-2023)

OBS: Importante. Vide Súmulas 299 e 503 do STJ. O cheque é título executivo extrajudicial (art. 784,
I, do CPC/15). Assim, se não for pago, o portador do cheque poderá ajuizar ação de execução contra
o emitente e eventuais codevedores (endossantes, avalistas). Essa ação de execução é conhecida
como “ação cambial”.

Qual é o prazo prescricional para a execução do cheque? 6 meses, contados do fim do prazo de
apresentação do cheque. Atente-se que o prazo prescricional somente se inicia quando termina o
prazo de apresentação, e não da sua efetiva apresentação ao banco sacado. Logo, os seis meses
iniciam-se com o fim do prazo de 30 dias (mesma praça) ou com o término do prazo de 60 dias (se
de praças diferentes).

Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM. Com o fim do
prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o cheque perdeu
sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário poderá cobrar o valor desse cheque por
outros meios, quais sejam:
1) Ação de enriquecimento sem causa (“ação de locupletamento”): prevista no art. 61 da Lei
do Cheque (Lei 7.357/85). Essa ação tem o prazo de 2 anos, contados do dia em que se
consumar a prescrição da ação executiva.
2) Ação de cobrança (ação causal): prevista no art. 62 da Lei do Cheque. O prazo é de 5 anos,
nos termos do art. 206, § 5º, I, CC.
3) Ação monitória.

Desse modo, estando o cheque prescrito (sem força executiva), ele poderá ser cobrado do emitente
por meio de ação monitória? SIM. O beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação monitória
para cobrar do emitente o valor consignado na cártula. Existe até uma súmula que menciona isso:
Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

Na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, é necessário que o autor
mencione o negócio jurídico que gerou a emissão daquele cheque? É necessário que o autor da
monitória indique a origem da dívida expressa no título de crédito (uma compra e venda, p. ex.)?
NÃO. Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a
menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. É desnecessária a demonstração da
causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito. O autor
da ação monitória não precisará, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação causal (causa
debendi) que deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar o motivo pelo qual o
réu emitiu aquele cheque) (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 4/2/2013) (recurso repetitivo).

Isso não significa uma forma de cercear o direito de defesa do réu? NÃO. Não há cerceamento de
defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome da “defesa” na ação
monitória), discutir a causa debendi. Na ação monitória há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda
a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Cabe ao réu o ônus de provar, se
quiser, a inexistência do débito.

Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de cheque prescrito? Súmula 503-STJ: O
prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é
quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.

(TJDFT-2023-CESPE): Acerca dos procedimentos especiais e do processo de execução, assinale a


opção correta: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. BL: S. 531 do STJ.

(TRF3-2016): Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é


dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. Nesse caso, o prazo para
ajuizamento da ação é quinquenal, tendo por termo “a quo” o dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula, sendo cabível, nesse caso, a reconvenção. BL: Súmulas 531, 503 e 292, STJ

(TJSE-2015-FCC): J ajuizou ação monitória, fundada em cheque prescrito, contra B, emitente do


cheque. Na petição inicial, J não mencionou o negócio subjacente à emissão da cártula nem a
instruiu com demonstrativo de débito atualizado. De acordo com jurisprudência dominante do
Superior Tribunal de Justiça, o juiz deverá assegurar o direito de emendar a inicial para suprir a
ausência do demonstrativo de débito atualizado, não sendo necessária menção ao negócio
subjacente à emissão da cártula. BL: S. 531 do STJ.

Súmula 530: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros


efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos
autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da
mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor . (TJDFT-2015) (TRF4-2016)
(DPERS-2018) (DPEGO-2021)

OBS: Importante.

“Cheque especial”. É comum que os bancos, ao oferecerem seus serviços, firmem um contrato de
abertura de crédito rotativo com seus clientes. Por meio deste contrato de abertura de crédito
rotativo, o banco se compromete a disponibilizar determinada quantia (chamada comumente de
“limite”) ao seu cliente, que poderá, ou não, utilizar-se desse valor a título de empréstimo. É o que
é vulgarmente conhecido como “cheque especial”. Ex.: a microempresa “XXX” abriu uma conta-
corrente no Banco “B”. Dentre todos os papeis que o administrador da empresa assinou estava um
contrato de abertura de crédito rotativo, por meio do qual, mesmo que a empresa não tivesse
dinheiro em sua conta, teria disponível a quantia de R$ 50 mil para saque. Este valor, se sacado,
constitui-se em um empréstimo, devendo ser devolvido com juros e correção monetária ao banco.

Ação de revisão de contrato de cheque especial. Alguns meses depois, a empresa viu-se sem
dinheiro próprio em sua conta e, precisando de recursos, utilizou esse “limite”, sacando o valor a
ela disponibilizado pelo banco como “cheque especial”. Ocorre que a situação financeira da
empresa piorou e ela não teve como pagar o banco. O banco enviou uma notificação extrajudicial
apresentando o valor total da dívida, próxima de R$ 100 mil reais. A empresa considerou os juros
cobrados pelo banco muito altos e, por essa razão, propôs ação de revisão de contrato de cheque
especial. Na ação, a empresa alegou que, no contrato firmado entre as partes, há previsão de que o
banco cobrará juros remuneratórios, mas em nenhum momento se diz qual é a taxa de juros que
será aplicada. Desse modo, a autora sustentou que é nula a cláusula que não estabeleça
expressamente a taxa de juros que incide sobre o negócio jurídico, devendo tal disposição ser
declarada inválida. Assim, a empresa defendeu que, como a cláusula de juros é inválida, deverá
ser extirpada do contrato e a dívida exigida pelo banco deverá ser recalculada sem a incidência de
juros remuneratórios.

Primeira pergunta: essa cláusula é nula? É nula a cláusula do contrato de mútuo que preveja a
cobrança de juros remuneratórios, mas sem que seja estipulada a taxa aplicável? SIM. Essa
cláusula é nula. Se o contrato envolver um consumidor, podemos dizer que ela é nula por ser
abusiva, na forma do art. 51, X, do CDC. Por outro lado, mesmo que o contrato não seja de
consumo (como no caso em questão), ela também será nula por ser potestativa, ficando o cliente
sujeito ao puro arbítrio do banco, que poderia, em tese, cobrar a taxa que quisesse (art. 122 do
CC/02). Desse modo, nesta primeira parte, a autora da ação estava correta.

Segunda pergunta: como a cláusula é nula, o banco ficará proibido de cobrar a dívida com juros?
NÃO. Mesmo a cláusula sendo nula, o banco poderá cobrar a dívida com juros. Isso porque,
mesmo quando não prevista no contrato, a incidência dos juros é presumida no caso de
empréstimos destinados a fins econômicos. Veja o que estabelece a primeira parte do art. 591 do
CC/2002:
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais,
sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a
capitalização anual.

Terceira pergunta: qual será a taxa de juros que o banco deverá cobrar? O STJ possui o
entendimento de que os juros remuneratórios cobrados pelos bancos não estão sujeitos aos limites
impostos pela Lei de Usura (Decreto nº 22.626/33), pelo Código Civil ou por qualquer outra lei.
Em outras palavras, não existe lei limitando os juros que são cobrados pelos bancos (STJ. 2ª Seção.
REsp 1061530/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/10/2008). Existe também uma
súmula antiga do STF que afirma isso:
Súmula 596-STF: As disposições do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de
juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou
privadas, que integram o sistema financeiro nacional.

Diante da ausência de lei que imponha limites aos juros cobrados pelas instituições financeiras, o
STJ construiu a seguinte regra: os juros cobrados pelos bancos devem utilizar como índice a taxa
média de mercado, que é calculada e divulgada pelo Banco Central (BACEN) em sua página na
internet.

Vale ressaltar que essas taxas são divulgadas de acordo com o tipo de encargo que foi ajustado
(prefixado, pós-fixado, taxas flutuantes e índices de preços), com a categoria do tomador (pessoas
físicas e jurídicas) e com a modalidade de empréstimo realizada (hot money, desconto de
duplicatas, desconto de notas promissórias, capital de giro, conta garantida, financiamento
imobiliário, aquisição de bens, 'vendor', cheque especial, crédito pessoal etc.). Em outras palavras,
para cada tipo de contrato existe uma média das taxas que estão sendo cobradas pelos bancos
naquele mês.

Desse modo, o correto é que o contrato bancário traga uma cláusula prevendo expressamente a
taxa de juros que será aplicada. No entanto, caso o contrato bancário não o faça, o STJ determina
que deverá, em regra, ser aplicada a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas
operações da mesma espécie.

Adotar essa taxa média é a solução mais adequada, porque ela é calculada com base nas
informações prestadas por todas as instituições financeiras e, por isso, representa o ponto de
equilíbrio nas forças do mercado. Além disso, traz embutida em si o custo médio dos bancos e seu
lucro médio, ou seja, um spread médio (REsp 1112880/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
12/05/2010).

Quarta pergunta: por que se disse acima que, em regra, deverá ser aplicada a taxa média de
mercado? Existe alguma situação em que não se aplicará a taxa média de mercado? SIM. A taxa
média de mercado não será aplicada se a taxa que estiver sendo cobrada pela instituição financeira
for mais vantajosa para o devedor, ou seja, se ela for menor que a taxa média de mercado.

Voltando ao nosso exemplo que iniciou a explicação: a microempresa “XXX” abriu uma conta-
corrente no Banco “B” e assinou um contrato de abertura de crédito rotativo (“cheque especial”).
Nesse contrato, não estava previsto o índice de juros cobrado. Essa operação está errada, porque o
contrato deverá prever a taxa de juros. A empresa sacou o dinheiro do “cheque especial”, ou seja,
na prática, tomou um empréstimo do banco. Como ela não pagou, a instituição está cobrando a
dívida. A empresa ajuizou ação de revisão do contrato. O que o juiz deverá fazer? Analisar os
juros que estão sendo cobrados pelo banco e compará-los com a taxa média de mercado:
1) se os juros cobrados estiverem acima da taxa média: o magistrado deverá reconhecer
que há uma abusividade e deverá reduzi-los para a taxa média;

2) se os juros cobrados estiverem abaixo da taxa média: o magistrado ignora a taxa média
e mantém a taxa cobrada em razão de esta ser mais vantajosa para o devedor.

(DPEGO-2021-FCC): Josefa, idosa, contratou empréstimo junto a uma instituição financeira e, no


decorrer do contrato, pagou tempestivamente todas as parcelas. Ao final, notou que havia
desembolsado valor desproporcional em relação ao valor contratado, razão pela qual procurou a
Defensoria para orientação e eventuais medidas cabíveis. Sobre a situação: na ausência de
pactuação de juros, aplica-se a média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações
da mesma espécie, salvo se a taxa praticada for mais vantajosa ao consumidor. BL: S. 530, STJ.

Súmula 529: No seguro de responsabilidade civil FACULTATIVO, NÃO CABE o ajuizamento de


ação pelo terceiro prejudicado DIRETA e EXCLUSIVAMENTE EM FACE da seguradora do
apontado causador do dano. (TJPI-2015) (DPEMA-2015) (TRF2-2018) (Cartórios/TJSP-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro estava dirigindo seu veículo, quando foi abalroado
por trás pelo carro de José. Aparentemente, a culpa pelo acidente foi de José (ele foi o causador do
dano). Felizmente, José possui contrato de seguro de veículos com a “Seguradora X”. Pedro
(terceiro prejudicado), sabendo que José tem contrato de seguro, pode deixar de lado o causador
do dano e ajuizar ação de indenização apenas contra a “Seguradora X” cobrando seu prejuízo?
NÃO. Segundo entendimento pacífico do STJ, o terceiro prejudicado não pode ajuizar, direta e
exclusivamente, ação judicial em face da seguradora do causador do dano. STJ. 2ª S. REsp
962.230-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 8/2/12 (recurso repetitivo) (Info 490).

Esse entendimento foi materializado na Súmula 529 do STJ.

Atenção: A súmula fala em “seguro de responsabilidade civil facultativo” para deixar expresso
que está tratando daquele seguro que os proprietários de carro fazem espontaneamente com a
seguradora. O objetivo foi fazer com que ficasse claro que a súmula não está tratando sobre o
seguro DPVAT, que é um seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos
automotores de via terrestre.

Vejamos os principais argumentos utilizados pelo STJ para chegar à conclusão exposta na
súmula:
 A obrigação da seguradora de ressarcir os danos sofridos por terceiros pressupõe a
responsabilidade civil do segurado. Em outras palavras, a seguradora só paga o terceiro
prejudicado se o segurado teve “culpa” pelo acidente. Como regra, não se pode
reconhecer a responsabilidade civil do segurado em um processo judicial sem que ele
tenha participado, sob pena de ofensa ao devido processo legal e à ampla defesa.
 A obrigação da seguradora está sujeita a condição suspensiva, que não se implementa
pelo simples fato da ocorrência do sinistro, mas somente pela verificação da eventual
obrigação civil do segurado.
 O seguro de responsabilidade civil facultativo não é espécie de estipulação a favor de
terceiro alheio ao negócio. O indivíduo que faz o seguro de veículos não contrata a
seguradora para pagar uma indenização em favor de terceiros. O segurado contrata a
seguradora para que esta cubra os prejuízos que ele, segurado, for obrigado a pagar.
Assim, diz-se que quem sofre o prejuízo é o causador do dano e este prejuízo é
“garantido” (pago) pela seguradora.
 O ajuizamento direto e exclusivamente contra a seguradora ofende os princípios do
contraditório e da ampla defesa, pois a ré (seguradora) não teria como defender-se dos
fatos expostos na inicial, especialmente no que tange à descrição e aos detalhes do sinistro
(acidente).
 O ajuizamento direto e exclusivamente contra a seguradora inviabiliza, também, que a
seguradora possa discutir no processo eventuais fatos extintivos da cobertura
securitária, pois, a depender das circunstâncias em que o segurado se envolveu no
sinistro, poderia a seguradora eximir-se da obrigação contratualmente assumida. É o
caso, por exemplo, do contrato de seguro que estipula que se o segurado estava
embriagado a seguradora se isenta da obrigação contratual. Se o segurado não está na
lide, tais discussões não poderão ser suscitadas pela seguradora.

#Parêntese: #Atenção: #STJ: #TRF2-2018: Se houve reconhecimento da culpa do segurado e


pagamento de parte da indenização pela seguradora ao terceiro, não se aplica a Súmula
529 do STJ: A vítima de acidente de trânsito pode ajuizar demanda direta e
exclusivamente contra a seguradora do causador do dano quando reconhecida, na esfera
administrativa, a responsabilidade deste pela ocorrência do sinistro e quando parte da
indenização securitária já tiver sido paga. Não se aplica, neste caso, a Súmula 529 do STJ.
Isso porque, mesmo não havendo relação contratual entre a seguradora e o terceiro
prejudicado, a sucessão dos fatos (apuração administrativa e pagamento de parte da
indenização) faz com que surja uma relação jurídica de direito material envolvendo a
vítima e a seguradora. STJ. 3ª T. REsp 1.584.970-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j.
24/10/17 (Info 614).
(TRF2-2018): O STJ consagrou a orientação de que é incabível a ação do terceiro prejudicado direta e
exclusivamente em face da seguradora do suposto causador do dano (Súmula n. 529). Contudo, em
casos excepcionais nos quais a obrigação de indenizar a vítima se revele incontroversa, o mesmo
Tribunal Superior tem admitido a ação direta e exclusiva da vítima em face da seguradora. Assinale
a alternativa que indica uma de tais hipóteses excepcionais: a pretensão de complementação de
indenização securitária decorrente do seguro de responsabilidade civil facultativo. BL: Info 614, STJ.

Súmula 528: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via
postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. (CANCELADA)

#Atenção: #STJ: #DOD: Compete ao Juízo Federal do endereço do destinatário da droga,


importada via Correio, processar e julgar o crime de tráfico internacional:
Na hipótese de importação da droga via correio cumulada com o conhecimento do
destinatário por meio do endereço aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ deva ser
flexibilizada para se fixar a competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da
facilitação da fase investigativa, da busca da verdade e da duração razoável do processo.
STJ. 3ª S. CC 177.882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 26/05/21 (Info 698). 31

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: João foi preso em flagrante delito, no Aeroporto
Internacional de Guarulhos/SP, na fila do check in do voo da companhia aérea South African,
com destino a Johannesburg/África do Sul, levando consigo cerca de 2kg de cocaína amarrada em
seu corpo. O agente foi denunciado pela prática de tráfico transnacional de drogas (art. 33 da Lei
nº 11.343/2006), com a incidência da causa de aumento prevista no art. 40, I:
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;

A defesa alegou que o agente não chegou a atravessar a fronteira de nenhum país, de forma que
não houve transnacionalidade. Logo, não deveria incidir a causa de aumento do inciso I. Essa tese
é aceita pela jurisprudência? Para incidir essa causa de aumento, é necessário que o agente
atravesse a fronteira? NÃO.
Para a incidência da causa especial de aumento de pena prevista no inciso I do art. 40 da
Lei de Drogas, é irrelevante que haja a efetiva transposição das fronteiras nacionais, sendo
suficiente, para a configuração da transnacionalidade do delito, que haja a comprovação de
que a substância tinha como destino/origem localidade em outro País. STJ. 6ª T. AgRg no
AREsp 377.808/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/09/2017.

A incidência da majorante, que tem como objetivo apenar com maior severidade a atuação
do traficante direcionada para além das fronteiras do País, não exige o transporte efetivo
para o exterior, basta que se identifique a intenção. STF. 2ª T. HC 127221, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 25/08/2015.
31
#Atenção: Tema cobrado na prova do MPDFT-2021.
Esse entendimento pacificado do STJ e STF foi agora sumulado. Vale mencionar uma súmula
relacionada que adota o mesmo raciocínio:
Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06,
é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.

Cuidado com essa flexibilização : compete ao Juízo Federal do endereço do destinatário da droga,
importada via Correio, processar e julgar o crime de tráfico internacional:
Na hipótese de importação da droga via correio cumulada com o conhecimento do
destinatário por meio do endereço aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ deva ser
flexibilizada para se fixar a competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da
facilitação da fase investigativa, da busca da verdade e da duração razoável do processo.
STJ. 3ª S. CC 177.882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 26/05/21 (Info 698).

Súmula 528-STJ: A explicação da Súmula 607 do STJ acabou. No entanto, se você ainda tiver um
tempo, vamos relembrar um tema conexo, qual seja, a súmula 528 do STJ.
Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do
exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.

Vamos explicar a súmula 528 com o seguinte exemplo: Pablo, que mora na Espanha, enviou de lá,
por correio, uma caixa contendo droga. O destinatário da encomenda seria alguém que mora em
Londrina (PR) e que encomendou pela internet o entorpecente. Ocorre que, ao chegar no Brasil,
em um voo que veio de Madrid e pousou em São Paulo, a caixa foi levada para inspeção no posto
da Receita Federal e lá se descobriu, por meio da máquina de raio X, a existência da droga.

Qual foi o delito em tese praticado pela pessoa que seria destinatária da droga (que encomendou
o entorpecente)? Tráfico transnacional de drogas (art. 33 c/c art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006). Essa
pessoa, em tese, importou a droga.

A competência para julgar será da Justiça Estadual ou Federal? Será da Justiça Federal, nos
termos do art. 109, V, da CF e art. 70 da Lei 11.343/06:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V — os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente; (...)

Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.

A competência será da Justiça Federal de São Paulo ou de Londrina? Será da Justiça Federal de
São Paulo (local da apreensão). Na hipótese em que drogas enviadas via postal do exterior
tenham sido apreendidas na alfândega, competirá ao juízo federal do local da apreensão da
substância processar e julgar o crime de tráfico de drogas, ainda que a correspondência seja
endereçada a pessoa não identificada residente em outra localidade.

Por quê? O CPP prevê que a competência é definida pelo local em que o crime se consumar:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.

A conduta prevista no art. 33, caput, da Lei 11.343/06 constitui delito formal, multinuclear, sendo
que, para sua consumação, basta a execução de qualquer das condutas previstas no dispositivo
legal.

No caso em tela, a pessoa que encomendou a droga, praticou o verbo “importar”, que significa
“fazer vir de outro país, estado ou município; trazer para dentro.” Logo, pode-se afirmar que o
delito se consumou no instante em que tocou o território nacional, entrada essa consubstanciada
na apreensão da droga.

Vale ressaltar que, para que ocorra a consumação do delito de tráfico transnacional de drogas, é
desnecessário que a correspondência chegue ao destinatário final. Se chegar, haverá mero
exaurimento da conduta. Também não importa, para fins de consumação e competência, se a
pessoa que encomendou a droga já foi identificada ou não pela polícia. A consumação
(importação) ocorreu quando a encomenda entrou no território nacional.

Dessa forma, o delito se consumou em São Paulo, local de entrada da mercadoria, sendo esse o
juízo competente, nos termos do art. 70 do CPP.

Súmula 527: O TEMPO DE DURAÇÃO da medida de segurança NÃO DEVE ULTRAPASSAR o


limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. (TJDFT-2014) (TJSP-2015) (TJAL-
2015) (MPDFT-2015) (MPMS-2015) (Cartórios/TJRS-2015) (PCDF-2015) (DPEBA-2016) (PCPE-2016) (DPEPR-
2014/2017) (MPMG-2017) (DPEAC-2017) (DPERO-2017) (PGM-BH/MG-2017) (PCMA-2018) (PCPI-2018) (MPCE-2020)
(DPESC-2017/2021) (MPSC-2021) (DPEMS-2022)

OBS: Importante. Atualmente, tanto o STJ como o STF afirmam que existe sim prazo máximo de
duração das medidas de segurança porque estas possuem caráter punitivo.

Qual é o prazo máximo de duração das medidas de segurança?

Posição do STF: 40 anos* Posição do STJ: Máximo da pena abstratamente


cominada ao delito praticado
O STF possui julgados afirmando que a medida Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida
de segurança deverá obedecer a um prazo de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo de 40 anos*, estabelecendo uma máximo da pena abstratamente cominada ao
analogia ao art. 75 do CP, e considerando que a delito praticado.
CF veda as penas de caráter perpétuo.
Ex.: João, inimputável, pratica fato previsto como
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas furto simples (art. 155, caput, do CP); o juiz
privativas de liberdade não pode ser superior a aplica a ele medida de segurança de internação;
40 (quarenta) anos. (redação dada pela Lei após 4 anos cumprindo medida de segurança, o
13.964/2019) magistrado deverá determinar a desinternação
§ 1º Quando o agente for condenado a penas de João, considerando que foi atingido o máximo
privativas de liberdade cuja soma seja superior a da pena abstratamente cominada para o furto
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas (“reclusão, de um a quatro anos, e multa”).
para atender ao limite máximo deste artigo.
(redação dada pela Lei 13.964/2019) A conclusão do STJ é baseada nos princípios da
isonomia e proporcionalidade (proibição de
(...) Esta Corte já firmou entendimento no excesso). Não se pode tratar de forma mais
sentido de que o prazo máximo de duração da gravosa o infrator inimputável quando
medida de segurança é o previsto no art. 75 do comparado ao imputável. Ora, se o imputável
CP (...) (STF. 1ª T. HC 107432, Rel. Min. Ricardo somente poderia ficar cumprindo a pena até o
Lewandowski, j. 24/05/11). máximo previsto na lei para aquele tipo penal,
é justo que essa mesma regra seja aplicada
àquele que recebeu medida de segurança.

*o art. 75 do CP previa o prazo máximo de 30 anos de cumprimento de pena. Este dispositivo foi,
contudo, alterado pela Lei nº 13.964/2019, de sorte que o prazo passou a ser de 40 anos:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas Art. 75. O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a privativas de liberdade não pode ser superior a
30 (trinta) anos. 40 (quarenta) anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas § 1º Quando o agente for condenado a penas
privativas de liberdade cuja soma seja superior a privativas de liberdade cuja soma seja superior a
30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas
atender ao limite máximo deste artigo. para atender ao limite máximo deste artigo.

(TJRS-2016-Faurgs): Segundo a orientação jurisprudencial dominante no STJ, o tempo de duração


da medida de segurança não poderá ser superior ao tempo máximo de pena abstratamente
cominado ao crime praticado pelo agente. BL: S. 527, STJ.

(TJSP-2014-VUNESP): Assinale a opção que contenha assertiva verdadeira no tocante às Medidas


de Segurança: A prescrição de medida de segurança deve ser calculada pelo máximo da pena
cominada ao delito atribuído ao agente, interrompendo-se-lhe o prazo com o início do seu
cumprimento. BL: S. 527, STJ.

#Atenção: “A prescrição da medida de segurança imposta em sentença absolutória imprópria é


regulada pela pena máxima abstratamente prevista para o delito. O CP não cuida expressamente
da prescrição de medida de segurança, mas essa é considerada uma espécie do gênero sanção
penal. Assim considerada, sujeita-se às regras previstas no CP relativas aos prazos prescricionais e
às diversas causas interruptivas da prescrição. O STF já se manifestou nesse sentido ao entender
que incide o instituto da prescrição na medida de segurança, estipulando que “é espécie do gênero
sanção penal e se sujeita, por isso mesmo, à regra contida no artigo 109 do Código Penal” (RHC
86.888-SP, Primeira Turma, DJ de 2/12/05). Esta Corte Superior, por sua vez, já enfrentou a
questão, também considerando a medida de segurança como espécie de sanção penal e, portanto,
igualmente sujeita à prescrição e suas regras, assentando, ainda, que o lapso temporal necessário à
verificação da referida causa de extinção da punibilidade deve ser encontrado tendo como
referência a pena máxima abstratamente prevista para o delito.” (STJ, RHC 39.920-RJ, Rel. Min.
Jorge Mussi, j. 6.2.14).

#Atenção: O STJ entende que a sentença que impõe medida de segurança não é marco
interruptivo da prescrição, por não estar enquadrada dentro das hipóteses do art. 117 do CP, que
expressamente exige sentença condenatória. Os marcos interruptivos da prescrição em medida de
segurança são o recebimento da denúncia e o efetivo cumprimento da medida.

Súmula 526: O RECONHECIMENTO DE FALTA GRAVE decorrente do cometimento de fato


definido como crime doloso no cumprimento da pena PRESCINDE do trânsito em julgado de
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato. (TJPI-2015)
(MPDFT-2015) (MPRR-2017) (MPRS-2017) (DPERO-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (TJSP-2017/2018) (DPEAP-2018)
(DPERS-2018) (TJAL-2015/2019) (MPPR-2017/2019) (TJPA-2019) (TJSC-2019) (DPEDF-2019) (DPEMG-2019)

OBS: Importante.

Faltas disciplinares: Caso o indivíduo descumpra alguma das normas de disciplina impostas,
dizemos que ele praticou uma falta disciplinar. As faltas disciplinares classificam-se em: leves,
médias e graves. Faltas leves e médias: são definidas pela legislação local (estadual), que deverá
prever ainda as punições aplicáveis. Faltas graves: estão previstas nos arts. 50 a 52 da LEP.

Prática de fato previsto como crime doloso: A LEP prevê uma hipótese que constitui falta grave
tanto para condenados que estejam cumprindo pena privativa de liberdade como para os que
estejam cumprindo pena restritiva de direitos. Trata-se da prática de crime doloso, situação
trazida pelo art. 52, caput, 1° parte da LEP. Veja:
Art. 52. A prática de jato previsto como crime doloso constitui falta grave (...).

Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave,
é necessário que, antes disso, ele já tenha sido condenado judicialmente pela prática do crime
doloso? Em outras palavras, para que se puna administrativamente a falta grave, exige-se prévia
sentença judicial condenatória? NÃO. Para que o reeducando seja punido administrativamente
com a sanção disciplinar da falta grave NÃO é necessário que, antes disso, ele seja condenado
judicialmente pela prática do crime doloso. Esse é o entendimento consolidado no STJ:
(...) O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como
crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato. (...) (STJ. 3° Seção. REsp
1336561/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 25/09/13.Recurso
repetitivo).

Os três principais argumentos para sustentar esse entendimento são os seguintes:


1) Para configurar falta grave, o art. 52 da LEP não exige a condenação por crime doloso. O
referido artigo menciona que a prática de foto previsto como crime doloso já representa
falta grave.
2) Caso fosse necessário aguardar a condenação do réu com trânsito em julgado, a
previsão do art. 52 seria inócua na prática, uma vez que um processo penal, para transitar
em julgado, demora, em regra, anos, havendo assim possibilidade concreta de o réu
terminar o cumprimento da pena anterior sem que tivesse sido julgado o novo delito
cometido.
3) O procedimento administrativo de apuração e punição pela falta grave decorrente da
prática de crime doloso deve respeitar a ampla defesa e o contraditório, de forma que não
há prejuízo ao apenado.

Com o intuito de divulgar ainda mais esse entendimento, tornando-o mais difundido e seguido
pelos juízes e Tribunais, o STJ resolveu editar a Súmula 526 espelhando tal conclusão.

Súmula 525: A Câmara de Vereadores NÃO POSSUI PERSONALIDADE JURÍDICA, APENAS


PERSONALIDADE JUDICIÁRIA, SOMENTE PODENDO DEMANDAR em juízo para defender
os seus direitos institucionais . (TJAM-2013) (DPERR-2013) (MPMA-2014) (TJSP-2014) (PGM-Fortaleza/CE-
2017) (TJRS-2018) (TJCE-2018) (MPMG-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/CE-2021) (PCSP-2022)

OBS: Importante.

Capacidade de ser parte: Um dos pressupostos de existência do processo é a capacidade de ser


parte. Diz-se que alguém tem “capacidade de ser parte” quando possui a aptidão (a possibilidade)
de ser autor ou réu em qualquer processo. Em regra, pode ser parte qualquer sujeito que tenha
personalidade jurídica, podendo ser pessoa física ou pessoa jurídica.

Personalidade judiciária: Existem alguns sujeitos que não têm personalidade jurídica (civil),
mas que podem ser parte. Nesse caso, dizemos que gozam de personalidade judiciária.
Exemplos: Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunais de Justiça, Tribunais de Contas,
Procon, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais, nascituro, massa falida, comunidade
indígena.

Câmara Municipal e Assembleia Legislativa: Tanto a Câmara Municipal (Câmara de Vereadores)


como a Assembleia Legislativa possuem natureza jurídica de órgão público. Os órgãos integram
a estrutura do Estado e, por isso, não têm personalidade jurídica própria. Apesar de não terem
personalidade jurídica, a Câmara Municipal e a Assembleia Legislativa possuem personalidade
judiciária.

A personalidade judiciária da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa é ampla? Elas


podem atuar em juízo em qualquer caso? NÃO. Elas até podem atuar em juízo, mas apenas para
defender os seus direitos institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao funcionamento,
autonomia e independência do órgão.

Exemplo concreto: a Câmara dos Vereadores de determinada localidade ajuizou ação contra a
União pedindo que esta liberasse os repasses do Fundo de Participação do Município (FPM) que
tinham sido retidos. A Câmara possui legitimidade ativa para essa demanda? NÃO. Para se aferir
se a Câmara de Vereadores tem legitimação ativa, é necessário analisar se a pretensão deduzida
em juízo está, ou não, relacionada a interesses e prerrogativas institucionais do órgão . Para o
STJ, uma ação pedindo a liberação de FPM é uma pretensão de interesse apenas patrimonial do
Município e que, portanto, não está relacionado com a defesa de prerrogativa institucional da
Câmara Municipal. Não se trata de um direito institucional da Câmara (STJ. 2ª Turma. REsp
1.429.322-AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 20/2/14. Info 537).

Resumindo: a Câmara de Vereadores, por ser um órgão, não possui personalidade jurídica (não é
pessoa jurídica). Apesar de não ter personalidade jurídica (civil), a Câmara pode ser parte em
algumas causas judiciais em virtude de gozar de personalidade judiciária. No entanto, essa
personalidade judiciária não é ampla e ela só pode demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais (aqueles relacionados ao funcionamento, autonomia e independência do
órgão).

(TJAM-2013-FGV): Alguns órgãos públicos que embora não possuam personalidade jurídica, mas
possuem personalidade judiciária, podem, excepcionalmente, demandar em juízo para defender
seus direitos institucionais. BL: S. 525, STJ.

Súmula 524: No tocante à base de cálculo, o ISSQN INCIDE APENAS SOBRE A TAXA DE
AGENCIAMENTO quando o serviço prestado por sociedade empresária de trabalho temporário
FOR DE INTERMEDIAÇÃO, DEVENDO, entretanto, ENGLOBAR TAMBÉM os valores dos
salários e encargos sociais dos trabalhadores por ela contratados nas hipóteses de fornecimento de
mão de obra. (TJPE-2015) (TJMG-2018)

(TJPE-2015-FCC): A respeito do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), é correto


afirmar: Se a atividade de prestação de serviço de mão-de-obra temporária é realizada por pessoal
contratado pelas empresas de recrutamento, resta afastada a figura da intermediação,
considerando-se a mão-de-obra empregada na prestação do serviço contratado como custo do
serviço e, portanto, despesa não dedutível da base de cálculo do ISSQN. BL: S. 524, STJ.

#Atenção: Entretanto, na questão acima, a empresa pagará ISS porque esse serviço está listado no
anexo da LC 116/2003: 17.04 Recrutamento, agenciamento, seleção e colocação de mão-de-obra.

#Atenção: ISSQN incidirá:


1.  APENAS sobre a TAXA DE AGENCIAMENTO de serviço → se a empresa de trabalho
temporário for apenas de INTERMEDIAÇÃO.
2.  Sobre a taxa de agenciamento de serviço e também sobre os valores dos salário e
encargos sociais dos trabalhadores por ela contratados nas hipóteses de fornecimento de
mão de obra.

Súmula 523: A taxa de juros de mora INCIDENTE na REPETIÇÃO DE INDÉBITO DE TRIBUTOS


ESTADUAIS DEVE CORRESPONDER à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso,
SENDO LEGÍTIMA a incidência da TAXA SELIC, em ambas as hipóteses, quando prevista na
legislação local, VEDADA sua cumulação com quaisquer outros índices . (PGM-Curitiba/PR-2015)
(PGM-POA/RS-2016) (Cartórios/TJMG-2017) (Anal. Judic./STJ-2018) (PGM-Florianópolis/SC-2022)

OBS: Importante.

Por que a súmula diz que a SELIC não pode ser cumulada com quaisquer outros índices? Porque a
SELIC é um tipo de índice de juros moratórios que já abrange juros e correção monetária. Como
assim? No cálculo da SELIC (em sua “fórmula matemática”), além de um percentual a título de
juros moratórios, já é embutida a taxa de inflação estimada para o período (correção monetária).

Em outras palavras, a SELIC é uma espécie de índice que engloba juros e correção monetária.
Logo, se o credor exigir a SELIC e mais a correção monetária, ele estará cobrando duas vezes a
correção monetária, o que configura bis in idem. Por isso, o STJ afirma que, se a lei estadual prevê
a aplicação da SELIC, é proibida a sua cobrança cumulada com quaisquer outros índices, seja de
atualização monetária (correção monetária), seja de juros. Basta a SELIC.

(Anal. Judic./STJ-2018-CESPE): À luz da jurisprudência majoritária e atual dos tribunais


superiores e da doutrina acerca dos princípios constitucionais tributários, do indébito tributário,
do crédito tributário e do poder de tributar, julgue o item seguinte: A taxa de juros de mora
incidente na repetição do indébito tributário deve corresponder àquela utilizada para a cobrança
do tributo pago em atraso. BL: S. 523, STJ.

Súmula 522: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial É TÍPICA,
AINDA QUE em situação de alegada autodefesa . (TJDFT-2014) (MPMG-2014) (MPDFT-2015) (DPERN-
2015) (TCERN-2015) (MPRS-2016) (PCPE-2016) (TCEPA-2016) (TCEPR-2016) (TCESC-2016) (PGM-BH/MG-2017)
(TJSP-2015/2018) (DPEPE-2018) (PCRS-2018) (TJAL-2019) (MPGO-2019) (MPMT-2019) (TCERO-2019) (PGM-Boa
Vista/RR-2019) (Cartórios/TJGO-2021) (TJMG-2022) (DPEPR-2022) (PCAL-2023) (Anal. Judic./TJES-2023)

OBS: Importante. Distinção entre falsa identidade e uso de documento falso:

Art. 307 — Falsa identidade Art. 304 — Uso de documento falso


Consiste na simples atribuição de falsa Aqui há obrigatoriamente o uso de documento
identidade, sem a utilização de documento falso. falso.
Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente afirma Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente, João
que seu nome é Pedro Silva, quando, na Lima, afirma que seu nome é Pedro Silva e
verdade, ele é João Lima. apresenta o RG falsificado com este nome.

Assim como no caso do uso de documento falso, também na hipótese de falsa identidade, o STF
entende que há crime quando o agente, para não se incriminar, atribui a si uma identidade que
não é sua. Essa questão já foi, inclusive, analisada pelo Pleno do STF em regime de repercussão
geral:
O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso LXIII, da CF não alcança aquele
que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus
antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP). O
tema possui densidade constitucional e extrapola os limites subjetivos das partes. STF.
Plenário. RE 640139 RG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/9/11.

(...) O Plenário Virtual, ao analisar o RE 640.139/DF, reconheceu a repercussão geral do


tema versado nestes autos e, na ocasião, reafirmou a jurisprudência, já consolidada no
sentido de que comete o delito tipificado no art. 307 do CP aquele que, conduzido
perante a autoridade policial, atribui a si falsa identidade com o intuito de ocultar seus
antecedentes. (...) STF. 2ª T. RE 648223 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 18/10/11

Trata-se também da posição do STJ:


É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, atribui para si
falsa identidade (art. 307 do CP), ainda que em alegada situação de autodefesa. Isso
porque a referida conduta não constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-
se de conduta típica, por ofensa à fé pública e aos interesses de disciplina social,
prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no falso. STJ. 3ª S. REsp
1.362.524-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 23/10/13 (recurso repetitivo).

Assim, tanto o STF como o STJ entendem que a alegação de autodefesa não serve para
descaracterizar a prática dos delitos do art. 304 ou do art. 307 do CP.

(PCRN-2021-FGV): O direito processual penal é regido por diversos princípios, dentre os quais o
do nemo tenetur se detegere, pelo qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo.
Com base no princípio em questão e na jurisprudência dos Tribunais Superiores: a atribuição de
falsa identidade pelo suspeito ou investigado, ainda que em situação de autodefesa, configura fato
típico. BL: art. 307, CP c/c S. 522, STJ.

(MPGO-2019): Sobre os crimes contra a Fé Pública e a Administração Pública, assinale a


alternativa correta: O autor que, preso em flagrante delito pela prática do crime de roubo, atribui-
se falsa identidade perante a autoridade policial, a fim de ocultar seus maus antecedentes ou
mesmo a fim de se eximir de eventual responsabilidade penal, comete o crime de falsa identidade
(CP, art. 307), ainda que alegue ter agido em situação de autodefesa, sendo este o entendimento
dominante dos Tribunais Superiores. BL: art. 307, CP c/c S. 522, STJ.

(TJPA-2019-CESPE): Fernando, imputável, cumpria pena de sete anos de reclusão em regime


semiaberto. Em 15/02/19, foi autorizado a realizar trabalho externo. Em 16/02/19, ele saiu do
estabelecimento penitenciário para o trabalho externo, mas não mais retornou. Por essa razão, foi
expedido mandado de prisão contra ele. Abordado por policiais em um bar, Fernando identificou-
se como Domingos. Ele foi encaminhado à delegacia e lá novamente se identificou como
Domingos. A verdadeira identidade de Fernando foi descoberta somente dois dias depois. Ouvido
como investigado, Fernando disse que tinha adotado o nome Domingos porque sabia que contra
ele havia mandado de prisão expedido. De acordo com a jurisprudência do STJ, quando se
identificou como Domingos, Fernando Praticou o crime de falsa identidade, embora tenha
alegado situação de autodefesa. BL: art. 307, CP c/c S. 522, STJ.

(PCRS-2018-Fundatec): De acordo com a lei, a doutrina e a jurisprudência dos Tribunais


Superiores, analise a situação hipotética a seguir: Larapius foi preso em flagrante pela prática de
um crime de roubo. Ao ser apresentado na Delegacia de Polícia para ser autuado, atribui-se
identidade falsa. Nessa hipótese, de acordo com o entendimento do STJ, estará cometendo o crime
de falsa identidade. BL: art. 307, CP c/c S. 522, STJ.

(MPSP-2017): A conduta do acusado que, ao ser preso por prática de crime contra o patrimônio, se
atribui falsa identidade, constitui crime de falsa identidade. BL: art. 307, CP c/c S. 522, STJ.

#Atenção: No caso, ele responde pelo delito contra o patrimônio + falsa identidade em concurso
MATERIAL, tendo suas penas somadas.

(TRF4-2016): Assinale a alternativa correta: Atualmente, prevalece no STF e no STJ o


entendimento no sentido de que o princípio constitucional da autodefesa não aproveita àquele
que se atribui falsa identidade, perante a autoridade policial, com o objetivo de ocultar seus maus
antecedentes; logo, tal conduta é penalmente típica. BL: Entend. Jurisprud. (RE 640139 – citado
acima) e S. 522, STJ.

Súmula 521: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. (SUPERADA)
OBS: Superada.

Multa: é uma espécie de pena, por meio da qual o condenado fica obrigado a pagar uma quantia
em dinheiro que será revertida em favor do Fundo Penitenciário.

Pagamento da multa: A pena de multa é fixada na própria sentença condenatória. Depois que a
sentença transitar em julgado, o condenado terá um prazo máximo de 10 dias para pagar a multa
imposta (art. 50 do CP). O Código prevê a possibilidade de o condenado requerer o parcelamento
da multa em prestações mensais, iguais e sucessivas, podendo o juiz autorizar, desde que as
circunstâncias justifiquem (ex.: réu muito pobre, multa elevadíssima etc.). O parcelamento deverá
ser feito antes de esgotado o prazo de 10 dias. O Juiz, antes de decidir, poderá determinar
diligências para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o Ministério Público,
fixará o número de prestações (art. 169, § 1º da LEP). Se o condenado for impontual ou se
melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
poderá revogar o benefício (art. 169, § 2º da LEP).

O que acontece caso o condenado não pague nem parcele a multa no prazo de 10 dias?
1) Antes da Lei 9.268/96: se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a pena de multa, ela
deveria ser convertida em pena de detenção. Em outras palavras, a multa era transformada em
pena privativa de liberdade.
2) Atualmente: a Lei 9.268/96 alterou o art. 51 do CP e previu que, se a multa não for paga, ela
será considerada dívida de valor e deverá ser exigida por meio de execução (não se permite
mais a conversão da pena de multa em detenção).

Antes da Lei 9.268/96 Depois da Lei 9.268/96 (ATUALMENTE)


Art. 51. A multa converte-se em pena de Art. 51. Transitada em julgado a sentença
detenção, quando o condenado solvente condenatória, a multa será considerada dívida de
deixa de paga-lá ou frustra a sua execução. valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive
no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.

Multa permaneceu com caráter penal: Importante esclarecer que, mesmo com essa mudança
trazida pela Lei 9.268/96, a multa continua tendo caráter de sanção criminal, ou seja, permanece
sendo uma pena, por força do art. 5º, XLVI, “c”, da CF:
Art. 5º (...)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
c) multa;

Assim, a única coisa que a Lei 9.268/96 fez foi mudar a forma de cobrança da multa não paga:
antes, ela virava pena de detenção; agora, deve ser cobrada por meio de execução.

Quem executa a pena de multa?


STF:
STJ: Fazenda Pública Prioritariamente: o Ministério Público.
Subsidiariamente: a Fazenda Pública
O STJ sempre sustentou que, como se trata de A Lei nº 9.268/96, ao considerar a multa penal como
dívida de valor, a pena de multa deveria ser dívida de valor, não retirou dela o caráter de sanção
executada pela Fazenda Pública por meio de criminal.
execução fiscal que tramita na vara de Diante de tal constatação, não há como retirar do
execuções fiscais. MP a competência para a execução da multa penal,
O rito a ser aplicado seria o da Lei nº considerado o teor do art. 129 da CF, segundo o
6.830/80. qual é função institucional do MP promover
A execução da pena de multa ocorreria como privativamente a ação penal pública, na forma da
se estivesse sendo cobrada uma multa lei.
tributária. Promover a ação penal significa conduzi-la ao longo
Não se aplica a Lei nº 7.210/84 (LEP). do processo de conhecimento e de execução, ou seja,
buscar a condenação e, uma vez obtida esta, executá-
Esse era o entendimento pacífico do STJ, la. Caso contrário, haveria uma interrupção na função
tanto que foi editada uma súmula nesse do titular da ação penal.
sentido. Ademais, o art. 164 da LEP é expresso ao reconhecer
essa competência do MP. Esse dispositivo não foi
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a revogado expressamente pela Lei nº 9.268/96.
execução fiscal de multa pendente de Vale ressaltar, entretanto que, se o titular da ação
pagamento imposta em sentença penal, mesmo intimado, não propuser a execução
condenatória é exclusiva da Procuradoria da da multa no prazo de 90 dias, o juiz da execução
Fazenda Pública. criminal deverá dar ciência do feito ao órgão
competente da Fazenda Pública (federal ou
estadual, conforme o caso) para a respectiva
cobrança na própria vara de execução fiscal, com a
observância do rito da Lei 6.830/80.
Quem executa: Fazenda Pública. Quem executa:
Juízo: vara de execuções fiscais. • Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de
Legislação: Lei nº 6.830/80. execução penal, aplicando-se a LEP.
• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias
após ser devidamente intimada: a Fazenda Pública
irá executar, na vara de execuções fiscais, aplicando-
se a Lei nº 6.830/80.

Onde tramita essa execução? No juízo da execução penal.

ATENÇÃO: alteração recente do art. 51 pela Lei 13.964/2019 ("Pacote Anticrime"): O art. 51 do
Código Penal foi alterado para deixar expressa essa competência:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 51. Transitada em julgado a sentença Art. 51. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será considerada dívida condenatória, a multa será executada perante
de valor, aplicando-se-lhes as normas da o juiz da execução penal e será considerada
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda dívida de valor, aplicáveis as normas relativas
Pública, inclusive no que concerne às causas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive
interruptivas e suspensivas da prescrição. no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.

Foi o que decidiu o STF:


O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de
sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de
cobrança pela Fazenda Pública. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min.
Roberto Barroso, j. 12 e 13/12/18 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto
Barroso, j. 12 e 13/12/18 (Info 927).

Exemplo: João foi sentenciado por roubo e o juiz de direito (Justiça Estadual) o condenou a 4 anos
de reclusão e mais 10 dias-multa no valor de meio salário mínimo cada. Depois do trânsito em
julgado, o condenado foi intimado para pagar a pena de multa no prazo de 10 dias, mas não o fez.
Diante disso, o escrivão da vara irá fazer uma certidão na qual constarão as informações sobre a
condenação e o valor da multa.

• Para o STJ, o magistrado deveria remeter a certidão para Procuradoria Geral do Estado e um
dos Procuradores do Estado iria ajuizar, em nome do Estado, uma execução fiscal que tramitaria
na vara de execuções fiscais (não era na vara de execuções penais).

• Agora, com a decisão do STF, o magistrado deverá intimar o Ministério Público e o Parquet
irá propor a execução da multa na vara de execução penal. Caso o MP, devidamente intimado,
não proponha a execução da multa no prazo de 90 dias, o juiz da execução criminal deverá dar
ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual, conforme o caso)
para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal, com a observância do rito da Lei
6.830/80.

 Alerta: se João tivesse sido condenado pela Justiça Federal, quem iria ingressar com a
execução seria prioritariamente o MPF e, apenas subsidiariamente, a União, por
intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN).

O que acontece com o entendimento do STJ manifestado na Súmula 521? Fica superado e a
súmula será cancelada. Isso porque a decisão do STF foi proferida em ação direta de
inconstitucionalidade possuindo, portanto, eficácia erga omnes e efeito vinculante (art. 102, § 2º,
da CF).

Súmula 520: O BENEFÍCIO DE SAÍDA TEMPORÁRIA no âmbito da execução penal É ato


jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
(TJSE-2015) (MPPR-2016) (DPERO-2017) (MPMS-2018) (TJAL-2015/2019) (MPGO-2019) (MPDFT-2015/2021) (TJPE-
2022)

OBS: Importante. O que a Súmula 520 quer dizer não é que seja proibida a saída temporária
automatizada. O que o enunciado proíbe é apenas que o juiz delegue ao diretor do presídio a
fixação das datas da saída.

Segundo o STJ, é possível que seja fixado um calendário anual de saldas temporárias por ato
judicial único. No entanto, este calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado,
obrigatoriamente, pelo Juízo das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional
a escolha das datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios (STJ. 3ª S. REsp 1-
544.036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 14/9/16. Recurso repetitivo. lnfo 590).

Assim, a Súmula 520 do STJ mantém-se válida, proibindo que o juiz transfira para o diretor do
presídio a competência para fixar as datas das saídas temporárias.

Súmula 519: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis
honorários advocatícios.

OBS:

A doutrina afirma que está superada, mas há decisões do STJ ainda aplicando o enunciado.

Imagine a seguinte situação hipotética: “A” ajuíza uma ação de cobrança contra “B”. O juiz julga
a sentença procedente, condenando “B” a pagar 1 milhão de reais a “A”. “B” perdeu o prazo para
a apelação, de modo que ocorreu o trânsito em julgado. “A” ingressou com uma petição
requerendo ao juízo o cumprimento da sentença. O juízo determinou a intimação do devedor, na
pessoa de seu advogado. Passaram-se os 15 dias e o devedor não fez o pagamento voluntário. Isso
significa que, a partir de agora, o credor terá, em tese, direito aos honorários advocatícios
decorrentes do cumprimento de sentença, já que não houve pagamento voluntário (Súmula 517 do
STJ). O credor formula petição ao juiz apresentando o demonstrativo do débito atualizado e
requerendo a expedição de mandado para que sejam penhorados e avaliados os bens do devedor
(art. 523, §3º, CPC/2015). O devedor oferece impugnação ao cumprimento de sentença. A
impugnação é julgada improcedente (rejeitada). O credor pede, então, que o devedor seja
condenado a pagar, além dos honorários advocatícios já fixados em virtude de ele não ter feito o
pagamento voluntário (cumprimento de sentença — Súmula 517), outro percentual de honorários
pelo fato de ter perdido a impugnação proposta. Em outras palavras, o credor pediu 10% de
honorários advocatícios por força do cumprimento de sentença (art. 523, § 1º, do CPC 2015) mais
10% de honorários por causa da impugnação rejeitada.

A tese do credor é aceita pelo STJ? Se a impugnação oferecida pelo devedor é julgada
improcedente, o devedor terá que pagar, por causa disso, novos honorários advocatícios (além
dos que já deverá pagar por força do cumprimento de sentença ter se iniciado)? NÃO. Este é o teor
da Súmula 519-STJ: “Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis
honorários advocatícios.” Assim, o devedor não terá que pagar novos honorários advocatícios pelo
fato de ter perdido a impugnação. Obs.: esse devedor continuará tendo que pagar honorários
advocatícios por não ter pago voluntariamente a obrigação, ou seja, terá que pagar honorários
advocatícios por causa do cumprimento de sentença.

E se a impugnação oferecida pelo devedor for julgada procedente, haverá condenação em


honorários? SIM. Se a impugnação for julgada procedente o credor será condenado a pagar
honorários advocatícios em favor do devedor.

Em suma:
1) Se a impugnação é rejeitada: NÃO cabem novos honorários advocatícios;
2) Se a impugnação é acolhida (ainda que parcialmente): serão arbitrados honorários em
benefício do executado, com base no art. 20, § 4°, do CPC 1973.

Não se pode confundir o raciocínio das Súmulas 517 e 519. Elas não são contraditórias. Ao
contrário, completam-se:

Situação A situação gera honorários? Fundamento


No cumprimento de sentença, Sim Súmula 517-STJ
devedor é intimado e não faz o O devedor deu causa ao início
pagamento voluntário no prazo da execução forçada.
de 15 dias.
Não interessa se houve ou não
impugnação.
Devedor apresenta Não Súmula 519-STJ
impugnação e esta é rejeitada. O devedor, ao apresentar
impugnação, iniciou um mero
incidente no processo, sendo
isso insuficiente para gerar
novos honorários. Ele continua
tendo que pagar os honorários
por causa do cumprimento de
sentença.
Devedor apresenta Sim STJ. REsp 1.134.186/RS
impugnação e esta é acolhida (recurso repetitivo).
(ainda que parcialmente)

Para a doutrina, a Súmula 519 do STJ encontra-se superada. Veja o que diz Daniel Assumpção
Neves:
"Sendo rejeitada a impugnação, os honorários advocatícios fixados em favor do advogado do
exequente no valor de 10% sobre o valor da execução poderão ser majorados até 20% do valor
exequendo, em aplicação analógica do art. 827, § 2º, do Novo CPC." (Manual de Direito
Processual Civil. Volume único. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 1374).

No mesmo sentido:
“É razoável admitir que o art. 827, § 2º do CPC deve ser igualmente aplicado aos casos de
rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, por força do disposto no art. 513, caput,
segundo o qual as normas relativas ao processo de execução fundado em título extrajudicial
aplicam-se, no que couber, ao cumprimento de sentença. Nesse sentido, o enunciado 450 do
Fórum Permanente de Processualistas Civis: 'Aplica-se a regra do art. 827, § 2º, ao
cumprimento de sentença.' Não há razão para distinguir uma hipótese da outra. A finalidade da
majoração dos honorários é remunerar o trabalho adicional do advogado do exequente, além de
decorrer da causalidade, consistente na resistência infundada do executado. Não há razão para
se aplicar a norma à rejeição dos embargos à execução, e não a aplicar à rejeição da impugnação
ao cumprimento de sentença.” (DIDIER Jr.; Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da;
BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual
Civil. Execução. 7ª ed., Salvador: Juspodivm, 2017, p. 431)

Vale ressaltar, no entanto, que há decisões do STJ, mesmo após a vigência do CPC/15, ainda
aplicando o enunciado: STJ. 2ª T. REsp 1812245/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 25/06/19.

Súmula 518: Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, NÃO É CABÍVEL recurso especial
fundado em alegada violação de enunciado de súmula . (DPESC-2017) (TJRS-2022)

OBS: Importante. Alguns autores defendem que este entendimento deveria ser revisto em face do
art. 927, IV, do CPC 2015:
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e
do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

Súmula 517: SÃO DEVIDOS honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não
impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação
do advogado da parte executada. (TRF5-2015) (TRT6-2015) (TJSC-2015) (TJPI-2015) (PGM-Salvador/BA-2015)

OBS: Importante. A súmula 517 foi editada antes do CPC/15, mas é compatível com o novo
Código que prevê que tais honorários advocatícios deverão ser fixados no percentual de 10%
sobre o valor do débito (art. 523, § 1º).

Há condenação de honorários advocatícios na fase de cumprimento de sentença? Em outras


palavras, o devedor pode ser condenado a pagar novos honorários advocatícios de sucumbência?
SIM. É cabível o arbitramento de honorários advocatícios na fase de cumprimento de sentença. Os
honorários advocatícios fixados na sentença remuneram o trabalho desenvolvido pelo advogado
na fase de conhecimento. Como é necessário que, além de regularmente acompanhar toda a
tramitação do processo, o advogado faça pelo credor o requerimento para que se dê início à fase
de cumprimento de sentença, caberá a condenação do devedor ao pagamento de novos honorários
advocatícios de sucumbência, salvo se decidir cumprir voluntariamente a obrigação.

Assim, se o credor iniciar a fase de cumprimento de sentença e o devedor, sendo intimado para
pagar em 15 dias, efetuar o pagamento, não haverá condenação em honorários.

Por outro lado, se o devedor for intimado a pagar, e não o fizer no prazo, será multado em 10% e
ainda terá que pagar, ao final, honorários advocatícios de sucumbência ao advogado do credor.

Para que haja condenação em honorários, é necessário que o devedor tenha apresentado
impugnação? NÃO. São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou
não impugnação. Passou o prazo de 15 dias e o devedor não pagou, já incidirão os honorários e
mais a multa de 10%. Os honorários são devidos depois de escoado o prazo para pagamento
voluntário, que se inicia após a intimação do advogado da parte executada.

Resumindo:
1) Se o credor inicia o cumprimento de sentença, o devedor é intimado e paga dentro do
prazo de 15 dias, isso é considerado pelo STJ como sendo pagamento espontâneo do
devedor. Em outras palavras, há pagamento espontâneo do devedor que, intimado a fazê-
lo, cumpre a determinação dentro do prazo de 15 dias previsto no art. 523 do CPC 2015.
2) 2) Não há que se falar em cobrança de honorários advocatícios quando há cumprimento
espontâneo da obrigação. Assim, havendo o adimplemento espontâneo do devedor no
prazo de 15 dias, não são devidos honorários advocatícios, uma vez que foi desnecessária
a prática de quaisquer atos para obrigar o devedor a pagar (STJ. 4° Turma. REsp
1.264.272/ RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2012).
3) Por outro lado, se o devedor foi intimado e passou o prazo de 15 dias sem que pagasse, a
partir daí já são cabíveis honorários advocatícios, haja ou não impugnação.
4) São cabíveis honorários advocatícios em fase de cumprimento de sentença, haja ou não
impugnação, depois de escoado o prazo de 15 dias para pagamento voluntário.

Súmula 516: A contribuição de intervenção no domínio econômico para o Incra (Decreto-Lei n.


1.110/1970), devida por empregadores rurais e urbanos, não foi extinta pelas Leis ns. 7.787/1989,
8.212/1991 e 8.213/1991, não podendo ser compensada com a contribuição ao INSS.

OBS: O entendimento que prevaleceu no STJ foi o de que a contribuição destinada ao INCRA,
devida por empregadores rurais e urbanos, não foi extinta pelas Leis 7.787/89, 8.212/91 e
8.213/91. Logo, não pode ser compensada com a contribuição destinada ao INSS. Segundo o STJ, a
quantia revertida ao INCRA possui natureza jurídica de “contribuição de intervenção no
domínio econômico” (CIDE), encontrando fundamento no art. 149 da CF. Não se trata, portanto,
de contribuição previdenciária. Isso porque o INCRA nunca foi responsável pela prestação de
serviços previdenciários ou de assistência social para os trabalhadores do campo. Sua finalidade
sempre esteve ligada à reforma agrária. Desse modo, quando as Leis 7.787/89, 8.212/91 e 8.213/91
unificaram a Previdência dos trabalhadores rurais e urbanos em uma só (Previdência Social) e
unificaram também o tratamento legislativo das contribuições previdenciárias, elas não
revogaram a contribuição destinada ao INCRA porque esta autarquia não tinha nenhuma relação
com Previdência Social.

Não houve revogação expressa porque tais leis não fizeram menção expressamente aos
dispositivos legais nos quais está prevista a contribuição para o INCRA; também não houve
revogação tácita, uma vez que a CIDE e as contribuições previdenciárias são exações distintas, não
sendo incompatíveis entre si.

Súmula 515: A REUNIÃO DE EXECUÇÕES FISCAIS contra o mesmo devedor CONSTITUI


faculdade do Juiz. (TJSC-2015) (PGERS-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (MPF-2017)

OBS: Importante. Ainda que existam várias execuções fiscais propostas contra o mesmo devedor
e mesmo que a parte requeira a reunião dos processos, a decisão de reuni-los ou não é uma
faculdade do juiz. Logo, ele não é obrigado a atender o requerimento da parte. Assim, a reunião
de processos contra o mesmo devedor, por conveniência da unidade da garantia da execução, nos
termos do art. 28 da Lei 6.830/80, é uma faculdade outorgada ao juiz, e não um dever.
(PGM-Salvador/BA-2015-CESPE): A reunião de diversas execuções fiscais ajuizadas pelo mesmo
ente público contra o mesmo devedor é uma faculdade do magistrado, ainda que haja
requerimento da parte nesse sentido. BL: S. 515, STJ.

Súmula 514: A CEF é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas individualizadas
vinculadas ao FGTS dos Trabalhadores participantes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,
inclusive para fins de exibição em juízo, independentemente do período em discussão.

OBS: Importante. De quem é a competência para julgar as ações envolvendo FGTS? Depende.
1) Se a ação for proposta pelo trabalhador contra o empregador envolvendo
descumprimento na aplicação da Lei 8.036/90, a competência será da Justiça do
Trabalho.

2) É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao


PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta (Súmula 161-STJ).

3) Se a ação for proposta pelo trabalhador contra a CEF em decorrência de sua atuação
como agente operadora dos recursos do FGTS, a competência será da Justiça Federal,
considerando que a CEF é uma empresa pública federal (art. 109, I, da CF).

Vale a pena relembrar a Súmula 82 do STJ:


Súmula 82-STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar
e julgar os feitos relativos à movimentação do FGTS.

Algumas vezes o trabalhador precisa dos extratos analíticos de sua conta de FGTS para pleitear
algum direito relacionado com o FGTS. A CEF tem o dever de fornecer esses extratos? SIM. A
CEF, por ser a agente operadora do FGTS, é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas
individualizadas vinculadas ao FGTS dos trabalhadores participantes do Fundo.

Se o trabalhador quiser extratos referentes a períodos anteriores a maio de 1991, a


responsabilidade continua sendo da CEF? SIM. Mesmo tendo assumido o papel de agente
operador do FGTS apenas em maio de 1991, a CEF é responsável por fornecer os extratos do FGTS
de todo e qualquer período de existência do Fundo, ainda que anteriores a essa data. Isso porque
no momento em que ocorreu a centralização, os bancos depositários tiveram que fornecer à CEF o
extrato das contas vinculadas que estavam sob sua responsabilidade. Logo, deveria a CEF ter
armazenado todos esses dados. Além disso, caso a CEF não tenha esses extratos, ela poderá, na
qualidade de gestora do Fundo, por força de lei, requisitá-los dos bancos que administravam essas
contas.

Em 2014, o STJ editou a Súmula 514 espelhando esse entendimento.

Súmula 513: A 'ABOLITIO CRIMINIS' TEMPORÁRIA prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao


crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal
de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. (MPPA-2014)
(DPEPB-2014) (TJDFT-2015) (PCGO-2017) (TJPA-2019)

OBS: Importante.

O Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03), com o intuito de estimular a regularização das


armas existentes no país, trouxe a possibilidade de aqueles que tivessem armas ilegais pudessem
resolver tal situação (art. 30).

Assim, o Estatuto estabeleceu que os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso


permitido não registradas teriam um prazo de 180 dias após a publicação da Lei (que ocorreu em
23/12/03) para solicitar o registro da arma.

Se a arma tivesse sua numeração raspada ou fosse de uso restrito e, assim, não pudesse ser
regularizada, o indivíduo tinha a opção de entregá-la à Polícia Federal, sendo indenizado por isso.

Durante o período previsto na Lei, a pessoa que fosse encontrada em sua casa ou trabalho com
uma arma de fogo de uso permitido ou de uso restrito não cometia os crimes dos arts. 12 ou 16 do
Estatuto. Havia uma abolitio criminis temporária (também chamada de descriminalização
temporária ou vacatio legis indireta).

Segundo a redação inicial do Estatuto, a pessoa tinha até o dia 23/12/03 para regularizar ou
entregar a arma. Esse prazo foi sendo ampliado por diversas leis que se sucederam. Todas as
vezes em que ia chegando ao fim o prazo, era editada uma MP ou uma lei ampliando esse limite.

A quais crimes se aplica essa abolitio criminis temporária? No período compreendido entre
23/12/03 a 23/10/05, a abolitio criminis temporária abrangia as condutas de posse de arma de
fogo de uso permitido (art. 12) e de posse de arma de uso restrito (art. 16), incluindo as condutas
equiparadas (art. 16, § único). A partir de 23/10/05 até 31/12/09, a abolitio passou a incidir
somente sobre a conduta de posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12).

Repetindo:
A abolitio criminis temporária abrangia quais crimes?
De 23/12/2003 a 23/10/2005 De 24/10/2005 até 31/12/2009
Arts. 12 e 16 Somente o art. 12
Posse de arma de fogo de uso permitido e Apenas a posse de arma de fogo de uso
restrito, incluindo as condutas equiparas (ex: PERMITIDO.
arma permitida com numeração raspada).

Por que houve essa mudança? Porque a MP 417/08 (convertida na Lei 11.706/08), ao revigorar o
art. 30 do Estatuto do Desarmamento e reabrir o prazo para regularização, não mais previu que os
possuidores de arma de fogo de uso restrito pudessem fazer o registro da arma. Desse modo, para
o STJ, no período compreendido entre 23/12/03 a 23/10/05, quem foi encontrado na posse de
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido
ou adulterado, não cometia crime porque estava resguardado pela vacatio legis indireta. De
24/10/05 em diante, quem foi encontrado na posse de arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, cometeu sim crime
porque vacatio legis indireta para o crime do art. 16 durou até 23/10/05.

Dito de outra forma:


 De 23/12/03 a 31/12/09: não é crime a posse de arma de fogo de que trata o art. 12.
 De 24/12/03 a 23/10/05: não é crime a posse de arma de fogo de que trata o art. 16.

(MPPE-2014-FCC): Segundo entendimento pacificado no STJ, a abolitio criminis temporária


prevista no estatuto do desarmamento, vigorou por período maior apenas para os possuidores de
arma de fogo e de munição de uso permitido. BL: S. 513, STJ.

#Atenção: Sobre o tema, temos as seguintes situações:


i) de 23 de dezembro de 2003 a 23 de outubro de 2005 a posse ilegal de arma permitida ou
proibida não configurou crime;
ii) de 24 de outubro de 2005 a 31 de dezembro de 2009 a posse ilegal de arma permitida
continuou a não configurar crime, mas a posse ilegal de arma proibida ou restrita
(incluindo a arma permitida adulterada) passou a configurar crime;
iii) a partir de 1º de janeiro de 2010 a posse ilegal de arma permitida passou a configurar
crime, mas a entrega espontânea à Polícia Federal constitui causa extintiva de punibilidade;
iv) o porte ilegal de qualquer arma sempre configurou crime, desde a entrada em vigor
do Estatuto do Desarmamento.

Súmula 512: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n.
11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas. (CANCELADA)

OBS:
Superada pelo STF. Plenário. HC 118533, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/06/2016 (Info
831).

Cancelada pelo STJ. STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595).

Com a mudança de entendimento do STF, o STJ decidiu acompanhar o Supremo e cancelou a


Súmula 512 passando a decidir também que o art. 33, § 4º da Lei 11.343/06 não é hediondo.
Súmula 511: É POSSÍVEL o reconhecimento do PRIVILÉGIO previsto no § 2º do art. 155 do CP
nos casos de crime de FURTO QUALIFICADO, SE ESTIVEREM PRESENTES a primariedade do
agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora FOR DE ORDEM OBJETIVA. (MPRN-2009) (TJES-
2011) (DPERO-2012) (PCPR-2013) (DPECE-2014) (TJGO-2015) (DPEPE-2015) (DPERN-2015) (DPU-2015) (TJDFT-
2015/2016) (DPEES-2016) (TRF4-2016) (TJSP-2018) (TJCE-2018) (MPMS-2018) (PCGO-2018) (TJBA-2019) (TJAL-2019)
(DPEDF-2019) (DPEMG-2019) (MPDFT-2013/2021) (DPERJ-2021) (MPSP-2017/2022) (TJMG-2022) (TJMS-2023)

OBS: Importante.

Furto: O crime de furto encontra-se tipificado no art. 155 do CP. No caput está previsto o furto
simples. O § 2º traz uma causa de diminuição de pena, chamada pela doutrina de “ furto
privilegiado”. O § 4º, por sua vez, elenca hipóteses de “furto qualificado”.

Furto qualificado: Como já dito, no § 4º são previstas quatro hipóteses de furto qualificado:
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

Qualificadoras de ordem objetiva e subjetiva: Existem qualificadoras de natureza objetiva e


subjetiva.
 Qualificadoras objetivas (materiais, reais): são aquelas que estão relacionadas com o fato
criminoso, ou seja, com o seu modo de execução, tempo e lugar do crime, instrumentos
utilizados etc.
 Qualificadoras subjetivas (pessoais): são aquelas que dizem respeito à pessoa do agente.
Ex: crime praticado com abuso de confiança.

Furto privilegiado: No § 2º, o CP prevê a figura do “furto privilegiado”, “furto de pequeno valor”
ou “furto mínimo”:
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.

Requisitos:
FURTO PRIVILEGIADO
1) Primariedade do agente 2) Pequeno valor da coisa furtada
O agente (criminoso) deve ser primário. Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2° do
Primário é o indivíduo que não é reincidente, art. 155, coisa de pequeno valor é aquela cujo
nos termos do art. 63 do CP. preço, no momento do crime, não seja superior a
1 salário-mínimo.

Furto privilegiado-qualificado: É possível que um furto seja, ao mesmo tempo, privilegiado (§ 2º)
e qualificado (§ 4º)? Em outras palavras, é possível aplicar o privilégio previsto no § 2º aos casos
de furto qualificado? SIM, é possível desde que:
 estejam preenchidos os requisitos do § 2º (primariedade e pequeno valor da coisa); e
 a qualificadora seja de natureza objetiva.

Ex1: se o furto for qualificado por concurso de pessoas (qualificadora de índole objetiva), será
possível o privilégio (STJ. 6ª T. REsp 1370395/DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 12/11/13).

Ex2: se o furto for qualificado por abuso de confiança (qualificadora subjetiva), não será possível o
privilégio (STJ. 5ª T. AgRg no REsp 1392678/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 17/12/13).

O furto privilegiado-qualificado é também chamado de furto híbrido.

Vale mencionar que o entendimento de que é possível furto privilegiado-qualificado é adotado


não apenas pelo STJ como também pelo STF.

(TJMG-2022-FGV): No dia 5 de abril de 2021, às 23h59min, Odisseu, após arrombar a porta,


entrou no supermercado Olimpo, localizado no Estado de Minas Gerais, onde teve sua presença
monitorada por circuito interno de TV de uma empresa de segurança. Durante o tempo que esteve
no supermercado, Odisseu subtraiu diversos itens, com valor total estimado em R$ 500,00
(quinhentos reais), fato que foi observado pela empresa de segurança, que acionou a Polícia
Militar. Ato contínuo, Odisseu saiu do estabelecimento com os bens em sua mochila, sendo preso
em flagrante delito a 100 (cem) metros de distância do supermercado por um policial civil à
paisana, que desconfiou do comportamento de Odisseu. Considerando o caso hipotético acima,
com base no Código Penal e na jurisprudência atualizada do Superior Tribunal de Justiça, assinale
a afirmativa correta: Para que seja concedida a causa de redução de pena disposta no Art. 155, § 2º,
do Código Penal (furto privilegiado), Odisseu deverá ser réu primário, podendo, contudo, ser
portador de maus antecedentes. BL: S. 511, STJ.

#Atenção: Primário é o indivíduo que não é reincidente, nos termos do art. 63 do CP. Desse modo,
o portador de maus antecedentes não necessariamente será reincidente, por isso, é possível ser
primário com maus antecedentes. Maus antecedentes são unicamente condenações definitivas
que não caracterizam reincidência (STF, RE 591.054, 2014). Verifica-se a reincidência quando o
agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior (art. 63, CP). Por outro lado, consoante dispõe o
teor da Súmula 511 do STJ, será possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art.
155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, quando estiverem presentes a primariedade do
agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.

(MPMS-2018): No caso de crime de furto qualificado, tratando-se de réu primário, se o objeto


subtraído for de pequeno valor e a qualificadora for de ordem objetiva, será permitido o
reconhecimento de furto privilegiado. BL: S. 511, STJ.

(MPSP-2017): Praticado o furto de bem de consumo avaliado em cem reais, mediante o


rompimento de obstáculo, sendo o réu primário e de bons antecedentes, estará caracterizada a
prática de furto privilegiado qualificado. BL: S. 511, STJ.

#Atenção: Considerando o valor da mercadoria (R$100,00), caberá a aplicação do privilégio do §2°


do art. 155 do CP. Ademais, o rompimento de obstáculo é uma qualificadora (§4°, inciso I, do art.
155 do CP). Resta saber se será cabível a aplicação do privilégio e da qualificadora, de forma
concomitante. Tratando-se o rompimento de obstáculo de uma qualificadora objetiva, será cabível
a aplicação concomitante e o agente praticou um furto privilegiado qualificado (ou híbrido). Logo,
há incidência da Súmula 511 do STJ.

(TJDFT-2015-CESPE): No que se refere aos crimes contra o patrimônio, assinale a opção correta à
luz da jurisprudência do STJ e do STF: Se o agente for primário, a coisa for de valor reduzido e a
qualificadora incidente for de ordem objetiva, será permitido o reconhecimento de furto
privilegiado nos casos de crime de furto qualificado. BL: S. 511, STJ.

(DPEPE-2015-CESPE): José, réu primário, após subtrair para si, durante o repouso noturno,
mediante rompimento de obstáculo, um botijão de gás avaliado em R$ 50,00 do interior de uma
residência habitada, foi preso em flagrante delito. Tendo como referência essa situação hipotética,
julgue o item subsecutivo, com base na jurisprudência dominante dos tribunais superiores a
respeito desse tema: Na tipificação do crime praticado por José, admite-se o reconhecimento da
figura do furto privilegiado. BL: S. 511, STJ.

(TJGO-2015-FCC): Em relação ao crime de furto, é correto assegurar que é admissível o


reconhecimento da figura privilegiada do delito, em algumas situações, nos casos de furto
qualificado. BL: S. 511, STJ.

Súmula 510: A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está
condicionada ao pagamento de multas e despesas. (SUPERADA)

OBS: Acredito que a Súmula 510 do STJ esteja superada, após a vigência da Lei nº 13.855/2019,
que alterou o inciso VIII do art. 231 do CTB. Com a alteração legislativa, a medida administrativa
deixou de ser a retenção do veículo, sendo agora a "remoção do veículo". Vejamos:
Art. 231.
VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou bens, quando não for licenciado
para esse fim, salvo casos de força maior ou com permissão da autoridade competente:
Infração – gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 13.855, de 2019) (Vigência)
Penalidade – multa; (Redação dada pela Lei nº 13.855, de 2019) (Vigência)
Medida administrativa – remoção do veículo; (Redação dada pela Lei nº 13.855, de 2019)
(Vigência)
Logo, não importa mais se a única infração for a de transporte irregular, o veículo será removido
de qualquer maneira e a pessoa terá que pagar as despesas e multas, nos termos do parágrafo 1º
do art. 271 do CTB: “§ 1o A restituição do veículo removido só ocorrerá mediante prévio pagamento de
multas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na legislação
específica.Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)”

Súmula 509: É LÍCITO ao comerciante DE BOA-FÉ APROVEITAR os créditos de ICMS


decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada INIDÔNEA, quando DEMONSTRADA a
VERACIDADE da compra e venda. (PGEAC-2014) (PGEPI-2014) (TJSP-2015) (PGERS-2015) (TJRS-2016)
(Cartórios/TJMG-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (PGETO-2018) (DPESP-2019) (MPF-2022)

OBS: Importante.

Imagine a seguinte situação hipotética: a distribuidora “A” comprou diversas mercadorias da


empresa “X” e depois as revendeu. Por força do princípio da não-cumulatividade, a distribuidora
“A” registrou como crédito o valor que a empresa “X” teria pago de ICMS ao vender-lhe as
mercadorias. Esse crédito foi utilizado pela distribuidora para abater o valor de ICMS que teria
que pagar ao revender as mercadorias. Ocorre que, posteriormente, as notas fiscais emitidas pela
empresa 'X" (vendedora) foram declaradas inidôneas pela Receita estadual. Diante disso, o Fisco,
com base no art. 23 da LC 87/96, cobrou o valor que a distribuidora “A” utilizou como crédito
decorrente da aquisição das mercadorias. Veja o dispositivo legal:
Art. 23. O direito de crédito, para efeito de compensação com débito do imposto,
reconhecido ao estabelecimento que tenha recebido as mercadorias ou para o qual tenham
sido prestados os serviços, está condicionado à idoneidade da documentação e, se for o
caso, à escrituração nos prazos e condições estabelecidos na legislação.

Agiu de maneira correta o Fisco estadual? NÃO. Segundo a jurisprudência do STJ, o comerciante
que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) tenha sido,
posteriormente, declarada inidônea, é considerado terceiro de boa-fé, o que autoriza o
aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da não-cumulatividade, desde que
demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada (em observância ao disposto no art. 136,
do CTN).

O ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação. Assim,
somente se a distribuidora comprasse os produtos após a declaração de inidoneidade é que não
poderia ser feito o creditamento do ICMS.
(...) A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o adquirente de boa-fé não
pode ser responsabilizado pela inidoneidade de notas fiscais emitidas pela empresa
vendedora. Nesse caso, é possível o aproveitamento de crédito de ICMS relativo às
referidas notas fiscais. Todavia, para tanto, é necessário que o contribuinte demonstre,
pelos registros contábeis, que a operação de compra e venda efetivamente se realizou,
incumbindo-lhe, portanto, o ônus da prova. (...) STJ. 1ª T. EDcl nos EDcl no REsp
623.335/PR, Rel. Min. Denise Arruda, j. 11/3/08.

(DPESP-2019-FCC): Acerca do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), é


correto afirmar: É lícito ao contribuinte de boa-fé aproveitar créditos de ICMS decorrentes de nota
fiscal posteriormente declarada inidônea, desde que demonstrada a existência da compra e venda
indicada no documento. BL: S. 509, STJ.

(TJSP-2015-VUNESP): Comerciante utiliza notas fiscais de compras de mercadorias para


aproveitamento dos respectivos créditos de ICMS e, posteriormente, a empresa fornecedora
daqueles bens tem suas atividades encerradas, e reconhecidas pelo Fisco como inidôneas as notas
fiscais por ela emitidas. Diante de tal situação, a boa-fé do comerciante não impede que seja
apurada a veracidade daquelas transações comerciais que originaram as notas fiscais declaradas
inidôneas. BL: S. 509, STJ.

Súmula 508: A isenção da Cofins concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/1991 às sociedades civis de
prestação de serviços profissionais foi revogada pelo art. 56 da Lei n. 9.430/1996 . (PFN-2012)

Súmula 507: A acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a lesão


incapacitante e a aposentadoria sejam anteriores a 11/11/1997, observado o critério do art. 23 da Lei
n. 8.213/1991 para definição do momento da lesão nos casos de doença profissional ou do trabalho .
(TRF4-2014) (TRF3-2018)

OBS: Importante.

O que é o auxílio-acidente? É um benefício previdenciário pago ao segurado que sofreu um


acidente de qualquer natureza (não precisa ser acidente do trabalho), ficou com sequelas e, por
conta disso, continua laborando, mas ficou com a capacidade de trabalho reduzida para a
atividade que habitualmente exercia.

Veja o conceito previsto na Lei nº 8.213/91:


Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas
que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
(Redação dada pela Lei nº 9.528/97)

O auxílio-acidente é um valor a mais, pago pela Previdência Social, como forma de indenizar o
segurado pelas sequelas que ele passou a apresentar em decorrência do acidente sofrido. A pessoa
em gozo de auxílio-acidente continua recebendo, portanto, o seu salário. Assim, ao contrário da
aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, o auxílio-acidente não substitui a remuneração
do segurado, sendo ao contrário um plus, um valor extra.

É possível acumular auxílio-acidente e auxílio-doença? SIM, mas desde que não decorram de
uma mesma lesão (mesmo fato gerador):
(...) A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de ser indevida a cumulação dos
benefícios de auxílio-acidente e auxílio-doença oriundos de uma mesma lesão, nos termos
dos arts. 59 e 60, combinados com o art. 86, caput, e § 2º, todos da Lei nº 8.213/1991. (STJ. 2ª
T. AgRg no AREsp 152.315/SE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/05/2012).

É possível acumular auxílio-acidente e aposentadoria?


1) Antes da MP 1.596-14/97: SIM. A redação original do art. 86 da Lei nº 8.213/91 previa
que o auxílio-acidente era um benefício vitalício, sendo permitida a sua acumulação com
aposentadoria.
2) Depois da MP 1.596-14/97: NÃO. O art. 86 foi alterado pela MP 1.596-14/97, convertida
na Lei nº 9.528/97, que afastou a vitaliciedade do auxílio-acidente e passou a proibir a
acumulação do benefício acidentário com qualquer espécie de aposentadoria do regime
geral, passando a integrar o salário de contribuição para fins de cálculo da aposentadoria
previdenciária.

Repetindo: desde a edição da MP 1.596-14 (publicada em 11/11/1997), o auxílio-acidente não mais


pode ser acumulado com a aposentadoria do segurado.

Vejamos a redação atual (com as alterações promovidas pela Lei nº 9.528/97):


Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após a
consolidação das lesões decorrentes de acidente, resultarem sequelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, conforme situações
discriminadas no regulamento. (Redação dada pela MP 905/2019) (Vigência encerrada)
§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo
acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria.
§ 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria,
observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-
acidente.

Conclusão: somente é possível a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria


quando a eclosão da doença incapacitante e a concessão da aposentadoria forem anteriores à
alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei nº 8.213/91, promovida pela MP n. 1.596-14/17 (publicada
em 11/11/1997).

Vale ressaltar que a data de início da doença incapacitante deve ser definida conforme o critério
previsto no art. 23 da Lei nº 8.213/91:
Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho,
a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia
da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este
efeito o que ocorrer primeiro.

A AGU comunga do mesmo entendimento do STJ e possui um enunciado explicitando essa


posição:
Súmula 44-AGU: Para a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria,
a lesão incapacitante e a concessão da aposentadoria devem ser anteriores às alterações
inseridas no art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na
Lei nº 9.528/97.

Súmula 506: A ANATEL NÃO É PARTE LEGÍTIMA nas demandas entre a concessionária e o
usuário de telefonia decorrentes de relação contratual. (TRF4-2010) (TJRJ-2014) (TJMS-2015) (TRF5-2017)

Súmula 505: A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto obrigações
decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a Fundação Rede
Ferroviária de Seguridade Social - REFER é da Justiça estadual.

Súmula 504: O prazo para ajuizamento de AÇÃO MONITÓRIA EM FACE DO emitente de nota
promissória SEM FORÇA EXECUTIVA É QUINQUENAL, A CONTAR do dia seguinte ao
vencimento do título. (TJMG-2012) (Cartórios/TJDFT-2014) (TRF4-2014) (PGEAM-2016) (DPEAL-2017)
(Cartórios/TJMG-2017) (TJSP-2017/2018) (DPEBA-2021) (DPERJ-2021)

OBS: Importante. A nota promissória é um título de crédito no qual o emitente, por escrito, se
compromete a pagar (promessa de pagamento) uma certa quantia em dinheiro a uma outra pessoa
(tomador ou beneficiário). Trata-se de um título executivo extrajudicial (art. 784, I, CPC/15).
Assim, se não for paga, poderá ser ajuizada ação de execução cobrando o valor.

Qual é o prazo prescricional para a execução da nota promissória contra o emitente e o avalista?
Esse prazo é de 3 anos (art. 70 da Lei Uniforme).

Mesmo que tenha transcorrido esse prazo e a nota promissória tenha perdido sua força executiva
(esteja prescrita), ainda assim será possível a sua cobrança? SIM, por meio de ação monitória.

Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de nota promissória prescrita? Esse prazo
é de 5 anos, com base no art. 206, § 5º, I, CC:
Art. 206. Prescreve:
§ 5º Em cinco anos:
I — a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular;

A nota promissória prescrita é considerada um instrumento particular que representa uma


obrigação líquida. Logo, enquadra-se no dispositivo acima.

Qual é o termo inicial desse prazo, isto é, a partir de quando ele é contado? O prazo de 5 anos
para a ação monitória é contado do dia seguinte ao vencimento do título. O prazo prescricional
de 5 (cinco) anos, a que submetida a ação monitória, se inicia, de acordo com o princípio da actio
nata, na data em que se torna possível o ajuizamento desta ação.

Segundo já decidiu o STJ:


(...) o credor, mesmo munido de título de crédito com força executiva, não está impedido
de cobrar a dívida representada nesse título por meio de ação de conhecimento ou mesmo
de monitória. É de se concluir que o prazo prescricional da ação monitória fundada em
título de crédito (prescrito ou não prescrito), começa a fluir no dia seguinte ao do
vencimento do título. (...) STJ 3ª T. REsp 1367362/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 16/4/13.

(TJSP-2018-VUNESP): O prazo para a propositura de ação monitória de título de crédito prescrito


é 5 anos. BL: Súmulas 503 e 504, STJ e art. 206, §5º, I, CC.

#Atenção: “[...] tanto o cheque quanto a promissória, cuja executividade já prescreveu, só autorizam o
ajuizamento da ação monitória no prazo de cinco anos, a contar da data da emissão do cheque ou do
vencimento da nota promissória. É o que estabelecem as Súmulas 503 e 504 do Superior Tribunal de
Justiça.” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8 ed. – São
Paulo: Saraiva, 2017, p. 669.).

(TJSP-2017-VUNESP): Ação judicial proposta com fundamento em nota promissória vencida e


não paga deverá ser admitida, se proposta ação monitória até o decurso de cinco anos do
vencimento do título. BL: S. 504, STJ e art. 700, NCPC.

(PGEAM-2016-CESPE): É cabível, segundo o STJ, o ajuizamento de ação monitória contra a


fazenda pública, com o objetivo de receber nota promissória prescrita, emitida por ente público e
vencida há quatro anos. BL: Súmulas 339 e 504 do STJ e art. 700, §6º, NCPC.

Súmula 503: O prazo para ajuizamento DE AÇÃO MONITÓRIA em face do emitente de cheque
sem força executiva É QUINQUENAL, A CONTAR do dia seguinte à data de emissão estampada
na cártula. (TRT6-2013) (TJPR-2014) (DPECE-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TRF4-2014) (TRT14-2014) (TJPI-2015)
(PFN-2015) (TRF3-2016) (DPEMA-2015/2018) (DPEBA-2021) (TJSP-2023)

OBS: Importante. O cheque é título executivo extrajudicial (art. 784, I, do CPC/15). Assim, se não
for pago, o portador do cheque poderá ajuizar ação de execução contra o emitente e eventuais
codevedores (endossantes, avalistas). Essa ação de execução é conhecida como “ação cambial”.

Qual é o prazo prescricional para a execução do cheque? 6 meses, contados do fim do prazo de
apresentação do cheque. Atente-se que o prazo prescricional somente se inicia quando termina o
prazo de apresentação, e não da sua efetiva apresentação ao banco sacado. Logo, os seis meses
iniciam-se com o fim do prazo de 30 dias (mesma praça) ou com o término do prazo de 60 dias
(se de praças diferentes).

Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM. Com o fim do
prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o cheque
perdeu sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário poderá cobrar o valor desse
cheque por outros meios, quais sejam:
1) Ação de enriquecimento sem causa (“ação de locupletamento”): prevista no art. 61 da Lei
do Cheque (Lei 7.357/85). Essa ação tem o prazo de 2 anos, contados do dia em que se
consumar a prescrição da ação executiva.
2) Ação de cobrança (ação causal): prevista no art. 62 da Lei do Cheque. O prazo é de 5
anos, nos termos do art. 206, § 5º, I, CC.
3) Ação monitória.

Desse modo, estando o cheque prescrito (sem força executiva), ele poderá ser cobrado do emitente
por meio de ação monitória? SIM. O beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação monitória
para cobrar do emitente o valor consignado na cártula. Existe até uma súmula que menciona isso:
Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

Na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, é necessário que o autor
mencione o negócio jurídico que gerou a emissão daquele cheque? É necessário que o autor da
monitória indique a origem da dívida expressa no título de crédito (uma compra e venda, p. ex.)?
NÃO. Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável
a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. É desnecessária a demonstração
da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito. O
autor da ação monitória não precisará, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação
causal (causa debendi) que deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar o motivo
pelo qual o réu emitiu aquele cheque) (STJ. 2ª S. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
j. 4/2/13) (recurso repetitivo).

Isso não significa uma forma de cercear o direito de defesa do réu? NÃO. Não há cerceamento de
defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome da “defesa” na ação
monitória), discutir a causa debendi. Na ação monitória há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda
a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Cabe ao réu o ônus de provar, se
quiser, a inexistência do débito.

Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de cheque prescrito? Súmula 503-STJ: O
prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é
quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
(TRF3-2016): Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é
dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. Nesse caso, o prazo para
ajuizamento da ação é quinquenal, tendo por termo “a quo” o dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula, sendo cabível, nesse caso, a reconvenção. BL: Súmulas 531, 503 e 292, STJ.

(DPECE-2014-FCC): Luiz emitiu, em Quixeramobim, cheque que deveria ser pago, a Henrique,
por agência situada em Juazeiro do Norte. O cheque não foi pago, por ausência de provisão de
fundos, além de ter perdido força executiva, em razão da prescrição. De acordo com Súmula do
STJ, o prazo para ajuizamento de ação monitória contra Luiz é de cinco anos, contados do dia
seguinte à data de emissão estampada na cártula. BL: S. 503, STJ.

Súmula 502: PRESENTES a materialidade e a autoria, AFIGURA-SE TÍPICA, em relação ao crime


previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas . (TRF5-2011)
(MPRO-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (DPERN-2015) (TJDFT-2016) (MPSP-2017) (PCMS-2017) (TJCE-2018) (PCMA-
2018)

OBS: Importante.

João foi preso em casa com dezenas de DVD’s piratas que ele estava comercializando. Qual crime,
em tese, ele praticou? Essa conduta amolda-se ao § 2º do art. 184 do CP:
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (...)
§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto,
distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito,
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de
autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de
fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a
expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.

Não se pode invocar o princípio da adequação social: Como essa prática é cada vez mais comum,
havendo, inclusive, “feiras” fiscalizadas pelo Poder Público onde esse comércio ocorre livremente,
é possível afirmar que não haveria crime com base no princípio da adequação social? NÃO, não é
possível afirmar isso. Tanto o STF como o STJ entendem que é típica, formal e materialmente, a
conduta de expor à venda CDs e DVDs falsificados. Em suma, é crime.

O fato de, muitas vezes, haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não
significa que a conduta não seja mais tida como típica, ou que haja exclusão de culpabilidade,
razão pela qual, pelo menos até que advenha modificação legislativa, incide o tipo penal,
mesmo porque o próprio Estado tutela o direito autoral. Não se pode considerar socialmente
tolerável uma conduta que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica brasileira e aos
comerciantes legalmente instituídos, bem como ao Fisco pelo não pagamento de impostos.
Nesse sentido: STF HC 98898, j. 20/4/10.32

Outra tese alegada pela defesa é a de que deveria ser aplicado o princípio da insignificância. Tal
argumentação é aceita pelos Tribunais? NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao
crime de violação de direito autoral. Em que pese a aceitação popular à pirataria de CDs e DVD’s,
com certa tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática, a conduta, que causa sérios
prejuízos à indústria fonográfica brasileira, aos comerciantes legalmente instituídos e ao Fisco, não
escapa à sanção penal, mostrando-se formal e materialmente típica (STJ. 6ª T. AgRg no REsp
1380149/RS, Rel. Min. Dg Fernandes, j. 27/8/13).33

A pena prevista para esse crime é de 2 a 4 anos. Trata-se de reprimenda desproporcional para esse
tipo de conduta? NÃO. Segundo o STJ, não há desproporcionalidade da pena prevista, pois o
próprio legislador, atento aos reclamos da sociedade que representa, entendeu merecer tal
conduta pena considerável, especialmente pelos graves e extensos danos que acarreta, estando
geralmente relacionada a outras práticas criminosas, como a sonegação fiscal e a formação de
quadrilha (HC 191568/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T., j. 7/2/13).

Qual é a ação penal nos crimes previstos no art. 184 do CP?

32
#Atenção: Tema cobrado nas provas: i) DPERN-2015 (CESPE); ii) PCMA-2018 (CESPE).
33
#Atenção: Tema cobrado na prova do PCMA-2018 (CESPE).
 Art. 184, caput: ação penal privada.
 Art. 184, §§ 1º e 2º (ex: venda de DVD pirata): ação pública incondicionada.
 Art. 184, § 3º: ação penal pública condicionada.

Voltando ao nosso exemplo hipotético: os peritos fizeram a perícia em apenas alguns DVD’s, por
amostragem, e esse exame se limitou a analisar os elementos externos dos DVD's apreendidos,
como a impressão da capa, o código de barras, o nome do fabricante etc. A Defensoria Pública
questionou a validade dessa perícia, afirmando que:
1) o art. 530-D do CPP exige que a perícia seja feita sobre TODOS os bens apreendidos,
não podendo ser realizada por amostragem;

2) a perícia deveria ter examinado o conteúdo de cada um dos DVD’s (e não apenas os
aspectos exteriores);

3) para a configuração do delito em questão, é necessária a identificação dos titulares dos


direitos autorais violados.

As teses suscitadas pela defesa são aceitas pela jurisprudência do STJ? NÃO.
1) É válida a perícia por amostragem. Realmente, a redação literal do art. 530-D do CPP
afirma que a perícia deve ser realizada "sobre todos os bens apreendidos". Apesar disso, o
STJ relativiza essa exigência e admite que a perícia seja feita por amostragem. Assim,
basta que haja a apreensão de um único objeto e se a perícia realizada sobre ele constatar a
falsidade, estará configurado o delito do art. 184, § 2º do CP. Entender de forma diversa
apenas dificultaria a apuração do delito e retardaria o término do processo judicial, em
inobservância ao princípio constitucional da razoável duração do processo. Assim, a
exigência do legislador de que a perícia seja realizada sobre todos os bens apreendidos se
presta, na verdade, não para fins de comprovação da materialidade delitiva, mas para fins
de dosimetria da pena, mais especificamente para a exasperação da reprimenda-base, uma
vez que se mostra mais acentuada a reprovabilidade do agente que reproduz, por exemplo,
com intuito de lucro, 500 obras intelectuais do que aquele que, nas mesmas condições,
reproduz apenas 20.

2) É suficiente a análise das características externas do material apreendido. É dispensável


excesso de formalismo para a constatação da materialidade do crime de violação de direito
autoral. Desse modo, a simples análise de características externas dos objetos
apreendidos é suficiente para a aferição da falsidade necessária à configuração do delito
descrito no art. 184, § 2º, do CP. Não é razoável exigir minúcias exageradas no laudo
pericial, como a catalogação de centenas ou milhares de CD's e DVD's, indicação de cada
título e autor da obra apreendida e contrafeita. Assim, é válida a perícia realizada nas
características externas do material apreendido.

3) É dispensável a identificação individualizada dos titulares dos direitos autorais


violados. Para a configuração do crime em questão, é dispensável a identificação
individualizada dos titulares dos direitos autorais violados ou de quem os represente. Isso
porque a violação de direito autoral extrapola a individualidade do titular do direito,
devendo ser tratada como ofensa ao Estado e a toda a coletividade, visto que acarreta a
diminuição na arrecadação de impostos, reduz a oferta de empregos formais, causa
prejuízo aos consumidores e aos proprietários legítimos e fortalece o poder paralelo e a
prática de atividades criminosas conexas à venda desses bens, aparentemente inofensiva.
Além disso, o tipo penal do art. 184, § 2º, do CP, é crime de ação penal pública
incondicionada, de modo que não é exigida nenhuma manifestação do detentor do
direito autoral violado para que se dê início à ação penal. Consequentemente, não é
coerente se exigir a sua individualização para a configuração do delito em questão.
Ademais, o delito previsto no art. 184, § 2º, do CP é de natureza formal. Portanto, não é
necessária, para a sua consumação, a ocorrência de resultado naturalístico, o que reforça a
prescindibilidade (desnecessidade) de identificação dos titulares dos direitos autorais
violados para a configuração do crime.

Em sede de recurso especial repetitivo, o STJ firmou a seguinte tese que resume essas três
conclusões: "É suficiente, para a comprovação da materialidade do delito previsto no art. 184, §
2º, do CP, a perícia realizada, por amostragem, sobre os aspectos externos do material
apreendido, sendo desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou
de quem os represente." STJ. 3ª S. REsp 1.456.239-MG e REsp 1.485.832-MG, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, j. 12/8/2015 (recurso repetitivo) (Info 567).
(MPSP-2017): A simples exposição à venda de cópias não autorizadas de filmes sob a forma de
DVD constitui crime contra a propriedade imaterial. BL: art. 184, §2º, CP e S. 502, STJ.

(DPERN-2015-CESPE): Vanessa foi presa em flagrante enquanto vendia e expunha à venda cerca
de duzentos DVDs piratas, falsificados, de filmes e séries de televisão. Realizada a devida perícia,
foi confirmada a falsidade dos objetos. Incapaz de apresentar autorização para a comercialização
dos produtos, Vanessa alegou em sua defesa que desconhecia a ilicitude de sua conduta. Com
relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da jurisprudência dominante dos
tribunais superiores: A conduta de Vanessa ofende o direito constitucional que protege a autoria
de obras intelectuais e configura crime de violação de direito autoral. BL: art. 184, §2º, CP e S. 502,
STJ.

Súmula 501: É CABÍVEL a APLICAÇÃO RETROATIVA da Lei n. 11.343/2006, DESDE QUE o


resultado da incidência das suas disposições, NA ÍNTEGRA, SEJA mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, SENDO VEDADA a COMBINAÇÃO DE LEIS. (TRF3-
2013) (Cartórios/TJPI-2013) (TJDFT-2014) (MPPA-2014) (MPPE-2014) (Cartórios/TJMT-2014) (DPEES-2016) (TJCE-
2018) (PGETO-2018) (PCGO-2018) (MPPR-2017/2019) (TJAC-2019) (MPSP-2019) (PCMS-2021) (MPRR-2023)

OBS: Importante. Por conta dessa súmula, a causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art.
33 da Lei 11.343/06 não pode ser aplicada incidindo sobre a pena do art. 12 da Lei 6.368/76.

Assim, a redução prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/06 deverá sempre incidir sobre a pena
prevista no caput do art. 33 (de 5 a 15 anos). A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do
art. 33 da Lei 11.343/06 pode até ser aplicada a fatos ocorridos antes da sua vigência. No entanto,
para isso, é necessário que, no caso concreto, se verifique qual o percentual de redução que seria
aplicado ao réu e, então, se compare se para ele será mais vantajoso receber a pena do art. 33,
caput c/c o § 4º, da Lei 11.343/06 ou se será melhor ficar com a pena do art. 12 da Lei 6.368/76.

(MPPR-2019): Considerando o entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, assinale a


alternativa: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. BL: S. 587, STJ.

(MPPE-2014-FCC): Consoante entendimento sumulado do STJ, é cabível a aplicação retroativa,


desde que integral, das disposições da vigente lei de drogas, se mais favoráveis ao réu, vedada a
combinação de leis. BL: S. 501, STJ.

Súmula 500: A configuração do crime do art. 244-B do ECA INDEPENDE da prova da efetiva
corrupção do menor, por se tratar de DELITO FORMAL. (TJPI-2012) (TJSC-2013) (TJMA-2013) (MPDFT-
2013) (DPEDF-2013) (PCGO-2013) (TJAP-2014) (TJSP-2014) (TJRJ-2014) (MPAC-2014) (MPMG-2014) (TJGO-2015)
(MPMS-2015) (DPERN-2015) (TJDFT-2015/2016) (TRF4-2016) (PCPE-2016) (TJPR-2017) (DPERO-2017) (PCGO-2017)
(TJRS-2018) (MPPB-2018) (DPEAP-2018) (PGEPE-2018) (MPSP-2015/2017/2019) (TJBA-2019) (MPGO-2019) (DPEMG-
2019) (MPRS-2017/2021) (PCMS-2021)

OBS: Importante. O crime de corrupção de menores era previsto no art. 1º da Lei 2.252/54:
Art. 1º Constitui crime, punido com a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa
de Cr$1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$10.000,00 (dez mil cruzeiros), corromper ou facilitar a
corrupção de pessoa menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando, infração penal ou
induzindo-a a praticá-la.

Em 2009, esse art. 1º da Lei 2.252/54 foi revogado pela Lei 12.015/09. Houve abolitio criminis?
NÃO, não houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-típica, considerando que a
Lei 12.015/09, ao revogar o referido art. 1º, inseriu o mesmo crime no ECA (art. 244-B). Houve,
então, apenas uma mudança no local onde o delito era previsto, mantendo-se, contudo, a
previsão de que essa conduta se trata de crime.

Segundo o STJ, “o princípio da continuidade normativa típica ocorre quando uma norma penal é
revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração
penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente
diverso do originário.” (HC 204.416/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª T., j. 17/5/12).

Desse modo, o art. 1º da Lei 2.252/54 foi revogado, mas a conduta de corromper menores, fazendo
com que estes pratiquem, crimes continua sendo tipificada, no entanto, agora no art. 244-B do
ECA:
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a
infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei n. 8.072, de 25 de
julho de 1990.

O crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA) é FORMAL ou MATERIAL? Para que este
delito se consuma, exige-se a prova de que o menor foi corrompido? Trata-se de crime FORMAL.
Assim, NÃO se exige prova de que o menor tenha sido corrompido (obs: no crime formal, não é
necessária a ocorrência de um resultado naturalístico). Desse modo, a simples participação de
menor de 18 anos em infração penal cometida por agente imputável é suficiente à consumação do
crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA), sendo dispensada, para sua configuração,
prova de que o menor tenha sido efetivamente corrompido.

É também o entendimento do STF:


(...) O crime de corrupção de menores é formal, não havendo necessidade de prova efetiva
da corrupção ou da idoneidade moral anterior da vítima, bastando indicativos do
envolvimento de menor na companhia do agente imputável. Precedentes. (...) (RHC
111434, Rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª T., j. 3/4/12)

Na prática, qual é a diferença entre a corrupção de menores ser formal ou material? Veja o
seguinte exemplo hipotético e você irá entender: João (com 20 anos de idade) e Maikon (com 16
anos), mediante grave ameaça, subtraem a carteira da vítima. Vale ressaltar que, antes desse
evento, Maikon já respondia a cinco ações socioeducativas pela participação em outros atos
infracionais equiparados a roubo. João foi denunciado pela prática de dois crimes em concurso:
Roubo circunstanciado (art. 157, § 2º, II, do CP); e Corrupção de menores (art. 244-B do ECA). A
defesa de João pediu a sua absolvição quanto ao delito do art. 244-B do ECA, argumentando que o
tipo penal fala em “corromper” menor de 18 anos. No entanto, no caso concreto, o adolescente já
estaria “corrompido”, considerando que tinha participado de outros atos infracionais equiparados
a crime (era infrator contumaz). Logo, disse o advogado, não foi o réu (João) quem corrompeu o
menor.

A tese defensiva poderá ser aceita segundo a jurisprudência? NÃO. A configuração do crime
previsto no artigo 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se
tratar de delito formal (súmula 500 do STJ). Assim, pouco importa se houve ou não a corrupção
efetiva do menor. Basta que o MP comprove a participação do inimputável na prática delituosa na
companhia do maior de 18 anos.

Qual é a justificativa para esse entendimento? Segundo o Min. Sebastião Reis Júnior, a simples
participação do menor no ato delitivo é suficiente para a sua consumação, sendo irrelevante seu
grau prévio de corrupção, “já que cada nova prática criminosa na qual é inserido contribui para
aumentar sua degradação” (HC 164.359/DF). Dessa feita, a cada nova participação a moralidade
do menor (bem jurídico protegido) é novamente violada.

Em suma, se o art. 244-B ECA fosse material, João seria absolvido; como é formal, será condenado.

(MPPB-2018-FCC): O ECA considera crime a conduta de corromper ou facilitar a corrupção de


menor de dezoito anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la. A respeito
desse tipo penal e à luz do que dispõe os Tribunais Superiores, sua configuração independe da
prova da efetiva corrupção da criança ou do adolescente. BL: art. 244-B, ECA e S. 500, STJ.

(MPRS-2017): Assinale a alternativa correta: Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18


anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la, previsto no art. 244-B do
ECA, realizável também por quaisquer meios eletrônicos, inclusive sala de bate-papo na internet,
é crime formal. BL: art. 244-B, caput e §1º, ECA c/c Súmula 500, STJ.

(MPSP-2017): A respeito do delito de corrupção de menores, tipificado no artigo 244-B do ECA, é


correto afirmar que se trata de crime formal, em ambas as modalidades, pois a consumação do
delito se dá independentemente da prova de que o adolescente tenha sido corrompido pelo agente
capaz, mostrando-se irrelevante, para a tipificação penal, o fato de o menor ter registro de
passagens anteriores pela prática de atos infracionais. BL: art. 244-B, ECA; S. 500, STJ e Info 613
do STJ.

(TJDFT-2016-CESPE): Acerca da jurisprudência sumulada do STJ em matéria penal, assinale a


opção correta: O delito de corromper menor de dezoito anos, com ele praticando infração penal ou
induzindo-o a praticá-la, é crime formal, cuja configuração independe da prova de efetiva
corrupção do menor. BL: art. 244-B, ECA e S. 500, STJ.

(DPERN-2015-CESPE) De acordo com o STJ, o crime de corrupção de menores é de natureza


formal, bastando a participação do menor de dezoito anos de idade na prática de infração penal
para que haja a subsunção da conduta do agente imputável ao correspondente tipo descrito no
ECA. BL: art. 244-B, ECA e S. 500, STJ.

#Atenção: O bem jurídico tutelado o desenvolvimento da criança ou adolescente longe do mundo


do crime. A norma visa impedir que o maior imputável induza ou facilite a inserção ou a
manutenção do menor na esfera criminal.

(TJGO-2015-FCC): Segundo entendimento sumulado do STJ, os crimes de extorsão e de corrupção


de menores são de natureza formal. BL: Súmulas 96 e 500 do STJ.

Súmula 499: As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc e Senac,
salvo se integradas noutro serviço social. (TCERJ-2023)

Súmula 498: NÃO INCIDE IMPOSTO DE RENDA sobre a indenização por danos morais. (TJSC-
2009) (TJPR-2011) (TRF5-2013) (MPF-2013) (Cartórios/TJMG-2015/2016) (DPEPR-2017) (MPF-2017)

OBS: O fato gerador do IR é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica decorrente de


acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN). O STJ entende que as verbas recebidas a título de
indenização por danos morais não representam acréscimo patrimonial.

(DPEPR-2017-FCC): Sobre dano moral, é correto afirmar: A natureza de reparação dos danos
morais, e não de ressarcimento, é o que justifica a não incidência de imposto de renda sobre o
valor recebido a título de compensação por tal espécie de dano. BL: S. 498, STJ.

(TJPR-2011): As indenizações consideradas como reposição patrimonial, são situações de não-


incidência tributária quanto ao imposto de renda. BL: S. 498, STJ.

Súmula 497: Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde
que coexistam penhoras sobre o mesmo bem. (CANCELADA)

OBS: Cancelada.

• Cancelada em 14/09/22. Isso porque o entendimento exposto nesta súmula era baseado no art.
187, parágrafo único, do CTN e art. 29, da Lei nº 6.830/80, que estabelecem:
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de
direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pro rata;
III - Municípios, conjuntamente e pro rata.

Ocorre que o STF, no dia 24/06/21, ao julgar a ADPF 357, decidiu que a preferência da União em
relação a Estados, Municípios e Distrito Federal na cobrança judicial de créditos da dívida ativa
não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Assim, o STF, por maioria, julgou
procedente o pedido formulado na ADPF para declarar a não recepção pela Constituição Federal
de 1988 das normas previstas no parágrafo único do art. 187 do CTN e do parágrafo único do art.
29 da Lei 6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais).

Não sujeição do crédito tributário a concurso de credores: A Fazenda Pública não é obrigada a
habilitar seus créditos fiscais no processo falimentar ou de recuperação judicial. Isso porque o
CTN e a Lei nº 6.830/80 afirmam que o crédito tributário não é sujeito a concurso de credores.
Veja:
CTN
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou
habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento.

Lei nº 6.830/80
Art. 29. A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de
credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento.

O STJ entende, contudo, que esses dois dispositivos não proíbem que a Fazenda Pública faça a
habilitação dos créditos tributários na falência. Esses dispositivos garantem ao ente público a
prerrogativa de escolher entre receber o pagamento de seu crédito pelo rito da execução fiscal ou
mediante habilitação nos autos da falência. Assim, muito embora o processamento e o julgamento
das execuções fiscais não se submetam ao juízo universal da falência, compete à Fazenda Pública
optar por ingressar com a cobrança judicial ou requerer a habilitação de seu crédito na ação
falimentar. A Lei 14.112/20, alterando a Lei 11.101/05, criou, inclusive, um incidente de
classificação de crédito público para que a Fazenda Pública informe ao juízo da falência a relação
completa de seus créditos inscritos em dívida ativa:
Art. 7º-A. Na falência, após realizadas as intimações e publicado o edital, conforme
previsto, respectivamente, no inciso XIII do caput e no § 1º do art. 99 desta Lei, o juiz
instaurará, de ofício, para cada Fazenda Pública credora, incidente de classificação de
crédito público e determinará a sua intimação eletrônica para que, no prazo de 30 (trinta)
dias, apresente diretamente ao administrador judicial ou em juízo, a depender do momento
processual, a relação completa de seus créditos inscritos em dívida ativa, acompanhada dos
cálculos, da classificação e das informações sobre a situação atual. (Incluído pela Lei nº
14.112/2020) (...)

O caput do art. 187 do CTN e o caput do art. 29 da Lei nº 6.830/80 são constitucionais, não
possuindo qualquer vício de inconstitucionalidade. O problema está no parágrafo único desses
artigos.

Concurso de preferência entre as Fazendas: O parágrafo único do art. 187 do CTN e o parágrafo
único do art. 29 da Lei 6.830/80 afirmam que, se uma mesma pessoa estiver devendo a União, o
Estado-membro (DF) e o Município, a União terá preferência em receber. Em segundo lugar, o
Estado terá preferência e, se sobrarem recursos, o Município terá direito ao crédito. Veja:
Art. 187. (...)
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de
direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;
III - Municípios, conjuntamente e pró rata.

Art. 29. (...)


Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de
direito público, na seguinte ordem:
I - União e suas autarquias;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata;
III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.

Esses dispositivos são anteriores à Constituição Federal de 1988. O CTN é de 1966 e a Lei nº 6.830
foi publicada em 1980. Vale ressaltar que, mesmo antes da CF/88, vários doutrinadores já diziam
que essa previsão seria inconstitucional porque violaria o art. 9º, I, da Constituição Federal de
1967, que dizia o seguinte:
Art. 9º A União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado:
I - criar distinções entre brasileiros ou preferências em favor de uns contra outros Estados
ou Municípios; (...)

O STF, contudo, naquela época, não concordou com a tese e editou uma súmula dizendo que essa
previsão seria constitucional:
Súmula 563-STF: O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único, do art. 187,
do Código Tributário Nacional, é compatível com o disposto no art. 9º, inciso I, da
Constituição Federal.
Aprovada em 15/12/1976.
Em 1988 foi promulgada a nossa atual Constituição Federal, que trouxe dispositivo semelhante ao
art. 9º, I, da CF/67. Veja o que diz a Carta de 1988:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Assim, a doutrina majoritária continuou sustentando que o parágrafo único do art. 187 do CTN e
o parágrafo único do art. 29 da Lei nº 6.830/80 violariam a igualdade entre os entes federativos e,
portanto, não teriam sido recepcionados pela CF/88.

O STF finalmente concordou com a doutrina? SIM. O Plenário do STF decidiu que a preferência
da União em relação a Estados, Municípios e Distrito Federal na cobrança judicial de créditos da
dívida ativa não foi recepcionada pela CF/88. Essa previsão de “hierarquia” na cobrança judicial
dos créditos da dívida pública da União aos Estados e Distrito Federal ameaça o pacto federativo e
contraria o inciso III do art. 19 da CF/88. A autonomia e a isonomia dos entes federados são os
alicerces para a manutenção do modelo jurídico-constitucional adotado. Somente pela
Constituição, e quando houver finalidade constitucional adequadamente demonstrada, pode-se
criar distinções entre os entes federados na cobrança judicial dos créditos tributários e não
tributários.

Nova ordem constitucional: A Ministra Relatora Rosa Weber afirmou que “o tema é sensível e
merece ser reapreciado à luz das normas constitucionais inauguradas pela Constituição de 1988”. Para ela,
após a promulgação da Constituição de 1988, os entes federativos se tornaram autônomos, e o
tratamento entre eles passou a ser isonômico. De acordo com a ministra, a repartição de
competências é o “coração da Federação” que, diante da complexidade política e geográfica do
território brasileiro, deve se pautar pela autonomia dos entes. No plano internacional, a União é
soberana. Porém, no plano interno, ela “é autônoma e iguala-se aos demais entes federados, sem
hierarquia, com competências próprias”.

Conclusão: Com base nesse entendimento, o Plenário do STF, por maioria, julgou procedente o
pedido formulado em arguição de descumprimento de preceito fundamental para declarar a não
recepção, pela CF/88, das normas previstas no parágrafo único do art. 187 do CTN e no parágrafo
único do art. 29 da Lei 6.830/80. O STF, na mesma assentada, decidiu cancelar a Súmula 563.
O concurso de preferência entre os entes federados na cobrança judicial dos créditos
tributários e não tributários, previsto no parágrafo único do art. 187 da Lei 5.172/66
(Código Tributário Nacional) e no parágrafo único do art. 29 da Lei 6.830/80 (Lei de
Execuções Fiscais), não foi recepcionado pela CF/88. STF. Plenário. ADPF 357/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, j. 24/6/21 (Info 1023).

Súmula 497 do STJ também fica prejudicada: Vale ressaltar que, além do cancelamento da Súmula
563 do STF, com a decisão acima explicada também ficou superado o entendimento exposto na
Súmula 497 do STJ:
Súmula 497-STJ: Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda
estadual desde que coexistam penhoras sobre o mesmo bem.

O entendimento ficou superado porque essa súmula também era baseada no art. 187, parágrafo
único, do CTN e art. 29, da Lei 6.830/80. Diante do exposto, em 14/09/22, o STJ decidiu
formalmente cancelar a Súmula 497.

Súmula 496: Os registros de propriedade particular de imóveis situados EM TERRENOS DE


MARINHA NÃO SÃO OPONÍVEIS à União. (Cartórios/TJBA-2013) (MPM-2013) (TJRJ-2014) (TRF1-2015)
(TRF4-2016) (TRF5-2013/2017) (Cartórios/TJPR-2019) (Cartórios/TJSC-2021)

OBS: Importante. Os terrenos de marinha pertencem à União, por uma imposição legal, desde a
época em que o Estado brasileiro foi criado. A CF apenas manteve essa situação (art. 20, VII da
CF). Logo, não tem qualquer validade o título de propriedade outorgado a particular de bem
imóvel situado em terreno de marinha ou acrescido.

Quando a União faz o procedimento de demarcação do terreno de marinha, ela declara que todos
os imóveis existentes naquela determinada faixa são da União e os eventuais títulos de
propriedade de particulares são também declarados nulos. Não é nem sequer necessário que a
União ajuíze uma ação específica de anulação dos registros de propriedade dos ocupantes de
terrenos de marinha. Basta o procedimento de demarcação.

Se estiver estudando o tema, importante ler os arts. 3º a 6º da Lei nº 13.240/2015.

(TRF4-2016): Assinale a alternativa correta: O registro imobiliário não é oponível em face da União
para afastar o regime dos terrenos de marinha. BL: S. 496, STJ.

#Atenção: #STJ: #MPM-2013: #TRF4-2016: Esta Corte Superior possui entendimento pacificado
no sentido de que o registro imobiliário não é oponível em face da União para afastar o regime
dos terrenos de marinha, servindo de mera presunção relativa de propriedade particular - a
atrair, p. ex., o dever de notificação pessoal daqueles que constam deste título como
proprietário para participarem do procedimento de demarcação da linha preamar e fixação do
domínio público -, uma vez que a Constituição da República vigente (art. 20, inc. VII) atribui
originariamente àquele ente federado a propriedade desses bens. STJ. 1ª S., REsp 1183546/ES,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. em 08/09/10.

Súmula 495: A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa NÃO GERA direito
a creditamento de IPI. (MPF-2017)

Súmula 494: O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às


exportações incide mesmo quando as matérias-primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa
física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP. (M)

Súmula 493: É INADMISSÍVEL a fixação de PENA SUBSTITUTIVA (art. 44 do CP) como condição
especial ao regime aberto. (MPTO-2012) (TRF4-2012) (TJPR-2013) (DPESP-2013) (PCGO-2013) (TJSP-2014)
(TJCE-2014) (TJMT-2014) (MPAC-2014) (MPPE-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TJAL-2015) (MPF-2015) (MPPR-
2013/2016) (TJDFT-2014/2016) (PCPE-2016) (DPEPR-2017) (TJRS-2018) (TJGO-2015/2021) (MPDFT-2015/2021) (PCRN-
2021)

OBS: Importante. A LEP impõe ao reeducando condições gerais e obrigatórias para que ele possa
ir do regime semiaberto para o aberto (art. 115). A Lei estabelece também que o juiz poderá fixar
outras condições especiais, em complementação daquelas previstas em lei. No entanto, a súmula
afirma que o magistrado, ao fixar essas condições especiais, não poderá impor nenhuma
obrigação que seja prevista em lei como pena restritiva de direitos (art. 44 do CP). Isso porque é
como se o juiz estivesse aplicando uma nova pena ao condenado pelo simples fato de ele estar
progredindo de regime. Haveria aí um bis in idem, importando na aplicação de dúplice sanção.
Assim, por exemplo, o juiz não pode impor que o reeducando preste serviços à comunidade como
condição especial para que fique no regime aberto.

(TJGO-2021-FCC): No que se refere às penas restritivas de direitos, o juiz poderá estabelecer


condição especial para a concessão do regime aberto, sem prejuízo das gerais e obrigatórias, desde
que não constitua pena substitutiva. BL: S. 493, STJ e art. 115, LEP.34

#Atenção: O art. 115 da Lei de Execução Penal preceitua que o juiz poderá estabelecer condições
especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das condições gerais e obrigatórias. Tais
condições especiais, no entanto, não podem consistir em penas restritivas de direito, tal como
orienta o enunciado da Súmula 493 do STJ.

(TJDFT-2016-CESPE): Assinale a alternativa correta: É inadmissível a fixação de pena restritiva de


direitos substitutiva da pena privativa de liberdade como condição judicial especial ao regime
aberto. BL: S. 493, STJ.

(TJAL-2015-FCC): Segundo entendimento sumulado dos Tribunais Superiores acerca das penas
privativas de liberdade, é inadmissível a fixação de pena substitutiva como condição especial ao
regime aberto. BL: S. 493, STJ.

(MPPE-2014-FCC): A pena de prestação de serviços à comunidade não pode ser fixada como

34
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo
das seguintes condições gerais e obrigatória.
condição especial ao regime aberto. BL: S. 493, STJ.

Súmula 492: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, POR SI SÓ, NÃO CONDUZ
OBRIGATORIAMENTE à imposição de medida socioeducativa de INTERNAÇÃO do
adolescente. (TJGO-2009/2012) (TJRJ-2013) (TJPR-2013) (MPES-2013) (DPETO-2013) (Cartórios/TJES-2013) (MPAC-
2014) (MPPA-2014) (DPEMS-2014) (TJDFT-2011/2012/2014/2015) (MPDFT-2015) (MPMS-2015) (DPEPA-2015) (DPEPE-
2015) (DPESP-2015) (TRF5-2015) (TJAM-2016) (TJMSP-2016) (MPBA-2018) (PF-2018) (DPEDF-2013/2019) (TJAL-2019)
(TJBA-2019) (TJPA-2019) (MPSP-2019) (DPEMG-2019) (MPSC-2021) (DPEGO-2021) (TJMA-2022)

OBS: Importante.

Observam-se com frequência, na prática, diversas sentenças que aplicam a medida de internação
ao adolescente pela prática de tráfico de drogas, valendo-se como único argumento, o de que tal
ato infracional é muito grave e possui natureza hedionda. O STJ não concorda com este
entendimento e tem decidido, reiteradamente, que não é admitida a internação com base
unicamente na alegação da gravidade abstrata ou na natureza hedionda do ato infracional
perpetrado. O tema revelou-se tão frequente que a Corte decidiu editar a Súmula 492 expondo
esta conclusão. O adolescente que pratica tráfico de drogas pode até receber a medida de
internação. No entanto, para que isso ocorra, o juiz deverá vislumbrar, no caso concreto, e
fundamentar sua decisão em alguma das hipóteses do art. 122 do ECA. O magistrado não poderá
utilizar, como único argumento, o fato de que esse ato infracional é muito grave e possui
natureza hedionda.

Súmula 491: É inadmissível a chamada PROGRESSÃO PER SALTUM de regime prisional. (MPMG-
2012) (DPESE-2012) (TRF4-2012) (TJPR-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (MPF-2013) (TJSP-2014) (TJMT-2014) (TJCE-2014)
(MPAC-2014) (TJAL-2015) (DPESP-2015) (TRF1-2015) (PCDF-2015) (TJAM-2013/2016) (MPPR-2016) (PCPA-2016)
(DPEAL-2017) (DPEPE-2018) (PF-2018) (MPSP-2019) (DPEDF-2019) (DPEGO-2021)

OBS: Importante.

Progressão per saltum significa a possibilidade do apenado que está cumprindo pena no regime
fechado progredir diretamente para o regime aberto, ou seja, sem passar antes pelo semiaberto.
Não é admitida pelo STF e STJ. Assim, se o apenado está cumprindo pena no regime fechado, ele
não poderá ir diretamente para o regime aberto, mesmo que tenha, em tese, preenchido os
requisitos para tanto.

(DPEPE-2018-CESPE): A respeito da progressão de regime para o cumprimento de pena, assinale


a opção correta de acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores: O juízo da execução
penal deverá negar o pedido de progressão do regime fechado diretamente para o aberto: no
ordenamento jurídico pátrio não se admite salto na progressão. BL: S. 491, STJ.

(PF-2018-CESPE): Em cada item que se segue, é apresentada uma situação hipotética seguida de
uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais
superiores a respeito de regime de penas: Flávio, maior e capaz, condenado a pena de doze anos
pela prática de homicídio doloso qualificado, iniciou o cumprimento da pena em regime fechado.
Durante a execução da pena, ele apresentou comportamento excelente e colaborativo, por isso,
após o período mínimo para a progressão de regime, seu advogado requereu ao juiz a passagem
de Flávio para o regime aberto. Nessa situação, o pedido não poderá ser atendido: a progressão do
regime prisional de Flávio deverá ser para o regime semiaberto. BL: S. 491, STJ.

(TJAM-2016-CESPE): Condenado definitivamente pela justiça federal brasileira por crime de


tráfico internacional de drogas e cumprindo pena, no regime fechado, em presídio estadual na
cidade de Manaus – AM, Pablo, cidadão boliviano, após cumprir mais de dois terços da pena
aplicada, pleiteou progressão ao regime aberto. Ele apresenta bom comportamento na prisão e não
possui residência fixa no Brasil. O pedido foi indeferido pelo juiz da Vara de Execuções Penais da
comarca de Manaus. Inconformado, Pablo, de próprio punho, impetrou habeas corpus no
Tribunal de Justiça do Amazonas, pleiteando a reforma da decisão de primeiro grau e a obtenção
da progressão ao regime aberto. Nessa situação hipotética, de acordo com a jurisprudência dos
tribunais superiores, deve-se denegar o habeas corpus, pois não é permitida a progressão per
saltum no ordenamento jurídico nacional. BL: S. 491, STJ.

(TRF1-2015-CESPE): Na execução penal, é inadmissível a progressão imediata do regime prisional


fechado para o aberto. BL: S. 491, STJ.

Súmula 490: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito


controvertido for inferior a sessenta salários mínimos, NÃO SE APLICA a SENTENÇAS
ILÍQUIDAS. (TJSC-2013) (TJDFT-2014) (PGEMS-2014) (PGERN-2014) (PGM-São Paulo/SP-2014) (PFN-2015)
(TRT21-2015) (TRT2-2016) (Anal. Judic./TRF5-2017) (MPCPA-2019) (Anal. Judic./TRF4-2019)

OBS: Polêmica.

Noções gerais sobre o reexame necessário: O chamado “reexame necessário” ou “duplo grau de
jurisdição obrigatório” é um instituto previsto no art. 496 do CPC/15 e em algumas leis esparsas:
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz
ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo
tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.

Deixa eu explicar melhor:


- Se a sentença proferida pelo juiz de 1ª instância: a) for contra a Fazenda Pública; ou b) julgar
procedentes os embargos do devedor na execução fiscal (o que também é uma sentença contra a
Fazenda Pública);
- Essa sentença deverá ser, obrigatoriamente, reexaminada pelo Tribunal de 2º grau (Tribunal
de Justiça ou Tribunal Regional Federal);
- Mesmo que a Fazenda Pública não recorra;
- E, enquanto não for realizado o reexame necessário, não haverá trânsito em julgado.

Obs: o reexame necessário não possui natureza jurídica de recurso. Desse modo, é tecnicamente
incorreto denominar este instituto de “recurso ex officio”, “recurso de ofício” ou “recurso
obrigatório”.

Exceções ao reexame necessário: O CPC prevê, em dois parágrafos, situações em que, mesmo a
sentença se enquadrando nos incisos do art. 496, não haverá a obrigatoriedade do reexame
necessário:
Art. 496 (...)
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico
obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de
direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos
Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa.

Súmula 490 do STJ: Em 2012, ou seja, antes do CPC/15, o STJ editou a seguinte súmula tratando
sobre remessa necessária:
Súmula 490-STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do
direito controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

Qual era o sentido dessa súmula? O CPC/73 tratava do reexame necessário no art. 475. O § 2º uma
regra dispensando o reexame necessário:
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo (ou seja, não se aplica o reexame necessário)
sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60
(sessenta) salários mínimos (...)

A exceção prevista no § 2º do art. 475 do CPC/1973 exigia dois requisitos:


a) primeiro, que a condenação ou o direito controvertido tivesse valor certo; e
b) segundo, que o respectivo montante não excedesse 60 salários mínimos.

Como o § 2º do art. 475 exigia que a condenação tivesse “valor certo”, o que o STJ falou: se a
sentença é ilíquida, ela não tem valor certo e, portanto, não se enquadra nesta exceção. Logo, o STJ
disse o seguinte: se a sentença for ilíquida (não tiver valor certo), haverá reexame necessário
mesmo que o valor da condenação seja inferior a 60 salários-mínimos. Daí surgiu a súmula 490.

Com o CPC/2015, o entendimento da súmula 490 continuou valendo? Vamos comparar as


redações dos dispositivos:
CPC/1973 CPC/2015
Art. 475 (...) Art. 496 (...)
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a
sempre que a condenação, ou o direito condenação ou o proveito econômico obtido na
controvertido, for de valor certo não causa for de valor certo e líquido inferior a:
excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, I — 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as
bem como no caso de procedência dos respectivas autarquias e fundações de direito
embargos do devedor na execução de dívida público;
ativa do mesmo valor. II — 500 (quinhentos) salários-mínimos para os
Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias
e fundações de direito público e os Municípios que
constituam capitais dos Estados;
III — 100 (cem) salários-mínimos para todos os
demais Municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.

Perceba que as redações são parecidas, sendo que a grande novidade do CPC/15 foi ter ampliado
o limite de 60 salários-mínimos para 1.000, 500 ou 100 salários-mínimos a depender do ente
federativo condenado. Vale ressaltar, ainda, que a redação do § 3º do art. 496 foi ainda mais
enfática em dizer o a condenação tem que ser em valor líquido (ou seja, a sentença tem que ser
líquida). Por essa razão, em minha opinião, a súmula 490 do STJ permaneceria válida com o
CPC/15. No entanto, agora, o valor que o CPC/15 prevê como limite para dispensa da remessa
necessária não é mais 60 salários-mínimos. Assim, na minha opinião, a súmula permaneceria
válida, mas deveria ser lida da seguinte forma: “A dispensa de reexame necessário, nos casos do
§ 3º do art. 496, do CPC/2015, não se aplica a sentenças ilíquidas.”

A 1ª Turma do STJ, contudo, em um caso específico não entendeu dessa maneira. Vejamos.

Imagine a seguinte situação hipotética: O Juiz Federal, no procedimento ordinário, condenou o


INSS “a conceder ao autor o benefício de aposentadoria especial desde o requerimento administrativo,
ocorrido em 06/11/19, ou seja, sete meses antes da propositura da presente ação.” O magistrado condenou
o INSS também a pagar as prestações atrasadas, isto é, desde a data do requerimento
administrativo. Nem o autor nem o INSS apelaram contra essa condenação. O Diretor da vara
certificou, então, o trânsito em julgado. Foi, então, que o INSS peticionou nos autos afirmando que
não houve o trânsito em julgado considerando que o Juiz deveria ter remetido o processo ao TRF a
fim de proporcionar o julgamento da remessa necessária, nos termos do § 1º do art. 496 do
CPC/15. O autor se contrapôs ao pedido do INSS afirmando o seguinte:
- a sentença não disse de quanto será o valor da aposentadoria, devendo isso ser calculado
administrativamente pelo INSS;
- no entanto, ainda que o valor da aposentadoria seja o máximo permitido (“teto” do
regime geral), esse valor será de R$ 5.839,45;
- como só estão atrasados 7 meses, ainda que se some todas essas parcelas com mais juros e
correção monetária, o valor ficará ainda muito abaixo de 1.000 salários-mínimos;
- o art. 496, § 3º, inciso I, do CPC/15 afirma que não haverá remessa necessária quando a
condenação ou o proveito econômico obtido na causa for inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos
para as autarquias da União (como é o caso do INSS);
- logo, não cabe reexame necessário.
O Juiz acolheu essa argumentação do autor. O INSS recorreu afirmando que a sentença proferida
foi ilíquida. Desse modo, sendo ilíquida cabe reexame necessário mesmo que o possível valor seja
inferior a 1.000 salários-mínimos. O INSS pediu que o STJ reconhecesse que se aplica aqui o
raciocínio da Súmula 490.

O STJ concordou com a tese do autor ou do INSS? Do autor. A 1ª Turma do STJ afirmou que
apesar da “aparente iliquidez das condenações em causas de natureza previdenciária, a
sentença que defere benefício previdenciário é espécie absolutamente mensurável, visto que
pode ser aferível por simples cálculos aritméticos, os quais são expressamente previstos na lei
de regência, e são realizados pelo próprio INSS.” Assim, para a 1ª Turma do STJ, a Súmula 490-
STJ não se aplica às sentenças ilíquidas nos processos de natureza previdenciária a partir dos
novos parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do CPC/2015.

Em suma:
Após a entrada em vigor do CPC/15, é dispensável a remessa necessária nas sentenças
ilíquidas proferidas em desfavor do INSS, cujo valor mensurável da condenação ou do
proveito econômico seja inferior a mil salários mínimos. STJ. 1ª T. REsp 1.735.097-RS, Rel.
Min. Gurgel de Faria, j. 08/10/2019 (Info 658).

Veja alguns trechos da ementa:


(...) 4. A orientação da Súmula 490 do STJ não se aplica às sentenças ilíquidas nos feitos de
natureza previdenciária a partir dos novos parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do
CPC/15, que dispensa do duplo grau obrigatório as sentenças contra a União e suas
autarquias cujo valor da condenação ou do proveito econômico seja inferior a mil salários
mínimos. 5. A elevação do limite para conhecimento da remessa necessária significa uma
opção pela preponderância dos princípios da eficiência e da celeridade na busca pela
duração razoável do processo, pois, além dos critérios previstos no § 4º do art. 496 do
CPC/15, o legislador elegeu também o do impacto econômico para impor a referida
condição de eficácia de sentença proferida em desfavor da Fazenda Pública (§ 3º). 6. A
novel orientação legal atua positivamente tanto como meio de otimização da prestação
jurisdicional - ao tempo em que desafoga as pautas dos Tribunais - quanto como de
transferência aos entes públicos e suas respectivas autarquias e fundações da prerrogativa
exclusiva sobre a rediscussão da causa, que se dará por meio da interposição de recurso
voluntário. 7. Não obstante a aparente iliquidez das condenações em causas de natureza
previdenciária, a sentença que defere benefício previdenciário é espécie absolutamente
mensurável, visto que pode ser aferível por simples cálculos aritméticos, os quais são
expressamente previstos na lei de regência, e são realizados pelo próprio INSS. 8. Na
vigência do Código Processual anterior, a possibilidade de as causas de natureza
previdenciária ultrapassarem o teto de sessenta salários mínimos era bem mais factível,
considerado o valor da condenação atualizado monetariamente. 9. Após o Código de
Processo Civil/2015, ainda que o benefício previdenciário seja concedido com base no teto
máximo, observada a prescrição quinquenal, com os acréscimos de juros, correção
monetária e demais despesas de sucumbência, não se vislumbra, em regra, como uma
condenação na esfera previdenciária venha a alcançar os mil salários mínimos (...) STJ. 1ª
Turma. REsp 1735097/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/10/2019.

O STJ afirmou que a Súmula 490 do STJ está superada para todos os casos? NÃO. A decisão
explicada refere-se apenas aos processos envolvendo benefícios previdenciários. Desse modo,
não se pode, pelo menos ainda, afirmar que o STJ desconsiderou a súmula para todos os casos.
Constou na ementa:
“(...) 4. A orientação da Súmula 490 do STJ não se aplica às sentenças ilíquidas nos feitos de
natureza previdenciária a partir dos novos parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do
CPC/15, que dispensa do duplo grau obrigatório as sentenças contra a União e suas
autarquias cujo valor da condenação ou do proveito econômico seja inferior a mil salários
mínimos.”

Súmula 489: RECONHECIDA a CONTINÊNCIA, DEVEM SER REUNIDAS na Justiça Federal as


AÇÕES CIVIS PÚBLICAS propostas nesta e na Justiça estadual. (MPPR-2012) (MPPI-2012) (TJSC-2013)
(MPGO-2013) (MPRO-2013) (MPT-2013) (Cartórios/TJES-2013) (Cartórios/TJPI-2013) (TJRJ-2014) (MPMS-2013/2015)
(TJMS-2015) (PGEAM-2016) (DPEDF-2019)

OBS: Importante. Ex.: MP-SP ajuíza ACP contra um réu na Justiça Estadual; tempos depois, o
MPF propõe, na Justiça Federal, ACP em desfavor desse mesmo requerido, com a mesma causa de
pedir, mas com pedidos menos amplos que o da primeira ação. As duas ações deverão ser
reunidas e julgadas pela Justiça Federal, mesmo não sendo este o juízo prevento.

(PGEAM-2016-CESPE): Julgue o item subsequente, relativo a ação civil pública: Situação


hipotética: O estado do Amazonas, por intermédio de sua procuradoria, ajuizou ação civil pública
na justiça estadual do Amazonas, com o objetivo de prevenir danos ao meio ambiente.
Paralelamente, o MPF ingressou com ação idêntica na justiça federal, seção judiciária do
Amazonas. Assertiva: Nesse caso, as respectivas ações deverão ser reunidas na justiça federal da
seção judiciária do Amazonas. BL: S. 489, STJ.

(MPRO-2013-CESPE): De acordo com o entendimento do STJ, reconhecida a continência entre


duas ações civis públicas propostas pelo MPE e pelo MPF, uma na justiça estadual, outra na
justiça federal, ambas deverão ser reunidas na justiça federal. BL: S. 489, STJ.

(Anal. Judic./STF-2013-CESPE): A respeito de competência em direito processual civil, julgue o


item a seguir: A despeito de ser absoluta, a competência da justiça federal pode ser prorrogada,
por continência, para abranger ação civil pública em que ente federal não seja parte. BL: S. 489,
STJ.

OBS: O ente federal pode não ser parte, mas ter interesse na demanda, podendo recair sobre ele
reflexos negativos da decisão. Quanto à reunião das ACP`s, a súmula mencionada autoriza.

Súmula 488: O § 2º do art. 6º da Lei n. 9.469/1997, que obriga à repartição dos honorários
advocatícios, é inaplicável a acordos ou transações celebrados em data anterior à sua vigência.

Súmula 487: O parágrafo único do art. 741 do CPC [leia-se: §12 do art. 525 e no § 5° do art. 535 do
CPC/2015] não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior à da sua vigência .
(PFN-2015)

OBS: O parágrafo único do art. 741 do CPC/1973 foi inicialmente inserido pela Medida Provisória
2.180-35/2001 e depois tratado pela Lei n° 11.232/2005.

Se a decisão transitada em julgado (título executivo judicial) é anterior à previsão do art. 741,
parágrafo único, pode mesmo assim a Fazenda Pública opor embargos à execução alegando que o
título é inexigível por ser inconstitucional? NÃO. Segundo o entendimento do STJ, o parágrafo
único do art. 741 do CPC/1973 não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior
à da sua vigência.

Se o parágrafo único do art. 741 do CPC/1973 fosse aplicado às sentenças transitadas em julgado
antes da sua vigência, haveria uma violação ao art. 5°, inciso XXXVI, da CF.

O entendimento acima permanece válido. Vale ressaltar, no entanto, que o parágrafo único do
art. 741 do CPC 1973 é agora previsto no § 12 do art. 525 e no § 5° do art. 535 do CPC/2015:
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o
prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova
intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar: (...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: (...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; (...)
§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.

Súmula 486: É IMPENHORÁVEL o único imóvel residencial do devedor que ESTEJA LOCADO a
terceiros, DESDE QUE a renda obtida com a locação SEJA REVERTIDA para a subsistência ou a
moradia da sua família. (TJSP-2013) (TJMA-2013) (DPESP-2013) (TRF2-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (MPT-2013)
(PGEAC-2014) (PGEMS-2014) (TRT2-2015/2016) (MPRR-2017) (DPEPR-2017) (DPESC-2017) (TRT/Unificado-2017)
(MPGO-2019) (Cartórios/TJRS-2019) (DPEGO-2021)

OBS: Pela Lei 8009/90 (art. 5º), somente seria impenhorável o imóvel próprio utilizado pelo casal
ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência
um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários
imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor,
salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art.
70 do Código Civil.

O STJ, por meio de uma interpretação teleológica e valorativa, amplia a proteção.

Vejamos agora uma situação um pouco diferente: Pedro possui em seu nome um único imóvel,
qual seja, uma sala comercial que está alugada para uma empresa, que explora no local uma loja,
pagando ao proprietário R$ 2 mil. Ele e sua família, por sua vez, moram em uma casa alugada,
pagando R$ 1 mil. A renda recebida com a locação é utilizada para pagar o aluguel da sua casa e
para a subsistência da família. Pedro está sendo executado e o juiz determinou a penhora da sala
comercial que está em seu nome.

Esta penhora poderá ser desconstituída invocando a proteção do bem de família? SIM. É
impenhorável o único imóvel comercial do devedor que esteja alugado quando o valor do
aluguel é destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.616.475-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 15/9/16 (Info 591). 35

(PGM-Campinas/SP-2016-FCC): Carlos alugou, tendo como fiador Paulo, imóvel residencial


pertencente a Fábio, deixando de honrar o pagamento dos aluguéis. Em razão do
inadimplemento, Fábio ajuizou ação contra ambos, Carlos e Paulo, a qual foi julgada procedente.
Na fase de cumprimento de sentença, Fábio requereu a penhora do único imóvel residencial de
Paulo, no qual reside com sua família. Requereu também a penhora do único imóvel residencial
de Carlos, o qual este alugou a terceiros para obtenção de renda necessária à moradia e
subsistência de sua família. De acordo com jurisprudência dominante do STJ, é válida a penhora
do bem de Paulo e inválida a do bem de Carlos. BL: art. 3º, VII, Lei 8009 e Súmulas 486 e 549 do
STJ.

(PGEMS-2014): É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a


terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia
da sua família. BL: S. 486, STJ.

(AGU-2013-CESPE): Se o casal, em vez de utilizar como residência o único imóvel que possua,
locá-lo a terceiros, tal fato não afastará de forma automática a sua característica de bem de família,
de modo a torná-lo penhorável por dívida dos cônjuges. BL: S. 486, STJ.

Súmula 485: A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição. (TJSC-2013)

Súmula 484: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a
interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário . (TJAC-2012) (TJGO-2012)
(TJSC-2013) (Cartórios/TJPI-2013) (TJAP-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TJPB-2015)

35
(MPCE-2020-CESPE): De acordo com a jurisprudência do STJ, a proteção dada à impenhorabilidade do
bem de família se aplica a imóvel único do devedor que esteja alugado a terceiros, se for demonstrado que
a renda da locação é utilizada para subsistência ou moradia da família do devedor. BL: S. 486, STJ e Info
591, STJ.
OBS: Importante. Preparo consiste no pagamento das despesas relacionadas com o
processamento do recurso. A Súmula é uma exceção ao art. 1007 do CPC.
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido
pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
sob pena de deserção.
§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará
deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo
de 5 (cinco) dias.

A regra é a seguinte: no momento em que o recurso é interposto, o recorrente deve juntar o


comprovante de que fez o preparo.

A súmula traz uma exceção: se o recurso for interposto após o horário de encerramento do
expediente bancário (ex: recurso interposto às 17h 30min, ou seja, quando os bancos já estão
fechados), o recorrente poderá comprovar o preparo no primeiro dia útil seguinte.

Exemplo: João interpôs o recurso no dia 03/11/10, às 17h 30min, ou seja, quando os bancos já
estavam fechados. Por essa razão, João não pagou a taxa judiciária e as despesas postais, não
juntando as guias de recolhimento junto com o recurso. No dia seguinte, 04/11/10, João foi até o
banco, recolheu o valor devido como preparo e juntou aos autos. O recurso interposto por João
não será considerado deserto, havendo uma mitigação à regra do art. 1.007 do CPC/2015.

Súmula 483: O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do preparo por gozar das
prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública . (M)

OBS: Essa súmula não trata de isenção do pagamento de custas ou despesas processuais para o
INSS. Ela afirma apenas que o INSS não precisa realizar o depósito prévio do preparo, podendo
fazer apenas ao final, caso seja vencido. Em outras palavras, a súmula em questão afirma que se
aplica ao INSS o art. 27 do CPC e o art. 1ºA da Lei nº 9.494/97.

E o INSS é equiparado a Fazenda Pública? SIM. O INSS é uma autarquia federal, portanto, está
englobada dentro do conceito de Fazenda Pública. Nesse sentido é também o art. 8º da Lei nº
8.620/93.

Súmula 482: A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC [atual art. 308
do NCPC] ACARRETA a perda da eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar.
(Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJES-2013) (DPEAM-2013) (TJSP-2013/2014) (PGERN-2014) (TJSC-2013/2015)
(TCEGO-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (DPEMA-2015) (TRF5-2015)

OBS: Importante. A ideia geral desta súmula permanece válida, mas esta a do art. 806 do CPC
1973 é agora encontrada no art. 308 do CPC 2015. Veja:
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido
o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.

Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:


I -o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal.

(PGERN-2014-FCC): Pedro ajuizou ação cautelar preparatória no âmbito da qual requereu,


liminarmente, a suspensão de crédito tributário, o que foi deferido. De acordo com o CPC e com
Súmula do STJ, Pedro deverá propor ação principal no prazo de 30 dias, contados da data da
efetivação da medida, sob pena de perda da eficácia da liminar e de extinção do processo cautelar.
BL: S. 482, STJ.

Súmula 481: FAZ JUS ao BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que DEMONSTRAR sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. (DPEAL-
2009) (TJBA-2012) (DPEAC-2012) (DPEDF-2013) (DPERR-2013) (DPEPR-2014) (PGEMS-2014) (TRT14-2014) (TJPB-
2015) (MPSP-2015) (DPU-2015) (DPERO-2017) (DPEPE-2015/2018) (DPEMG-2019) (Anal. Judic./TRF4-2019) (MPAP-
2021) (DPEPA-2022) (TJMS-2023) (Anal. Judic./TJES-2023)
OBS: Importante. As pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos, para
obterem os benefícios da justiça gratuita, devem comprovar o estado de miserabilidade, não
bastando a simples declaração de pobreza.

Pessoas jurídicas podem pedir o benefício da justiça gratuita? SIM, mas, diferentemente do que
ocorre com as pessoas físicas, deverão demonstrar a necessidade. O CPC/2015 confirmou este
entendimento:
Art. 99 (...) § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural.

Pessoas jurídicas sem finalidade lucrativa também precisam demonstrar essa necessidade para
requererem a justiça gratuita? SIM (é necessário demonstrar). É a posição atual do STF e do STJ.

Vamos resumir o que pensa o STJ sobre o tema: as pessoas jurídicas de direito privado, com ou
sem fins lucrativos, para obter os benefícios da justiça gratuita, devem comprovar o estado de
miserabilidade, não bastando a simples declaração de pobreza. Assim, é indispensável que a
pessoa jurídica comprove a sua impossibilidade de arcar com os encargos financeiros do
processo. A prova da hipossuficiência para fins de concessão do benefício da gratuidade da justiça
incumbe à pessoa jurídica, sendo irrelevante a finalidade lucrativa ou não da entidade
requerente. Em outras palavras, para que a pessoa jurídica de direito privado obtenha o benefício
da justiça gratuita é indispensável que demonstre (comprove) sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais. Não se justifica realizar a distinção entre pessoas jurídicas com ou sem
finalidade lucrativa, pois, quanto ao aspecto econômico-financeiro, a diferença primordial entre
essas entidades não reside na suficiência ou não de recursos para o custeio das despesas
processuais, mas na possibilidade de haver distribuição de lucros aos respectivos sócios ou
associados. Além disso, muitas entidades sem fins lucrativos exploram atividade econômica em
regime de concorrência com as sociedades empresárias, não havendo parâmetro razoável para se
conferir tratamento desigual entre essas pessoas jurídicas (EREsp 603.137/MG).

Posição do STF: Vale ressaltar que esta também é a posição do STF: "O pedido de justiça gratuita
de pessoa jurídica de direito privado deve ser acompanhado de detalhada comprovação da efetiva
insuficiência de recursos." (AI 673934 AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, j. 23/6/09). No
mesmo sentido: "Tratando-se de entidade de direito privado - com ou sem fins lucrativos -, impõe-se-
lhe, para efeito de acesso ao benefício da gratuidade, o ônus de comprovar a sua alegada
incapacidade financeira, não sendo suficiente, portanto, ao contrário do que sucede com a pessoa física ou
natural, a mera afirmação de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários
advocatícios." (RE 192715 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. 21/11/06)

#Atenção: #Jurisprud. Teses do STJ: #Edição nº 148: Tese 7) Faz jus ao benefício da justiça gratuita
a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais. (Súmula n. 481/STJ)

(DPEDF-2019-CESPE): Uma empresa jornalística divulgou fotografia da cena de um crime com a


imagem da vítima ensanguentada e o rosto desfigurado, sem ter tomado o devido cuidado no
momento da edição da imagem para ocultar o rosto da vítima. Diante dessa situação hipotética,
julgue o item subsecutivo: Caso a referida empresa comprove insuficiência de recursos, o Estado
poderá prestar-lhe assistência jurídica integral e gratuita em eventual processo judicial, ainda que
ela seja pessoa jurídica com fins lucrativos. BL: S. 481, STJ e art. 98, NCPC.

Súmula 480: O JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL NÃO É competente para decidir sobre a
constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa . (TRT5-2013)
(Cartórios/TJSE-2014) (TRF4-2014) (TJSP-2015) (PGEPA-2015) (TJAM-2016) (TJAL-2019)

OBS: Importante. Trata-se de exceção ao juízo universal.

A recuperação judicial surgiu para substituir a antiga “concordata” e tem por objetivo viabilizar a
superação da situação de crise do devedor a fim de permitir que a atividade empresária se
mantenha e, com isso, sejam preservados os empregos dos trabalhadores e os interesses dos
credores.

A recuperação judicial consiste, portanto, em um processo judicial no qual será construído e


executado um plano com o objetivo recuperar a empresa que está em vias de efetivamente ir à
falência.
A Lei 11.101/05, em seu art. 3º, prevê que é competente para deferir a recuperação judicial o juízo
do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do
Brasil. A falência e a recuperação judicial são sempre processadas e julgadas na Justiça estadual.

Plano de recuperação judicial: Em até 60 dias após o despacho de processamento da recuperação


judicial, o devedor deverá apresentar em juízo um plano de recuperação da empresa, sob pena de
convolação (conversão) do processo de recuperação em falência. Os credores analisam o plano
apresentado, que pode ser aprovado ou não pela assembleia geral de credores. Após todo esse
procedimento, o juízo poderá conceder a recuperação judicial.

Juízo universal: Com a concessão da recuperação judicial, o juízo que decretou essa recuperação
(“juízo da recuperação”) passa a ser considerado “juízo universal” uma vez que será apenas
dele a competência para realizar os atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento
de credores.

Na Súmula 480, o STJ afirma que, se determinados bens da empresa em recuperação não
estiverem abrangidos pelo plano de recuperação, eles poderão sofrer constrição (penhora,
arresto, sequestro etc.) por parte de outros juízos, como, por exemplo, a Justiça do Trabalho, não
havendo necessidade de que tais medidas sejam decididas pelo juízo da recuperação judicial.

#Atenção: Vale ressaltar que o STJ tem entendido que embora o juízo falimentar não tenha
competência para deliberar sobre bens não abrangidos pelo plano de recuperação, a constrição de
bens operada no âmbito de fiscal deve ser avalizada pelo juízo falimentar (STJ. 2ª Seção. AgRg
no CC 130.363/SP, rel. Min. Signei Benetti, j. 23.10.13).

Súmula 479: As instituições financeiras RESPONDEM OBJETIVAMENTE pelos danos gerados


por FORTUITO INTERNO relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias. (TJDFT-2012) (TJMG-2012) (MPTO-2012) (DPEMS-2012) (MPRO-2013) (TRF1-2013)
(Cartórios/TJBA-2013) (TRF2-2011/2014) (TJMT-2014) (TJRJ-2014) (MPMT-2014) (DPEPB-2014) (MPF-2012/2015)
(TJAL-2015) (TJMS-2015) (TRT23-2015) (TRF4-2012/2016) (TJPR-2014/2017) (TJSP-2014/2017) (MPRR-2017) (TJCE-
2014/2018) (MPMS-2015/2018) (MPBA-2018) (PGM-Manaus/AM-2018) (MPGO-2019) (PGM-Boa vista/RR-2019)
(DPEBA-2016/2021) (DPEPI-2022) (Anal. Judic./TJCE-2022)

OBS:
 Ex1: um talão de cheques é extraviado da agência do banco, chegando às mãos de um
fraudador, que põe em circulação cheques falsificados em nome de “A” (cliente do
banco). O banco compensa os cheques, fazendo com que o saldo de “A” fique negativo e
ele seja inscrito na SERASA por força das dívidas. Esse banco responderá objetivamente
(isto é, independentemente de culpa) pelos danos materiais e morais causados ao cliente.
 Ex2: determinado cracker invade o sistema do banco e consegue transferir dinheiro da
conta de um cliente. O banco responde objetivamente por esse dano.
 Ex3: o cartão de crédito de um cliente é “clonado” e, por conta disso, são feitas compras
fraudulentas em seu nome. O banco responde objetivamente por esse dano.

Por que o banco responde objetivamente nesses casos? Os bancos são fornecedores de serviços e
a eles é aplicado o Código de Defesa do Consumidor (art. 3º, § 2º, do CDC; Súmula 297-STJ; STF
ADI 2591). Se ocorreu um fortuito interno na operação bancária relacionado com uma fraude ou
delito praticado por terceiro, o que houve nesse caso foi um defeito no serviço bancário, sendo isso
chamado pelo CDC de “fato do serviço”.

Fato do serviço são os danos causados aos consumidores em razão de um acidente de consumo
provocado por serviço defeituoso (art. 14 do CDC). Se ocorre um fato do serviço, o fornecedor
desse serviço é obrigado a indenizar os consumidores lesados, independentemente de culpa:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

O STJ afirma que a responsabilidade do banco (fornecedor do serviço) decorre da violação a um


dever contratualmente assumido, qual seja, o de gerir com segurança as movimentações
bancárias de seus clientes (Min. Luis Felipe Salomão).
Exemplo de aplicação da súmula para lesados não correntistas: José perde sua carteira com os
documentos. Pedro, experiente estelionatário, encontra. Pedro coloca a sua foto no RG de José,
treina a assinatura para imitá-la e vai até o Banco, onde consegue, com os documentos de José,
abrir uma conta-corrente e efetuar um empréstimo bancário, nunca pagando o valor. Por conta
disso, o nome de José é inscrito pelo Banco no serviço de proteção ao crédito. José, de fato, nunca
manteve qualquer relação contratual com o Banco, mas deverá ser indenizado porque houve um
fato do serviço (um defeito no serviço bancário) que fez com que ele se transformasse em vítima
desse evento (consumidor por equiparação).

Nos exemplos acima mencionados, os bancos não podem alegar culpa exclusiva de terceiro para
se isentar da responsabilidade? NÃO. De fato, o CDC prevê que a culpa exclusiva de terceiro
exclui o dever de indenizar:
Art. 14 (...) § 3º - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

No entanto, segundo o STJ, a culpa exclusiva de terceiros somente elide (elimina) a


responsabilidade objetiva do fornecedor se for uma situação de “fortuito externo”. Se o caso for
de “fortuito interno”, persiste a obrigação de indenizar.

Fortuito interno x fortuito externo:

Fortuito interno Fortuito externo


Está relacionado com a organização da empresa. Não está relacionado com a organização da
É um fato ligado aos riscos da atividade empresa.
desenvolvida pelo fornecedor. É um fato que não guarda nenhuma relação de
causalidade com a atividade desenvolvida pelo
fornecedor.
É uma situação absolutamente estranha ao
produto ou ao serviço fornecido.
Ex1: o estouro de um pneu do ônibus da Ex1: assalto à mão armada no interior de ônibus
empresa de transporte coletivo; coletivo (não é parte da organização da empresa
de ônibus garantir a segurança dos passageiros
contra assaltos);

Ex2: cracker invade o sistema do banco e Ex2: um terremoto faz com que o telhado do
consegue transferir dinheiro da conta de um banco caia, causando danos aos clientes que lá
cliente. estavam.

Ex3: durante o transporte da matriz para uma


das agências ocorre um roubo e são subtraídos
diversos talões de cheque (trata-se de um fato
que se liga à organização da empresa e aos
riscos da própria atividade desenvolvida).
Para o STJ, o fortuito interno NÃO exclui a Para o STJ, o fortuito externo é uma causa
obrigação do fornecedor de indenizar o excludente de responsabilidade.
consumidor.

A jurisprudência do STJ entende que a ocorrência de fraudes ou delitos contra o sistema


bancário, dos quais resultam danos a terceiros ou a correntistas, insere-se na categoria
doutrinária de fortuito interno, porquanto fazem parte do próprio risco do empreendimento
(REsp 1197929/PR).

(DPEPI-2022-CESPE): No que se refere a contratos bancários, assinale a opção correta: As


instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno,
relativos a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito das operações bancárias. BL: S. 479,
STJ.

(MPGO-2019): No âmbito do Direito do Consumidor (Lei 8.078/90), assinale a alternativa que está
de acordo com posicionamento dominante no âmbito do STJ: As instituições financeiras
respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no ‚âmbito de operações bancárias. BL: S. 479, STJ.

(TJCE-2018-CESPE): Pedro descobriu que seu nome havia sido inscrito em órgãos de restrição ao
crédito por determinada instituição financeira em decorrência do inadimplemento de contrato
fraudado por terceiro. Nesse caso hipotético, a instituição financeira responderá civilmente na
modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento. BL: S. 479, STJ.

OBS: A responsabilidade objetiva das instituições financeiras se funda na teoria do risco


empresarial. Vale a parêmia ubi emolumentum ibi onus (STJ. 3ª T. REsp 685.662/RJ, rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 10.11.05). No mesmo sentido, vejamos o Recurso Especial, em sede de recurso
repetitivo: “(...) 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancárias respondem
objetivamente pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por
exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou
utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do
empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno. (...)” (REsp 1197929/PR, Rel. Min. Luís
Felipe Salomão, 2ª S., j. 24/08/11).

(TJSP-2017-VUNESP): Após ter os documentos pessoais furtados, Arlindo é surpreendido com a


inclusão de seus dados pessoais em órgão de proteção ao crédito, em razão do inadimplemento de
contrato bancário de financiamento de automóvel celebrado por terceiro em seu nome.
Ostentando prévia e legítima negativação anterior à acima referida, Arlindo propõe ação contra a
instituição financeira com a qual foi celebrado o contrato de financiamento de automóvel. Pleiteia
a declaração de inexistência de relação jurídica e o recebimento de indenização por danos morais.
A petição inicial é instruída com documento comprobatório da inclusão feita a requerimento do
réu. Em contestação, o banco alega que tomou todas as providências que estavam ao seu alcance
no momento da contratação e que não pode ser responsabilizado por fraude praticada por
terceiro. Por sua vez, Arlindo informa que não tem provas a produzir, além dos documentos que
já apresentou. De acordo com a orientação sumulada do STJ, assinale a alternativa correta: O
pedido declaratório deve ser acolhido, pois a instituição financeira responde objetivamente pelos
danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes praticadas por terceiros, estando
demonstrada a inexistência de relação jurídica entre as partes; o pedido de indenização por danos
morais deve ser julgado improcedente em razão da prévia existência de legítima inscrição do
nome de Arlindo em órgão de proteção ao crédito. BL: Súmulas 385 e 479 do STJ.

(TJPR-2017-CESPE): Maria, aposentada, compareceu a uma agência bancária para sacar seu
benefício previdenciário. No entanto, ao consultar o extrato, verificou que o numerário fora
sacado por terceiro. Inconformada, procurou a defensoria pública, que ajuizou ação de
indenização, requerendo, entre outras coisas, a inversão do ônus da prova em favor de Maria. Por
sua vez, em sua resposta, a instituição financeira alegou fato exclusivo da vítima, porquanto a
operação fora realizada mediante a utilização de cartão e senha pessoal. Acerca dessa situação
hipotética, assinale a opção correta à luz da legislação aplicável ao caso e da jurisprudência do STJ:
O juiz deverá deferir o pleito de inversão do ônus da prova em favor da autora, pois cabe à
instituição financeira demonstrar a regularidade do saque. BL: art. 6º, VIII do CDC e BL: S. 479,
STJ.

(DPEBA-2016-FCC): De acordo com a jurisprudência dominante no STJ, as instituições financeiras


respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. BL: S. 479, STJ.

(TJAL-2015-CESPE): Paulo foi vítima de fraude em que terceiros, utilizando-se de documentos


extraviados, realizaram operações financeiras e sacaram, na boca do caixa, os recursos que
mantinha em conta-corrente. A instituição financeira deverá indenizar Paulo, respondendo
objetivamente.  BL: S. 479, STJ.

(TJRJ-2014-VUNESP): A falsificação de documentos para abertura de conta corrente não isenta a


instituição financeira da responsabilidade de indenizar, por constituir risco inerente à atividade
por ela desenvolvida. BL: S. 479, STJ.

(TJMG-2012-VUNESP): As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados


aos consumidores por fraudes ou delitos praticados por terceiros – como, por exemplo, abertura
de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou utilização de documentos
falsos –, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se
como fortuito interno. BL: S. 479, STJ.

(TRF4-2012): Assinale a alternativa correta: Segundo entendimento do STJ, é objetiva, e não


meramente presumida, a responsabilidade dos bancos pelos danos causados por fraudes ou
delitos praticados por terceiros, pois decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se
como fortuito interno. BL: S. 479, STJ.
Súmula 478: Na execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência sobre o
hipotecário. (TJMA-2013) (Cartórios/TJES-2013) (PGEMS-2014)

Súmula 477: A DECADÊNCIA do art. 26 do CDC NÃO É APLICÁVEL à prestação de contas para
obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. (TJMG-2012) (TRF4-2012)
(DPEDF-2013) (TJRJ-2014) (DPECE-2014) (TRF2-2014) (Anal. Legisl.-Câm. Deputados-2014) (TJMS-2015) (PGEPA-
2015) (DPEPE-2018) (MPGO-2019) (MPDFT-2021)

OBS: Válida.

“A”, analisando seu saldo da conta bancária, desconfia que houve saques indevidos realizados
pela instituição financeira. Qual o prazo que “A” possui para ajuizar ação de prestação de contas
contra o banco, visando a obter esclarecimentos acerca da cobrança de taxas, tarifas e/ou
encargos em sua conta bancária? Os bancos alegavam que a cobrança abusiva de taxas, tarifas e
outros encargos corresponderia a um vício no serviço prestado pelo banco, de fácil constatação,
razão pela qual deveria ser aplicado o prazo decadencial de 90 dias previsto no art. 26, II, do CDC:
Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I – 30 (trinta dias), tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis;
II – 90 (noventa dias), tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.

O STJ concordou com essa tese? NÃO. O STJ entendeu que o art. 26 do CDC não tem aplicação em
ação de prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos
bancários. O art. 26 do CDC somente se aplica para os casos de VÍCIOS. Vício é a inadequação
do produto ou serviço para os fins a que se destina. Ex: Paulo compra um videogame e ele não
liga. Defeito, por sua vez, também é diferente de vício. Defeito diz respeito à insegurança do
produto ou serviço. Ex: Paulo compra um videogame, ele liga o aparelho, começa a jogar e de
repente o videogame esquenta muito e explode, ferindo-o.

O débito indevido de tarifas bancárias em conta-corrente é defeito ou vício? Nenhum dos dois.
Esse débito indevido não se enquadra no conceito legal de vício nem no de defeito do serviço
bancário. Trata-se de custo contratual dos serviços bancários, não dizendo respeito à qualidade,
confiabilidade ou idoneidade dos serviços prestados. O objetivo dessa ação de prestação de contas
não é reclamar de vícios (aparentes ou de fácil constatação) no fornecimento de serviço prestado,
mas sim o de obter esclarecimentos sobre os lançamentos efetuados em sua conta-corrente. Logo,
o prazo para que “A” ajuíze a ação de prestação de contas contra o banco é um prazo prescricional
(e não de decadência), sendo este o mesmo prazo da ação de cobrança correspondente, estando
previsto no Código Civil e não no CDC.

O STJ já possuía uma súmula relacionada com esse tema:


Súmula 259-STJ: A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-
corrente bancária.

Obs: o CPC 2015 alterou o nome desta ação que agora se chama “ação de exigir contas” (art. 550).

(DPEPE-2015-CESPE): No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma


assertiva a ser julgada com base nas normas previstas no CDC e no entendimento do STJ acerca de
integrantes e objetos da relação de consumo, cláusulas abusivas, decadência e responsabilidade
pelo fato do produto: Jorge, após constatar que havia sido cobrado indevidamente por encargos
bancários, requereu ao banco que apresentasse extrato referente aos últimos três anos de sua conta
bancária, a fim de verificar se havia ou não outras cobranças irregulares. O banco apresentou
somente os extratos dos últimos noventa dias, alegando decadência do direito de reclamar
período superior. Nessa situação, não se aplica o prazo decadencial de noventa dias previsto no
CDC, razão por que errou o banco em questão. BL: S. 477, STJ.

(TJRN-2013-CESPE): Assinale a opção correta a respeito da prescrição e da decadência no regime


do CDC, à luz da doutrina e da jurisprudência atual: Não se aplicam à prestação de contas, para
fins de obtenção de esclarecimentos sobre a cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários, os
prazos decadenciais previstos para a reclamação por vícios em serviços prestados ao consumidor.
BL: S. 477, STJ.

Súmula 476: O endossatário de título de crédito por ENDOSSO-MANDATO SÓ RESPONDE por


danos decorrentes de PROTESTO INDEVIDO SE EXTRAPOLAR os poderes de mandatário.
(TJDFT-2012) (PCMA-2012) (Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJDFT-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (PGEMS-2014)
(TRT14-2014) (PGEPA-2015) (PCCE-2015) (TJPR-2019)

(PGM-Campinas/SP-2016-FCC): Banco Z recebeu título de crédito por endosso-mandato e o levou


a protesto. Porque indevido o protesto, o prejudicado ajuizou ação contra o Banco Z requerendo
compensação por danos morais. De acordo com jurisprudência consolidada do STJ, o Banco Z
responde por danos morais se houver extrapolado os poderes de mandatário ou agido com culpa,
como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento ou de falta de higidez da
cártula. BL: S. 476, STJ (vide também o julgado abaixo do STJ - REsp 1.063.474/RS).

(TRF4-2014): Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de crédito
por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em razão de
ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento
anterior ou da falta de higidez da cártula. BL: S. 476, STJ.

#Atenção: #STJ: Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de
crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em
razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do
pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. STJ. 2ª S. REsp 1.063.474/RS, Rel. Min. Luís
Felipe Salomão, j. 28/9/11.

#Atenção: A Súmula 476 do STJ trata da situação do endosso-mandato, ou seja, daquela situação
de endosso impróprio em que endossatário recebe o título para dar cumprimento a mandato,
devendo agir em nome do endossante-mandante, visando o recebimento do crédito.

(TRF2-2014): Assinale a opção correta: No endosso para cobrança, com a cláusula “por
procuração”, tendo agido nos limites dos poderes, o endossatário não é responsável pelo dano
gerado a partir do indevido protesto do título. BL: S. 476, STJ e art. 18 da LUG.36

(TJAM-2013-FGV): O Direito Cambiário dispõe sobre as relações de créditos empresariais. Nesse


contexto, assinale a afirmativa correta: na Duplicata, a instituição financeira endossatária do título
por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os
poderes de mandatário. BL: S. 476, STJ.

Súmula 475: RESPONDE pelos danos decorrentes de PROTESTO INDEVIDO o endossatário que
RECEBE por ENDOSSO TRANSLATIVO título de crédito CONTENDO vício formal extrínseco
ou intrínseco, FICANDO RESSALVADO seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas .
(PCMA-2012) (MPF-2013) (TRF2-2014) (TRF4-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TJAL-2015)
(PGEPA-2015) (TJPR-2019) (Cartórios/TJGO-2021) (PGM-Guarujá/SP-2021)

(PGM-Guarujá/SP-2021-VUNESP): Carlos firma um endosso translativo de uma duplicata não à


ordem, sem aceite, vencida e não paga a Rogério, que a protesta. O sacado propõe ação
declaratória de nulidade de duplicatas e de cancelamento de protestos, cumulada com pedido de
indenização por danos morais. Especificamente no que se refere à indenização por danos morais,
assinale a resposta correta: Rogério será responsabilizado pelos danos decorrentes de protesto
indevido de título de crédito contendo vício formal intrínseco, cabendo direito de regresso contra
Carlos. BL: S. 475, STJ.

(TJPR-2019-CESPE): No que se refere a títulos de crédito, assinale a opção correta, de acordo com
a jurisprudência sumulada pelo STJ: Em caso de endosso translativo, o endossatário que
responder por dano decorrente de protesto indevido de título com vício formal tem direito de
regresso contra endossantes e avalistas. BL: S. 475, STJ.

(Cartórios/TJDFT-2014-CESPE): Assinale a opção correta acerca dos títulos de crédito, de acordo


com a jurisprudência do STF e do STJ: O endossatário que receber por endosso translativo título
de crédito formalmente viciado responderá pelos danos decorrentes do protesto indevido da
36
Art. 18. Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvrement), "para cobrança"
(pour encaissement), "por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um
simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la
na qualidade de procurador.
Os coobrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram oponíveis ao
endossante.
O mandato que resulta de um endosso por procuração não se exingue por morte ou sobrevinda
incapacidade legal do mandatário.
cártula, podendo exercer seu direito de regresso contra os demais coobrigados no título. BL: S.
475, STJ.

(TRF4-2014): O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício
formal, sendo inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, responde pelos
danos causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os
endossantes e avalistas. BL: S. 475, STJ.

#Atenção: O endosso translativo (endosso próprio) é o ato cambiário, praticado unilateralmente


pelo endossante, que consiste em lançar a assinatura na cártula, com a finalidade de transferir,
para o endossatário, a titularidade dos direitos incorporados ao título de crédito “à ordem”. A
Súmula 475 do STJ se aplica a quem adquiriu os próprios direitos incorporados ao título de
crédito, vindo a realizar protesto indevido em virtude de vício formal extrínseco ou intrínseco.

Súmula 474: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será
paga de forma proporcional ao grau da invalidez.

OBS: Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei?


a) no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima);
b) no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima);
c) no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como
reembolso à cada vítima.

A Lei 6.194/74, em seu art. 3º, II, prevê que a indenização no caso de invalidez permanente será
de até R$ 13.500,00, mas não estabeleceu critérios para se graduar essa quantia. Em outras
palavras, nem toda invalidez irá gerar o pagamento do valor máximo, mas, por outro lado, a
legislação não forneceu parâmetros para se escalonar essa indenização.

O STJ afirmou que o valor da indenização deverá ser proporcional ao grau da invalidez
permanente apurada.

Súmula 473: O mutuário do SFH NÃO PODE SER COMPELIDO a contratar o SEGURO
HABITACIONAL OBRIGATÓRIO com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora
por ela indicada. (TRF2-2013) (TRF5-2013) (Anal. Legisl.-Câm. Deputados-2014) (TJMS-2015) (TJAL-2015) (TJDFT-
2015) (TRF4-2016) (DPERS-2018) (TRF3-2018)

(TRF3-2018): Segundo entendimento do STJ a respeito dos contratos do Sistema Financeiro da


Habitação, é correto afirmar: O mutuário do Sistema Financeiro da Habitação não pode ser
compelido a contratar seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou
com a seguradora por ela indicada. BL: S. 473, STJ.

Súmula 472: A cobrança de comissão de permanência - cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato - exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual. (SUPERADA)

#Atenção: Superada. Esta súmula pode ser aplicada para os contratos anteriores à 01/09/2017
(art. 5º da Resolução nº 4.558/2017).

Comissão de permanência: Era um valor cobrado pelas instituições financeiras no caso de


inadimplemento contratual enquanto o devedor não quitar sua obrigação, isto é, era um encargo
cobrado por dia de atraso no pagamento de débitos junto a instituições financeiras. Era cobrado
após o vencimento e incide sobre os dias de atraso.

Resolução 4.558/17: Em 23 de fevereiro de 2017, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou


a Resolução nº 4.558, que disciplina a cobrança de encargos por parte das instituições
financeiras e das sociedades de arrendamento mercantil nas situações de atraso de pagamentos
de obrigações por clientes. Este ato normativo revogou expressamente a Resolução 1.129/86, que
previa a possibilidade de as instituições financeiras cobrarem a “comissão de permanência”. Isso
significa que, com a edição da Resolução 4.558/2017, acabou a possibilidade de cobrança da
comissão de permanência. No caso de atraso no pagamento ou na liquidação de obrigações, as
instituições financeiras e as sociedades de arrendamento mercantil poderão cobrar de seus clientes
exclusivamente os seguintes encargos:
I - juros remuneratórios, por dia de atraso, sobre a parcela vencida;
II - multa, nos termos da legislação em vigor; e
III - juros de mora, nos termos da legislação em vigor.

Observação: Esta súmula pode ser aplicada para os contratos anteriores à 01/09/17. Isso porque o
art. 5º da Resolução 4.558/2017 prevê a sua incidência somente em contratos firmados a partir de
1º de setembro de 2017 (art. 5º). Desse modo, para os contratos anteriores a esta data é possível a
cobrança da comissão de permanência, com as limitações impostas pela jurisprudência do
STF/STJ.

Súmula 471: Os condenados por CRIMES HEDIONDOS ou ASSEMELHADOS COMETIDOS


antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 SUJEITAM-SE ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984
(Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional . (TJMG-2009) (DPESP-2009) (MPRO-2010)
(DPERS-2011) (TJAC-2012) (MPMG-2012) (MPPI-2012) (MPRJ-2012) (TJPR-2013) (MPDFT-2013) (TJMT-2014) (TJSP-
2014) (TJCE-2014) (MPPA-2014) (TJRR-2015) (TJDFT-2011/2016) (PCPE-2016) (Cartórios/TJMG-2017) (MPBA-2018)
(DPEAP-2018) (TJAL-2019) (MPSP-2019)

OBS: Importante. Para os crimes hediondos ou equiparados praticados antes da Lei 11.464/07,
exige-se o cumprimento de um 1/6 da pena para a progressão de regime.

OBS: A Lei 13.964/2019 alterou o art. 112 da LEP e, consequentemente, os requisitos objetivos para
a concessão da progressão. Vale ressaltar, contudo, que essa alteração não alcança os fatos
praticados anteriores porque foi uma mudança mais gravosa.

Pacote anticrime: A Lei 13.964/2019 alterou o art. 112 da LEP e, consequentemente, os requisitos
objetivos para a concessão da progressão:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.

(DPEAP-2018-FCC): O princípio da anterioridade da lei penal é aplicado se sobrevier lei que


agrave o lapso temporal para a progressão de regime, que só passa a valer para os crimes
cometidos a partir de sua vigência. BL: S. 471, STJ.

OBS: É exatamente o teor da Súmula 471 do STJ. A Lei 11.464/07 alterou os prazos para a
progressão de regime de condenados por crimes hediondos. Entendeu o STJ que as disposições
acerca da progressão de regime da aludida lei têm caráter material (por regular a restrição da
liberdade do condenado), de sorte que os prazos nela contidos somente se aplicam aos
condenados posteriormente à sua vigência, em prestígio ao princípio da irretroatividade da lei
penal mais gravosa.

Súmula 470: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a
indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado. (*) CANCELADA!
OBS: Cancelada.

O Plenário do STF decidiu que o Ministério Público tem legitimidade para defender
contratantes do seguro obrigatório DPVAT (RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 06 e
7/8/14. Repercussão Geral – Info 753). Por essa razão, o STJ cancelou a súmula 470 (REsp
858.056/GO – Info 563).

#Atenção: #MPMG-2017: #MPBA-2018: #MPGO-2019: #MPSC-2019: #TJSC-2019: #DPESP-2019:


#CESPE: #FCC: Portanto, o MP possui legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa
dos direitos individuais homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse
social qualificado presente na tutela dos referidos direitos subjetivos. Em outras palavras, trata-
se de direitos individuais homogêneos, cuja tutela se reveste de interesse social qualificado,
autorizando, por isso mesmo, a iniciativa do MP de, com base no art. 127 da CF, defendê-los em
juízo mediante ação coletiva.
(TJSC-2019-CESPE): A propósito de titularidade, âmbito de proteção e conformação constitucional
de ação civil pública, assinale a opção correta: O Ministério Público tem legitimidade para ingressar
com ação civil pública relativa ao pagamento de indenizações do seguro DPVAT. BL: Info 563, STJ e
Info 753, STF.

Súmula 469: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde .
(CANCELADA)

OBS: A 3ª Seção, na sessão de 11/04/2018, ao apreciar o Projeto de Súmula 937, determinou o


CANCELAMENTO da Súmula 469 do STJ (DJe 17/04/2018).

Vide atual Súmula 608 do STJ.

Súmula 468: A base de cálculo do PIS, até a edição da MP n. 1.212/1995, era o faturamento ocorrido
no sexto mês anterior ao do fato gerador.

Súmula 467: PRESCREVE em cinco anos, CONTADOS do término do processo administrativo, a


pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa POR INFRAÇÃO
AMBIENTAL. (TJMS-2010) (TJBA-2012) (MPGO-2016) (PGM-São Luís/MA-2016) (TRF2-2013/2017) (TRF5-
2013/2017) (TJPR-2017) (TRF2-2018) (MPCE-2020)

OBS: Válida.

#Atenção: #Cuidado: Existem dois prazos prescricionais da infração administrativa ambiental:


1) Prescreve em 5 anos a ação da administração objetivando apurar a prática de infrações
contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado (art. 21, Dec. 6514/08 37). Prazo
para apurar o responsável pelo dano ambiental.
2) Prescreve em 5 anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental (Súmula
467, STJ). Prazo para executar o responsável pelo dano ambiental.

(TRF2-2018): Em matéria de prescrição da pretensão da Administração Pública em promover a


execução de multa por infração administrativa no Direito Ambiental, assinale a alternativa correta:
o prazo é de cinco anos, contados do encerramento do processo administrativo. BL: S. 467, STJ.

Súmula 466: O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o saldo respectivo quando
declarado nulo seu contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em concurso público .
(PCPR-2021)

OBS: Válida. Vide art. 19-A da Lei 8036/90:


37
Art. 21. Prescreve em cinco anos a ação da administração objetivando apurar a prática de infrações
contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que esta tiver cessado.
Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo contrato
de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses previstas no art. 37, § 2o, da Constituição
Federal, quando mantido o direito ao salário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41,
de 2001)
Parágrafo único. O saldo existente em conta vinculada, oriundo de contrato declarado
nulo até 28 de julho de 2001, nas condições do caput, que não tenha sido levantado até essa
data, será liberado ao trabalhador a partir do mês de agosto de 2002. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.164-41, de 2001)

Súmula 465: RESSALVADA a hipótese de EFETIVO AGRAVAMENTO DO RISCO, a seguradora


NÃO SE EXIME do dever de indenizar em razão da transferência do veículo sem a sua prévia
comunicação. (TJDFT-2012) (TJMS-2012) (Proc./IPSM-2018) (PGM-Manaus/AM-2018)

Súmula 464: A REGRA DE IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTOS estabelecida no art. 354 do Código


Civil NÃO SE APLICA às hipóteses de compensação tributária. (TRF5-2013) (DPEAM-2018)

OBS:
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e
depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por
conta do capital.

#Atenção: #STJ: (...) 5. A imputação do pagamento na seara tributária tem regime diverso àquele
do direito privado (art. 354 do Código Civil), inexistindo regra segundo a qual o pagamento
parcial imputar-se-á primeiro sobre os juros para, só depois de findos estes, amortizar-se o capital.
(...) 10. Outrossim, a previsão contida no art. 170 do CTN, possibilitando a atribuição legal de
competência, às autoridades administrativas fiscais, para regulamentar a matéria relativa à
compensação tributária, atua como fundamento de validade para as normas que estipulam a
imputação proporcional do crédito em compensação tributária, ao contrário, portanto, das
normas civis sobre a matéria. (...). STJ. 1ª S. REsp 960239/SC, Rel. Min. Luiz Fux, j. 09/06/10.

Súmula 463: INCIDE IMPOSTO DE RENDA sobre os valores percebidos a título de indenização
por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo . (Cartórios/TJMG-
2015) (MPF-2017) (TJSP-2021)

Súmula 462: Nas ações em que representa o FGTS, a CEF, quando sucumbente, não está isenta de
reembolsar as custas antecipadas pela parte vencedora.

Súmula 461: O contribuinte PODE OPTAR por receber, por meio de precatório ou por
compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado .
(TRF2-2009) (PGEAC-2012) (TRF1-2013) (MPPE-2014) (PGEPI-2014) (PGERN-2014) (PGEMT-2016) (PGESC-2018)
(TJMS-2020) (PGM-São Paulo/SP-2023) (Anal. Judic./TJES-2023)

(PGERN-2014-FCC): Julgada procedente e transitada em julgada a sentença declaratória em ação


para repetição do indébito, o contribuinte poderá optar entre fazer compensação ou receber por
meio de precatório. BL: S. 461, STJ.

Súmula 460: É INCABÍVEL o mandado de segurança PARA CONVALIDAR a compensação


tributária realizada pelo contribuinte. (MPRO-2010) (DPEAM-2011) (MPRR-2012) (Cartórios/TJMG-2012)
(TJPE-2013) (TJMA-2013) (PGEAC-2012/2014) (TJMG-2014) (DPESP-2015) (TJAM-2016) (TJPR-2017) (PGESC-2018)
(TJRJ-2019) (PGM-Campo Grande/MS-2019) (TJMS-2020) (PGEGO-2021) (PGEAM-2016/2022) (PGM-São Paulo/SP-
2023)

OBS: Importante.

• Aprovada em 25/08/2010, DJ 08/09/2010.


• Vide Súmulas 212 e 213 do STJ.

O que é compensação? É a extinção de duas ou mais obrigações, cujos credores são ao mesmo
tempo devedores um do outro. Assim, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem (art. 368 do CC). Ex:
João deve 10 mil reais a Pedro por conta de uma obrigação (contrato de compra e venda); por
força de outra obrigação (contrato de prestação de serviços), Pedro deve 10 mil reais a João. No
exemplo referido, a compensação foi total (as dívidas eram iguais). Mas é possível (e bem mais
comum) que a compensação seja parcial (quando os valores são diferentes). Seria a hipótese caso
Pedro devesse apenas 6 mil reais a João. Logo, somente restaria um crédito de 4 mil reais.

É possível que ocorra a compensação no direito tributário? SIM. Ocorre quando o contribuinte
possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro de contas do valor que o sujeito
passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da Administração. Trata-se de causa de
extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN). Vale ressaltar, no entanto, que, para que
haja a compensação de créditos tributários, é indispensável que o ente tributante (União,
Estados/DF, Municípios) edite uma lei estabelecendo as condições e garantias em que isso
ocorre ou, então, delegando essa estipulação para uma autoridade administrativa. É o que está
previsto no CTN:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.

Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “X” recolheu indevidamente R$ 100 mil a
título de COFINS (contribuição social de competência da União). Esta mesma empresa possui
agora débitos com relação ao Imposto de Renda. A empresa formulou requerimento
administrativo pedindo a compensação desse crédito com o débito, pedido que foi, contudo,
negado sob o argumento de que são tributos de espécies diferentes. A empresa impetrou
mandado de segurança contra esta decisão pedindo que seja reconhecido que é possível a
compensação mesmo em se tratando de tributos diferentes e que se declare que ela tem direito à
compensação.

O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? SIM.
Nesse sentido é o enunciado 213 do STJ:
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária.

É possível que essa compensação seja deferida por meio de liminar em mandado de segurança?
-Entendimento antes da ADI 4296: NÃO. Isso com base no art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009 (Lei
do Mandado de Segurança):
Art. 7º (...)
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza.

Nesse sentido, confira a posição sumulada do STJ:


Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação
cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.

-Entendimento depois da ADI 4296: SIM. No julgamento desta ação, o STF declarou a
inconstitucionalidade do art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016/2009:
É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na
via mandamental. Impedir ou condicionar a concessão de medida liminar caracteriza
verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito líquido e certo
do impetrante. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 09/06/21.

Com isso, penso que o entendimento exposto na súmula 212 do STJ encontra-se superado.

Imagine agora outra seguinte situação hipotética: A empresa “Y” possui um crédito de R$ 100 mil
de ICMS. Esta empresa teria que pagar R$ 150 mil de ICMS no dia 10/03. Chegando na data do
vencimento, ela recolheu apenas R$ 50 mil sob a alegação de que, como tinha um crédito de 100,
precisaria pagar apenas 50. Em outras palavras, a empresa realizou, por conta própria, a
compensação. O Fisco autuou a empresa, exigindo o pagamento da diferença não paga (R$ 50
mil), acrescida dos encargos legais. Diante disso, a contribuinte impetrou mandado de segurança
pedindo que o Secretário de Fazenda se abstenha de exigir o recolhimento do imposto, em virtude
da compensação realizada.

O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? NÃO.
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação
tributária realizada pelo contribuinte.

Existem dois fundamentos jurídicos para respaldar o entendimento desta súmula:


a) para convalidar a compensação, seria necessária dilação probatória, o que é inviável
em mandado de segurança;
b) a tarefa de realizar a compensação tributária é da Administração Tributária, não
podendo o contribuinte assumir o papel do Fisco. Isso porque compete à Administração
fiscalizar a existência ou não de créditos a serem compensados, a exatidão dos números e
documentos, do quantum a compensar e da conformidade do procedimento adotado com
os termos da legislação pertinente.

Nesse sentido:
(...) 1. É cabível a impetração do mandado de segurança visando a declaração ao direito à
compensação tributária (Súmula 213/STJ). Todavia, essa ação não tem o condão de
convalidar o procedimento compensatório efetuado pelo contribuinte, tendo em vista a
necessidade de dilação probatória e por ser essa tarefa reservada à Autoridade
Administrativa competente. 2. Na espécie, há pedido expresso na ação mandamental no
sentido de que se reconheça válida a compensação efetuada pela contribuinte, por sua
conta e risco, providência que não se coaduna com a via eleita, que não comporta a dilação
probatória necessária para o reconhecimento do pleito. (...) STJ. 2ª T. AgRg no REsp
728.686/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 28/10/2008.

Conforme já explicou o Min. Luiz Fux:


(...) verifica-se dos autos que a compensação já foi efetuada pela contribuinte sponte propria,
ressoando inconcebível que o Judiciário venha a obstaculizar o Fisco de fiscalizar a
existência ou não de créditos a serem compensados, o procedimento e os valores a
compensar, e a conformidade do procedimento adotado com os termos da legislação
pertinente, sendo inadmissível provimento jurisdicional substitutivo da homologação da
autoridade administrativa, que atribua eficácia extintiva, desde logo, à compensação
efetuada. (...) (STJ. 1ª S. REsp 1124537/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/11/2009).

Em suma:
Súmula 212-STJ Súmula 213-STJ Súmula 460-STJ
A compensação de créditos O mandado de segurança É incabível o mandado de
tributários não pode ser constitui ação adequada para a segurança para convalidar a
deferida em ação cautelar ou declaração do direito à compensação tributária realizada
por medida liminar cautelar compensação tributária. pelo contribuinte.
ou antecipatória.

(TJMS-2020-FCC): A respeito do contencioso tributário no âmbito judicial, é correto afirmar: O


mandado de segurança constitui ação adequada para declarar o direito à compensação tributária,
mas não para convalidar compensação já realizada pelo contribuinte. BL: Súmulas 213 e 460, STJ.

(TJRJ-2019-VUNESP): O mandado de segurança é instrumento que goza de dignidade


constitucional, configurando-se em forma de exercício da cidadania. Quanto ao mencionado
remédio processual, segundo o entendimento sumulado pelo STF e pelo STJ, é correto afirmar que
não é cabível a impetração de mandado de segurança para convalidar a compensação tributária
realizada pelo contribuinte. BL: S. 460, STJ.

(TJPR-2017-CESPE): A empresa XY, considerando-se detentora de créditos de ICMS resultantes


de tributos pagos indevidamente, propôs mandado de segurança para convalidar compensação
efetivada por ela, requerendo que o Poder Judiciário declarasse extintos os créditos tributários
discriminados em sua contabilidade. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta: O
mandado de segurança não é cabível para convalidar a compensação realizada pela empresa XY.
BL: S. 460, STJ.

Súmula 459: A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos
com o FGTS recolhidos pelo empregador, mas não repassados ao fundo.

Súmula 458: A contribuição previdenciária incide sobre a comissão paga ao corretor de seguros.

Súmula 457: Os descontos incondicionais nas operações mercantis NÃO SE INCLUEM na base de
cálculo do ICMS. (PGEAC-2012) (PGEPA-2012) (TJMA-2013) (DPEPA-2015) (PGERS-2015) (PGESC-2018)
(Cartórios/TJMG-2012/2019) (TJSP-2021) (MPMG-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/PE-2022)

OBS:

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ- Ed. 175: #TJSP-2021: #VUNESP: Tese 07: No regime de
substituição tributária, as mercadorias dadas em bonificação e os descontos incondicionais
integram a base de cálculo do ICMS.

Súmula 456: É incabível a correção monetária dos salários de contribuição considerados no cálculo
do salário de benefício de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão ou auxílio-reclusão
concedidos antes da vigência da CF/1988.

Súmula 455: A decisão que DETERMINA a PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS com base
no art. 366 do CPP DEVE SER concretamente fundamentada, NÃO A JUSTIFICANDO
unicamente o mero decurso do tempo. (TJSC-2010) (TJPB-2011) (MPCE-2011) (MPPR-2011) (DPESP-2012)
(MPF-2012) (TJAM-2013) (PCGO-2013) (TRF2-2013) (TRF4-2012/2014) (TJPA-2014) (TJCE-2014) (MPMG-2014)
(DPEPR-2014) (MPMS-2011/2015) (TRF1-2013/2015) (MPBA-2015) (TJSP-2017) (MPRR-2017) (DPEAM-2013/2018)
(DPERS-2014/2018) (DPEMG-2014/2019) (TJAL-2019) (MPGO-2019) (MPPI-2019) (DPEDF-2019) (Cartórios/TJDFT-
2019) (MPSC-2023)

OBS: Se o acusado é citado por edital, mesmo assim o processo continua normalmente? O art. 366
do CPP estabelece que:
- se o acusado for citado por edital e
- não comparecer ao processo nem constituir advogado
- o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.

Se o réu comparecer ao processo ou constituir advogado, o processo e o prazo prescricional


voltam a correr normalmente. O objetivo do art. 366 é garantir que o acusado que não foi
pessoalmente citado não seja julgado à revelia.

Produção antecipada de provas urgentes e prisão preventiva: O art. 366 do CPP afirma que se o
acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, o juiz poderá determinar:
a) a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
b) decretar prisão preventiva do acusado se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do
CPP (o simples fato do acusado não ter sido encontrado não é motivo suficiente para
decretar sua prisão preventiva).

Produção antecipada das provas consideradas urgentes: No caso do art. 366 do CPP, o juiz poderá
determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes. Para que o magistrado
realize a colheita antecipada das provas, exige-se que seja demonstrada a real necessidade da
medida. Assim, toda produção antecipada de provas realizada nos termos do art. 366 do CPP
está adstrita à sua necessidade concreta, devidamente fundamentada. Nesse sentido é o teor da
Súmula 455-STJ.

A oitiva de testemunhas pode ser considerada prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? Sim,
desde que as circunstâncias do caso concreto revelem a possibilidade concreta de perecimento. Ex:
a testemunha possui idade avançada e se encontra enferma, com possibilidade concreta de morte.

Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada a
sua oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com
inúmeras ocorrências e, se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse
argumento é aceito pela jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada
como prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? SIM. É a posição do STJ:
O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate à criminalidade
faz com que ele presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma
das ocorrências acabam se perdendo em sua memória. Essa peculiaridade justifica que os
policiais sejam ouvidos como produção antecipada da prova testemunhal, pois além da
proximidade temporal com a ocorrência dos fatos proporcionar uma maior fidelidade das
declarações, possibilita ainda o registro oficial da versão dos fatos vivenciados por ele, o
que terá grande relevância para a garantia da ampla defesa do acusado, caso a defesa
técnica repute necessária a repetição do seu depoimento por ocasião da retomada do curso
da ação penal. STJ. 6ª T. RHC 128.325/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 08/09/20. (...)

É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com arrimo no art. 366 do


CPP nas hipóteses em que as testemunhas são policiais. O atuar constante no combate à
criminalidade expõe o agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas
com o ordenamento jurídico, sendo certo que as peculiaridades de cada uma acabam se
perdendo em sua memória, seja pela frequência com que ocorrem, ou pela própria
similitude dos fatos, sem que isso configure violação à garantia da ampla defesa do
acusado. STJ. 3ª S. RHC 64086-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério
Schietti Cruz, j. 23/11/16 (Info 595).38

O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos.
Exemplos:
 não admitindo: STF. 2ª T. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 3/11/15;

 admitindo: STF. 2ª T. HC 135386, Rel. Ricardo Lewandowski, Relator(a) p/ Acórdão:


Gilmar Mendes, j. 13/12/16.

Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso? Pelo tempo de prescrição da pena
máxima em abstrato cominada ao crime. É o entendimento do STJ e do STF:
Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo
da pena cominada.

Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes


previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período
de suspensão do prazo prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato
cominada ao crime, a despeito de o processo permanecer suspenso. STF. Plenário. RE
600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 438).

Para entender melhor isso, imagine a seguinte situação hipotética: João foi acusado de estelionato
(art. 171 do CP). O juiz recebeu a denúncia e determinou sua citação. Como João não foi
encontrado, realizou-se sua citação por edital. Citado por edital, João não compareceu ao processo
nem constituiu advogado. Logo, o juiz determinou a suspensão do processo e do curso do prazo
prescricional (art. 366 do CPP).

Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso? A pena do estelionato é de 1 a 5
anos. O prazo prescricional do estelionato, considerando o máximo da pena cominada (imposta), é
de 12 anos (art. 109, III, do CP). Assim, o prazo prescricional neste processo de João ficará
suspenso aguardando ele ser encontrado pelo prazo de 12 anos. Se, passados os 12 anos, ele não
for localizado, o prazo prescricional volta a correr (o que é bom para João). Depois de 12 anos
38
(MPGO-2019): Jeremy Bentham dizia que “as testemunhas são os olhos e os ouvidos da Justiça”, afirma
que revela a importância da prova testemunhal, notadamente porque é ela, no mais das vezes, que
respalda uma sentença condenatória. Sobre a temática da prova testemunhal, assinale a alternativa correta:
Não obstante o teor da Súmula n.455/STJ (“a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no
art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não justificando unicamente o mero decurso de tempo”), tem
o STJ reconhecido que não há como negar o concreto risco de perecimento da prova testemunhal, tendo
em vista a alta probabilidade de esquecimento dos fatos distanciados do tempo de sua prática, sendo que
detalhes relevantes ao deslinde dos fatos narrados na denúncia poderão ser perdidos com o decurso do
tempo. Assim, a referida Corte tem decidido que é válida a decisão que determina a produção antecipada
de provas fundamentada na possibilidade de perecimento da prova testemunhal, tanto pelo decurso de
tempo, quanto pela perda da qualidade da prova prestada pelos policiais, dada a vivência de situações tão
semelhantes no dia a dia. BL: Info 595, STJ.
contados do dia em que o prazo prescricional voltou a tramitar, o juiz deverá declarar a prescrição
da pretensão punitiva. Em suma, neste exemplo, para que ocorra a prescrição, deverão ser
passados 24 anos: 12 anos em que o prazo prescricional ficará suspenso e mais 12 anos que
correspondem ao prazo para que a prescrição ocorra.

Se o réu era menor que 21 anos ao tempo do crime, deverá ser aplicado o art. 115 do CP e este
prazo de suspensão ficará reduzido pela metade? SIM. Foi o que decidiu o STJ:
Constatado que o paciente tinha menos de 21 (vinte e um) anos de idade na data do fato
delituoso, aplica-se o redutor do prazo prescricional previsto no artigo 115 do Código
Penal, inclusive para a fixação do período máximo de suspensão do processo. STJ. 5ª
Turma. HC 157.212/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 09/11/2010.

(TJAL-2019-FCC): Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, o
Juiz pode determinar a produção das provas concretamente consideradas urgentes. BL: S. 455,
STJ e art. 366, CPP.

(DPEAM-2018-FCC): Considere o que se afirma em relação à produção antecipada de provas,


determinada com base no art. 366 do CPP: É restrita às provas consideradas urgentes,
característica que deve estar concretamente comprovada em cada caso por fundamentos que
justifiquem a excepcional antecipação. BL: art. 366, CPP e S. 455, STJ.

(DPERS-2014-FCC): José, menor de 21 anos e primário, foi denunciado pela prática do fato
previsto no art. 171, caput (por 15 vezes), na forma do art. 71, caput, ambos do CP. Determinada a
citação pessoal, não é encontrado, frustradas as ulteriores diligências empreendidas para sua
localização. Com vista dos autos, manifesta-se o MP pela citação editalícia, requerendo, ainda, a
produção antecipada da prova oral (cinco testemunhas foram arroladas). Como argumento
legitimador deste último pedido, afirma que o passar do tempo, por si só, é motivo suficiente para
o respectivo deferimento, pois pode haver prejuízo ao processo de reconstrução da verdade. O
pedido é acolhido pelo juiz a partir do fundamento invocado pelo MP. Analisada a hipótese acima
construída, mostra-se correto afirmar que a decisão está errada, porque toda decisão que
determina a produção antecipada da prova deve ser concretamente fundamentada, não a
justificando o mero decurso do tempo. BL: art. 366, CPP e S. 455, STJ.

(MPCE-2011-FCC): O art. 366 do CPP, com a redação dada pela Lei 9.271, de 17 de abril de 1996,
dispõe sobre a suspensão do processo penal. Sobre esse instituto e sua aplicação é correto afirmar
que a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve
ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. BL: S.
455, STJ.

Súmula 454: Pactuada a correção monetária nos contratos do SFH pelo mesmo índice aplicável à
caderneta de poupança, INCIDE a taxa referencial (TR) a partir da vigência da Lei n. 8.177/1991 .
(TJSC-2010) (TRF5-2013)

Súmula 453: Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado,


não podem ser cobrados em execução ou em ação própria. (SUPERADA, em parte) (MPRO-2010)
(DPESE-2012) (MPF-2012) (PFN-2012) (TRT1-2014) (TJPE-2015) (TRF3-2016)

OBS: Superada, em parte com o NCPC.

OBS: Vide art. 85, §18 do NCPC: “Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quando ao direito aos
honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança”.

OBS: Dessa forma, mesmo não tendo havido condenação em honorários advocatícios e ainda que
a sentença tenha transitado em julgado, é possível a propositura de ação autônoma para sua
definição e cobrança.

Súmula 452: A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração Federal, vedada a
atuação judicial de ofício.
Súmula 451: É LEGÍTIMA a penhora da sede do estabelecimento comercial . (TJBA-2012) (DPESE-2012)
(Cartórios/TJPE-2013) (TRT5-2013) (Aud. Fiscal-SEFAZ/ES-2013) (DPEMS-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TJPE-2015)
(TJAL-2015) (TJRR-2015) (TJPB-2015) (AGU-2015) (PFN-2015) (TJAM-2016) (Anal. Judic./TRF1-2017) (TCDF-2021)

Súmula 450: Nos contratos vinculados ao SFH, a atualização do saldo devedor antecede sua
amortização pelo pagamento da prestação. (TJRN-2013) (TRF1-2013) (TRF3-2016) (TRF4-2016)

(TRF4-2016): De acordo com a jurisprudência do STJ, firmada em sede de Recursos Repetitivos:


Nos contratos vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação, a atualização do saldo devedor
antecede a sua amortização pelo pagamento da prestação. BL: S. 450, STJ.

Súmula 449: A VAGA DE GARAGEM que POSSUI matrícula própria no registro de imóveis NÃO
CONSTITUI bem de família PARA EFEITO DE PENHORA. (PGEPA-2011) (DPEPR-2012) (MPF-2012)
(TJSP-2013) (MPT-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (TJRJ-2014) (MPPR-2014) (TRT14-2014) (TJPE-
2015) (TRT2-2016) (TJAC-2012/2019) (MPGO-2019) (Cartórios/TJPR-2019) (Cartórios/TJRS-2019) (MPCE-2020) (TJMS-
2023)

OBS: Importante.

Em outras palavras, se a vaga de garagem possui matrícula própria, poderá, em tese, ser
penhorada, mesmo o imóvel sendo bem de família.

A jurisprudência desta Corte já decidiu que as vagas de garagem, desde que tenham matrícula e
registro próprios, como no caso em exame, são penhoráveis, independentemente de estarem
relacionadas a imóvel considerado bem de família. STJ. 4ª T., AgRg no REsp 1.554.911/PR, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, j. 17/11/15.

(TJMS-2023-FGV): Daniel mora e é proprietário de um único apartamento, localizado em um


grande condomínio, com direito a uma vaga de garagem. Ele mora sozinho e este imóvel é seu
único bem. O apartamento está devidamente registrado em seu nome no RGI, com matrícula
12345-1234. A vaga de garagem também consta devidamente registrada em seu nome, com
número 5432-1236. Tudo conforme a lei determina. Daniel sempre foi empresário, entretanto, em
razão da pandemia que assolou o mundo em 2020, seus negócios caíram muito. Ele acabou
adquirindo dívidas que não conseguiu honrar. Foi acionado judicialmente e está respondendo a
algumas execuções. No final de 2022 foi surpreendido com a penhora do apartamento em que
mora e da vaga de garagem. Baseado nos fatos acima narrados e na jurisprudência, é correto
afirmar que: o imóvel não pode ser penhorado por se enquadrar no conceito de bem de família. A
vaga de garagem pode ser penhorada, de forma autônoma, por ter matrícula própria perante o
RGI. BL: S. 36439 e 449, STJ.

#Atenção: No caso em tela, o apartamento de Daniel não poderá ser penhorado, uma vez que a
impenhorabilidade de bem de família abrange também pessoas solteiras (Súmula 364 do STJ). Por
outro lado, a vaga de garagem poderá ser penhorada, autonomamente, em razão de existir
matrícula própria perante o registro de imóveis (Súmula 449 do STJ), independentemente de estar
relacionada a imóvel considerado bem de família.

Súmula 448: A opção pelo Simples de estabelecimentos dedicados às atividades de creche, pré-escola
e ensino fundamental é admitida somente a partir de 24/10/2000, data de vigência da Lei n.
10.034/2000.

Súmula 447: Os Estados e o Distrito Federal SÃO partes legítimas NA AÇÃO DE RESTITUIÇÃO
de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores. (TJES-2011) (TRF5-2013) (TJMT-2014)
(TJPE-2015) (PGEMT-2016) (MPF-2017)

39
Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel
pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Súmula 446: Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, É LEGÍTIMA a recusa de
expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa . (TRF5-2013) (PGEAC-2014) (PGERS-
2015) (MPF-2017) (Cartórios/TJMG-2016/2018) (PGESC-2018) (PGEGO-2021)

Súmula 445: As diferenças de correção monetária resultantes de expurgos inflacionários sobre os


saldos de FGTS têm como termo inicial a data em que deveriam ter sido creditadas.

Súmula 444: É VEDADA a utilização de inquéritos policiais e ações penais EM CURSO para
agravar a pena-base. (TJMS-2008) (TJPB-2011) (TJPE-2011) (MPCE-2011) (DPEMA-2011) (DPERS-2011) (MPAL-
2012) (DPESE-2012) (DPESP-2012) (TJPR-2013) (MPMS-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJPE-2013)
(Cartórios/TJPI-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (TRF2-2013) (Cartórios/TJDFT-2014) (TJSC-2015) (TCERN-2015) (Anal.
Judic./TJDFT-2015) (TJAM-2016) (TJDFT-2016) (MPGO-2016) (PCPA-2016) (TJSP-2011/2017) (Cartórios/TJMG-2017)
(TRF3-2013/2018) (TJCE-2018) (DPEAM-2018) (PCPI-2018) (PF-2018) (MPPR-2013/2016/2019) (TJAL-2019) (TJPA-2019)
(MPMT-2019) (PCMS-2017/2021) (TJRS-2016/2022)

OBS: Importante.

Fundamento: Princípio da presunção da isonomia (art. 5º, LVII da CF).

É o entendimento também do STF:


A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem
ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. (RE 591054/SC,
Rel. Min. Marco Aurélio, j. 17/12/14. Repercussão geral. Info 772). STF. Plenário. HC
94620/MS e HC 94680/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 24/6/15 (Info 791).

(TJRS-2022-Faurgs): Considerando a jurisprudência e o entendimento sumulado do STJ sobre a


dosimetria da pena, leia a seguinte afirmativa: Inquéritos policiais e ações penais em curso não
podem ser considerados para exasperar a pena-base. BL: S. 444, STJ.

(TJSP-2017-VUNESP): Na aplicação da pena, é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações


penais em curso para agravar a pena-base, configurando-se, porém, a má antecedência se o
acusado ostentar condenação por crime anterior, transitada em julgado após o novo fato. BL: S.
444, STJ.

(TJSC-2015-FCC): Sobre a utilização de inquéritos policiais ou as ações penais em curso como


fundamento para aumentar a pena, é correto afirmar: Não é reconhecida pela jurisprudência do
STJ que editou, inclusive, súmula sobre o tema. BL: S. 444, STJ.

(Anal. Judic./TJDFT-2015-CESPE): Em razão do princípio constitucional da presunção de


inocência, apenas condenações criminais transitadas em julgado podem justificar o agravamento
da pena base.

#Atenção: #STF: Inquéritos policiais ou ações penais sem trânsito em julgado não podem ser
considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. Isso por causa do
princípio da presunção de não culpabilidade. Esse é o entendimento pacífico da jurisprudência.
Além da Súmula 444 do STJ, é também o entendimento do STF, vejamos: “A existência de
inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como
maus antecedentes para fins de dosimetria da pena”. STF. Plenário. HC 94620/MS e HC 94680/SP,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 24/6/15 (Info 791).”40

Súmula 443: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no CRIME DE ROUBO


CIRCUNSTANCIADO EXIGE fundamentação concreta, NÃO SENDO suficiente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes . (TJPE-2011) (TJES-2011) (DPERS-2011) (TRF5-
2011) (TJGO-2012) (TJBA-2012) (TJPR-2013) (MPDFT-2013) (MPMS-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJRR-
2013) (PCGO-2013) (TRT5-2013) (DPECE-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TJDFT-2016) (MPSC-2016) (PCMS-2017) (TJCE-
2018) (PCMA-2018) (TJAL-2019) (MPPR-2019) (MPMT-2019) (DPERJ-2021)

(MPMT-2019-FCC): Segundo a jurisprudência do STJ sobre os crimes contra o patrimônio: o


aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige

40
#Atenção: Julgado cobrado nas provas: i) DPEAM-2018 (FCC); ii MPMT-2019 (FCC).
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do
número de majorantes. BL: S. 443, STJ.

#Atenção: #STF: Se houver pluralidade de causas de aumento no crime de roubo (art. 157, § 2º do
CP), o juiz não poderá incrementar a pena aplicada com base unicamente no número de
majorantes nem se valer de tabelas com frações matemáticas de aumento. Para se proceder ao
aumento, é necessário que o magistrado apresente fundamentação com base nas circunstâncias do
caso concreto. STF. 2ª T. RHC 116676/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 20.8.13.

(DPERS-2011-FCC): A respeito dos entendimentos sumulados é correto afirmar: Segundo o STJ, o


aumento da pena na terceira fase nas hipóteses de roubo majorado exige fundamentação concreta,
não sendo suficiente a mera alusão ao número de majorantes. BL: S. 443, STJ.

Súmula 442: É INADMISSÍVEL APLICAR, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a


MAJORANTE do roubo. (DPERS-2011) (TRF3-2011) (TJBA-2012) (TJPR-2013) (DPEAM-2013) (Cartórios/TJBA-
2013) (TRF2-2013) (PCGO-2013) (TJCE-2012/2014) (DPECE-2014) (TJSP-2015) (TJDFT-2014/2015/2016) (PCGO-2018)
(TJAL-2019) (TJRS-2022)

OBS: Importante. Devido ao fato de para o furto o concurso de agentes ser uma qualificadora,
que dobra a pena (passa de 1 a 4 para 2 a 8 anos), e no roubo apenas uma causa de aumento de
pena, surgiu entendimento doutrinário defendendo a aplicação da causa de aumento do roubo
pelo concurso de agentes ao furto praticado nas mesmas circunstâncias, por ser mais benéfico ao
agente. A questão foi pacificada com a edição da súmula pelo STJ, que vedou a aplicação.

(TJRS-2022-Faurgs): Sobre os crimes contra a propriedade e o patrimônio, considerando o direito


vigente e a jurisprudência sumulada do STJ, assinale a alternativa correta: Não se pode aplicar
analogicamente ao furto qualificado, por concurso de agentes, a majorante do roubo. BL: S. 442,
STJ.

Súmula 441: A FALTA GRAVE NÃO INTERROMPE o prazo para obtenção de livramento
condicional. (TJBA-2012) (MPAL-2012) (MPRJ-2012) (DPESE-2012) (TJPE-2011/2013) (TJRN-2013) (Cartórios/TJPE-
2013) (Cartórios/TJPI-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (PCGO-2013) (TJCE-2012/2014) (MPRS-2012/2014) (MPAC-2014)
(Cartórios/TJSE-2014) (MPF-2012/2015) (MPMS-2013/2015) (TRF1-2013/2015) (TJSE-2015) (DPESP-2015) (TJDFT-2016)
(PCPE-2016) (DPEPR-2017) (DPERO-2017) (TRF5-2017) (PCMS-2017) (DPEMA-2015/2018) (DPEPE-2018) (DPERS-
2018) (PF-2018) (MPSP-2013/2017/2019) (TJPR-2013/2019) (DPEDF-2013/2019) (DPEMG-2014/2019) (TJAL-2015/2019)
(TJPA-2019) (TJSC-2019) (MPGO-2019) (MPDFT-2011/2021) (TJSP-2011/2014/2021) (DPEAM-2013/2021) (TJGO-
2012/2015/2021) (MPPR-2011/2012/2019/2021) (DPERJ-2021) (DPESC-2021) (TJRS-2022)

OBS: Importante.

Qual é o fundamento desta súmula? Por que a falta grave não interrompe o prazo para obtenção
do livramento condicional? Porque em nenhum momento a lei previu isso. Assim, a falta grave
não interfere no livramento condicional por ausência de previsão legal, ou seja, porque a LEP
não determinou essa consequência (STJ. 5° Turma. HC 263.361/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j.
07/05/13).

Pacote anticrime: A Lei 13.964/19 alterou o inciso III do art. 83 do Código Penal, que trata sobre
os requisitos para a concessão do livramento condicional. Veja:
 CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento Art. 83. O juiz poderá conceder livramento
condicional ao condenado a pena privativa de condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde
desde que: (...) que: (...)
III - comprovado comportamento satisfatório III - comprovado:
durante a execução da pena, bom desempenho a) bom comportamento durante a execução da
no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão pena;
para prover à própria subsistência mediante b) não cometimento de falta grave nos últimos 12
trabalho honesto; (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência
mediante trabalho honesto;
Com essa alteração operada pela Lei 13.964/19, a falta grave passou a interromper o prazo para
obtenção do livramento condicional? A Lei 13.964/19 fez com que o entendimento da súmula 441
do STJ fique superado? NÃO. A súmula 441 do STJ continua válida. Praticada a falta grave, o
apenado terá que aguardar 12 meses para poder gozar do livramento condicional. O prazo do
art. 83, I, do CP, contudo, não é interrompido (não é “zerado”). Essa é a lição de Rogério Sanches:
“A falta grave interrompe o prazo para o livramento? Não. Embora o cometimento de falta grave interrompa
o prazo para a progressão de regime (Súmula 534 STJ), não o faz para fins de concessão de livramento
condicional, pois não há previsão legal a esse respeito. Nesse sentido é a súmula nº 441 do STJ, cujo
conteúdo não é incompatível com a regra imposta pela Lei 13.964/19. Embora o condenado não possa
obter o livramento se houver cometido falta grave nos doze meses anteriores à sua pretensão, o
prazo do benefício não volta a correr do começo quando cometida a infração. Praticada a falta
grave, nos 12 meses seguintes o reeducando não pode ser beneficiado com a liberdade antecipada, mesmo que
cumpra seu requisito temporal. O prazo de 12 meses, aliás, coincide com o prazo da reabilitação da falta
grave, hoje previsto na maioria dos regimentos internos das unidades prisionais dos vários estados
brasileiros.” (Pacote anticrime. Lei 13.964/2019. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 32).

Consequências decorrentes da prática de falta grave:


 EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:
Atrapalha Não interfere

• PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a • INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: a


progressão de regime. prática de falta grave não interrompe o prazo para
• REGRESSÃO: acarreta a regressão de fim de comutação de pena ou indulto (Súmula
regime. 535-STJ). A concessão de comutação de pena ou
• SAÍDAS: revogação das saídas temporárias. indulto deverá observar o cumprimento dos
• TRABALHO EXTERNO: revogação do trabalho requisitos previstos no decreto presidencial.
externo. • SAÍDA TEMPORÁRIA E TRABALHO
• REMIÇÃO: revoga até 1/3 do tempo remido. EXTERNO (requisito objetivo): a prática de falta
• RDD: pode sujeitar o condenado ao RDD. grave durante o cumprimento da pena não
• DIREITOS: suspensão ou restrição de acarreta a alteração da data-base para fins de saída
direitos. temporária e trabalho externo.
• ISOLAMENTO: na própria cela ou em local
adequado.

LIVRAMENTO CONDICIONAL: para ter direito ao benefício o réu não pode ter cometido falta
grave nos últimos 12 meses. Por outro lado, a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do
livramento condicional (Súmula 441-STJ).

(TJRS-2018-VUNESP): Em relação aos enunciados a seguir, assinale o que representa


entendimento já sumulado pelo STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de
livramento condicional. BL: S. 441, STJ.

OBS: Por outro lado, a falta grave tem diversas consequências, quais sejam (i) interrompe o prazo
para a progressão de regime, (ii) acarreta regressão de regime, (iii) causa revogação das saídas
temporárias, (iv) pode causar a revogação de até 1/3 dos dias remidos, (v) pode sujeitar o preso ao
Regime Disciplinar Diferenciado, (vi) causa suspensão ou restrição de direitos, (vii) pode ensejar
isolamento em cela própria e (viii) pode causar a conversão da pena restritiva de direitos em pena
restritiva de liberdade. Por outro lado, a falta grave não influi no livramento condicional,
tampouco no indulto e na comutação de pena (salvo, nos dois últimos casos, se houver condição
específica de não haver o agente praticado falta grave).

Súmula 440: FIXADA a PENA-BASE no mínimo legal, É VEDADO o estabelecimento de regime


prisional MAIS GRAVOSO do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito. (TJPE-2011) (MPCE-2011) (TRF3-2011) (TJGO-2009/2012) (TJAC-2012) (TJBA-2012)
(TJPR-2013) (MPES-2013) (MPMT-2012/2014) (TJMG-2014) (TJCE-2014) (MPF-2008/2015) (TJRR-2015) (DPU-2015)
(TJDFT-2014/2016) (MPGO-2016) (TJSP-2017) (DPESC-2017) (TRF2-2017) (PCMS-2017) (DPEMA-2011/2018) (PCPI-
2018) (DPESP-2012/2019) (MPPR-2012/2016/2019) (TJAL-2019) (MPSC-2021) (DPERR-2021) (TJRS-2022) (MPSP-2022)

OBS: Importante.
Se a pena privativa de liberdade foi fixada no mínimo legal, é possível a fixação de regime inicial
mais severo do que o previsto pela quantidade de pena? Ex.: Paulo, réu primário, foi condenado a
uma pena de seis anos de reclusão. As circunstâncias judiciais foram favoráveis. Pode o juiz fixar
o regime inicial fechado? NÃO. A posição que prevalece no STJ é a de que, fixada a pena-base no
mínimo legal e sendo o acusado primário e sem antecedentes criminais não se justifica a fixação
do regime prisional mais gravoso. STJ. 5º T. AgRg no HC 303.275/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j.
03/02/15.

Esse é também o entendimento do STF:


Habeas corpus. Penal. Processual penal. Roubo. Art. 33, § 2º, do CP. Imposição de regime
inicial de cumprimento de pena mais gravoso. Possibilidade, desde que seja a decisão
devida e concretamente fundamentada. Circunstâncias judiciais reconhecidamente
favoráveis. Pena-base fixada no mínimo legal. Ausência de fundamentação apta ao
agravamento do regime prisional. Habeas corpus deferido. (...) 3. A Corte tem entendido
que a fixação de regime mais severo do que aquele abstratamente imposto pelo art. 33, § 2º,
do CP não se admite senão em virtude de razões concretamente demonstradas nos autos. 4.
Ausência, no caso concreto, de fundamentação válida, nas razões de convencimento, para a
fixação do cumprimento da pena em regime inicialmente fechado. STF. 1ª T. HC 118.230,
Rel. Min. Dias Toffoli, ju. 08/10/13.

(MPSP-2022): Considere a seguinte afirmação acerca da aplicação da pena e do regime prisional:


fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime mais gravoso do que o
cabível em razão da sanção imposta com base apenas na gravidade abstrata do delito. BL: S. 440,
STJ.

(TJSP-2017-VUNESP): No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que é


admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, se desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como
vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal.
BL: S. 269 e 440, STJ.

(MPGO-2016): O Juiz ao condenar o agente delituoso pela prática de um crime de roubo simples
(art. 157, “caput”, do CP), fixou a pena no mínimo legal de 04 anos de reclusão, após análise das
circunstâncias judiciais que foram todas favoráveis ao acusado, se tratando de réu primário,
possuindo endereço certo e trabalho lícito. Ao fixar o regime prisional, o Magistrado determinou o
cumprimento da pena em regime inicial fechado, fundamentando sua decisão na gravidade do
crime de roubo, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, o que demonstra a
periculosidade do agente. A defesa recorreu da sentença, somente se opondo quanto ao regime
prisional estabelecido na sentença penal condenatória, requerendo a fixação do regime aberto. Os
autos foram enviados com vista ao Ministério Público para ofertar suas Contrarrazões. O órgão de
primeiro grau deverá se manifestar, posicionando-se, no sentido de que: Veda-se o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito, nos termos do entendimento sumulado tanto
pelo STJ quanto pelo STF. BL: Súm. 440, STJ e Súmulas 718 e 719, STF.41

#Atenção: Para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena devem ser considerados os
seguintes aspectos: a) quantidade de pena; b) circunstâncias judiciais e c) reincidência. Deve ser
verificada, também, a espécie de pena prevista no tipo penal, eis que na reclusão se admite o início
do cumprimento de pena em qualquer dos 3 regimes (fechado, semiaberto e aberto). Já na
detenção somente em dois: semiaberto e aberto. Sendo assim, a gravidade do delito é elemento
estranho e não deve ser apreciada na fixação do regime inicial de cumprimento de pena. A
gravidade é elemento já considerado pelo legislador, na 1ª etapa de individualização da pena. Não
pode ser rediscutido pelo julgador. Desse modo, considerar a gravidade do crime para a fixação
do regime inicial de cumprimento de pena é ilegal, tal qual ocorre nos crimes de roubo, em alguns
Estados. Não cabe ao julgador examinar esta questão, e sim aplicar a lei, nos limites por ela
estabelecidos. Caso seja indevidamente analisada a gravidade do crime para a fixação de regime
inicial de cumprimento de pena mais gravoso, devem ser intentadas as medidas cabíveis, quais
sejam, interposição do recurso de apelação e impetração de ordem de habeas corpus.

41
Súmula 718-STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea.
(MPMT-2014-UFMT): Em relação às prisões cautelares, assinale a afirmativa correta: A gravidade
abstrata do delito é elemento inerente ao tipo penal e não pode, por si só, servir de fundamento
para a decretação da prisão preventiva. BL: Súm. 440, STJ e Súmulas 718 e 719, STF.

Súmula 439: ADMITE-SE o EXAME CRIMINOLÓGICO pelas peculiaridades do caso, DESDE


QUE em decisão motivada. (TJPE-2011) (TJGO-2012) (MPAL-2012) (MPPR-2012) (DPESE-2012) (DPESP-
2010/2012/2013) (TJPR-2013) (MPMS-2013) (DPETO-2013) (TRF1-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (TJSP-2014) (TJMT-2014)
(TJCE-2014) (MPAC-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TJAL-2015) (DPU-2015) (MPMG-2012/2017) (DPEAM-2013/2018)
(MPPB-2018) (DPEMA-2018) (DPEPE-2018) (DPERS-2018) (TJBA-2019) (DPEBA-2021) (DPEGO-2021) (PCRN-2021)
(MPSP-2019/2022)

OBS: Importante.

O que é exame criminológico? Trata-se de um exame


- feito no condenado
- por um profissional
- com o objetivo de verificar
- se este apenado tem aptidão física e psíquica para progredir de regime.

A doutrina afirma que se trata de um exame de cunho biopsicossocial do criminoso a fim de


formar um diagnóstico de sua personalidade e, assim, obter um prognóstico criminal. Desse
modo, tem por objetivo detalhar a personalidade do delinquente, sua imputabilidade ou não, o
teor de sua periculosidade, a sensibilidade à pena e a probabilidade de sua correção (PENTEADO
FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012). A
partir disso, o exame criminológico fornece subsídios para o magistrado decidir se deve ou não
conceder a progressão de regime.

O exame criminológico ainda hoje existe? SIM. O art. 112 da LEP, em sua redação original, exigia,
como condição para a progressão de regime e concessão de livramento condicional, que o
condenado se submetesse a exame criminológico. A Lei 10.792/03 alterou esse art. 112 e deixou de
exigir a submissão do reeducando ao referido exame criminológico. No entanto, o exame
criminológico poderá ser ainda realizado se o juiz, de forma fundamentada e excepcional,
entender que a perícia é absolutamente necessária para a formação de seu convencimento. Em
suma, a Lei 10.792/03 não dispensou, mas apenas tornou facultativa a realização do exame
criminológico, que ainda poderá ser feito para a aferição da personalidade e do grau de
periculosidade do sentenciado.

O exame criminológico, usado para individualizar determinadas execuções envolvendo fatos mais
graves e/ou presos rotulados como perigosos, serve, não raras vezes, para orientar o magistrado
nos incidentes de progressão e livramento condicional. Uma das situações em que o exame
criminológico pode ser admitido é a prática de faltas graves:
“1. De acordo com a Súmula 439/STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do
caso, desde que em decisão motivada". 2. No caso dos autos, as instâncias ordinárias
determinaram a submissão prévia do agravante a exame criminológico com a indicação de
argumentos idôneos, diante do cometimento de falta grave, consistente em abandono, aos
3/1/17, além de possuir envolvimento com facção criminosa. 3. “Apresentada fundamentação
concreta para se determinar a realização do exame criminológico para fins de progressão de regime,
com base na necessidade de mais elementos para se aferir a periculosidade do apenado, não há que
falar em ilegalidade." (AgRg no RHC 123.196/AL, Rel. Min. NEFI CORDEIRO, SEXTA
TURMA, j. 5/3/20). 4. Agravo regimental desprovido" (AgRg no HC 612.505/SP, j.
06/10/20).

Súmula 438: É INADMISSÍVEL a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva


com fundamento EM PENA HIPOTÉTICA, INDEPENDENTEMENTE da existência ou sorte do
processo penal. (TJPE-2011) (TRF2-2011) (MPMG-2010/2012) (TJAC-2012) (TJPA-2012) (MPRS-2012) (TJSC-2013)
(TJPR-2013) (MPDFT-2013) (TJMT-2014) (TJSP-2015) (TJRR-2015) (TJPB-2015) (MPBA-2015) (TRF3-2011/2016)
(TJAM-2013/2016) (MPGO-2013/2016) (TJDFT-2016) (MPPR-2016) (MPF-2012/2017) (TJCE-2018) (PCGO-2018)

OBS: Importante.

O que é a chamada prescrição virtual? Ocorre quando o juiz, verificando que já se passaram
muitos anos desde o dia em que o prazo prescricional começou ou voltou a correr, entende que
mesmo que o inquérito ou processo continue, ele não terá utilidade, porque muito
provavelmente haverá a prescrição pela pena em concreto. Para tanto, o juiz analisa a possível
pena que aplicaria ao réu se ele fosse condenado e, a partir daí, examina se, entre os marcos
interruptivos presentes no processo, já se passou mais tempo do que o permitido pela lei.

Exemplo: João foi denunciado por furto simples, tendo a denúncia sido recebida em 2010 (marco
interruptivo da prescrição). A pena para o furto simples vai de 1 a 4 anos (art. 155 do CP). O juiz
novo chega na vara em 2015 e verifica que até agora o processo de João praticamente não evoluiu.
Nem se marcou ainda a audiência de instrução. Diante disso, ele pensa: se João for condenado a 1
ano, a prescrição pela pena em concreto será em 4 anos (art. 109, V do CP). Já se passaram mais de
5 anos desde o último dia da interrupção da prescrição. Isso significa que a instrução e a sentença
condenatória “não servirão para nada” já que, mesmo condenado, o crime estará prescrito. Se João
for condenado a 2 anos, se repetirá a mesma situação acima, porque a prescrição pela pena em
concreto também será em 4 anos (art. 109, V do CP) e já se passaram mais de 5 anos desde o
recebimento da denúncia. Logo, para que o crime não esteja prescrito, é necessário que a pena
imposta a João seja superior a 2 anos, porque aí a prescrição subiria para 8 anos (art. 109, IV, do
CP). Ocorre que, na visão do juiz, não existem circunstâncias judiciais nem agravantes nem causas
de aumento. Logo, não há motivos para que a pena de João (se ele for condenado) ultrapasse o
mínimo legal (1 ano). Mesmo que seja maior que o mínimo, não existem razões para que ela
supere 2 anos. Depois de fazer todo esse prognóstico, o juiz conclui que é inútil marcar instrução,
expedir mandados de intimação, gastar recursos com oficial de justiça, ouvir testemunhas e o réu,
sabendo (ou tendo praticamente certeza) que, mesmo se condenado, o réu não irá cumprir pena.
Diante disso, ele profere uma sentença julgando extinta a punibilidade com base na “prescrição
virtual”, afirmando que não existe interesse de agir do Estado, já que o processo penal não terá
utilidade.

OBS: Sinônimos: A prescrição virtual é também chamada de prescrição "em perspectiva'; "por
prognose'; "projetada" ou “antecipada”:

OBS: A prescrição virtual possui previsão na lei? NÃO. Apesar de ser comum na prática, a
prescrição virtual não tem previsão na lei, sendo considerada uma "criação" dos juízes e Tribunais.

OBS: A prescrição virtual é admitida pelo STF e pelo STJ? NÃO. O STF e o STJ afirmam que é
inadmissível a prescrição virtual por dois motivos principais:
a) em virtude da ausência de previsão legal;
b) porque representaria uma afronta ao princípio da presunção de não-culpabilidade.

#Atenção: #Reperc. Geral/STF – Tema 239: #MPMG-2017: É inadmissível a extinção da


punibilidade em virtude da decretação da prescrição "em perspectiva, projetada ou antecipada",
isto é, com base em previsão da pena que hipoteticamente seria aplicada, independentemente da
existência ou sorte do processo criminal. STF. Plenário. RE 602527 QO-RG, Rel. Min. Cezar Peluso,
j. 19/11/09.
(MPMG-2017): Reconhecendo sua repercussão geral, em matéria penal, afirma o STF: Que é
inadmissível a decretação da extinção da punibilidade pela pena em perspectiva. BL: Entend.
Jurisprud.

(TJMSP-2016-VUNESP): Não se admite a rejeição da denúncia, com base na prescrição virtual do


crime objeto da acusação. BL: S. 438, STJ.

(MPSP-2013): Assinale a alternativa correta: É inadmissível a prescrição em perspectiva ou virtual,


fundada na futura e incerta pena a ser aplicada, à míngua de previsão legal. BL: S. 438, STJ.

(TJSP-2009-VUNESP): Assinale a alternativa correta, de acordo com orientação doutrinária e


jurisprudencial expressivamente majoritária nos dias atuais: A extinção da punibilidade com base
no reconhecimento da prescrição retroativa antecipada ou em perspectiva, também denominada
prescrição virtual, carece de embasamento legal. BL: S. 438, STJ.

Súmula 437: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário superior a quinhentos mil reais para
opção pelo Refis pressupõe a homologação expressa do comitê gestor e a constituição de garantia por
meio do arrolamento de bens.
Súmula 436: A ENTREGA DE DECLARAÇÃO pelo contribuinte RECONHECENDO débito fiscal
CONSTITUI o crédito tributário, DISPENSADA qualquer outra providência por parte do fisco.
(TJSC-2009) (PCDF-2009) (MPPB-2010) (TJSP-2011) (DPERS-2011) (TJPA-2012) (TJAC-2012) (MPPI-2012) (MPRR-
2012) (DPEAM-2013) (TRF1-2013) (TRF5-2013) (TJDFT-2014) (TRF2-2014) (PGEPI-2014) (TJRR-2015) (TJPB-2015)
(PFN-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (PGEMT-2011/2016) (TJAM-2016) (PGEMA-2016) (MPF-2011/2017) (TJPR-
2012/2014/2017) (DPERO-2017) (Cartórios/TJRJ-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (TJMT-2014/2018) (Cartórios/TJMG-
2012/2016/2017/2018) (PGESC-2018) (TJRJ-2019) (TJMS-2020) (PGEMS-2014/2021) (PGERS-2015/2021) (TRF4-
2010/2016/2022) (TJGO-2021) (PGEGO-2021) (PGDF-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022) (MPSC-2023)

OBS: Relativamente ao valor declarado, a própria declaração de débito efetivada pelo contribuinte
constitui o crédito tributário, prescindindo de ato de lançamento. Assim, podendo desde logo ser
objeto de execução fiscal, tem-se que, nesta hipótese, não há que se falar em decadência,
porquanto já constituído o crédito, mas tão-somente em prescrição para o ajuizamento da ação
executiva (STJ, AgRg no Ag 1070751/RS).

(PGEMS-2021-CESPE): Cleber, comerciante, após a venda de mercadorias acompanhadas da


declaração dos tributos, por meio de guia de informação e apuração do ICMS, não recolheu os
respectivos impostos no prazo devido. Com relação à cobrança dos créditos inadimplidos nessa
situação hipotética, é correto afirmar que a inscrição dos débitos em dívida ativa será possível
independentemente de processo administrativo e de notificação prévia do contribuinte. BL: S. 436,
STJ.

#Atenção: Considerando que o ICMS é um tributo cujo lançamento ocorre por homologação e
tendo o comerciante Cleber emitido a guia de informação e apuração do ICMS após a venda da
mercadoria, o fisco não precisa abrir processo administrativo ou mesmo realizar notificação prévia
antes de inscrever o crédito tributário em dívida ativa, tal como prevista na Súmula 436 do STJ.
Em outras palavras, será possível a inscrição de tais créditos em dívida ativa independentemente
de notificação prévia ou de processo administrativo, eis que foi o próprio contribuinte que
declarou a existência de tais créditos.

(PGERS-2021-Fundatec): Embora o Código Tributário Nacional, no capítulo em que dispõe sobre


a constituição do crédito tributário, só discipline o lançamento, “assim entendido o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a
matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a
aplicação da penalidade cabível”, discute-se, há muito, sobre outros modos de constituição ou
formalização do crédito tributário. A respeito, é correto afirmar que a A entrega de declaração
pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer
outra providência por parte do fisco. BL: S. 436, STJ e art. 142, caput, CTN.

(TJMS-2020-FCC): A respeito do tema decadência e prescrição tributárias, é correto afirmar: Nos


tributos lançados por homologação, a entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo
débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do
fisco. Assim, não pago o tributo em seu vencimento, passa a contar o prazo prescricional para a
cobrança do débito tributário. BL: S. 436, STJ.

(TJPR-2017-CESPE): A empresa ABC declarou regularmente débito de ICMS no valor de R$ 6.000,


referente ao mês de junho de 2012, e não o pagou. Posteriormente, a empresa ABC recebeu notícia
de que haveria fiscalização em seu setor e, por isso, realizou denúncia espontânea de seu débito ao
fisco para eximir-se do pagamento da multa moratória. Acerca dessa situação hipotética e de
aspectos legais a ela pertinentes, assinale a opção correta: No caso de tributo por homologação e
com declaração regular, não cabe a denúncia espontânea, não sendo, portanto, válido o ato
praticado pelo contribuinte. BL: S. 436, STJ c/c S. 360, STJ42.

(TJDFT-2014-CESPE): A administração tributária do DF procedeu à análise dos livros fiscais e


registros contábeis da sociedade empresária WYZ Ltda., em diligência de fiscalização realizada
entre os dias 1.º/5/14 e 10/5/14, com notificação à contribuinte, em 1.º/5/14, acerca do início da
ação fiscal, tendo verificado o que se segue. Durante os meses de janeiro a junho de 2010, a
contribuinte declarou em guia específica as operações de circulação de mercadoria, mas não
recolhera ao DF qualquer valor referente ao ICMS. Durante os meses de julho a dezembro de 2010,
a contribuinte declarou, em guia específica, as operações de circulação de mercadoria, mas
recolhera parcialmente o montante devido de ICMS ao DF. Durante os meses de janeiro a
dezembro de 2011, a contribuinte não declarou nem recolheu o ICMS devido pela realização das

42
Súmula 360-STJ: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.
operações de circulação de mercadorias. Durante o período de fiscalização que se iniciou em
1.º/5/14, a administração tributária do DF verificou que não fora declarada nem recolhida
nenhuma obrigação tributária de ICMS no ano de 2014, razão por que notificou a contribuinte,
solicitando esclarecimentos adicionais. Considerando os dados acima apresentados, assinale a
opção correta com base no CTN e na jurisprudência do STJ: Com relação às obrigações tributárias
referentes aos meses de julho a dezembro de 2010, o lançamento tributário de ofício é prescindível
porque o crédito já foi constituído pelo contribuinte. BL: S. 436, STJ.

#Atenção: Como ja houve a declaração dos débitos, eles foram corretamente constituídos,
consoante dispõe o teor da Súmula 436-STJ.

(PGEPI-2014-CESPE): No que diz respeito à obrigação principal e acessória, assinale a opção


correta com base na jurisprudência atual do STJ: A declaração do contribuinte exigida por lei
constitui o próprio crédito tributário, sendo desnecessária qualquer atividade subsequente da
administração tributária para a formalização do lançamento fiscal ou a notificação do contribuinte
para pagamento. BL: S. 436, STJ.

(TJSP-2011-VUNESP): O juiz de direito Libório Rangel, no exercício de suas funções, depara-se


com o seguinte caso: sujeito passivo de obrigação tributária alega que não tem obrigação de pagar
o tributo, porquanto, no caso em espécie, não ocorreu processo administrativo. O Magistrado
decidirá corretamente quando, tratando-se de débito declarado pelo próprio contribuinte, o
chamado autolançamento, a exigência fiscal não se baseia em prévio procedimento administrativo,
daí por que julga improcedente a demanda. BL: S. 436, STJ.

Súmula 435: PRESUME-SE DISSOLVIDA IRREGULARMENTE a empresa que deixar de


funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente . (TRF4-2009/2010/2012) (TRF5-2011/2013) (TJSC-
2013) (DPEDF-2013) (TJSP-2014) (PGEPI-2014) (PGERN-2014) (TRT14-2014) (PGERS-2011/2015) (TJPE-2015) (DPEPA-
2015) (Cartórios/TJRS-2015) (TRT2-2015) (PGEMT-2011/2016) (TJPR-2017) (PGEAC-2017) (PGESP-2009/2018) (TJMT-
2018) (DPEPE-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (TJMS-2020) (DPEAM-2021) (PGEMS-2021) (PGEPB-2021) (TJRS-
2012/2022) (MPF-2017/2022) (TJAP-2022) (PGEAM-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022) (PGM-POA/RS-2022)

OBS: Importante.

Atenção: O STJ entende que essa Súmula aplica-se tanto para dívidas tributárias como não-
tributárias. Assim, quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o
redirecionamento de execução fiscal de dívida ativa não-tributária contra o sócio-gerente da
pessoa jurídica executada, independentemente da existência de dolo (REsp 1.371.128-RS, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, j. 10/9/14).
(PGEMS-2021-CESPE): A respeito do processo executivo fiscal, julgue o item a seguir, à luz da Lei
6.830/80 e da jurisprudência dos tribunais superiores: No caso de dissolução irregular de empresa,
ainda que se trate de execução fiscal de dívida ativa não tributária, é possível o redirecionamento da
dívida ao sócio-gerente. BL: Entend. Jurisprud.

Domicílio tributário (ou fiscal) é o lugar, cadastrado na repartição tributária, onde o sujeito
passivo poderá ser encontrado pelo Fisco. Dessa feita, se a Administração Tributária tiver que
enviar uma notificação fiscal para aquele contribuinte, deverá encaminhar para o endereço
constante como seu domicílio fiscal.

As regras para a definição do domicílio tributário estão previstas no art. 127 do CTN.

Se a empresa deixa de funcionar no seu domicílio fiscal, presume-se que ela deixou de existir (foi
dissolvida). E o pior: foi dissolvida de forma irregular, o que caracteriza infração à lei e permite o
redirecionamento da execução.

Assim, por exemplo, em uma execução fiscal, caso não se consiga fazer a citação da empresa
porque ela não mais está funcionando no endereço indicado como seu domicílio fiscal, será
possível concluir que ela foi dissolvida irregularmente, ensejando o redirecionamento da
execução, conforme entendimento da Súmula 435.

Segundo explica o Min Mauro Campbell Marques ao comentar a origem da súmula, “o sócio-
gerente tem o dever de manter atualizados os registros empresariais e comerciais, em especial quanto à
localização da empresa e a sua dissolução. Ocorre aí uma presunção da ocorrência de ilícito. Este ilícito é
justamente a não obediência ao rito próprio para a dissolução empresarial” (...) (REsp 1.371.128-RS).

(TJAP-2022-FGV): A empresa XYWZ, com sede no Estado do Amapá, há alguns anos enfrentava
dificuldades financeiras e passou a não realizar o pagamento de dívidas que já acumulavam um
passivo maior do que o seu ativo. Com a pandemia, a situação se agravou ainda mais e a empresa
encerrou suas atividades às pressas, sem comunicar aos órgãos competentes. Diante da
inadimplência da empresa, seus credores, incluindo o fisco, entraram em juízo e solicitaram a
desconsideração da personalidade jurídica. Atento à jurisprudência do STJ, o magistrado deve
considerar, no caso, que: presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar
no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes. BL: S. 435, STJ.

(TJRS-2022-Faurgs): Assinale a alternativa correta: Segundo a jurisprudência atual do STJ, há


presunção de dissolução irregular se a empresa deixa de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes. BL: S. 435, STJ.

(DPEPE-2018-CESPE): A empresa ALFA, contribuinte do ICMS, encerrou suas atividades sem


fazer qualquer comunicação ao fisco estadual. Posteriormente, constatado que a empresa era
devedora de ICMS, ela foi inscrita na dívida ativa e cobrada por meio de execução fiscal. Na
execução, verificou-se que a empresa não dispõe de bens para garantir o débito. Considerando a
jurisprudência majoritária e atual do STJ, assinale a opção correta, a respeito da possibilidade de
redirecionamento da execução fiscal aos sócios da empresa ALFA: Presume-se, nesse caso, a
dissolução irregular da sociedade, o que autoriza o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente. BL: S. 435, STJ.

(DPEDF-2013-CESPE): De acordo com o STJ, a não localização de determinada sociedade no


domicílio fiscal fornecido gera presunção iuris tantum de dissolução irregular, sendo possível,
nesse caso, o redirecionamento da execução fiscal ao sócio-gerente da sociedade. BL: S. 435, STJ.

#Atenção: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMPRESA NÃO LOCALIZADA. DISSOLUÇÃO


IRREGULAR. REDIRECIONAMENTO. RESPONSABILIDADE. SÓCIO-GERENTE. ART. 135, III,
DO CTN. 1. A não-localização da empresa no endereço fornecido como domicílio fiscal gera
presunção iuris tantum de dissolução irregular. Possibilidade de responsabilização do sócio-
gerente a quem caberá o ônus de provar não ter agido com dolo, culpa, fraude ou excesso de
poder. Entendimento sufragado pela 1ª Seção desta Corte nos EREsp 716.412/PR, Rel. Min.
Herman Benjamin, DJe de 22.09.08.

#Atenção: #STJ: #TJMS-2020: #FCC: A Súmula 435 do STJ diz que se presume dissolvida
irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos
órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente.
Porém, para o redirecionamento da execução fiscal é imprescindível que o sócio-gerente a quem
se pretenda redirecionar tenha exercido a função de gerência no momento dos fatos geradores e
da dissolução irregular da empresa executada. STJ. 1ª T., AgInt no REsp 1597018/SC, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j. 23/08/16.

#Atenção: #STJ: #DPEPE-2018: #CESPE: O STJ entende que não é necessário o elemento dolo
para que a execução fiscal seja redirecionada para os sócios. Há diversos precedentes nesse
sentido. Nesse sentido, vejamos o seguinte julgado: “PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.
DÍVIDA TRIBUTÁRIA. POSSIBILIDADE. REDIRECIONAMENTO. RESPONSABILIDADE.
SÓCIO-GERENTE. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA EMPRESA.
SÚMULA 435 DO STJ. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7 DO STJ. 1. A apontada divergência deve
ser comprovada, cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que identificam ou assemelham os
casos confrontados, com indicação da similitude fática e jurídica entre eles. Indispensável a transcrição de
trechos do relatório e do voto dos acórdãos recorrido e paradigma, realizando-se o cotejo analítico entre
ambos, com o intuito de bem caracterizar a interpretação legal divergente. O desrespeito a esses requisitos
legais e regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do RI/STJ) impede o conhecimento do
Recurso Especial com base na alínea "c", III, do art. 105 da Constituição Federal. 2. Consoante o
entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, a desconsideração da personalidade jurídica,
embora constitua medida de caráter excepcional, é admitida quando ficar caracterizado desvio de finalidade,
confusão patrimonial ou dissolução irregular da sociedade. 3. O enunciado da Súmula 435/STJ não deixa
dúvida quanto ao entendimento de que "se presume dissolvida irregularmente a empresa que deixar de
funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento
da execução fiscal para o sócio-gerente". Portanto, cabe ao devedor provar que a dissolução da empresa
ocorreu de maneira regular. Ademais, não há necessidade de se demonstrar o dolo na dissolução da
pessoa jurídica, bastando que ela aconteça. 4. O reexame das características da CDA é inviável, pois
demandaria incursão no acervo fático-probatório dos autos. Logo, tal medida encontra óbice na Súmula 7 do
STJ: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso Especial." 5. Recurso Especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. STJ. 2ª T., REsp 1705507/PR, Rel. Min. Herman
Benjamin, j. 28/11/17).

(TJRS-2012): Mesmo não constando o nome do sócio na certidão de dívida ativa (CDA), pode a
execução fiscal ser contra ele direcionada, no caso de dissolução irregular da sociedade. BL: S. 435,
STJ.

(TRF4-2010): Quanto à responsabilidade de sócios-gerentes pelo pagamento de tributos devidos


pela sociedade que dirigem, é assente na jurisprudência dos Tribunais Superiores: A simples falta
de comunicação de mudança de domicílio fiscal às autoridades competentes legitima o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. BL: S. 435, STJ.

Súmula 434: O pagamento da multa por infração de trânsito NÃO INIBE a discussão judicial do
débito. (PGEPE-2018)

(PGEPE-2018-CESPE): O pagamento de multa resultante de autuação por agente de trânsito não


implica a desistência da discussão judicial da infração. BL: S. 434, STJ.

Súmula 433: O produto semi-elaborado, para fins de incidência de ICMS, é aquele que preenche
cumulativamente os três requisitos do art. 1º da Lei Complementar n. 65/1991 . (PGEPA-2012)

Súmula 432: As empresas de construção civil NÃO ESTÃO OBRIGADAS a pagar ICMS sobre
mercadorias adquiridas como insumos em operações interestaduais . (PGEPA-2012) (MPF-2013)
(PGEAC-2014) (PGESC-2018)

#Atenção: #Rec. Repetitivo/STJ – Tema 261: #MPF-2013: As empresas de construção civil (em
regra, contribuintes do ISS), ao adquirirem, em outros Estados, materiais a serem empregados
como insumos nas obras que executam, não podem ser compelidas ao recolhimento de
diferencial de alíquota de ICMS cobrada pelo Estado destinatário (Precedentes do STF: AI
242.276 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, 2ª T., j. 16.10.99; AI 456.722 AgR, Rel. Min. Eros Grau, 1ª T.,
j. 30.11.04; AI 505.364 AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, 2ª T., j. 05.04.05; RE 527.820 AgR, Rel. Min.
Gilmar Mendes, 2ª T., j. 01.04.08; RE 572.811 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª T., j.
26.05.09,; e RE 579.084 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª T., j. 26.05.09. Precedentes do STJ: EREsp
149.946/MS, Rel. Min. Ari Pargendler, Rel. p/ Acórdão Min. José Delgado, 1ª S., j. 06.12.99; AgRg
no Ag 687.218/MA, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª T., j. 04.05.06; REsp 909.343/DF, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, 1ª T., j. 03.05.07; REsp 919.769/DF, Rel. Min. Castro Meira, 2ª T., j. 11.09.07; AgRg no Ag
889.766/RR, Rel. Min. Denise Arruda, 1ª T., j. 25.09.07; AgRg no Ag 1070809/RR, Rel. Min. Eliana
Calmon, 2ª T., j. 03.03.09; AgRg no REsp 977.245/RR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª T., j.
28.04.09; e REsp 620.112/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T., j. 07.05.09). 2. É que as empresas
de construção civil, quando adquirem bens necessários ao desenvolvimento de sua atividade-
fim, não são contribuintes do ICMS. Conseqüentemente, “há de se qualificar a construção civil como
atividade de pertinência exclusiva a serviços, pelo que 'as pessoas (naturais ou jurídicas) que promoverem a
sua execução sujeitar-se-ão exclusivamente à incidência de ISS, em razão de que quaisquer bens necessários
a essa atividade (como máquinas, equipamentos, ativo fixo, materiais, peças, etc.) não devem ser tipificados
como mercadorias sujeitas a tributo estadual' (José Eduardo Soares de Melo, in 'Construção Civil - ISS ou
ICMS?', in RDT 69, pg. 253, Malheiros).” (EREsp 149.946/MS). (...) STJ. 1ª S. REsp 1135489/AL, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 09/12/09.

Súmula 431: É ILEGAL a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao
REGIME DE PAUTA FISCAL. (PCDF-2009) (Cartórios/TJMG-2012) (PGEPA-2012) (PCDF-2013) (PGEGO-2013)
(TJDFT-2014) (TJPE-2015) (PGM-POA/RS-2016) (PGESC-2018) (PGESP-2018) (TJSP-2021)

(TJSP-2021-VUNESP): Quanto ao ICMS, é correto afirmar: o preço final a consumidor sugerido e


divulgado pelo fabricante em revista especializada pode figurar como base de cálculo do ICMS a
ser pago pelo contribuinte sujeito ao regime de substituição tributária progressiva nos termos do
art. 8º , § 3º , da LC nº 87/96. Isso não se confunde com a cobrança de ICMS mediante pauta fiscal,
vedada pela Súmula 431 do STJ. BL: S. 431, STJ e Entend. Jurisprud.
#Atenção: #STJ: #TJSP-2021: #VUNESP: (...) TRIBUTÁRIO. ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
PROGRESSIVA. BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA. PREÇO FINAL A CONSUMIDOR
SUGERIDO PELO FABRICANTE (DIVULGADO NA REVISTA ABCFARMA). LEGALIDADE.
PAUTA FISCAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. 1. O preço final a consumidor sugerido pelo
fabricante (divulgado em revista especializada) pode figurar como base de cálculo do ICMS a ser
pago pelo contribuinte sujeito ao regime de substituição tributária "para frente", à luz do disposto
no artigo 8º, § 3º, da Lei Complementar 87/96, verbis: “Art. 8º A base de cálculo, para fins de
substituição tributária, será: (...) II - em relação às operações ou prestações subseqüentes, obtida pelo
somatório das parcelas seguintes: a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto
tributário ou pelo substituído intermediário; b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros
encargos cobrados ou transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço; c) a margem de valor agregado,
inclusive lucro, relativa às operações ou prestações subseqüentes. (...) § 2º Tratando-se de mercadoria ou
serviço cujo preço final a consumidor, único ou máximo, seja fixado por órgão público competente, a base de
cálculo do imposto, para fins de substituição tributária, é o referido preço por ele estabelecido. § 3º Existindo
preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou importador, poderá a lei estabelecer como base de
cálculo este preço. (...)” 2. Consoante cediço, "é ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da
mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal" (Súmula 431/STJ), o que não se confunde com
a sistemática da substituição tributária progressiva, cuja constitucionalidade foi reconhecida
pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (RE 213.396, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. 02.08.99; e RE
194.382, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 25.04.03). 3. Assim é que se revela escorreita a conduta da
Administração Fiscal que estipula base de cálculo do ICMS, sujeito ao regime da substituição
tributária progressiva, com espeque no preço final ao consumidor sugerido pelo fabricante de
medicamentos e divulgado por revista especializada de grande circulação. 4. É que o STJ já
assentou a legalidade da utilização dos preços indicados na Revista ABC FARMA na composição
da base de cálculo presumida do ICMS na circulação de medicamentos em regime de substituição
tributária progressiva (REsp 1.192.409/SE, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª T., j. 22.06.10; e RMS
21.844/SE, Rel. Min. Francisco Falcão, 1ª T., j. 05.12.06). (...) STJ. 1ª T., RMS n. 24.172/SE, Rel. Min.
Luiz Fux, j. 10/8/10.

Súmula 430: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade NÃO GERA, por si só, a
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA do sócio-gerente. (TRF4-2009/2010) (DPU-2010) (PGEGO-2010)
(PGEMT-2011) (AGU-2010/2012) (TJPA-2012) (PGEAC-2012) (TRF5-2009/2013) (TJPE-2013) (TJMA-2013)
(Cartórios/TJPE-2013) (PGDF-2013) (TJSP-2014) (PGEPI-2014) (PGERN-2014) (PGERS-2011/2015) (TJPI-2015)
(DPEPA-2015) (PGM-Curitiba/PR-2015) (TJPR-2017) (TRF2-2017) (DPEPE-2018) (PGEPE-2018) (PGESP-2018) (PGM-
João Pessoa/PB-2018) (TJMS-2020) (DPEAM-2021) (PGEMS-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/RR-2021) (MPF-2017/2022)
(TJRS-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022) (PGM-POA/RS-2022)

OBS: Importante. Quando a Fazenda Pública ajuíza uma execução fiscal contra a empresa e não
consegue localizar bens penhoráveis, o CTN prevê a possibilidade de o Fisco REDIRECIONAR a
execução incluindo no polo passivo, ou seja, como executadas, algumas pessoas físicas que
tenham relação com a empresa, desde que fique demonstrado que elas agiram com excesso de
poderes ou praticando ato que violaram a lei, o contrato social ou os estatutos, nos termos do art.
135 do CTN:
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei,
contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

Os sócios, como regra geral, não respondem pessoalmente (com seu patrimônio pessoal) pelas
dívidas da sociedade empresária. Isso porque vigora o princípio da autonomia jurídica da pessoa
jurídica em relação aos seus sócios. A pessoa jurídica possui personalidade e patrimônio
autônomos, que não se confundem com a personalidade e patrimônio de seus sócios. No entanto,
se o sócio praticou atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos
(art. 135, III), ele utilizou o instituto da personalidade jurídica de forma fraudulenta ou abusiva,
podendo, portanto, ser responsabilizado pessoalmente pelos débitos.

Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato de a pessoa jurídica estar em débito com o Fisco
não autoriza que o sócio pague pela dívida com seu patrimônio pessoal. É necessário que ele
tenha praticado atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (art.
135, III).

(TJPR-2017-CESPE): Uma sociedade limitada, tendo declarado regularmente seus tributos, deixou
de pagá-los, sem que houvesse qualquer fraude ou comportamento análogo. No momento da
inscrição em dívida ativa, apenas com base no inadimplemento, o sócio-gerente foi incluído como
responsável pelo crédito tributário. A respeito dessa situação hipotética e de aspectos diversos a
ela pertinentes, assinale a opção correta: O sócio-gerente não responde por simples
inadimplemento, devendo-lhe ser imputado, para que haja a sua responsabilização, excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, sendo incabível a sua responsabilização no
caso em questão. BL: art. 135, III do CTN e S. 430 do STJ.

(TJPI-2015-FCC): No regular exercício de suas atividades a Pecúnia Informática S/A sujeita-se à


tributação pelo Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza − ISS, mensurado em 5% sobre o
valor dos serviços prestados. Em 2005, a fiscalização municipal lavrou auto de infração contra a
Pecúnia Informática S/A, tendo nele formalizado o lançamento do ISS devido nos anos de 2002 e
2003. A empresa apresentou defesa contra esta autuação em petição assinada pelo Sr. Midas,
sócio-gerente da Pecúnia Informática S/A que, desde 2000, está investido em poderes estatutários
para honrar as despesas da sociedade, aí se incluindo os tributos por ela devidos. Em 2007 o
processo administrativo foi definitivamente julgado, mantendo-se integralmente a autuação.
Ainda em 2007, e após receber esta notícia, o Sr. Midas cai em desespero em vista da magnitude
dos valores envolvidos na cobrança fiscal, retirando-se da sociedade. Esta retirada foi levada a
registro no órgão competente, ainda em 2007. Restando infrutíferas as cobranças amigáveis
formalizadas pelo Município de Teresina, a Fazenda Pública municipal poderá propor execução
fiscal contra a Pecúnia Informática S/A apenas. BL: S. 430, STJ (tributário)

#Atenção: Para que fosse possível acionar o ex-sócio gerente ele teria que ter praticado algum ato
com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, vide art. 135, III do CTN.
Como ele não praticou, não pode ser acionado.

(TJRS-2012): A falência da empresa, constituindo-se em modo regular de extinção da sociedade,


não autoriza o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente da pessoa jurídica
devedora do Fisco. BL: S. 430, STJ (empresarial)

Súmula 429: A citação postal, quando autorizada por lei, EXIGE o aviso de recebimento. (TJPA-2014)
(TJPE-2015) (MPMS-2015)

OBS: Vide art. 248, § 4º do CPC/2015: "§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle
de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei,
que o destinatário da correspondência está ausente."

Súmula 428: COMPETE ao TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DECIDIR os conflitos de


competência entre JUIZADO ESPECIAL FEDERAL e JUÍZO FEDERAL DA MESMA SEÇÃO
JUDICIÁRIA. (AGU-2004) (PCPI-2009) (TRF1-2011) (TJCE-2012) (DPERO-2012) (TRF4-2014/2016) (TRF2-
2013/2017/2018)

Súmula 427: A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação de aposentadoria


prescreve em cinco anos contados da data do pagamento.

OBS: Vide Súmula 291 do STJ: “A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação de
aposentadoria prescreve em cinco anos contados da data do pagamento.”

O pagamento de complementação de aposentadoria é obrigação de trato sucessivo, sujeita, pois, à


prescrição quinquenal que alcança somente as parcelas vencidas anteriormente ao quinquênio que
precede o ajuizamento da ação e não o próprio fundo de direito (Súmulas STJ/291, 427) (STJ AgRg
nos EDcl no AREsp 334.560/RS, j. 19/11/13).

Súmula 426: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação. (TJMA-
2013)

Súmula 425: A retenção da contribuição para a seguridade social pelo tomador do serviço NÃO SE
APLICA às empresas optantes pelo Simples. (PFN-2015) (PGEAM-2022)
(PGEAM-2022-FCC): O Estado do Amazonas celebrou contrato com a empresa Brilha Brilha
Estrelinha, optante pelo Simples Nacional, para manutenção dos Serviços de Iluminação das
rodovias estaduais, após a mesma ser vencedora de licitação pública. Conforme jurisprudência
sumulada do STJ, o Estado do Amazonas, na qualidade de tomador dos serviços, não poderá reter
a contribuição para a seguridade social pelo fato de a prestadora ser optante pelo Simples
Nacional. BL: S. 425, STJ.

#Atenção: Para compreender plenamente a questão, é fundamental o conhecimento do art. 31 da


Lei nº 8.212/91: “Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra,
inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal
ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância
retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia
útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5 do
art. 33 desta Lei.” Essa é a regra geral, em se tratando de terceirização de mão de obra. A súmula do
STJ faz exceção no tocante às empesas optantes pelo simples.

Súmula 424: É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao
DL n. 406/1968 e à LC n. 56/1987. (TJSP-2015)

(TJSP-2015-VUNESP): Na cobrança do ISSQN sobre serviços bancários, é correto afirmar, com


base nos atuais julgamentos do STJ, que a lista de serviços previstos na legislação é taxativa,
porém, admite leitura extensiva para serviços idênticos embora com denominações distintas. BL:
S. 424, STJ.

#Atenção: A Lista de Serviços, prevista no Decreto-Lei 406/68 e na LC 116/03, é taxativa, para


efeito de incidência de ISS sobre serviços bancários, mas admite leitura extensiva de cada item a
fim de enquadrar serviços idênticos aos expressamente previstos. (STJ REsp 1.111.234/PR).

Súmula 423: A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) INCIDE sobre as
receitas provenientes das operações de locação de bens móveis . (TRF2-2009) (TJPA-2012)

Súmula 422: O art. 6º, e, da Lei n. 4.380/1964 não estabelece limitação aos juros remuneratórios nos
contratos vinculados ao SFH. (TRF1-2013) (TRF3-2016)

OBS:
Art. 6° O disposto no artigo anterior sòmente se aplicará aos contratos de venda, promessa
de venda, cessão ou promessa de cessão, ou empréstimo que satisfaçam às seguintes
condições: (...)
e) os juros convencionais não excedem de 10% ao ano;

Súmula 421: Os honorários advocatícios NÃO SÃO DEVIDOS à Defensoria Pública quando ela
atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença . (PGESP-2009) (DPU-2010) (TRF4-2012)
(DPECE-2014) (DPEPR-2014) (DPEES-2012/2016) (DPEPE-2015) (DPEAC-2017) (DPERJ-2021) (PGEGO-2021)

OBS: Importante. Concursos da Defensoria.

Imagine a seguinte situação hipotética: João deseja ingressar com uma ação de reparação de
danos contra a União. Como não possui condições de contratar um advogado, procurou os
serviços da Defensoria Pública da União. Assim, João, com a assistência jurídica de um Defensor
Público Federal, ajuizou ação de indenização contra a União. O Juiz Federal julgou procedente o
pedido e condenou a União a pagar indenização a João no valor de R$ 100 mil.

O magistrado deverá condenar a União a pagar honorários advocatícios em favor da Defensoria


Pública? Se a DPU está patrocinando uma causa contra a União (ou contra entidades federais) e
o Poder Público é sucumbente, deverá pagar honorários advocatícios para a Defensoria Pública?
Para responder a essas perguntas, é importante que caminhemos por partes:

LC 80/90: A LC 80/94 prevê que são devidos honorários advocatícios em favor da Defensoria
Pública mesmo que a parte sucumbente seja um ente público:
Art. 4º (...)
XXI – executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação, inclusive
quando devidas por quaisquer entes públicos, destinando-as a fundos geridos pela
Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria Pública
e à capacitação profissional de seus membros e servidores; (Incluído pela LC 132/2009).

Posição do STJ: Apesar disso, o STJ, em 03/03/2010, entendeu que não seriam devidos
honorários advocatícios e editou um enunciado espelhando essa posição:
Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando
ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.

Exemplos de aplicação da súmula:


 Ex1: João, assistido pela DPU, ingressa com ação contra a União. Mesmo sendo o pedido
julgado procedente, a União não seria condenada a pagar honorários advocatícios porque
a DPU “pertence” à União (pessoa jurídica de direito público).
 Ex2: Pedro, assistido pela DPE/AM, ajuíza ação contra o Estado do Amazonas, que é
julgada procedente. A DPE/AM, por “pertencer” ao Estado do Amazonas (pessoa
jurídica de direito público) não teria direito aos honorários.

Argumento do STJ para a súmula 421: suposta “confusão”: A justificativa para o STJ editar essa
súmula foi a de que se a Fazenda Pública fosse condenada a pagar honorários em favor da
Defensoria Pública ela estaria pagando um valor que seria para ela mesma. Isso porque o
orçamento da Defensoria Pública é oriundo do ente público. Assim, se a União fosse condenada a
pagar honorários para a DPU haveria aquilo que, no Direito Civil, chamamos de confusão (art.
381 do Código Civil), já que os recursos da DPU vêm do Governo Federal. A confusão ocorre
quando, na mesma obrigação, se reúne numa única pessoa a qualidade de credor e devedor. Ex:
falece o credor, deixando como único herdeiro o seu próprio devedor. O instituto está previsto no
Código Civil nos seguintes termos:
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades
de credor e devedor.

Confira um dos precedentes que deu origem à súmula:


(...) Segundo noção clássica do direito das obrigações, ocorre confusão quando uma mesma
pessoa reúne as qualidades de credor e devedor. 2. Em tal hipótese, por incompatibilidade
lógica e expressa previsão legal extingue-se a obrigação. 3. Com base nessa premissa, a
jurisprudência desta Corte tem assentado o entendimento de que não são devidos
honorários advocatícios à Defensoria Pública quando atua contra a pessoa jurídica de
direito público da qual é parte integrante. 4. A contrario sensu, reconhece-se o direito ao
recebimento dos honorários advocatícios se a atuação se dá em face de ente federativo
diverso, como, por exemplo, quando a Defensoria Pública Estadual atua contra
Município. 5. Recurso especial provido. Acórdão sujeito à sistemática prevista no art. 543-
C do CPC e à Resolução nº 8/2008-STJ. STJ. Corte Especial. REsp 1108013/RJ, Rel. Min.
Eliana Calmon, j. 03/06/09.

Por outro lado, mesmo de acordo com o STJ, a Defensoria Pública teria direito aos honorários
caso a ação tivesse sido proposta contra o Município, por exemplo. Isso porque a Defensoria
Pública não integra a mesma pessoa jurídica do Município.

Ampliação da súmula para abranger também entidades da Administração Indireta: Logo após a
edição do enunciado, o STJ foi além e disse que o entendimento da Súmula 421 também se
aplica nas ações patrocinadas pela Defensoria Pública contra as entidades (Administração
Indireta) integrantes da mesma pessoa jurídica. O tema foi definido em recurso repetitivo:
(...) 1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua
contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença"(Súmula 421/STJ). 2. Também
não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra
pessoa jurídica de direito público que integra a mesma Fazenda Pública. (...) STJ. Corte
Especial. REsp 1199715/RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 16/2/11.

Exemplos dessa ampliação da súmula:


 Ex1: João, assistido pela DPU, ingressa com ação contra o INSS (autarquia federal).
Mesmo sendo o pedido julgado procedente, o INSS não seria condenado a pagar
honorários advocatícios.
 Ex2: Pedro, assistido pela DPE/RJ, ajuíza ação contra a UERJ (fundação pública estadual),
que é julgada procedente. A DPE/RJ não terá direito de receber honorários advocatícios.

ECs 45/04, 74/13 e 80/14: A concepção exposta na Súmula 421 do STJ parte da premissa de que a
Defensoria Pública seria um órgão subordinado do Estado ou da União, sem qualquer autonomia.
Assim, parte-se do pressuposto de que os recursos da Defensoria seriam verbas do Estado ou da
União que apenas decide repassá-las ou não à Instituição, tal qual fosse uma “Secretaria” ou
“Ministério”. Isso, contudo, não é verdade. A EC 45/04 incluiu o § 2º ao art. 134 conferindo
autonomia para as Defensorias Públicas Estaduais. Veja o dispositivo que foi acrescentado:
Art. 134 (...)
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e
administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.

Essa autonomia já foi reconhecida pelo STF inúmeras vezes, como no exemplo abaixo:
(...) I – A EC 45/04 reforçou a autonomia funcional e administrativa às defensorias públicas
estaduais, ao assegurar-lhes a iniciativa para a propositura de seus orçamentos (art. 134, §
2º). II – Qualquer medida normativa que suprima essa autonomia da Defensoria Pública,
vinculando-a a outros Poderes, em especial ao Executivo, implicará violação à Constituição
Federal. (...) STF. Plenário. ADI 4056, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 07/03/2012.

Se você reparar bem, no entanto, verá que o § 2º somente fala em Defensorias Públicas Estaduais.
A Defensoria Pública da União e a Defensoria Pública do Distrito Federal não foram
contempladas, de modo que, mesmo após a EC 45/04, continuaram subordinadas ao Poder
Executivo. Essa injustificável distorção foi corrigida com a EC 74/13, que incluiu o § 3º ao art. 134
da CF com a seguinte redação:
Art. 134 (...)
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.

Dessa forma, a EC 74/13 conferiu, de forma indiscutível, autonomia à DPPF e à DPU.


A EC 80/14 reforçou ainda mais a autonomia da Instituição. Diante disso, atualmente é pacífico o
entendimento de que a Defensoria Pública não pode ser considerada como um mero órgão da
Administração Direta. A Defensoria Pública goza de autonomia funcional, administrativa e
orçamentária (art. 134, § 2º, da CF), o que a faz ter o status de órgão autônomo. Como órgão
autônomo, o repasse dos recursos destinados à Defensoria Pública, assim como ocorre com o
Judiciário, com o Legislativo e com o Ministério Público, é uma imposição constitucional,
devendo ser efetuada sob a forma de duodécimos, até o dia 20 de cada mês, conforme previsto no
art. 168 da CF. Nesse sentido decidiu o STF:
(...) 1. Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e
administrativa, bem como a prerrogativa de formulação de sua própria proposta
orçamentária (art. 134, § 2º, da CRFB/88), por força da Constituição da República, após a
Emenda Constitucional nº 45/2004. 2. O repasse dos recursos correspondentes destinados à
Defensoria Pública, ao Poder Judiciário, ao Poder Legislativo e ao Ministério Público sob a
forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês (art. 168 da CRFB/88) é imposição
constitucional; atuando o Executivo apenas como órgão arrecadador dos recursos
orçamentários, os quais, todavia, a ele não pertencem. 3. O repasse dos duodécimos das
verbas orçamentárias destinadas ao Poder Legislativo, ao Poder Judiciário, ao Ministério
Público e à Defensoria Pública quando retidos pelo Governado do Estado constitui prática
indevida em flagrante violação aos preceitos fundamentais esculpidos na CRFB/88. (...)
STF. Plenário. ADPF 339, Rel. Min. Luiz Fux, j. 18/5/16.

Assim, a Defensoria Pública possui orçamento próprio e autonomia para geri-lo. Dentro desse
contexto, revela-se incabível falar que existe confusão quando o Poder Público é condenado a
pagar honorários em favor da Instituição considerando que os recursos da Defensoria Pública
não se confundem com o do ente federativo.

Decisão do STF na AR 1937: Apesar de existirem inúmeras decisões do STF reconhecendo a


autonomia da Defensoria Pública, faltava analisar, de forma específica a questão dos honorários
de acordo com as emendas constitucionais acima mencionadas. Isso aconteceu agora no
julgamento da AR 1937 AgR. O STF decidiu que é possível sim a condenação da União a pagar
honorários advocatícios em favor da DPU, não havendo, no caso, confusão em virtude da
autonomia conferida à Instituição pelas emendas constitucionais 45/2004, 74/2013 e 80/2014. Veja
as palavras do Ministro Relator Gilmar Mendes:
“Percebe-se, portanto, que, após as Emendas Constitucionais 45/04, 74/13 e 80/14, houve mudança
da legislação correlata à Defensoria Pública da União, permitindo a condenação da União em
honorários advocatícios em demandas patrocinadas por aquela instituição de âmbito federal, diante
de sua autonomia funcional, administrativa e orçamentária, cuja constitucionalidade foi reconhecida
(...)”

Confira a ementa do julgado:


Agravo Regimental em Ação Rescisória. 2. Administrativo. Extensão a servidor civil do
índice de 28,86%, concedido aos militares. 3. Juizado Especial Federal. Cabimento de ação
rescisória. Preclusão. Competência e disciplina previstas constitucionalmente. Aplicação
analógica da Lei 9.099/95. Inviabilidade. Rejeição. 4. Matéria com repercussão geral
reconhecida e decidida após o julgamento da decisão rescindenda Súmula 343 STF.
Inaplicabilidade. Inovação em sede recursal. Descabimento. 5. Juros moratórios. Matéria
não arguida, em sede de recurso extraordinário, no processo de origem rescindido. Limites
do Juízo rescisório. 6. Honorários em favor da Defensoria Pública da União. Mesmo ente
público. Condenação. Possibilidade após EC 80/14. 7. Ausência de argumentos capazes de
infirmar a decisão agravada. Agravo a que se nega provimento. 8. Majoração dos
honorários advocatícios (art. 85, § 11, do CPC). 9. Agravo interno manifestamente
improcedente em votação unânime. Multa do art. 1.021, § 4º, do CPC, no percentual de 5%
do valor atualizado da causa. STF. Plenário. AR 1937 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.
30/06/17.

A decisão do STF foi tomada em um caso envolvendo DPU e União. Vale ressaltar, no entanto,
que o mesmo raciocínio pode ser perfeitamente aplicado para os casos envolvendo ações
patrocinadas pela Defensoria Pública estadual contra o Estado-membro. Importante esclarecer
que o valor dos honorários não é repassado para os Defensores Públicos, sendo repassado para
um Fundo destinado, exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria Pública e à capacitação
profissional de seus membros e servidores.

Panorama atual da jurisprudência: Em caso de ação patrocinada pela Defensoria Pública contra
o respectivo ente (ex: ação patrocinada pela DPU contra a União), caso o Poder Público seja
sucumbente, ele deverá pagar honorários advocatícios em favor da Instituição?

STJ: NÃO STF: SIM


Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não Após as ECs 45/2004, 74/2013 e 80/2014, passou
são devidos à Defensoria Pública quando ela a ser permitida a condenação do ente federativo
atua contra a pessoa jurídica de direito público à em honorários advocatícios em demandas
qual pertença. Também não são devidos patrocinadas pela Defensoria Pública, diante de
honorários advocatícios à Defensoria Pública autonomia funcional, administrativa e
quando ela atua contra pessoa jurídica de direito orçamentária da Instituição.
público que integra a mesma Fazenda Pública. STF. Plenário. AR 1937 AgR, Rel. Min. Gilmar
STJ. Corte Especial. REsp 1199715/RJ, Rel. Min. Mendes, j. 30/06/17.
Arnaldo Esteves Lima, j. 16/02/11.

Resta aguardar qual será o entendimento do STJ após este importante precedente do STF.

(PGEGO-2021-FCC): Lúcia ajuizou ação de indenização por danos morais contra o Estado de
Goiás em virtude do falecimento do seu filho, morto em incêndio ocorrido no estabelecimento
penal onde estava custodiado. Acolhendo integralmente o pedido, a sentença condenou-o ao
pagamento de importância líquida equivalente a mil salários mínimos. Nesse caso, a sentença não
deverá condenar o Estado ao pagamento de honorários advocatícios se autora tiver sido
patrocinada, durante todo o processo, pela Defensoria Pública do próprio Estado de Goiás,
conforme entendimento sumulado do STJ. BL: S. 421, STJ.

(DPEPE-2015-CESPE): Julgue o item a seguir, com base nas normas regentes da DP: Caso a DP do
estado de Pernambuco obtenha julgamento favorável em demanda contra o município de Recife, o
valor referente à condenação em honorários advocatícios deverá ser revertido àquela instituição.
BL: S. 421, STJ.

#Atenção: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua
contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença. No entanto, se for pessoa jurídica
DIVERSA (no caso em tela, MUNICÍPIO DE RECIFE) os referidos honorários serão devidos,
conforme entendimento do STJ.

(TJMG-2012-VUNESP): A Defensoria Pública pode ajuizar ação contra pessoa jurídica à qual se
encontra vinculada; nesta hipótese, contudo, não fará jus aos honorários advocatícios de
sucumbência. BL: S. 421, STJ (processo civil)

Súmula 420: INCABÍVEL, em EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA, discutir o valor de indenização


por danos morais. (DPESP-2010) (TJSP-2014) (TJRJ-2016)
Súmula 419: Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel. (TRF5-2009) (DPEMG-2019)

OBS: Importante. No mesmo sentido é a Súmula Vinculante 25 do STF, que deixa claro que não
se admite a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

O art. 5º, LXVII, da CF permite, em tese, duas espécies de prisão civil:


a) devedor de alimentos;
b) depositário infiel.

Veja:
"LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;".

Ocorre que o Brasil, por meio do Decreto 678/92, promulgou a Convenção Americana de Direitos
Humanos - CADH (Pacto de San José da Costa Rica). Segundo este tratado internacional, somente
é permitida uma espécie de prisão civil: a do devedor da obrigação alimentar (artigo 7º, § 7º).
Logo, a Convenção ampliou a garantia do cidadão e diante disso passou a ser proibida a prisão do
depositário infiel.

Súmula 418: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação. (CANCELADA)

OBS: Com a entrada em vigor do novo CPC ficou superada a súmula 418 do STJ. Isso porque o
CPC 2015 trouxe a seguinte regra:
Art. 1.024 (...) § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a
conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da
publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado
independentemente de ratificação.

No dia 01/07/2016, o STJ reconheceu que o entendimento exposto no enunciado estava superado
e cancelou formalmente a Súmula 418, aprovando, em substituição, a Súmula 579.

Súmula 417: Na execução civil, a PENHORA DE DINHEIRO na ordem de nomeação de bens NÃO
TEM caráter absoluto. (TJGO-2012) (DPERO-2012) (DPEPR-2012) (MPF-2012) (DPETO-2013) (TRT3-2013)
(TCECE-2015)

OBS: Importante. O CPC/2015 trouxe a seguinte regra, que não havia no Código passado:
Art. 835 (...) § 1° É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses,
alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.

Diante desta redação legal, alguns autores defendem que esta súmula deveria ser revista pelo STJ.
É o caso de Daniel Assumpção Neves, que sustenta que agora a preferência pela penhora em
dinheiro teria um caráter absoluto por imposição legal (NEVES, Daniel Assumpção Neves.
Manual de Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1164).

É preciso, no entanto, aguardar mais um pouco para saber qual será o entendimento do STJ
porque não é improvável que o Tribunal, mesmo com este novo dispositivo, continue entendendo
que não há caráter absoluto, mantendo-se a súmula. Fica, contudo, o alerta para discussão do tema
em uma eventual prova discursiva ou oral.

Súmula 416: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido
essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu
óbito. (DPU-2007) (TRF4-2009/2012) (TRF1-2009/2013) (TRF3-2013)

(TRF1-2009-CESPE): Maria, segurada obrigatória do RGPS, preenchia todos os requisitos para a


obtenção da aposentadoria por tempo de serviço, de acordo com as exigências previstas na Lei
8.213/91. Entretanto, no momento de requerer a aposentadoria, ela desistiu. Pouco tempo depois,
por não concordar mais com as ordens emitidas por seu empregador, Maria resolveu deixar o
emprego. Após 38 meses sem contribuir para a previdência social, Maria sofreu um ataque
cardíaco e faleceu, sem haver requerido aposentadoria. Nessa situação hipotética, com relação ao
benefício da pensão por morte, os dependentes de Maria terão direito de recebê-lo, pois Maria
havia preenchido todos os requisitos para requerer a aposentadoria por tempo de serviço. BL: S.
416, STJ.

Súmula 415: O PERÍODO DE SUSPENSÃO do prazo prescricional É REGULADO pelo máximo da


pena cominada. (DPECE-2008) (TJSC-2010) (MPES-2010) (MPAL-2012) (MPTO-2012) (TJAM-2013) (TJPR-2013)
(DPEAM-2013) (TJMT-2014) (TJCE-2014) (TJRJ-2014) (DPERS-2014) (Anal. Judic./TRF3-2014) (TJRR-2015) (MPDFT-
2015) (MPMS-2015) (TRF2-2011/2018) (MPMG-2011/2019) (DPESP-2015/2019) (TJAL-2019) (DPEDF-2019) (DPEMG-
2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (PCPR-2021)

OBS: Importante.

Se o acusado é citado por edital, mesmo assim o processo continua normalmente? O art. 366 do
CPP estabelece que:
- se o acusado for citado por edital e
- não comparecer ao processo nem constituir advogado
- o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.

Se o réu comparecer ao processo ou constituir advogado, o processo e o prazo prescricional


voltam a correr normalmente. O objetivo do art. 366 é garantir que o acusado que não foi
pessoalmente citado não seja julgado à revelia.

Produção antecipada de provas urgentes e prisão preventiva: O art. 366 do CPP afirma que se o
acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, o juiz poderá determinar:
a) a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
b) decretar prisão preventiva do acusado se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do
CPP (o simples fato do acusado não ter sido encontrado não é motivo suficiente para
decretar sua prisão preventiva).

Produção antecipada das provas consideradas urgentes: No caso do art. 366 do CPP, o juiz poderá
determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes. Para que o magistrado
realize a colheita antecipada das provas, exige-se que seja demonstrada a real necessidade da
medida. Assim, toda produção antecipada de provas realizada nos termos do art. 366 do CPP está
adstrita à sua necessidade concreta, devidamente fundamentada. Nesse sentido é o teor da
Súmula 455-STJ:
Súmula 455-STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no
artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o
mero decurso do tempo.

A oitiva de testemunhas pode ser considerada prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? Sim,
desde que as circunstâncias do caso concreto revelem a possibilidade concreta de perecimento. Ex:
a testemunha possui idade avançada e se encontra enferma, com possibilidade concreta de morte.

Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada a
sua oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com
inúmeras ocorrências e, se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse
argumento é aceito pela jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada
como prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? SIM. É a posição do STJ.
O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate à criminalidade
faz com que ele presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma
das ocorrências acabam se perdendo em sua memória. Essa peculiaridade justifica que os
policiais sejam ouvidos como produção antecipada da prova testemunhal, pois além da
proximidade temporal com a ocorrência dos fatos proporcionar uma maior fidelidade das
declarações, possibilita ainda o registro oficial da versão dos fatos vivenciados por ele, o
que terá grande relevância para a garantia da ampla defesa do acusado, caso a defesa
técnica repute necessária a repetição do seu depoimento por ocasião da retomada do curso
da ação penal. Nesse sentido: STJ. 6ª T. RHC 128.325/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 08/09/20.

O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos.
Exemplos:
- não admitindo: STF. 2ª T. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 3/11/15;
- admitindo: STF. 2ª T. HC 135386, Rel. Ricardo Lewandowski, Relator(a) p/ Acórdão:
Gilmar Mendes, j. 13/12/2016.
Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso? Pelo tempo de prescrição da pena
máxima em abstrato cominada ao crime. É o entendimento do STJ e do STF:
Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da
pena cominada.

Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes


previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período
de suspensão do prazo prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato
cominada ao crime, a despeito de o processo permanecer suspenso. STF. Plenário. RE
600851, Rel. Min. Edson Fachin, j. 04/12/20 (Repercussão Geral – Tema 438).

Para entender melhor isso, imagine a seguinte situação hipotética: "João" foi acusado de
estelionato (art. 171 do CP). O juiz recebeu a denúncia e determinou sua citação. Como "João" não
foi encontrado, realizou-se sua citação por edital. Citado por edital, "João" não compareceu ao
processo nem constituiu advogado. Logo, o juiz determinou a suspensão do processo e do curso
do prazo prescricional (art. 366 do CPP).

Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso?


 A pena do estelionato é de 1 a 5 anos.
 O prazo prescricional do estelionato, considerando o máximo da pena cominada
(imposta), é de 12 anos (art. 109, III, do CP).

Assim, o prazo prescricional neste processo de "João" ficará suspenso aguardando ele ser
encontrado pelo prazo de 12 anos.

Se, passados os 12 anos, ele não for localizado, o prazo prescricional volta a correr (o que é bom
para “João”).

Depois de 12 anos contados do dia em que o prazo prescricional voltou a tramitar , o juiz deverá
declarar a prescrição da pretensão punitiva.

Em suma, neste exemplo, para que ocorra a prescrição, deverão ser passados 24 anos: 12 anos em
que o prazo prescricional ficará suspenso e mais 12 anos que correspondem ao prazo para que a
prescrição ocorra.

Se o réu era menor que 21 anos ao tempo do crime, deverá ser aplicado o art. 115 do CP e este
prazo de suspensão ficará reduzido pela metade? SIM. Foi o que decidiu o STJ:
Constatado que o paciente tinha menos de 21 (vinte e um) anos de idade na data do fato
delituoso, aplica-se o redutor do prazo prescricional previsto no art. 115 do CP, inclusive
para a fixação do período máximo de suspensão do processo. STJ. 5ª T. HC 157.212/RS, Rel.
Min. Jorge Mussi, j. 09/11/10.

(DPESP-2019-FCC): Guilherme, à época com 19 anos de idade, foi denunciado como incurso no
delito de receptação simples (pena de 1 a 4 anos de reclusão) porque, no dia 30/09/10, teria
adquirido e estaria conduzindo um veículo, sabendo se tratar de produto de crime. Recebida a
denúncia em 15/11/10, foi determinada a citação do réu. Não tendo o réu sido localizado e nem
constituído advogado, o Juiz proferiu decisão, em 15/03/11, determinando a suspensão do
processo e do prazo prescricional. Em 10/08/17, Guilherme foi preso novamente e foi citado por
este feito, tendo sido revogada a suspensão do processo. Realizada audiência, foi proferida
sentença, publicada em 14/04/19, condenando Guilherme nos termos da denúncia à pena mínima
cominada ao delito. A sentença transitou em julgado para a acusação, tendo o réu interposto
recurso. De acordo com o posicionamento sumulado do STJ, a prescrição da pretensão punitiva
retroativa ocorreu em: 15/11/16. BL: art. 415, STJ.

#Atenção: O segredo da questão está em recordar que, segundo a Súmula 415 do STJ, “o período de
suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”. Nesse caso, se a pena
máxima é 4 anos (art. 109, V, CP), a prescrição ocorrerá em 8 anos, só que, pelo fato do réu ser
menor de 21 anos da data do fato, haverá a redução pela metade do prazo prescricional (art. 115,
CP). Nesse caso, o processo só poderá ficar suspenso por 4 anos. A suspensão se deu 15/03/11, e o
processo ficou suspenso até 15/03/15. A partir desta data, o prazo prescricional voltou a correr. A
questão pede a prescrição penal retroativa, a qual regula-se pela pena em concreto, qual seja, 1
ano. Pena de 1 ano prescreve em 4 anos. Ocorre que como o réu era menor de 21 anos na data do
fato, reduz-se à metade, ficando a prescrição de 2 anos (art. 115, CP). Essencial lembrar da
informação contida no início do enunciado de que entre a data do recebimento da denúncia e a
suspensão do processo passaram-se 4 meses, que não podem ser desconsiderados. Dessa forma, se
a prescrição baseada na pena em concreto é de 2 anos e já se passaram 4 meses, restam 1 ano e 8
meses para o juiz sentenciar. Sendo assim, a partir da data que a prescrição do processo voltou a
correr, que foi em 15/03/15, conta-se 1 ano e 8 meses, a prescrição punitiva retroativa ocorrerá em
15/11/16. Portanto, a análise da prescrição da pretensão punitiva na modalidade retroativa se dá
pela pena em concreto. Assim, a pena de um ano prescreveria em 04 anos, mas em razão da
redução dos prazos, a prescrição se deu em 02 anos. No entanto, há que se observar que quando
da suspensão do prazo prescricional, já havia passado 4 meses da data do recebimento da
denúncia (ultimo marco interruptivo da prescrição antes da sentença- art. 117, I, CP). Em outras
palavras, com a sentença, a prescrição, que estava sendo regulada pela pena em abstrato, passa a
ser regulada pela pena em concreto, fazendo com que a prescrição do delito ocorra em 2 anos, na
forma do art. 109, V, c/c 115, CP (não podemos esquecer que a prescrição reduz pela metade).
Assim, como já havia transcorrido 4 meses antes da suspensão do processo, para ocorrer a
prescrição retroativa é necessário que entre 15/03/15 (data em que voltou a correr o prazo
prescricional, em conformidade com a Súmula 415 do STJ) até 14/04/19 (data da sentença
condenatória) haja o transcurso de mais 20 meses para completar os 2 anos, o que vai ocorrer em
15/11/16 (15/03/15 a 15/11/16 = 20 meses). Portanto, ocorreu a prescrição retroativa em
15/11/16.

(MPMG-2019): Sobre a prescrição, marque a alternativa correta: O parâmetro para o limite da


suspensão do curso do prazo prescricional, em caso de suspensão do processo nos termos do art.
366 do CPP, é aquele determinado pelos incisos do art. 109 do CP, adotando-se o máximo da pena
abstratamente cominada ao delito. BL: S. 415, STJ.

#Atenção: Firmou-se a jurisprudência no sentido de que, em caso de citação por edital e


consequente aplicação do art. 366 do CPP, não se admite a suspensão da prescrição por tempo
indefinido, o que poderia configurar uma situação de imprescritibilidade. Assim, o processo e o
respectivo prazo prescricional devem permanecer suspensos pelo prazo máximo da pena
privativa de liberdade cominada em abstrato, na forma do art. 109 do CP. Esse é o entendimento
consagrado na Súmula 415 do STJ.

(TJRR-2015-FCC): Segundo entendimento sumulado dos Tribunais Superiores, o período de


suspensão do prazo prescricional, no caso do art. 366 do CPP, é regulado pelo máximo da pena
cominada. BL: S. 415, STJ.

#Atenção: Dois pontos importantes a se destacar: i) o processo não fica suspenso indefinidamente
e; ii) Caso haja suspensão não leva em consideração a pena mínima, senão a pena máxima
cominada.

(DPESP-2015-FCC): O réu foi denunciado por furto simples. Após a citação por edital, o processo
foi suspenso, com fulcro no art. 366 do CPP. Sabendo que o furto possui pena de 01 04 anos, e que
o prazo prescricional previsto para pena mínima é de 04 anos, enquanto para a máxima é de 08
anos, o prazo prescricional ficará suspenso por 8 anos. BL: S. 415, STJ.

(TJRJ-2014-VUNESP): De acordo com entendimento sumulado pelo STJ, a suspensão do prazo


prescricional na hipótese do acusado citado por edital que não comparece ao processo e nem
constitui defensor regula-se pelo máximo da pena cominada. BL: S. 415, STJ.

Súmula 414: A citação por edital na execução fiscal É CABÍVEL quando frustradas as demais
modalidades. (PGERS-2010) (PGEMT-2011) (DPERO-2012) (TJMA-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (PGEPI-2014)
(PGEAC-2014) (Anal. Judic./TRF3-2014) (TRF4-2010/2016) (PGESC-2018) (MPCE-2020)

OBS: Importante.

Para o STJ, existe uma ordem de prioridades na citação do executado na execução fiscal.
Inicialmente, deve-se tentar a citação pelo correio. Se não for possível, deve-se buscar a citação por
Oficial de Justiça. Caso esta também reste infrutífera, realiza-se a citação por edital.

Vale ressaltar, no entanto, que não é necessário o exaurimento de todos os meios para que o
Oficial de Justiça tente localizar o paradeiro do executado para se admitir a citação por edital. O
meirinho procura o devedor em seu domicílio fiscal e, se não o encontrar, a citação por edital é
possível.

(TRF4-2016): Acerca da execução fiscal, assinale a alternativa correta: Segundo a orientação do


STJ, a citação por edital, na execução fiscal, somente é cabível quando não exitosas as outras
modalidades de citação ali previstas: a citação por correio e a citação por oficial de justiça. BL: S.
414, STJ.

#Atenção: #STJ: #TRF4-2016: A Seção, ao julgar o recurso admitido na origem sob o regime do
art. 543-C do CPC e da Res. n. 8/08 do STJ, entendeu que, na execução fiscal, só é cabível a
citação por edital quando sem êxito as outras modalidades de citação previstas no art. 8º da Lei n.
6.830/80, quais sejam, a citação pelos Correios e a citação por oficial de justiça. Precedentes
citados: REsp 927.999-PE, DJe 25/11/08; REsp 930.059-PE, DJ 2/8/07; AgRg no REsp 781.933-MG,
DJe 10/11/08, e AgRg no REsp 1.054.410-SP, DJe 1º/9/2008. REsp 1.103.050-BA, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, j. 25/3/09.

Súmula 413: O farmacêutico pode acumular a responsabilidade técnica por uma farmácia e uma
drogaria ou por duas drogarias.

Súmula 412: A AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO de tarifas de água e esgoto SUJEITA-SE ao


prazo prescricional estabelecido no Código Civil. (TRF2-2009) (MPRR-2012) (TRF4-2012) (TJPB-2015) (MPF-
2013/2017) (TJSC-2017) (DPERS-2018) (MPGO-2019) (Aud. Fiscal-SEFAZ/RR-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/PE-2022)

OBS: O prazo prescricional para as ações de repetição de indébito relativo às tarifas de serviços de
água e esgoto cobradas indevidamente é de:
a) 20 (vinte) anos, na forma do art. 177 do Código Civil de 1916; ou
b) 10 (dez) anos, tal como previsto no art. 205 do Código Civil de 2002, observando-se a
regra de direito intertemporal, estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de 2002.

STJ. 1ª S. REsp 1.532.514-SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 10/5/17 (recurso repetitivo) (Info 603).

(MPGO-2019): No âmbito do Direito do Consumidor (Lei 8.078/90), assinale a alternativa que está
de acordo com posicionamento dominante no âmbito do STJ: A ação de repetição de indébito de
tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. BL: S. 412,
STJ.

(TJSC-2017-FCC): Acerca dos prazos prescricionais em matérias referentes à atividade


administrativa, segundo a jurisprudência dominante do STJ, aplica-se o prazo prescricional
estabelecido no Código Civil para as ações de repetição de indébito referentes a tarifas cobradas
por empresas concessionárias de serviços públicos. BL: S. 412, STJ.

Súmula 411: É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu
aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. (AGU-2010) (TRF5-2013) (TRF4-2014) (MPF-
2017)

OBS: Assim, apesar da Súmula 411 do STJ não falar expressamente em “demora” (mora) este
enunciado é aplicado por analogia também para os casos em que o Fisco aceita prontamente o
pedido de aproveitamento ou restituição, mas demora injustificadamente para efetivar na prática.
Nesse sentido: STJ. 2ª T. AgRg no AgRg no REsp 1466507/RS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 19/5/15).

(TRF4-2014): Considerando a jurisprudência do STJ, assinale a alternativa correta: Ressalvada a


hipótese de resistência da Administração Tributária, não incide correção monetária sobre os
créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos
escriturais), por ausência de previsão legal. BL: S. 411, STJ.

#Atenção: #STJ: A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio
constitucional da não-cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. A
oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito
de crédito oriundo da aplicação do princípio da não-cumulatividade, descaracteriza referido
crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em
sua escrita contábil. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte
a socorrer-se do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito
pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. Consectariamente, ocorrendo a vedação
ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, posterga-se o
reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizá-los
monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco. STJ. 1ª S. REsp 1035847/RS, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 24/06/09. Desse modo, é devida a correção monetária dos créditos escriturais de
IPI, nos casos em que o direito ao creditamento não foi exercido no momento oportuno em razão
de óbice normativo instituído pelo Fisco. Portanto, perceba que a 1ª Seção do STJ, no julgamento
do REsp 1.035.847/RS, sob o rito do art. 543-C do CPC/73, citado acima, firmou entendimento no
sentido de que o crédito presumido de IPI enseja correção monetária quando o gozo do
creditamento é obstaculizado pelo fisco, entendimento depois cristalizado na Súmula 411/STJ.
Vejamos o teor do Tema 164 (recurso repetitivo): “É devida a correção monetária sobre o valor
referente a créditos de IPI admitidos extemporaneamente pelo Fisco.”

Súmula 410: A prévia intimação pessoal do devedor CONSTITUI CONDIÇÃO NECESSÁRIA


para a cobrança de MULTA pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. (TJCE-2012)
(TRF5-2015) (TJAM-2016) (TJGO-2021) (DPERJ-2021)

OBS: Polêmica.

Para a doutrina majoritária, a Súmula 410 do STJ está superada com o CPC/15. Isso porque o § 2º
do art. 513 trata da intimação do devedor para cumprir a sentença e não exige que essa
intimação seja pessoal. Veja:
Art. 513 (...) § 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou
quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246, não tiver procurador
constituído nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de
conhecimento.

Nesse sentido: NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Salvador:
Juspodivm, p. 1202.

Ocorre que, para o STJ, a súmula continua válida. O STJ possui precedentes no sentido de que,
mesmo com a entrada do novo CPC, a prévia intimação pessoal do devedor constitui condição
necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer: STJ.
4ª T. AgInt no REsp 1726817/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 4/9/18.

Súmula 409: Em EXECUÇÃO FISCAL, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação PODE
SER DECRETADA de ofício (art. 219, § 5º, do CPC). (AGU-2010) (DPEAM-2011) (PGEMT-2011) (DPERO-
2012) (DPETO-2013) (TJDFT-2014) (TJGO-2015) (TJSE-2015) (PGERS-2015) (Proc./ALERJ-2017) (TJSP-2014/2018)
(PGESC-2018) (Cartórios/TJGO-2021)

OBS: Importante.
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
II - decidir, de oficio ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

(TJSE-2015-FCC): De acordo com jurisprudência dominante do STJ, em execução fiscal, a


prescrição ocorrida antes da propositura da ação, pode ser decretada de ofício,
independentemente da oitiva prévia da Fazenda Pública. BL: S. 409, STJ.

#Atenção: #STJ: TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. PRESCRIÇÃO.


DECLARAÇÃO DE OFÍCIO. VIABILIDADE. 1. Em execução  fiscal, a prescrição ocorrida antes
da propositura da ação  pode ser decretada de ofício, com base no art. 219, § 5º do CPC (redação
da Lei 11.051⁄04), INDEPENDENTEMENTE DA PRÉVIA OUVIDA DA FAZENDA PÚBLICA.
O regime do § 4º do art. 40 da Lei 6.830⁄80, que exige essa providência prévia, somente se aplica às
hipóteses de prescrição intercorrente nele indicadas. Precedentes de ambas as Turmas da 1ª
Seção. (REsp Nº. 1.100.156 - RJ - 2008⁄0234342-2)

(TJGO-2015-FCC): Estando o crédito tributário objeto de execução fiscal prescrito, é correto


afirmar que pode ser reconhecida de ofício de pelo juiz, extinguindo-se a execução fiscal. BL: S.
409, STJ.

Súmula 408: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida
Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de
então, em 12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal. (CANCELADA)

OBS: Segundo o
Segundo afirmou o STJ:
Cancelamento da Súmula 408/STJ, por despicienda a convivência do enunciado com tese
repetitiva dispondo sobre a mesma questão (Tese 126/STJ). Providência de simplificação
da prestação jurisdicional. STJ. 1ª S. PET 12344, Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/10/20.

E qual é a Tese 126 do STJ? A atual redação é a seguinte:


O índice de juros compensatórios na desapropriação direta ou indireta é de 12% até 11.6.97,
data anterior à publicação da MP 1577/97. STJ. 1ª S. PET 12344, Rel. Min. Og Fernandes, j.
28/10/20.

Vale ressaltar que, mesmo antes do cancelamento acima explicado, as súmulas 618-STF e 408-STJ
já haviam sido superadas com a decisão do STF na ADI 2332/DF. Entenda:

Juros compensatórios na desapropriação: O juiz pode autorizar que, antes de a ação de


desapropriação chegar ao fim, o Poder Público já assuma a posse do bem desapropriado. A isso se
chama de imissão provisória na posse. Ocorre que, se o valor da indenização fixada na sentença
for maior do que a quantia oferecida pelo Poder Público, isso significa que o proprietário do bem
estava certo ao questionar esse valor e que ele foi “injustamente” retirado prematuramente da
posse de seu bem. Digo “injustamente” porque o valor oferecido era menor realmente do que o
preço devido.
Assim, a legislação, como forma de compensar essa perda antecipada do bem, prevê que o
expropriante deverá pagar juros compensatórios ao expropriado. Desse modo, os juros
compensatórios na desapropriação são aqueles fixados com o objetivo de compensar o
proprietário em razão da ocorrência de imissão provisória na posse.

Qual é a taxa dos juros compensatórios? É importante, no entanto, fazermos um breve histórico
sobre o tema:
 1941: na redação original do DL 3.365/41 não havia previsão do pagamento de juros
compensatórios nos casos de imissão provisória na posse do bem expropriado;
 1963: o STF, por criação jurisprudencial, entende que devem ser pagos juros compensatórios
e edita a Súmula 164 com a seguinte redação: “No processo de desapropriação, são devidos
juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de
urgência.”. Como não havia um percentual previsto no DL 3.365/41, a jurisprudência
entendeu àquela época que o percentual dos juros compensatórios deveria ser fixado em 6%
ao ano, com base no Código Civil de 1916.
 1984: o Brasil vivia um cenário de inflação crônica com a perda do poder aquisitivo da
moeda sem que existissem mecanismos de correção monetária. Tudo isso, aliado à excessiva
demora dos processos de desapropriação, bem como a disposição da Lei da Usura que limita a
taxa de juros ao dobro da legalmente prevista, levaram o STF a modificar a jurisprudência e
passar a entender que os juros deveriam ser fixados em 12% ao ano, correspondente ao dobro
dos juros legais do Código Civil de 1916. Foi, então, editada a Súmula 618, com a seguinte
redação: “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12%
(doze por cento) ao ano.”
 1997 (11/06/97): o Governo editou a MP 1.577/97 reduzindo os juros compensatórios para 6%
ao ano. Nas sucessivas edições da Medida Provisória até chegar à MP 2.183-56, a redação foi
alterada para estabelecer a taxa em “até 6%”, além do ônus do proprietário de provar a perda
da renda sobre o imóvel como condição para o deferimento do pagamento dos juros
compensatórios e afastar o pagamento quando o grau de utilização e eficiência na exploração
da propriedade forem iguais a zero.
 2001: o STF concedeu medida liminar nesta ADI 2332/DF declarando inconstitucional a
redução dos juros para 6% e determinando a volta da taxa fixa para 12% . A decisão do STF
foi publicada em 13/09/01. Vale ressaltar, no entanto, que essa decisão do STF foi ex nunc
(para frente). Assim, a MP 1.577/97 produziu efeitos no período de 11/06/97 a 13/09/01. Neste
período, a taxa de juros foi de 6%, voltando a 12% após a decisão liminar do STF na ADI
2332/DF. Na mesma decisão foi suspensa a eficácia dos §§1º e 2º do art. 15-A, que tratam das
condicionantes para incidência de juros compensatórios (comprovação de perda de renda e
grau de utilização).
Qual foi o novo “capítulo” desse enredo? O STF julgou o mérito da ADI 2332/DF e resolveu
alterar a decisão liminar que havia tomado em 2001. Agora, em 2018, o STF, ao julgar em
definitivo a ADI 2332/DF, decidiu que é constitucional o percentual fixo de 6% previsto no art.
15-A do DL 3.365/41. Veja a redação do dispositivo:
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou
utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos
em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor
da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de
juros compostos. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)

Assim, o Plenário do STF reconheceu a constitucionalidade do percentual de juros


compensatórios de 6% ao ano para remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente
público na posse de seu bem previsto no art. 15-A do DL 3.365/41. STF. Plenário. ADI 2332/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, j. 17/5/18 (Info 902).

Súmula 407: É LEGÍTIMA a COBRANÇA DA TARIFA DE ÁGUA FIXADA de acordo com as


categorias de usuários e as faixas de consumo. (MPSE-2010) (PCPA-2016) (TRF2-2013/2017) (TRF5-2013/2017)
(MPF-2017) (MPBA-2018) (TRF3-2018) (TJBA-2019)

(TJBA-2019-CESPE): O fornecimento de água poderá gerar cobrança distinta de acordo com as


categorias de usuários e faixas de consumo. BL: S. 407, STJ.

Súmula 406: A Fazenda Pública PODE RECUSAR a substituição do bem penhorado POR
PRECATÓRIO. (PGEMT-2011) (Cartórios/TJPE-2013) (PGEAC-2014) (PGEPI-2014) (PGM-BH/MG-2017) (PGEMS-
2021) (PGM-Florianópolis/SC-2022)

OBS: Importante. Existe a possibilidade de que o bem do devedor que foi penhorado em uma
execução fiscal seja substituído por um precatório do qual o executado seja credor.

Ex: João é réu em uma execução fiscal proposta pela União. O automóvel do devedor foi
penhorado. Ocorre que João possui um precatório de 100 mil reais para receber da União. Assim, é
juridicamente possível que a penhora incidente sobre o carro seja substituída pela penhora desse
precatório, liberando o veículo.

Ocorre que, para isso acontecer, é necessário que a Fazenda Pública concorde. Isso porque existe
uma ordem legal de preferência para a penhora, instituída pelo art. 11 da Lei nº 6.830/1980 e que
deve ser respeitada.

A penhora de créditos decorrentes de precatório não equivale a dinheiro (inciso I) ou a fiança


bancária. Consiste em uma penhora que incide sobre um direito creditório, estando, portanto, no
último lugar da lista acima (inciso VIII).

Logo, a Fazenda Pública possui amparo legal para recusar a substituição da penhora.

Súmula 405: A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos. (TJPR-2014)

Súmula 404: É DISPENSÁVEL o AVISO DE RECEBIMENTO (AR) na carta de comunicação ao


consumidor sobre a NEGATIVAÇÃO DE SEU NOME em bancos de dados e cadastros. (TJBA-2012)
(TJCE-2012) (TJAC-2012) (MPPI-2012) (MPRR-2012) (DPEES-2012) (DPEMS-2012) (TJSC-2013) (TRF2-2013)
(Cartórios/TJPI-2013) (DPERN-2015) (MPSC-2016) (TJDFT-2016) (MPF-2012/2017) (MPPR-2017) (MPRO-2017)
(DPERO-2017) (TJMT-2018) (MPBA-2018) (TJPA-2019) (MPGO-2019) (TJSP-2015/2021) (TJRS-2022) (DPECE-2022)
(TJDFT-2012/2023)

OBS: Importante. Como vimos acima, cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao
crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição.

Como é comprovada essa notificação prévia? Exige-se prova de que o consumidor tenha
efetivamente recebido a notificação? NÃO. Basta que seja provado que foi enviada uma
correspondência ao endereço do consumidor notificando-o quanto à inscrição de seu nome no
respectivo cadastro, sendo desnecessário aviso de recebimento (AR).

(TJDFT-2023-CESPE): Tendo em vista as práticas comerciais disciplinadas pelo CDC e a


jurisprudência do STJ, assinale a opção correta a respeito da cobrança de dívidas: O aviso de
recebimento na carta de comunicação ao consumidor, no que se refere à negativação de seu nome
em bancos de dados e cadastros, é dispensável. BL: S. 404, STJ.

(DPECE-2022-FCC): De acordo com o posicionamento sumular do STJ a respeito de banco de


dados e cadastros de consumidores, é prescindível o aviso de recebimento (AR) na
correspondência de comunicação ao consumidor acerca da negativação de seu nome em bancos de
dados e cadastros. BL: S. 404, STJ.

(TJSP-2015-VUNESP): Na comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em


bancos de dados e cadastros de inadimplentes é dispensável o aviso de recepção. BL: S. 404, STJ.

(DPERN-2015-CESPE): A comprovação da postagem de correspondência notificando o


consumidor da inscrição de seu nome em cadastro de inadimplência é bastante para atender ao
disposto no CDC no tocante ao direito de acesso a informação que lhe diga respeito, sendo
desnecessário, nesses casos, o aviso de recebimento. BL: S. 404, STJ.

Súmula 403: INDEPENDE de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de
imagem de pessoa COM FINS ECONÔMICOS ou COMERCIAIS. (MPPI-2012) (MPRR-2012) (DPEPR-
2012) (Cartórios/TJPI-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (PGDF-2013) (TJSP-2015) (TRT2-2015) (TRT21-2015) (TRF4-2016)
(DPU-2017) (PGM-Marília/SP-2017) (PGESC-2018) (Anal./MPU-2018) (MPMG-2019) (Cartórios/TJAL-2019) (MPT-
2020) (TJPR-2021) (DPEAM-2021) (PCMS-2021) (TCDF-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/CE-2021) (MPF-2013/2017/2022)
(PGERR-2023) (TCERJ-2023)

(DPEAM-2021-FCC): Juliana publicou em sua rede social relatos e fotos da rotina de exercícios
físicos e regime que a fizeram perder 26 quilos. A rede social era aberta ao público e Juliana reunia
mais de 100 mil seguidores. Contudo, Juliana foi surpreendida ao verificar que sua imagem estava
sendo veiculada em publicidades por uma empresa que vendia remédios de emagrecimento. De
acordo com entendimento do STJ, a indenização pela publicação não autorizada de sua imagem
para fins econômicos e comerciais independe da prova de prejuízo. BL: S. 403, STJ.

(TJPR-2021-FGV): Ana teve a sua fotografia estampada em uma revista. A matéria elogiava as
suas qualidades físicas e morais, mas não houve autorização por parte da retratada. Diante dessa
situação, Ana pleiteia em juízo compensação pecuniária por dano moral. O pedido deve ser
julgado: procedente, pois a imagem foi utilizada sem autorização e há finalidade econômica. BL:
S. 403, STJ e Enunc. 587, CJF.

#Atenção: O uso da imagem sem autorização gera danos, ainda que não seja ofensiva. O dano é a
própria utilização indevida da imagem com fins lucrativos, não sendo necessária a demonstração
do prejuízo material ou moral. Tratando-se de direito à imagem, a obrigação de reparar decorre do
próprio uso indevido do direito personalíssimo (REsp 267.529). O julgado acima e outros
precedentes geraram a edição da Súmula 403 pelo STJ, em novembro de 2009. No âmbito
doutrinário, confirmando o teor da súmula, cite-se proposta aprovada na VII Jornada de Direito
Civil, evento promovido pelo Conselho da Justiça Federal em setembro de 2015, segundo o qual, o
dano à imagem restará configurado quando presente a utilização indevida desse bem jurídico,
independentemente da concomitante lesão a outro direito da personalidade, sendo dispensável a
prova do prejuízo do lesado ou do lucro do ofensor para a caracterização do dano, por se tratar de
modalidade in re ipsa (Enunciado n. 587).

(MPF-2017): Em matéria de direitos da personalidade, é correto afirmar que os danos morais por
violação ao direito de imagem decorrem diretamente do seu uso indevido, sendo prescindível a
comprovação de outros prejuízos. BL: S. 403, STJ e do Enunciado 587, CJF.

(PGM-Marília/SP-2017-VUNESP): Um homem foi preso em flagrante delito acusado de molestar


sexualmente uma mulher dentro de um ônibus. José, repórter, fotografou o suspeito, visando
publicar uma matéria sobre o caso em sua coluna diária, em um periódico de circulação nacional,
denominado Diário da Manhã. Entretanto, José estava também trabalhando em outra matéria,
sobre jovens talentos do mundo corporativo, ocasião em que entrevistou e fotografou Joaquim,
diretor no Brasil de uma multinacional do mercado financeiro. Quando da edição do jornal, por
engano, ao elaborar a matéria sobre o acusado de molestar a mulher no ônibus, José publicou a
foto de Joaquim, ao invés da foto do suspeito. Na edição seguinte do Jornal, foi publicada uma
“errata” e retirada a foto indevidamente publicada. Joaquim, apesar de não ter tido qualquer
prejuízo patrimonial direto em decorrência da publicação, decidiu buscar uma indenização
perante o Poder Judiciário. Conforme disciplina constante da legislação civil, bem como de acordo
com a Jurisprudência do STJ, Joaquim poderá obter indenização por danos morais, não havendo
necessidade de comprovar o prejuízo sofrido, tendo em vista que o dano moral é in re ipsa. A
responsabilidade será do jornalista José, bem como da empresa jornalística Diário da Manhã. BL:
Súmulas 221 e 403 do STJ e Enunciado 587 do CJF.

#Atenção: Enunciado 587 do CJF: O dano à imagem restará configurado quando presente a
utilização indevida desse bem jurídico, independentemente da concomitante lesão a outro direito
da personalidade, sendo dispensável a prova do prejuízo do lesado ou do lucro do ofensor para a
caracterização do referido dano, por se tratar de modalidade de dano in re ipsa.

#Atenção: Cuidado com o julgado veiculado no Info 621 do STJ:


Ação de indenização proposta por ex-goleiro do Santos em virtude da veiculação indireta
de sua imagem (por ator profissional contratado), sem prévia autorização, em cenas do
documentário “Pelé Eterno”. O autor alegou que a simples utilização não autorizada de
sua imagem, ainda que de forma indireta, geraria direito a indenização por danos morais,
independentemente de efetivo prejuízo. O STJ não concordou. A representação cênica de
episódio histórico em obra audiovisual biográfica não depende da concessão de prévia
autorização de terceiros ali representados como coadjuvantes. O STF, no julgamento da
ADI 4.815/DF, afirmou que é inexigível a autorização de pessoa biografada relativamente a
obras biográficas literárias ou audiovisuais bem como desnecessária a autorização de
pessoas nelas retratadas como coadjuvantes. A Súmula 403/STJ é inaplicável às hipóteses
de representação da imagem de pessoa como coadjuvante em obra biográfica
audiovisual que tem por objeto a história profissional de terceiro. STJ. 3ª Turma. REsp
1454016-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j.
12/12/17 (Info 621).43

OBS: Cuidado com o julgado veiculado no Info 614 do STJ:


A Súmula 403 do STJ é inaplicável às hipóteses de divulgação de imagem vinculada a
fato histórico de repercussão social. Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a
indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais. Caso concreto: a TV Record exibiu reportagem sobre o assassinato da atriz
Daniela Perez, tendo realizado, inclusive, uma entrevista com Guilherme de Pádua,
condenado pelo homicídio. Foram exibidas, sem prévia autorização da família, fotos da
vítima Daniela. O STJ entendeu que, como havia relevância nacional na reportagem, não
se aplica a Súmula 403 do STJ, não havendo direito à indenização. STJ. 3ª T. REsp
1.631.329-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, j.
24/10/17 (Info 614).

A presente situação enquadra-se na hipótese da Súmula 403 do STJ, gerando direito à


indenização? A veiculação não autorizada da imagem da filha da autora em programa televisivo
configura dano moral indenizável, além de ensejar a reparação por danos materiais, haja vista o
caráter comercial da reportagem? NÃO. A sociedade possui o direito à memória em relação a
fatos históricos de repercussão social. Ao resgatar um fato histórico de repercussão social, a
atividade jornalística reforça a promessa em sociedade de que não queremos outros episódios de
dor e sofrimento, de que precisamos superar, em todos os tempos, a injustiça e a intolerância.
Registre-se que eventual abuso na transmissão do fato, cometido, entre outras formas, por meio
de um desvirtuado destaque da intimidade da vítima ou do agressor, deve ser objeto de
controle sancionador. Essa sanção, contudo, somente deve ocorrer em caso de abuso do direito e
não pelo simples fato de ser divulgado um fato histórico.

Súmula 402: O contrato de seguro por danos pessoais COMPREENDE os DANOS MORAIS, salvo
cláusula expressa de exclusão. (TJDFT-2012) (TJMS-2012) (MPRR-2012) (TJSC-2013) (Cartórios/TJDFT-2014)
(TRT2-2015) (TRF3-2016) (TJPA-2019) (TJGO-2021) (TJAP-2022) (TJSP-2023)

(TJPA-2019-CESPE): Considerando os entendimentos firmados em enunciados sumulares do STJ


acerca de contratos e responsabilidade civil, assinale a opção correta: Em regra, os contratos de
seguro por danos pessoais abrangem danos morais. BL: S. 402, STJ.

43
#Atenção: Tema cobrado na prova do MPMS-2018.
Súmula 401: O prazo decadencial da AÇÃO RESCISÓRIA SÓ SE INICIA quando NÃO FOR
CABÍVEL QUALQUER RECURSO do último pronunciamento judicial. (DPEAM-2011) (MPPR-2011)
(PGERS-2011) (TJDFT-2012) (DPERO-2012) (PFN-2012) (MPF-2012) (DPEPR-2014) (MPSC-2014) (MPRS-2014)
(PGEPI-2014) (TCEPB-2014) (TJSP-2014/2015) (TJPE-2015) (DPESP-2015) (PGEPA-2015) (PGM-Salvador/BA-2015)
(Cartórios/TJMG-2015)

OBS: Novo CPC traz regra que reafirma esta súmula: "Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2
(dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo."

Súmula 400: O encargo de 20% previsto no DL n. 1.025/1969 é exigível na execução fiscal proposta
contra a massa falida.

Súmula 399: CABE à LEGISLAÇÃO MUNICIPAL ESTABELECER o sujeito passivo do IPTU.


(DPU-2010) (TJMG-2012) (TJPA-2012) (Cartórios/TJDFT-2014) (PGM-Recife/PE-2014) (TJRS-2018) (Cartórios/TJMG-
2018) (TJRO-2019) (MPSC-2019) (PGM-POA/RS-2022)

(TJMG-2012-VUNESP): Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU. BL: S.


399, STJ.

#Atenção: “(...) Como decorrência do artigo 146, III, a, da Constituição Federal, cabe exclusivamente à lei
complementar de caráter nacional a definição dos contribuintes dos impostos discriminados no texto
constitucional. Todavia, no caso do IPTU, o contribuinte foi definido de forma alternativa pelo CTN (...).
Assim, é exclusiva e excepcionalmente em face de tal alternatividade definida na lei nacional que pode ser
enxergada a possibilidade de a legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU, conforme
sumulado.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 14ª Ed. Editora Juspodivm. 2020. p. 777).

Súmula 398: A prescrição da ação para pleitear os juros progressivos sobre os saldos de conta
vinculada do FGTS não atinge o fundo de direito, limitando-se às parcelas vencidas.

Súmula 397: O contribuinte do IPTU É NOTIFICADO do lançamento pelo envio do carnê ao seu
endereço. (TJMA-2013) (TJPE-2015) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (DPEAP-2018) (TCERJ-2021) (TJAP-2022) (PGM-
Florianópolis/SC-2022)

Súmula 396: A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da
contribuição sindical rural.

OBS: Perdeu a relevância. Isso porque a Lei 13.467/17, conhecida como “Reforma Trabalhista”,
alterou os dispositivos da CLT que tratavam sobre a contribuição sindical com o objetivo de fazer
com que ela deixasse de ser compulsória e passasse a ser facultativa.

Súmula 395: O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal . (PGERS-
2010/2015)

Súmula 394: É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda


retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual . (TJSC-
2013) (TRF5-2013) (PCPE-2016)

Súmula 393: A EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE É ADMISSÍVEL na execução fiscal


relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. (TRF4-
2009/2010) (AGU-2010) (TJRJ-2011) (MPPI-2012) (PGESP-2012) (TJSC-2013) (TRF5-2013) (TRT3-2013) (PGEAC-2014)
(PGEPI-2014) (PGEMS-2016) (TRF2-2017) (PGESP-2009/2012/2018) (PGESC-2018) (PCMA-2018) (PGM-Campo
Grande/MS-2019) (PGM-Curitiba/PR-2019) (TJMS-2020) (PGEGO-2010/2021) (PGERS-2010/2021) (PGECE-2021)
(TJAP-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022)

(TJAP-2022-FGV): José teve o único imóvel de sua propriedade, em que reside, penhorado por
ordem judicial, em execução fiscal ajuizada em 2021 referente a dívidas de IPTU incidentes sobre
tal imóvel. Passados 60 dias da intimação da penhora, José encontra enfim os comprovantes de
pagamento dos IPTUs referentes aos anos de 2018 e 2019 que estavam sendo cobrados, e deseja
apresentá-los em juízo. Diante desse cenário, José poderá apresentar: exceção de pré-
executividade, pois o pagamento pode ser comprovado documentalmente de plano. BL: S. 393,
STJ.

(PGESP-2018-VUNESP): Em execução fiscal, Antônio, sócio-gerente de empresa contribuinte


encerrada de forma irregular, é responsabilizado, nos termos do art. 135, III, do CTN, por crédito
tributário, cujo fato gerador ocorrera quatro anos antes da citação pessoal de Antônio. Como
defesa, Antônio aduz, em exceção de pré-executividade, que o inadimplemento do crédito
tributário exequendo não decorreu de fato que lhe pudesse ser imputado. Com base na
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que a exceção de pré-
executividade não é cabível, pois tem por causa matéria de fato, insuscetível de conhecimento de
ofício pelo juiz, demandando prova que não pode ser produzida pelo meio processual
utilizado. BL: S. 393, STJ.

Súmula 392: A Fazenda Pública PODE SUBSTITUIR a CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA) até
a prolação da sentença de embargos, quando SE TRATAR de correção de erro material ou formal,
VEDADA a modificação do sujeito passivo da execução. (MPRO-2010) (PGEGO-2010) (TJPB-2011)
(DPEAM-2011) (DPERS-2011) (PGERS-2011) (TJPA-2012) (MPPI-2012) (MPSC-2012) (TJSC-2009/2010/2013)
(Cartórios/TJPE-2013) (TRF5-2013) (AGU-2013) (TJDFT-2014) (PGEAC-2014) (PGEMS-2014) (PGERN-2014) (PFN-
2012/2015) (PGESC-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (Cartórios/TJMG-2015/2019) (Aud. Fiscal-SEFAZ/DF-2020)
(PCECE-2008/2021) (PGEAL-2021) (PGEPB-2021) (PCRO-2022)

(PGEAL-2021-CESPE): Um procurador de estado verificou erro na certidão de dívida ativa (CDA)


que havia instruído o executivo fiscal e, visando corrigir o equívoco observado, propôs a
substituição da CDA. Nessa situação hipotética, conforme a Lei 6.830/80 e a jurisprudência do
STJ, é possível a substituição da CDA com a finalidade de corrigir o número do processo
administrativo ou do auto de infração até a decisão em primeira instância. BL: art. 2º, §5º, VI e
§8º, LEF44 e S. 392, STJ.

(PGEPB-2021-CESPE): No âmbito de uma execução fiscal por dívida tributária, restando


constatada a existência de erro material e não havendo modificação do sujeito passivo, entende o
STJ que a certidão de dívida ativa pode ser substituída até a prolação da sentença de embargos,
assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos. BL: art. 203, CTN45 e art. 2º, §8º,
LEF e S. 392, STJ.

(PGERN-2014-FCC): A empresa “QTN Ltda” opôs embargos à execução fiscal alegando que, na
certidão de dívida ativa que a instrui, houve erro material na grafia de seu nome, que seria, na
verdade “QTRN Ltda”. Em impugnação, o Estado requereu a substituição da certidão de dívida
ativa, com a correção do erro material. Instada a se manifestar, a empresa não concordou com o
pedido. De acordo com Súmula do STJ, o pedido do Estado deverá ser deferido, pois a certidão de
dívida ativa pode ser substituída, para correção de erro material ou formal, até a prolação da
sentença de embargos, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. BL: S. 392, STJ.

(DPERS-2011-FCC): Determinado Município ajuizou execução fiscal em relação a certo


contribuinte. A Certidão de Dívida Ativa (CDA), que instruiu a inicial da execução, continha erro
quanto ao nome do sujeito passivo, consistente no fato de que a pessoa, cujo nome constava na
CDA, como sujeito passivo, não era a devedora do crédito tributário em execução, o qual era
devido por outra pessoa, diversa daquela nominada na CDA que instruiu a inicial. Houve
embargos à execução e, antes da sentença, o juiz da execução possibilitou à Fazenda que
substituísse a CDA, sanando-se assim a irregularidade. Dada vista ao antigo e ao novo sujeito
passivo agora apontado na CDA que veio aos autos em substituição à originária, este sustentou
que a substituição da CDA não era possível nesse caso. Considerando essas circunstâncias e a

44
Art. 2º. (...). § 5º. O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter: VI - o número do processo
administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida. (...) § 8º. Até a decisão de
primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao
executado a devolução do prazo para embargos.
45
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são
causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser
sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito
passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.
atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a substituição da CDA não era possível, pois,
nos casos em que há troca do sujeito passivo da obrigação tributária, a nulidade não pode ser
sanada, visto que nessa hipótese trata-se de alteração do lançamento e não de simples erro formal
ou material. BL: art. 203, CTN e S. 392, STJ.

Súmula 391: O ICMS INCIDE sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à
demanda de potência efetivamente utilizada . (PGEPA-2012) (TJMA-2013) (TJRN-2013) (DPESP-2015) (TJSP-
2018)

OBS: 1) O consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa para propor ação


declaratória cumulada com repetição de indébito que tenha por escopo afastar a incidência de
ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada de energia elétrica. 2) O usuário do serviço
de energia elétrica (consumidor em operação interna), na condição de contribuinte de fato é parte
legítima para discutir pedido de compensação do ICMS supostamente pago a maior no regime de
substituição tributária. STJ. 1ª T. AgRg nos EDcl no REsp 1269424-SC, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, j. 23/10/12. STJ. 2ª T. AgRg no RMS 28044-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j.
13/11/12.

(TJSP-2018-VUNESP): Com relação ao ICMS incidente sobre a demanda de energia elétrica, é


correto afirmar que, de acordo com o entendimento consolidado do STJ, o imposto incide apenas
sobre o valor correspondente à demanda efetivamente utilizada. BL: S. 391, STJ.

Súmula 390: Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos
infringentes. (SUPERADA)

Súmula 389: A comprovação do pagamento do “CUSTO DO SERVIÇO” referente ao fornecimento


de certidão de assentamentos constantes dos livros da companhia É REQUISITO DE
PROCEDIBILIDADE da ação de exibição de documentos ajuizada em face da sociedade anônima.
(TJDFT-2015)

Súmula 388: A simples devolução indevida de cheque CARACTERIZA DANO MORAL. (TJRS-
2012) (TJCE-2012) (MPPI-2012) (AGU-2012) (TJDFT-2011/2014) (Cartórios/TJPE-2013) (TRF2-2014) (TRT1-2014)
(TRT14-2014) (MPF-2013/2015) (TRF3-2016) (DPEMA-2018) (DPEAP-2018) (PGESC-2018) (MPSC-2023)

OBS: Para o reconhecimento de dano moral, a simples devolução indevida de cheque caracteriza
o dano moral, independentemente de prova de violação a direito da personalidade.

(DPEAP-2018-FCC): Sobre responsabilidade civil, considere a assertiva a seguir: A simples


devolução indevida de cheque caracteriza dano moral, independentemente de prova do prejuízo
sofrido pela vítima. BL: S. 388, STJ.

(TRF3-2016): Considerando a jurisprudência dominante no STJ, assinale a alternativa correta: A


simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. BL: S. 388, STJ.

Súmula 387: É LÍCITA a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. (TJMT-2009)
(PCRJ-2009) (DPEPR-2012) (Cartórios/TJBA-2013) (MPT-2013) (TRF2-2011/2014) (TRT24-2014) (TRF3-2016) (TJPR-
2017) (PCMS-2017) (DPEPE-2018) (PGESC-2018) (Cartórios/TJAL-2019) (DPESC-2021) (PCPB-2022)

OBS: Importante. É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral, ainda que
derivados de um mesmo fato, mas desde que um e outro possam ser reconhecidos
autonomamente, sendo, portanto, passíveis de identificação em separado (REsp 812.506/SP, j.
19/4/12).46

(TRF3-2016): Considerando a jurisprudência dominante no STJ, assinale a alternativa correta: São


cumuláveis as pretensões ao dano moral, ao dano estético e ao dano material decorrentes do
mesmo fato. BL: S. 387, STJ.

46
(MPT-2013): Sobre a responsabilidade civil do empregador, analise o item a seguir: Consoante
jurisprudência uniforme do STJ, é lícita a cumulação das indenizações por dano moral e por dano estético
decorrentes de um mesmo fato, desde que passíveis de identificação autônoma.
#Atenção: Vejamos o teor do Enunc. 192, JDC: “Os danos oriundos das situações previstas nos arts. 949
e 950 do Código Civil de 2002 devem ser analisados em conjunto, para o efeito de atribuir indenização por
perdas e danos materiais, cumulada com dano moral e estético.”

Súmula 386: SÃO ISENTAS de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o


respectivo adicional. (TRF2-2009) (DPU-2010) (TJPA-2012) (TJMA-2013) (Cartórios/TJRS-2013)

Súmula 385: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, NÃO CABE indenização
por dano moral, quando PREEXISTENTE LEGÍTIMA INSCRIÇÃO, RESSALVADO o direito ao
cancelamento. (TJSE-2008) (MPES-2010) (DPEBA-2010) (DPEAM-2011) (DPEES-2009/2012) (TJCE-2012) (DPEPR-
2012) (AGU-2012) (TJRN-2013) (TRF4-2012/2014) (TJPR-2014) (TJDFT-2014) (TJMT-2014) (DPEPB-2014) (TRF2-2014)
(DPEPE-2015) (PGEPA-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (DPEBA-2016) (MPRR-2012/2017) (MPF-2012/2017) (TJSP-
2014/2015/2017) (MPRO-2017) (DPEAL-2017) (DPERO-2017) (MPBA-2010/2018) (DPERS-2018) (PGEAM-2018) (TJBA-
2012/2019) (MPGO-2019) (MPSC-2021) (DPEGO-2021) (DPECE-2022)

OBS: Importante. A Súmula 385-STJ também é aplicada às ações voltadas contra o suposto
credor que efetivou inscrição irregular. Assim, a inscrição indevida comandada pelo credor em
cadastro de proteção ao crédito, quando preexistente legítima inscrição, não enseja indenização
por dano moral, ressalvado o direito ao cancelamento (STJ. 2ª S. REsp 1.386.424-MG, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, j. 27/4/16. (Info 583).

Desse modo, a ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em


cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, §2º do CDC não enseja o direito à
compensação por danos morais quando preexista inscrição desabonadora regularmente
realizada.

Importante ressaltar que a Súmula 385-STJ também é aplicada às ações voltadas contra o
suposto credor que efetivou inscrição irregular. Vou explicar este tema com um exemplo : João
deixou de pagar a prestação de uma geladeira. Diante disso, a loja comunicou o fato ao SERASA,
que expediu uma correspondência ao endereço do consumidor. Nesta carta, João foi informado de
que existia a referida dívida e que se ela não fosse regularizada no prazo de 10 dias, seu nome
seria inserido no cadastro negativo. Infelizmente João não tinha condições de quitar o débito e seu
nome foi incluído no banco de dados do SERASA. Passaram-se dois anos deste fato. Determinado
dia, João recebe uma nova carta do SERASA afirmando que a operadora de telefonia celular estava
pedindo a sua inclusão no banco de dados de devedores em virtude de ele ter deixado de pagar a
conta de dezembro/2015, no valor de R$ 100. O nome de João foi, então, incluído no SERASA por
essa nova conta. Diante desse fato, João propôs ação de indenização por danos morais contra a
operadora de telefonia afirmando que ela ordenou indevidamente sua inscrição no cadastro de
inadimplentes considerando que a dívida já estava paga. Em sua defesa, a companhia telefônica
afirmou que já ordenou a retirada do nome de João do SERASA, mas argumentou que não deveria
haver condenação por danos morais, tendo em vista que o consumidor já possuía outra anotação
legítima no cadastro de inadimplentes. Invoca, para fundamentar sua tese, a súmula 385 do STJ.
João, assistido pela Defensoria Pública, refutou o argumento da operadora de telefonia afirmando
que os precedentes que deram origem a essa súmula 385 foram de ações propostas pelo
consumidor contra os cadastros de inadimplência (consumidor x SERASA/SPC). Alegou,
portanto, que a súmula 385-STJ não se aplicaria para ações propostas pelo consumidor lesado
contra o próprio credor, como no caso em tela.

A tese de João foi aceita pelo STJ? A súmula 385 do STJ aplica-se apenas para os casos de ações
propostas pelo consumidor contra os cadastros de inadimplência (SPC/SERASA)? NÃO. A
Súmula 385-STJ também é aplicada às ações voltadas contra o suposto credor que efetivou
inscrição irregular. Na prática forense, esta tese levantada por João é comumente alegada pelos
Defensores Públicos e advogados e chegou até mesmo a ser acolhida em muitos julgados,
inclusive do STJ. No entanto, o Tribunal, ao reapreciar o tema em sede de recurso especial
repetitivo, pacificou o assunto em sentido contrário e definiu a seguinte tese:
 A inscrição indevida comandada pelo credor em cadastro de proteção ao crédito, quando
preexistente legítima inscrição, não enseja indenização por dano moral, ressalvado o
direito ao cancelamento (STJ. 2ª S. REsp 1.386.424-MG, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel
Gallotti, j. 27/4/2016. Info 583).

A Súmula 385 do STJ pode ser flexibilizada para permitir o reconhecimento de dano moral
decorrente da inscrição indevida em cadastro restritivo de cr édito, mesmo que as ações ajuizadas
para questionar as inscrições anteriores ainda não tenham transitado em julgado, desde que haja
elementos suficientes para demonstrar a verossimilhança das alegações do consumidor:
Em regra, não cabe indenização por dano moral por inscrição irregular em órgãos de
proteção ao crédito quando preexistem anotações legítimas, nos termos da Súmula 385 do
STJ.
Até o reconhecimento judicial definitivo acerca da inexigibilidade do débito, deve ser
presumida como legítima a anotação realizada pelo credor junto aos cadastros restritivos, e
essa presunção, via de regra, não é ilidida (afastada) pela simples juntada de extratos
comprovando o ajuizamento de ações com a finalidade de contestar as demais anotações.
Admite-se, no entanto, a flexibilização da orientação contida na súmula 385 do STJ para
reconhecer o dano moral decorrente da inscrição indevida do nome do consumidor em
cadastro restritivo, ainda que não tenha havido o trânsito em julgado das outras
demandas em que se apontava a irregularidade das anotações preexistentes, desde que
haja nos autos elementos aptos a demonstrar a verossimilhança das alegações.
STJ. 3ª Turma. REsp 1704002/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/02/2020.

Em outras palavras, se o consumidor conseguir demonstrar que a primeira inscrição é


aparentemente indevida, ele terá direito à indenização pelo fato de a segunda inscrição ter sido
feita sem prévia comunicação.

Exemplo dessa flexibilização acima mencionada: João foi inscrito no SERASA em 2018 por uma
suposta dívida. Vale ressaltar que, antes de ser incluído no cadastro restritivo, ele foi devidamente
notificado. João ajuizou ação questionado esse débito por entender que era ilegítimo. Em 2019,
João foi novamente inscrito no SERASA por outra dívida. Dessa vez, contudo, ele não foi
previamente notificado. A inclusão do consumidor no cadastro restritivo sem prévia notificação
enseja, em regra, indenização por danos morais. Contudo, o SERASA alegou que ele não teria
direito à indenização porque já possuía outra inscrição legítima, invocando, portanto, a súmula
385 do STJ. Ocorre que João demonstrou que ele questionou judicialmente a primeira dívida que
ensejou a primeira inscrição e que já conseguiu até mesmo uma decisão favorável (ainda pendente
de recurso). Desse modo, como já existe essa decisão favorável dizendo que a primeira inscrição
foi irregular (porque não havia dívida), a segunda inscrição, como não foi precedida de notificação
do consumidor, deve ensejar dano moral já que se afasta da súmula 385 do STJ.

(DPEGO-2021-FCC): Roberta teve o seu nome lançado em cadastro de proteção ao crédito em


razão de dívidas das quais discorda e questiona em juízo. As dívidas foram lançadas em datas
subsequentes, e a autora ajuizou ações em que questiona todas as dívidas realizadas em seu nome
e pede indenização por danos morais em razão das inscrições indevidas. Nesse caso, deve ser feito
o distinguishing para que seja afastado o entendimento sumulado do STJ quanto ao não cabimento
de indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, em razão das
peculiaridades do caso concreto. BL: S. 385, STJ e Julgado citado acima (REsp 1704002/SP).

(MPSC-2021-CESPE): Ainda com relação ao CDC e aos direitos do consumidor, julgue o item que
se segue: Considere que, no julgamento de ação de indenização por danos morais ajuizada por
consumidor contra fornecedor que promovido inscrição de inadimplentes, o juiz tenha julgado
improcedente o pedido depois de ter verificado a existência de inscrição anterior do consumidor
nesse cadastro. Nesse caso, a decisão do juiz está de acordo com o entendimento do STJ. BL: S.
385, STJ.

(TJSP-2017-VUNESP): Após ter os documentos pessoais furtados, Arlindo é surpreendido com a


inclusão de seus dados pessoais em órgão de proteção ao crédito, em razão do inadimplemento de
contrato bancário de financiamento de automóvel celebrado por terceiro em seu nome.
Ostentando prévia e legítima negativação anterior à acima referida, Arlindo propõe ação contra a
instituição financeira com a qual foi celebrado o contrato de financiamento de automóvel. Pleiteia
a declaração de inexistência de relação jurídica e o recebimento de indenização por danos morais.
A petição inicial é instruída com documento comprobatório da inclusão feita a requerimento do
réu. Em contestação, o banco alega que tomou todas as providências que estavam ao seu alcance
no momento da contratação e que não pode ser responsabilizado por fraude praticada por
terceiro. Por sua vez, Arlindo informa que não tem provas a produzir, além dos documentos que
já apresentou. De acordo com a orientação sumulada do STJ, assinale a alternativa correta: O
pedido declaratório deve ser acolhido, pois a instituição financeira responde objetivamente pelos
danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes praticadas por terceiros, estando
demonstrada a inexistência de relação jurídica entre as partes; o pedido de indenização por danos
morais deve ser julgado improcedente em razão da prévia existência de legítima inscrição do
nome de Arlindo em órgão de proteção ao crédito. BL: Súmulas 385 e 479 do STJ.

(MPF-2017): Acerca da inscrição do nome do devedor em cadastros de proteção ao crédito,


assinale a alternativa correta: Caso o devedor já tenha o nome inscrito nos cadastros de proteção
ao crédito, ou seja, quanto preexistente legítima inscrição, a posterior anotação irregular, não gera
direito a indenização por danos morais. BL: S. 385, STJ.

(DPEPE-2015-CESPE): A respeito das práticas comerciais no âmbito do direito do consumidor,


julgue o item que se segue: Segundo o entendimento do STJ, caso preexistam outras inscrições
regularmente realizadas, a ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu
nome em órgão de proteção ao crédito não ensejará indenização por danos morais. BL: S. 385, STJ.

(TJRN-2013-CESPE):  O nome de César foi incluído, de forma indevida, em cadastro de proteção


ao crédito, por iniciativa de instituição financeira com quem jamais César contratou. No momento
em que foi inserida a inscrição irregular, César já ostentava, no mesmo cadastro, anotação
restritiva legítima, fundada em dívida que realmente contraíra com outra instituição e cuja
validade não se contesta. Nessa situação hipotética, conforme entendimento jurisprudencial
dominante, não cabe indenização por dano moral, tendo, entretanto, César o direito ao
cancelamento da inscrição indevida. BL: S. 385, STJ.

Súmula 384: CABE AÇÃO MONITÓRIA para haver saldo remanescente oriundo de venda
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia . (PGEGO-2010) (TJPR-2011) (TJRO-2011)
(Cartórios/TJSP-2011) (TJRS-2012) (TJAM-2013) (TJRN-2013) (MPAP-2021)

(Cartórios/TJSP-2011-VUNESP): Segundo a jurisprudência do STJ, assinale a alternativa correta a


respeito de alienação fiduciária: Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de
venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia. BL: S. 384, STJ.

Súmula 383: A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em
princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda . (MPRO-2010) (TJPB-2011) (DPEAM-2011)
(MPRR-2012) (MPTO-2012) (DPEAC-2012) (TJAM-2013) (DPEDF-2013) (Cartórios/TJES-2013) (Cartórios/TJPI-2013)
(MPPA-2014) (PCSC-2014) (MPMS-2013/2015) (DPERO-2017) (TJRS-2018) (MPBA-2018) (DPESP-2015/2019)

OBS: O ECA adotou o princípio do juízo imediato, encampando no art. 147, I e II, segundo o qual
se exige uma proximidade do Juízo da Vara da Infância e da Juventude, que tem mais condições
de decidir no caso concreto, diante da facilidade da colheita da prova e contato com a criança ou o
adolescente.

Súmula 382: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, POR SI SÓ, NÃO
INDICA ABUSIVIDADE. (TJMG-2012) (TJGO-2012) (MPRR-2012) (DPESE-2012) (TJAM-2013) (TRF1-2013)
(TJDFT-2014) (TJSP-2013/2015) (DPERN-2015) (TRF5-2015) (DPEBA-2016) (DPERS-2018) (PGESP-2018) (TJRJ-2019)
(DPEGO-2021)

OBS: Importante. Segundo entende o STJ, os juros pactuados em limite superior a 12% ao ano
somente serão considerados abusivos quando ficar comprovado que são discrepantes em relação
à taxa de mercado, após vencida a obrigação.

Se ficar provado que os juros remuneratórios praticados são abusivos, o Poder Judiciário poderá
reduzi-los para adequá-los a taxa média do mercado (REsp 1.112.879/PR).

Aplica-se o CDC aos contratos bancários, mas no que tange à taxa de juros cobrada pelas
instituições financeiras, as regras não são as do CDC e sim as da Lei 4595/64 e da Súmula 596 do
STF.

(PGESP-2018-VUNESP): Quanto à proteção aos direitos do consumidor em contratos bancários,


assinale a alternativa correta: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si
só, não indica exigência de vantagem econômica excessiva pela instituição financeira. BL: S. 382,
STJ.

#Atenção: #STJ: (...) Não estando as instituições financeiras sujeitas à limitação da Lei de Usura, a
abusividade da pactuação dos juros remuneratórios deve ser cabalmente demonstrada em cada
caso, com a comprovação do desequilíbrio contratual ou de lucros excessivos, sendo insuficiente
o só fato de a estipulação ultrapassar 12% ao ano ou de haver estabilidade inflacionária no
período (STJ, Resp. nº 271.214/RS, 407.097/RS e 420.111/RS). (...). (STJ, Resp. 541.153/RS; Min. Rei.
César Asfor Rocha, Segunda Seção, DJ 14/09/2005).

Súmula 381: Nos contratos bancários, É VEDADO ao julgador CONHECER, de ofício, da


ABUSIVIDADE das cláusulas. (TJMG-2009) (DPEAL-2009) (TRF4-2010) (TJPB-2011) (PGEPA-2011) (TJPR-2012)
(TJAC-2012) (MPSC-2012) (MPGO-2012) (MPRR-2012) (DPEAC-2012) (DPEES-2012) (DPERO-2012) (TJSC-2010/2013)
(Cartórios/TJBA-2013) (TRF1-2013) (TJDFT-2012/2014) (MPMT-2012/2014) (TJRJ-2014) (TJCE-2014) (DPEGO-2014)
(DPEPB-2014) (Anal. Legisl.-Câm. Deputados-2014) (TJMS-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (TJRS-2016) (TRF3-2016)
(DPEPR-2017) (Cartórios/TJRJ-2017) (TJMT-2018) (MPBA-2010/2018) (DPEAM-2018) (PGESP-2018) (MPPR-
2013/2017/2019) (TJGO-2012/2021) (TJMA-2022) (TJSP-2013/2015/2023)

(TJSP-2023-VUNESP): Assinale a alternativa correta: Em contratos bancários, a abusividade de


cláusulas não pode ser conhecida de ofício pelo juiz. BL: S. 381, STJ.

(TRF3-2016): Marque a alternativa correta, observando-se a legislação e a jurisprudência dominante


do STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas. BL: S. 381, STJ.

Súmula 380: A simples propositura da AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO NÃO INIBE a


caracterização da mora do autor. (TJSP-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (DPECE-2014) (PGM-Cuiabá/MT-2014)
(DPERN-2015) (TRF3-2016) (PGESP-2018) (TJSC-2019) (TJPA-2019) (TJDFT-2023)

OBS: Importante. A mera propositura de ação em que se conteste o débito não tem o condão de
descaracterizar a mora do devedor, fazendo-se necessário, para tal, em sede de decisões
antecipatórias ou cautelares, a presença dos seguintes elementos: a) contestação total ou parcial, do
débito; b) plausibilidade jurídica do direito invocado estribada em jurisprudência desta Corte ou do
STF e c) depósito de parte incontroversa do débito ou prestação de caução idônea (STJ, AgRg no
REsp 657237/RS, j. 22/02/11).

OBS: Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado de ação revisional, nem mesmo quando o
reconhecimento de abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao período de inadimplência
(STJ, AgRg no REsp 1118778, j. 09/04/13).

Súmula 379: Nos contratos bancários NÃO REGIDOS por legislação específica, os JUROS
MORATÓRIOS PODERÃO SER CONVENCIONADOS até o limite de 1% ao mês. (TJGO-2012)
(TRF1-2013) (Cartórios/TJES-2013) (Proc./BACEN-2013) (TJDFT-2014) (TJSP-2015) (DPERS-2018) (PGESP-2018)

(TJSP-2015-VUNESP): Nos contratos bancários, os juros moratórios sujeitam-se ao limite de 1% ao


mês, caso não se trate de contratos bancários regidos por legislação específica. BL: S. 379, STJ.

Súmula 378: RECONHECIDO o DESVIO DE FUNÇÃO, o servidor FAZ JUS às diferenças salariais
decorrentes. (TRF4-2009) (MPF-2012) (PCRJ-2012) (TJMA-2013) (TJSP-2018) (MPGO-2013/2019)

(TJSP-2018-VUNESP): De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, é correto afirmar que o


servidor em desvio de função tem direito às diferenças de vencimentos de um e outro cargo a título
de indenização, mantido, porém, no cargo efetivo. BL: S. 378, STJ.

#Atenção: Cumpre destacar que o desvio de função ocorrido após a CF confere ao servidor o direito
somente às diferenças salariais do período em que exerceu, de fato, funções do cargo estranho (STF,
RE 486.184 AgR/SP; Súmula 378 do STJ). É que a exigência constitucional de concurso público (art.
37, II, CF) afasta a possibilidade de equiparação salarial “pro futuro”, não havendo, assim, que se
falar em reenquadramento ao “cargo de fato”.

#Atenção: #TRF4-2009: #MPF-2012: #TJMA-2013: #CESPE: #MPGO-2013: O STF firmou-se no


sentido de que o desvio de função não permite o reenquadramento, sob pena de afronta ao art. 37,
II, da CF, mas autoriza o recebimento de diferenças de remuneração para se evitar o
enriquecimento ilícito da Administração. Julgados do STF:
(...) I. – O servidor público desviado de suas funções, após a promulgação da Constituição,
não pode ser reenquadrado, mas tem direito ao recebimento, como indenização, da diferença
remuneratória entre os vencimentos do cargo efetivo e os daquele exercido de fato.
Precedentes. (...) (RE 486.184-ED, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª T., DJ 16.2.2007).
(...) 1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que o servidor tem
direito, na forma de indenização, à percepção dos valores referentes à diferença da
remuneração pelo período trabalhado em desvio de função, sob pena de enriquecimento
sem causa do Estado. (...) (RE 499898 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 26/06/02).

Súmula 377: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às
vagas reservadas aos deficientes. (DPEAM-2011) (MPRS-2012) (TJPR-2014) (DPEMG-2014) (MPGO-2014/2019)
(MPTO-2022)

OBS: Importante.

Súmula 45-AGU: Os benefícios inerentes à Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência devem ser estendidos ao portador de visão monocular, que possui direito de
concorrer, em concurso público, à vaga reservada aos deficientes.

Vide Súmula 552-STJ.

OBS: Importante.

A CF determina que um percentual das vagas dos concursos públicos deve ser destinado aos
candidatos com deficiência. Ex.: em um concurso para analista judiciário, são oferecidas 100 vagas.
A lei dessa carreira determina que 10% das vagas sejam destinadas a portadores de necessidades
especiais (PNEs). Logo, 10 vagas desse concurso deverão ser ocupadas por PNEs. Se não houver
candidatos deficientes aprovados em número suficiente para preencher essas vagas, o edital poderá
prever que essas vagas serão ocupadas por candidatos que não sejam pessoas com deficiência.

Veja o texto constitucional:


Art. 37 (...)
VIII — a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras
de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

Percentual no caso de concursos públicos federais: Nos concursos públicos realizados no âmbito do
Poder Executivo federal, a legislação determina que o edital deverá prever um percentual de, no
mínimo 5% e, no máximo, 20% das vagas às pessoas com deficiência. Caso a aplicação do percentual
resulte em um número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro
subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das vagas ofertadas. Ex.: concurso
público para 12 vagas; edital prevê 10% para pessoas com deficiência (1,2 vagas); logo, 2 vagas serão
para PNEs. Além disso, é indispensável que a deficiência apresentada não seja incompatível com o
cargo. Tais regras estão previstas no art. 5º, § 2º da Lei nº 8.112/90 e no art. 1º, §1º do Decreto nº
9.508/18.

A pessoa que possui audição em apenas um dos ouvidos (surdez unilateral) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? NÃO. Segundo a jurisprudência do
STJ, candidato em concurso público com surdez unilateral NÃO tem direito a participar do certame
na qualidade de deficiente auditivo.

Por quê? O Decreto nº 3.298/99 regulamentou a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Em seu art. 4º, o Decreto assim
define a deficiência auditiva:
Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes
categorias:
II — deficiência auditiva — perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB)
ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
(Redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004)

Perceba, portanto, que, para o Decreto, a deficiência auditiva é a perda bilateral da audição. A
redação atual foi dada pelo Decreto nº 5.296/2004, que expressamente acrescentou a palavra
“bilateral”.

Vale ressaltar que existe um precedente da 2ª Turma do STF no mesmo sentido: MS 29.910 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, j. 21/06/11.
A pessoa que possui visão em apenas um dos olhos (visão monocular) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? SIM. Existe a Súmula 377 do STJ
espelhando essa conclusão. Esse é também o entendimento do STF: RMS 26071, Rel. Min. Carlos
Britto, j. 13/11/07.

Diferença de tratamento entre as duas situações: Essa distinção acima existe porque o Decreto nº
3.298/99 exige expressamente, para que seja considerada deficiência auditiva, que a surdez seja
bilateral (art. 4º, II). Este mesmo Decreto, ao definir deficiência visual (art. 4º, III), não exige que a
cegueira seja nos dois olhos. Em outras palavras, o art. 4º do Decreto nº 3.298/99 proíbe que a
pessoa com surdez unilateral seja considerada deficiente auditiva, mas permite que a pessoa com
visão monocular seja enquadrada como deficiente visual. Dessa forma, a diferença de tratamento foi
fixada pelo Decreto com base, supostamente, em critérios técnicos. Para nós, leigos, contudo, resta a
sensação de que não há muita razoabilidade nesta distinção.

Em suma:
a) Surdez unilateral: NÃO é considerada deficiência para fins de concurso público.
b) Cegueira unilateral: é considerada deficiência para fins de concurso público.

(MPTO-2022-CESPE): Julgue o item a seguir, referente aos direitos das pessoas com deficiência:
Conforme a jurisprudência do STJ, o indivíduo com visão monocular possui direito de se inscrever
em concurso público e concorrer dentro do número de vagas reservadas a pessoas com deficiência
física. BL: S. 377, STJ.

(MPGO-2019): A respeito dos direitos da pessoa com deficiência, assinale a alternativa correta:
Segundo entendimento do STJ, em concurso público, o portador de surdez unilateral não se
qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas, enquanto o
portador de visão monocular tem direito de concorrer às vagas reservadas à pessoa com deficiência.
BL: S. 377 e 552, STJ.

(MPGO-2014): Em relação à proteção e garantias das pessoas com deficiência, assinale a alternativa
correta: De acordo com súmula do STJ, o portador de visão monocular tem direito de concorrer, em
concurso público, às vagas reservadas aos deficientes. BL: S. 377, STJ.

Súmula 376: COMPETE a TURMA RECURSAL processar e julgar o MANDADO DE


SEGURANÇA contra ato de JUIZADO ESPECIAL. (TJTO-2007) (MPRN-2009) (DPEPI-2009) (MPMG-2010)
(MPES-2010) (MPPB-2010) (MPCE-2011) (TJCE-2012) (MPSP-2008/2013) (TRF1-2009/2013) (TJAM-2013) (MPRO-2013)
(TJDFT-2014) (DPEPR-2014) (PGEAC-2014) (PGERN-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (Cartórios/TJMT-2014) (PFN-
2012/2015) (MPMS-2015) (TRF5-2015) (TRF4-2012/2016) (PGEMT-2016) (DPEPR-2014/2017) (DPEAM-2011/2018)
(TRF2-2011/2017/2018) (DPERS-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (Proc.-São Bernardo do Campo/SP-2018) (TJAL-
2019) (DPEMG-2019) (Cartórios/TJMG-2019) (TJMS-2020) (TJSP-2017/2021) (DPERO-2023) (PGEES-2023)

(TJSP-2021-VUNESP): A respeito do Mandado de Segurança, ação constitucional assegurada contra


ato ilegal ou abusivo praticado por autoridade, restou sumulado: compete à turma recursal
processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. BL: S. 376, STJ.

(TJMS-2020-FCC): Em relação aos Juizados Especiais Criminais, correto afirmar que não cabe
recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém, processar e
julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial. BL: Súmulas 20347 e 376 do STJ.

#Atenção: A Súmula 203 do STJ dispõe que não será cabível recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. Cumpre ressaltar que o art. 105, III, da
CF, prevê ser cabível recurso especial de decisões de “tribunais”. Ocorre que as Turmas recursais
não são tribunais e, por este mesmo motivo, não há que se falar em cláusula de reserva de plenário,
por exemplo. Por fim, afirma a Súmula 376 do STJ que competirá à Turma Recursal processar e
julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. Entretanto, o STJ traz um exceção: se
o mandado de segurança versar sobre a própria competência dos Juizados (STJ. Corte Especial. RMS
17.524/BA, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 02/08/2006).

(TRF2-2018): Em relação aos juizados especiais federais, é correto afirmar-se: os mandados de


segurança impetrados contra decisões proferidas pelos juizados de primeira instância devem ser

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Súmula 203-STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos
Juizados Especiais.
apreciados pelas Turmas Recursais. BL: S. 376, STJ.

#Atenção: Enunciado 88 do Fonajef: É admissível mandado de segurança para Turma Recursal de ato
jurisdicional que cause gravame e não haja recurso.

#Atenção: Dicas sobre a apreciação do MS e do HC:


1) MS impetrado contra decisões proferidas pelos juizados de primeira instância devem ser
apreciados pelas Turmas Recursais;
2) MS impetrado contra decisões proferidas pelas Turmas Recursais devem ser apreciados
pelas próprias Turmas Recursais;
3) HC impetrado contra decisões proferidas pelos juizados de primeira instância devem ser
apreciados pelas Turmas Recursais;
4) HC impetrado contra decisões proferidas pelas Turmas Recursais devem ser apreciados
pelo TJ/TRF;

(TJSP-2017-VUNESP): No tocante aos juizados especiais criminais, é correto afirmar que compete à
turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. BL: S. 376,
STJ.

#Atenção: Enunciado 62 do Fonaje: Cabe exclusivamente às Turmas Recursais conhecer e julgar o


mandado de segurança e o habeas corpus impetrados em face de atos judiciais oriundos dos Juizados Especiais.

#Atenção: A competência é das Turmas Recursais (súmula 376/STJ), exceto se o writ versar
justamente sobre a competência dos Juizados Especiais (STJ. Corte Especial. RMS 17.524/BA, rel.
Min. Nancy Andrighi, j. 02.08.2006).

(MPMS-2015): Assinale a alternativa correta: Compete à turma recursal, e não ao Tribunal de


Justiça, processar e julgar mandado de segurança contra ato de Juizado Especial. BL: S. 376, STJ.

Súmula 375: O RECONHECIMENTO DA FRAUDE À EXECUÇÃO DEPENDE do registro da


penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. (AGU-2009) (TJPI-2012) (MPRS-
2012) (MPRR-2012) (Cartórios/TJSP-2012) (TRT15-2013) (TRT3-2013) (TJSP-2014) (PGM-Cuiabá/MT-2014) (MPSP-
2013/2015) (DPERN-2015) (TRT23-2015) (TJAM-2016) (TJSP-2018) (PGESP-2018) (Cartórios/TJPR-2019) (PGM-Boa
Vista/RR-2019) (TCERO-2019)

OBS: A Súmula 375 do STJ NÃO é aplicada no caso das execuções fiscais de créditos tributários.
De acordo com o STJ, no caso de execução fiscal, incide a regra do art. 185 do CTN, que é mais
específica e não exige a prova de má-fé do terceiro adquirente. Para que se presuma a fraude,
basta que o devedor tenha alienado ou onerado os bens ou rendas após o débito ter sido inscrito
na dívida ativa e fique sem ter patrimônio para pagar a Fazenda.

OBS: De quem é o ônus de provar que o terceiro adquirente estava de má-fé? Depende:
1) Se o bem adquirido pelo terceiro era sujeito a registro (se existe um registro público onde poderão
ser averbadas a existência de processo de execução ou de constrição judicial. Exs: bens imóveis -
Registro de Imóveis; automóveis - DETRAN). Neste caso deveremos analisar:
1.1 Se o exequente fez a averbação no registro informando que havia uma execução contra o
proprietário do bem ou uma constrição judicial (ex: penhora) sobre a coisa: neste caso, a má-fé do
adquirente está provada porque o registro gera publicidade e cabia ao terceiro tê-lo consultado.
1.2 Se o exequente não fez a averbação no registro: neste caso, o exequente terá que comprovar a
má-fé do adquirente.

2) Se o bem adquirido pelo terceiro não era sujeito a registro (não existe um registro público onde
seja anotada a sua propriedade e alterações. Exs: um quadro, uma joia etc.). Nesta hipótese, o
terceiro adquirente é quem terá o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a
aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no
local onde se encontra o bem (art. 792, § 2º, do CPC/2015). Se não provar, será reconhecida a fraude
à execução e ele perderá o bem.

Confira o que diz Marcus Vinícius Gonçalves:


"Mas, e se o bem não for daqueles sujeitos a registro, como acontece com a maior parte dos bens
móveis? Como pode o exequente proteger-se da alienação, pelo devedor, de bens que não podem ser
registrados? O art. 792, § 2º, estabelece que, em se tratando de bens não sujeitos a registro, o
ônus da prova de boa-fé será do terceiro adquirente, a quem caberá demonstrar que adotou
as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes,
obtidas no domicílio do vendedor e no local em que se encontra. Se o terceiro adquirente não
fizer a comprovação de que tomou tais cautelas, presumir-se-á que adquiriu o bem de má-fé,
e o juiz declarará a fraude à execução." (GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito Processual
Civil esquematizado. São Paulo: Saraiva, 6ª ed., 2016, p. 1.508).

Veja a redação do § 2º do art. 792 do CPC/2015:


Art. 792 (...)
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de
provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões
pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.

Sobre o tema, se você faz concursos para cartórios, é importante também conhecer a redação do art.
54 da Lei nº 13.097/2015:
Art. 54. Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos
reais sobre imóveis são eficazes em relação a atos jurídicos precedentes, nas hipóteses em
que não tenham sido registradas ou averbadas na matrícula do imóvel as seguintes
informações:
I - registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias;
II - averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de ação
de execução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos previstos do
art. 615-A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil;
III - averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados,
de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e
IV - averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados
ou responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência, nos termos
do inciso II do art. 593 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula no
Registro de Imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou
receber em garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts. 129 e 130
da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e as hipóteses de aquisição e extinção da
propriedade que independam de registro de título de imóvel.

Obs: importante esclarecer que a correta interpretação do art. 792, § 2º, do CPC/2015 é objeto de
polêmica na doutrina, não havendo uma posição ainda segura sobre o tema. As conclusões acima
ainda não foram examinadas pelo STJ. Em provas de concurso, o Dizer o Direito acredita que
durante um bom tempo deverão cobrar a redação literal do art. 792, § 2º, do CPC/2015.

E a súmula 375-STJ continua válida? O Dizer o Direito acredita que sim, mas ela deve ser lida agora
com esta nova hipótese trazida pelo art. 792, § 2º do CPC.

Súmula 374: Compete à JUSTIÇA ELEITORAL processar e julgar a ação para anular débito
decorrente de multa eleitoral. (TJMS-2012)

Súmula 373: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso


administrativo. (PGERS-2010) (TJPR-2012) (MPMG-2012) (DPESC-2012) (TJMT-2014) (DPEMG-2014) (DPU-2015)
(DPEPR-2017) (TRF5-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017)

Súmula 372: Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória.
(SUPERADA)

OBS: A doutrina afirma que, com a entrada em vigor do CPC/15, a súmula 372 do STJ está
SUPERADA. Nesse sentido é o enunciado nº 54 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

O novo CPC permite expressamente a fixação de multa de natureza coercitiva na ação de exibição
de documento. Veja:
Art. 400 (...) Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.

Art. 403 (...) Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por
crime de desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.

Súmula 371: Nos contratos de participação financeira para a aquisição de linha telefônica, o Valor
Patrimonial da Ação (VPA) é apurado com base no balancete do mês da integralização.

Súmula 370: CARACTERIZA DANO MORAL a apresentação antecipada de cheque pré-datado.


(TJRS-2012) (TJGO-2012) (MPPI-2012) (TJDFT-2011/2014) (TJPR-2014) (MPPR-2014) (DPECE-2014) (Cartórios/TJDFT-
2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TJSP-2015) (TJAL-2015) (TRT2-2015) (TRT1-2014/2016) (TRF4-2016) (DPEMA-2018)
(TJRJ-2019)

OBS: Importante. O cheque pós-datado é um ajuste de vontades, um acordo entre emitente e


tomador. Logo, o beneficiário, ao descumprir esse pacto, pratica um ilícito contratual, podendo,
portanto, ser condenado a indenizar o sacador por danos morais e materiais.

(DPECE-2014-FCC): Em pagamento do preço acordado pela venda de uma geladeira, Ricardo


emitiu um cheque em favor de Felipe no dia 20 de julho de 2013. Porém, anotou o dia 30 de
novembro de 2013 como sendo a data de emissão do cheque, ajustando com Felipe que o título
somente deveria ser apresentado para pagamento depois dessa data. Além disso, Ricardo cruzou o
cheque, apondo no anverso do título dois traços paralelos, com a anotação do nome de determinado
banco entre eles. Nesse caso, é correto afirmar: Se Felipe apresentar o cheque para pagamento antes
da data de emissão constante do título, ficará sujeito ao pagamento de indenização por danos
morais a Ricardo. BL: art. 32 da Lei do Cheque48 e S. 370, STJ.

(PF-2013-CESPE): De acordo com a legislação empresarial vigente, julgue o item a seguir: O


denominado cheque pré-datado, apesar de usual no comércio brasileiro, não está previsto na
legislação, segundo a qual o cheque é uma ordem de pagamento à vista, estando a instituição
bancária obrigada a pagá-lo no ato de sua apresentação, de modo que a instituição não pode ser
responsabilizada pelo pagamento imediato de cheques datados com lembrete de desconto para data
futura. BL: art. 32 da Lei do Cheque e S. 370, STJ.

#Atenção: A Lei 7.357/85, no art. 32, determina que o cheque é uma ordem de pagamento à vista,
considerando-se não escrita qualquer cláusula em sentido diverso. Por isso, a instituição financeira
deve pagar o título a qualquer momento. Aliás, o STJ entende que a Súmula 370 não é aplicável à
instituição financeira que realizou o regular pagamento e sim ao apresentante (credor) do cheque.

(Assessor Téc./ALRN-2013-FCC): A emissão de cheque pré-datado (ou pós-datado, como por vezes
é denominado) é característico de costume praeter legem, isto é, destinado a suprir a lei nos casos de
omissão, gerando efeitos de direito. BL: S. 370, STJ.

#Atenção: O costume “praeter legem” comeprende a conduta paralela, não prevista no ordenamento
jurídico (seja esta previsão uma proibição ou autorização). O exemplo apontado pela doutrina é o
cheque pré-datado que, mesmo sendo uma modalidade de pagamento à vista, estabeleceu-se o
‘costume’ de utilizá-lo como modalidade de pagamento à prazo.

(Proc./BACEN-2009-CESPE): Os cheques pré-datados são amplamente utilizados no comércio para


a realização de pagamentos, mormente operações de compra e venda mercantis. A respeito desse
costume, assinale a opção correta: É entendimento sumulado do STJ que a apresentação antecipada
do cheque pré-datado causa dano moral por quebra do acordo entre partes e ofensa à boa-fé
objetiva. BL: art. 32 da Lei do Cheque e S. 370, STJ.

(DPEPA-2009-FCC): Por ser o cheque uma ordem de pagamento a vista, embora a pós-datação não
produza efeito cambial, pode gerar efeitos reparatórios civis se a data futura não foi obedecida pelo
beneficiário, por lesão à boa-fé objetiva. BL: art. 32 da Lei do Cheque e S. 370, STJ.

Súmula 369: No CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (leasing), AINDA QUE


HAJA cláusula resolutiva expressa, É NECESSÁRIA a notificação prévia do arrendatário para

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Art. 32. O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo
único. O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia
da apresentação..
constituí-lo em mora. (TRF5-2009) (DPESP-2010) (DPU-2010) (TJDFT-2011) (MPCE-2011) (TJMG-2012) (TJAM-
2013) (TJSC-2013) (TRF1-2013) (TJSP-2013/2015) (TCEPE-2017) (Cartórios/TJMS-2021)

OBS: Importante.

(TCEPE-2017-CESPE): Com relação ao acesso à justiça e aos princípios processuais, julgue o item
subsecutivo: A cláusula que expressa concordância prévia do devedor com a reintegração liminar
do credor na posse do bem, em caso de inadimplemento de obrigação contratual, configura violação
ao princípio da inafastabilidade do controle judicial. BL: S. 369, STJ. (proc. civil)

#Atenção: Em outros termos, o que a questão quis dizer foi o seguinte: Em caso de inadimplemento
de obrigação contratual a cláusula que expressa concordância prévia do devedor com a reintegração
liminar do credor na posse do bem configura violação ao princípio da inafastabilidade do controle
judicial. Uma cláusula com esse conteúdo extrapola o autorregramento ou autonomia privada, na
medida em que concede poder desproporcional a um dos contratantes, traduzindo verdadeira
AUTOTUTELA (quando um dos conflitantes impõe a solução do conflito ao outro, "justiça com as próprias
mãos"), sem o necessário fundamento legal, e que atenta contra o Estado democrático de direito e o
princípio da inafastabilidade da jurisdição. Excepcionalmente, há hipóteses legais de autotutela:
legítima defesa (art. 188, I, CC); apreensão do bem com penhor legal (art. 1.467, I, CC); desforço
imediato no esbulho (art. 1.210, § 1º, CC). Como adendo, podemos lembrar da teoria do
adimplemento substancial dos contratos, que "visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução
por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da avença, com vistas à realização dos
princípios da boa-fé e da função social do contrato" (STJ, REsp 1.051.270/RS).

#Atenção: Em suma, o devedor assina contrato admitindo que se deixar de pagar o bem volta à
posse do credor.  Há evidentemente mais poder para o credor. O que pode violar também os
princípios da boa-fé e função social do contrato. Há que se verificar o adimplemento substancial do
contrato, sendo desproporcional o afastamento liminar da tutela jurisdicional pelo mero
inadimplemento.

(MPCE-2011-FCC):  Descumprida a obrigação pecuniária pelo arrendatário, no contrato de leasing


financeiro, admite-se a reintegração do arrendante na posse, caso haja no contrato cláusula
resolutória expressa e tenha sido o arrendatário devidamente notificado de sua mora. BL: S. 369,
STJ.

(TJDFT-2011): No contrato de leasing que contenha cláusula resolutiva expressa, tornando-se a


empresa arrendatária inadimplente, a empresa arrendadora pode ajuizar ação de reintegração de
posse, uma vez notificada previamente a empresa arrendatária, sem que tenha devolvido o bem
arrendado. BL: S. 369, STJ (empresarial).

#Atenção: Se o arrendatário não cumprir com o pagamento das parcelas do aluguel, não haverá
busca e apreensão (ou tutela provisória pelo NCPC), o que ocorre no caso de alienação fiduciária.
No caso do arrendamento mercantil (leasing), haverá a reintegração de posse. Entretanto, para essa
reintegração de posse é imprescindível a notificação prévia do arrendatário.

Súmula 368: COMPETE à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de retificação de
dados cadastrais da Justiça Eleitoral. (TJMS-2012) (MPMS-2015)

Súmula 367: A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já


sentenciados. (PGEES-2008) (TJDFT-2011) (DPERO-2012) (Cartórios/TJES-2013) (TRT1-2014)

Súmula 366: Compete à Justiça estadual processar e julgar ação indenizatória proposta por viúva e
filhos de empregado falecido em acidente de trabalho.(*) CANCELADA

OBS: Cancelada.

Ação de indenização decorrente de acidente de trabalho é julgada pela Justiça do Trabalho (art. 114,
VI da CF).
Súmula 365: A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA)
desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo
estadual.

Súmula 364: O conceito de impenhorabilidade de bem de família ABRANGE TAMBÉM o imóvel


pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. (AGU-2007) (TJDFT-2011) (PGEPA-2011) (TJGO-2012)
(MPF-2012) (TJSP-2013) (DPESP-2013) (TRF3-2013) (Cartórios/TJES-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (MPT-2013) (TJRR-
2015) (MPDFT-2015) (TRT2-2015/2016) (MPRR-2014/2017) (TRT/Unificado-2017) (DPEAP-2018) (TJAC-2019) (MPSC-
2019) (Cartórios/TJRS-2019) (TJAP-2022) (TJMS-2023)

OBS: Importante.

Em outras palavras, se a pessoa mora sozinha na casa, mesmo assim este imóvel pode ser
considerado bem de família.

Súmula 363: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por
profissional liberal contra cliente. (PGEAM-2010) (PGEMS-2014)

Súmula 362: A CORREÇÃO MONETÁRIA do valor da indenização do dano moral INCIDE desde
a data do arbitramento. (TJMT-2009) (PGEGO-2010) (MPPI-2012) (DPESE-2012) (DPERR-2013) (Cartórios/TJRR-
2013) (TJDFT-2014) (TJSP-2011/2015) (PGEPA-2015) (PGEPR-2015) (TRT2-2015) (TRF3-2016) (MPMS-2018) (DPEAP-
2018)

(TJSP-2015-VUNESP): O termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito é a data
do efetivo prejuízo, enquanto que na indenização por dano moral é a data do seu arbitramento.
BL: S. 362 e 43, STJ.

#Atenção:
 Correção monetária e danos materiais: EFETIVO PREJUÍZO.
 Correção monetária e danos morais: ARBITRAMENTO.

OBS: Vide Súmula 43 do STJ: “INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE DÍVIDA POR ATO
ILICITO A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO”.

Súmula 361: A NOTIFICAÇÃO DO PROTESTO, para requerimento de falência da empresa


devedora, EXIGE a identificação da pessoa que a recebeu. (TJAC-2012) (TRF4-2014) (Cartórios/TJSE-2014)
(PGEPA-2015) (MPRS-2016) (Cartórios/TJSP-2016) (Cartórios/TJMG-2016/2019) (DPERJ-2021)

OBS: (...) 1. Esta Corte já pacificou o entendimento de que, na intimação do protesto para
requerimento de falência, é necessária a identificação da pessoa que o recebeu, e não a
intimação na pessoa do representante legal da pessoa jurídica. Inteligência da Súmula nº 361/STJ.
(AgInt nos EDcl no REsp 1386738/CE, Rel. Min. Ricardo Villass Bôas Cueva, 3ª Turma, j.
04/05/2017).

(TRF4-2014): A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, não


prescinde da identificação da pessoa que a recebeu. BL: art. 361, STJ.

Súmula 360: O benefício da DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO SE APLICA aos tributos


SUJEITOS a lançamento por homologação regularmente declarados, MAS PAGOS A
DESTEMPO. (TJSC-2009) (PGESP-2009) (PGERO-2011) (TJPA-2012) (TJAC-2012) (PGEAC-2012) (TRF5-2013)
(PGERN-2014) (TJPI-2015) (DPESP-2015) (PGM-Curitiba/PR-2015) (PGEMS-2014/2016) (TJAM-2016) (MPPR-2016)
(TRF3-2016) (TJPR-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (Cartórios/TJMG-2017/2018) (PGESC-2018) (TJRJ-2019) (TJMS-
2020) (MPF-2011/2012/2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022)

(MPF-2022): Indique a alternativa correta: A denúncia espontânea não se aplica aos tributos
sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, porém pagos inoportunamente.
BL: S. 360, STJ.

(TJMS-2020-FCC): O contribuinte João, percebendo que deixou de recolher certo valor ao Fisco,
paga espontaneamente o tributo e os juros da mora. Considerando o fato descrito e a
jurisprudência relativa ao CTN, é correto afirmar: Caso já tenha declarado o tributo anteriormente
e o equívoco diga respeito apenas à falha de recolhimento tempestivo, o contribuinte João não
poderá se beneficiar da denúncia espontânea. BL: art. 360, STJ e art. 138, § único do CTN.49

(TJPR-2017-CESPE): A empresa ABC declarou regularmente débito de ICMS no valor de R$ 6.000,


referente ao mês de junho de 2012, e não o pagou. Posteriormente, a empresa ABC recebeu notícia
de que haveria fiscalização em seu setor e, por isso, realizou denúncia espontânea de seu débito ao
fisco para eximir-se do pagamento da multa moratória. Acerca dessa situação hipotética e de
aspectos legais a ela pertinentes, assinale a opção correta: No caso de tributo por homologação e
com declaração regular, não cabe a denúncia espontânea, não sendo, portanto, válido o ato
praticado pelo contribuinte. BL: S. 436, STJ50 c/c S. 360, STJ.

(TJAM-2016-CESPE): A indústria R S.A., que havia declarado regularmente, mas não havia
pagado ICMS no valor de R$ 100.000, ciente de iminente fiscalização, já que havia recebido a visita
de auditor fiscal, que, no entanto, não lavrou termo algum, decidiu fazer denúncia espontânea de
sua inadimplência, tendo feito acompanhá-la de pedido de parcelamento no qual incluiu o
principal e os juros de mora, com o objetivo de ser eximida da multa de mora e de outras
penalidades. Nessa situação hipotética, não é cabível denúncia espontânea, pois trata-se de tributo
por homologação com declaração regular e pagamento a destempo. BL: S. 360, STJ.

(TJPI-2015-FCC):  A empresa Soma Importadora S/A tem sede em Teresina, Piauí. No regular
exercício de suas atividades importa e comercializa produtos para revendedores e consumidores
finais localizados em Teresina e arredores e em outros Estados da federação, estando sujeita ao
pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias − ICMS nestas operações. A insuficiência
de recursos financeiros da Soma Importadora S/A fez com que, ao longo de 2013, a empresa
deixasse de recolher o ICMS declarado à fiscalização estadual por meio de documento fiscal
próprio. Após um dos sócios subscrever e integralizar o valor de suas quotas na sociedade,
capitalizando a sociedade em montante aparentemente suficiente para liquidar a dívida, a
importadora poderá parcelar o ICMS devido, sendo vedada a realização de denúncia
espontânea. BL: S. 360, STJ.

#Atenção: #PGM-Fortaleza/CE-2017: #CESPE: O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do


CTN) não se aplica nos casos de parcelamento de débito tributário." (STJ, REsp 1102577/DF, Rel.
Min. Herman Benjamin, 1ª S., j. 22/04/09).

Súmula 359: CABE ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a NOTIFICAÇÃO


DO DEVEDOR antes de proceder à inscrição. (MPRO-2008) (DPEAL-2009) (DPEBA-2010) (DPEES-
2009/2012) (PGEPA-2011/2012) (TJBA-2012) (TJCE-2012) (MPPI-2012) (MPRR-2012) (MPF-2012) (Cartórios/TJBA-2013)
(MPMT-2014) (TJSP-2015) (MPSC-2016) (DPEPR-2012/2017) (DPERO-2017) (TJMT-2014/2018) (PGEAM-2018) (MPPR-
2013/2017/2019) (TJPA-2019) (MPGO-2019) (TJSP-2021) (TJRS-2022) (DPECE-2022) (TJDFT-2016/2023)

OBS: Importante.

Regra: a ausência de prévia comunicação enseja indenização por danos morais.

Exceções: Existem duas exceções em que não haverá indenização por danos morais mesmo não
tendo havido a prévia comunicação do devedor:
1) Se o devedor já possuía inscrição negativa no banco de dados e foi realizada uma nova
inscrição sem a sua notificação.
Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o
direito ao cancelamento.

2) Se o órgão de restrição ao crédito estiver apenas reproduzindo informação negativa que


conste de registro público (exs.: anotações de protestos que constem do Tabelionato de
Protesto, anotações de execução fiscal que sejam divulgadas no Diário Oficial). Nesse
49
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o
caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se
considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou
medida de fiscalização, relacionados com a infração.
50
Súmula 436-STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
sentido: STJ. 2ª S. REsp 1444469/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 12/11/14.

Súmula 358: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade ESTÁ
SUJEITO à decisão judicial, mediante contraditório, AINDA QUE nos próprios autos. (TJAL-2008)
(MPSP-2008) (MPAP-2012) (DPEMS-2012) (PCES-2013) (MPPA-2014) (MPSC-2014) (DPECE-2014) (Cartórios/TJSE-
2014) (TJDFT-2012/2014/2015) (TJRR-2015) (DPEES-2016) (MPRS-2016) (DPEBA-2016) (DPEAC-2017) (DPESC-2017)
(DPEAM-2011/2018) (TJMG-2018) (MPBA-2018) (MPMS-2018) (MPMT-2019) (Cartórios/TJMG-2019) (DPEGO-2021)
(TJSP-2023)

#Atenção: #STJ: #TJSP-2023: #VUNESP: A obrigação alimentar do pai em relação aos filhos não
cessa automaticamente com o advento da maioridade, a partir da qual subsiste o dever de
assistência fundada no parentesco sanguíneo, devendo ser dada a oportunidade ao alimentando
de comprovar a impossibilidade de prover a própria subsistência ou a necessidade da pensão por
frequentar curso técnico ou universitário. STJ. 3ª T. AgInt no AREsp n. 970461/RS, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 27/2/18.

#Atenção: #STJ: A maioridade do alimentando não é suficiente, por si só, para desconstituir a
obrigação alimentar. STJ. 3ª T., HC 337.402/PA, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j.
14/06/16.

(MPMT-2019-FCC): Com respeito à execução da prestação alimentícia, considere: O cancelamento


de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante
contraditório, ainda que nos próprios autos em que houver sido concedida. BL: S. 358, STJ.

(DPECE-2014-FCC): Quando João completou 18 anos, Renato, seu pai, parou automaticamente de
lhe pagar pensão alimentícia sob o argumento de que o filho já seria maior de idade, além de
possuir condições para trabalhar. De acordo com Súmula do STJ, a postura de Renato é incorreta,
pois, mesmo no caso de atingimento da maioridade, o cancelamento de pensão alimentícia
demanda prévia decisão judicial. BL: S. 358, STJ.

Súmula 357: A pedido do assinante, que responderá pelos custos, é obrigatória, a partir de 1º de
janeiro de 2006, a discriminação de pulsos excedentes e ligações de telefone fixo para celular. (*)
CANCELADA

OBS: Cancelada.

Desde 1º de agosto de 2007, data da implementação total do Sistema Telefônico Fixo Comutado
(STFC) — Resolução 426, é obrigatório o fornecimento de fatura detalhada de todas as ligações na
modalidade local, independentemente de ser dentro ou fora da franquia contratada. O
fornecimento da fatura é gratuito e de responsabilidade da concessionária. A solicitação para o
fornecimento da fatura discriminada sem ônus para o assinante só precisa ser feita uma única vez,
marcando para a concessionária o momento a partir do qual o consumidor pretende obter o
serviço. Por esta razão, foi cancelada a súmula.

Súmula 356: É LEGÍTIMA a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa. (TJSP-
2015) (MPF-2012/2017) (MPRR-2017) (DPEAC-2017) (TRF5-2017) (TJPR-2012/2019) (PGEAM-2022)

(TRF5-2017-CESPE): Pedro celebrou com uma concessionária de serviço público contrato de


prestação de serviço de telefonia fixa e deixou de efetuar o pagamento das faturas referentes ao
serviço. Um ano depois, em decorrência de erro na instalação, o cabo de fibra óptica utilizado pela
empresa na residência de Pedro pegou fogo, ferindo-o. Ele, então, ajuizou ação de indenização
contra a concessionária e contra a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Requereu,
ainda, o reconhecimento da abusividade da cobrança de tarifa básica e o envio, pelas rés, das
faturas discriminadas das ligações efetuadas. Em sua resposta, a concessionária de serviço público
argumentou que não poderia atender ao requerido, pois havia suspendido, após o ajuizamento da
ação, o serviço de telefonia em decorrência de inadimplência passada de Pedro. A ANATEL, por
sua vez, alegou não possuir legitimidade passiva nesse tipo de demanda. A respeito dessa
situação hipotética, assinale a opção correta à luz da jurisprudência dos tribunais superiores: O
pedido de Pedro quanto ao reconhecimento de inadmissibilidade de cobrança de tarifa básica é
incabível. BL: S. 356, STJ.

(TJSP-2015-VUNESP): Não vulnera o CDC a cobrança de tarifa básica de assinatura mensal pelo
uso dos serviços de telefonia fixa. BL: S. 356, STJ.

Súmula 355: É válida a notificação do ato de exclusão do programa de recuperação fiscal do Refis
pelo Diário Oficial ou pela Internet.

Súmula 354: A invasão do imóvel É CAUSA DE SUSPENSÃO do processo expropriatório para fins
de reforma agrária. (TJPA-2009) (MPGO-2012) (TRF5-2013) (DPEMS-2014) (PGEPA-2015)

(TJPA-2009-FGV): De acordo com a jurisprudência consolidada pelo STJ, a invasão de um imóvel


rural submetido a processo expropriatório para fins de reforma agrária é causa de suspensão do
processo expropriatório. BL: S. 354 do STJ.

Súmula 353: As disposições do Código Tributário Nacional NÃO SE APLICAM às


CONTRIBUIÇÕES para o FGTS. (TRF5-2011)

#Atenção: #STJ: #TRF5-2011: #CESPE: A contribuição para o FGTS não se reveste de natureza
tributária, por isso inaplicáveis as disposições do CTN. STJ. 2ª T., REsp 610.595/RS, Rel. Min.
Francisco Peçanha Martins, j. 28/06/05.

Súmula 352: A obtenção ou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social


(Cebas) não exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes.

Súmula 351: A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) É AFERIDA
pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, OU pelo grau
de risco da atividade preponderante QUANDO HOUVER apenas um registro. (AGU-2010) (TJPA-
2012)

(TJPA-2012-CESPE): Com características ora de imposto, ora de taxa, as contribuições ditas


paraestatais, ou sociais, ou de previdência, constituem para a doutrina jurídica, nacional e
estrangeira, um ponto de intermináveis controvérsias. Considerando o fragmento de texto acima,
como referência inicial, a alíquota de contribuição para o seguro de acidente do trabalho (SAT) é
aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pela inscrição no
CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante, quando houver apenas um registro. BL:
S. 351, STJ.

(AGU-2010-CESPE): No que concerne à legislação acidentária, ao benefício de prestação


continuada previsto na Lei de Organização da Assistência Social e jurisprudência dos tribunais
superiores, julgue o item que se segue: A alíquota da contribuição para o SAT deve corresponder
ao grau de risco da atividade desenvolvida em cada estabelecimento da empresa, individualizado
por seu CNPJ. Possuindo esta um único CNPJ, a alíquota da referida exação deve corresponder à
atividade preponderante por ela desempenhada. BL: S. 351, STJ.

Súmula 350: O ICMS NÃO INCIDE sobre o serviço de habilitação de telefone celular. (AGU-2009)
(TJPR-2012) (PGEPA-2012) (PGEMS-2016) (DPERS-2018) (PGEAM-2022)

OBS: No mesmo sentido: STF. RE 572020/DF, j. em 6/2/2014.

Segundo entendimento consolidado do STJ e do STF, a prestação de serviços conexos ao de


comunicação (que são preparatórios, acessórios ou intermediários da comunicação) não se
confunde com a prestação da atividade fim – processo de transmissão (emissão ou recepção) de
informações de qualquer natureza –, esta sim, passível de incidência do ICMS.

O serviço de habilitação de celular configura atividade preparatória ao serviço de comunicação


e, portanto, não sujeita à incidência do ICMS.

Vale ressaltar que a própria Lei Geral de Telecomunicações prevê que o serviço de habilitação de
telefonia móvel não é atividade-fim, mas sim atividade-meio para o serviço de comunicação.
Desse modo, no ato de habilitação, não ocorre qualquer serviço efetivo de telecomunicação, sendo
apenas disponibilizado o celular para se permitir a sua utilização pelo usuário. Sendo atividade-
meio, a habilitação não pode ser enquadrada como serviço de comunicação prevista no art. 2°,
III, da LC 87/1996.

(AGU-2009-CESPE): Julgue o seguinte item, que dize respeito ao sistema tributário nacional:
Segundo jurisprudência do STJ, é ilegítima a cobrança do ICMS sobre o serviço de habilitação de
telefone celular.. BL: S. 350, STJ.

Súmula 349: Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento das
execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS . (TJAL-2008) (TRF3-2013)

OBS: Válida.

Vale ressaltar, contudo, que a Lei 13043/14 revogou o inciso I do art. 15 da Lei 5010/66. Logo, a
partir de agora, se a União, suas autarquias e fundações ajuizarem execução fiscal elas serão
sempre processadas e julgadas pela Justiça Federal, mesmo que o executado more uma comarca
do interior onde não funcione vara da Justiça Federal. Desse modo, não mais existe a
competência delegada no caso de execuções fiscais propostas pela Fazenda Pública Federal.

Súmula 348: Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de competência entre
juizado especial federal e juízo federal, ainda que da mesma seção judiciária.(*) CANCELADA

OBS: Cancelada. A competência para decidir esse conflito é do TRF, conforme visto acima
(Súmula 428 do STJ).

Súmula 347: O conhecimento de recurso de apelação do réu INDEPENDE de sua prisão. (PCSC-2008)
(TJAP-2009) (TJSC-2009) (TJPE-2011) (DPEMA-2011) (DPEAC-2012) (MPDFT-2013) (MPRO-2013) (DPEPR-2014)
(DPERS-2014) (TRF1-2015) (PCDF-2015) (TJPA-2019)

(MPGO-2019): Sobre as nulidades do processo penal, marque a alternativa correta: Caso um


Tribunal de Justiça deixe de conhecer recurso da defesa, sob o argumento de que o acusado não
teria sido recolhido à prisão, deve ser declarada nula a decisão do tribunal (nulidade absoluta), já
que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos assegura expressamente o direito ao duplo
grau de jurisdição, independentemente do recolhimento do acusado à prisão. BL: art. 594, CPP
[revogado] c/c Súmula 347, STJ51 e art. 8º, item 2, “h”, da CADH.52

#Atenção: #DPEAC-2012: #PCDF-2015: #MPGO-2019: #CESPE: O art. 594, CPP, que previa a
chamada prisão para apelar (o réu não poderia apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança,
salvo se primário e de bons antecedentes, assim reconhecido em sentença condenatória, ou
condenado por crime de que se livre solto) foi expressamente revogado pela Lei 11.719/08, o que
também foi objeto da Súmula 347 do STJ. Como o fato contraria diretamente o direito fundamental
a liberdade e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (art. 8º, “h”), norma de caráter
supralegal, fica demonstrado ser causa de nulidade absoluta com prejuízo manifesto.

(TJSP-2011-VUNESP): Antônio respondeu ao processo em liberdade e o juiz decreta,


fundamentadamente, a sua prisão na sentença condenatória. Expedido mandado de prisão, o
oficial de justiça certifica que Antônio encontra-se em local incerto e não sabido. O defensor
constituído, intimado da sentença, interpõe recurso de apelação. Assinale a alternativa correta a
respeito da situação, inclusive, se o caso, consoante jurisprudência sumulada dos Tribunais
Superiores (STJ e STF): A apelação pode ser conhecida independentemente da intimação pessoal
do acusado e do seu recolhimento à prisão. BL: S 347, STJ.

Súmula 346: É vedada aos militares temporários, para aquisição de estabilidade, a contagem em
dobro de férias e licenças não-gozadas. (TRF2-2013)

51
Súmula 347-STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.
52
CADH, Art. 8. Garantias Judiciais: (...) 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma
sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...) h) direito de recorrer da sentença para
juiz ou tribunal superior.
Súmula 345: SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS pela Fazenda Pública nas
execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas. (TJAP-
2008) (PGEES-2008) (TJMS-2012/2015) (TJSP-2014/2015) (PGEPI-2014) (PGEPR-2015) (TRF1-2015) (TJRO-2019)
(PGEGO-2010/2021)

OBS: Válida.

Leonardo Cunha defende que esta súmula se encontra superada em razão do §7º do art. 85 do
NCPC: “Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje
expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada”.

O STJ, contudo, entende que a súmula continua válida mesmo após o CPC/2015. Confira:
"O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado na
Súmula 345 do STJ, de modo que são devidos honorários advocatícios nos procedimentos
individuais de cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que não
impugnados e promovidos em litisconsócio." STJ. Corte Especial. REsp 1648238/RS, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em 20/06/2018 (recurso repetitivo).

(TJAP-2008-FGV): Em execuções individuais de ação civil pública em face de Município, a verba


honorária se mostra devida. BL: S. 345, STJ.

Súmula 344: A LIQUIDAÇÃO por forma diversa da estabelecida na sentença NÃO OFENDE a
coisa julgada. (MPSE-2010) (MPMG-2011) (DPESE-2012) (DPERO-2012) (MPF-2012) (MPRO-2013) (Cartórios/TJPI-
2013) (Cartórios/TJPE-2013) (TRF4-2012/2014) (DPEMS-2014) (MPSP-2015) (MPT-2015) (Cartórios/TJRS-2016) (TJRS-
2016) (DPERS-2018) (Cartórios/TJMG-2018)

(TJAP-2008-FGV): Determinada a liquidação por arbitramento na sentença, a alteração desta pelo


juízo, em momento ulterior, implica uma decisão legítima. BL: S. 344, STJ.

Súmula 343: É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo


disciplinar. (CANCELADA)

OBS: Cancelada.

Súmula 342: No procedimento para aplicação de medida sócio-educativa, É NULA a desistência de


outras provas EM FACE DA CONFISSÃO do adolescente. (DPESP-2009) (MPGO-2010) (TJDFT-2011/2012)
(TJPA-2012) (DPEAC-2012) (Cartórios/TJES-2013) (DPEMS-2012/2014) (MPMT-2014) (DPEMG-2014) (MPMS-2015)
(DPEPA-2015) (DPERO-2012/2017) (TJRS-2018) (MPBA-2018) (DPEAM-2018) (DPEPE-2018) (TJSC-2010/2019) (MPPR-
2019)

OBS: De acordo com o STJ, não obstante o adolescente tenha confessado a prática de ato
infracional, ainda assim é necessária a produção de provas, com a oitiva de testemunhas, para que
seja aplicada medida socioeducativa, salvo nos casos em que seja possível a aplicação de remissão.

(MPPI-2012-CESPE): Com relação às regras de apuração, processamento e julgamento de ato


infracional atribuído a adolescente previstas no ECA, assinale a opção correta: Ainda que o
adolescente representado confesse a autoria da infração, o advogado de defesa não pode desistir
da produção de outras provas, sob pena de nulidade desse ato. BL: S. 342, STJ.

Súmula 341: A frequência a curso de ensino formal É CAUSA DE REMIÇÃO de parte do tempo de
execução de pena sob regime fechado ou semiaberto. (MPRN-2009) (TJSP-2011) (MPMS-2011) (MPPR-2011)
(MPPA-2014) (DPECE-2014) (TJPE-2015) (TRF2-2018) (MPGO-2019)

OBS: Válida, no entanto, a súmula está, atualmente, incompleta. Segundo o § 6° do art. 126 da
LEP, incluído pela Lei 12.433/11, o condenado que cumpre pena em regime ABERTO e o
sentenciado que esteja usufruindo de LIBERDADE CONDICIONAL também poderão remir,
pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de
execução da pena ou do período de prova.

É possível a remição para condenados que cumprem pena em regime aberto ou estejam em
livramento condicional?
1) remição pelo trabalho: NÃO;
2) remição pelo estudo: SIM.

Súmula 340: A lei aplicável à concessão de PENSÃO PREVIDENCIÁRIA POR MORTE É aquela
vigente na data do óbito do segurado. (TRF4-2010) (DPU-2010) (TRF3-2013) (AGU-2013) (TRF5-2009/2017)
(TRF2-2017/2018)

OBS: Importante.

Ao analisar inúmeros casos envolvendo pensão por morte na previdência pública, o STJ firmou o
entendimento de que as regras que deverão reger o benefício são aqueles que vigoravam no
momento da concessão do benefício, não sendo aplicadas quaisquer alterações que sejam
realizadas na lei, sejam para beneficiar ou piorar a situação do pensionista. Esse entendimento é
baseado em um princípio segundo o qual tempus regit actum. Em uma tradução literal, significa "o
tempo rege o ato", ou seja, os atos jurídicos são regidos pela lei que vigorava no momento em que
eles foram editados. Em palavras mais técnicas, os benefícios previdenciários devem ser
regulados pela lei ou pelo estatuto vigentes ao tempo em que foram implementados os
requisitos necessários à consecução do direito. As normas editadas após a concessão do
benefício não podem retroagir, ainda que mais favoráveis ao beneficiário.

(AGU-2013-CESPE): Acerca do RGPS, julgue o item a seguir: Segundo a atual jurisprudência do


STF e STJ, a concessão do benefício previdenciário de pensão por morte aos dependentes do
segurado deve ser disciplinada pela legislação em vigor ao tempo do fato gerador do benefício em
questão, qual seja, a morte do segurado, por força da aplicação do princípio lex tempus regit actum.
BL: S. 340, STJ.

(TRF4-2010): Há em tramitação no Judiciário brasileiro um número muito expressivo de ações de


natureza previdenciária, o que deu origem a orientações seguras na jurisprudência acerca de
várias questões. Dadas as assertivas, analisando-as à luz do entendimento jurisprudencial
predominante no âmbito do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e dos Tribunais Superiores,
assinale a alternativa correta: Em matéria de direito intertemporal, a lei aplicável ao pleito de
concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado. BL:
S. 340, STJ.

Súmula 339: É CABÍVEL AÇÃO MONITÓRIA contra a Fazenda Pública . (DPEMA-2009) (PGEGO-
2010) (MPAL-2012) (TRT3-2013) (DPEMG-2014) (PGEAC-2012/2014) (TJSC-2009/2015) (TJPB-2015) (TRF5-2015) (PFN-
2015) (PGEAM-2016) (PGESE-2017) (PGDF-2022) (Anal. Judic./TJCE-2022) (TJDFT-2023) (TJSP-2023)

OBS: O teor da súmula passou a constar expressamente no § 6° do art. 700 do CPC 2015: "§ 6° É
admissível ação monitória em face da Fazenda Pública."

(PGEAM-2016-CESPE): É cabível, segundo o STJ, o ajuizamento de ação monitória contra a


fazenda pública, com o objetivo de receber nota promissória prescrita, emitida por ente público e
vencida há quatro anos. BL: Súmulas 339 e 504 do STJ e art. 700, §6º, NCPC.

Súmula 338: A prescrição penal É APLICÁVEL nas medidas sócioeducativas. (MPMT-2008) (DPEAL-
2009) (DPESP-2009) (PCRN-2009) (MPGO-2010) (DPEBA-2010) (DPU-2010) (DPEAM-2011) (TJGO-2009/2012) (TJBA-
2012) (TJPA-2012) (MPPI-2012) (DPEAC-2012) (MPSC-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TJMT-2014) (MPPA-2014)
(DPEMS-2014) (MPMS-2015) (DPEPA-2015) (DPERO-2017) (PCGO-2017) (TRF2-2018) (MPPR-2019) (MPRS-2021)
(DPEGO-2021) (MPSC-2023)

OBS: Importante.

O adolescente possui os mesmos direitos que os adultos, além de outros que lhe são específicos.
Nesse sentido, o adolescente também tem direito à prescrição das medidas socioeducativas. Para o
cálculo da prescrição, o STJ tem se utilizado de três critérios:
i) Se a medida aplicada possui prazo determinado, promove-se a incidência desse prazo no
art. 109 do Código Penal, e o reduz de metade por ser o agente menor de 21 anos;
ii) Se a medida não possui prazo certo, utiliza-se o prazo da internação (03 anos), incidindo-
o o art. 109 do CP, com redução de metade em razão de ser o agente menor de 21 anos;
iii) Se os critérios anteriores importarem em situação mais gravosa ao adolescente se em
comparação ao adulto, aplica-se o critério utilizado para o cálculo da prescrição para os
imputáveis (adultos).
Vejamos recente decisão do STJ sobre o tema:
(...) A decisão agravada foi exarada com lastro no enunciado da Súmula n. 338 deste
Superior Tribunal, in verbis: "aplica-se a prescrição penal às medidas sócio-educativas". 3.
Se a prescrição penal, por analogia, se aplica aos procedimentos por ato infracional, as
regras acerca da matéria, taxativamente previstas no Código Penal - inclusive no que diz
respeito aos marcos interruptivos - devem servir em todos os seus termos. 4. A prescrição
em abstrato orienta-se pelo máximo da medida socioeducativa em abstrato cominada no
ECA (internação) que, a teor do art. 121, § 3°, do ECA, é de 3 anos. O prazo prescricional,
regulado pelo art. 109, IV, do CP, seria de 8 anos, reduzido pela metade, em decorrência do
art. 115 do CP, chegando-se ao lapso de 4 anos. 5. O curso da prescrição interrompeu-se
pelo recebimento da representação, ocorrida em 7/10/10 e, desde então, decorreu prazo
superior a 4 anos sem a ocorrência de outras causas interruptivas da prescrição, assinaladas
no art. 117 do CP. 6. Agravo regimental não provido. (AgInt no REsp 1422168/RN, Rel.
Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª T., j. 15/12/16)

No voto do Min. Rel. Rogério Schietti Cruz, destacamos alguns pontos:


“(...) Se a prescrição penal, por analogia, se aplica aos procedimentos por ato infracional, as regras
acerca da matéria, taxativamente previstas no Código Penal – inclusive no que diz respeito aos
marcos interruptivos – devem servir em todos os seus termos. Não há razões lógicas para se
aplicarem algumas regras da prescrição penal às medidas socioeducativas e outras não,
principalmente se, com o recebimento da representação, há evidências de que o Estado não está
inerte. O adolescente não comete crime e nem é a ele aplicada pena privativa de liberdade ou
proferida sentença condenatória recorrível, mas, mesmo assim, devem ser aplicadas à pretensão
socioeducativa as regras da prescrição penal, apesar de a terminologia do ECA ser diferente daquela
empregada no Código Penal para os imputáveis. Dito isso, a prescrição em abstrato, sem que a
representação por ato infracional tenha sido julgada, regula-se pelo máximo da medida
socieoducativa prevista (internação) que, a teor do art. 121 § 3° do ECA, é de 3 anos. O prazo
prescricional, regulado pelo art. 109, IV, do CP, seria de 8 anos, reduzido pela metade, em
decorrência do art. 115 do CPB, chegando-se ao lapso de 4 anos. O curso da prescrição, em linhas
gerais, interrompe-se pelo recebimento da representação e pela publicação da sentença recorrível. Na
hipótese concreta, relacionada a furto qualificado – cuja pena máxima em abstrato, para o imputável,
é de 2 a 8 anos de reclusão –, não se verifica tratamento mais gravoso dispensado ao
adolescente com a adoção do lapso prescricional de 4 anos, que deve reger a resolução da
controvérsia. (...)”

(MPSC-2021-CESPE): Quanto às medidas socioeducativas previstas no ECA, julgue o item


considerando, ainda, a jurisprudência do STJ: As normas do Código Penal referentes à prescrição
são aplicáveis aos procedimentos de atos infracionais previstos no ECA. BL: S. 338, STJ.

(MPRS-2021): Quanto à prática de atos infracionais por adolescentes, assinale a alternativa


correta: Segundo o entendimento do STJ, a prescrição penal é aplicável nas medidas
socioeducativas. BL: S. 338, STJ.

(MPSP-2019): Segundo o STJ, os atos infracionais, mesmo gerando medidas chamadas de


socioeducativas, são prescritíveis, na forma do Código Penal. BL: S. 338, STJ.

#Atenção: Embora não haja previsão expressa na legislação, o STJ, através da Súmula 338
disciplina tal situação. Portanto, a prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.
Vejamos o seguinte trecho de julgado do STJ: “[...] as medidas sócio-educativas, induvidosamente
protetivas, são também de natureza retributiva e repressiva, como na boa doutrina, não havendo razão para
excluí-las do campo da prescrição, até porque, em sede de reeducação, a imersão do fato infracional no tempo
reduz a um nada a tardia resposta estatal” (STJ. 6ª T. AgRg no Ag 46.691/RS, rel. Min. Hamilton
Carvalhido, j. 26.05.04).

(DPEPR-2017-FCC): Adolescente é surpreendido praticando ato infracional análogo ao tipo


previsto no art. 157 do Código Penal, in verbis: “Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça (...) Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa ”. Após o regular
trâmite processual, advém sentença aplicando medida socioeducativa de prestação de serviços à
comunidade pelo prazo máximo de seis meses. Nessa situação hipotética, conforme
posicionamento do STJ sobre o tema, o prazo da prescrição da pretensão de executar a medida
socioeducativa é de um ano e seis meses. BL: S. 338, STJ.

#Atenção: A questão requer conhecimento sobre os prazos prescricionais referentes aos atos
infracionais. A prescrição para atos infracionais não está prevista no Estatuto da Criança e do
Adolescente, porém, o entendimento da Súmula 338, do STJ, é de que “a prescrição penal é aplicável
nas medidas socioeducativas”. Neste sentido, aplica-se o art. 109, do CP cumulado com o art. 115 do
mesmo diploma legal, tendo em vista ser o adolescente menor de 21 anos de idade. A prescrição
da pretensão punitiva do ato infracional regula-se pelo máximo da pena cominada ao crime ou
contravenção ao qual corresponde o ato infracional. Já a prescrição da pretensão executória
regula-se pelo prazo da medida socioeducativa aplicada na sentença. Desta forma, conforme o
enunciado diz o adolescente teve uma pena de seis meses levados ao art. 109 do CP, a prescrição
seria de 3 anos. A metade de 3 anos é 1 ano e 6 meses.

Súmula 337: É CABÍVEL a SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO na desclassificação do


crime e na procedência parcial da pretensão punitiva. (TJAP-2009) (TJPE-2011) (TRF4-2009/2012) (TJCE-
2012) (MPAL-2012) (MPF-2012) (TJMA-2013) (DPETO-2013) (Cartórios/TJES-2013) (PCGO-2013) (TRF5-2013)
(MPMG-2013/2014) (TJMT-2014) (DPEPR-2014) (DPERS-2014) (PCDF-2015) (TJRS-2009/2016) (TJPR-2017) (TJSP-2017)
(MPPR-2017) (DPESC-2017) (DPEAP-2018) (Oficial de Justiça/TJSC-2018) (TJBA-2019) (TJSC-2019) (DPESP-2019)
(TJMS-2020) (MPRS-2021) (DPEPI-2022)

OBS:
DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME
Algumas vezes pode acontecer de a pessoa ser denunciada por um crime que não admite
suspensão condicional do processo (pelo fato de a pena mínima ser superior a 1 ano) e, ao final, o
juiz percebe que aquela imputação estava incorreta e que o réu praticou crime diferente, cuja pena
mínima é igual ou inferior a 1 ano.

Ex: o réu foi denunciado por contrabando, crime previsto no art. 334-A do CP. Como a pena
mínima do contrabando é de 2 anos, no momento da denúncia não cabia ao MP oferecer
suspensão condicional do processo. Houve toda a instrução e, ao final, o juiz constata que a
mercadoria importada não era proibida e que, na verdade, o agente poderia tê-la importado, mas
desde que pagasse regularmente os impostos devidos, o que não aconteceu. O magistrado
concluiu, portanto, que a conduta se amolda ao descaminho, delito que permite suspensão
condicional do processa porque a pena mínima é de 1 ano (art. 334).

Nesta situação, o juiz deverá intimar o MP para, diante da nova classificação jurídica, oferecer ao
réu a proposta de suspensão condicional do processo.

Repare que como a instrução já acabou, o magistrado poderia, em tese, condenar o réu por
descaminho. No entanto, isso não seria justo porque em virtude da imputação equivocada feito
pelo MP o acusado ficou privado de aceitar um benefício despenalizador que é, na maioria das
vezes, mais benéfico do que ser condenado.

Pensando nessa situação, o STJ editou, em 2007, a Súmula 337 afirmando que se houver
desclassificação do crime, será cabível a suspensão condicional do processo. Em 2008, o legislador,
percebendo que este entendimento jurisprudencial está correto, resolveu alterar o CPP a fim de
deixar isso expressamente previsto. Foi, então, incluído o § 1° ao art. 383, com a seguinte redação:
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena
mais grave.
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de
suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
(Incluído pela Lei n° 11.719/2008).

PROCEDÊNCIA PARCIAL DA PRETENSÃO PUNITIVA


Vimos também que, no cálculo da pena mínima inferior ou igual a 1 ano, deverá ser incluído o
aumento decorrente de concurso material, formal ou crime continuado. Assim, não caberá
suspensão condicional do processo se a pessoa cometeu dois ou mais crimes em concurso
material, concurso formal ou continuidade delitiva, e a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassa o limite de 1 ano (Súmula 243 do STJ).

Ex: o MP denuncia o agente pela prática de descaminho (art. 334) em concurso formal com a
falsidade ideológica (art. 299). A pena mínima do descaminho e a pena mínima da falsidade
ideológica são iguais a 1 ano, quando isoladamente consideradas. No entanto, para fins de
suspensão, elas deverão ser contadas aplicando-se a regra do concurso formal (art. 70). Logo,
deverá haver aumento de 1/6 até 1/2. Enfim, havendo este aumento, não caberá suspensão
porque a pena mínima ultrapassa 1 ano.
Pode acontecer, no entanto, de o MP denunciar o réu por dois ou mais crimes supostamente
praticados em concurso material, formal ou em continuidade delitiva e, o juiz, ao final da
instrução, perceber que este concurso ou continuidade não cabe naquele caso concreto. Desse
modo, desaparece o óbice que havia para a concessão da suspensão condicional e o benefício
deverá ser oferecido mesmo já estando, em tese, no final do processo.

Ex: o MP denuncia o réu pela prática de descaminho (art. 334) em concurso formal com a falsidade
ideológica (art. 299). Ao final da instrução, o juiz constata que o documento falso foi utilizado
unicamente para praticar o crime de descaminho e que não poderá mais ser empregado em
nenhum outro delito (perdeu sua potencialidade lesiva). Neste caso, segundo a jurisprudência, o
falso deverá ser absorvido pelo crime-fim (descaminho). Em outras palavras, a acusação quanto à
falsidade ideológica deverá ser julgada improcedente, mantendo-se apenas a imputação de
descaminho.

Mais uma vez, não seria justo condenar direto o réu por descaminho sem lhe oferecer o benefício
da suspensão do processo já que ele só não teve direito a essa proposta por causa da imputação do
MP que foi excessiva. Pensando nessa situação, o STJ preconiza, na Súmula 337, que, em caso de
procedência parcial da pretensão punitiva, será cabível a suspensão condicional do processo.

(TJSC-2019-CESPE): Acerca do benefício do sursis processual previsto na Lei n.º 9.099/1995, é


correto afirmar que é cabível o beneficio na desclassificação do crime e na procedência parcial da
pretensão punitiva, ainda que ocorrida em grau recursal. BL: S. 337, STJ.

#Atenção: Além do fato da Súmula 337 do STJ não fazer qualquer restrição em relação à fase
processual que ela pode ser aplicada, é certo que os Tribunais de Justiça, em típica medida de
emendatio libelli, podem promover a desclassificação do delito imputado ao recorrido para outro
ou, simplesmente, podem, em sede de recurso, julgar parcialmente procedente a pretensão
punitiva estatal, fazendo, assim, com que eles devam conferir ao MP a oportunidade de se
manifestar acerca do oferecimento do benefício da suspensão condicional do processo.

(TJBA-2019-CESPE): Tendo como referência a Lei 9.099/95 — Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais —, assinale a opção correta, acerca da suspensão condicional do processo: Em caso de
procedência parcial da pretensão punitiva, será cabível a aplicação da suspensão condicional do
processo, cuja proposta será apresentada pelo MP. BL: S. 337, STJ.

(DPESC-2017-FCC): Sobre a suspensão condicional do processo, é correto afirmar: É cabível a


suspensão condicional do processo em caso de desclassificação pelo juiz que resulte em tipificação
de crime cuja pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano. BL: S. 337, STJ e art. 89,
caput, Lei 9099/95.53

Súmula 336: A mulher que RENUNCIOU aos ALIMENTOS na separação judicial TEM DIREITO
À PENSÃO PREVIDENCIÁRIA POR MORTE do ex-marido, COMPROVADA a necessidade
econômica superveniente. (PGEAL-2009) (MPMS-2011) (MPAP-2012) (DPERO-2012) (MPRO-2008/2013)
(MPGO-2013) (TRF3-2013) (TRF2-2018)

OBS: Importante.

(...) 1 - "Comprovada a dependência econômica em relação ao de cujus, o cônjuge separado


judicialmente faz jus ao benefício de pensão pós-morte do ex-cônjuge, sendo irrelevante o não
recebimento de pensão alimentícia anterior." (AgRg no REsp 1.295.320/RN, Rel. Min. Cesar Asfor
Rocha, 2ª Turma, j. 19/06/12, DJe 28/06/12) 2. Tal entendimento encontra-se consagrado na
Súmula 336/STJ ("A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente"). 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 473.792/PE,
Rel. Min. Sérgio Kukina, 1ª Turma, j. 13/05/14, DJe 19/05/14).

53
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não
por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por
dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).
Súmula 335: Nos contratos de locação, É VÁLIDA a CLÁUSULA DE RENÚNCIA à indenização
das benfeitorias e ao direito de retenção. (TJAM-2013) (PGDF-2013) (MPGO-2014) (DPEGO-2014) (TJPB-2015)
(TJDFT-2016) (DPEPE-2018) (TJAC-2012/2019) (TJAL-2015/2019)

OBS: Válida. Vide art. 578 do CC/02 e art. 35 da Lei 8245/91:


Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com
expresso consentimento do locador.
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias
introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis,
desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.

Súmula 334: O ICMS NÃO INCIDE no serviço dos provedores de acesso à Internet. (TJGO-2009)
(PGEPA-2012) (PGEMS-2016)

Súmula 333: CABE MANDADO DE SEGURANÇA contra ato praticado em LICITAÇÃO


PROMOVIDA POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA ou EMPRESA PÚBLICA. (PGEAM-
2010) (DPEAM-2011) (PGEPR-2011) (TJDFT-2007/2012) (TJBA-2012) (MPAL-2012) (MPAP-2012) (MPRJ-2012) (DPESP-
2013) (PF-2013) (PGEBA-2014) (PGEMS-2014) (MPMS-2015) (MPSP-2015) (TCERN-2015) (TJCE-2018) (TJRJ-2012/2019)
(MPDFT-2011/2021) (MPMG-2021) (TCDF-2021) (TRF4-2012/2014/2022) (DPEPI-2022) (PGM-Recife/PE-2022)

OBS: Importante.

Lei n° 12.016/2009:
Art. 1° (...) § 2° Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e
de concessionárias de serviço público.

A súmula refere-se a atos administrativos e não a atos de gestão, razão pela qual permanece
válida.

(MPDFT-2021): Assinale a alternativa correta: As hipóteses remanescentes de licitações a serem


conduzidas por empresas públicas, mesmo após o advento da recente lei de licitações e contratos
administrativos, mantém o cabimento de ação mandamental para controle de ato coator
eventualmente produzido no aludido certame. BL: S. 333, STJ.

(TJCE-2018-CESPE): Conforme a jurisprudência do STJ e a legislação pertinente, mandado de


segurança pode ser impetrado contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de
economia mista. BL: S. 333, STJ.

(MPMS-2015-FAPEC): Quanto ao mandado de segurança, é correto afirmar que é cabível contra


ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública. BL: S.
333, STJ.

Súmula 332: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges IMPLICA a INEFICÁCIA
TOTAL da garantia. (MPRO-2008) (TJRS-2012) (MPTO-2012) (DPEPR-2012) (TJSC-2013) (Cartórios/TJPE-2013)
(TRF5-2013) (TCDF-2013) (TJCE-2014) (DPECE-2014) (DPEES-2016) (TRF2-2013/2017) (Cartórios/TJRS-2013/2019)
(TJRJ-2019) (DPERJ-2021) (TJSP-2009/2013/2023) (TCERJ-2023)

OBS: Válida. Art. 1647 do CC: “Ressalvado o disposto no art. 1648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III prestar fiança ou aval”.

OBS: Essa Súmula não se aplica no caso de união estável (STJ, REsp 1299866/DF, j. 25/02/14).

Não se aplica a súmula se o fiador omite ou presta informação inverídica: A jurisprudência do


STJ tem mitigado a incidência da regra de nulidade integral (total) da fiança nos casos em que o
fiador omite ou presta informação inverídica sobre seu estado civil. Em tais hipóteses, deverá
ser preservada apenas a meação do cônjuge cuja autorização não foi concedida, não se protegendo
a parte do cônjuge que agiu de má-fé. Nesse sentido:
Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, a fiança prestada sem autorização de
um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia (Sumula 332/STJ), salvo se o fiador
emitir declaração falsa, ocultando seu estado civil de casado. A Corte Estadual
reconheceu a má-fé do devedor, ora recorrente, que omitiu seu estado civil, objetivando
frustrar a garantia. STJ. 4ª T. AgInt no REsp 1533161/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, j.
23/08/18.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 101: #TJSP-2023: #VUNESP: Tese 06: A fiança prestada
sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia (Súmula n. 332/STJ).

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 101: #TRF2-2017: #Cartórios/TJRS-2019: #TJSP-2023:


#VUNESP: Tese 07: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia
total da garantia (Súmula n. 332/STJ), salvo se o fiador emitir declaração falsa, ocultando seu
estado civil de casado.
(TJSP-2023-VUNESP): Basílio emprestou R$ 30.000,00 para Marcela. Exigiu garantia fidejussória. O
contrato foi assinado por Marcela e pelo fiador Joaquim. Marcela não pagou a dívida. Basílio
ingressou com ação em face da devedora principal e do fiador. Considerando que Joaquim, no
momento da contratação, omitiu que era casado com Maria, assinale a alternativa correta sobre o
contrato de fiança, segundo a jurisprudência dominante e atual do STJ: A fiança prestada sem
autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia, salvo se o fiador emitir
declaração falsa para ocultar seu estado civil de casado. BL: S. 332, STJ e Jurisprud. Teses/STJ – Ed.
101, Teses 06 e 07.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. 101: #TJSP-2023: #VUNESP: Tese 08: A fiança prestada por
fiador convivente em união estável, sem a outorga uxória do outro companheiro, não é nula,
nem anulável.

(DPECE-2014-FCC): André, casado no regime da comunhão parcial de bens com Priscila, obrigou-
se, como fiador, a garantir contrato de locação. Contudo, ao celebrar o contrato, não contou com a
anuência de Priscila. De acordo com Súmula do STJ, a fiança prestada por André é totalmente
ineficaz. BL: S. 322, STJ.

(TCDF-2013-CESPE): Mediante a formalização de um contrato escrito, Paulo, que é casado com


Lúcia, se obrigou a pagar a Dimas o que este tem a receber de Lauro, caso Lauro não cumpra a
obrigação. A propósito dessa situação hipotética, julgue o item subsequente: Caso o contrato seja
anulado em razão da ausência de outorga uxória de Lúcia, esposa de Paulo, a consequência será a
ineficácia total da garantia dada. BL: art. 1647, III, CC e S. 332, STJ.

(TJSP-2009-VUNESP): Com relação aos efeitos patrimoniais do casamento, no regime da


comunhão parcial, o aval, como a fiança, depende da concordância do cônjuge, sob pena de
anulabilidade do ato, podendo o juiz supri-la se injustificável a recusa. BL: art. 1647, III, c/c art.
1648, CC e S. 332, STJ.

#Atenção: A fiança e o aval dependem da outorga do outro consorte, nos termos do art. 1647,
inciso III do CC, de sorte que se admite o suprimento judicial em caso de recusa do cônjuge, sem
motivo justo ou que não possa concedê-la, consoante dispõe o art. 1648, CC.

Súmula 331: A apelação interposta contra sentença que JULGA embargos à arrematação TEM
EFEITO MERAMENTE DEVOLUTIVO. (PGM-João Pessoa/PB-2018)

(TJRO-2011-PUCPR): Considere as assertivas abaixo. Em seguida, marque a única correta: A


apelação interposta contra sentença que julga embargos à arrematação tem efeito meramente
devolutivo. BL: S. 331, STJ.

(MPRO-2008-CESPE): Segundo o entendimento do STJ, a apelação interposta contra sentença que


julga embargos à arrematação tem efeito meramente devolutivo. BL: S. 331, STJ.

Súmula 330: É DESNECESSÁRIA a RESPOSTA PRELIMINAR [obs.: antes do recebimento da


denúncia] de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por
inquérito policial. (MPRO-2008) (MPRR-2008) (TJSE-2008) (TJAP-2009) (PCDF-2009) (PCPB-2009) (TRF1-2009)
(MPES-2010) (MPMG-2010) (DPEBA-2010) (TCEBA-2010) (DPEAM-2011) (DPEMA-2011) (TJAM-2013)
(Cartórios/TJES-2013) (TRF1-2013) (TRF2-2011/2013/2014) (DPECE-2014) (TRF4-2014) (TJPB-2015) (TJAL-2015) (TJRS-
2018) (TJSC-2013/2019) (TJBA-2019) (PGM-Boa Vista/RR-2019) (MPCSC-2022)

OBS: Polêmica.
O STF possui julgados em sentido contrário a essa súmula, ou seja, afirmando que "é
indispensável a defesa prévia nas hipóteses do art. 514 do CPP, mesmo quando a denúncia é
lastreada em inquérito policial" (HC 110361, j. 05/06/12). Apesar disso, o STJ continua aplicando
normalmente o entendimento sumulado. Nesse sentido: HC 173.864/SP, j. 03/03/15.

O procedimento especial previsto nos arts. 513 a 518 do CPP trata dos crimes previstos nos arts.
312 a 326 do Código Penal (crimes praticados por funcionário público contra a Administração em
geral). "Portanto, o simples fato de se tratar de acusado que ostente a condição de funcionário
público não atrai a incidência do art. 514 do CPP" - na lição de Renato Brasileiro de Lima (Súmulas
criminais do STF e do STJ comentadas, 2020, p. 399).
Capítulo II – Do processo e do julgamento dos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e
julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com
documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração
fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro
do prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar fora da
jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta
preliminar.
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o prazo concedido para a resposta, os
autos permanecerão em cartório, onde poderão ser examinados pelo acusado ou por seu
defensor.
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com documentos e justificações.
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido,
pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da
improcedência da ação.
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabelecida no
Capítulo I do Título X do Livro I.
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do processo, observar-se-á o disposto
nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.

O procedimento especial (arts. 513 a 518 do CPP) é aplicado para quais crimes? É aplicado para os
crimes funcionais AFIANÇÁVEIS. Para os crimes funcionais INAFIANÇÁVEIS, aplica-se o
procedimento comum ordinário.

E se o funcionário público possuir prerrogativa de função? Aplica-se o procedimento da Lei


8.038/90 (procedimento dos crimes de competência originária), e não o procedimento especial
previsto nos arts. 513 a 518 do CPP.

Crimes de abuso de autoridade com pena máxima não superior a dois anos (Lei 13.869/19):
Seguem o rito do Juizado Especial Criminal, nos termos das Leis 9.099/1995 e 10.259/2001.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2
(dois) anos, cumulada ou não com multa.

Crimes de abuso de autoridade com pena máxima superior a dois anos (Lei 13.869/2019): O rito a
ser seguido para esses casos seria o ordinário comum (art. 394 e seguintes do CPP) ou o art. 513 e
seguintes do CPP? A doutrina adotou a corrente de que o rito do art. 513 e seguintes do CPP é a
posição mais acertada, pois o crime de abuso de autoridade é um ato de corrupção lato sensu e um
crime funcional, de modo que sem a condição de agente público ele não se consuma, como ensina
Renato Brasileiro de Lima (Súmulas criminais do STF e do STJ comentadas, 2020, p. 400):
Não parece haver nenhuma diferença ontológica entre crimes como peculato, corrupção
passiva, prevaricação, previstos entre os arts. 312 e 326 do CPP, e aqueles previstos na nova
Lei de Abuso de Autoridade: todos são crimes próprios, funcionais, nos quais a condição
de agente público é inerente a prática do crime e atentam contra os mesmos bens jurídicos
— Administração Pública e, a depender do delito, patrimônio, honra, liberdade individual
etc. —, daí por que não se pode dispensar a eles tratamento diverso, sob pena de odiosa
violação ao princípio da isonomia.

No mais, o próprio art. 39 da Lei 13.869/2019 determina a aplicação subsidiária do CPP aos crimes
de abuso de autoridade.
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que
couber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Seguindo essa mesma linha, aliás, vemos o enunciado 24 do Conselho Nacional de Procuradores-
Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Os crimes de abuso de autoridade
com pena máxima superior a dois anos, salvo no caso de foro por prerrogativa de função, são
processados pelo rito dos crimes funcionais, observando-se a defesa preliminar do art. 514 do
CPP” (https://bit.ly/3e0gkOy).

Dispensabilidade do inquérito policial: Conforme o art. 513 do CPP, a denúncia ou queixa pode
ser oferecida sem o inquérito policial, desde que instruída com documentos ou justificação que
façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de
apresentação de qualquer dessas provas.
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e
julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com
documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração
fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.

No caso de denúncia ou queixa apresentada com base em inquérito policial, será dispensada a
defesa preliminar (art. 514 do CPP)?
STJ STF
(SIM) (NÃO)
Súmula 330-STJ: É desnecessária a resposta “É indispensável a defesa prévia nas hipóteses
preliminar de que trata o artigo 514 do Código do art. 514 do CPP, mesmo quando a denúncia é
de Processo Penal, na ação penal instruída por lastreada em inquérito policial” (HC 110361, j.
inquérito policial. em 05/06/2012). Veja também: STF HC 110361.

Apesar dos julgados do STF, o STJ continua aplicando normalmente o entendimento sumulado.
Nesse sentido: HC 173.864/SP, julgado em 03/03/2015.

Para conhecer os pormenores do entendimento do STJ:


RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PECULATO. CRIME PRATICADO POR
FUNCIONÁRIO PÚBLICO. ART. 514 DO CPP. NÃO OBSERVÂNCIA. AÇÃO PENAL
PRECEDIDA DE INQUÉRITO POLICIAL. SÚMULA N. 330 DO STJ. PREJUÍZO NÃO
DEMONSTRADO. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO.
RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A notificação do funcionário público, nos termos do art. 514
do Código de Processo Penal, não é necessária quando a ação penal for precedida de
inquérito policial. Súmula n. 330 do STJ. 2. O Supremo Tribunal Federal, muito embora
tenha proferido julgados em sentido diverso, assentou o entendimento de que o vício de
procedimento deve ser suscitado em momento oportuno e exige a demonstração de
prejuízo concreto à parte, consoante a exegese do art. 563 do CPP, o que não ocorreu na
espécie. 3. Recurso ordinário não provido. (RHC 66.817/SP, Rel. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 27/09/2016, DJe 10/10/2016)

Defesa preliminar: Com a denúncia ou queixa, o juiz determina a notificação (e não citação) do
acusado para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresente defesa preliminar. A defesa preliminar
é apresentada antes do recebimento da denúncia ou queixa, de modo que ela evita esse
recebimento. Os autos ficarão disponíveis em cartório, onde poderão ser examinados pelo acusado
ou por seu defensor (art. 515, caput, do CPP). A defesa preliminar poderá ser instruída com
documentos e justificações (art. 515, parágrafo único, do CPP). A corrente majoritária entende que
a defesa preliminar é peça meramente facultativa. Eventual problemática sobre o assunto é causa
de nulidade relativa e exige demonstração de prejuízo (ex.: juiz não concede pra para o acusado
oferecer a defesa preliminar).

Rejeição da denúncia ou queixa: O art. 516 do CPP prevê que a rejeição da denúncia ou queixa seja
sempre fundamentada. Segundo o art. 516 do CPP, as hipóteses de rejeição da peça acusatória são:
a) inexistência do crime;
b) improcedência da ação.

Vale mencionar que a doutrina complementa as hipóteses de rejeição do art. 516 do CPP,
acrescentando as previstas no art. 395 do CPP.
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se
convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da
improcedência da ação.

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Qual a medida judicial adequada contra o recebimento da peça acusatória? O CPP prevê recurso
em sentido estrito apenas no caso de não recebimento da peça acusatória (art. 581, I, do CPP). Por
isso, a decisão que recebe a denúncia ou queixa é irrecorrível. Porém, a jurisprudência admite
trancamento do processo penal por meio de habeas corpus (ou mandado de segurança) em
situações excepcionais quando patente o constrangimento ilegal.

Recebimento da denúncia ou queixa: Com o recebimento da denúncia ou queixa, o juiz deverá


determinar a citação do réu (e não notificação) para que apresente resposta escrita (arts. 396 e 396-
A do CPP). Atenção: a resposta escrita do réu é obrigatória (a qual não se confunde com a defesa
preliminar), sob pena de nulidade absoluta. Após, o juiz decidirá sobre possível absolvição
sumária (art. 397 do CPP) e, não sendo o caso, designará audiência, produção de provas, alegações
finais orais (regra) ou memoriais (exceção) e, por fim, a sentença oral (regra) ou escrita (exceção).
Portanto, conforme visto acima, com o recebimento da denúncia ou queixa, passa-se a adotar o
procedimento comum ordinário, independente da pena máxima cominada para o crime (mas
desde que não se trate de infração de menor potencial ofensivo).

(TJMT-2018-VUNESP): Assinale a alternativa correta: Nos crimes afiançáveis de responsabilidade


de funcionários públicos, investigados por inquérito policial, oferecida a denúncia que atende os
requisitos do art. 41 do CPP, com informações suficientes sobre os fatos que configuram, em tese,
delito especificado, o juiz pode receber a denúncia, prescindindo da notificação prévia do
acusado. BL: S. 330 do STJ.

#Atenção: #PCDF-2009: #TRF1-2009: #MPES-2010: #Cartórios/TJES-2013: #TRF2-2014: #TRF4-


2014: #CESPE: #VUNESP: Cumpre ressaltar que tal posicionamento não é aceito pelo STF, que
entende ser necessária a resposta preliminar.

(TRF3-2018): De acordo com a jurisprudência sumulada do STJ: A notificação do funcionário


público, nos termos do art. 514 do CPP, não é necessária quando a ação penal for precedida de
inquérito policial. BL: S. 330, STJ.

(MPMS-2013): Assinale a alternativa correta: Conforme entendimento alicerçado pelo Superior


Tribunal de Justiça, a defesa preliminar do funcionário público nos crimes de sua
responsabilidade, prevista no art. 514 do CPP, é desnecessária quando a ação penal vem instruída
por inquérito policial. BL: S. 330, STJ.

(TCEBA-2010-CESPE): Considerando a jurisprudência sumulada do STJ e do STF, julgue o item


subsequentes: Não obstante a existência de entendimento sumulado do STJ no sentido de que, na
ação penal instruída por inquérito policial, é desnecessária a resposta preliminar de que trata o art.
514 do CPP, há precedentes do STF que flexibilizam tal enunciado. Nesse sentido, segundo a atual
jurisprudência da Corte Suprema, para o caso de crimes funcionais típicos afiançáveis, a defesa
preliminar é indispensável mesmo quando a denúncia é lastreada em inquérito policial. BL:
Entend. STF e S. 330, STJ.

(MPRO-2008-CESPE): Julgue o seguinte item, acerca dos procedimentos no direito processual


penal: Em recente entendimento, o STF passou a ter nova orientação no sentido de que, no
procedimento dos crimes de responsabilidade de funcionários públicos, a notificação prévia do
art. 514 do CPP não é dispensada quando a denúncia se apoiar em inquérito policial. BL: Entend.
STF.

Súmula 329: O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM legitimidade para propor ação civil pública em
defesa do patrimônio público. (AGU-2009) (MPTO-2012) (TRF2-2013) (TRF3-2013) (MPT-2013) (MPPR-2014)
(DPERO-2012/2017) (MPCPA-2019) (DPERJ-2021) (PGEAL-2021) (MPPA-2023)

OBS: Vale ressaltar que, depois deste enunciado, foi editada a Lei 13.004/14 que acrescentou mais
um inciso ao art. 1º da Lei 7.347/85 e estabeleceu, de forma expressa, que a ação civil pública
poderá também prevenir e reparar danos morais e patrimoniais causados ao PATRIMÔNIO
PÚBLICO E SOCIAL.

OBS: Vejamos seguinte julgado do STJ: “(...) 1. Trata-se, na origem, de "Ação Civil Pública com pedido
de nulidade de atos administrativos do Poder Legislativo Municipal e restituição de valores indevidamente
recebidos por vereadores", em razão de recebimento indevido de valores referentes à chamada "abertura e
fechamento de trabalhos legislativos". 2. "O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil
pública em defesa do patrimônio público" (Súmula 329/STJ), assim entendido em sentido amplo o Erário,
bem pertencente, de modo indireto, a toda a sociedade, o que envolve, portanto, interesse difuso da
coletividade. Precedentes do STJ. 3. Não houve prequestionamento da temática do interesse de agir à luz da
existência da Execução Fiscal. Incide, portanto, a Súmula 211/STJ. (...). (AgRg no AREsp 120.979/GO,
Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T, j. 16/08/12, DJe 27/08/2012)”

Súmula 328: Na execução contra instituição financeira, É PENHORÁVEL o numerário disponível,


EXCLUÍDAS as RESERVAS BANCÁRIAS mantidas no Banco Central. (TJDFT-2014) (TJRR-2015)

Súmula 327: Nas ações referentes ao Sistema Financeiro da Habitação, a Caixa Econômica Federal
tem legitimidade como sucessora do Banco Nacional da Habitação.

Súmula 326: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao
postulado na inicial NÃO IMPLICA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. (TJDFT-2007) (TJMT-2009)
(PGEGO-2010) (TRT3-2013)

OBS: Importante.

A ratio decidendi dos precedentes da Súmula 326/STJ é clara no sentido de que, nos casos de
indenização por danos morais, fixado o valor indenizatório menor do que o indicado na inicial,
não se pode, para fins de arbitramento de sucumbência, sob pena de correr o risco de gerar um
paradoxo de impor à vítima o pagamento de honorários advocatícios superiores ao deferido a
título indenizatório (STJ. 2ª T. AgInt no REsp 1710637/GO, Rel. Min. Herman Benjamin, j.
22/05/18).

O CPC/15 afirma que o valor da causa na ação de danos morais deve ser a indenização
pretendida pelo autor e que deverá constar expressamente na petição inicial. Confira: "Art. 292.
O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: V — na ação indenizatória, inclusive
a fundada em dano moral, o valor pretendido;"

Apesar disso, o STJ continua dizendo que essa súmula permanece aplicável:
Nos termos da Súmula 326/STJ, na ação de compensação por danos morais, a condenação
em montante inferior ao postulado na petição inicial não implica sucumbência recíproca.
STJ. 3ª T. AgInt no AREsp 1672112/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/08/2020.

Incide a Súmula 326 do STJ, no caso de discrepância entre o valor indicado no pedido e o quantum
arbitrado na condenação, não havendo falar em sucumbência dos autores da demanda,
vencedores em seu pedido indenizatório:
Caso concreto: João ajuizou ação de indenização por danos morais contra o jornal pedindo
R$ 1 milhão de reparação. O juiz reconheceu que o jornal cometeu grave erro na
reportagem veiculada, praticando, portanto, ato ilícito, mas condenou o réu ao pagamento
de apenas R$ 25 mil. O jornal recorreu alegando que, como o autor pediu 1 milhão e
somente obteve 25 mil, ele obteve provimento equivalente a 2,5% do valor pleiteado,
devendo, portanto, ser condenado ao pagamento de 97,5% dos honorários advocatícios e
das verbas de sucumbência.
O STJ acolheu a tese do réu? Não. No caso concreto, conforme demonstrado, existe uma
substancial discrepância entre o quantum pleiteado a título de indenização e o valor
arbitrado pelo juiz. Por conta disso, o réu alega que o autor sucumbiu na maior parte do
pedido. O STJ, contudo, não concordou com essa argumentação.
Aplica-se aqui a Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação
em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.
O entendimento exposto na Súmula 326 do STJ permanece válido mesmo depois que o art.
292, V, do CPC/2015 passou a exigir que o autor da demanda indique o valor pretendido a
título de reparação pelos danos morais que diz haver suportado.
O valor sugerido pela parte autora para a indenização por danos morais traduz mero
indicativo referencial, apenas servindo para que o julgador pondere a informação como
mais um elemento para a árdua tarefa de arbitrar o valor da condenação, a fim de que se
afigure suficiente para reparar o prejuízo imaterial suportado pela vítima do evento
danoso.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.837.386-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 16/08/22 (Info 746).

Situação na qual o STJ disse que não se aplicava a súmula:


O recurso adesivo pode sim ser interposto pelo autor da ação de indenização julgada
procedente, quando arbitrado, a título de danos morais, valor inferior ao que era almejado.
Isso porque, neste caso, estará configurado o interesse recursal do demandante em ver
majorada a condenação, hipótese caracterizadora de sucumbência material.
Realmente, só cabe recurso adesivo se houver sucumbência recíproca, ou seja, se tanto o
autor como o réu perderem na sentença.
Se o autor pediu a condenação do réu em R$ 30 mil a título de danos morais e conseguiu a
condenação em R$ 10 mil, ele ganhou a demanda sob o ponto de vista formal (processual).
Não se pode dizer que houve sucumbência formal, já que a providência processual
requerida foi atendida (o réu foi obrigado a pagar). No entanto, sob o ponto de vista
material, o autor teve sim uma sucumbência parcial (derrota parcial). Isso porque ele não
obteve exatamente o bem da vida que pretendia (queria 30 e só teve 10). Logo, neste caso, o
autor terá interesse em ver majorada a condenação, hipótese caracterizadora, portanto, da
sucumbência material viabilizadora da irresignação recursal.
Não se aplica a Súmula 326 do STJ porque esse enunciado é baseado na definição da
responsabilidade pelo pagamento de despesas processuais e honorários advocatícios. Ele
não está relacionado com interesse recursal. A correta leitura da súmula 326 é a seguinte:
Para fins de definição de quem irá pagar as despesas processuais e os honorários
advocatícios, “na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior
ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca”.
Logo, se o autor pediu uma quantia a título de danos morais e obteve valor inferior ao
desejado, podemos concluir que:
• Sob o ponto de vista formal, ele foi o vencedor da demanda e não terá que pagar as
despesas processuais e os honorários advocatícios do réu(Súmula 326-STJ);
• Sob o ponto de vista material, ele foi sucumbente e terá direito de interpor recurso
(principal ou adesivo), já que não obteve o exato bem da vida pretendido.
STJ. Corte Especial. REsp 1102479-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, Corte Especial, j. 4/3/15
(recurso repetitivo) (Info 562).

(TJDFT-2011): Tício propõe ação subordinada ao procedimento ordinário contra Caio, pedindo a
condenação deste ao pagamento de indenização por dano moral no valor de R$ 50.000,00. O
pedido é resolvido por sentença de mérito em que Caio é condenado a pagar a Tício indenização
por dano moral no valor de R$ 20.000,00. Neste caso, a condenação em indenização de valor
inferior ao pleiteado na inicial não implica sucumbência recíproca, devendo Caio pagar a
totalidade das custas processuais e os honorários advocatícios, estes considerado o valor da
condenação. BL: S. 326, STJ.

Súmula 325: A REMESSA OFICIAL DEVOLVE ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da


condenação suportadas pela Fazenda Pública, INCLUSIVE dos honorários de advogado. (PGEGO-
2010) (TRF3-2011) (TRT18-2012) (TJSP-2014/2021)

Súmula 324: Compete à Justiça Federal processar e julgar ações de que participa a Fundação
Habitacional do Exército, equiparada à entidade autárquica federal, supervisionada pelo Ministério
do Exército.

Súmula 323: A inscrição do nome do devedor PODE SER MANTIDA nos SERVIÇOS DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO até o prazo máximo de cinco anos, INDEPENDENTEMENTE da
prescrição da execução. (TJAP-2008) (MPF-2008) (MPCE-2009) (TJCE-2012) (MPRR-2012) (Cartórios/TJBA-2013)
(TJPR-2014) (Anal. Legisl.-Câm. Deputados-2014) (TJDFT-2015) (MPAM-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (DPEES-
2016) (TRF3-2016) (MPRO-2017) (DPERO-2017) (MPF-2017) (TJMT-2014/2018) (TJSP-2015/2018) (TJBA-2012/2019)
(TJAC-2019) (TJPA-2019) (MPGO-2019) (DPECE-2014/2022) (DPEPI-2022)
OBS: Importante.

Como se sabe, se o consumidor está inadimplente, o fornecedor poderá incluí-lo em bancos de


dados de proteção ao crédito (exs.: SPC e SERASA). Existe um prazo máximo no qual o nome do
devedor pode ficar negativado? SIM. Os cadastros e bancos de dados não poderão conter
informações negativas do consumidor referentes a período superior a 5 anos. É o que prevê o § 1º
do art. 43 do CDC:
§ 1º - Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em
linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a
período superior a 5 (cinco anos).

Passado esse prazo, o próprio órgão de cadastro deve retirar a anotação negativa,
independentemente de como esteja a situação da dívida (não importa se ainda está sendo cobrada
em juízo ou se ainda não foi prescrita).

A partir de quando se começa a contar este prazo de 5 anos: após a data em que houve o
vencimento da dívida ou após o dia em que o nome do devedor foi inserido no SPC/SERASA? Ex:
João deixou de pagar a conta do celular que venceu em 01 de março 2015; em 01 de julho 2015, a
operadora incluiu o devedor no SERASA; caso não pague, o nome de João sairá do cadastro
negativo em 02 de março 2020 ou em 02 de julho de 2020? Resposta: em 02 de março de 2020. O STJ
decidiu que:
O termo inicial do prazo de permanência de registro de nome de consumidor em
cadastro de proteção ao crédito (art. 43, § 1º, do CDC) inicia-se no dia subsequente ao
vencimento da obrigação não paga, independentemente da data da inscrição no cadastro.
Assim, vencida e não paga a obrigação, inicia-se, no dia seguinte, a contagem do prazo de 5
anos previsto no §1º do art. 43, do CDC, não importando a data em que o nome do
consumidor foi negativado. STJ. 3ª T. REsp 1.316.117-SC, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, Rel. para acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 26/4/16 (Info 588).

(MPGO-2019): Com o fim de limitar a atuação dos bancos de dados à sua função social - reduzir a
assimetria de informação entre o credor/vendedor para a concessão e obtenção de crédito a preço
justo o CDC estabeleceu expressamente, em seu art. 43, §1°, que os dados cadastrados de
consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão. À
doutrina perfilha essa orientação ao afirmar que “a informação falsa ou inexata simplesmente não serve
para avaliar corretamente a solvência da pessoa interessada na obtenção do crédito”. (BENJAMIN,
Antonio Herman V.; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do
Consumidor. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 299). Acerca da temática e
do atual posicionamento sumulado do STJ, assinale a alternativa correta: A inscrição do nome do
devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos,
independentemente da prescrição da execução. BL: S. 323, STJ e art. 43, §1º, CDC.

(TJAC-2019-VUNESP): João da Silva foi com seu afilhado comprar um presente de aniversário.
Escolhido o presente, ao tentar comprar mediante crediário, não foi possível concretizar, pois seu
nome constava no banco de dados dos serviços de proteção de crédito, em razão de ter deixado de
adimplir com as últimas três parcelas de financiamento de 24 meses realizado em outra instituição
financeira há cinco anos. Foi informado que seu nome foi incluído no cadastro há três anos. Diante
dos fatos hipotéticos, assinale a alternativa correta: Correta a manutenção de João no cadastro de
inadimplentes, pois o nome pode ser mantido nos serviços de proteção ao crédito por até cinco
anos, independentemente da prescrição da execução. BL: S. 323, STJ e art. 43, §1º, CDC.

(TJPA-2019-CESPE): Acerca de bancos de dados e cadastros de consumidores, assinale a opção


correta, de acordo com a jurisprudência do STJ: A inscrição do nome do devedor pode ser
mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo estabelecido em lei, ainda que
anteriormente ocorra a prescrição da execução. BL: S. 323, STJ e art. 43, §1º, CDC.

(TJSP-2018-VUNESP): De acordo com orientação atualmente fixada em súmula do STJ, a inscrição


do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de
cinco anos, independentemente da prescrição da execução. BL: S. 323, STJ e art. 43, §1º, CDC.

(MPF-2017): Acerca da inscrição do nome do devedor em cadastros de proteção ao crédito,


assinale a alternativa correta: Segundo entendimento pacificado do Superior Tribunal de Justiça, a
inscrição do nome do devedor em cadastros de proteção ao crédito poderá permanecer pelo prazo
máximo de 5 anos, independentemente da prescrição da execução. BL: S. 323, STJ e art. 43, §1º,
CDC.
(MPAM-2015-FMP): A inscrição de inadimplentes pode ser mantida nos serviços de proteção ao
crédito por, no máximo, cinco anos e, consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do
consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer
informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. BL:
art. 43, §5º do CDC c/c S. 323 do STJ.

Súmula 322: Para a REPETIÇÃO DE INDÉBITO, nos contratos de abertura de crédito em conta-
corrente, NÃO SE EXIGE a prova do erro. (Proc./BACEN-2009) (DPEDF-2013) (TJDFT-2015) (TRF5-2015)

(TRF5-2015-CESPE): Arnaldo celebrou contrato com determinado banco, o qual se obrigou a


disponibilizar ao cliente, por prazo determinado, certa quantia em dinheiro, aceitando os saques
por ele efetuados. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta: Caso pague
ao banco valor indevido, Arnaldo não precisará provar o erro para a repetição de indébito. BL: S.
322, STJ.

(DPEDF-2013-CESPE): A respeito da tutela coletiva do consumidor e de seus direitos no âmbito


dos contratos bancários, dos contratos de compra e venda de imóveis e dos consórcios, julgue o
item subsequente: Em se tratando de contratos de abertura de crédito em conta-corrente, não é
necessária a prova do erro para que o consumidor obtenha judicialmente a repetição do indébito.
BL: S. 322, STJ.

Súmula 321: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de
previdência privada e seus participantes. (CANCELADA – SUBSTITUÍDA PELA SÚMULA 563)

Súmula 320: A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do
prequestionamento. (SUPERADA)

OBS: Superada pelo CPC 2015, que prevê a seguinte regra: “Art. 941 (...) § 3" O voto vencido será
necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive de
pré-questionamento”.

Súmula 319: O encargo de depositário de bens penhorados PODE SER EXPRESSAMENTE


RECUSADO. (TJRO-2011) (TRT21-2012) (MPF-2015)

Súmula 318: FORMULADO pedido certo e determinado, SOMENTE o autor TEM INTERESSE
RECURSAL em argüir o vício da sentença ilíquida . (MPF-2005) (MPMT-2008) (PGEGO-2010) (TJRO-2011)
(MPRS-2012) (DPEPR-2012) (PGEAC-2012) (TJPR-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TJSC-2015) (TRT21-2015) (MPT-2015)

(TJAL-2015-FCC): No tocante à sentença, formulado pedido certo e determinado, somente o autor


tem interesse recursal em arguir o vício da sentença ilíquida. BL: S. 318, STJ.

Súmula 317: É DEFINITIVA a execução de título extrajudicial, AINDA QUE PENDENTE apelação
contra sentença que JULGUE IMPROCEDENTES os embargos. (MPRN-2009) (DPEPR-2012) (DPESC-
2012) (DPEMS-2012) (TJRJ-2013) (DPERR-2013) (TRT8-2013) (TJSP-2013/2014) (PGEPR-2015)

OBS: Polêmica, mas prevalece que voltou a valer com o CPC/2015.

O enunciado 317-STJ foi publicada em 18/10/05. Ocorre que a Lei 11.382/06 alterou a redação do
art. 587 do CPC e trouxe regra em sentido contrário ao que diz a súmula.

Veja o que diz o art. 587 do CPC: “É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória
enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando
recebidos com efeito suspensivo (art. 739).” (Redação dada pela Lei n° 11.382/06).

Logo, a Lei 11.382/06 mudou o art. 587 do CPC/1973 e trouxe uma exceção na qual a execução de
título extrajudicial seria provisória.
Imagine a situação criada pela Lei 11.382/06: o credor ingressa com execução de título
extrajudicial contra o devedor; esta execução é considerada definitiva considerando que a
execução de título extrajudicial é definitiva; o executado se defende apresentando embargos à
execução; o juiz reputa que estão preenchidos os requisitos legais e recebe os embargos à execução
com efeito suspensivo; após ouvir o embargado e encerrada a instrução, o magistrado entende que
o devedor não tem razão e julga os embargos improcedentes; o executado não se conforma e
interpõe apelação contra a sentença; pela redação do art. 587 do CPC/1973, enquanto não fosse
julgada a apelação, esta execução, que antes era considerada definitiva, deveria ser tratada como
provisória.

Assim, com essa mudança promovida pela Lei 11.382/06, a posição majoritária era a de que
súmula 317 do STJ estava superada. Em provas de concurso, cobrava-se exatamente a redação do
art. 587 do CPC/1973.

Ocorre que o CPC/2015 revogou o art. 587 do CPC/1973 e não previu regra semelhante. Diante
disso, a doutrina tem afirmado que agora, com o novo CPC, a execução de título extrajudicial
será sempre definitiva.

Dessa forma, com o CPC/2015 o entendimento consagrado na Súmula 317 do STJ volta a ter
aplicabilidade no ordenamento jurídico. Em outras palavras, o que o enunciado diz está
novamente de acordo com o regramento processual vigente.

Veja o que diz Daniel Amorim Assumpção Neves:


"No CPC/1973 havia uma esdrúxula execução provisória de título executivo extrajudicial. O art.
587 do CPC/1973 previa a provisoriedade da execução de título extrajudicial na pendência de
apelação contra a sentença de improcedência proferida nos embargos à execução, desde que estes
tenham sido recebidos no efeito suspensivo. Pelo dispositivo legal, a interposição dos embargos à
execução e a concessão do efeito suspensivo - que dependeria (como continua a depender)
do preenchimento dos requisitos legais - impedia a continuidade da execução até o
julgamento da apelação interposta contra a sentença que decidia os embargos à execução.
Sendo o julgamento de improcedência, o efeito suspensivo atribuído ao recurso estaria imediatamente
revogado, ainda que contra a decisão fosse interposto recurso de apelação, que seria recebido sem o
efeito suspensivo (art. 520, V, do CPC/1973). A execução, portanto, prosseguiria, mas a partir desse
momento procedimental seguiria as regras da execução provisória.
O dispositivo conseguia tornar uma execução que começava definitiva em provisória, contrariando a
própria lógica que determina que o provisório se torna definitivo e não o contrário. (...) Felizmente o
Novo Código de Processo Civil não repete tal regra, de forma que a execução de título
executivo extrajudicial passa a ser sempre definitiva, durante todo o seu iter
procedimental." (Manual de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 1172)

Súmula 316: CABEM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA contra acórdão que, em agravo regimental,
DECIDE recurso especial. (AGU-2007) (MPRO-2008) (DPESP-2010) (TJPA-2012) (MPMT-2012) (TJRJ-2016)

(TJRJ-2016-VUNESP): Caberão embargos de divergência perante o STJ contra acórdão que, em


agravo regimental, decide recurso especial. BL: S. 316, STJ.

Súmula 315: NÃO CABEM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA no âmbito do agravo de instrumento


[atual AGRAVO de que trata o art. 1.042 do NCPC] que NÃO ADMITE recurso especial. (MPF-2005)
(AGU-2007) (DPESP-2010) (MPMT-2012) (TJRJ-2016)

OBS: Válida. No entanto, atualmente, o recurso cabível contra a decisão que não admite recurso
especial não é o “agravo de instrumento”, mas sim o agravo de que trata o art. 1.042 do CPC.

Logo, a súmula tem que ser lida assim: não cabem embargos de divergência contra acórdão que
julga o agravo em recurso especial previsto no art. 1.042 do CPC.

Essa súmula foi editada porque o STJ entende que não cabem embargos de divergência se a
decisão não examinou o mérito do recurso especial, limitando-se a obstar o seguimento do recurso
especial em razão da existência de óbices jurisprudenciais (STJ. 2ª S. AgRg nos EAg 448197 SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, j. 26/11/2003).

Mitigação da súmula: A Corte Especial, no julgamento dos EAREsp 624.073/SP, firmou


orientação de que, a partir da vigência do CPC de 2015, deve ser mitigada a força da Súmula
315/STJ, porquanto a inovação prevista em seu art. 1.043, III, passou a autorizar os embargos de
divergência quando, embora desprovido o agravo, a fundamentação do julgado passar pelo
exame do mérito do recurso especial (STJ. Corte Especial. AgInt nos EDv nos EAREsp
1398511/SP, Rel. Min. Raul Araújo, j. 11/02/2020).

Confira o precedente:
O CPC/15, no inciso III do art. 1.043, positivou o entendimento do STJ de que são
admissíveis os embargos de divergência interpostos no domínio do agravo de
instrumento/agravo em recurso especial desprovidos, quando a fundamentação do
julgado passar pelo exame do mérito do apelo trancado na origem, mitigando, assim, a
incidência da Súmula n. 315/STJ. STJ. Corte Especial. EAREsp 624.073/SP, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, j. 05/04/17.

Súmula 314: Em EXECUÇÃO FISCAL, NÃO LOCALIZADOS bens penhoráveis, SUSPENDE-SE o


processo por um ano, findo o qual SE INICIA o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente .
(PGEES-2008) (TRF4-2009) (TJRO-2011) (DPESP-2012) (DPERO-2012) (PGEAC-2012) (MPF-2012) (TJRJ-2013) (TRF5-
2013) (MPPE-2014) (TJGO-2015) (PFN-2015) (TJSP-2018) (PGESC-2018) (TJPR-2021)

(TRF4-2009): Assinale a alternativa correta: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis,
suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição intercorrente. BL:
S. 314, STJ.

Súmula 313: Em ação de indenização, PROCEDENTE o pedido, É NECESSÁRIA a


CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL ou CAUÇÃO FIDEJUSSÓRIA para a garantia de pagamento da
pensão, INDEPENDENTEMENTE da situação financeira do demandado. (DPECE-2008) (TJMT-2009)
(TRT3-2013) (TJDFT-2014) (TRT2-2015)

OBS: Válida, mas a interpretação desse enunciado deverá ser feita de acordo com o art. 533 do
CPC/15, devendo-se ter cuidado com a parte final da súmula. O NCPC, editado posteriormente à
súmula, autorizou a dispensa de constituição do referido capital quando o demandado for
pessoa jurídica de notória capacidade econômica, prevendo uma exceção à parte final do
enunciado ("independentemente da situação financeira do demandado"). Em suma, é importante
conhecer a Súmula 313-STJ, mas principalmente as peculiaridades trazidas pelo art. 533 do CPC
2015.

(TJMT-2009-VUNESP): Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição


de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento de pensão, independentemente da
situação financeira do demandado. BL: S. 313, STJ.

Súmula 312: No processo administrativo para IMPOSIÇÃO DE MULTA DE TRÂNSITO, SÃO


NECESSÁRIAS as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. (TJDFT-
2012) (DPEMS-2014)

OBS: O procedimento administrativo para imposição de multa por infração de trânsito deve
englobar, sob pena de ferimento aos princípios do contraditório e da ampla defesa, duas
notificações: a primeira, no momento, da lavratura do auto de infração (art. 280, VI, CTB), ocasião
em que é aberto prazo de 30 dias para o oferecimento de defesa prévia; e a segunda, por ocasião
da aplicação da penalidade pela autoridade de trânsito (art. 281, CTB). Contudo, havendo
autuação em flagrante, torna-se desnecessária a primeira notificação, já que o infrator é
cientificado pessoalmente no momento da infração, abrindo-se, desde logo, ao recorrente, a
oportunidade de apresentação de defesa prévia (STJ, AgRg no REsp 1246124/RS, j. 1/3/12).

(TJDFT-2012): No processo administrativo, para imposição de multa de trânsito, são necessárias


as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. BL: S. 312, STJ.

Súmula 311: Os atos do presidente do tribunal que DISPONHAM sobre processamento e


pagamento de precatório NÃO TÊM CARÁTER JURISDICIONAL. (DPEAL-2009) (TJDFT-2014) (PGM-
Salvador/BA-2015) (PGEAM-2016) (PGESE-2017) (DPESP-2019) (PGM-Curitiba/PR-2019) (TRF4-2016/2022)

(TRF4-2022): Assinale a alternativa correta: Os atos do presidente do tribunal que disponham


sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional e, portanto, não são
suscetíveis de revisão por recurso especial ou extraordinário. BL: S. 311, STJ.

(DPESP-2019-FCC): Em relação ao mandado de segurança, considere a assertiva a seguir: Os atos


do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não
têm caráter jurisdicional e, por isso, podem ser combatidos pela via mandamental. BL: S. 311, STJ.

#Atenção: O motivo do cabimento do MS em relação à assertiva acima: É que o procedimento de


processamento de precatórios no tribunal, por ter caráter administrativo, acaba por igualar o ato
do presidente do tribunal a outro ato administrativo qualquer, sendo passível de impugnação pela
via mandamental em caso de violação de direito líquido e certo. Destarte, caso o processamento
possuísse natureza jurisdicional, as decisões lá proferidas teriam a mesma natureza, ou seja,
equiparar-se-iam a decisões judiciais, sendo então passíveis de RECURSO, e não de mandado de
segurança, que não é sucedâneo recursal, muito menos recurso.

(TRF4-2016): Assinale a alternativa correta: O Presidente de Tribunal, no processamento dos


precatórios judiciais, exerce função de natureza eminentemente administrativa, por isso suas
decisões não se tornam suscetíveis de serem impugnadas por recursos de natureza jurisdicional.
BL: S. 311, STJ.

(PGEAM-2016-CESPE): Acerca de receita e despesa públicas no direito financeiro brasileiro,


julgue o próximo item: Não tem natureza jurisdicional, mas sim administrativa, o ato do
presidente de tribunal de justiça que solicita ao Poder Executivo a realização de despesa com
obrigação decorrente de sentença judicial condenatória proferida contra o Estado. BL: S. 311, STJ.

#Atenção: #STJ: “No processamento de precatório, o Presidente de Tribunal atua em função


eminentemente administrativa, poder atípico do Poder Judiciário, estabelecido pela própria Constituição
Federal. Ressalto que essa atividade não se confunde com a jurisdicional." (STJ, RMS 43.174/MT, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2016).

Súmula 310: O Auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição . (PFN-2015)

OBS: Válida. Os valores percebidos a título de auxílio-creche constituem-se em beneficio


trabalhista de nítido caráter indenizatório e, por essa razão, não integram o salário-de-
contribuição.

Súmula 309: O DÉBITO ALIMENTAR que AUTORIZA a PRISÃO CIVIL do alimentante é o que
compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no
curso do processo. (MPSP-2008) (DPEMT-2009) (MPES-2010) (MPSE-2010) (TJGO-2012) (TJAC-2012) (MPAP-2012)
(DPEAC-2012) (DPERO-2012) (DPEMS-2012) (TJMA-2013) (DPERR-2013) (TJPR-2014) (TJRR-2015) (TJSP-2015)
(DPEMA-2015) (DPESP-2012/2015) (MPRS-2017) (DPESC-2017) (DPEAM-2013/2018) (MPMT-2019) (MPT-2020)

OBS: Importante. O entendimento exposto neste enunciado foi acolhido expressamente pelo
CPC/15, que prevê, em seu art. 528, §7º: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é
o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no
curso do processo”.

#Atenção: #STJ: #DPESP-2019: #FCC: Anota-se que o débito alimentar que tem o condão de
ensejar a prisão civil é tão-somente aquele reputado como atual, que, nos termos do Enunciado
n. 309 da Súmula desta Corte, consiste nas três prestações anteriores ao ajuizamento da
execução e nas que se vencerem no curso da demanda. STJ. 3ª T., HC 232.930/SP, Rel. Min.
Massami Uyeda, j. 22/05/12.
(DPESP-2019-FCC): A respeito da execução de alimentos, à luz dos dispositivos legais e respectiva
interpretação jurisprudencial, assinale a alternativa correta: A prisão civil do devedor de alimentos
somente se justifica pelos débitos alimentares atuais. BL: art. 528, §7º, NCPC c/c S. 309, STJ e
Entend. Jurisprud.
#Atenção: Conforme se nota, é certo que o débito alimentar que autoriza a prisão civil do devedor é
o débito atual. Porém, a lei não exige que ele esteja inadimplente com as três últimas prestações
alimentícias, mas, sim, com qualquer dessas três últimas, isolada ou cumulativamente.

#Atenção: #STJ: #TJMA-2013: #CESPE: O pagamento parcial da obrigação alimentar não afasta a
regularidade da prisão civil. (STJ, 4ª T. RHC 31.302/RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j.
18/09/2012 (Info 504).
(TJAL-2008-CESPE): Um juiz recebeu pedido de execução de prestação alimentícia fixada em
sentença, na qual o exeqüente expôs que se encontravam pendentes a pensão do mês do
ajuizamento e as duas anteriores, razão pela qual pediu que o executado fosse citado para pagar o
débito apurado e mais as prestações vincendas, tudo sob pena de prisão. Em face da situação
hipotética narrada, assinale a opção correta: O juiz deverá determinar a citação do executado para
que este pague não só o mês vencido no mês do ajuizamento da execução, mas também os dois
meses anteriores e as parcelas vincendas, pois este é o limite traçado pela jurisprudência
dominante. BL: S. 309, STJ.

Súmula 308: A HIPOTECA firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior
à celebração da PROMESSA DE COMPRA E VENDA, NÃO TEM EFICÁCIA perante os
adquirentes do imóvel. (AGU-2007) (TJPR-2008) (TRF1-2011) (DPEMS-2008/2012) (TJMS-2012) (TJAC-2012)
(PGESP-2012) (TJSC-2013) (DPESP-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (Cartórios/TJRS-2013) (TJPA-
2014) (MPPR-2014) (DPECE-2014) (Cartórios/TJMG-2016) (DPERO-2017) (TRF2-2018) (Cartórios/TJSP-2018) (MPMG-
2019)

#Atenção: #STJ: #Info 649: #Contribuição @mafaldaleitora: A alienação fiduciária firmada entre
a construtora e o agente financeiro não tem eficácia perante o adquirente do imóvel . De acordo
com a Súmula n. 308/STJ, a hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou
posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do
imóvel. Da análise dos julgados que motivaram a elaboração do preceito, extrai-se um escopo de
controle da abusividade das garantias constituídas na incorporação imobiliária, de forma a
proteger o consumidor de pactuação que acabava por transferir os riscos do negócio a ele,
impingindo-lhe desvantagem exagerada. Dessume-se, destarte, que a intenção da Súmula n.
308/STJ é a de proteger, propriamente, o adquirente de boa-fé que cumpriu o contrato de compra
e venda do imóvel e quitou o preço ajustado, até mesmo porque este possui legítima expectativa
de que a construtora cumprirá com as suas obrigações perante o financiador, quitando as parcelas
do financiamento e, desse modo, tornando livre de ônus o bem negociado. Para tanto, partindo-se
da conclusão acerca do real propósito da orientação firmada por esta Corte, tem-se que as
diferenças entre a figura da hipoteca e a da alienação fiduciária não são suficientes a afastar a
sua aplicação nessa última hipótese, admitindo-se, via de consequência, a sua aplicação por
analogia. (STJ, 3ª T. REsp 1576164/DF, Min. Rel. Nancy Andrighi, j. 14/05/2019).

(MPMG-2019): A respeito do direito à casa própria adquirida por meio do Sistema Financeiro de
Habitação (SFH), considere a seguinte afirmativa e, à luz da lei, da doutrina e da jurisprudência,
marque a resposta correta: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior
ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes
do imóvel. BL: S. 308, STJ.

(DPECE-2014-FCC): Ana Paula celebrou promessa de compra e venda de imóvel com


“Construtora Agia Certo Ltda.”. Esta, por sua vez, ofereceu o bem em hipoteca a “Banco da
Construção S.A.”, agente financiador do empreendimento. De acordo com Súmula do STJ, não
pago o débito contraído pela construtora perante o agente financiador, a hipoteca não terá eficácia
perante Ana Paula, mesmo que seja anterior à celebração da promessa de compra e venda. BL: S.
308, STJ.

Súmula 307: A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida
antes de qualquer crédito. (Fiscal de Rendas/RJ-2009) (AGU-2013) (TJSP-2017)

OBS: Os créditos derivados de contrato de câmbio tem natureza extraconcursal na recuperação


judicial e na falência.

Súmula 306: Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
legitimidade da própria parte. (SUPERADA)

OBS: Superada com o NCPC (Enunciado 244 do Fórum Permanente de Processualistas Civis).

OBS: Vide art. 85, §14 do NCPC: “Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência recíproca”.
Súmula 305: É descabida a prisão civil do depositário quando, decretada a falência da empresa,
sobrevém a arrecadação do bem pelo síndico. (SUPERADA)

OBS: Superada pela SV 26 do STF.

Súmula 304: É ilegal a decretação da prisão civil daquele que não assume expressamente o encargo
de depositário judicial.

OBS: Superada pela SV 25 do STF.

Súmula 303: Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios. (TRF5-2010) (TJSP-2014) (TRT23-2014) (TJSC-2022)

OBS: Válida. Afasta-se a aplicação da referida súmula quando o embargado (exequente) opõe
resistência às pretensões do terceiro embargante, desafiando o próprio mérito dos embargos.
Nesse sentido: STJ. 1° T. AgRg no REsp 1282370/PE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 1/3/12.

Súmula 302: É ABUSIVA a cláusula contratual de plano de saúde que LIMITA NO TEMPO a
internação hospitalar do segurado. (TJPI-2007) (TJRR-2008) (MPES-2010) (MPSP-2010) (DPEGO-2010) (TJPB-
2011) (MPPR-2011) (PGEPA-2011) (DPEMS-2012) (DPESP-2013) (TRF1-2013) (TJRN-2013) (TRF5-2013) (MPAC-2014)
(DPECE-2014) (MPAM-2015) (TJDFT-2016) (MPRO-2017) (DPEPR-2017) (MPMS-2013/2018) (DPEPE-2018) (TJRJ-
2014/2019) (MPSC-2019) (DPEBA-2021) (TJSP-2013/2014/2015/2017/2023)

(TJSP-2017-VUNESP): Vítima de acidente automobilístico, Joana fica hospitalizada durante 90


dias. Joana é contratante individual de plano de assistência médica e hospitalar. A administradora
do plano de saúde se recusa a cobrir a totalidade dos custos da internação, alegando que o
contrato limita a obrigação a 30 dias. Durante o período de hospitalização, Joana deixa de efetuar
o pagamento das prestações mensais do plano de saúde. Após se recuperar, Joana propõe ação
requerendo seja o plano de saúde condenado ao pagamento das despesas referentes a todo o
período de internação. Por sua vez, a administradora do plano de saúde apresenta contestação e
propõe reconvenção pleiteando a condenação de Joana ao pagamento das prestações em atraso,
acrescido da multa contratual de 10%. É correto afirmar que a ação de Joana deve ser julgada
procedente, pois é abusiva a cláusula contratual que limita o tempo de internação hospitalar; a
reconvenção é parcialmente procedente, pois Joana está obrigada ao pagamento das mensalidades
do plano de saúde, mesmo diante da recusa de cobertura, mas a multa contratual não pode
exceder 2%. BL: S. 302, STJ e art. 52, §1º, CDC.

(TJSP-2014-VUNESP): É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita o tempo de


internação do segurado ou usuário. BL: S. 302, STJ.

(DPECE-2014-FCC): Em razão de grave pneumonia, José foi internado em Unidade de Terapia


Intensiva, onde permanece há 30 dias. No trigésimo dia, o plano de saúde ao qual é conveniado
informou que José teria que deixar a Unidade de Terapia Intensiva porque o contrato assinado
entre ele e o plano de saúde previa cobertura de apenas 30 dias para este tipo de tratamento. De
acordo com Súmula do STJ, a postura do plano de saúde é inválida, pois é abusiva a cláusula
contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado. BL: S. 302,
STJ.

Súmula 301: Em AÇÃO INVESTIGATÓRIA, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de


DNA INDUZ presunção juris tantum de paternidade . (TJSC-2010) (MPAL-2012) (DPEAM-2013)
(Cartórios/TJPI-2013) (MPPR-2012/2014) (TJAL-2015) (PCCE-2015) (MPBA-2018) (MPPB-2018) (DPERS-2018) (TJAC-
2019) (TJMS-2015/2020) (MPMG-2012/2014/2021) (TJGO-2021) (DPEBA-2021) (MPMS-2018/2022) (MPPE-2022)

OBS: Importante.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA 1: Lucas ajuizou ação de investigação de paternidade contra João


alegando que este seria seu pai. O juiz designou data para que autor e réu fornecessem material
genético a fim de que fosse feito exame de pareamento do código genético (DNA) para descobrir
se existe realmente o alegado vínculo biológico. Ocorre que, no dia marcado, somente Lucas
compareceu ao laboratório. João, mesmo intimado, não se fez presente nem apresentou qualquer
justificativa para a sua ausência.
Nesse caso, o juiz pode determinar a condução coercitiva de João (suposto pai) para realizar o
exame? NÃO. Não é possível a condução coercitiva do investigado (ou de seus sucessores) para a
coleta do material genético necessário ao exame de DNA, por se tratar de medida sub-rogatória
que viola a liberdade de locomoção do suposto genitor. Nesse sentido:
A jurisprudência do STF repudia a determinação compulsória ou condução coercitiva ao
fornecimento de material genético. STF. 1ª T. RHC 95183, Rel. Cármen Lúcia, j. 09/12/08.

O que acontece, então, nessas situações? Qual é a solução prevista pelo ordenamento jurídico?
Haverá uma presunção relativa de que o réu, que se recusou a fazer o DNA, é realmente o pai do
autor. O STJ editou uma súmula espelhando essa conclusão:
Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame
de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.

Essa solução jurídica encontra-se prevista no art. 231 do Código Civil e no § 1º do art. 2º-A da Lei
nº 8.560/92:
CC/2002
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá
aproveitar-se de sua recusa.

Lei nº 8.560/92
Art. 2º-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos.
§ 1º A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a
presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório. (...)

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA 2: Pedro faleceu e deixou um único filho registrado: Tiago, único
herdeiro. Depois do falecimento, a mãe de Carlos lhe contou que Pedro era seu pai e que ele nunca
aceitou registrá-lo como filho. Carlos ajuizou ação de investigação de paternidade post mortem
contra Tiago pedindo para ser reconhecido como filho de Pedro. O juiz designou data para que
Carlos e Tiago fornecessem material genético a fim de que fosse feito o exame de DNA. Ocorre
que, no dia marcado, somente Carlos compareceu, tendo Tiago se recusado a ir.

Neste segundo caso, também é possível aplicar a Súmula 301 do STJ? Se quem recusa fornecer o
material genético é o sucessor do suposto pai, mesmo assim será possível aplicar a presunção de
que trata a Súmula 301 do STJ? SIM. A Súmula 301 do STJ também se aplica para a situação na
qual o sucessor do suposto pai (já falecido) se recusa a fazer o DNA. Assim, em tese, diante da
recusa de Tiago, o juiz poderia aplicar a presunção da Súmula 301 do STJ. Esse é o entendimento
consolidado do STJ:
A presunção de paternidade reconhecida no enunciado nº 301/STJ não se limita à pessoa
do investigado, alcançando, do mesmo modo, os réus (familiares) que a ela se contrapõem,
negando-se à realização de exame que poderia trazer definitivas luzes acerca da
controvérsia. STJ. 3ª T. AgInt no REsp 1492432/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j.
25/04/17.

Inexistindo a prova pericial capaz de propiciar certeza quase absoluta do vínculo de


parentesco (exame de impressões do DNA), diante da recusa dos avós e dos irmãos
paternos do investigado em submeter-se ao referido exame, comprova-se a paternidade
mediante a análise dos indícios e presunções existentes nos autos, observada a presunção
juris tantum, nos termos da Súmula 301/STJ. STJ. 4ª T. AgInt no REsp 1651067/RS, Rel.
Min. Raul Araújo, j. 11/02/20.

A recusa imotivada da parte investigada em se submeter ao exame de DNA, no caso, os


sucessores do autor da herança, gera a presunção iuris tantum de paternidade à luz da
literalidade da Súmula nº 301/STJ. STJ. 3ª T. AgInt no AREsp 1260418/MG, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 20/04/20.

O que fez a Lei nº 14.138/2021? Acrescentou um parágrafo ao art. 2º-A da Lei nº 8.560/92
positivando o entendimento no sentido de que a presunção de paternidade também se aplica aos
sucessores do suposto pai. Veja a redação do dispositivo inserido:
Art. 2º-A (...)
§ 2º Se o suposto pai houver falecido ou não existir notícia de seu paradeiro, o juiz
determinará, a expensas do autor da ação, a realização do exame de pareamento do código
genético (DNA) em parentes consanguíneos, preferindo-se os de grau mais próximo aos
mais distantes, importando a recusa em presunção da paternidade, a ser apreciada em
conjunto com o contexto probatório.

Importante registrar duas últimas observações sobre o tema:


1) A presunção decorrente da recusa é relativa e, portanto, deverá ser apreciada em conjunto com
as demais provas produzidas no processo. Assim, é possível, em tese, que, mesmo com a recusa e
a presunção firmada, o juiz julgue o pedido improcedente, se o restante do conjunto probatório
refutar a presunção e indicar que as alegações do autor não são verdadeiras.

2) O dispositivo afirma que o exame de DNA será pago pelo autor da ação (“a expensas do autor
da ação”). Essa previsão não se aplica para o caso de autor beneficiário da justiça gratuita.

Se o autor for beneficiário da justiça gratuita, o exame será custeado pelo Estado, nos termos do
art. 98, § 1º, V, do CPC c/c o art. 5º, LXXIV, da CF/88:
Art. 98 (...)
§ 1º A gratuidade da justiça compreende: (...)
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames
considerados essenciais;

Art. 5º (...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;

Nesse sentido:
(...) 1. Cinge-se a controvérsia a definir se o Estado deve arcar com os custos referentes ao
exame de DNA determinado em ação de investigação de paternidade, tendo em vista a
hipossuficiência das partes. 2. Nos termos do que dispõe o art. 98, § 1º, inciso V, do Código
de Processo Civil de 2015, a gratuidade da justiça compreende as despesas com a realização
de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais. 3. Em
relação à responsabilidade pelo pagamento da despesa correlata, cabe ao Estado o custeio
do exame de DNA em favor dos hipossuficientes, a teor do que proclama o art. 5º, inciso
LXXIV, da Constituição Federal ("O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficiência de recursos"), viabilizando, assim, o efetivo exercício
do direito à assistência judiciária gratuita e, em última análise, ao próprio acesso ao Poder
Judiciário, não sendo admissível a discussão de questões orçamentárias pelo poder público
na tentativa de se eximir da responsabilidade atribuída pelo texto constitucional. (...) STJ. 3ª
T. RMS 58.010/GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 23/04/19.

O art. 95 do CPC traz regras detalhadas sobre o tema, prevendo que o Estado pode recobrar a
quantia da parte sucumbente:
Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado,
sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a
perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes. (...)
§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade
da justiça, ela poderá ser:
I - custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor
do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado;
II - paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal,
no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela
do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.
§ 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a
Fazenda Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das
despesas processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a
utilização de servidor público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o
responsável pelo pagamento das despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o
disposto no art. 98, § 2º.
§ 5º Para fins de aplicação do § 3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da
Defensoria Pública.

(MPMG-2021): A respeito da filiação, assinale a alternativa correta: A recusa do réu em se


submeter ao exame de código genético – DNA – gerará presunção relativa da paternidade, a ser
apreciada em conjunto com o contexto probatório. BL: S. 301, STJ e art. 2º-A, §1º, Lei 8560/92.

(TJAL-2015-FCC): Em ação de investigação de paternidade, recusando-se o suposto pai a


submeter-se a exame de DNA, não poderá aproveitar-se da recusa, mas não corre contra ele
presunção absoluta de paternidade. BL: S 301, STJ e arts. 231, CC/02 e art. 2º-A, §1º, Lei 8560/92.

Súmula 300: O INSTRUMENTO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA, AINDA QUE originário de


contrato de abertura de crédito, CONSTITUI título executivo extrajudicial. (TJMS-2008) (DPESP-2010)
(TJRO-2011) (TJMG-2012) (PCGO-2012) (MPRO-2013) (TJPR-2013) (TRF4-2010/2014) (TJSP-2014) (TJSC-2015) (TJPB-
2015) (TJDFT-2015) (DPEAM-2018)

(TJMG-2012-VUNESP): É correto afirmar, à luz da jurisprudência dominante no STJ, que constitui


título executivo extrajudicial o instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de
contrato de abertura de crédito. BL: S. 300, STJ.

#Atenção: Esse instrumento de confissão de dívida nada mais é do que um contrato entre as
partes, no qual se constituem ou se reconhecem obrigações.

Súmula 299: É admissível a AÇÃO MONITÓRIA fundada em cheque prescrito. (TJDFT-2007) (MPSP-
2008) (DPEMT-2009) (DPEPA-2009) (PGEGO-2010) (MPAL-2012) (TJPR-2014) (TRF4-2014) (TJSC-2015) (PCGO-2018)
(DPEMA-2015/2018) (TJSP-2023)

(TJDFT-2007): Prescrito o cheque, e não decorrido o prazo de dois anos da ação de


locupletamento, prevista no artigo 61 da Lei do Cheque: admite-se ação monitória ajuizada pelo
credor, instruída com o cheque prescrito, dispensada a indicação da causa da sua emissão. BL: S.
299, STJ.

OBS: Sobre o assunto, vejamos o seguinte julgado do STJ: “(...) O cheque prescrito serve como
instrumento de ação monitória, mesmo vencido o prazo de dois anos para a ação de enriquecimento (Lei
do Cheque, Art. 61), pois o Art. 1.102a. do CPC exige apenas "prova escrita sem eficácia de título
executivo". Dispensa-se a indicação da causa de emissão do cheque prescrito que instrui ação
monitória. Na ação monitória para cobrança de cheque prescrito, a correção monetária corre a partir da
data do respectivo vencimento”. (AgRg no Ag 666617/RS)

Súmula 298: O alongamento de dívida originada de crédito rural NÃO CONSTITUI faculdade da
instituição financeira, mas, direito do devedor nos termos da lei . (PGM-Contagem/MG-2019)

Súmula 297: O Código de Defesa do Consumidor É APLICÁVEL às instituições financeiras. (TJRR-


2008) (TJPA-2009) (DPEPA-2009) (TRF5-2009) (TJAC-2012) (TJMG-2012) (TJCE-2012) (TJBA-2012) (DPEAC-2012)
(AGU-2012) (TJSP-2013) (MPRO-2013) (TJCE-2014) (MPAC-2014) (MPDFT-2015) (MPMS-2015) (PGEPR-2015) (MPF-
2017) (TJRS-2018) (MPBA-2018) (TRF2-2018) (TJRJ-2019) (MPPI-2019) (Cartórios/TJPR-2019) (PGM-Boa Vista/RR-
2019) (MPDFT-2021)

(PGM-Boa Vista/RR-2019-CESPE): A respeito de relações de consumo, de contrato de locação e


de registro de imóveis, julgue o item que se segue: De acordo com o STJ, as instituições bancárias
se submetem às regras e aos princípios que regulam as relações consumeristas. BL: S. 297, STJ.

(MPAC-2014-CESPE): Assinale a opção correta acerca do CDC: O CDC é aplicável às instituições


financeiras, inclusive no que se refere às relações jurídicas oriundas de contrato de arrendamento
mercantil. BL: S. 297, STJ.

(TJRR-2008-FCC): O CDC pode ser aplicado nas relações entre consumidores e instituições
financeiras. BL: S. 297, STJ, art. 3º, §2º do CDC e ADI 2591. (consumidor)

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ - Ed. nº 83: #MPPI-2019: #MPDFT-2021: #CESPE: Tese 04: As
cooperativas de crédito são equiparadas às instituições financeiras, aplicando-se-lhes o Código de
Defesa do Consumidor, nos termos da Súmula n. 297/STJ.

Súmula 296: Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos
no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil,
limitada ao percentual contratado. (DPEPA-2009) (TJSC-2010) (MPRR-2012) (TRF4-2012) (DPERS-2011/2018)

#Atenção: Válida. Vale ressaltar que, com a edição da Resolução 4.558/2017, acabou a
possibilidade de cobrança da comissão de permanência.
Súmula 295: A Taxa Referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei n. 8.177/91,
desde que pactuada.

Súmula 294: Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência,
calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do
contrato. (SUPERADA)

#Atenção: Superada. Esta súmula pode ser aplicada para os contratos anteriores à 01/09/2017
(art. 5º da Resolução nº 4.558/2017).

Comissão de permanência: Era um valor cobrado pelas instituições financeiras no caso de


inadimplemento contratual enquanto o devedor não quitar sua obrigação, isto é, era um encargo
cobrado por dia de atraso no pagamento de débitos junto a instituições financeiras. Era cobrado
após o vencimento e incide sobre os dias de atraso.

Resolução 4.558/17: Em 23 de fevereiro de 2017, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou


a Resolução nº 4.558, que disciplina a cobrança de encargos por parte das instituições
financeiras e das sociedades de arrendamento mercantil nas situações de atraso de pagamentos
de obrigações por clientes. Este ato normativo revogou expressamente a Resolução 1.129/86, que
previa a possibilidade de as instituições financeiras cobrarem a “comissão de permanência”. Isso
significa que, com a edição da Resolução 4.558/2017, acabou a possibilidade de cobrança da
comissão de permanência. No caso de atraso no pagamento ou na liquidação de obrigações, as
instituições financeiras e as sociedades de arrendamento mercantil poderão cobrar de seus clientes
exclusivamente os seguintes encargos:
I - juros remuneratórios, por dia de atraso, sobre a parcela vencida;
II - multa, nos termos da legislação em vigor; e
III - juros de mora, nos termos da legislação em vigor.

Súmula 293: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) NÃO DESCARACTERIZA
o CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL . (MPSP-2006) (TJMG-2007/2012) (DPEPR-2012)
(DPESE-2012) (TRF4-2012/2016) (TJRJ-2019) (MPCE-2011/2020)

OBS: Importante.

Arrendamento mercantil: O arrendamento mercantil (também chamado de leasing) é uma espécie


de contrato de locação, no qual o locatário tem a possibilidade de, ao final do prazo do ajuste,
comprar o bem pagando uma quantia chamada de valor residual garantido (VRG).

O arrendamento mercantil, segundo definição do parágrafo único do art. 1° da Lei 6.099/74,


constitui “negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou
jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela
arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta”.

Atenção: alguns autores fazem uma diferenciação entre valor residual e valor residual garantido
(VRG). Acredita o Dizer o Direito, contudo, que esta distinção não é importante para os fins desta
explicação até porque, na prática contratual, essa diferença não existe, não sendo explorada também
pelos julgados do STJ.

Opções do arrendatário. Ao final do leasing, o arrendatário terá três opções:


a) renovar a locação, prorrogando o contrato;
b) não renovar a locação, encerrando o contrato;
c) pagar o valor residual e, com isso, comprar o bem alugado.

Exemplo: “A” celebra um contrato de leasing com a empresa "B" para arrendamento de um
veículo 0 km pelo prazo de 5 anos. Logo, “A” pagará todos os meses um valor a título de aluguel e
poderá utilizar o carro. A principal diferença em relação a uma locação comum é que “A”, ao final
do prazo do contrato, poderá pagar o valor residual (VRG) e ficar definitivamente com o
automóvel.

Pagamento do VRG de forma antecipada dentro das prestações mensais: É muito comum, na
prática, que o contrato já estabeleça que o valor residual será pago de forma antecipada nas
prestações do aluguel. Neste caso, o arrendatário, todos os meses, paga, além do aluguel, também
o valor residual de forma parcelada. Como dito, isso é extremamente frequente, especialmente no
caso de arrendamento mercantil (leasing) financeiro.

O STJ considera legítima essa prática de diluir o VRG nas prestações? SIM. A Súmula 293 acima
foi editada com o objetivo de deixar claro este entendimento do STJ sobre o tema.

#Atenção: #STJ: #TJRJ-2019: #VUNESP: #MPCE-2020: #CESPE: O pagamento adiantado do


Valor Residual Garantido- VRG não implica necessariamente antecipação da opção de compra,
posto subsistirem as opções de devolução do bem ou prorrogação do contrato. Pelo que não
descaracteriza o contrato de leasing para compra e venda à prestação. Como as normas de
regência não proíbem a antecipação do pagamento da VRG que, inclusive, pode ser de efetivo
interesse do arrendatário, deve prevalecer o princípio da livre convenção entre as partes.
Afastamento da aplicação da Súmula 263/STJ. Embargos de Divergência acolhidos. STJ. Corte
Especial. EREsp 213.828/RS, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, Rel. p/ Ac. Min. Edson Vidigal, j.
07/05/03.

(TJSP-2013-VUNESP): A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em relação ao contrato


de arrendamento mercantil, tem, atualmente, como entendimento sumulado: a cobrança
antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil. BL: S. 293, STJ.

Súmula 292: A RECONVENÇÃO É CABÍVEL na ação monitória, após a conversão do


procedimento em ordinário. (TJDFT-2007) (PFN-2007) (MPPE-2008) (TRF1-2009) (DPEES-2009) (DPEMT-2009)
(MPRO-2008/2010) (PGEGO-2010) (MPAL-2012) (MPRS-2012) (DPEPR-2012) (DPEMG-2014) (DPEMA-2015) (TRT21-
2015) (TRF3-2016) (TJSC-2019) (TJMS-2023)

(TRF3-2016): Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é


dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. Nesse caso, o prazo para
ajuizamento da ação é quinquenal, tendo por termo “a quo” o dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula, sendo cabível, nesse caso, a reconvenção. BL: S. 531, 503 e 292, STJ.

OBS: O § 6° do art. 702 do CPC/2015 trata agora do tema nos seguintes termos: "§ 6° Na ação
monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à reconvenção."

Súmula 291: A ação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela previdência


privada prescreve em cinco anos. (PGM-Várzea Paulista/SP-2016)

(PGM-Várzea Paulista-2016-VUNESP): De acordo com o posicionamento sumulado do Superior


Tribunal de Justiça, a ação de cobrança de diferenças de valores de complementação de
aposentadoria, contados da data do pagamento, prescreve em 5 anos. BL: S. 291, STJ.

OBS: O pagamento de complementação de aposentadoria é obrigação de trato sucessivo, sujeita,


pois, à prescrição quinquenal que alcança somente as parcelas vencidas anteriormente ao
quinquênio que precede o ajuizamento da ação e não o próprio fundo de direito (Súmulas
STJ/291, 427) (STJ AgRg nos EDcl no AREsp 334.560/RS, j. 19/11/13).

Súmula 290: Nos planos de previdência privada, não cabe ao beneficiário a devolução da
contribuição efetuada pelo patrocinador. (PGEAL-2009)

Súmula 289: A restituição das parcelas pagas a plano de previdência privada deve ser objeto de
correção plena, por índice que recomponha a efetiva desvalorização da moeda.

Súmula 288: A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pode ser utilizada como indexador de correção
monetária nos contratos bancários.
Súmula 287: A Taxa Básica Financeira (TBF) não pode ser utilizada como indexador de correção
monetária nos contratos bancários.

Súmula 286: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida NÃO IMPEDE a


possibilidade de discussão sobre EVENTUAIS ILEGALIDADES dos contratos anteriores. (TJDFT-
2007) (TJMG-2009) (TJAP-2009) (TRF4-2010) (TJES-2011) (PCGO-2012) (TJPR-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (AGU-2013)
(TJDFT-2007/2014) (PGEPA-2015)

OBS:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REVISÃO DE CONTRATOS EXTINTOS.


POSSIBILIDADE, INCLUSIVE EM SEDE DE EMBARGOS DE DEVEDOR. I.- Os contratos
bancários são passíveis de revisão judicial, ainda que tenham sido objeto de novação, pois não se
pode validar obrigações nulas (Súmula 286 desta Corte). II.- É possível a revisão de toda a relação
contratual inclusive em sede de embargos do devedor. Precedentes. Agravo improvido. (AgRg no
REsp 877.647/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/05/2009).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. OCORRÊNCIA. REVISÃO DE


CONTRATOS. COOPERATIVA E COOPERADO. NOVAÇÃO. POSSIBILIDADE. I - Doutrina e
jurisprudência têm admitido o uso de embargos de declaração com efeito infringente, em caráter
excepcional, para a correção de premissa equivocada, com base em erro de fato, sobre o qual tenha
se fundado o acórdão embargado, quando tal for decisivo para o resultado do julgamento. II - Os
contratos são passíveis de revisão judicial, ainda que tenham sido quitados ou objeto de
novação, pois não se pode validar obrigações nulas. Embargos de declaração acolhidos, para dar
provimento ao recurso especial. (EDcl no AgRg no REsp 582.621/RS, Rel. Ministro CASTRO
FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/04/2006, DJ 15/05/2006, p. 201) 54

(Cartórios/TJPE-2013-FCC): Em face do entendimento sumulado, a renegociação do contrato


bancário ou a confissão da dívida não impedem a possibilidade de discussão sobre eventuais
ilegalidades dos contratos anteriores. BL: S. 286, STJ.

(TJDFT-2007): Ainda que o devedor renegocie com o credor o contrato bancário, confessando
dívida, tal não se constitui em obstáculo à discussão sobre possíveis ilegalidades das avenças
anteriores. BL: S. 286, STJ.

Súmula 285: Nos contratos bancários POSTERIORES ao Código de Defesa do Consumidor


INCIDE a multa moratória nele prevista. (TJAP-2009) (TJPB-2011) (PGEPA-2011) (MPRR-2012) (TJSP-
2013/2015)

Súmula 284: A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida quando já pagos
pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor financiado. (SUPERADA)

OBS: Superada. A Lei 10931/04, em seu art. 56, alterou o art. 3º do Dec-Lei 911/67, não mais
estabelecendo o limite mínimo de 40% do valor financiado, a fim de permitir ao devedor a
purgação da mora. A despeito disso, o STJ entende que a Súmula 284 do STJ ainda é aplicada
aos contratos anteriores à Lei 10931/04. Para os contratos posteriores, a Súmula está superada.

Súmula 283: As empresas administradoras de cartão de crédito SÃO INSTITUIÇÕES


FINANCEIRAS e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados NÃO SOFREM as
limitações da Lei de Usura. (TJMG-2007) (TJAP-2009) (TRF5-2009) (TJAC-2012) (DPESE-2012) (TJAM-2013)
(TJDFT-2014) (TJRO-2019) (TJRJ-2019)

(TRF5-2009-CESPE): De acordo com a jurisprudência, as administradoras de cartões de crédito


são consideradas instituições financeiras. BL: S. 283, STJ.

54
(AGU-2013-CESPE): A respeito do negócio jurídico, das obrigações, dos contratos e da responsabilidade
civil, julgue os itens a seguir: Os contratos são passíveis de revisão judicial, ainda que tenham sido objeto
de novação, quitação ou extinção, haja vista não ser possível a validação de obrigações nulas. BL: Entend.
Jurisprud.
Súmula 282: CABE a citação por edital em AÇÃO MONITÓRIA. (PFN-2007) (DPEMA-2009) (PGEGO-
2010) (TJDFT-2011) (TJRS-2012) (MPAL-2012) (DPEMG-2014) (Proc.-Câm. Munic. Poá/SP-2016)

OBS: O § 7° do art. 100 do CPC 2015 encampou essa ideia e previu o seguinte: "§ 7° Na ação
monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum."

Súmula 281: A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa .
(TJAL-2008) (DPEPR-2017)

OBS: Deve-se ressaltar, no entanto, que, após a edição da presente súmula, o STF foi além e
decidiu que a íntegra da Lei de Imprensa (Lei 5.250/67) não foi recepcionada pela CF/88 (ADPF
130).

Súmula 280: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi
revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.

OBS: O art. 35 do DL 7661/45 estabelecia que o juiz poderia decretar a prisão administrativa do
falido caso ele descumprisse qualquer dos deveres impostos pela lei. Este dispositivo foi reputado
incompatível com a CF. Vale ressaltar que, depois da edição da Súmula 280-STJ (10/12/03), o DL
7661/45 também foi revogado pela Lei 11.101/05 (nova Lei de Falências).

OBS: A Lei 11.101/05 prevê a prisão preventiva do falido no art. 99, inciso VII.

Súmula 279: É CABÍVEL EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL contra a Fazenda Pública .
(TJPR-2008) (TRF4-2010) (TJSP-2013) (PGDF-2013) (TRT3-2013) (MPPR-2014) (PGEPI-2014) (PGEAC-2014) (TJPB-
2015) (TJRR-2015) (Proc./ALERJ-2017) (Aud. Fiscal-SEFAZ/SC-2018)

Súmula 278: O termo inicial do prazo prescricional, NA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO, É a data em


que o segurado TEVE ciência inequívoca da incapacidade laboral. (TRF1-2011) (TRT14-2014) (TJRR-
2015) (TJDFT-2016) (TCESC-2016) (DPERO-2017) (PGEPA-2022)

Súmula 277: JULGADA PROCEDENTE a investigação de paternidade, os alimentos SÃO


DEVIDOS a partir da citação. (MPDFT-2009) (MPRJ-2012) (DPEMS-2012) (MPRS-2017) (DPEPE-2018) (DPERJ-
2021) (MPMS-2011/2022)

(MPRS-2017): Assinale a alternativa correta quanto à obrigação alimentar: Julgada procedente a


investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação, isso se os alimentos não
forem fixados provisoriamente, por meio de tutela antecipada ou em cautelar de alimentos
provisionais. BL: S. 277, STJ e art. 4º da Lei 5.478/68.

#Atenção: Lei nº 5.478/68: “Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a
serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.”

Súmula 276: As sociedades civis de prestação de serviços profissionais são isentas da Cofins,
irrelevante o regime tributário adotado. (*) CANCELADA

OBS: Cancelada em 12/11/2008.

OBS: A referida isenção da Cofins foi revogada pelo art. 56 da Lei 9430/96, revogação julgada
válida pelo STF e STJ. (PFN-2012)

OBS: Veja a Súmula 508 do STJ: “A isenção da Cofins concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/1991 às
sociedades civis de prestação de serviços profissionais foi revogada pelo art. 56 da Lei n. 9.430/1996.”

(PFN-2012-ESAF): A respeito do enunciado - “As sociedades civis de prestação de serviços profissionais


são isentas da COFINS, irrelevante o regime tributário adotado” -, é correto afirmar que o enunciado de
súmula foi cancelado e não está mais em vigor. BL: S. 276, STJ.
Súmula 275: O auxiliar de farmácia não pode ser responsável técnico por farmácia ou drogaria.

Súmula 274: O ISS INCIDE sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se neles as
refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares . (PGM-Florianópolis/SC-2022)

Súmula 273: INTIMADA a defesa da expedição da carta precatória, TORNA-SE


DESNECESSÁRIA intimação da data da audiência NO JUÍZO DEPRECADO. (TJRR-2008) (MPCE-
2009) (PCRN-2009) (MPES-2010) (TRF1-2011) (MPSC-2012) (MPMT-2012) (PCMA-2012) (MPF-2012) (MPMS-
2011/2013) (PCGO-2013) (TRF3-2013) (TRF2-2014) (MPSP-2015) (MPPR-2017) (PCMS-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017)
(Anal. Judic./TRF5-2017) (TJCE-2018) (DPEPE-2018) (MPGO-2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (PCMG-2021)

OBS: Exemplo: em um processo penal que tramita em Feira de Santana (BA), se for necessário
ouvir testemunhas ou interrogar o réu e eles residirem em Salvador (BA), como é praticado esse
ato processual?

1° opção: o juízo poderá inquirir essas testemunhas ou interrogar o réu por meio de
videoconferência (art. 185, § 2° e art. 222, § 3° do CPP);

2° opção: o juízo poderá expedir uma carta precatória para que as testemunhas ou o réu sejam
ouvidos no local em que residem pelo juízo de lá.

Suponhamos que o juízo de Feira de Santana (BA) expediu uma carta precatória para que o juízo
de Salvador (BA) ouvisse uma testemunha que lá reside. O despacho determinando a expedição
da carta precatória foi proferido em 02/03/12, tendo sido a defesa e o MP intimados sobre isso.

Caso a defesa não tivesse sido intimada da expedição da carta precatória, haveria nulidade? SIM.
No entanto, trata-se de nulidade relativa. Veja o que diz o STF:
Súmula 155-STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.

Chegando a carta no juízo de Salvador (BA), chamado de juízo deprecado, foi designada
audiência para oitiva da testemunha no dia 02/06/2012.

A defesa precisará ser intimada da data da audiência no juízo deprecado? NÃO. Este é o teor da
Súmula 273-STJ.

Exceção à Súmula 273-STJ: se o réu for assistido pela Defensoria Pública e, na sede do juízo
deprecado, a Instituição estiver instalada e estruturada, será obrigatória a intimação da
Defensoria acerca do dia do ato processual designado, sob pena de nulidade. Nesse sentido:
(...) 1.Jurisprudência consolidada do STF - e na mesma linha a do STJ -, no sentido de que,
intimadas as partes da expedição da precatória, a elas cabe o respectivo acompanhamento,
sendo desnecessária a intimação da data designada para a audiência no Juízo deprecado. 2.
Mitigação desse entendimento em relação à Defensoria Pública. As condições da
Defensoria são variadas em cada Estado da Federação. Por vezes, não estão
adequadamente estruturadas, com centenas de assistidos para poucos defensores, e, em
especial, sem condições de acompanhar a prática de atos em locais distantes da sede do
Juízo. Expedida precatória para localidade na qual existe Defensoria Pública estruturada,
deve a instituição ser intimada da audiência designada para nela comparecer e defender
o acusado necessitado. Não se justifica, a nomeação de defensor dativo, quando há
instituição criada e habilitada à defesa do hipossuficiente. Nulidade reconhecida. (...)
STF. 1° T. RHC 106394, Rel. Min. Rosa Weber, j. 30/10/12.

(TJPA-2019-CESPE): Acerca de princípios processuais constitucionais, assinale a opção correta:


Fere os princípios do contraditório e da ampla defesa a não intimação da defesa acerca da
expedição de carta precatória para oitiva de testemunha arrolada residente em outra comarca. BL:
S. 273, STJ e S. 155, STF.55

#Atenção: A defesa precisará ser intimada da data da audiência no juízo deprecado? A resposta

55
Súmula 155-STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de
precatória para inquirição de testemunha.
é negativa, consoante dispõe a Súmula 273 do STJ. “Entende-se que 'intimada a defesa da
expedição da precatória, desnecessária nova intimação da data designada para a realização das
audiências no Juízo deprecado. Essa providência não é tida por lei como essencial ao exercício da defesa,
por considerar que primordialmente cabe ao defensor inteirar-se naquele Juízo sobre a data escolhida para a
realização da prova.' (RT 525/352, 500/342, RTJ 95/547).” Todavia, caso a defesa não tivesse
sido intimada da expedição da carta precatória, haveria nulidade? A resposta é positiva, uma
vez que se trata de nulidade relativa, conforme o teor da Súmula 155 do STF. Nesse sentido,
vejamos o seguinte julgado do STF: “A intimação do advogado para a inquirição de testemunhas no juízo
deprecado é desnecessária; imprescindível apenas a intimação da expedição da carta precatória. No
caso, havendo incerteza quanto à intimação da expedição da carta precatória, afigura-se correta a aplicação,
pelo Tribunal a quo, da Súmula 155/STF, que proclama ser "relativa a nulidade do processo criminal por
falta de intimação da Carta Precatória para a inquirição de testemunha". A defesa do paciente silenciou
sobre o tema nas alegações finais e no recurso de apelação, suscintando a nulidade após dez anos do trânsito
em julgado da sentença penal condenatória, quando já flagrantemente acobertada pela preclusão. Ordem
denegada.” (HC 89.186, rel. min. Eros Grau, 2ª T, j. 10-10-2006, DJ de 6-11-2006.).

(TJRS-2016-Faurgs): No caso de oitiva de testemunhas por carta precatória, segundo o


entendimento do STJ, torna-se desnecessária a intimação da defesa com relação a data da
audiência no juízo deprecado, se houve a sua intimação da expedição da precatória. BL: S. 273,
STJ.

(TJDFT-2007): Expedida carta precatória para oitiva de testemunhas da acusação, foram intimadas
as partes, bem como o MP e a defesa técnica. As testemunhas foram ouvidas pelo juízo deprecado,
sem que este tenha feito qualquer intimação da data e horário da respectiva audiência. Na
ausência do advogado do acusado, designou o juízo deprecado defensor dativo, que assistiu a
oitiva das testemunhas. Juntada a precatória aos autos, proferiu o juiz sentença, condenando o
réu. Este, no recurso de apelação, levantou preliminar de nulidade do processo, em razão da falta
de intimação pelo juízo deprecado da data e horário da audiência de oitiva das testemunhas. Esta
preliminar de nulidade deve ser rejeitada, porque o que a lei exige é a intimação da expedição da
carta precatória para oitiva das testemunhas, não da data e horário em que se realizarão as
audiências no juízo deprecado. BL: S. 273, STJ.

Súmula 272: O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição


obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de
serviço, se recolher contribuições facultativas. (MPES-2010) (DPEPA-2015)

Súmula 271: A correção monetária dos depósitos judiciais independe de ação específica contra o
banco depositário.

OBS: Cumpre ressaltar que a discussão quanto à remuneração dos depósitos judiciais deve ser
feita na própria demanda, ou seja, não é necessário que a parte ajuíze uma nova ação (ação
autônoma) contra o banco depositário para receber a quantia. É o teor da Súmula 271 do STJ.

Súmula 270: O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que
TRAMITA na Justiça Estadual, NÃO DESLOCA a competência para a Justiça Federal. (MPRR-2008)
(TRF5-2011) (DPESE-2012) (TJAM-2016)

(MPRO-2008-CESPE): Não pode ser deslocada para a justiça federal a competência relativa a
medida judicial que envolva protesto pela preferência do crédito, quando apresentado por
autarquia federal, em execução que tramita na justiça estadual. BL: S. 270, STJ.

Súmula 269: É ADMISSÍVEL a adoção do regime prisional SEMIABERTO aos reincidentes


CONDENADOS a pena igual ou inferior a quatro anos SE FAVORÁVEIS as circunstâncias
judiciais. (TJGO-2009) (MPCE-2009) (DPEMA-2009) (TJMS-2010) (TJDFT-2012) (TJCE-2012) (DPEMS-2012)
(DPERO-2012) (TJAM-2013) (TJPR-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (DPECE-2014) (TJPE-2011/2015) (TJAL-2015) (TJPE-
2015) (TJRR-2015) (DPERN-2015) (MPF-2015) (DPU-2015) (DPEBA-2016) (DPEES-2016) (TJSP-2017) (DPEAC-2017)
(DPESC-2017) (PCMS-2017) (MPMS-2013/2015/2018) (TRF2-2013/2018) (PCGO-2013/2018) (DPEAM-2018) (DPEMA-
2018) (MPMG-2017/2019) (MPPR-2016/2019) (TJPA-2019) (DPESP-2019) (MPDFT-2011/2021) (PCMG-2011/2021)

(MPMG-2019): Marque a alternativa correta: É admissível a adoção do regime prisional


semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 anos, se favoráveis as
circunstâncias judiciais. BL: S. 269, STJ.

(TJSP-2017-VUNESP): No tocante às penas privativas de liberdade, é correto afirmar que é


admissível a adoção do regime prisional fechado aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a 4 anos de reclusão, se desfavoráveis as circunstâncias judiciais, bem como vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito, se fixada a pena-base no mínimo legal. BL: S.
269 e 440, STJ.

(TJPE-2015-FCC): A reincidência não obriga a adoção do regime prisional fechado, se imposta


pena igual ou inferior a quatro anos e favoráveis as circunstâncias judiciais. BL: S. 269, STJ.

(DPU-2015-CESPE): No que tange ao entendimento sumulado do STJ a respeito das espécies, da


cominação e da aplicação de penas e do regime de execução de penas em espécie, julgue o item
subsecutivo: Se as circunstâncias judiciais forem favoráveis, o reincidente condenado à pena de
quatro anos poderá ser submetido ao regime prisional semiaberto. BL: S. 269, STJ.

(MPMS-2015): Assinale a alternativa correta: Aos reincidentes condenados à pena igual ou


inferior a quatro anos, se forem favoráveis às circunstâncias judiciais, o juiz pode aplicar o regime
semiaberto, ainda que a reincidência seja em crime específico. BL: S. 269, STJ.

Súmula 268: O fiador que NÃO INTEGROU a relação processual NA AÇÃO DE DESPEJO NÃO
RESPONDE pela execução do julgado. (AGU-2004/2009) (TJGO-2012) (TJMS-2012) (TJDFT-2014) (DPEMG-
2019)

(AGU-2004-CESPE): Em relação ao processo de execução, julgue o seguinte item. Não se admite


que a sentença condenatória obtida apenas contra o devedor afiançado seja também executada
contra fiador que não foi parte no processo de conhecimento. BL: S. 268, STJ.

Súmula 267: A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não
obsta a expedição de mandado de prisão.

OBS: Superada.

O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos. O art.
283 do CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o cumprimento da
pena, é constitucional, sendo compatível com o princípio da presunção de inocência, previsto no
art. 5º, LVII, da CF. Assim é proibida a chamada “execução provisória da pena”. Vale ressaltar que
é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento de todos os
recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial
individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os
requisitos para a prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. Dessa forma, o réu até pode ficar
preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente (preventivamente), e não como execução
provisória da pena. STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, j. 07/11/19.

Súmula 266: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não
na inscrição para o concurso público.

OBS: A Súmula 266-STJ não se aplica para concursos da magistratura e MP. A comprovação do
triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz ou membro do MP deve
ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público. Nesse sentido, STF, Plenário RE
655265/DF, rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin. j. 13/4/16 (repercussão
geral) (Info 821).

OBS: Vale ressaltar que também existem alguns julgados do STF admitindo que a lei e o edital
exijam os requisitos para o cargo no momento da inscrição. Nesse sentido:
O STF possui jurisprudência no sentido de que o limite de idade, quando regularmente
fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no
momento da inscrição do certame (STF, 1ª T. ARE 840592 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j.
23/06/15).
Súmula 265: É NECESSÁRIA a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a REGRESSÃO DA
MEDIDA SOCIOEDUCATIVA. (MPMT-2008) (DPEAL-2009) (MPGO-2010) (TJBA-2012) (TJDFT-2012) (MPPI-
2012) (DPEAC-2012) (Cartórios/TJES-2013) (PCSC-2014) (MPDFT-2013/2015) (MPMS-2015) (DPEPA-2015) (DPERN-
2015) (DPERO-2012/2017) (MPPR-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (TJCE-2018) (TJRS-2018) (MPBA-2018) (DPEAM-2018)
(PCSE-2018) (TJPA-2012/2019) (DPESP-2009/2015/2019) (TJSC-2019) (MPSC-2021) (DPEGO-2021) (DPERS-2018/2022)
(TJPE-2022)

OBS: A regressão de medida socioeducativa importa na substituição de uma medida por outra de
abrangência pedagógica mais ampla, ou, em outras palavras, em outra medida mais severa. Para
que isso seja possível, é necessária a prévia oitiva do adolescente, garantindo-lhe a ampla defesa e
o contraditório.

(MPSC-2021-CESPE): Quanto às medidas socioeducativas previstas no ECA, julgue o item


considerando, ainda, a jurisprudência do STJ: A oitiva do adolescente infrator é necessária para a
decretação de regressão de medida socioeducativa. BL: Súm. 265, STJ e art. 43, §4º, da Lei
12.594/12.

(TJPA-2019-CESPE): Aos dezesseis anos de idade, João praticou ato infracional análogo ao crime
de roubo e, em razão disso, foi-lhe aplicada a medida socioeducativa de internação. Após alguns
meses de internação, houve a progressão de João para o regime de semiliberdade, mas ele, fora da
unidade de internação, deixou de cumprir as obrigações desse regime e não foi mais localizado,
embora tenha sido procurado pelo juízo competente em todos os endereços existentes nos autos.
Um ano depois, quando João estava com dezessete anos de idade, o Ministério Público requereu
nos autos que fossem decretadas a busca e apreensão do adolescente e a regressão dele para
regime mais rigoroso. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta, de acordo
com a jurisprudência do STJ: O pedido de busca e apreensão de João não ofende o princípio da
presunção de inocência; se deferido esse pedido e apreendido o menor, deverá ser feita a sua
oitiva antes da decretação de regressão do regime de cumprimento da medida socioeducativa. BL:
S. 265, STJ e art. 43, §4º da Lei 12.594/12.56

(TJDFT-2012): Será sempre necessária a prévia oitiva do adolescente para que seja decretada a
regressão de medida socioeducativa. BL: S. 265, STJ e art. 43, §4º da Lei 12.594/12.

Súmula 264: É irrecorrível o ato judicial que apenas manda processar a concordata preventiva.

Súmula 263: A cobrança antecipada do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de


arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação.(*) CANCELADA

OBS: Vide Súmula 293 do STJ: “A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil”.

Súmula 262: Incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas
cooperativas. (AGU-2007)

(AGU-2007-CESPE): A respeito do Sistema Tributário Nacional, julgue o item que se segue:


Considere que certa sociedade cooperativa, formada por professores de língua estrangeira, tenha
auferido vultosa quantia monetária proveniente de suas aplicações financeiras. Nesse caso, a
sociedade cooperativa deve recolher o imposto de renda sobre o resultado das referidas
aplicações. BL: Súm. 262, STJ.

Súmula 261: A cobrança de direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas, em


estabelecimentos hoteleiros, deve ser feita conforme a taxa média de utilização do equipamento,
apurada em liquidação.

56
Art. 43, § 4º da Lei 12.594/2012 - A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações
excepcionais, após o devido processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e deve ser: I - fundamentada em parecer
técnico; II - precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º do art. 42 desta Lei.
Súmula 260: A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as
relações entre os condôminos. (Cartórios/TJMG-2012) (Cartórios/TJSP-2016)

Súmula 259: A AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS PODE SER PROPOSTA pelo titular de
conta-corrente bancária. (MPRO-2008) (PGEMT-2011) (TJSC-2019)

OBS: O CPC/15 alterou o nome desta ação que agora se chama “ação de exigir contas” (art. 550).

Súmula 258: A NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA a contrato de abertura de crédito NÃO


GOZA de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. (TJPR-2008) (TJMS-2008) (DPECE-
2008) (DPEMG-2009) (DPESP-2010) (TJSC-2010) (TRF4-2010) (TJRO-2011) (PGEMT-2011) (PGEPA-2011) (TJMG-
2006/2009/2012) (MPPI-2012) (TJMA-2013) (DPEDF-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (AGU-2013) (MPSP-2006/2008/2015)
(TJDFT-2012/2015) (DPEPE-2015) (TRF5-2015) (DPEBA-2016) (TRF3-2016) (TJSP-2013/2014/2017) (DPEAM-2018)
(TRF2-2018) (MPCE-2020)

(TJSP-2017-VUNESP): O reconhecimento da nulidade de um contrato determina a inexigibilidade


das notas promissórias a ele vinculadas, caso estejam na posse do credor original. BL: S. 258, STJ.

#Atenção: Considerando que a nota promissória não circulou, é possível a discussão da causa
debendi entre o devedor e o credor originário, daí a inexigibilidade. Em essência, a nota
promissória não é um título causal. Todavia, quando vinculada a um contrato, e desde que isso
conste de forma expressa da cártula, passa a ser um título causal, despida da autonomia inerente
aos títulos, já que o terceiro, ao receber essa nota, saberá da vinculação ao contrato (negócio
jurídico subjacente).

(DPEBA-2016-FCC): Sobre os títulos de crédito, analise a seguinte afirmação: De acordo com o


entendimento do STJ, a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. BL: S. 258, STJ.

(TJSP-2014-VUNESP): No que se refere à execução de título extrajudicial, a jurisprudência do STJ


é no sentido de que a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito em conta
corrente não goza de autonomia. BL: S. 258, STJ.

(TRF4-2010): Os títulos de crédito são documentos que representam obrigação pecuniária. Um dos
mais conhecidos é a nota promissória, que constitui uma promessa de pagamento que uma pessoa
faz a outra. Dadas as assertivas abaixo sobre nota promissória, assinale a alternativa correta:
Conquanto a nota promissória de regra tenha autonomia, quando vinculada a contrato de
abertura de crédito ela perde esse atributo, em razão da iliquidez do título que a originou. BL: S.
258, STJ.

#Atenção: A nota promissória, quando vinculada a contrato de abertura, não possui autonomia e,
portanto, não é considerada como título de crédito. Esse entendimento resta consolidado na S. 258
do STJ.

(DPECE-2008-CESPE): Acerca dos títulos de crédito, julgue o item seguinte: Considere que, ao
celebrar contrato de abertura de crédito com certa instituição bancária, Raul tenha emitido notas
promissórias vinculadas ao referido contrato. Nessa situação, as notas promissórias estão
desprovidas de autonomia. BL: S. 258, STJ.

(TJMG-2006): Uma nota promissória emitida em branco por sociedade empresária, em garantia de
aporte de crédito bancário de R$ 50.000,00 em sua conta corrente, destinado a capital de giro, em
cujo contrato se estipularam juros remuneratórios de 3% ao mês, correção monetária pela TR, e
para o período da mora os mesmos juros remuneratórios acrescidos de multa de l0% e juros
moratórios de 2% ao mês: admite execução acompanhada do contrato, após preenchida pelo
credor, porque é possível mera operação aritmética para decote de eventual excesso de encargos
que estejam inseridos em seu valor, o que não afasta sua liquidez.

#Atenção: Na verdade, a questão não trata de contrato de abertura de crédito. Por isso, não se
aplica a Súmula 258 do STJ. Veja-se o julgado abaixo:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE NOTA
PROMISSÓRIA. RAZÕES RECURSAIS QUE CONTRARIAM AS PREMISSAS FÁTICAS
DO ACÓRDÃO. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. TÍTULO EXECUTIVO.
CONTRATO DE REPASSE DE EMPRÉSTIMO EXTERNO. INAPLICABILIDADE DA
SÚMULA 258/STJ. (...). 2. As notas promissórias, ainda que desacompanhadas do contrato
subjacente, prestam-se como títulos hábeis a ensejar execução. 3. O fato de ser a dívida
eventualmente acrescida de encargos, ou diminuída de amortizações, cujo valor final é
suscetível de ser demonstrado mediante operação aritmética, não torna ilíquido o débito
representado pela nota promissória. 4. O Contrato de Repasse de Empréstimo Externo não
se equipara ao contrato de abertura de crédito, porque neste último a instituição
financeira coloca à disposição do cliente, um certo numerário, conferindo-lhe a
faculdade de fazer ou não o uso da quantia, de acordo com suas necessidades, enquanto
naquele, o valores pactuados, tomados de instituição financeira estrangeira por
intermédio de banco nacional, são efetivamente entregues ao cliente, que o saldará com
os juros e encargos contratados previamente. Inaplicável ao caso, portanto, a Súmula
258/STJ. (STJ. 3ª T., AgRg no REsp 702.884/SP, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Des. Conv.
TJ/RS), j. 26/04/11).

Súmula 257: A falta de pagamento do prêmio do SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS


PESSOAIS CAUSADOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES DE VIAS TERRESTRES (DPVAT)
NÃO É motivo para a recusa do pagamento da indenização . (DPEPR-2012) (TJPR-2014) (DPEBA-2016)
(DPEGO-2021) (TJMG-2022)

OBS: Válida.

O seguro DPVAT não tem por lastro uma relação jurídica contratual estabelecida entre o
proprietário do veículo e as seguradoras que compõem o correlato consórcio.
Trata-se de um seguro obrigatório por força de lei, que tem por objetivo minimizar os
danos advindos da circulação de veículos automotores - cujos riscos são naturalmente
admitidos pela sociedade moderna -, que impactam sobremaneira, econômica e
socialmente, as pessoas envolvidas no acidente e, reflexamente, ao Estado e à sociedade
como um todo, a quem incumbe financiar a Seguridade Social.
A partir de sua finalidade precípua, já se pode antever, com segurança, que o
funcionamento hígido do sistema de seguro DPVAT consubstancia interesse que,
claramente, transcende ao do beneficiário, sendo, em verdade, de titularidade de toda a
sociedade, considerada como um todo.
Em se tratando de uma obrigação imposta por lei, não há, por conseguinte, qualquer
acordo de vontades e, principalmente, voluntariedade, entre o proprietário do veículo (a
quem compete, providenciar o pagamento do “prêmio”) e as seguradoras componentes do
consórcio seguro DPVAT (que devem efetivar o pagamento da indenização mínima pelos
danos pessoais causados à vítima do acidente automobilístico), o que, por si, evidencia, de
contrato, não se cuidar. Cuida-se, a toda evidência, de hipótese de responsabilidade legal
objetiva, vinculada à teoria do risco, afigurando-se de todo desinfluente a demonstração,
por parte do beneficiário (vítima do acidente automobilístico), de culpa do causador do
acidente.
Diversamente do que se dá no âmbito da contratação de seguro facultativo (esta sim, de
inequívoca incidência da legislação protetiva do consumidor), a atuação das seguradoras
integrantes do consórcio do seguro DPVAT, adstrita à lei de regência, não é concorrencial,
tampouco destinada à obtenção de lucro, na medida em que a respectiva arrecadação
possui destinação legal específica.
Em suma, a comprovação do pagamento do prêmio do seguro obrigatório não é requisito
para o pagamento da indenização.
STJ. 2ª Seção. REsp 1091756/MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 13/12/2017.

Súmula 256: O sistema de "protocolo integrado" não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior
Tribunal de Justiça. (*) CANCELADA

OBS: O sistema do “protocolo integrado”, atualmente, é admitido aos recursos dirigidos ao STJ.
Entendeu-se que a Lei 10.352/01 alterou o parágrafo único do art. 547 do CPC visando a permitir
que, em todos os recursos, não só no agravo de instrumento – art. 525, §2º do CPC –, pudesse a
parte interpor sua irresignação por meio do protocolo integrado (STJ, AgRg no Ag 792.846-SP, j.
21/5/2008).
Súmula 255: Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo retido,
quando se tratar de matéria de mérito. (SUPERADA)

Súmula 254: A decisão do Juízo Federal que EXCLUI da relação processual ENTE FEDERAL NÃO
PODE SER reexaminada no Juízo Estadual. (TRF4-2010) (TRF5-2011) (TJPI-2012) (DPEES-2012)
(Cartórios/TJES-2013) (TJDFT-2014) (MPMG-2014) (TRF2-2014)

OBS: A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser
reexaminada no Juízo Estadual porque a competência para decidir se há interesse jurídico do ente
federal permanecer na lide é da Justiça Federal por força de previsão constitucional (art. 109, I, do
CF).

Súmula 253: O art. 557 do CPC [atual art. 932, III e IV do CPC/15], que AUTORIZA o relator a
decidir o recurso, ALCANÇA o REEXAME NECESSÁRIO. (MPPB-2010) (PGEGO-2010) (TRF3-2011)
(TJDFT-2012) (DPEPR-2012) (PGM-São Paulo/SP-2014) (TRT2-2016)

OBS: Onde se lê art. 557, leia-se agora art. 932, III e IV do CPC de 2015.
Art. 932.  Incumbe ao relator: (...)
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;

Súmula 252: Os saldos das contas do FGTS, pela legislação infraconstitucional, são corrigidos em
42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC) quanto às de abril de 1990,
acolhidos pelo STJ os índices de 18,02% (LBC) quanto as perdas de junho de 1987, de 5,38% (BTN)
para maio de 1990 e 7,00%(TR) para fevereiro de 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE
226.855-7-RS).

Súmula 251: A MEAÇÃO SÓ RESPONDE pelo ato ilícito quando o credor, na execução fiscal,
PROVAR que o ENRIQUECIMENTO dele resultante APROVEITOU ao casal. (MPRN-2009)
(PGEGO-2010) (TJRS-2012) (PFN-2015)

(TJRS-2012): A meação do cônjuge somente responde pelo ilícito fiscal quando o credor, na
execução fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal. BL: S. 251, STJ.

#Atenção: #STJ: #MPRN-2009: #CESPE: (...). EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO


DA PARTE. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE. ARRESTO. INDENIZAÇÃO POR
ATO ILÍCITO. INCLUSÃO DA MEAÇÃO DO CÔNJUGE. PROVA DE BENEFÍCIO COM O
PRODUTO DA INFRAÇÃO. NECESSIDADE. COMPROVAÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS DOS
EMBARGOS DE TERCEIRO POSSIBILIDADE. ARRESTO. BENS INDIVISÍVEIS. MEAÇÃO.
POSSIBILIDADE. - A meação da mulher só deve responder pelos atos ilícitos levados a cabo
pelo cônjuge quando houver prova de que se beneficiou com o produto oriundo da infração.
Tendo a mulher do devedor se insurgido contra o arresto efetivado sobre sua meação, via
embargos de terceiro, não há sentido em impedir que o credor, nos próprios autos, demonstre a
legitimidade da constrição. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido. STJ.
3ª T., REsp 830.577/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 16/12/08.

Súmula 250: É legítima a cobrança de multa fiscal de empresa em regime de concordata.


(SUPERADA)

Súmula 249: A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se
discute correção monetária do FGTS.
Súmula 248: COMPROVADA a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, É
TÍTULO HÁBIL para instruir PEDIDO DE FALÊNCIA. (TJDFT-2007) (TJMG-2005/2008) (TRF1-2011)
(Proc./ALERJ-2017) (TRF2-2018) (Cartórios/TJMG-2017/2019)

(Cartórios/TJMG-2019-Consulplan): A sociedade empresária Pneus Reformados Ltda. é a única


credora da Sociedade empresária Borracharia da Esquina Ltda. de uma duplicata no valor de R$
35.000.00. Indignada com essa situação, a gerente da credora procura o Tabelionato de Protestos
com a finalidade de buscar a falência da devedora lastreada no art. 94, I da Lei de Falências.
Considerando esse contexto, analise a afirmativa a seguir: Conquanto seja possível o protesto para
fins falimentares, a credora não terá sucesso no seu pleito falimentar. BL: art. 94, I, LRF e S. 248,
STJ.

#Atenção: Para o pedido de falência com base na impontualidade é necessário que a soma seja
superior a 40 salários-mínimos na data do pedido de falência. A propósito, os credores poderão
reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo de 40 salários-mínimos (art. 94, §1º,
LRF), porém, no caso apresentado, há um único credor. A questão do concurso é do ano de 2019,
quando o valor do salário-mínimo era de R$ 998,00, o qual multiplicado por 40 vezes, totaliza a
quantia de R$ 39.920,00. Assim, o valor do título deveria ser superior R$ 39.920,00. Portanto, o
título não poderia ser utilizado para o pedido de falência com base na impontualidade. Todavia, o
credor poderia ajuizar uma execução, e restando frustrada, poderia pedir a falência com base no
art. 94, II da LRF.

(TJMG-2005): Distribuidora de Bebidas São José Ltda., na data de 01.06.02, adquiriu 200 caixas de
garrafas de vinho tinto de Cia. de Bebidas Belo Vale, estabelecida em Florianópolis/SC, para
vendas em seu estabelecimento local, durante o Festival de Inverno de Ouro Preto/MG. O negócio
foi faturado para pagamento em duas duplicatas, vencíveis em 30 e 60 dias. A mercadoria foi
entregue em 05.06.02, sendo o conhecimento de transporte assinado pelo porteiro da
distribuidora. As duplicatas, apresentadas para aceite, foram retidas pela distribuidora. Marque a
alternativa CORRETA: O protesto por falta de pagamento da triplicata autoriza a ação de falência
pelo sacador. BL: S. 248, STJ c/c art. 94, I da Lei 11.101/05.

Súmula 247: O CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO em conta-corrente,


ACOMPANHADO do DEMONSTRATIVO DE DÉBITO, CONSTITUI documento hábil para o
ajuizamento da ação monitória. (TJMG-2005/2008) (TJPA-2009) (DPESP-2010) (TRF4-2010) (TJRO-2011) (MPAL-
2012) (TJMA-2013) (AGU-2013) (TJDFT-2015) (TJAM-2016) (DPEAM-2018) (Cartórios/TJMG-2019)

(Cartórios/TJMG-2019-Consulplan): Segundo a Súmula 247 do STJ, o contrato de abertura de


crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil
para o ajuizamento em juízo de ação de interesse do credor. Nesse diapasão, considerando as
diretrizes da referida súmula, é correto afirmar que a ação em questão é: monitória. BL: S. 247,
STJ.

(TRF4-2010): O contrato de conta-corrente é um dos mais usuais na área bancária, estabelecendo-


se relação na qual o banco se compromete a receber os valores remetidos pelo cliente ou por
terceiros, bem assim a cumprir as ordens de pagamentos emitidas até o limite do valor depositado
ou, firmado também pacto de abertura de crédito, até o limite estabelecido. Muitas vezes ocorrem
problemas na execução desses contratos, dando causa a inúmeras ações que tramitam no
judiciário brasileiro. Dadas as assertivas abaixo sobre os contratos de conta-corrente e de abertura
de crédito, assinale a alternativa correta: O contrato de abertura de crédito, ainda que
acompanhado de extrato da conta- corrente, não é título executivo, mas, instruído com
demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. BL: S.
233, STJ57 c/c Súmula 247, STJ

Súmula 246: O valor do seguro obrigatório DEVE SER DEDUZIDO da indenização judicialmente
fixada. (TJMT-2009) (TRF4-2009) (TRF5-2009) (TJPR-2014) (MPMS-2015)

57
Súmula 233-STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-
corrente, não é título executivo.
Súmula 245: A NOTIFICAÇÃO destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por
alienação fiduciária DISPENSA a indicação do valor do débito. (MPSP-2006/2008) (TJAP-2008)
(Cartórios/TJSP-2012) (TRF4-2012) (TJSC-2013) (TJCE-2014)

Súmula 244: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato
mediante cheque sem provisão de FUNDOS. (SUPERADA)

#Atenção: Superada.

A Súmula 244 do STJ encontra-se superada pela Lei nº 14.155/2021, que inseriu o § 4º ao art. 70 do
CPP com a seguinte redação:
Art. 70. (...)
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem
suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou
mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da
vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Vamos entender melhor com a seguinte situação hipotética: Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro
(RJ), foi passar o fim de semana em Juiz de Fora (MG). Aproveitando que estava ali, ele foi até
uma loja da cidade e comprou inúmeras roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As
mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de Pedro. Vale ressaltar, no entanto, que
Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que não havia fundos suficientes
disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-lo já que não
morava ali.

Qual foi o crime cometido por Pedro? Estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171, §
2º, VI, do CP:
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(...)
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.

O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de
Janeiro (RJ). Tendo isso em consideração, indaga-se: de quem será a competência territorial para
julgar o delito? Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:
 Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se
situa a agência bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar
a loja sairia da agência bancária na qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro.
Quando a loja foi tentar sacar o cheque, lá em Juiz de Fora (MG), na teoria, a agência
bancária localizada no RJ recusou o pagamento porque informou que ali não havia saldo
suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que a competência territorial era
do local onde se situava a agência que recusou o pagamento. É o que diziam as Súmulas
244 do STJ e 521 do STF.
 Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do
juízo de Juiz de Fora (MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70. Isso significa que a
Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas.

Súmula 243: O BENEFÍCIO DA SUSPENSÃO DO PROCESSO NÃO É APLICÁVEL em relação às


infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva,
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante,
ultrapassar o limite de um (01) ano . (DPU-2007) (TJGO-2009) (MPTO-2012) (PCAL-2012) (PCMA-2012) (TJMA-
2013) (DPERR-2013) (TJDFT-2014) (MPGO-2014) (MPSC-2014) (DPECE-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TJRR-2015)
(MPBA-2015) (MPDFT-2015) (MPMG-2013/2017) (PCGO-2013/2017) (MPRS-2014/2017) (TJPR-2017) (DPESC-2017)
(TRF2-2011/2013/2018) (TJCE-2012/2014/2018) (DPEAP-2018) (PCMG-2018) (DPESP-2010/2019) (MPPR-2011/2012/2019)
(TJAL-2015/2019) (TJBA-2019) (TJSC-2019) (MPSP-2019) (Cartórios/TJPR-2019) (TJSP-2017/2021) (PCPR-2021)

(MPSP-2019): Assinale a alternativa correta: O benefício da suspensão condicional do processo


não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal
ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela
incidência da majorante, ultrapassar o limite de 01 ano. BL: S. 243, STJ.

(MPPR-2019): Sobre o posicionamento sumular firmado pelo STJ, quanto ao tema da suspensão
condicional do processo, analise as assertivas abaixo e assinale a correta: O benefício da suspensão
do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material,
concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório,
seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de (01) ano. BL: S. 243, STJ.

(TRF2-2018-IBFC): Para o STJ, não cabe a suspensão condicional do processo para as infrações
penais cometidas em concurso material ou em concurso formal, quando a pena mínima cominada
ultrapassar um ano em razão do somatório ou da fração incidente. BL: S. 243, STJ.

(TJPR-2017-CESPE): No juizado especial criminal, a suspensão do processo poderá ocorrer no


caso de infração cometida em concurso formal e material, se a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano. BL: S. 243, STJ.

Súmula 242: CABE AÇÃO DECLARATÓRIA para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários. (TJDFT-2011) (TRF2-2011) (TJPR-2014)

Súmula 241: A reincidência penal NÃO PODE SER CONSIDERADA como circunstância
agravante e, SIMULTANEAMENTE, como circunstância judicial. (TJPE-2011) (MPCE-2011) (TRF2-2014)
(TJAL-2015) (MPMS-2015) (DPEMA-2015) (TRF5-2015) (TJRS-2016) (TJSP-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (Anal.
Judic./TRF5-2017) (TJBA-2019) (TJMS-2010/2020) (PCRN-2009/2021) (MPSC-2021) (MPSP-2005/2006/2022) (TJSC-2022)
(PCRR-2022)

OBS: Essa proibição existe para evitar o “bis in idem”.

Não pode um mesmo fato da folha de antecedentes penais do acusado ser considerado em dois
momentos da dosimetria da pena, ou seja, como maus antecedentes e, posteriormente, como
reincidência, sob pena de bis in idem. Inteligência do enunciado 241 da Súmula desta Corte. STJ 6ª
T., HC 66236/GO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 06/12/2014.

Por outro lado, o STJ consagrou o entendimento de que se o réu possuir mais de uma condenação
transitada em julgado, não há bis in idem por algumas delas serem consideradas como maus
antecedentes, a exasperar a pena-base acima do mínimo legal, e que as outras sejam utilizadas
para se reconhecer a reincidência, agravando, assim, a reprimenda na segunda fase do cálculo da
pena. É que, em tais casos, não se trata de valoração do mesmo fato em momentos distintos da
fixação da pena, o que preserva a Súmula 241 do STJ. STJ. 6ª T., HC 166.471/SP, Rel. Min. Vasco
Della Giustina (Des. Conv. do TJ/RS), j. 28/06/11. A utilização de condenações anteriores
transitadas em julgado como fundamento para a fixação da pena-base acima do mínimo legal,
diante da valoração negativa dos maus antecedentes e, ainda, para exasperar a pena, em razão da
agravante da reincidência, não caracteriza bis in idem, desde que as sopesadas na primeira fase
sejam distintas da valorada na segunda, como ocorreu no caso em apreço. STJ. 5ª T., HC
645.844/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 13/04/21. (...) STJ. 5ª T., HC 298.050/RS, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, j. 21/02/17. (...) A jurisprudência do STJ não reconhece bis in idem quando condenações
distintas são utilizadas para avaliar negativamente a circunstância agravante da reincidência e a
circunstância judicial relacionada aos antecedentes criminais. STJ. 5ª T., HC 528.390/SP, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, j. 10/03/20.

(TRF2-2014): Assinale a opção correta à luz da orientação dominante e/ou do texto legal expresso:
A reincidência não pode ser considerada como agravante e, simultaneamente, como circunstância
judicial. BL: S. 241, STJ.

Súmula 240: A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, DEPENDE de
requerimento do réu. (MPPE-2008) (AGU-2009) (TRF4-2010) (PGEGO-2010) (TJDFT-2011) (TJPR-2013) (DPETO-
2013) (MPPR-2014) (MPAC-2014) (TJSE-2015)

(TJSE-2015-FCC): G propôs ação contra J mas deixou de promover os atos e diligências que lhe
competiam, abandonando a causa por mais de 30 dias. De acordo com o CPC e com a
jurisprudência dominante do STJ, a extinção do processo, sem resolução do mérito e depende de
requerimento do réu. BL: S. 240, STJ.

OBS: Importante. A regra da súmula foi agora prevista expressamente no novo CPC: “Art. 485 (...)
§ 6° Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de
requerimento do réu.”

Súmula 239: O DIREITO À ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA NÃO SE CONDICIONA ao


registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. (PGEPI-2008) (TJPI-2012) (TJAC-
2012) (DPEPR-2012) (TRF4-2012) (PGESP-2012) (TJMA-2013) (DPESP-2013) (TRF3-2013) (Cartórios/TJBA-2013)
(Cartórios/TJES-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (Cartórios/TJRS-2013) (TJPA-2014) (MPPR-2014) (Cartórios/TJSE-2014)
(Cartórios/TJSP-2014) (TJDFT-2011/2015) (TJRR-2015) (DPERO-2017) (DPESC-2017) (MPPB-2018) (Cartórios/TJMG-
2018) (TJSC-2019) (DPEAM-2021) (MPGO-2022)

OBS: Importante.

#Atenção: Enunciado 95, Jornadas de Direito Civil do CJF – Art. 1.418: O direito à adjudicação
compulsória (art. 1.418 do novo Código Civil), quando exercido em face do promitente vendedor,
não se condiciona ao registro da promessa de compra e venda no cartório de registro imobiliário
(Súmula n. 239 do STJ).

(TJSC-2019-CESPE): Matheus e Isaac — o primeiro residente e domiciliado em São Paulo/SP, e o


segundo em Recife/PE — resolveram adquirir, em condomínio, imóvel localizado na praia de
Jurerê, em Florianópolis/SC, pertencente a Tarcísio, residente e domiciliado em Recife/PE. Após a
celebração da promessa de compra e venda com caráter irrevogável e irretratável e depois do
pagamento do preço ajustado, Tarcísio se recusou a lavrar a escritura pública definitiva do imóvel,
sob a alegação de que o preço deveria ser reajustado, em razão da recente instalação de dois
famosos beach clubs na região. Inconformados, Matheus e Isaac resolveram buscar tutela judicial, a
fim de obrigar Tarcísio a cumprir o negócio jurídico. Nessa situação hipotética, é correto afirmar, à
luz das regras do CPC e da jurisprudência majoritária do STJ, que o mecanismo jurídico adequado
para a tutela pretendida é a ação de adjudicação compulsória, que independerá de prévio registro
do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis competente e deverá ser ajuizada
necessariamente em Florianópolis/SC. BL: art. 47, NCPC c/c S. 239 do STJ e jurisprudência do
STJ.

#Atenção: #STJ: #TJSC-2019: #CESPE: A ação de adjudicação compulsória é fundada em direito


pessoal (contrato, compromisso de compra e venda). No entanto, a jurisprudência do STJ tem a
considerado fundada em direito real imobiliário e, portanto, inserida na parte final do art. 95, do
CPC/73 (atual art. 47, caput, CPC/15), no rol da competência territorial absoluta: “AGRAVO
REGIMENTAL - RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA -
COMPETÊNCIA - FORUM REI SITAE - PRECEDENTES DO STF E DO STJ - MANUTENÇÃO DA
DECISÃO AGRAVADA - NECESSIDADE - AGRAVO IMPROVIDO”. STJ. 3ª T., AgRg no REsp
773.942/SP, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 19/08/08.

(MPSC-2014): O direito à adjudicação compulsória quando exercido em face do promitente


vendedor, não se condiciona ao registro da promessa de compra e venda no cartório de registro
imobiliário. BL: S. 239 do STJ.

#Atenção: O compromisso de compra e venda pode ou não ser registrado no cartório de registro
de imóveis. Se a promessa não for registrada no cartório, ainda assim o promissário comprador
poderá ajuizar ação de adjudicação compulsória? SIM. O registro do compromisso de compra e
venda não é condição para o ajuizamento da ação de adjudicação compulsória. Mesmo sem o
registro, é possível a adjudicação compulsória.

Súmula 238: A avaliação da indenização devida ao proprietário do solo, em razão de alvará de


pesquisa mineral, é processada no Juízo Estadual da situação do imóvel.

Súmula 237: Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao financiamento NÃO
SÃO CONSIDERADOS no cálculo do ICMS. (PGEPA-2012) (PGESC-2018) (TJPA-2019) (TJSP-2021)
(Cartórios/TJGO-2021)

#Atenção: #Rec. Repetitivo/STJ – Tema 183: #PGESC-2018: #TJPA-2019; #TJSP-2021: #CESPE:


#VUNESP: 1. A "venda financiada" e a "venda a prazo" são figuras distintas para o fim de
encerrar a base de cálculo de incidência do ICMS, sendo certo que, sobre a venda a prazo, que
ocorre sem a intermediação de instituição financeira, incide ICMS. 2. A "venda a prazo" revela
modalidade de negócio jurídico único, cognominado compra e venda, no qual o vendedor
oferece ao comprador o pagamento parcelado do produto, acrescendo-lhe um plus ao preço
final, razão pela qual o valor desta operação integra a base de cálculo do ICMS, na qual se
incorpora, assim, o preço "normal" da mercadoria (preço de venda à vista) e o acréscimo
decorrente do parcelamento. (Precedentes desta Corte e do Eg. STF: AgR no RE n.º 228.242/SP,
Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 22/10/04; REsp 1087230/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T., j.
16/06/09, DJe 20/08/09; AgRg no REsp 480.275/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T.,, j.
08/04/08, DJe 04/03/09; AgRg no REsp 743.717/SP, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª T., j.
04/03/08, DJe 18/03/08; EREsp 215.849/SP, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª S., j. 11/06/08, DJe 12/08/08;
AgRg no REsp 848.723/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª T., j. 16/10/08, DJe 10/11/08; REsp n.º
677.870/PR, 1ª T., Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 28/02/05). 3. A venda financiada, ao
revés, depende de duas operações distintas para a efetiva "saída da mercadoria" do
estabelecimento (art. 2º do DL 406/68), quais sejam, uma compra e venda e outra de
financiamento, em que há a intermediação de instituição financeira, aplicando-se-lhe o
enunciado da Súmula 237 do STJ: "Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao
financiamento não são considerados no cálculo do ICMS." 4. In casu, dessume-se do voto
condutor do aresto recorrido hipótese de venda a prazo, em que o financiamento foi feito pelo
próprio vendedor, razão pela qual a base de cálculo do ICMS é o valor total da venda. (...) 8.
Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. Acórdão submetido ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08. Proposição de verbete sumular. STJ. 1ª S.
REsp 1106462/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 23/09/09.

Súmula 236: Não compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos de competência entre
juízes trabalhistas vinculados a Tribunais Regionais do Trabalho diversos.

OBS: Importante. Trata-se de competência do TST.

Súmula 235: A CONEXÃO NÃO DETERMINA a reunião dos processos, se um deles já foi
julgado. (DPEBA-2010) (MPGO-2012) (MPMT-2012) (TJGO-2012) (DPEAC-2012) (DPESE-2012) (MPF-2012) (TJMA-
2013) (TJPE-2013) (DPEAM-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TJDFT-2014) (PGEPI-2014) (TJPB-2015) (TRT2-2015)
(DPERS-2018) (PCSE-2018) (MPMG-2012/2019) (TJAL-2019) (Cartórios/TJMG-2019) (TJPR-2021)

OBS: Isso foi agora previsto expressamente no §1º do art. 55 do NCPC: “§1º. Os processos de ações
conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado”.

Ainda que assim não fosse, a consulta ao andamento processual da ação penal em trâmite na
Justiça Estadual revelou que nela foi proferida sentença condenatória, em 12/05/20, e, como se
sabe, é inviável a reunião de processos supostamente conexos se um deles já foi julgado.
Enunciado n. 235 da Súmula/STJ. (RHC 107.002/RJ, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2020, DJe 12/08/2020)

Súmula 234: A participação de membro do Ministério Público NA FASE INVESTIGATÓRIA


CRIMINAL NÃO ACARRETA o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
(MPSP-2005) (TJAP-2009) (PCRO-2009) (PCRN-2009) (DPEMA-2011) (MPPR-2011/2012) (MPTO-2012) (PCMA-2012)
(MPF-2012) (PGDF-2013) (MPMT-2014) (MPSC-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TJDFT-2015) (MPMS-2015) (DPEPA-
2015) (PCDF-2015) (TJSP-2017) (DPERO-2017) (PCMS-2017) (MPBA-2010/2018) (PCGO-2017/2018) (MPPI-2012/2019)
(MPMG-2019) (DPEDF-2019) (MPDFT-2021) (MPRS-2021) (TJMG-2022) (TJSC-2022) (MPPA-2023)

OBS: Primeiramente, cumpre ressaltar que o STF possui entendimento firmado no sentido de
assegurar a constitucionalidade da atribuição do MP para promover, por autoridade própria e
por prazo razoável, investigações de natureza penal. Por outro lado, consoante entendimento
firmado pelo STJ, a participação de membro do Parquet, na fase investigatória criminal, não
acarreta o seu impedimento ou a sua suspeição para o oferecimento da denúncia. É consolidado
nos tribunais superiores o entendimento de que a atuação de promotores auxiliares ou de grupos
especializados não ofende o princípio do promotor natural, uma vez que, nessa hipótese, amplia-
se a capacidade de investigação, de modo a otimizar os procedimentos necessários à formação da
opinio delicti do Parquet. No caso, o oferecimento da denúncia por promotores de grupo
especializado de investigação não ofende o princípio do promotor natural, tampouco nulifica a
ação penal em curso. Nesse sentido, os seguintes julgados do STF: ADI 4618, Rel. Min. Cármen
Lúcia, Tribunal Pleno, j. 1/8/18; e RE 593727, Rel. Min. Cezar Peluso, Rel. p/ Ac. Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, j. 14/5/15.

(MPMS-2015): Assinale a alternativa correta: A participação de membro do Ministério Público na


fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da
denúncia. BL: S. 234, STJ.

Súmula 233: O CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO, AINDA QUE ACOMPANHADO de


extrato da conta-corrente, NÃO É TÍTULO EXECUTIVO. (MPSP-2006) (DPEMT-2009) (DPESP-2010)
(TJPR-2008/2011) (TJPE-2011) (TJRO-2011) (TJGO-2012) (TJMG-2007/2012) (TJMA-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (AGU-
2013) (TRF4-2010/2014) (TJSP-2014) (TJSC-2010/2015) (TJDFT-2014/2015) (TJPB-2015) (TRF5-2015) (DPEAM-2018)

#Atenção: O contrato de abertura de crédito rotativo, ainda que acompanhado dos extratos
relativos à movimentação bancária do cliente, não constitui título executivo. Aplica-se a Súmula
233 do STJ. STJ. 4ª Turma. REsp 1.022.034-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 12/3/13.

#Atenção: #STJ: #TJDFT-2014/2015: #CESPE: A cédula de crédito bancário, mesmo quando o


valor nela expresso seja oriundo de saldo devedor em contrato de abertura de crédito em conta
corrente, tem natureza de título executivo, exprimindo obrigação líquida e certa, por força do
disposto na Lei n. 10.930/04. Precedente da 4a Turma do STJ. (STJ, 4ª T. AgRg no REsp
1038215/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 26/10/10). Vide Enunciado 41 da I Jornada de
Direito Comercial: “41. A cédula de crédito bancário é título de crédito dotado de força executiva, mesmo
quando representativa de dívida oriunda de contrato de abertura de crédito bancário em conta-corrente, não
sendo a ela aplicável a orientação da Súmula 233 do STJ.”

Súmula 232: A Fazenda Pública, quando parte no processo, FICA SUJEITA à EXIGÊNCIA DO
DEPÓSITO PRÉVIO dos honorários do perito. (PGEGO-2010) (TJPR-2013) (TJPA-2014) (TJSP-2014) (TJMS-
2015) (TCERN-2015) (MPMG-2014/2017) (MPPI-2019) (MPSC-2016/2019/2021) (PGEPB-2021) (TJDFT-2023)

OBS: Importante.

O STJ já assentou, em sede de recurso especial, julgado sob o rito repetitivo, que “ descabe o
adiantamento dos honorários periciais pelo autor da ação civil pública, conforme disciplina o
art. 18 da Lei 7.347/85, sendo que o encargo financeiro para a realização da prova pericial deve
recair sobre a Fazenda Pública a que o Ministério Público estiver vinculado, por meio da
aplicação analógica da Súmula 232/STJ'” (REsp 1.253.844-SC, 1ª Seção, DJe 17/10/2013).

(TJDFT-2023-CESPE): No que se refere à fazenda pública em juízo, assinale a opção correta, à luz
da jurisprudência do STJ e do CPC: A fazenda pública, quando parte no processo, fica sujeita à
exigência do depósito prévio dos honorários do perito. BL: S. 232 do STJ.

(MPPI-2019-CESPE): Julgue o seguinte item, acerca de ação civil pública: O STJ firmou
entendimento de que, em ação civil pública promovida pelo Ministério Público, o adiantamento
dos honorários periciais ficará a cargo da Fazenda Pública a qual está vinculado o parquet. BL: art.
18, LACP e jurisprud. e S. 232 do STJ.

(MPMG-2017): A responsabilidade pelas despesas na ação civil pública é disciplinada pelo artigo
18 da Lei 7.347/85, que estabelece, verbis: “Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação
autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais”. Assinale a
alternativa correta: Atuando no polo ativo da ação civil pública, o Ministério Público não é
responsável pelo pagamento de honorários periciais, os quais devem ser suportados pela Fazenda
Pública. BL: art. 18, LACP e jurisprud. e S. 232 do STJ.

(TJMS-2015-VUNESP): Em relação ao pagamento do adiantamento dos honorários periciais


devidos na ação civil pública, quando a prova tiver sido requerida pelo Ministério Público
Estadual, é correto afirmar que será arcado pela Fazenda Pública Estadual. BL: art. 18, LACP e
jurisprud. e S. 232 do STJ.

(TCERN-2015-CESPE): Consoante entendimento do STJ, caso o MP requeira a realização de


perícia em ação civil pública, a despesa com os honorários do perito será arcada pela fazenda
pública à qual se acha vinculado o parquet. BL: art. 18, LACP e jurisprud. e S. 232 do STJ.
#Atenção: #Jurisprudência em Teses do STJ: #Tese nº 25: #TRF4-2014: #MPSC-2019: “Não é
possível se exigir do Ministério Público o adiantamento de honorários periciais em Ações Civis
Públicas, ficando o encargo para a Fazenda Pública a qual se acha vinculado o Parquet.” (Tese julgada
sob o rito do art. 543-C do CPC). Além disso, vejamos o seguinte julgado do STJ: “(...) O art. 18 da
Lei 7.347/85, ao contrário do que afirma o art. 19 do CPC, explica que na ação civil pública não haverá
qualquer adiantamento de despesas, tratando como regra geral o que o CPC cuida como exceção. Constitui
regramento próprio, que impede que o autor da ação civil pública arque com os ônus periciais e
sucumbenciais, ficando afastada, portanto, as regras específicas do CPC. 3. Não é possível se exigir do
Ministério Público o adiantamento de honorários periciais em ações civis públicas. Ocorre que a referida
isenção conferida ao MP em relação ao adiantamento dos honorários periciais não pode obrigar
que o perito exerça seu ofício gratuitamente, tampouco transferir ao réu o encargo de financiar
ações contra ele movidas. Dessa forma, considera-se aplicável, por analogia, a Súmula n. 232
desta Corte Superior ("A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito
prévio dos honorários do perito" ), a determinar que a Fazenda Pública ao qual se acha vinculado o
Parquet arque com tais despesas.”.

(TJPA-2014-VUNESP): Na Ação Civil Pública, o adiantamento de honorários periciais relativos à


prova requerida pelo MP autor será imposto à Fazenda Pública à qual se achar vinculado o
Ministério Público autor. BL: art. 18 e jurisprud. e S. 232 do STJ.

Súmula 231: A incidência da circunstância atenuante NÃO PODE CONDUZIR à REDUÇÃO DA


PENA abaixo do mínimo legal. (TJMG-2007) (TJMS-2010) (MPSC-2010) (TJSP-2011) (TRF3-2011) (MPRS-2012)
(DPESC-2012) (DPESP-2012) (TJPE-2013) (TJPR-2013) (TJRN-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (PCGO-2013) (TJDFT-
2008/2014) (TRF2-2011/2013/2014) (MPGO-2014) (MPMG-2014) (DPECE-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (TRT18-2014)
(DPEMA-2015) (TRF5-2015) (MPRR-2017) (TJSP-2017) (Cartórios/TJRJ-2017) (Anal. Judic./TRF2-2017) (TJCE-2018)
(PF-2018) (TJPA-2019) (TJRJ-2019) (TJGO-2012/2015/2021) (PCMG-2021) (MPSP-2005/2006/2010/2022) (TJSC-
2010/2022) (TJRS-2016/2022)

OBS: Importante.

A confissão espontânea pode servir de fundamento para a redução da pena-base abaixo do grau
mínimo previsto em lei (Juiz Federal TRF2 2013)? NÃO. A confissão é uma atenuante (art. 65, III,
“d” do CP) e, segundo entendimento sumulado do STJ, as atenuantes não podem reduzir a pena
do réu abaixo do mínimo legal.

(TJRS-2016-Faurgs): Segundo a orientação jurisprudencial dominante no STJ, quando da aplicação


do método trifásico da pena, o juiz poderá aplicá-la abaixo do mínimo legal apenas no momento
de fixação da pena definitiva, não sendo possível diminuí-la em momento anterior, ainda que
reconhecida alguma circunstância atenuante. BL: S. 231, STJ.

#Atenção: Para sintetizar o raciocínio acerca das penas, do método de aplicação: Artigo 68 - "A
pena será fixada atendendo-se ao critério do artigo 59 desde Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último as causas de diminuição e de
aumento.
1- Pena-base - artigo 59 do Código Penal: elementos de análise: culpabilidade, antecedentes,
conduta social, personalidade, motivos, circunstâncias e consequências do crimes, bem como o
comportamento da vítima + reprovação e prevenção do crime (prevenção geral positiva e
negativa, e prevenção especial negativa e positiva).

2 - Atenuantes e agravantes - Pode haver, nesta fase, estabelecimento de pena acima do máximo,
ou abaixo do mínimo legal previsto para o crime? Não. Enunciado 231 da Súmula do STJ;

3 - Causas de diminuição e de aumento de pena: Pode haver, nesta fase, estabelecimento de pena
acima do máximo, ou abaixo do mínimo legal previsto para o crime? Sim. (Fonte: Qconcursos).

(TJRN-2013-CESPE): Acerca da aplicação da pena, dos regimes prisionais, dos tipos de penas e
dos efeitos da condenação, assinale a opção correta: A confissão não pode ser considerada pelo
juiz como circunstância atenuante se sua consideração ensejar fixação da pena abaixo do mínimo
legal. BL: S. 231, STJ.

Súmula 230: Compete à Justiça Estadual processar e julgar ação movida por trabalhador avulso
portuário, em que se impugna ato do órgão gestor de mão-de-obra de que resulte óbice ao exercício
de sua profissão.(*) CANCELADA
Súmula 229: O pedido do pagamento de indenização à seguradora SUSPENDE o PRAZO DE
PRESCRIÇÃO até que o segurado TENHA ciência da decisão. (TRF1-2011) (TRF2-2013) (TCERJ-2015)
(TJDFT-2016) (TJSP-2017) (DPERO-2017) (Cartórios/TJRS-2019)

(TJSP-2017-VUNESP): Pedro celebra contrato de seguro, com cobertura para invalidez total e
permanente. Em 20 de outubro de 2008, é vítima de acidente. Fica hospitalizado e passa por longo
tratamento médico. Cientificado em 20 de julho de 2010 de que é portador de incapacidade total e
permanente, formula pedido administrativo de pagamento da indenização securitária em 20 de
novembro de 2010. A seguradora alega que não há cobertura e, em 20 de setembro de 2011,
formaliza a recusa ao pagamento da indenização, cientificando o segurado. Inconformado, Pedro
propõe ação de cobrança de indenização securitária em 20 de janeiro de 2012. Assinale a
alternativa correta: A ação deve ter prosseguimento, uma vez que o prazo para propositura teve
início no momento em que Pedro teve ciência da incapacidade, que o prazo foi suspenso com a
formulação do pedido administrativo e voltou a fluir com a cientificação da recusa da seguradora,
e que na relação entre segurado e seguradora o prazo para a propositura é de 1 ano, conforme
dispõe o artigo 206, § 1°, inciso II, “b”, do Código Civil. BL: art. 206, §1º, II, “b”, CC/02 c/c S. 229,
STJ.

(TJDFT-2016-CESPE): Suponha que, entabulado contrato facultativo de seguro de vida e


acidentes pessoais, em decorrência do sinistro, o segurado pleiteou da seguradora o respectivo
pagamento. Assinale a opção correta no que se refere à prescrição. O prazo prescricional anual é
suspenso com o pedido administrativo do pagamento, voltando a correr pelo tempo restante a
partir da eventual negativa da seguradora, mas se há pagamento parcial o prazo é interrompido
voltando a correr por inteiro. BL: Súmula 229 do STJ c/c art. 202, VI do CC/02.

Súmula 228: É INADMISSÍVEL o INTERDITO PROIBITÓRIO para a proteção do direito autoral.


(TJPA-2012) (TJAC-2012) (Cartórios/TJES-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (TJSP-2015) (TRF5-2015)

(TJSP-2015-VUNESP): Os direitos autorais não podem ser objeto de proteção por meio de
interdito proibitório, dada a impossibilidade do exercício da posse sobre coisas incorpóreas. BL: S.
228, STJ.

Súmula 227: A pessoa jurídica PODE SOFRER dano moral. (PF-2004) (PGEGO-2010) (MPPB-2011) (TRF3-
2011) (TJRS-2012) (MPPI-2012) (PGEGO-2010/2013) (TRF5-2013) (Anal./MPU-2013) (TJDFT-2011/2014) (DPERS-
2011/2014) (TRF4-2014) (TJPB-2015) (MPMS-2015) (DPEPE-2015) (PGEPR-2015) (PCDF-2015) (TRT2-2016) (TCEPA-
2016) (DPEPR-2012/2017) (MPF-2017) (PGESC-2018) (MPPR-2019) (PGM-Boa Vista/RR-2019) (TCERO-2019) (MPSC-
2021) (PCMS-2021) (TCDF-2021) (TCERJ-2021) (PGM-Recife/PE-2022)

OBS: Importante.

O que se protege é a honra objetiva da pessoa jurídica. Assim, quando se fala que a pessoa jurídica
pode sofrer danos morais, o que se está dizendo é que ela pode sofrer danos contra seu bom nome,
fama, reputação etc. Desse modo, é possível que a pessoa jurídica sofra dano moral, desde que
demonstrada ofensa à sua honra objetiva (imagem e boa fama) (STJ. 4ª T. AgInt no AREsp
913.343/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 06/03/2018).

A pessoa jurídica é possuidora de bens extrapatrimoniais. Conforme previsto no art. 52 do CC,


apesar de despida de direitos ligados à personalidade humana (saúde, integridade física e
psíquica), a pessoa jurídica é titular de direitos da personalidade, tais como à tutela ao nome, à
marca, à imagem, à reputação, à honra (objetiva), à intimidade (como nos segredos industriais), à
liberdade de ação etc.

Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais? Imagine que um
particular profere palavras ofensivas contra a administração pública. A pessoa jurídica de
direito público terá direito à indenização por danos morais sob a alegação de que sofreu
violação da sua honra ou imagem? NÃO. Em regra, pessoa jurídica de direito público não pode
pleitear, contra particular, indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da
imagem. Nesse sentido: REsp 1.258.389/PB, REsp 1.505.923/PR e AgInt no REsp 1.653.783/SP.
Suponha, contudo, que uma autarquia foi vítima de grande esquema criminoso que desviou
vultosa quantia e gerou grande repercussão na imprensa, acarretando descrédito em sua
credibilidade institucional. Neste caso, os particulares envolvidos poderiam ser condenados a
pagar indenização por danos morais à autarquia? SIM. Pessoa jurídica de direito público tem
direito à indenização por danos morais relacionados à violação da honra ou da imagem, quando
a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os demais
jurisdicionados em geral for evidente. Nos três julgados acima mencionados nos quais o STJ
negou direito à indenização, o que estava em jogo era a livre manifestação do pensamento, a
liberdade de crítica dos cidadãos ou o uso indevido de bem imaterial do ente público. No caso
concreto é diferente. A indenização está sendo pleiteada em razão da violação à credibilidade
institucional da autarquia que foi fortemente agredida em razão de crimes praticados contra
ela. STJ. 2ª T. REsp 1722423-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 24/11/20 (Info 684).

(MPMG-2017): Assinale a alternativa correta: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, desde que
abalado o conceito social pelo ato ilícito. BL: S. 227, STJ.

(TJSP-2015-VUNESP): A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por
dano moral. BL: S. 227, STJ e Info 534, STJ.

#Atenção: #STJ: #DOD: #TJSP-2015: #DPEPE-2015: #TCERO-2019: #PCMS-2021: #CESPE:


#FAPEC: #VUNESP: Em que pese existir a previsão da Súmula 227 do STJ (A pessoa jurídica pode
sofrer dano moral), existem precedentes indicando a impossibilidade nos casos envolvendo
pessoas jurídicas de direito público como no REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
17/12/13 (Info 534).

Súmula 226: O Ministério Público TEM LEGITIMIDADE PARA RECORRER na ação de acidente
do trabalho, AINDA QUE o segurado ESTEJA ASSISTIDO por advogado. (TJSE-2008) (MPCE-2009)
(MPPI-2012) (MPBA-2018) (MPMT-2019)

Súmula 225: Compete ao Tribunal Regional do Trabalho apreciar recurso contra sentença proferida
por órgão de primeiro grau da Justiça Trabalhista, ainda que para declarar-lhe a nulidade em virtude
de incompetência.

Súmula 224: Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da
competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. (AGU-2004) (TRF5-2011)
(TJPI-2012) (MPMT-2012) (MPF-2012) (Cartórios/TJES-2013) (MPMG-2014) (TRF2-2014)

OBS: Agora está expresso no §3º do art. 45, NCPC: “§3º. O juízo federal restituirá os autos ao juízo
estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo”.

(TRF5-2011-CESPE): A respeito da competência, assinale a opção correta: Excluído o ente federal


do feito, cessa a razão que tenha justificado a declinação da competência para a justiça federal, não
precisando o juiz da causa suscitar conflito negativo de competência para devolvê-lo à justiça
estadual. BL: S. 224, STJ.

(MPF-2008): Assinale a alternativa correta: O juiz federal deve simplesmente restituir os autos ao
juízo estadual, e não suscitar conflito de competência, se concluir no sentido da exclusão do
processo do ente federal cuja presença motivara o juiz estadual a declinar da competência. BL: S.
224, STJ.

Súmula 223: A certidão de intimação do acórdão recorrido constitui peça obrigatória do instrumento
de agravo.

OBS: Válida. Ressalte-se, no entanto, que, com o CPC/15, a certidão de intimação pode ser
substituída por qualquer outro “documento oficial que comprove a tempestividade” (art. 1017, I).

No mesmo sentido, o STJ entende que a ausência da cópia da certidão de intimação da decisão
agravada não será óbice (empecilho) ao conhecimento do agravo de instrumento se, por outros
meios inequívocos, for possível aferir a tempestividade do recurso (STJ. 2ª Seção. REsp 1.409.357-
SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 14/5/2014. Recurso repetitivo. Info 541).
Súmula 222: Compete à Justiça Comum processar e julgar as ações relativas à contribuição sindical
prevista no art. 578 da CLT. (SUPERADA, em parte)

OBS: Superada, em parte. Atualmente, a súmula só se aplica para servidor público estatutário. as
ações em que se discute a contribuição sindical de servidor público estatutário.

INTERPRETAÇÃO DADA PELO STF AO INCISO I DO ART. 114 DA CF


EC 45/2004 e a competência da Justiça do Trabalho: A EC 45/2004, chamada de Reforma do Poder
Judiciário, alterou o art. 114 da CF, inserindo novas competências para a Justiça do Trabalho.
Destaco aqui o inciso I:
Redação anterior Redação dada pela EC 45/2004
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar
conciliar e julgar os dissídios individuais e e julgar:
coletivos entre trabalhadores e empregadores, I - as ações oriundas da relação de trabalho,
abrangidos os entes de direito público externo abrangidos os entes de direito público externo e da
e da administração pública direta e indireta administração pública direta e indireta da União,
dos Municípios, do Distrito Federal, dos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Estados e da União, e, na forma da lei, outras (...)
controvérsias decorrentes da relação de
trabalho, bem como os litígios que tenham
origem no cumprimento de suas próprias
sentenças, inclusive coletivas.

Esse novo inciso I do art. 114 falou, portanto, que compete à Justiça do Trabalho julgar as ações
oriundas da relação de trabalho, inclusive, envolvendo a administração pública. Como se utilizou
a expressão ampla “relação de trabalho” (e não relação de emprego), alguns doutrinadores
passaram a defender a ideia de que, com a EC 45/2004, a Justiça do Trabalho teria passado a
julgar também as ações propostas por servidores estatutários contra a Fazenda Pública.

Essa tese foi acolhida pelo STF?  Esse inciso I do art. 114 abrange lides envolvendo a
Administração Pública e os seus servidores públicos estatutários? Ex: se um servidor público
federal estatutário vinculado ao Ministério da Saúde deseja propor ação contra a União
cobrando determinada gratificação, esta demanda será julgada pela Justiça do Trabalho? NÃO.
O STF conferiu uma interpretação restritiva ao inciso I do art. 114 da CF e afirmou que a Justiça do
Trabalho não possui competência para julgar demandas propostas por servidores públicos
estatutários contra a Administração Pública. Assim, no exemplo acima, a competência para julgar
esta ação do servidor público seria da Justiça Federal comum (art. 109, I, da CF). Veja a ementa
do leading case:
(...) O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas
instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-
estatutária. STF. Plenário. ADI 3395 MC, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 05/04/06.

Por outro lado, caso a ação seja proposta por um servidor público celetista (empregado público)
contra a Administração Pública (ex: um carteiro ajuíza ação contra os Correios cobrando verba
rescisória), a competência será da Justiça do Trabalho, com fulcro no art. 114, I, da CF). Nesse
sentido:
(...) A Primeira Seção desta Corte, em harmonia com as decisões recentes do STF, tem
adotado o entendimento de que a competência para processar e julgar os litígios
instaurados entre os agentes públicos e os entes estatais a que servem depende da natureza
jurídica do vínculo entre as partes, cabendo à justiça trabalhista o exame das relações
fundadas na CLT e à justiça comum, federal ou estadual, aquelas sujeitas a regime
estatutário ou jurídico-administrativo. (...) STJ. 1ª S. CC 129.447/RN, Rel. Min. Sérgio
Kukina, j. 09/09/2015.

(...) A Emenda Constitucional n. 45/04, que deu nova redação ao art. 114 da Carta Magna,
aumentou de maneira expressiva a competência da Justiça Laboral. Entretanto, na Ação
Direta de Inconstitucionalidade n. 3395-6, o STF suspendeu em parte a eficácia do inciso I
do art. 114 da Constituição da República, que atribuía à Justiça do Trabalho competência
para processar e julgar ações envolvendo entidades de Direito Público e seus respectivos
servidores. IV - Se o vínculo estabelecido entre o Poder Público e o servidor for estatutário,
a competência será da justiça comum (estadual ou federal). Em se tratando de vínculo
trabalhista, a competência caberá à justiça laboral. (...) STJ. 1ª S. AgInt no CC 156.229/SP,
Rel. Min. Francisco Falcão, j. 28/04/20.

A situação pode ser assim resumida:


Regime celetista: Justiça do Trabalho Regime estatutário: Justiça comum
O art. 114, I, aplica-se apenas para as causas O art. 114, I, não se aplica para as causas
propostas por empregados públicos (regime propostas por servidores públicos estatutários
celetista) contra a Administração Pública. contra a Administração Pública.
A competência, neste caso, é da Justiça do Se envolver servidores estatutários, a
Trabalho. competência não é da Justiça do Trabalho, mas
sim da Justiça comum (estadual ou federal).

Se você reparar bem, a decisão do STF foi proferida em 2006, em uma medida cautelar (MC) na
ação direta de inconstitucionalidade (ADI) nº 3395. Em 2020, o STF concluiu o julgamento desta
ADI e confirmou a medida cautelar:
A interpretação adequadamente constitucional da expressão “relação do trabalho” deve
excluir os vínculos de natureza jurídico-estatutária, em razão do que a competência da
Justiça do Trabalho não alcança as ações judiciais entre o Poder Público e seus servidores.
STF. Plenário. ADI 3395, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 15/04/20 (Info 984 – clipping).

O INCISO III DEVE SER INTERPRETADO EM CONJUNTO COM O INCISO I DO ART. 114 DA
CF:
Imagine a seguinte situação hipotética: A Confederação Nacional dos Servidores Públicos do
Brasil ajuizou ação contra o Estado-membro pedindo para que ele seja obrigado a recolher a
contribuição sindical dos servidores públicos estatutários e repassá-la à entidade sindical. A
contribuição sindical está prevista no art. 578 da CLT:
Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas
entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas
na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.

A ação foi proposta na Justiça do Trabalho sob o argumento de que, após a Emenda
Constitucional nº 45/04 (Reforma do Judiciário), compete à Justiça do Trabalho processar e julgar
demanda relativa ao recolhimento e repasse de contribuições sindicais, ainda que de servidores
públicos submetidos à relação jurídica de função pública, nos termos do art. 114, III, da CF:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...)
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores,
e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)

A competência para a demanda, neste caso, é realmente da Justiça do Trabalho? NÃO.


Compete à Justiça comum processar e julgar demandas em que se discute o recolhimento e
o repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo regime estatutário.
STF. Plenário. RE 1089282/AM, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 4/12/20 (Repercussão Geral –
Tema 994) (Info 1001).

O art. 114, III, da Constituição Federal deve ser interpretado em conjunto com o art. 114, I, de
modo a excluir da competência da Justiça do Trabalho as causas instauradas entre o Poder Público
e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou de caráter jurídico-administrativo.

No julgamento da ADI 3395, o STF afastou toda e qualquer interpretação dada ao art. 114, I, da CF
que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o
Poder Público e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo.

Assim, embora com a promulgação da EC 45/04 tenha sido incluído nas atribuições jurisdicionais
da Justiça do Trabalho a competência para processar e julgar controvérsias pertinentes à
representação de entidades sindicais, entre sindicatos e empregados e ações entre sindicatos e
empregadores, o art. 114, III, da CF não pode ser interpretado de forma isolada, ao ser aplicado a
demandas que digam respeito à contribuição sindical de servidores estatutários.

O referido dispositivo, ao contrário, deve ser compreendido à luz da interpretação dada pelo STF
ao art. 114, I, da CF e aos limites estabelecidos quanto à ampliação da competência da Justiça do
Trabalho, que não inclui as relações dos servidores públicos.

ATUAL ABRANGÊNCIA DA SÚMULA 222 DO STJ: Em 23/06/99, o STJ editou o enunciado 222,
que tem a seguinte redação:
Súmula 222-STJ: Compete à Justiça Comum processar e julgar as ações relativas à
contribuição sindical prevista no art. 578 da CLT.
Como se vê acima, a súmula foi editada antes da EC 45/04. Depois dessa Emenda, a posição
majoritária no STJ passou a ser no sentido de que a súmula teria sido superada. Isso porque a
competência para julgar as ações relativas à contribuição sindical teria sido transferida para a
Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, III, da CF:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...)
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores,
e entre sindicatos e empregadores; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004)

Ocorre que, conforme vimos, o STF, ao julgar o Tema 994, deu nova interpretação para o inciso III
do art. 114 da CF. Com isso, o STJ teve que, novamente, examinar a questão.

O que o STJ decidiu? O entendimento exposto na Súmula 222 ainda persiste? Em parte. Com base
no que foi decidido pelo STF no RE 1089282/AM (Tema 994), o STJ firmou duas conclusões:
a) Compete à Justiça Comum julgar as ações em que se discute a contribuição sindical de
servidor público estatutário.
b) Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações em que se discute a contribuição sindical
de empregado celetista (seja ele servidor público ou trabalhador da iniciativa privada).

Desse modo, deve ser dada nova interpretação à Súmula 222 do STJ:
A Súmula 222 do STJ deve abarcar apenas situações em que a contribuição sindical diz
respeito a servidores públicos estatutários, mantendo-se a competência para processar e
julgar as ações relativas à contribuição sindical referentes a celetistas (servidores
públicos ou não) na Justiça do Trabalho. STJ. 1ª S. CC 147.784/PR, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, j. 24/03/21 (Info 690).58

Súmula 221: SÃO CIVILMENTE responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de


publicação pela imprensa, TANTO o autor do escrito QUANTO o proprietário do veículo de
divulgação. [Obs.: responsabilidade SOLIDÁRIA.] (MPMS-2013) (TJMT-2014) (TJDFT-2014) (TRF3-2016)
(PGM-Marília/SP-2017) (MPMG-2018) (TCDF-2021)

OBS: Importante. Este Enunciado não se aplica exclusivamente à imprensa escrita, abrangendo
também outros veículos de imprensa, como rádio e televisão (REsp 1138138/SP, j. 25/09/12).

OBS: A presente Súmula incide sobre todas as formas de imprensa, alcançado, assim, também os
serviços de provedoria de informação, cabendo àquele que mantêm blog exercer o seu controle
editorial, de modo a evitar a inserção no site de matérias ou artigos potencialmente danosos.
Assim, o titular de blog é responsável pela reparação dos danos morais decorrentes da inserção,
em seu site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro (STJ, REsp 1.381.610/RS, j.
03/09/13).

(PGM-Marília/SP-2017-VUNESP): Um homem foi preso em flagrante delito acusado de molestar


sexualmente uma mulher dentro de um ônibus. José, repórter, fotografou o suspeito, visando
publicar uma matéria sobre o caso em sua coluna diária, em um periódico de circulação nacional,
denominado Diário da Manhã. Entretanto, José estava também trabalhando em outra matéria,
sobre jovens talentos do mundo corporativo, ocasião em que entrevistou e fotografou Joaquim,
diretor no Brasil de uma multinacional do mercado financeiro. Quando da edição do jornal, por
engano, ao elaborar a matéria sobre o acusado de molestar a mulher no ônibus, José publicou a
foto de Joaquim, ao invés da foto do suspeito. Na edição seguinte do Jornal, foi publicada uma
“errata” e retirada a foto indevidamente publicada. Joaquim, apesar de não ter tido qualquer
prejuízo patrimonial direto em decorrência da publicação, decidiu buscar uma indenização
perante o Poder Judiciário. Conforme disciplina constante da legislação civil, bem como de acordo
com a Jurisprudência do STJ, Joaquim poderá obter indenização por danos morais, não havendo
necessidade de comprovar o prejuízo sofrido, tendo em vista que o dano moral é in re ipsa. A
responsabilidade será do jornalista José, bem como da empresa jornalística Diário da Manhã. BL:
S. 221 e 403 do STJ e Enunciado 587 do CJF.

#Atenção: Enunciado 587 do CJF: “O dano à imagem restará configurado quando presente a utilização
indevida desse bem jurídico, independentemente da concomitante lesão a outro direito da personalidade,
sendo dispensável a prova do prejuízo do lesado ou do lucro do ofensor para a caracterização do referido
dano, por se tratar de modalidade de dano in re ipsa.”

(TRF3-2016): Considerando a jurisprudência dominante no STJ, assinale a alternativa correta: São

58
#Atenção: Julgado cobrado na prova do TJMA-2022 (CESPE).
civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa,
tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. BL: S. 221, STJ.

Súmula 220: A REINCIDÊNCIA NÃO INFLUI no prazo da prescrição da pretensão punitiva.


(TJMG-2006) (MPMT-2008) (TJPA-2009) (TJGO-2009) (PCRN-2009) (TJMS-2010) (TJPE-2011) (TJDFT-2012) (MPMG-
2012) (MPRJ-2012) (MPRS-2012) (TJRJ-2013) (MPDFT-2013) (DPEAM-2013) (TRF1-2013) (Cartórios/TJPI-2013) (PCSP-
2012/2014) (TJDFT-2014) (DPEMS-2014) (TJAL-2015) (TJRR-2015) (DPEES-2016) (PCPE-2016) (MPPR-2013/2016/2017)
(DPEAC-2017) (MPF-2017) (TJMT-2014/2018) (TJSP-2011/2018) (MPMS-2018) (PF-2018) (MPSP-2005/2015/2019) (TJAC-
2012/2019) (TJBA-2019) (DPEMG-2019) (MPCE-2020) (DPESC-2012/2021) (DPERJ-2021) (DPERR-2021)
(Cartórios/TJSC-2021) (PCPR-2021)

OBS: Importante. Não confundir. A reincidência influencia no prazo da prescrição da pretensão


EXECUTÓRIA. Segundo o art. 110 do CP, os prazos necessários para que ocorra a prescrição
executória são aumentados de um terço, no caso de o condenado ser reincidente.

OBS: O que a súmula diz é que esse aumento previsto no art. no do CP não se aplica no caso da
prescrição da pretensão punitiva.

(MPSP-2019): Com relação ao tema “reincidência”, considere a seguinte afirmação: A reincidência


é causa interruptiva apenas da prescrição da pretensão executória. BL: S. 220, STJ e art. 110 do CP.

#Atenção: #MPGO-2012: #PCSP-2014: #DPEAC-2017: #MPMS-2018: #PF-2018: #MPSP-2019:


#DPERR-2021: #CESPE: #FCC: #VUNESP: Cumpre ressaltar que a prescrição intercorrente é
modalidade de prescrição da pretensão punitiva (PPP). Logo, o aumento de um terço, previsto no
art. 110 do CP, no caso de reincidência só se aplica à prescrição da pretensão executória (PPE).

(DPEBA-2016-FCC): Sobre a prescrição, é correto afirmar que o prazo da prescrição da pretensão


executória regula-se pela pena aplicada na sentença, aumentado de um terço, se o condenado for
reincidente. BL: S. 220, STJ e art. 110, CP.

(TJPB-2015-CESPE): A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva, mas


impõe a majoração do lapso prescricional no que se refere à prescrição executória. BL: S. 220, STJ
e art. 110 do CP.

(TJDFT-2014-CESPE): O prazo de prescrição da pretensão punitiva não é afetado pelo fato de o


réu em questão ser reincidente. BL: S. 220, STJ.

(TJMA-2013-CESPE): Em relação à prescrição, assinale a opção correta: A agravação da pena pela


reincidência não alcança a prescrição da pretensão punitiva nem o prazo de prescrição da pena de
multa. BL: art. 110, CP; S. 220 do STJ; art. 114, I, CP.

#Atenção: O art. 110 do CP refere que a prescrição, depois de transitar em julgado a sentença
condenatória, é regulada pela pena aplicada e tem como base os prazos estabelecidos no art. 109,
os quais se aumentam de 1/3, se o condenado for reincidente. Quanto ao art. 110 do CP, tal
dispositivo não se aplica à prescrição da pretensão punitiva, o que é reforçado pelo teor da
Súmula 220 do STJ, que dispõe que “a reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão
punitiva”. Em relação à pena de multa, quando esta é a única aplicada, a reincidência também não
influi nem no prazo da prazo da prescrição executória, visto que há tratamento específico no art.
114, I do CP. Portanto, conclui-se que inexiste a "prescrição da pretensão executória penal da
multa", mas somente a prescrição tributária (em 5 anos), sendo inaplicável o acréscimo de 1/3 do
prazo prescricional do art. 110 para o caso de o réu condenado à multa ser reincidente.

Súmula 219: Os créditos decorrentes de serviços prestados à massa falida, inclusive a remuneração
do síndico, gozam dos privilégios próprios dos trabalhistas. (SUPERADA)

Súmula 218: Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual decorrente
de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.
Súmula 217: Não cabe agravo de decisão que indefere o pedido de suspensão da execução da
liminar, ou da sentença em mandado de segurança.(*) CANCELADA

OBS: Cancelada pelo STJ no julgamento da QO no AgRg na SS 1204/AM, em 23/10/2003.

OBS: O art. 4°, § 3° da Lei 8.437/92, com redação dada pela MP n° 2.180-35/2001, estabeleceu que
caberá agravo, no prazo de cinco dias, do despacho que conceder ou negar a suspensão.

Súmula 216: A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo
registro no protocolo da secretaria e não pela data da entrega na agência do correio. (SUPERADA)

OBS: Superada com o NCPC (Enunciado nº 96 do Fórum Permanente de Processualistas Civis).

OBS: O NCPC, em seu art. 1.003, § 4º prevê regra em sentido contrário à súmula:
§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será
considerada como data de interposição a data de postagem.

Súmula 215: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária
NÃO ESTÁ SUJEITA à incidência do imposto de renda. (TJSP-2021)

Súmula 214: O fiador na locação NÃO RESPONDE por obrigações resultantes de ADITAMENTO
ao qual não anuiu. (DPEES-2012) (PGDF-2013) (TJDFT-2016) (DPEAP-2018) (TJRJ-2019) (Cartórios/TJRS-2019)
(PGM-Boa Vista/RR-2019) (TJPE-2022)

OBS: Vide Art. 39 da Lei 8245/91:


Art. 39.  Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se
estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo
indeterminado, por força desta Lei.  (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009)

A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, havendo cláusula contratual expressa, a


responsabilidade do fiador, pelas obrigações contratuais decorrentes da prorrogação do contrato
de locação, deve perdurar até a efetiva entrega das chaves. (AgRg no AREsp 234.428/SP, j.
11/06/13).

O art. 39 da Lei 8.245/91, que aduz que qualquer garantia locatícia se estende até a efetiva
devolução do imóvel, só é aplicável para os casos de prorrogação legal do contrato de locação e
não para os casos de prorrogação convencional (STJ, AgInt no AREsp 1.471.345).

OBS: O STJ entende que não se aplica a Súmula 214 nos casos em que há cláusula prevendo a
responsabilidade do fiador até a entrega das chaves (AgRg no AREsp 47628/MG, j. 11/09/12).

Súmula 213: O mandado de segurança CONSTITUI ação adequada para a declaração do direito à
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. (DPU-2007) (MPPE-2008) (TRF4-2009) (TJSC-2010) (MPRO-2010) (DPEAM-
2011) (TJAC-2012) (MPRR-2012) (TJMA-2013) (TJPE-2013) (TJMG-2014) (PGEPI-2014) (TJSP-2015) (DPESP-2015)
(TJAM-2016) (PGEAC-2012/2014/2017) (DPERO-2017) (PGESC-2018) (TJRJ-2019) (MPPR-2019) (PGM-Campo
Grande/MS-2019) (TJMS-2008/2020) (TJPR-2017/2021) (Cartórios/TJGO-2021) (PGEGO-2021) (PGEAM-2016/2022)
(MPRJ-2022) (PGM-São Paulo/SP-2023)

OBS: Importante.

• Aprovada em 23/09/1998, DJ 02/10/1998.


• Vide Súmula 212 e 460 do STJ.

O que é compensação? É a extinção de duas ou mais obrigações, cujos credores são ao mesmo
tempo devedores um do outro. Assim, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem (art. 368 do CC). Ex:
João deve 10 mil reais a Pedro por conta de uma obrigação (contrato de compra e venda); por
força de outra obrigação (contrato de prestação de serviços), Pedro deve 10 mil reais a João. No
exemplo referido, a compensação foi total (as dívidas eram iguais). Mas é possível (e bem mais
comum) que a compensação seja parcial (quando os valores são diferentes). Seria a hipótese caso
Pedro devesse apenas 6 mil reais a João. Logo, somente restaria um crédito de 4 mil reais.
É possível que ocorra a compensação no direito tributário? SIM. Ocorre quando o contribuinte
possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro de contas do valor que o sujeito
passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da Administração. Trata-se de causa de
extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN). Vale ressaltar, no entanto, que, para que
haja a compensação de créditos tributários, é indispensável que o ente tributante (União,
Estados/DF, Municípios) edite uma lei estabelecendo as condições e garantias em que isso
ocorre ou, então, delegando essa estipulação para uma autoridade administrativa. É o que está
previsto no CTN:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.

Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “X” recolheu indevidamente R$ 100 mil a
título de COFINS (contribuição social de competência da União). Esta mesma empresa possui
agora débitos com relação ao Imposto de Renda. A empresa formulou requerimento
administrativo pedindo a compensação desse crédito com o débito, pedido que foi, contudo,
negado sob o argumento de que são tributos de espécies diferentes. A empresa impetrou
mandado de segurança contra esta decisão pedindo que seja reconhecido que é possível a
compensação mesmo em se tratando de tributos diferentes e que se declare que ela tem direito à
compensação.

O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? SIM.
Nesse sentido é o enunciado 213 do STJ:
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária.

É possível que essa compensação seja deferida por meio de liminar em mandado de segurança?
-Entendimento antes da ADI 4296: NÃO. Isso com base no art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009 (Lei
do Mandado de Segurança):
Art. 7º (...)
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza.

Nesse sentido, confira a posição sumulada do STJ:


Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação
cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.

-Entendimento depois da ADI 4296: SIM. No julgamento desta ação, o STF declarou a
inconstitucionalidade do art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016/2009:
É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na
via mandamental. Impedir ou condicionar a concessão de medida liminar caracteriza
verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito líquido e certo
do impetrante. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 09/06/21.

Com isso, penso que o entendimento exposto na súmula 212 do STJ encontra-se superado.

Imagine agora outra seguinte situação hipotética: A empresa “Y” possui um crédito de R$ 100 mil
de ICMS. Esta empresa teria que pagar R$ 150 mil de ICMS no dia 10/03. Chegando na data do
vencimento, ela recolheu apenas R$ 50 mil sob a alegação de que, como tinha um crédito de 100,
precisaria pagar apenas 50. Em outras palavras, a empresa realizou, por conta própria, a
compensação. O Fisco autuou a empresa, exigindo o pagamento da diferença não paga (R$ 50
mil), acrescida dos encargos legais. Diante disso, a contribuinte impetrou mandado de segurança
pedindo que o Secretário de Fazenda se abstenha de exigir o recolhimento do imposto, em virtude
da compensação realizada.

O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? NÃO.
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação
tributária realizada pelo contribuinte.

Existem dois fundamentos jurídicos para respaldar o entendimento desta súmula:


a) para convalidar a compensação, seria necessária dilação probatória, o que é inviável
em mandado de segurança;
b) a tarefa de realizar a compensação tributária é da Administração Tributária, não
podendo o contribuinte assumir o papel do Fisco. Isso porque compete à Administração
fiscalizar a existência ou não de créditos a serem compensados, a exatidão dos números e
documentos, do quantum a compensar e da conformidade do procedimento adotado com
os termos da legislação pertinente.

Nesse sentido:
(...) 1. É cabível a impetração do mandado de segurança visando a declaração ao direito à
compensação tributária (Súmula 213/STJ). Todavia, essa ação não tem o condão de
convalidar o procedimento compensatório efetuado pelo contribuinte, tendo em vista a
necessidade de dilação probatória e por ser essa tarefa reservada à Autoridade
Administrativa competente. 2. Na espécie, há pedido expresso na ação mandamental no
sentido de que se reconheça válida a compensação efetuada pela contribuinte, por sua
conta e risco, providência que não se coaduna com a via eleita, que não comporta a dilação
probatória necessária para o reconhecimento do pleito. (...) STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
728.686/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/10/2008.

Conforme já explicou o Min. Luiz Fux:


(...) verifica-se dos autos que a compensação já foi efetuada pela contribuinte sponte propria,
ressoando inconcebível que o Judiciário venha a obstaculizar o Fisco de fiscalizar a
existência ou não de créditos a serem compensados, o procedimento e os valores a
compensar, e a conformidade do procedimento adotado com os termos da legislação
pertinente, sendo inadmissível provimento jurisdicional substitutivo da homologação da
autoridade administrativa, que atribua eficácia extintiva, desde logo, à compensação
efetuada. (...) (STJ. 1ª Seção. REsp 1124537/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/11/2009).

Em suma:
Súmula 212-STJ Súmula 213-STJ Súmula 460-STJ
A compensação de créditos O mandado de segurança É incabível o mandado de
tributários não pode ser constitui ação adequada para a segurança para convalidar a
deferida em ação cautelar ou declaração do direito à compensação tributária realizada
por medida liminar cautelar compensação tributária. pelo contribuinte.
ou antecipatória.

Dica:
 Convalidar Compensação – NÃO (Súmula 460, STJ)

 Declarar direito à compensação – SIM (Súmula 213, STJ)

#Atenção: #STJ – Rec. Repetitivo – Tema 118: #DOD: #TJPR-2021: #FGV: Quais são os
documentos que devem ser juntados pelo autor do mandado de segurança que pleiteia a
declaração da compensação? É o que foi decidido no Info 643 do STJ, reafirmando o seu
entendimento:
Tratando-se de Mandado de Segurança impetrado com vistas a declarar o direito à
compensação tributária, em virtude do reconhecimento da ilegalidade ou
inconstitucionalidade da exigência da exação, independentemente da apuração dos
respectivos valores, é suficiente, para esse efeito, a comprovação de que o impetrante
ocupa a posição de credor tributário, visto que os comprovantes de recolhimento
indevido serão exigidos posteriormente, na esfera administrativa, quando o
procedimento de compensação for submetido à verificação pelo Fisco.
De outro lado, tratando-se de Mandado de Segurança com vistas a obter juízo específico
sobre as parcelas a serem compensadas, com efetiva investigação da liquidez e certeza
dos créditos, ou, ainda, na hipótese em que os efeitos da sentença supõem a efetiva
homologação da compensação a ser realizada, o crédito do contribuinte depende de
quantificação, de modo que a inexistência de comprovação cabal dos valores
indevidamente recolhidos representa a ausência de prova pré-constituída indispensável
à propositura da ação. STJ. 1ª S. REsp 1715256-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j.
13/2/19 (Recurso Repetitivo - Tema 118) (Info 643).
(TJPR-2021-FGV): A empresa XYZ Ltda. impetrou mandado de segurança para ver
reconhecido seu direito de compensação, com encontro de contas a ser realizado em sede
administrativa, referente a tributo que havia sido declarado inconstitucional em controle
abstrato de constitucionalidade pelo STF. Em sua petição, apenas comprovou sua condição de
contribuinte daquele tributo, mas sem juntar documentos comprobatórios dos recolhimentos
que reputa indevidos. Diante desse cenário e à luz do entendimento do STJ, analise a
afirmativa a seguir: A prova de sua condição de contribuinte é pressuposto desse mandado
de segurança. BL: Info 643, STJ.

Vejamos o quadro-resumo abaixo sobre o julgado veiculado no Info 643 do STJ:


Mandado de segurança para obter a declaração do direito à compensação
Autor impetra o MS apenas para declarar o Será suficiente a comprovação de que o
direito à compensação tributária, em virtude impetrante ocupa a posição de credor tributário.
do reconhecimento da ilegalidade ou Não se exige os comprovantes de recolhimento
inconstitucionalidade da exigência da exação. indevido porque estes deverão ser apresentados
Não se está pedindo a apuração dos apenas depois, na esfera administrativa, quando o
respectivos valores. procedimento de compensação for submetido à
verificação pelo Fisco.
Autor impetra o MS com objetivo de obter
juízo específico sobre as parcelas a serem
O autor terá que demonstrar também os valores
compensadas, com efetiva investigação da
indevidamente recolhidos.
liquidez e certeza dos créditos.
A inexistência de comprovação cabal dos valores
Autor impetra MS para reconhecer o direito à
indevidamente recolhidos representa a ausência
compensação, mas os efeitos da sentença
de prova pré-constituída indispensável à
supõem a efetiva homologação da
propositura da ação.
compensação a ser realizada (o crédito do
contribuinte depende de quantificação).

(TJMS-2020-FCC): A respeito do contencioso tributário no âmbito judicial, é correto afirmar: O


mandado de segurança constitui ação adequada para declarar o direito à compensação tributária,
mas não para convalidar compensação já realizada pelo contribuinte. BL: Súmulas 213 e 460, STJ.

(TJAM-2016-CESPE): A indústria de armamentos A, considerando-se detentora de créditos fiscais


do ICMS originados do uso de projéteis balísticos em testes de qualidade de seus produtos,
visando obter a convalidação de compensação tributária realizada em sua contabilidade e
declarada nos formulários próprios às autoridades tributárias, impetrou mandado de segurança
preventivo contra possível ato do secretário executivo da Receita da Secretaria de Fazenda do
Estado do Amazonas. Acerca do cabimento, da adequação e dos efeitos de tal ação em relação às
autoridades administrativas, assinale a opção correta: É cabível a declaração de compensação via
mandamental, não podendo, todavia, o Poder Judiciário impor entraves para que a administração
tributária apure a liquidez e certeza dos créditos apontados pelo contribuinte nas suas declarações
e contabilidade. BL: S. 213, STJ. (tribut.)

(TJAC-2012-CESPE): Considerando os meios previstos na legislação tributária para assegurar ao


contribuinte a possibilidade de opor-se às exigências fiscais, bem como os requisitos relacionados
a tais exigências, assinale a opção correta: Cabe interposição de mandado de segurança caso o
contribuinte pretenda obter declaração do direito à compensação das importâncias pagas, a maior,
a título de tributo. BL: S. 213, STJ.

Súmula 212: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por
medida liminar cautelar ou antecipatória. (SUPERADA).

OBS: Superada.

• Aprovada em 23/09/1998, DJ 02/10/1998.


• Superada. Isso porque o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 7º, § 2º, da Lei nº
12.016/2009 (ADI 4296/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 09/06/2021).
• Vide também as Súmulas 213 e 460 do STJ.

O que é compensação? É a extinção de duas ou mais obrigações, cujos credores são ao mesmo
tempo devedores um do outro. Assim, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem (art. 368 do CC). Ex:
João deve 10 mil reais a Pedro por conta de uma obrigação (contrato de compra e venda); por
força de outra obrigação (contrato de prestação de serviços), Pedro deve 10 mil reais a João. No
exemplo referido, a compensação foi total (as dívidas eram iguais). Mas é possível (e bem mais
comum) que a compensação seja parcial (quando os valores são diferentes). Seria a hipótese caso
Pedro devesse apenas 6 mil reais a João. Logo, somente restaria um crédito de 4 mil reais.

É possível que ocorra a compensação no direito tributário? SIM. Ocorre quando o contribuinte
possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro de contas do valor que o sujeito
passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da Administração. Trata-se de causa de
extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN). Vale ressaltar, no entanto, que, para que
haja a compensação de créditos tributários, é indispensável que o ente tributante (União,
Estados/DF, Municípios) edite uma lei estabelecendo as condições e garantias em que isso
ocorre ou, então, delegando essa estipulação para uma autoridade administrativa. É o que está
previsto no CTN:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.

Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “X” recolheu indevidamente R$ 100 mil a
título de COFINS (contribuição social de competência da União). Esta mesma empresa possui
agora débitos com relação ao Imposto de Renda. A empresa formulou requerimento
administrativo pedindo a compensação desse crédito com o débito, pedido que foi, contudo,
negado sob o argumento de que são tributos de espécies diferentes. A empresa impetrou
mandado de segurança contra esta decisão pedindo que seja reconhecido que é possível a
compensação mesmo em se tratando de tributos diferentes e que se declare que ela tem direito à
compensação.

O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? SIM.
Nesse sentido é o enunciado 213 do STJ:
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária.

É possível que essa compensação seja deferida por meio de liminar em mandado de segurança?
-Entendimento antes da ADI 4296: NÃO. Isso com base no art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009 (Lei
do Mandado de Segurança):
Art. 7º (...)
§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens
ou pagamento de qualquer natureza.

Nesse sentido, confira a posição sumulada do STJ:


Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação
cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.

-Entendimento depois da ADI 4296: SIM. No julgamento desta ação, o STF declarou a
inconstitucionalidade do art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016/2009:
É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na
via mandamental. Impedir ou condicionar a concessão de medida liminar caracteriza
verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito líquido e certo
do impetrante. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 09/06/21.

Com isso, penso que o entendimento exposto na súmula 212 do STJ encontra-se superado.

Imagine agora outra seguinte situação hipotética: A empresa “Y” possui um crédito de R$ 100 mil
de ICMS. Esta empresa teria que pagar R$ 150 mil de ICMS no dia 10/03. Chegando na data do
vencimento, ela recolheu apenas R$ 50 mil sob a alegação de que, como tinha um crédito de 100,
precisaria pagar apenas 50. Em outras palavras, a empresa realizou, por conta própria, a
compensação. O Fisco autuou a empresa, exigindo o pagamento da diferença não paga (R$ 50
mil), acrescida dos encargos legais. Diante disso, a contribuinte impetrou mandado de segurança
pedindo que o Secretário de Fazenda se abstenha de exigir o recolhimento do imposto, em virtude
da compensação realizada.

O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? NÃO.
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação
tributária realizada pelo contribuinte.

Existem dois fundamentos jurídicos para respaldar o entendimento desta súmula:


a) para convalidar a compensação, seria necessária dilação probatória, o que é inviável
em mandado de segurança;
b) a tarefa de realizar a compensação tributária é da Administração Tributária, não
podendo o contribuinte assumir o papel do Fisco. Isso porque compete à Administração
fiscalizar a existência ou não de créditos a serem compensados, a exatidão dos números e
documentos, do quantum a compensar e da conformidade do procedimento adotado com
os termos da legislação pertinente.

Nesse sentido:
(...) 1. É cabível a impetração do mandado de segurança visando a declaração ao direito à
compensação tributária (Súmula 213/STJ). Todavia, essa ação não tem o condão de
convalidar o procedimento compensatório efetuado pelo contribuinte, tendo em vista a
necessidade de dilação probatória e por ser essa tarefa reservada à Autoridade
Administrativa competente. 2. Na espécie, há pedido expresso na ação mandamental no
sentido de que se reconheça válida a compensação efetuada pela contribuinte, por sua
conta e risco, providência que não se coaduna com a via eleita, que não comporta a dilação
probatória necessária para o reconhecimento do pleito. (...) STJ. 2ª T. AgRg no REsp
728.686/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 28/10/08.

Conforme já explicou o Min. Luiz Fux:


(...) verifica-se dos autos que a compensação já foi efetuada pela contribuinte sponte propria,
ressoando inconcebível que o Judiciário venha a obstaculizar o Fisco de fiscalizar a
existência ou não de créditos a serem compensados, o procedimento e os valores a
compensar, e a conformidade do procedimento adotado com os termos da legislação
pertinente, sendo inadmissível provimento jurisdicional substitutivo da homologação da
autoridade administrativa, que atribua eficácia extintiva, desde logo, à compensação
efetuada. (...) (STJ. 1ª Seção. REsp 1124537/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/11/2009).

Em suma:
Súmula 212-STJ Súmula 213-STJ Súmula 460-STJ
A compensação de créditos O mandado de segurança É incabível o mandado de
tributários não pode ser constitui ação adequada para a segurança para convalidar a
deferida em ação cautelar ou declaração do direito à compensação tributária realizada
por medida liminar cautelar compensação tributária. pelo contribuinte.
ou antecipatória.

Súmula 211: INADMISSÍVEL recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, NÃO FOI APRECIADA pelo Tribunal a quo. (MPBA-2010) (PGEGO-2010)
(PGEPR-2011) (MPRJ-2012) (MPPR-2012) (MPF-2013) (TJSP-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TRF5-2015) (MPT-2015)
(PFN-2015) (TRT2-2015/2016) (TJAM-2016)

OBS: Polêmico. A doutrina afirma que este enunciado está superado por força do art. 1025 do
NCPC:
Art. 1.025.  Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou,
para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos
ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

"O n. 211 da súmula do STJ deve ser cancelado." (DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro
da. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 312). O STJ, contudo,
continua aplicando o enunciado.

(PGEGO-2010): Acerca do entendimento jurisprudencial envolvendo os recursos especiais: Não se


admite recurso especial quanto a questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios,
não foi apreciada pelo tribunal a quo. BL: S. 211, STJ.

Súmula 210: A AÇÃO DE COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FGTS PRESCREVE EM


TRINTA (30) ANOS.

OBS: Polêmico. Essa ação de que trata a súmula é aquela proposta pelo Governo contra os
empregadores que não fizeram o recolhimento das contribuições para o FGTS. O STJ consolidou a
posição de que esse prazo seria de 30 anos porque se entendeu que a contribuição para o FGTS
não tem natureza tributária, sendo uma contribuição destinada ao trabalhador. Logo, não se
aplicaria o prazo prescricional do CTN, mas sim o trabalhista.

Como o prazo para o trabalhador reclamar contra o não-recolhimento da contribuição para o


FGTS era de 30 anos, o STJ afirmava que esse mesmo prazo deveria ser aplicado para as cobranças
efetuadas pelo Governo quanto à contribuição do FGTS por ele recolhida.

Ocorre que o STF, promovendo uma reviravolta na jurisprudência, decidiu que o prazo
prescricional para a cobrança judicial dos valores devidos relativos ao FGTS é de 5 anos. Isso
porque deve ser aplicado o art. 7º, XXIX, da CF. O art. 23, §5°, da Lei 8.036/90 e o art. 55 do
Decreto 99.684/90, que previam o prazo prescricional de 30 anos, foram julgados inconstitucionais
(STF. Plenário. ARE 709212/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 13/11/14. Repercussão geral. Info
767).

Apesar de o julgado do STF ter tratado especificamente da ação proposta pelo trabalhador contra
o empregador cobrando o não-recolhimento do FGTS, a posição pessoal do DIZER O DIREITO é a
de que essa redução no prazo prescricional também influencia nas ações intentadas pelo Governo
contra as empresas cobrando as contribuições para o FGTS. Assim, entende o Dizer o Direito que a
Súmula 210-STJ encontra-se superada.

Vale ressaltar; no entanto, que o tema é polêmico e que pode haver vozes em sentido contrário.

Qualquer novidade sobre o assunto, você será avisado no site Dizer o Direito para atualizar seu
livro.

Súmula 209: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR PREFEITO POR


DESVIO DE VERBA TRANSFERIDA E INCORPORADA AO PATRIMÔNIO MUNICIPAL.
(TJPR-2008) (TJSE-2008) (TRF1-2009) (MPF-2011) (MPRJ-2012) (MPTO-2012) (TRF4-2012) (MPGO-2013) (DPERR-
2013) (DPECE-2014) (PCGO-2012/2017) (DPERO-2017) (DPU-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (TRF2-2018) (PF-2018)
(PCSP-2022)

OBS: As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da
competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para
deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo,
não podem ser utilizadas como critério para as demandas cíveis. STJ. 1ª S. CC 142354/BA, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, j. 23/9/15. STJ. 1ª S. AgRg no CC 133.619/PA, Rel. Min. Sérgio
Kukina, j. 9/5/18.

(PCSP-2022-VUNESP): Considerando o disposto na Constituição da República, bem como o


entendimento jurisprudencial e doutrinário consolidado sobre a organização funcional do Estado,
assinale a alternativa correta: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. BL: S. 209, STJ.

(PF-2018-CESPE): Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma
assertiva a ser julgada de acordo com o entendimento dos tribunais superiores acerca das
atribuições da PF na persecução criminal e da competência para o processamento e o julgamento
de ação penal: O prefeito de determinado município desviou, em proveito próprio, verba federal
transferida e incorporada ao patrimônio municipal. Instaurado o competente IP, os autos foram
relatados e encaminhados, pela autoridade policial, à justiça estadual. Nessa situação, agiu
corretamente a autoridade policial ao encaminhar os autos à justiça comum estadual, a quem
compete o processamento e o julgamento de casos como o relatado. BL: S. 209, STJ.
Súmula 208: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR PREFEITO MUNICIPAL
POR DESVIO DE VERBA SUJEITA A PRESTAÇÃO DE CONTAS PERANTE ORGÃO
FEDERAL. (TJPR-2008) (TJSE-2008) (PCRN-2009) (TRF1-2009) (TRF3-2011) (MPF-2011) (MPRJ-2012) (TRF4-2012)
(MPGO-2012/2013) (DPERR-2013) (Cartórios/TJPI-2013) (MPBA-2015) (PCGO-2012/2017) (DPERO-2017) (DPU-2017)
(Anal. Judic./TRF1-2017) (TJCE-2018) (TRF2-2018) (PF-2018) (PCSP-2022)

OBS: As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da
competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para
deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo,
não podem ser utilizadas como critério para as demandas cíveis. STJ. 1ª S. CC 142354/BA, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, j. 23/9/15. STJ. 1ª S. AgRg no CC 133.619/PA, Rel. Min. Sérgio
Kukina, j. 9/5/18.

(TJCE-2018-CESPE): O prefeito de determinado município recebeu recursos da União para


ampliar o acesso ao ensino fundamental e valorizar o magistério das escolas municipais por meio
de ações de capacitação. Contudo, ultrapassado o prazo fixado no cronograma de aplicação dos
recursos, verificou-se que as atividades planejadas não haviam sido executadas e que a verba
transferida pela União havia sido utilizada no fundo de campanha eleitoral do vereador que era
filho do referido prefeito. Conforme entendimento do STF acerca do regime constitucional da
responsabilidade do chefe do Poder Executivo, o julgamento do crime praticado pelo prefeito
compete ao respectivo tribunal regional federal, já que a aplicação do recurso desviado está sujeita
à fiscalização do TCU. BL: S. 208, STJ c/c S 702, STF.

#Atenção: A questão exige conhecimento da jurisprudência do STF sobre as competências para


julgamentos de crimes praticados por prefeitos. Em primeiro lugar, cumpre lembrar que a
competência para este julgamento depende da natureza da verba desviada - no caso, trata-se de
verba da União, transferida ao município por repasse voluntário e cujo uso é fiscalizado pelo
Tribunal de Contas da União. Portanto, de acordo com a Súmula 208 do STJ, " compete à justiça
federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita à prestação de contas perante o órgão
federal". Note, também, que a Súmula 702 do STF determina que "a competência do tribunal de justiça
para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos,
a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau" - ou seja, cabe ao TRF.

Súmula 207: É INADMISSÍVEL RECURSO ESPECIAL QUANDO CABÍVEIS EMBARGOS


INFRINGENTES CONTRA O ACORDÃO PROFERIDO NO TRIBUNAL DE ORIGEM . (MPPB-
2010) (TJDFT-2012) (Cartórios/TJPE-2013)

OBS: É possível interpretar essa súmula sob o ponto de vista do processo civil e do processo
penal:
• Quanto ao processo civil, a súmula está superada considerando que o CPC/2015 acabou com os
embargos infringentes.
• Por outro lado, no processo penal continua existindo o recurso de embargos infringentes,
sendo possível aplicar esta súmula para os processos criminais.

Súmula 206: A EXISTÊNCIA DE VARA PRIVATIVA, INSTITUIDA POR LEI ESTADUAL, NÃO
ALTERA A COMPETÊNCIA TERRITORIAL RESULTANTE DAS LEIS DE PROCESSO. (AGU-
2004) (MPF-2008) (DPEAL-2009) (MPBA-2010) (PGEPR-2011) (MPMT-2012) (DPERO-2012) (MPMS-2013) (TCERJ-
2023)

OBS: Importante.

Ex: João, que mora em uma cidade do interior, deseja ajuizar ação de indenização contra o Estado-
membro. A Lei de Organização Judiciária (lei estadual) afirma que as demandas contra a Fazenda
Pública são propostas na Vara da Fazenda Pública estadual, localizada na capital. Diante disso, o
autor terá que propor essa demanda na capital? Não. Os Estados-Membros, suas autarquias e
fundações, não possuem foro privilegiado (privativo) na capital, podendo ser demandados em
qualquer comarca do seu território onde a obrigação tenha que ser satisfeita (art. 53, III, “d” do
CPC 2015). Assim, não é válida lei estadual que preveja foro privativo na capital para as
demandas intentadas contra o Estado-membro.

Vale ressaltar, no entanto, que se o autor propuser a ação na capital do Estado, esta deverá
tramitar na Vara Especializada da Fazenda Pública.
#Atenção: #DOD: #STJ: #TCERJ-2023: #CESPE: Tese C) A instalação de vara especializada não
altera a competência prevista em lei ou na Constituição Federal, nos termos da Súmula n.
206/STJ (“A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência
territorial resultante das leis de processo.”). A previsão se estende às competências definidas no
presente IAC n. 10/STJ. STJ. 1ª S. REsp 1.896.379-MT, Rel. Min. Og Fernandes, j. 21/10/21 (Tema
IAC 10) (Info 718).

Súmula 205: A LEI 8.009/90 APLICA-SE A PENHORA REALIZADA ANTES DE SUA VIGÊNCIA.
(TJDFT-2011) (MPT-2013) (Cartórios/TJMG-2019)

Súmula 204: OS JUROS DE MORA NAS AÇÕES RELATIVAS A BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS


INCIDEM A PARTIR DA CITAÇÃO VALIDA. (TRF4-2010)

OBS: Importante. Os juros moratórios nas questões previdenciárias incidem a partir da citação
válida, tendo como termo final a conta de liquidação (STJ AgRg no REsp 1398994/SP, j. 21/11/13).

Súmula 203: NÃO CABE RECURSO ESPECIAL CONTRA decisão proferida por órgão de segundo
grau dos Juizados Especiais. (MPPE-2002) (TJSE-2008) (DPEPI-2009) (DPU-2010) (TJCE-2012) (MPAL-2012)
(PGESP-2012) (MPPR-2011/2013) (TJRJ-2013) (MPRO-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (MPF-2013) (TRF4-2012/2014)
(TJPR-2014) (DPERS-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TJDFT-2015) (DPERN-2015) (DPESP-2015) (PGM-Salvador/BA-
2015) (TJMSP-2016) (TJSP-2017) (PCGO-2017) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (Anal. Judic./STJ-2018) (DPEMG-2019)
(Cartórios/TJMG-2019) (TJMS-2015/2020) (DPERJ-2021) (PFN-2012/2023)

(TJMS-2020-FCC): Em relação aos Juizados Especiais Criminais, correto afirmar que não cabe
recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém, processar
e julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial. BL: Súmulas 203 e 376 do STJ59.

#Atenção: A Súmula 203 do STJ dispõe que não será cabível recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. Cumpre ressaltar que o art. 105, III,
da CF, prevê ser cabível recurso especial de decisões de “tribunais”. Ocorre que as Turmas
recursais não são tribunais e, por este mesmo motivo, não há que se falar em cláusula de reserva
de plenário, por exemplo. Por fim, afirma a Súmula 376 do STJ que competirá à Turma Recursal
processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. Entretanto, o STJ traz
um exceção: se o mandado de segurança versar sobre a própria competência dos Juizados (STJ.
Corte Especial. RMS 17.524/BA, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 02/08/2006).

(DPESP-2015-FCC): De acordo com as disposições da Lei 9.099/95 e os Enunciados do FONAJE, é


correto afirmar que, nos Juizados Especiais Cíveis: contra as decisões do Colégio Recursal, é
possível a interposição de embargos de declaração ou recurso extraordinário ao STF, se houver
violação à Constituição Federal, mas é incabível a interposição de recurso especial ao STJ, ainda
que haja violação a lei federal ou controvérsia jurisprudencial. BL: S. 203, STJ; S. 640, STF e
Enunciado 63, Fonaje.

#Atenção: Enunciado 63-Fonaje: Contra decisões das Turmas Recursais são cabíveis somente os
embargos declaratórios e o Recurso Extraordinário.

(TRF4-2014): Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos
juizados especiais federais. BL: S. 203, STJ.

#Atenção: Contra acórdão da turma recursal cabe, em tese, recurso extraordinário.

Súmula 202: A IMPETRAÇÃO DE SEGURANÇA POR TERCEIRO, CONTRA ATO JUDICIAL,


NÃO SE CONDICIONA A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. (MPRO-2008) (TRF2-2012) (TJPA-2014)
(TJPI-2015) (PGEMT-2016) (DPEPR-2017) (TJCE-2018) (MPCPA-2019)

OBS: Válida, mas com ressalvas. É entendimento do STJ que a Súmula 202 socorre tão somente
aquele que não teve condições de tomar ciência da decisão que lhe prejudicou, ficando
impossibilitado de se utilizar do recurso cabível (RMS 42.593/RJ, j. em 08/10/2013).

59
Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de
juizado especial.
(MPRO-2008-CESPE): Admite-se a impetração de mandado de segurança contra atos judiciais,
desde que inexista instrumento recursal idôneo e que não haja o trânsito em julgado da decisão
impugnada. Nesse contexto, nos casos em que terceiro prejudicado impetra mandado de
segurança contra ato judicial, não se exige, segundo o entendimento do STJ, o requisito da
inexistência de recurso cabível. BL: S. 202, STJ.

#Atenção: #DPEPR-2017: #FCC: É certo que a súmula 202, do STJ, dispõe que “a impetração da
segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso”. Todavia, não
sendo a ação de mandado de segurança substitutiva de recurso quando este é previsto em lei, o
conteúdo da súmula apenas tem aplicação quando ao terceiro não tiver sido dada ciência da
decisão que lhe prejudicou, não tendo podido, portanto, utilizar-se do recurso previsto
tempestivamente.

Súmula 201: OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NÃO PODEM SER FIXADOS EM SALÁRIOS-


MÍNIMOS. (TJBA-2012) (TRT18-2012)

OBS: Importante. Este entendimento tem como fundamento o art. 7°, IV, da CF.

O juiz deverá conciliar o comando desta súmula com a regra do § 3° do art. 85 do CPC 2015. Isso
porque tal dispositivo do novo CPC prevê o seguinte: “§ 3° Nas causas em que a Fazenda Pública for
parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2° e os seguintes
percentuais: 1- mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; (...)”.

Desse modo, o referido § 3° traz faixas de honorários em salários mínimos. No entanto, o


magistrado, ao estipular o valor dos honorários na sentença deverá já convertê-los, fixando-os em
moeda corrente.

Súmula 200: O JUIZO FEDERAL COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR ACUSADO DE


CRIME DE USO DE PASSAPORTE FALSO É O DO LUGAR ONDE O DELITO SE CONSUMOU.

Súmula 199: NA EXECUÇÃO HIPOTECÁRIA DE CRÉDITO VINCULADO AO SISTEMA


FINANCEIRO DA HABITAÇÃO, NOS TERMOS DA LEI N. 5.741/71, A PETIÇÃO INICIAL DEVE
SER INSTRUÍDA COM, PELO MENOS, DOIS AVISOS DE COBRANÇA. (TRF1-2013)

Súmula 198: NA IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO POR PESSOA FÍSICA, DESTINADO A USO


PRÓPRIO, INCIDE O ICMS. (TJAP-2009) (TJGO-2009) (PGEAC-2012)

Súmula 197: O DIVÓRCIO DIRETO PODE SER CONCEDIDO SEM QUE HAJA PRÉVIA
PARTILHA DOS BENS. (DPEDF-2013) (MPMG-2018)

OBS: Tanto o divórcio direto como o indireto podem ser concedidos sem que haja prévia partilha
de bens (STJ, REsp 1.281.236-SP, j. 19/03/2013. Vejamos o trecho da ementa do referido julgado:
1. A regulamentação das ações de estado, na perspectiva contemporânea do fenômeno
familiar, afasta-se da tutela do direito essencialmente patrimonial, ganhando autonomia e
devendo ser interpretada com vistas à realização ampla da dignidade da pessoa humana. 2.
A tutela jurídica do direito patrimonial, por sua vez, deve ser atendida por meio de vias
próprias e independentes, desobstruindo o caminho para a realização do direito
fundamental de busca da felicidade. 3. O divórcio, em qualquer modalidade, na forma
como regulamentada pelo CC/02, está sujeito ao requisito único do transcurso do tempo.
(...)

(MPMG-2018): Em relação ao divórcio litigioso é de se afirmar: Não requer a prévia divisão


patrimonial ditada pelo regime de bens adotado no casamento. BL: S. 197, STJ.

(DPEDF-2013-CESPE): Em relação a direito de família e sucessões, julgue o item subsequente:


Considerando que o estado civil de cada pessoa deve refletir sua realidade afetiva, em detrimento
das formalidades e valores essencialmente patrimoniais, o STJ entende que não é necessária a
prévia partilha de bens para a conversão da separação judicial em divórcio. BL: S. 197, STJ.

Súmula 196: Ao EXECUTADO QUE, CITADO POR EDITAL ou POR HORA CERTA,
PERMANECER REVEL, SERÁ NOMEADO CURADOR ESPECIAL, COM LEGITIMIDADE para
APRESENTAÇÃO DE EMBARGOS. (TJRS-2012) (MPRS-2012) (DPEAM-2013) (Cartórios/TJPR-2014) (TJAM-
2016) (MPPR-2019)

Súmula 195: Em EMBARGOS DE TERCEIRO NÃO SE ANULA ATO JURÍDICO, POR FRAUDE
CONTRA CREDORES. (MPRO-2008) (DEPBA-2010) (AGU-2009/2012) (TJSP-2014) (TRT23-2014) (PGM-
Salvador/BA-2015) (TJAM-2016) (TRF3-2018)

OBS: Válida.

• Nesse caso, será necessária a propositura de ação pauliana (ou revocatória).

• Com a entrada em vigor do CPC/15, há entendimento doutrinário favorável à possibilidade de


formulação de pedido de anulação de ato jurídico por fraude contra credores em sede de
Embargos de Terceiro. O Enunciado 133 da II Jornada de Direito Processual Civil (2018) espelha
essa visão:
ENUNCIADO 133: É admissível a formulação de reconvenção em resposta aos embargos
de terceiro, inclusive para o propósito de veicular pedido típico de ação pauliana, nas
hipóteses de fraude contra credores.

• Para fins de prova de concurso, contudo, o entendimento mais seguro é continuar apontando
que a súmula permanece válido.

• Curiosidade: a ação pauliana (pauliana actio) é assim denominada por ter sido idealizada no
direito romano, pelo conhecido “Pretor Paulo”.

Súmula não se aplica para simulação (art. 167 do CC): Essa súmula foi editada em 10/10/97. O
STJ possuía julgados afirmando que essa súmula, apesar de indicar, de forma específica, a fraude
contra credores, também se aplicaria a casos em que houvesse discussão acerca de simulação do
negócio jurídico. Ocorre que o CC/2002 passou a tratar a simulação como hipótese de nulidade
absoluta (reconhecível até mesmo de ofício). Assim, para casos posteriores ao CC/02, não é mais
possível aplicar o entendimento da Súmula 195 do STJ às hipóteses de simulação.

(TJSP-2014-VUNESP): A respeito dos embargos de terceiro, é correto afirmar: Os embargos de


terceiro podem ser manejados por aquele que não faz parte do processo para retirar constrição
indevida do bem em virtude de fraude à execução, mas não para se anular ato jurídico por fraude
contra credores. BL: S. 195, STJ.

(MPRO-2008-CESPE): Segundo o entendimento do STJ, os embargos de terceiro não constituem


meio idôneo para o reconhecimento de eventual fraude contra credores. BL: S. 195, STJ.

Súmula 194: PRESCREVE EM VINTE ANOS A AÇÃO PARA OBTER, DO CONSTRUTOR,


INDENIZAÇÃO POR DEFEITOS DA OBRA. (SUPERADA)

Súmula 193: O DIREITO DE USO DE LINHA TELEFÔNICA PODE SER ADQUIRIDO POR
USUCAPIÃO. (MPF-2005) (Cartórios/TJPE-2013) (PCPA-2016)

Súmula 192: COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES PENAIS DO ESTADO A EXECUÇÃO


DAS PENAS IMPOSTAS A SENTENCIADOS PELA JUSTIÇA FEDERAL, MILITAR OU
ELEITORAL, QUANDO RECOLHIDOS A ESTABELECIMENTOS SUJEITOS A
ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL. (TJTO-2007) (TJPR-2008) (DPU-2007/2010) (MPBA-2010) (MPPB-2010)
(MPPR-2011) (DPERS-2011) (MPRS-2012) (TRF4-2012) (MPMS-2015) (TJAM-2016) (TJMSP-2016) (DPERO-2017)
(Cartórios/TJMG-2017) (PF-2018) (TJAL-2019) (DPEMG-2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (TJMMG-2022)
OBS: Mesmo que a condenação ainda não tenha transitado em julgado (condenado provisório), se
o réu estiver preso em unidade prisional estadual, a competência para decidir sobre os incidentes
da execução penal, como por exemplo, a antecipação da progressão de regime, será da Justiça
Estadual. Nesse sentido: STJ. CC 125.816/RN, j. 09/10/2013.

(DPEMG-2019): A execução da sentença de condenação penal proferida pela Justiça Militar


Estadual, estando o sentenciado custodiado em uma Penitenciária Federal, compete à Justiça
Comum Federal. BL: S. 192, STJ [leitura a contrario sensu].

#Atenção: #STJ: "(...) II - A competência para execução penal não se encontra atrelada à natureza
do delito praticado, tampouco à categoria do juízo processante, mas sim à jurisdição a que se
encontra subordinado o estabelecimento penal de custódia. Em outras palavras, tratando-se de
estabelecimento sob administração estadual, federal ou militar, a competência para execução
penal há de ser fixada, respectivamente, no âmbito da Justiça Estadual, Federal ou Militar (...)"
(STJ - CC 93777 / RJ, Relator: Min. Felix Fischer, 3ª Seção, DJe 01/10/2008)

(Cartórios/TJDFT-2019-CESPE): De acordo com a legislação pertinente e a jurisprudência dos


tribunais superiores, transitada em julgado a sentença penal condenatória ou absolutória
imprópria e iniciada a fase da execução penal, competirá ao juízo estadual de execução penal a
execução das penas impostas aos sentenciados pela justiça militar quando estes forem recolhidos
em estabelecimentos prisionais estaduais. BL: S. 192, STJ e art. 2º, § único, LEP.60

(MPMS-2015): Assinale a alternativa correta: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a
execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual. BL: S. 192, STJ.

Súmula 191: A PRONÚNCIA É CAUSA INTERRUPTIVA DA PRESCRIÇÃO, AINDA QUE O


TRIBUNAL DO JÚRI VENHA A DESCLASSIFICAR O CRIME. (MPMT-2008) (TJAP-2009) (TJMS-2010)
(TJRJ-2013) (TJMT-2014) (MPSC-2014) (MPPR-2013/2016) (DPERO-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (MPMG-2010/2018)
(TJSP-2018) (PCRN-2009/2021) (DPERR-2021) (PCRR-2022)

(MPSC-2014): Segundo entendimento do STJ, é correto afirmar que a pronúncia é causa


interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime de
homicídio qualificado para homicídio culposo. BL: S. 191 do STJ e art. 117, II, CP.

OBS: Vide art. 117, II do CP:


Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Súmula 190: NA EXECUÇÃO FISCAL, PROCESSADA PERANTE A JUSTIÇA ESTADUAL,


CUMPRE A FAZENDA PÚBLICA ANTECIPAR O NUMERÁRIO DESTINADO AO CUSTEIO
DAS DESPESAS COM O TRANSPORTE DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA . (PGM-Cuiabá/MT-2007)
(TRF4-2009)

Súmula 189: É DESNECESSÁRIA A INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NAS


EXECUÇÕES FISCAIS. (TJTO-2007) (PFN-2007) (TJPA-2008) (PGEPB-2008) (MPMG-2010) (MPPR-2008/2011)
(PGEMT-2011) (PGERS-2011) (PGEAC-2012) (Cartórios/TJPE-2013) (PGM-Salvador/BA-2015) (MPBA-2015/2018)
(Anal./MPU-2018) (MPDFT-2021) (TJDFT-2023)

OBS: CPC/2015, art. 178:


Art. 178.  (...)
Parágrafo único.  A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de
intervenção do Ministério Público.

60
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional,
será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça
Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.
Súmula 188: OS JUROS MORATÓRIOS, NA REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO, SÃO
DEVIDOS A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA . (TJMS-2008) (PGEES-2008)
(TJPR-2010) (TJRO-2011) (TJPA-2012) (TRF4-2012/2016) (PCPE-2016)

(TRF4-2016): Segundo entendimento sumulado do STJ, na repetição do indébito tributário, a


correção monetária incide a partir do pagamento indevido, e os juros moratórios, somente após o
trânsito em julgado da sentença. BL: S. 162 e 188 do STJ.

(PGEES-2008-CESPE): Acerca do direito tributário brasileiro, julgue o item a seguir: Considere


que, em virtude de erro na determinação da alíquota do imposto sobre serviços (ISS), certo
contribuinte tenha efetuado o pagamento a maior do tributo e, em razão disso, ajuizou ação de
repetição de indébito contra a fazenda pública municipal, tendo sido julgado procedente o pedido
do contribuinte. Nesse caso, os juros moratórios serão devidos a partir do trânsito em julgado da
decisão que conceder a repetição do indébito. BL: S. 188, STJ.

Súmula 187: É DESERTO O RECURSO INTERPOSTO PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA, QUANDO O RECORRENTE NÃO RECOLHE, NA ORIGEM, A IMPORTÂNCIA DAS
DESPESAS DE REMESSA E RETORNO DOS AUTOS. (SUPERADA)

OBS: A doutrina afirma que está superada com o novo CPC (Enunciado nº 215 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis) por força do art. 1.007, § 2º do CPC 2015: “A insuficiência no
valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na
pessoa de seu advogado, não vier o supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.”

Súmula 186: NAS INDENIZAÇÕES POR ATO ILÍCITO, OS JUROS COMPOSTOS SOMENTE SÃO
DEVIDOS POR AQUELE QUE PRATICOU O CRIME. (SUPERADA)

#Atenção: A súmula era baseada em regra prevista no art. 1.544 do CC-16, que não foi repetida
pelo CC-2002.

Súmula 185: NOS DEPÓSITOS JUDICIAIS, NÃO INCIDE O IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES
FINANCEIRAS. (MPPI-2012) (TRF3-2016) (TRF4-2016)

(TRF4-2016): Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, não incide o


imposto sobre operações financeiras nos depósitos judiciais. BL: Súmula 185 do STJ.

Súmula 184: A MICROEMPRESA DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL E ISENTA DO IMPOSTO


DE RENDA. (SUPERADA)

Súmula 183: COMPETE AO JUIZ ESTADUAL, NAS COMARCAS QUE NÃO SEJAM SEDE DE
VARA DA JUSTIÇA FEDERAL, PROCESSAR E JULGAR AÇÃO CIVIL PUBLICA, AINDA QUE A
UNIÃO FIGURE NO PROCESSO.(*) CANCELADA

Súmula 182: É INVIÁVEL O AGRAVO DO ART. 545 DO CPC QUE DEIXA DE ATACAR
ESPECIFICAMENTE OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. (MPF-2017)

OBS: Onde se lê art. 545, leia-se agora art. 1021 do CPC 2015:
Art. 1.021.  Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do
tribunal.
§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o
recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator
levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno.
§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente
em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante
a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.
§ 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do
valor da multa prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.

Súmula 181: É ADMISSÍVEL AÇÃO DECLARATÓRIA, VISANDO A OBTER CERTEZA


QUANTO A EXATA INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL . (TJDFT-2011) (MPPR-
2014) (TJPB-2015)

Súmula 180: NA LIDE TRABALHISTA, COMPETE AO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO


DIRIMIR CONFLITO DE COMPETÊNCIA VERIFICADO, NA RESPECTIVA REGIÃO, ENTRE JUIZ
ESTADUAL E JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO (JUIZ DO TRABALHO).

OBS: Válida, mas deve-se esclarecer que não mais existem as juntas de conciliação e julgamento.
Assim, em seu lugar deve-se ler “juiz do trabalho”.

O que a Súmula 180 do STJ quer dizer é que compete ao TRT dirimir conflito de competência
verificado entre juiz de direito investido na jurisdição trabalhista e juiz do trabalho que estejam
vinculados à mesma região.

Fundamento: art. 114, V, da CF e art. 808 “a” da CLT.

De outro lado, compete ao TST julgar conflitos de competência estabelecidos entre juiz de direito a
quem se atribui jurisdição trabalhista e juiz do trabalho submetidos a TRT's diferentes (vide
Súmula 236 STJ: “Não compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos de competência entre
juízes trabalhistas vinculados a Tribunais Regionais do Trabalho diversos.”).

Súmula 179: O ESTABELECIMENTO DE CRÉDITO QUE RECEBE DINHEIRO, EM DEPÓSITO


JUDICIAL, RESPONDE PELO PAGAMENTO DA CORREÇÃO MONETÁRIA RELATIVA AOS
VALORES RECOLHIDOS.

OBS: Segundo o STJ, a responsabilidade pela atualização monetária de valores em depósito


judicial é da instituição financeira onde o numerário foi depositado. Logo, o pedido de atualização
monetária deve ser dirigido à instituição financeira no processo em que foi realizado o depósito
judicial.

Súmula 178: O INSS NÃO GOZA DE ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE CUSTAS E


EMOLUMENTOS, NAS AÇÕES ACIDENTÁRIAS E DE BENEFÍCIOS, PROPOSTAS NA
JUSTIÇA ESTADUAL. (TJPA-2012)

OBS: Isso ocorre porque as custas e emolumentos possuem natureza jurídica de taxa. As custas da
Justiça Estadual são taxas estaduais; logo, somente uma lei estadual poderia isentar o INSS do
pagamento dessa taxa, não podendo uma lei federal prever essa isenção (art. 151, III, CF).

OBS: Se o INSS estiver litigando na JF, terá isenção de custas e emolumentos (art. 39 da Lei
6830/80). O INSS é uma autarquia federal; logo, está abrangida no conceito de Fazenda Pública.

Súmula 177: O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA É INCOMPETENTE PARA PROCESSAR E


JULGAR, ORIGINARIAMENTE, MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE ÓRGÃO
COLEGIADO PRESIDIDO POR MINISTRO DE ESTADO. (Cartórios/TJES-2013) (MPPE-2014) (PGEMS-
2014) (MPDFT-2015)

(MPPE-2014-FCC): Em relação ao mandado de segurança, é correto afirmar que tal remédio


constitucional deve ser ajuizado perante a Justiça Federal de primeiro grau, quando o ato coator é
praticado por órgão colegiado presidido por Ministro de Estado. BL: S. 177, STJ.

#Atenção: #STJ: Em caso análogo, assim se posicionou o STJ (RMS 28597/GO, DJe 19/08/13):
Apesar de o Coíndice/ICMS do Estado de Goiás ser presidido pelo Secretário da Fazenda, a
competência para processar e julgar o presente mandado de segurança é do Juiz de 1º grau por
estar-se impugnando ato do órgão estadual colegiado, não sendo possível aproveitar a
prerrogativa de foro do referido secretário (art. 46, inciso VIII, alínea "o", da Constituição do
Estado de Goiás), que não praticou o ato administrativo. Aplicação, mutatis mutandis, da
orientação da Súmula 177/STJ: "O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e
julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de órgão colegiado presidido por
Ministro de Estado".

Súmula 176: É NULA A CLÁUSULA CONTRATUAL QUE SUJEITA O DEVEDOR A TAXA DE


JUROS DIVULGADA PELA ANBID/CETIP.

Súmula 175: DESCABE O DEPÓSITO PRÉVIO NAS AÇÕES RESCISÓRIAS PROPOSTAS PELO
INSS. (PGEPA-2012) (TRF4-2012) (DPERO-2012) (TJSP-2014) (PGEPI-2014) (PGERN-2014)

(PGEPI-2014-CESPE): Em relação a ação rescisória, assinale a opção correta de acordo com a


doutrina, a legislação vigente e a jurisprudência dos tribunais superiores: O depósito prévio não é
exigido nas ações rescisórias em que o autor é a União, os estados, os municípios, o Ministério
Público ou o INSS. BL: S. 175, STJ.

Súmula 174: NO CRIME DE ROUBO, A INTIMIDAÇÃO FEITA COM ARMA DE BRINQUEDO


AUTORIZA O AUMENTO DA PENA.(*) CANCELADA

#Atenção: Cancelada. Atualmente, se a violência ou ameaça do roubo é exercida com emprego de


“arma” de brinquedo, não incide o aumento de pena previsto no inciso I do § 2º-A do art. 157 do
CP.

#Atenção: #STJ: #DPEGO-2010: #TRF3-2011: #DPEPR-2012: #MPES-2013: #DPEAM-2013:


#TRF4-2016: #PCMT-2017: #TJPA-2019: #TJSC-2022: #CESPE: #FCC: #FGV: #VUNESP: O
aumento especial de pena no crime de roubo em razão do emprego de arma de brinquedo
(consagrado na Súmula 174-STJ) viola vários princípios basilares do Direito Penal, tais como o
da legalidade (art. 5º, inciso XXXIX, da CF e art. 1º, do CP), do ne bis in idem, e da
proporcionalidade da pena. Ademais, a Súm. 174 perdeu o sentido com o advento da Lei 9.437,
de 20.02.97, que em seu art. 10, § 1º, inciso II, criminalizou a utilização de arma de brinquedo para
o fim de cometer crimes. Cancelamento da Súm. 174-STJ. Recurso conhecido mas desprovido.
STJ. 3ª S. REsp 213.054/SP, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, j. 24/10/02. (...) Desde o
cancelamento da Súmula 174 do STJ, com o julgamento do REsp 213.054-SP, consolidou-se o
entendimento de que o emprego de simulacro de arma de fogo não constitui motivo apto para a
configuração da causa especial de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, I, do CP, por
ausência de maior risco para a integridade física da vítima, prestando-se, tão somente, para
caracterizar a elementar "grave ameaça" do delito de roubo. STJ. 6ª T., HC 270.092/SP, Rel. Min.
Rogério Schietti Cruz, j. 20/08/15.

Súmula 173: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR O PEDIDO DE


REINTEGRAÇÃO EM CARGO PÚBLICO FEDERAL, AINDA QUE O SERVIDOR TENHA SIDO
DISPENSADO ANTES DA INSTITUIÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO.

Súmula 172: COMPETE A JUSTIÇA COMUM PROCESSAR E JULGAR MILITAR POR CRIME DE
ABUSO DE AUTORIDADE, AINDA QUE PRATICADO EM SERVIÇO. (SUPERADA)

OBS: Superada.

A súmula foi superada pela Lei 13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração,
se o militar, em serviço, cometesse, abuso de autoridade, ele seria julgado pela Justiça Comum
porque o art. 9º, II, do CPM afirmava que somente poderia ser considerado como crime militar as
condutas que estivessem tipificadas no CPM. Assim, como o abuso de autoridade não está
previsto no CPM, mas sim na Lei nº 4.898/65, este delito não podia ser considerado crime militar
nem podia ser julgado pela Justiça Militar. Isso, contudo, mudou com a nova redação dada pela
Lei nº 13.491/2017 ao art. 9º, II, do CPM.

Com a mudança, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do
art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”. Dessa
forma, o abuso de autoridade, mesmo não estando previsto no CPM pode agora ser considerado
crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM.

Súmula 171: COMINADAS CUMULATIVAMENTE, EM LEI ESPECIAL, PENAS PRIVATIVA DE


LIBERDADE E PECUNIÁRIA, É DEFESO A SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR MULTA . (TJDFT-
2008) (MPMT-2008) (TRF1-2009) (TJCE-2012) (PCAL-2012) (TJPR-2013) (MPMS-2013) (MPPR-2016) (Anal.
Judic./TRF5-2017)

(MPMS-2013): Analise a assertiva a seguir, considerando o entendimento do STJ: Havendo


previsão em lei especial da cominação cumulativa de pena privativa de liberdade e pecuniária, é
vedada a substituição da prisão por multa. BL: S. 171, STJ.

Súmula 170: COMPETE AO JUÍZO ONDE PRIMEIRO FOR INTENTADA A AÇÃO ENVOLVENDO
ACUMULAÇÃO DE PEDIDOS, TRABALHISTA E ESTATUTÁRIO, DECIDIR NOS LIMITES DA
SUA JURISDIÇÃO, SEM PREJUÍZO DO AJUIZAMENTO DE NOVA CAUSA, COM O PEDIDO
REMANESCENTE, NO JUÍZO PRÓPRIO.

OBS: Válida. Se a Justiça Comum processa e julga ação proposta por servidor público referente a
direito comum aos regimes trabalhista e estatutário e restringe a condenação a período
concernente ao último vínculo, não há ofensa à literal disposição contida no art. 114, I, da
Constituição Federal (AR 3.469/DF, j. 1412/2009).

Súmula 169: SÃO INADMISSIVEIS EMBARGOS INFRINGENTES NO PROCESSO DE MANDADO


DE SEGURANÇA. (SUPERADA)

Súmula 168: NÃO CABEM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA, QUANDO A JURISPRUDÊNCIA


DO TRIBUNAL SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. (TJSP-2014)
(Cartórios/TJDFT-2014) (TJRJ-2016) (PGEGO-2021)

Súmula 167: O FORNECIMENTO DE CONCRETO, POR EMPREITADA, PARA CONSTRUÇÃO


CIVIL, PREPARADO NO TRAJETO ATÉ A OBRA EM BETONEIRAS ACOPLADAS A
CAMINHÕES, É PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, SUJEITANDO-SE APENAS A INCIDÊNCIA DO
ISS. (TJAP-2009) (TJGO-2009)

Súmula 166: NÃO CONSTITUI FATO GERADOR DO ICMS O SIMPLES DESLOCAMENTO DE


MERCADORIA DE UM PARA OUTRO ESTABELECIMENTO DO MESMO CONTRIBUINTE.
(TJAP-2009) (TJGO-2009) (TJPB-2011) (PGEAC-2012) (MPPA-2014) (TJPI-2015) (PGEPE-2009/2018) (DPERS-2018)
(TJAL-2019) (DPESP-2019) (Cartórios/TJGO-2021) (TJSP-2008/2021/2023)

OBS: Cuidado com o teor desta Súmula!!!

Existem posicionamentos completamente opostos entre as áreas jurídica e fiscal. Observa-se que


esse foi um concurso para provimento do cargo de Juiz e, portanto, a questão foi baseada na
Súmula n. 166 do STJ.

Agora, se essa questão estivesse sendo cobrada em concurso para a área fiscal, a resposta seria
diferente. O entendimento que vem sendo adotado em todos os Estados brasileiros é de que incide
ICMS nas operações de saída de mercadorias, a qualquer título, de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular. Tal posicionamento tem o
seguinte fundamento:

 A Súmula n. 166 do STJ é anterior à Lei Kandir (LC 87/1996) que estabelece normas gerais
acerca do ICMS.  Observem que a Súmula é datada do dia 23/08/1996, enquanto que a
LC 87/1996 foi publicada no dia 13/09/1996. Portanto, para o fisco, o conteúdo da
súmula está defasado.
Ainda que haja posição do Judiciário de que não incide ICMS no deslocamento de mercadoria
entre estabelecimentos de mesmo contribuinte, o Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo
(certame onde a prova acima foi aplicada) inclui essa possibilidade como fato gerador em se artigo
2º, inciso I, nos seguintes termos:
Art. 2º - Ocorre o fato gerador do imposto (Lei 6.374/89, art. 2º, na redação da Lei
10.619/00, art. 1º, II, e Lei Complementar federal 87/96, art. 12, XII, na redação da Lei
Complementar 102/00, art. 1º):
I - na saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular;

(TJGO-2009-FCC): Empresa do ramo de calçados foi autuada pelo Estado de Goiás por não
recolher o ICMS sobre a circulação dos sapatos produzidos na fábrica, localizada no município de
Rio Verde/GO para o depósito distribuidor, localizado no município de Anápolis/GO. Diante
disso, impetrou mandado de segurança para anulação do crédito tributário constituído. Com base
na jurisprudência sumulada do STJ não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de
mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte. BL: S. 166 do STJ.

Súmula 165: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR CRIME DE FALSO


TESTEMUNHO COMETIDO NO PROCESSO TRABALHISTA. (TJTO-2007) (TJGO-2009) (TRF1-2009)
(TRF5-2009) (PCGO-2012) (TJPE-2013) (TRT6-2013) (MPMT-2014) (TRF2-2014) (TRT21-2015) (TRT23-2015) (MPMG-
2017) (Anal. Judic./TRF2-2017)

Súmula 164: O PREFEITO MUNICIPAL, APÓS A EXTINÇÃO DO MANDATO, CONTINUA


SUJEITO A PROCESSO POR CRIME PREVISTO NO ART. 1. DO DEC. LEI N. 201, DE 27/02/67.
(MPMT-2008) (MPF-2008) (MPBA-2010) (MPSC-2013) (MPRS-2016) (TCEPA-2016) (TCEPR-2016) (PGM-Fortaleza/CE-
2017) (MPSP-2022)

(MPRS-2016): O peculato desvio, em proveito de terceiro, pelo prefeito municipal, tem


enquadramento específico como crime de responsabilidade, não se constituindo, o término do
mandato, em causa extintiva da punibilidade, ou de readequação típica dos fatos. BL: art. 1º, I do
Dec. 201/67 e S. 164, STJ e S. 703, STF.

(MPF-2008): Se um prefeito deixou de prestar contas no devido tempo, ao órgão competente, da


aplicação de recursos transferidos pela União: responde pelo crime de responsabilidade praticado
mesmo após a extinção do mandato. BL: art. 1º, VI do Dec. 201/67 e S. 164, STJ e S. 703, STF.

Súmula 163: O FORNECIMENTO DE MERCADORIAS COM A SIMULTÂNEA PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS EM BARES, RESTAURANTES E ESTABELECIMENTOS SIMILARES CONSTITUI
FATO GERADOR DO ICMS A INCIDIR SOBRE O VALOR TOTAL DA OPERAÇÃO. (PGESP-
2009) (TJAC-2012) (PGEPA-2012) (PGEMA-2016) (PGEMS-2016) (DPERS-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (DPESP-
2019) (Aud. Fiscal-SEFAZ/BA-2019) (PGERS-2021) (TJMG-2022)

(TJMG-2022-FGV): Sobre as diversas espécies de impostos existentes na legislação tributária,


assinale a alternativa correta: O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de
serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a
incidir sobre o valor total da operação. BL: S. 163, STJ.

(DPERS-2018-FCC): Ulisses, titular de empresa individual de responsabilidade limitada, possui


um modesto restaurante na periferia do Município de Sertão das Flores, onde serve lanches e
vende bebidas e artesanato local. No dia 02/05/18, ele foi autuado por agente fiscal do município,
por falta de pagamento do imposto sobre serviços de qualquer natureza. Para efeito da lavratura
do auto de lançamento, a base de cálculo utilizada foi o valor total das operações, retroativamente
a 03/05/13. Ulisses, pessoa de pouca instrução, e confiando na incorreção da tributação, por já
recolher o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, deixou transcorrer o prazo para
impugnação na esfera administrativa e recebeu citação para pagamento de R$ 20.000,00 com juros
e multa de mora e encargos, no prazo de 5 dias, ou garantir a execução, sob pena de penhora de
bens. Com base nessa situação hipotética, analise a assertiva a seguir: A autuação lavrada pelo
fisco municipal foi equivocada, pois, conforme a jurisprudência do STJ, o fornecimento de
mercadorias com a simultânea prestação de serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos
similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação. BL: S. 163, STJ.
Súmula 162: NA REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO, A CORREÇÃO MONETÁRIA
INCIDE A PARTIR DO PAGAMENTO INDEVIDO. (TJPR-2010) (TJRO-2011) (TJPA-2012) (TRF4-
2012/2016) (PCPE-2016)

(TRF4-2016): Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, na repetição do


indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido, e os juros
moratórios, somente após o trânsito em julgado da sentença. BL: Súmulas 162 e 188 do STJ.

Súmula 161: É DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL AUTORIZAR O LEVANTAMENTO


DOS VALORES RELATIVOS AO PIS / PASEP E FGTS, EM DECORRÊNCIA DO FALECIMENTO
DO TITULAR DA CONTA. (TJMS-2010) (Proc.-São Bernardo do Campo/SP-2018)

OBS: Em se tratando de pedido de expedição de alvará judicial requerido nos termos da Lei
6.858/90, ou seja, em decorrência do falecimento do titular da conta, inexiste lide a ser
solucionada. Cuida-se, na verdade, de medida de jurisdição voluntária com vistas à mera
autorização judicial para o levantamento, pelos sucessores do de cujus, de valores incontestes
depositados em conta de titularidade de pessoa falecida “independente de inventário ou
arrolamento”. Desse modo, a Caixa Econômica Federal não é parte integrante da relação
processual, mas mera destinatária do alvará judicial, razão por que deve ser afastada a
competência da Justiça federal. Trata-se de competência da Justiça estadual (CC 102.854/SP, j.
11/03/2009).

Súmula 160: É DEFESO, AO MUNICÍPIO, ATUALIZAR O IPTU, MEDIANTE DECRETO, EM


PERCENTUAL SUPERIOR AO ÍNDICE OFICIAL DE CORREÇÃO MONETÁRIA . (TJMS-2008)
(PGEPE-2009) (MPF-2011) (TJAC-2012) (TJPE-2013) (TRF2-2013) (Cartórios/TJRS-2013) (PGDF-2013) (DPESP-2015)
(Cartórios/TJMG-2015/2016) (TJAM-2016) (PCGO-2018) (TJSC-2019) (MPPR-2019) (TJPR-2021) (Cartórios/TJGO-2021)
(Aud. Fiscal-SEFAZ/RR-2021) (Cartórios/TJSP-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022) (TCETO-2022) (TCEES-2023)

(TJPR-2021-FGV): Decreto do Governador do Estado X de 30/12/2020 majorou o valor a ser pago


de IPVA por meio da incorporação de índices oficiais de atualização monetária à base de cálculo
do imposto. O Decreto também determinou que produziria efeitos a partir de 01/01/2021. Diante
desse cenário e à luz do entendimento do STJ, tal Decreto: não viola o princípio da legalidade
tributária nem o da anterioridade tributária. BL: art. 97, §2º, CTN e Súmula 160, STJ e art. 150,
§1º, CF.

#Atenção: Com relação ao princípio da legalidade, o art. 97, §2º, do CTN, afirma que “não constitui
majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da
respectiva base de cálculo”. Assim, há permissão que ocorra a recomposição inflacionária por
decreto. Há, inclusive, súmula do STJ que afirma ser proibido ao Município atualizar o IPTU,
mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária (STJ, Súmula
160), ou seja, até o valor da inflação é possível atualizar mediante decreto. Com relação ao
princípio da anterioridade, por sua vez, há permissivo constitucional afastando o princípio da
anterioridade nonagesimal da base de cálculo do IPVA (CF, art. 150, §1º).

(DPESP-2015-FCC): Sobre impostos municipais: O Município poderá majorar anualmente,


mediante a edição de decreto, o valor venal dos imóveis urbanos para fins de atualização
monetária da base de cálculo do imposto predial territorial urbano − IPTU, desde que não exceda
ao percentual da inflação oficial. BL: art. 97, §2º, CTN e Súmula 160, STJ.

(TRF2-2013-CESPE): Assinale a opção correta acerca do Sistema Tributário Nacional: O município


pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não superior ao índice oficial de correção
monetária. BL: art. 97, §2º, CTN e Súmula 160, STJ.

#Atenção: #STJ: Portanto, se por decreto não é possível atualizar em percentual superior, não há
impedimento para que se possa atualizar em índice não superior, como afirma a questão, que está
perfeitamente correta. Além disso, vejamos o seguinte julgado do STJ: “Nos termos da
jurisprudência pacífica desta Corte, a majoração da base de cálculo do IPTU depende da
elaboração de lei, não podendo um simples decreto atualizar o valor venal dos imóveis sobre os
quais incide tal imposto com base em uma planta de valores, salvo no caso de simples correção
monetária. Não há que se confundir a simples atualização monetária da base de cálculo do
imposto com a majoração da própria base de cálculo. A primeira encontra-se autorizada
independentemente de lei, a teor do que preceitua o art. 97, § 2º, do CTN , podendo ser realizada
mediante decreto do Poder Executivo; a segunda somente poderá ser realizada por meio de lei.
Incidência da Súmula 160/STJ: "é defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária." STJ. 2ª T., AgRg no AREsp 66.849/MG, Rel.
Min. Humberto Martins, j. 06/12/11.

(TJPE-2013-FCC): Prefeito Municipal que entrou em exercício no dia 01/01/13 baixou um decreto
corrigindo monetariamente, conforme índice de correção lá indicado, a Planta Genérica de Valores
utilizada para apuração da base de cálculo do IPTU e sobre o ITBI. Fez constar o Prefeito que a
vigência do decreto é imediata, a partir da data da publicação, já valendo para o exercício de 2013.
Inconformados com esta medida, que acabou por majorar a base de cálculo do IPTU e do ITBI,
alguns proprietários ingressaram em juízo questionando a constitucionalidade do decreto.
Considerando-se os fatos relatados, é correto afirmar que esse decreto é constitucional porque a
correção monetária da base de cálculo não equivale a majoração, razão pela qual não se submete
às regras de anterioridade e da legalidade. BL: art. 97, §2º, CTN e Súmula 160, STJ.

Súmula 159: O BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO, NO CASO DE CONTRIBUINTE QUE PERCEBA


REMUNERAÇÃO VARIÁVEL, DEVE SER CALCULADO COM BASE NA MÉDIA ARITMÉTICA
DOS ÚLTIMOS DOZE MESES DE CONTRIBUIÇÃO. (SUPERADA)

OBS: Há polêmica, mas prevalece que está superada.

Súmula 158: NÃO SE PRESTA A JUSTIFICAR EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA O DISSÍDIO


COM ACORDÃO DE TURMA OU SEÇÃO QUE NÃO MAIS TENHA COMPETÊNCIA PARA A
MATÉRIA NELES VERSADA. (TJSP-2014) (TJRJ-2016)

Súmula 157: É ilegítima a cobrança de taxa, pelo município, na renovação de licença para localização
de estabelecimento comercial ou industrial.(*) CANCELADA

OBS: Cancelada.

O STF e o STJ consideram constitucional a taxa, anualmente renovável, pelo exercício do poder de
polícia, se a base de cálculo não agredir o CTN (REsp 261571/SP, j. 24/04/02).

Súmula 156: A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA, PERSONALIZADA E


SOB ENCOMENDA, AINDA QUE ENVOLVA FORNECIMENTO DE MERCADORIAS, ESTÁ
SUJEITA, APENAS, AO ISS. (AGU-2007) (DPEPE-2018) (PGEGO-2021) (PGEMS-2021) (Cartórios/TJGO-2021)

Súmula 155: O ICMS INCIDE NA IMPORTAÇÃO DE AERONAVE, POR PESSOA FÍSICA,


PARA USO PRÓPRIO. (TJAP-2009)

Súmula 154: OS OPTANTES PELO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.958, DE 1973, TÊM DIREITO
A TAXA PROGRESSIVA DOS JUROS, NA FORMA DO ART. 4. DA LEI N. 5.107, DE 1966.

Súmula 153: A DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO FISCAL, APÓS O OFERECIMENTO DOS


EMBARGOS, NÃO EXIME O EXEQUENTE DOS ENCARGOS DA SUCUMBÊNCIA. (PFN-
2007/2012) (PGEAC-2012) (PGM-Contagem/MG-2019) (Cartórios/TJGO-2021)

Súmula 152: NA VENDA PELO SEGURADOR, DE BENS SALVADOS DE SINISTROS, INCIDE O


ICMS. (*) CANCELADA

Súmula 151: A COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO POR CRIME DE


CONTRABANDO OU DESCAMINHO DEFINE-SE PELA PREVENÇÃO DO JUÍZO FEDERAL
DO LUGAR DA APREENSÃO DOS BENS. (PCES-2011/2013) (TJDFT-2015) (TJPE-2015) (PF-2018) (TJPA-
2019)

(TJDFT-2015-CESPE): Roberto importou do exterior, para venda, grande quantidade de


equipamentos eletroeletrônicos. Ele não declarou esses bens à aduana brasileira nem recolheu os
tributos que seriam devidos. Antes de chegar a Brasília, destino final, seu voo fez escalas em São
Paulo e Goiânia. Nessa situação, havendo a apreensão da mercadoria em Brasília, competirá à
justiça federal do DF processar e julgar a ação. BL: Súmula 151, STJ.

Súmula 150: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL DECIDIR SOBRE A EXISTÊNCIA DE INTERESSE


JURÍDICO QUE JUSTIFIQUE A PRESENÇA, NO PROCESSO, DA UNIÃO, SUAS
AUTARQUIAS OU EMPRESAS PÚBLICAS. (AGU-2004) (MPCE-2009) (TRF4-2010) (TJPI-2012) (DPERO-
2012) (TRF1-2011/2013) (Cartórios/TJBA-2013) (TJDFT-2014) (TJRJ-2014) (MPMG-2014) (TRF2-2014) (TCECE-2015)
(PGM-Goiânia/GO-2015) (TJRJ-2016) (TRF5-2011/2017) (PGEAL-2021) (MPGO-2014/2022)

OBS: Imagine que está tramitando na Justiça Estadual um processo que não envolve nenhuma das
pessoas mencionadas no art. 109, I, da CF. Ocorre que a União, uma entidade autárquica ou uma
empresa pública federal decide intervir no feito na condição de autora (litisconsorte ativa), ré
(litisconsorte passiva), assistente ou oponente. Neste caso, o que acontecerá com este processo? O
Juiz de Direito responsável pelo processo, ao receber a petição requerendo a intervenção, deverá
imediatamente remeter os autos para a Justiça Federal declinando a competência.

O juiz de Direito poderá recusar a intervenção, afirmando que a União ou a entidade federal
postulante não possui interesse ou legitimidade para estar na causa? NÃO. Quem deve decidir
isso é o Juiz Federal. Nesse sentido é o enunciado 150 do STJ. Assim, não cabe ao Juiz de Direito
dizer se o ente federal requerente deve ou não intervir no feito. Trata-se de competência da
Justiça Federal.

#Atenção: #TRF4-2010: O mero requerimento do MPF para ingressar como litisconsorte ativo na
ação, por entender estar configurado ato de improbidade administrativa, desloca a competência
para a Justiça Federal, já que só a esse Juízo compete admitir ou não a formação do litisconsórcio,
consoante o enunciado da Súmula 150/STJ. STJ. 1ª S., CC 100.300/PI, Rel. Mini. Castro Meira, j.
13/05/09.

#Atenção: #STJ: #TRF1-2013: #CESPE: O STJ orienta-se no sentido de que a competência da


Justiça Federal, prevista no art. 109, I, da CF, é fixada, por via de regra, em razão da pessoa
(competência ratione personae), levando-se em conta não a natureza da lide, mas, sim, a
identidade das partes na relação processual. 2. Hipótese em que a Ação Civil Pública foi ajuizada
pelo Ministério Público Federal órgão integrante da União com objetivo de obstar a construção
irregular de empreendimento comercial localizado dentro da Zona de Amortecimento do Parque
Nacional dos Lençóis Maranhenses. 3. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis ? Ibama é o responsável pela aprovação do Plano de Manejo do Parque
Nacional dos Lençóis Maranhenses, conforme se verifica na Portaria Ibama 48, de 15 de setembro
de 2003. 4. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, na qualidade de Unidade de
Conservação federal de proteção integral, é administrado pelo Ibama (Autarquia Federal), o que
atrai também a competência da Justiça Federal para o processo e o julgamento da presente
demanda, nos termos do art. 109, I, da CF. 5. Embora, na perspectiva dos potenciais impactos
ambientais negativos, nem todo empreendimento ou atividade que se insira na Zona de
Amortecimento (art. 2º, inciso XVIII, da Lei 9985/00) ou na Zona Circundante (Resolução Conama
013/1990) de Unidade de Conservação federal seja de interesse da União, não há dúvida de que
alguns ou muitos, dependendo das circunstâncias do caso concreto e da modalidade de área
protegida serão. 6. Compete ao órgão gestor federal zelar não apenas pela salvaguarda direta da
Unidade de Conservação e de tudo o que nela se encontra ou se faz, mas também pela sua
proteção indireta, pois a ação humana ou antrópica exercida fora das fronteiras da área é capaz,
por conta dos chamados efeitos de borda, de ameaçar sua integridade e até mesmo existência. 7.
Consoante a Súmula 150 do STJ, "compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse
jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas."
8. Diante do exposto, em consonância com o parecer ministerial, conheço do Conflito para declarar
a competência do Juízo Federal, suscitado. STJ. 1ª S. CC 73.028/MA, Rel. Min. Herman Benjamin,
j. 10/09/08.61
61
(TRF1-2013-CESPE): O MP, alegando iminente degradação ambiental, ajuizou ACP, visando obstar a
construção de um empreendimento comercial composto por dois restaurantes, uma lanchonete e uma loja
de conveniência em zona de amortecimento de parque nacional federal, gerido pelo IBAMA. A ação foi
ajuizada contra os empreendedores e contra o estado que instaurou o procedimento de licenciamento.
(Cartórios/TJBA-2013-CESPE): Acerca do Poder Judiciário no ordenamento jurídico constitucional
brasileiro, assinale a opção correta: Caso uma autarquia federal manifeste interesse em ação que
tramite na justiça estadual por meio de pedido de ingresso no feito, a decisão quanto ao interesse
da entidade caberá à justiça federal e não ao juiz de direito que originalmente era responsável pela
ação. BL: Súmula 150, STJ.

Súmula 149: A PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL NÃO BASTA A


COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE RURÍCOLA, PARA EFEITO DA OBTENÇÃO DE
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. (TRF2-2009) (TRF4-2010) (MPF-2015) (TRT21-2015)

OBS: Importante.

Para ter direito à aposentadoria rural, a pessoa pode comprovar o exercício de atividade rurícola
com base apenas em testemunhas? NÃO. Este é o teor da Súmula 149-STJ. A prova
exclusivamente testemunhal é insuficiente para comprovação da atividade laborativa do
trabalhador rural, sendo indispensável que ela venha corroborada por razoável início de prova
material, conforme exige o art. 55, § 3°, da Lei n° 8.213/1991:
Art. 55 (...) § 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei, inclusive
mediante justificativa administrativa ou judicial, observado o disposto no art. 108 desta Lei,
só produzirá efeito quando for baseada em início de prova material contemporânea dos
fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo
de força maior ou caso fortuito, na forma prevista no regulamento. (Redação dada pela Lei
nº 13.846, de 2019)

Assim, a comprovação do tempo de serviço em atividade rural, seja para fins de concessão de
benefício previdenciário ou para averbação de tempo de serviço, deve ser feita mediante a
apresentação de início de prova material.

Súmula 148: OS DÉBITOS RELATIVOS A BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, VENCIDOS E


COBRADOS EM JUÍZO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 6.899/81, DEVEM SER CORRIGIDOS
MONETARIAMENTE NA FORMA PREVISTA NESSE DIPLOMA LEGAL.

Súmula 147: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES


PRATICADOS CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL, QUANDO RELACIONADOS
COM O EXERCICIO DA FUNÇÃO. (MPPE-2010) (TRF3-2011) (MPAL-2012) (TRF4-2012) (Anal./MPU-2013)
(DPERS-2014) (PCGO-2012/2017) (MPRS-2017) (TRF2-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (Anal. Judic./TRF2-2017)
(DPEAM-2018) (Anal. Judic./TRF3-2014/2019) (PCES-2019)

(DPU-2015-CESPE): José foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra Carlos, em
Brasília. A vítima era policial federal e estava investigando crime de falsificação de moeda que
teria sido praticado por José em Goiânia. O juiz determinou a citação de José por edital, devido ao
fato de ele não ter sido encontrado no endereço que constava dos autos. Com referência a essa
situação hipotética, julgue o item a seguir: A competência para processar e julgar José será do
tribunal do júri federal do DF. BL: Súmula 147, STJ.

(MPPR-2012): Compete à Justiça Federal processar e julgar crime contra funcionário público
federal, que foi vítima de lesões corporais graves em circunstância fática relacionada ao exercício
regular de sua função pública. BL: Súmula 147, STJ e art. 109, IV da CF.

(TJAP-2009-FCC): O crime praticado contra servidor público federal em razão de suas funções
será de competência da Justiça Federal. BL: Súmula 147, STJ.

Súmula 146: O SEGURADO, VÍTIMA DE NOVO INFORTÚNIO, FAZ JUS A UM ÚNICO


BENEFÍCIO SOMADO AO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO VIGENTE NO DIA DO ACIDENTE.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta: O autor da ACP preocupa-se com os
chamados efeitos de borda, que, embora decorram de atividade antrópica fora das fronteiras da unidade
de conservação, são da esfera de competência do gestor dessa unidade.
Súmula 145: NO TRANSPORTE DESINTERESSADO, DE SIMPLES CORTESIA, O
TRANSPORTADOR SÓ SERA CIVILMENTE RESPONSÁVEL POR DANOS CAUSADOS AO
TRANSPORTADO QUANDO INCORRER EM DOLO OU CULPA GRAVE. (MPMS-2011) (TRF3-
2011) (Cartórios/TJRR-2013) (TJDFT-2014) (DPEMS-2014) (Cartórios/TJMT-2014) (TRF4-2016) (PCPA-2016) (TJPR-
2017) (DPEMA-2018) (PGETO-2018) (Anal,/MPU-2018) (PGM-Boa Vista/RR-2019)

OBS: Importante. Resta configurada a culpa grave do condutor de veículo que transporta
gratuitamente passageiro, de forma irregular, ou seja, em carroceria aberta, uma vez que
previsível a ocorrência de graves danos, ainda que haja a crença de que eles não irão acontecer
(STJ REsp 685.791/MG, j. 18/02//2010).

(PGETO-2018-FCC): Em transporte gratuito de pessoa, a responsabilidade civil do transportador é


regulada pela seguinte regra, extraída da lei e da jurisprudência: No transporte desinteressado, de
simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao
transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave. BL: S. 145, STJ e art. 736, caput, CC.

(TJDFT-2014-CESPE): Assinale a opção correta a respeito da responsabilidade civil: Em caso de


transporte de cortesia, a responsabilidade do transportador é subjetiva. BL: S. 145, STJ e art. 736,
caput, CC.

#Atenção: Vejamos o teor do art. 736, caput do CC/02: “Não se subordina às normas do contrato de
transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia.”

Súmula 144: OS CRÉDITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA GOZAM DE PREFERÊNCIA,


DESVINCULADOS OS PRECATÓRIOS DA ORDEM CRONOLÓGICA DOS CRÉDITOS DE
NATUREZA DIVERSA. (PGEES-2008) (TRF4-2022)

Súmula 143: PRESCREVE EM CINCO ANOS A AÇÃO DE PERDAS E DANOS PELO USO DE
MARCA COMERCIAL. (TJAC-2012)

Súmula 142: PRESCREVE EM VINTE ANOS A AÇÃO PARA EXIGIR A ABSTENÇÃO DO USO DE
MARCA COMERCIAL.(*) . CANCELADA!

Súmula 141: OS HONORÁRIOS DE ADVOGADO EM DESAPROPRIAÇÃO DIRETA SÃO


CALCULADOS SOBRE A DIFERENÇA ENTRE A INDENIZAÇÃO E A OFERTA, CORRIGIDAS
MONETARIAMENTE. (TJRN-2013) (PGM-Várzea Paulista/SP-2016)

Súmula 140: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR CRIME EM


QUE O INDÍGENA FIGURE COMO AUTOR OU VITIMA. (TJAP-2009) (TJGO-2009) (TRF2-2009) (AGU-
2010) (MPPB-2011) (TRF3-2011) (TJPE-2013) (DPERR-2013) (TRF1-2013) (TRF5-2013) (MPSC-2014) (DPEPR-2014)
(PCDF-2015) (TRT16-2015) (Cartórios/TJMG-2016) (MPF-2008/2017) (PCMS-2017) (PCMT-2017) (PCGO-2018) (PCSP-
2018) (TJAL-2019) (Cartórios/TJPR-2019) (PCES-2019) (TJMG-2022)

#Atenção: #STJ: #PCDF-2015: #TJMG-2022: #FGV: Conforme o STJ: “O fato do autor ou do réu de
uma determinada ação ser índio, por si só, não é capaz de ensejar a competência da Justiça
Federal, principalmente quando a ação visar um interesse ou direito particular”. (AgRg no CC
112.250/AM, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010). “(...) 1.
Não havendo prejuízo a interesses de comunidade indígena considerada como um todo, ou disputa
por suas terras, não há falar em competência da Justiça Federal. 2. Aplicação do Verbete Sumular n.º
140 desta Corte. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Comarca de
Itaiópolis/SC.” (STJ - CC: 52194 SC 2005/0108456-2, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, Data de Julgamento: 14/03/2007, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ
26/03/2007 p. 198)

Súmula 139: CABE A PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL PROPOR EXECUÇÃO


FISCAL PARA COBRANÇA DE CRÉDITO RELATIVO AO ITR.
Súmula 138: O ISS INCIDE NA OPERAÇÃO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL DE COISAS
MÓVEIS. (TJTO-2007) (TJAP-2009) (TJGO-2009) (DPU-2010)

(TJTO-2007-CESPE): Considere que a Sol Locadora de Veículos Ltda. tenha firmado contrato de
arrendamento mercantil com certa arrendadora, cujo objeto são cinco veículos. Nessa situação,
assinale a opção correta acerca do contrato de arrendamento mercantil: Na operação de
arrendamento mercantil ajustada entre a Sol Locadora de Veículos Ltda. e a arrendadora incide o
imposto sobre serviços (ISS). BL: Item 15.09, LC 116 e Súmula 138 do STJ.

OBS: Vejamos o teor do Item 15.09 da Lei 116/03: “Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer
bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de garantia, alteração, cancelamento e registro de
contrato, e demais serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing).”

Súmula 137: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AÇÃO DE


SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL, PLEITEANDO DIREITOS RELATIVOS AO VÍNCULO
ESTATUTÁRIO. (DPU-2007) (PGEES-2008) (MPF-2008) (TJPE-2015) (PGETO-2018)

Súmula 136: O PAGAMENTO DE LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA POR NECESSIDADE DO


SERVIÇO NÃO ESTÁ SUJEITO AO IMPOSTO DE RENDA. (DPU-2010) (TJRN-2013)

Súmula 135: O ICMS NÃO INCIDE NA GRAVAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE FILMES E


VIDEOTEIPES. (TJGO-2009)

OBS: A Súmula 135 do STJ e a Súmula 662 do STF são válidas, devendo ser interpretadas da
seguinte forma:
 Venda de fitas de vídeo produzidas por encomenda de forma personalizada para um
cliente: incide ISS (trata-se de prestação de um serviço).
 Venda de fitas de vídeo produzidas em série e ofertadas ao público em geral: incide
ICMS (trata-se de comercialização de mercadoria).
 SÚMULA Nº 662 DO STF: É LEGÍTIMA A INCIDÊNCIA DO ICMS NA
COMERCIALIZAÇÃO DE EXEMPLARES DE OBRAS CINEMATOGRÁFICAS,
GRAVADOS EM FITAS DE VIDEOCASSETE.

Súmula 134: EMBORA INTIMADO DA PENHORA EM IMÓVEL DO CASAL, O CÔNJUGE DO


EXECUTADO PODE OPOR EMBARGOS DE TERCEIRO PARA DEFESA DE SUA MEAÇÃO.
(TRF5-2009) (DPEMG-2014) (TJRJ-2014) (TJSP-2014) (Cartórios/TJRS-2016) (TJPR-2021)

(Cartórios/TJRS-2016): João e Maria são casados pelo regime de comunhão parcial de bens. Pedro
propõe ação em face de João e obtém sentença de procedência. Em seguida ao trânsito em julgado,
Pedro pede, nos próprios autos, o cumprimento de sentença, vindo a ser penhorada casa de
veraneio de João e Maria. Inconformada com a penhora, Maria procura advogado para requerer
judicialmente o levantamento da restrição em relação à sua parte no imóvel. Sobre tal situação,
pode-se afirmar que serão cabíveis embargos de terceiro, caso Maria pretenda alegar que seu
patrimônio não responde pela dívida contraída por João. BL: S. 134, STJ.

Súmula 133: A RESTITUIÇÃO DA IMPORTÂNCIA ADIANTADA, A CONTA DE CONTRATO DE


CÂMBIO, INDEPENDE DE TER SIDO A ANTECIPAÇÃO EFETUADA NOS QUINZE DIAS
ANTERIORES AO REQUERIMENTO DA CONCORDATA.

Súmula 132: A AUSÊNCIA DE REGISTRO DA TRANSFERÊNCIA NÃO IMPLICA A


RESPONSABILIDADE DO ANTIGO PROPRIETÁRIO POR DANO RESULTANTE DE
ACIDENTE QUE ENVOLVA O VEÍCULO ALIENADO. (DPEBA-2010) (TRF1-2011) (PGEPA-2012)
(MPRO-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (Cartórios/TJMG-2015) (DPEMT-2016) (TJPA-2019) (Cartórios/TJAL-2019)

OBS: Importante.
Dever do comprador do veículo providenciar novo CRV: O art. 123, I e § 1º do Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) determinam que, depois que a pessoa comprar um carro, ela deverá providenciar
junto ao DETRAN, no prazo de 30 dias, a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo
(CRV).

Dever do vendedor de comunicar ao DETRAN alienação do carro: Por outro lado, o art. 134 do
CTB determina que a pessoa que vendeu o veículo deverá encaminhar ao DETRAN, também no
prazo de 30 dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade,
devidamente assinado e datado. Esse “comprovante de transferência da propriedade” é chamado
popularmente de DUT (documento único de transferência) e consiste em uma espécie de “recibo
de compra e venda” que consta na parte detrás do CRV. Lá existem alguns campos que são uma
autorização para a transferência de propriedade do veículo e que deverão ser preenchidos e
assinados pelo vendedor e comprador na frente do tabelião de notas a fim de que possa ser dado o
reconhecimento de firma por autenticidade nas assinaturas. Assim, depois de alienar o veículo, o
vendedor deverá entregar ao comprador o CRV assinado, mas, antes disso, é recomendável que
tire uma cópia autenticada do documento preenchido, datado e assinado para que possa
comunicar a venda ao DETRAN.

Veja, então, que temos duas obrigações distintas:


• Comprador: tomar as providências junto ao DETRAN para a expedição de novo CRV
(art. 123);
• Vendedor: encaminhar ao DETRAN cópia autenticada do comprovante de transferência
de propriedade, devidamente assinado e datado (art. 134).

O que acontece se o comprador não cumprir a obrigação acima explicada? Ele praticará infração
grave, podendo receber multa, além de o veículo ser retido para regularização (art. 233 do CTB).

O que acontece se o vendedor não fizer a comunicação ao DETRAN? Neste caso, o vendedor
(antigo proprietário) poderá ser responsabilizado solidariamente pelas penalidades impostas e
suas reincidências até a data da comunicação. Em outras palavras, se houver alguma multa, o
DETRAN considerará o nome do “antigo” proprietário que ainda consta em seus arquivos como
sendo o dono do veículo multado. Veja a redação do art. 134 do CTB:
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá encaminhar
ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia
autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente assinado e
datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e
suas reincidências até a data da comunicação.
Parágrafo único. O comprovante de transferência de propriedade de que trata o caput
poderá ser substituído por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo Contran.

Registro no RTD: A Lei nº 6.015/73 afirma que o contrato de compra e venda de veículos deve ser
registrado no cartório de Registro de Títulos e Documentos (RTD) para produzir efeitos perante
terceiros:
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos
em relação a terceiros: (...)
7º) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem como o penhor
destes, qualquer que seja a forma que revistam;

Se ocorre um acidente de trânsito o antigo proprietário do veículo deverá responder civilmente


perante a vítima pelo simples fato de a venda do carro não ter sido registrada nos órgãos
competentes? NÃO. A alienação do veículo, por se tratar de bem móvel, ocorre com a tradição
(art. 1.226 do CC), ou seja, a transferência da propriedade do automóvel ocorreu com a
transmissão da posse do vendedor para o comprador. O registro nos órgãos competentes serve
apenas para facilitar a prova dessa alienação, mas o simples fato de não ter havido o referido
registro não é causa suficiente para gerar culpa ao antigo proprietário que enseje responsabilidade
civil pelos danos produzidos à vítima.

Súmula 131: NAS AÇÕES DE DESAPROPRIAÇÃO INCLUEM-SE NO CÁLCULO DA VERBA


ADVOCATÍCIA AS PARCELAS RELATIVAS AOS JUROS COMPENSATÓRIOS E
MORATÓRIOS, DEVIDAMENTE CORRIGIDAS. (PFN-2007) (TRF4-2010) (TJRN-2013) (TJMS-2015)
Súmula 130: A EMPRESA RESPONDE, PERANTE O CLIENTE, PELA REPARAÇÃO DE DANO
OU FURTO DE VEICULO OCORRIDOS EM SEU ESTACIONAMENTO. (DPEES-2009) (MPF-2012)
(TJAM-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (TJPR-2014) (PGM-Cuiabá/MT-2014) (TJDFT-2015)

OBS: Válida. O STJ tem decidido pela impossibilidade de se responsabilizar o estabelecimento em


casos de delito quando caracterizado o fortuito externo ou, ainda, em casos nos quais não se
aperfeiçoa o contrato de depósito, ainda que gratuito (AgRg no AgRg no Ag 1102125/RS, j.
27/11/2012).

De acordo com os ditames do CDC, os shoppings, hotéis e hipermercados que oferecem


estacionamento privativo aos consumidores, mesmo que de forma gratuita, são responsáveis pela
segurança tanto dos veículos, quanto dos clientes (STJ EREsp 419.059/SP, j. 11/04/2012).

Obs: Em se tratando de shopping centers, o STJ já decidiu que é devida a indenização mesmo em
caso de tentativa de roubo armado (STJ. 4ª Turma. REsp 1.269.691-PB, j. 21/11/2013).

Súmula 129: O EXPORTADOR ADQUIRE O DIREITO DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO DO


ICMS QUANDO REALIZA A EXPORTAÇÃO DO PRODUTO E NÃO AO ESTOCAR A MATÉRIA-
PRIMA. (PGEPA-2012)

Súmula 128: NA EXECUÇÃO FISCAL HAVERÁ SEGUNDO LEILÃO, SE NO PRIMEIRO NÃO


HOUVER LANÇO SUPERIOR A AVALIAÇÃO.

Súmula 127: É ILEGAL CONDICIONAR A RENOVAÇÃO DA LICENÇA DE VEÍCULO AO


PAGAMENTO DE MULTA, DA QUAL O INFRATOR NÃO FOI NOTIFICADO . (MPRR-2012)
(TJDFT-2014)

OBS: A Fazenda Pública deverá cobrar os tributos em débito mediante os meios judiciais
(execução fiscal) ou extrajudiciais (lançamento tributário, protesto de CDA) legalmente previstos.
O Fisco possui, portanto, instrumentos legais para satisfazer seus créditos.

Justamente por isso, a Administração Pública não pode fazer a cobrança do tributo por meios
indiretos, impedindo, cerceando ou dificultando a atividade econômica desenvolvida pelo
contribuinte devedor. Quando isso ocorre, a jurisprudência afirma que o Poder Público aplicou
“sanções políticas”, ou seja, formas "enviesadas de constranger o contribuinte, por vias oblíquas,
ao recolhimento do crédito tributário” (STF ADI 173). Exs: apreensão de mercadorias, não
liberação de documentos, interdição de estabelecimentos.

A cobrança do tributo por vias oblíquas (sanções políticas) é rechaçada por quatro súmulas do STF
(nºs: 70, 323 e 547) e STJ (nº 127).

Súmula 126: É INADMISSÍVEL RECURSO ESPECIAL, QUANDO O ACÓRDÃO RECORRIDO


ASSENTA EM FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL,
QUALQUER DELES SUFICIENTE, POR SI SÓ, PARA MANTÊ-LO, E A PARTE VENCIDA NÃO
MANIFESTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. (MPSE-2010) (TCMGO-2015) (MPT-2015) (TJRS-2022)

OBS: O STJ assim entende: “Consoante firme orientação jurisprudencial, não se afigura possível
apreciar, em sede de recurso especial, suposta ofensa direta a artigos da Constituição Federal. O
prequestionamento de matéria essencialmente constitucional pelo STJ implicaria usurpação da
competência do STF” (AgRg nos EDcl no REsp 1.279.753/SP, 5ª T, Rel. Min. Jorge Mussi, j.
02.08.12).

Vejamos o teor do art. 1035 do NCPC:


Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral,
nos termos deste artigo.

O STF, por sua vez, entende: “Inobservância ao que disposto no art. 543-A, § 2º, do CPC/73, que
exige a apresentação de preliminar sobre a repercussão geral na petição de recurso extraordinário,
significando a demonstração da existência de questões constitucionais relevantes sob o ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos das partes. A
ausência dessa preliminar na petição de interposição permite que a Presidência do STF negue,
liminarmente, o processamento do recurso extraordinário, bem como do agravo de instrumento
interposto contra a decisão que o inadmitiu na origem (13, V, c, e 327, caput e § 1º, do Regimento
Interno do STF). Cuida-se de novo requisito de admissibilidade que se traduz em verdadeiro ônus
conferido ao recorrente pelo legislador, instituído com o objetivo de tornar mais célere a prestação
jurisdicional almejada” (STF, RE-AgRg 569.476/SC, Rel.ª Min.ª Ellen Gracie, Tribunal Pleno, j.
02.04.08).”

Súmula 125: O PAGAMENTO DE FÉRIAS NÃO GOZADAS POR NECESSIDADE DO SERVIÇO


NÃO ESTÁ SUJEITO A INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. (DPU-2010) (TJRN-2013) (TJSP-
2021) (TJMG-2022)

(TJMG-2022-FGV): Sobre as diversas espécies de impostos existentes na legislação tributária,


assinale a alternativa correta: O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não
está sujeito a incidência do Imposto sobre a Renda. BL: S. 125, STJ.

Súmula 124: A TAXA DE MELHORAMENTO DOS PORTOS TEM BASE DE CALCULO DIVERSA
DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO, SENDO LEGITIMA A SUA COBRANÇA SOBRE A
IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS DE PAISES SIGNATARIOS DO GATT, DA ALALC OU
ALADI. (SUPERADA)

Súmula 123: A DECISÃO QUE ADMITE, OU NÃO, O RECURSO ESPECIAL DEVE SER
FUNDAMENTADA, COM O EXAME DOS SEUS PRESSUPOSTOS GERAIS E CONSTITUCIONAIS.

Súmula 122: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL O PROCESSO E JULGAMENTO UNIFICADO


DOS CRIMES CONEXOS DE COMPETENCIA FEDERAL E ESTADUAL, NÃO SE APLICANDO
A REGRA DO ART. 78, II, "A", DO CODIGO DE PROCESSO PENAL. (DPEMT-2009) (TRF3-2011)
(MPAL-2012) (DPESP-2012) (TRF4-2012) (AGU-2012) (Cartórios/TJPE-2013) (PCES-2013) (PCGO-2013) (TRF1-2013)
(DPECE-2014) (TJPE-2015) (MPF-2015) (MPPR-2016) (TRF2-2009/2017/2018) (MPMG-2018/2019) (TJPA-2019) (TJPR-
2019/2021)

OBS: A competência da Justiça Federal é prevista na CF, sendo taxativa, enquanto que a
competência da Justiça estadual é residual. Assim, só será competência da Justiça Estadual
quando o crime não for previsto como de competência da Justiça Federal. Desse modo, havendo
um crime da Justiça Federal e outro da Justiça Estadual e devendo ambos ser julgados
conjuntamente, a reunião deverá ser feita na Justiça Federal, a fim de que o art. 109 da CF não seja
descumprido. Com exceção de eventuais hipóteses de competência delegada (§ 3° do art. 109 da
CF), a Justiça Estadual não poderá julgar crimes que se enquadrem nos incisos do art. 109. Em
compensação, a Justiça Federal poderá, eventualmente, julgar um delito que, originalmente, era de
competência da Justiça Estadual. É o caso, por exemplo, do crime "estadual" conexo ao crime
“federal”.

#Atenção: #STJ: #MPF-2015: #MPPR-2016: De fato, havendo crimes conexos de competência da


Justiça Estadual e Federal irá prevalecer a Justiça Federal, consoante dispõe o teor da súmula 122
do STJ. Ocorre que, havendo a extinção da punibilidade do agente responsável pelo cometimento
do crime de competência da Justiça Federal, deverá ser feita a remessa dos autos a Justiça
Estadual, conforme já decidiu o STJ: “PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO DE
COMPETÊNCIA. CRIMES DE DESCAMINHO E DE RECEPTAÇÃO. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE DO AGENTE QUE PRATICOU O DELITO DE DESCAMINHO. PERPETUATIO
JURISDICTIONIS. NÃO OCORRÊNCIA. DESLOCAMENTO PARA A JUSTIÇA ESTADUAL.
NECESSIDADE. 1. Na hipótese de conexão entre crime de descaminho e de receptação, em que
existiu atração do processamento/julgamento para a Justiça Federal, sobrevindo a extinção da
punibilidade do agente pela prática do delito de descaminho, desaparece o interesse da União,
devendo haver o deslocamento da competência para a Justiça Estadual. 2. Conflito conhecido para
declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Dourados/MS, ora suscitante.” STJ. 3ª S.
CC 110.998/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 26/05/10.
#Comentário retirado do site Dizer o Direito: Entende-se que, se no processo não há mais nenhum
crime federal sendo julgado, a causa não poderá mais ser apreciada pela Justiça Federal, sob pena de
haver uma violação ao art. 109 da CF que define taxativamente (exaustivamente) os crimes julgados
pela Justiça Federal. Se o juiz federal invocasse o art. 81 do CPP e continuasse a julgar a causa mesmo
não havendo mais nenhum crime federal ele estaria acrescentando nova hipótese ao art. 109 da CF
com base em uma lei infraconstitucional. O art. 109 da CF afirma que o juiz federal somente poderá
julgar crimes nas hipóteses ali previstas e o art. 81 do CPP não tem força para criar outra situação
não descrita no dispositivo constitucional. 62

#Atenção: #STJ: #TJPA-2019: #CESPE: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. (...) EMBRIAGUEZ AO


VOLANTE, PORTE ILEGAL DE ARMA DE USO PERMITIDO E RECEPTAÇÃO DE PRODUTO
FRUTO DE CONTRABANDO. AUSÊNCIA DE LIAME CIRCUNSTANCIAL A JUSTIFICAR A
CONEXÃO E O JULGAMENTO EM CONJUNTO DOS DELITOS. INAPLICAÇÃO DA
SÚMULA 122/STJ. (...) Não há conexão a justificar a reunião dos processos perante à Justiça
Federal se suposta receptação de cigarros contrabandeados (art. 334, § 1o., alínea d do CP), de
competência da Justiça Federal, e os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
(art. 14 da Lei 10.826/03) e embriaguez ao volante (art. 306 do CTB), de competência da Justiça
Estadual, não guardam liame circunstancial algum, seja subjetivo, material ou instrumental. O
simples fato de ter sido a apuração dos referidos crimes iniciada a partir da mesma diligência,
qual seja, a prisão em flagrante e a busca realizada em seu carro, não os insere no caso de conexão
probatória, esta, na realidade, só se dá quando a prova de uma infração ou de qualquer
circunstância influir direta e necessariamente na prova de outra. (...) STJ. 3ª S. CC 98.440/MG, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 08/10/08.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ - Ed. 72 STJ: #TJPR-2021: #FGV: Tese 09: Inexistindo conexão
probatória, não é da Justiça Federal a competência para processar e julgar crimes de competência
da Justiça Estadual, ainda que os delitos tenham sido descobertos em um mesmo contexto fático.

#Atenção: #STJ: #TJPR-2021: #FGV: (...) 4. A mera descoberta de vários delitos em uma mesma
diligência não implica, necessariamente, na existência de conexão entre eles. Precedentes da 3ª
Seção. O fato de possíveis delitos de inserção de informações falsas em declarações de imposto
de renda, de utilização de documentos forjados em ação judicial para saque de FGTS ou de
solicitação fraudulenta de pensão por morte perante o INSS terem sido descobertos na mesma
investigação em que foram apurados delitos estaduais, e de, eventualmente, terem sido
compartilhados dados sobre eles entre a Polícia Civil e a Polícia Federal, ou entre o Ministério
Público Estadual e o Ministério Público Federal, não induz à conclusão de que haveria conexão
entre os delitos de competência da Justiça Estadual e os de competência da Justiça Federal. 5. O
fato de a mesma organização criminosa praticar tanto crimes estaduais quanto federais não
induz necessariamente à reunião de processos na Justiça Federal para o julgamento de todos os
delitos por ela praticados se não houver conexão entre eles. STJ. 5ª T., RHC 107.002/RJ, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, j. 04/08/20.

(TJSC-2019-CESPE): Caso seja verificada conexão probatória entre fatos concernentes a crimes de
competência da justiça estadual e a crimes de competência da justiça federal, é correto afirmar que
o juízo federal é o competente para o processamento e o julgamento dos crimes conexos,
independentemente da pena prevista para cada um dos delitos. BL: S. 122, STJ.

#Atenção: A melhor interpretação da Súmula 122 do STJ é a que indica que, havendo um crime
federal, com menor pena cominada abstratamente, e um crime estadual, com maior pena, ambos
conexos, o critério utilizado para a fixação não será o que considera o quantum apenatório (nos
termos do art. 78, II, “a”, CPP), mas, sim, a força atrativa exercida pela jurisdição federal. Todavia,
temos que diferenciar duas situações trazidas pela jurisprudência (STF, HC 112.574), vejamos:
I. Em ocorrendo a extinção da punibilidade do crime federal, haverá a cessação da
competência da Justiça Federal, devendo-se remeter os autos à Justiça Estadual.
II. Em ocorrendo a absolvição do crime federal, a Justiça Federal permanecerá competente
para julgar o crime estadual.

#Atenção: Dicas (Fonte: Qconcursos):


I. Conexão entre crime de Justiça Federal e Justiça Estadual:
 Será julgado de forma Conjunta pela a Justiça Federal;
 Independente do quantum da pena dos crimes;
 Não se aplica as regras de avocação prevista no CPP

II. Absolvição do Crime Federal: A justiça federal continua competente para julgar o

62
https://www.dizerodireito.com.br/2013/10/a-justica-federal-continua-sendo.html
crime estadual conexo.

III. Desclassificação do Crime Federal: Haverá remessa para a Justiça Estadual.

IV. Contravenção Penal contra interesses da União: Justiça Estadual.

(PCGO-2018-UEG): Sobre a jurisprudência do STJ, verifica-se o seguinte: Havendo conexão entre


um crime federal e um crime estadual, prevalece a competência da justiça federal. BL: S. 122, STJ.

(MPSP-2017): Assinale a alternativa correta: A Justiça Federal é competente para o processo e


julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, ainda que a pena
aplicada ao crime de competência estadual seja mais grave. BL: S. 122, STJ.

(TRF2-2009-CESPE): Acerca de aplicação da lei penal e da competência, assinale a opção correta:


Compete à justiça federal o processo e julgamento dos crimes conexos de competência federal e
estadual, não se aplicando a regra do CPP de preponderância do lugar da infração à qual for
cominada pena mais grave. BL: S. 122, STJ.

Súmula 121: NA EXECUÇÃO FISCAL O DEVEDOR DEVERÁ SER INTIMADO,


PESSOALMENTE, DO DIA E HORA DA REALIZAÇÃO DO LEILÃO. (PFN-2007) (PGEMT-2011)

Súmula 120: O OFICIAL DE FARMÁCIA, INSCRITO NO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA,


PODE SER RESPONSÁVEL TÉCNICO POR DROGARIA.

Súmula 119: A AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA PRESCREVE EM VINTE ANOS.


(SUPERADA)

OBS: Superada.

Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta?


• Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002).
• Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços
públicos no local.

Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação


indireta é de 10 anos porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público realizou
obras ou serviços públicos no local. Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de
15 anos, caso a parte interessada comprove, concreta e devidamente, que não foram feitas
obras ou serviços no local, afastando a presunção legal. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.575.846-SC,
Rel. Min. Og Fernandes, j. 26/06/19 (Info 658).

Em provas e na prática forense, deve-se atentar, no entanto, para a regra de transição do art. 2.028
do CC-2002. Assim, as ações de desapropriação indireta propostas antes da entrada em vigor do
CC-2002 (11/01/2003) continuam observando a súmula 119 do STJ (prazo de 20 anos).

Quanto às ações propostas após o CC-2002, deve-se analisar o seguinte:


i) Se entre a data do apossamento e a entrada em vigor do CC-2002 já havia se passado mais de 10
anos: o prazo prescricional continua sendo o de 20 anos;

ii) Se entre a data do apossamento e a entrada em vigor do CC-2002 havia se passado menos que
10 anos: o prazo prescricional será agora o do novo Código Civil: 10 anos.

Súmula 118: O AGRAVO DE INSTRUMENTO É O RECURSO CABÍVEL DA DECISÃO QUE


HOMOLOGA A ATUALIZAÇÃO DO CALCULO DA LIQUIDAÇÃO. (TJTO-2007) (TJPR-2011)

Súmula 117: A INOBSERVANCIA DO PRAZO DE 48 HORAS, ENTRE A PUBLICAÇÃO DE PAUTA


E O JULGAMENTO SEM A PRESENÇA DAS PARTES, ACARRETA NULIDADE.
OBS: O CPC/2015 ampliou este prazo para 5 dias, conforme o art. 935 do CPC/2015:
Art. 935. Entre a data de publicação da pauta e a da sessão de julgamento decorrerá,
pelo menos, o prazo de 5 (cinco) dias, incluindo-se em nova pauta os processos que
não tenham sido julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido expressamente
adiado para a primeira sessão seguinte.

Desse modo, a súmula contínua válida, porém agora o prazo mínimo não é de 48h, mas sim de 5
dias.

Vale ressaltar que este prazo existe para que as partes e seus advogados possam saber com um
mínimo de antecedência o dia em que será julgado o processo e, com isso, tenham condições de se
preparar para acompanhar a sessão de julgamento (ex: comprar passagens, elaborar sustentação
oral etc.).

Súmula 116: A FAZENDA PÚBLICA E O MINISTÉRIO PÚBLICO TÊM PRAZO EM DOBRO


PARA INTERPOR AGRAVO REGIMENTAL NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. (MPRO-
2008) (MPRN-2009) (Anal. Judic./TRF4-2010) (MPT-2013)

OBS: Válida. Vale ressaltar que, atualmente no âmbito do STJ, utiliza-se a expressão “agravo
regimental” para os processos relacionados com matéria penal. Por sua vez, emprega-se termo
“agravo interno” para os processos de natureza cível.

Para o Dizer o Direito, a Súmula 116 do STJ aplica-se tanto para os casos de agravo regimental
como também de agravo interno no STJ.

Aprofundando: “O prazo em dobro previsto para a Fazenda Pública, para o Ministério Público e
para a Defensoria Pública não se aplica quando a lei estabelecer prazo próprio ou específico para
cada um deles. É o caso do agravo interno contra a decisão do presidente do tribunal que indefere
pedido de suspensão de segurança. Nesse caso, só quem pode agravar é o requerente, que será ou
a Fazenda Pública ou o Ministério Público. O prazo para o agravo será, nessa hipótese, simples, e
não em dobro.” (DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual
Civil. Vol. 3 13. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 289).

Processo civil: Vale ressaltar que esta súmula vale para o processo civil, mas não para o processo
penal. No âmbito penal, o Ministério Público não goza de prazo em dobro, sendo intempestivo
o recurso de agravo regimental interposto fora do quinquídio previsto no art. 258 do Regimento
Interno do STJ (AgInt no REsp 1658578/MT, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2018).

O prazo para interposição de agravo regimental no STF, em processos criminais, é de 5 dias


corridos (não são dias úteis, como no CPC). O MP e a Defensoria Pública possuem prazo em
dobro para interpor esse agravo?
 MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da
contagem dos prazos recursais em dobro. Logo, o prazo para interposição de agravo pelo
Estado-acusador em processo criminal é de 5 dias.
 Defensoria Pública: SIM. Mesmo em matéria penal, são contados em dobro todos os
prazos da Defensoria Pública. Logo, o prazo para a Defensoria Pública interpor agravo
regimental é de 10 dias.
STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 15/5/2018(Info 902).

Súmula 115: NA INSTÂNCIA ESPECIAL É INEXISTENTE RECURSO INTERPOSTO POR


ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS.

OBS: Válida, mas agora com uma nova interpretação.

Na vigência do CPC/73, O STJ tinha um entendimento muito rigoroso na aplicação desta súmula.
Assim, se o advogado que assinou o recurso especial não tinha procuração nem substabelecimento
nos autos, o Ministro não conhecida do recurso, sem dar qualquer oportunidade de a parte
regularizar a situação. Repetindo: se o recurso especial foi subscrito por advogado sem poderes
para atuar nos autos, o Ministro não dava uma segunda chance para a parte. O recurso
simplesmente não era conhecido, aplicando-se a Súmula 115 do STJ. Prevalecia o posicionamento
no sentido de que a representação processual da parte recorrente deve estar perfeitamente
demonstrada no momento da interposição do recurso especial, não sendo possível sua posterior
regularização. Veja julgado que espelha essa conclusão:
Nos termos da jurisprudência consolidada sob a égide do anterior diploma adjetivo,
consideram-se inexistentes os recursos dirigidos à instância superior, desacompanhados do
respectivo instrumento de procuração, à luz do disposto na Súmula 115 do STJ. Vício não
sanável por juntada posterior de mandato ou substabelecimento, uma vez inaplicável o
disposto no artigo 13 do CPC/73 (vigente à época da interposição do reclamo) na instância
extraordinária. STJ. 4ª T. AgInt nos EDcl no AREsp n. 183.869/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, j.
6/3/18.

E agora, com o CPC/15, como fica a Súmula 115 do STJ? Assim que o CPC/15 foi editado, a
doutrina amplamente majoritária afirmou que o enunciado estaria superado. Nesse sentido foi
aprovado o Enunciado nº 83 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. O STJ, no entanto,
teve uma solução mais interessante para o tema. O STJ afirmou o seguinte: a súmula 115 do STJ
permanece válida, no entanto, agora, mesmo que o recurso tenha sido interposto por advogado
sem procuração nos autos, o Ministro, antes de considerá-lo inexistente, deverá intimar a parte
para apresentar a procuração, nos termos do art. 76 c/c art. 932, parágrafo único:
Art. 76 (...)
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal
regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao
recorrido.

Art. 932 (...)


Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de
5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.

Em outras palavras, não é preciso cancelar a súmula, mas tão somente interpretá-la de acordo
com o art. 76 c/c art. 932, parágrafo único. Assim, a súmula 116 do STJ deve agora ser interpretada
da seguinte maneira: “Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem
procuração nos autos”, desde que a parte, devidamente intimada para regularizar a
representação, não o faça no prazo de 5 dias.

Nesse sentido:
Intimada a regularizar a sua representação processual, nos termos do art. 932, parágrafo
único, do CPC vigente, a parte que deixa de proceder à juntada no prazo de 5 (cinco) dias,
faz incidir ao caso a Súmula 115/STJ. STJ. 3ª T. AgInt no AgInt no AREsp 1053466/MS, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 07/08/2018.

(...) V. Intimada a regularizar a sua representação processual, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC vigente, a parte agravante deixou transcorrer in albis o prazo para
tal. VI. Diante da ausência de correção do vício apontado - apesar de intimada a parte
recorrente para tanto -, incide, no caso, a Súmula 115/STJ. (...) STJ. 2ª T. AgInt no AgInt no
AREsp 1151581/RN, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 28/03/2019.

Súmula 114: OS JUROS COMPENSATÓRIOS, NA DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA, INCIDEM


A PARTIR DA OCUPAÇÃO, CALCULADOS SOBRE O VALOR DA INDENIZAÇÃO,
CORRIGIDO MONETARIAMENTE. (TRF1-2011) (MPRR-2012) (TJPE-2013) (DPERS-2014) (PGERN-2014)
(TJMS-2015) (MPAM-2015) (TJAC-2019)

Súmula 113: OS JUROS COMPENSATÓRIOS, NA DESAPROPRIAÇÃO DIRETA, INCIDEM A


PARTIR DA IMISSÃO NA POSSE, CALCULADOS SOBRE O VALOR DA INDENIZAÇÃO,
CORRIGIDO MONETARIAMENTE. (PFN-2007) (TRF4-2010) (AGU-2010) (MPRR-2012) (MPAM-2015) (TJAC-
2019)

OBS: Importante.

Juros compensatórios na desapropriação: O juiz pode autorizar que, antes de a ação de


desapropriação chegar ao fim, o Poder Público já assuma a posse do bem desapropriado. A isso se
chama de imissão provisória na posse. Ocorre que, se o valor da indenização fixada na sentença
for maior do que a quantia oferecida pelo Poder Público, isso significa que o proprietário do bem
estava certo ao questionar esse valor e que ele foi “injustamente” retirado prematuramente da
posse de seu bem. Digo “injustamente” porque o valor oferecido era menor realmente do que o
preço devido. Assim, a legislação, como forma de compensar essa perda antecipada do bem, prevê
que o expropriante deverá pagar juros compensatórios ao expropriado. Desse modo, os juros
compensatórios na desapropriação são aqueles fixados com o objetivo de compensar o
proprietário em razão da ocorrência de imissão provisória na posse.

Qual é o termo inicial dos juros compensatórios? Na desapropriação direta, os juros


compensatórios são contados desde a data de imissão na posse (Súmula 113-STJ). Na
desapropriação indireta, os juros compensatórios incidem a partir da ocupação, calculados sobre o
valor da indenização, corrigido monetariamente(Súmula 114-STJ).

Percentual de juros compensatórios: O STF declarou inconstitucional o vocábulo “até” utilizado


no art. 15-A do DL 3.365/41:
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou
utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos
em termos reais, incidirão juros compensatórios de ATÉ seis por cento ao ano sobre o valor
da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de
juros compostos. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)

A utilização do termo “até” para a fixação da taxa de juros a ser aplicada nos casos de imissão
provisória na posse cria insegurança jurídica e institui regime de discricionariedade injustificado.
Isso porque não faz sentido a taxa de juros ser variável sem qualquer justificativa lógica. Isso viola
a determinação do texto constitucional de que o expropriado deverá receber justa indenização.

Juros incidem sobre a diferença entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na
sentença: O STF decidiu interpretar conforme a Constituição o caput do art. 15-A do DL 3.365/41
de modo a entender que a base de cálculo dos juros compensatórios será a diferença
eventualmente apurada entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na
sentença. Isso para que não se reste vulnerado o princípio constitucional do prévio e justo preço.

Veja um exemplo para entender melhor o tema: O Estado ajuizou ação de desapropriação contra
João oferecendo R$ 100 mil pelo imóvel. O art. 33, § 2º do DL autoriza que o proprietário, mesmo
que discorde do valor, levante (saque) 80% da quantia oferecida, o que foi feito por João. O juiz
deferiu a imissão provisória na posse. Ao final, após a perícia, o juiz fixou em R$ 300 mil o valor
da indenização a ser paga ao proprietário (valor real do imóvel). Pela interpretação literal do art.
15-A, os 6% de juros compensatórios deveriam incidir sobre a diferença entre o valor fixado na
sentença (300) e o preço ofertado em juízo (100). Assim, os juros compensatórios seriam 6% de 200
(6% de 300-100). Veja a redação do dispositivo:
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou
utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença,
expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano
sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o
cálculo de juros compostos. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)

O STF afirmou que deve ser dada uma interpretação conforme a esse dispositivo. Assim, a taxa de
juros (6%) deve incidir sobre a diferença entre o valor fixado na sentença (300) e 80% do preço
oferecido pelo Poder Público (em nosso exemplo, 80% de 100 = 80). Assim, segundo o STF, os
juros compensatórios seriam 6% de 220 (6% de 300-80). Repare que a determinação do STF protege
o proprietário do bem desapropriado e tem por base o seguinte raciocínio: ora, o proprietário só
poderá levantar 80% do preço oferecido. É esse valor que ele ficará consigo antes de o processo
terminar. Logo, se a sentença afirma que o bem vale mais que isso, significa que ele (proprietário)
ficou durante todo o processo injustamente privado dessa quantia. Dessa forma, os juros
compensatórios devem incidir sobre essa diferença. STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902).

Súmula 112: O DEPÓSITO SOMENTE SUSPENDE a EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO


TRIBUTÁRIO SE FOR INTEGRAL e EM DINHEIRO. (TJTO-2007) (TJPA-2009) (TJCE-2012) (TRF4-2012)
(TJRJ-2013) (DPETO-2013) (TJMT-2014) (PGERN-2014) (TJPE-2015) (DPESP-2015) (TJRS-2016) (TRF3-2016) (PGEMS-
2016) (DPERS-2018) (TRF2-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (PGEGO-2021) (PGM-Florianópolis/SC-2022) (TJSP-
2018/2023) (AGU-2023)
Súmula 111: Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, NÃO INCIDEM sobre as
prestações vencidas após a sentença. (TRF4-2010) (TRF1-2011)

Súmula 110: A ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, NAS AÇÕES


ACIDENTÁRIAS, É RESTRITA AO SEGURADO.

Súmula 109: O RECONHECIMENTO DO DIREITO A INDENIZAÇÃO, POR FALTA DE


MERCADORIA TRANSPORTADA VIA MARÍTIMA, INDEPENDE DE VISTORIA. (TJSP-2014)

Súmula 108: A APLICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS AO ADOLESCENTE, PELA


PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL, É DA COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO JUIZ. (TJGO-2009)
(DPEAL-2009) (DPEPI-2009) (DPESP-2009) (MPMG-2010) (MPGO-2010/2012) (MPPI-2012) (DPEAC-2012) (MPMT-
2014) (MPPA-2014) (TRT3-2014) (TJDFT-2015) (DPERN-2015) (MPPR-2017) (DPERO-2017) (PCGO-2017) (MPBA-
2018) (DPEGO-2021) (TJSC-2022)

OBS: A aplicação de qualquer medida socioeducativa depende de decisão da autoridade


judiciária, ainda que aplicada em cumulação à remissão pré ou processual. A remissão importa na
adoção de um procedimento diferenciado, podendo ser aplicada antes do processo iniciar-se (pré-
processual) ou após já iniciado (processual). Nos dois casos, como visto, pode ser cumulada
medida socioeducativa, desde que não seja semiliberdade ou internação. E, de acordo com a
Súmula, ainda que na remissão pré-processual, oferecida pelo MP, para que seja cumulada
medida socioeducativa, há necessidade de decisão do juiz.

Súmula 107: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR CRIME DE


ESTELIONATO PRATICADO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DAS GUIAS DE RECOLHIMENTO
DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS, QUANDO NÃO OCORRENTE LESÃO A
AUTARQUIA FEDERAL. (MPRR-2008) (PCPB-2009) (TJPA-2012) (TRF4-2012) (TRF5-2017) (PCRS-2018)

Súmula 106: PROPOSTA A AÇÃO NO PRAZO FIXADO PARA O SEU EXERCÍCIO, A DEMORA
NA CITAÇÃO, POR MOTIVOS INERENTES AO MECANISMO DA JUSTIÇA, NÃO JUSTIFICA
O ACOLHIMENTO DA ARGUIÇÃO DE PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA. (MPBA-2010) (TJGO-
2012) (TJPR-2014) (TJDFT-2015) (TJPE-2015) (TJSP-2018) (PGEAP-2018) (DPEBA-2021)

(TJPE-2015-FCC): A respeito da Prescrição e Decadência Tributárias, considere a assertiva a


seguir: Proposta a ação fiscal no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por
motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição
ou decadência. BL: S. 106, STJ.

(MPBA-2010): A demora na realização do ato citatório, por circunstâncias atribuíveis à deficiência


judiciária, não justifica o acolhimento da alegação de prescrição e decadência. BL: S. 106, STJ.

Súmula 105: NA AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA NÃO SE ADMITE CONDENAÇÃO


EM HONORÁRIOS ADVOCATICIOS. (TJMG-2008) (TJGO-2012) (TJRJ-2014) (DPEMG-2014)
(Cartórios/TJDFT-2014) (TRT6-2015) (TRF5-2017) (TJPA-2019) (TJSC-2022) (TJMS-2023)

(TRT6-2015-FCC): NÃO são devidos honorários advocatícios no Mandado de Segurança, ainda


que o impetrante seja vencedor na impetração. BL: S. 105 do STJ e art. 25, Lei 12.016/09.

OBS: Vide art. 25 da Lei 12016/2009.


Art. 25.  Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de
embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios,
sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Súmula 104: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL O PROCESSO E JULGAMENTO DOS CRIMES DE


FALSIFICAÇÃO E USO DE DOCUMENTO FALSO RELATIVO A ESTABELECIMENTO
PARTICULAR DE ENSINO. (PCSC-2008) (TJGO-2009) (MPMT-2014) (Anal. Judic./TRF5-2017)
Súmula 103: INCLUEM-SE ENTRE OS IMÓVEIS FUNCIONAIS QUE PODEM SER VENDIDOS OS
ADMINISTRADOS PELAS FORÇAS ARMADAS E OCUPADOS PELOS SERVIDORES CIVIS.

Súmula 102: A INCIDÊNCIA DOS JUROS MORATÓRIOS SOBRE OS COMPENSATÓRIOS, NAS


AÇÕES EXPROPRIATÓRIAS, NÃO CONSTITUI ANATOCISMO VEDADO EM LEI.

Súmula 101: A AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DO SEGURADO EM GRUPO CONTRA A


SEGURADORA PRESCREVE EM UM ANO. (TRF5-2009) (TJSC-2010) (DPEES-2012) (TJSP-2013)

Súmula 100: E DEVIDO O ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA


MERCANTE NA IMPORTAÇÃO SOB O REGIME DE BENEFICIOS FISCAIS A EXPORTAÇÃO
(BEFIEX). (SUPERADA)

Súmula 99: O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM LEGITIMIDADE PARA RECORRER NO


PROCESSO EM QUE OFICIOU COMO FISCAL DA LEI, AINDA QUE NÃO HAJA RECURSO DA
PARTE. (TJSE-2008) (MPCE-2009) (MPSC-2010) (TJRO-2011) (MPAP-2012) (MPPI-2012) (TRT3-2013) (MPT-2013)
(Cartórios/TJES-2013) (MPGO-2014) (MPMS-2015) (MPSP-2015) (MPRO-2010/2017) (MPMT-2019)

Súmula 98: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO MANIFESTADOS COM NOTÓRIO PROPÓSITO


DE PREQUESTIONAMENTO NÃO TEM CARATER PROTELATÓRIO. (MPSP-2010) (PGEAC-2012)
(Cartórios/TJRJ-2012) (MPGO-2014) (TRF4-2014) (DPESP-2015)

OBS: Atenção.

Existe uma exceção a essa Súmula: se a parte opuser embargos contra acórdão que esteja em
conformidade com Súmula do STJ ou STF ou, ainda, com precedente julgado pelo rito dos
recursos repetitivos ou repercussão geral, esses embargos serão considerados protelatórios mesmo
que tenham sido interpostos com objetivo de prequestionamento. Nesse sentido: STJ.2° Seção.
REsp 1.410.839-SC, Rei. Min. Sidnei Beneti, j. 14/5/14 (recurso repetitivo) (Info 541).

Súmula 97: COMPETE A JUSTIÇA DO TRABALHO PROCESSAR E JULGAR RECLAMAÇÃO DE


SERVIDOR PÚBLICO RELATIVAMENTE A VANTAGENS TRABALHISTAS ANTERIORES A
INSTITUIÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO. (TJPE-2015)

Súmula 96: O CRIME DE EXTORSÃO CONSUMA-SE INDEPENDENTEMENTE DA


OBTENÇÃO DA VANTAGEM INDEVIDA. (MPF-2005) (PCPR-2007) (TJDFT-2008) (PCES-2011) (MPSP-
2008/2012) (MPAL-2012) (MPPR-2012) (MPRR-2012) (DPEES-2012) (TJPE-2013) (DPEAM-2013) (Cartórios/TJPI-2013)
(TRT5-2013) (TRT14-2013) (MPMT-2008/2014) (MPAC-2014) (MPPA-2014) (DPECE-2014) (MPBA-2010/2015) (TJDFT-
2014/2015) (TJGO-2015) (TJMS-2015) (TRT15-2015) (PCPA-2016) (PCPE-2016) (TJPR-2010/2017) (DPEPR-2017) (TRF2-
2017) (PCAP-2017) (PCPI-2009/2018) (MPMS-2011/2018) (Cartórios/TJMG-2018) (PCGO-2018) (TJAL-2019) (MPMG-
2019/2021) (PCMS-2021) (TJMG-2005/2022) (TJSC-2013/2015/2022) (TJRS-2022) (DPEPA-2022)

OBS: Importante. Para fins de consumação não importa se o agente consegue ou não obter a
vantagem indevida. Essa obtenção da vantagem constitui mero exaurimento, que só interessa para
a fixação da pena.

(TJMG-2022-FGV): Acerca dos crimes contra o patrimônio, com base nas disposições legais, e na
jurisprudência atualizada do STJ, assinale a alternativa correta: O crime de extorsão é
plurissubsistente e se consuma independentemente da obtenção da vantagem indevida. BL: art.
158, CP e S. 96, STJ.

#Atenção: #PCPR-2007: #PCES-2011: #MPPR-2012: #MPRR-2012: #MPDFT-2013: #TRT5-2013:


#Cartórios/TJPI-2013: #TRT14-2013: #MPAC-2014: #MPMT-2014: #MPBA-2010/2015: #DPEMT-
2016: #PCPA-2016: #PCPE-2016: #TRF2-2017: #PCAP-2017: #Cartórios/TJMG-2018: #MPMG-
2021: #TJSC-2013/2015/2022: #TJRS-2022: #DPEPA-2022: #CESPE: #Consulplan: #Faurgs: #FCC:
#FGV: #UFMT: A doutrina é divergente quando trata do momento consumativo do delito. Para a
maioria dos doutrinadores, o crime é formal (ou de consumação antecipada), perfazendo-se no
momento em que o agente emprega os meios aptos a constranger a vítima a lhe proporcionar
indevida vantagem econômica (o enriquecimento indevido constitui mero exaurimento, a ser
considerado na fixação da pena). (...) Vale ressaltar que o STJ, ao editar a súmula 96, dirimiu a
questão, como se pode observar: 'O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da
vantagem indevida'”. Além disso, cumpre ressaltar que o crime de extorsão admite tentativa. Em
que pese seu aspecto formal, a extorsão, via de regra, é um crime plurissubsistente, ou seja, a
conduta poderá ser fracionada em diversos atos, motivo pela qual sua execução pode ser
impedida por circunstâncias alheias à vontade do agente. Entretanto, cumpre destacar um ponto
importante: Se a extorsão se consuma quando a vítima, depois de atacada pela violência ou grave
ameaça, realiza o comportamento desejado pelo extorsionário, apenas será correto falar na
tentativa na hipótese em que a vítima, devidamente constrangida pela violência física ou moral,
não efetuar a conduta comissiva ou omissiva determinada pelo criminoso, por circunstâncias
alheias à sua vontade. Nesse contexto, é possível individualizar três estágios distintos no iter
criminis da extorsão. São eles: i) Tentativa: Constrangimento, mediante emprego de violência ou
grave ameaça, para obtenção de indevida vantagem econômica.; ii) Consumação: Realização, pela
vítima, do comportamento determinado pelo extorsionário.; e iii) Exaurimento: Obtenção da
indevida vantagem econômica. Por fim, cumpre ressaltar que a tentativa de extorsão depende da
idoneidade do meio de execução empregado pelo agente para constranger a vítima, de modo a
forçá-la a efetuar o comportamento por ele desejado. Caso o meio utilizado seja inidôneo, ou seja,
absolutamente ineficaz, não haverá tentativa de extorsão, mas crime impossível, nos termos do art.
17 do CP.

(DPEPA-2022-CESPE): É considerado(a) como crime formal a extorsão simples. BL: art. 158, CP e
S. 96, STJ.

(MPMS-2018): Considere que um determinado indivíduo, recolhido e cumprindo pena no


presídio da cidade de Naviraí/MS, valendo-se de celular que ingressou indevidamente naquele
presídio, efetue ligações para alguém que esteja em Maracaju/MS, exigindo o pagamento de
vantagem indevida, sob pena de causar mal a um filho adolescente que estuda em Campo
Grande/MS. A vítima, acreditando que seu filho poderia ser morto, deixa a cidade de
Maracaju/MS, desloca-se para Dourados/MS e saca importância em dinheiro na agência bancária
dessa cidade, operando, em seguida, na cidade de Fátima do Sul/MS, a entrega da quantia a um
comparsa do presidiário. O foro competente para processar e julgar o delito é: Maracaju. BL: art.
70, CPP c/c art. 158, CP c/c Súmula 96 do STJ e Jurisprud. do STJ.

#Atenção: O caso em tela refere-se ao crime de extorsão (falso sequestro cometido pelo telefone),
previsto no art. 158 do CP, onde um indivíduo, recolhido e cumprindo pena em um presídio da
cidade de Naviraí/MS efetua ligações telefônicas e, mediante grave ameaça de matar o filho da
vítima, exige o pagamento de vantagem indevida de uma vítima que está na cidade de Maracaju.
O delito é formal, consumando-se com o constrangimento (com a conduta da vítima no sentido de
fazer ou deixar de fazer algo), dispensando a obtenção da indevida vantagem econômica. A
obtenção da vantagem econômica é mero exaurimento. É a conclusão que se extrai do teor da
Súmula 96 do STJ63, de modo que a competência será determinada pelo local em que se consumou
a infração, nos termos do 70 do CPP. No caso concreto, o crime se consumou (resultado) na cidade
de Maracaju/MS, sendo o foro competente para julgar o crime o foro desta cidade. Para melhor
compreensão colaciona-se o seguinte trecho de julgado de um caso semelhante julgado pelo STJ:
“(...) 2. O núcleo da controvérsia consiste em saber se a competência para apurar suposta conduta
criminosa de comunicação por telefone de falso sequestro com exigência de resgate por meio de
sucessivos depósitos bancários seria do Juízo do local onde a vítima teria sofrido a ameaça por
telefone e depositado as quantias exigidas; ou o Juízo do local onde está situada a agência
bancária da conta beneficiária do valor extorquido. 3. Nos termos do art. 70 do CPP - CPP, "a
competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa,
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução". Diante disso, para solução da controvérsia sobre a
competência é imprescindível identificar o delito em tese praticado, levando-se em consideração os fatos
apurados no inquérito policial. 4. Conforme jurisprudência do STJ, a conduta de simulação de sequestro com
o objetivo de ameaçar a vítima amolda-se ao delito de extorsão tipificado no art. 158 do CP. Isso porque, no
crime de extorsão, a vítima entrega seus bens com medo de o agente cumprir suas ameaças, ao passo que, no
estelionato, a vítima sofre o prejuízo por ser induzida a erro, mediante meio ardiloso e sem ameaças.
63
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida.
Precedentes: CC 129.275/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, 3ª S., DJe 3/2/14 e CC 115.006/RJ, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, 3ª S., DJe 21/3/11) 5. No caso concreto, constata-se que o agente praticou ameaças,
as quais aterrorizaram a vítima que temeu pela morte de sua filha. Nesse contexto, configurada a prática, em
tese, do delito de extorsão, incide na espécie a Súmula 96 do STJ. (...) 6. Destarte, o crime em análise se
consumou no município de Santo Antônio das Missões - RS, onde a vítima se encontrava no
momento em que sofreu a primeira ameaça e realizou o primeiro depósito, de forma que o
recebimento da vantagem indevida pelo meliante, em agência bancária situada no Rio de Janeiro,
caracteriza mero exaurimento do delito. 7. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de
Direito da Vara de Santo Antônio da Missões - RS, o suscitado.” (STJ. 3ª S. CC 163.854/RJ, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, j. 28/08/19).

(TJGO-2015-FCC): Segundo entendimento sumulado do STJ, os crimes de extorsão e de corrupção


de menores são de natureza formal. BL: Súmulas 96 e 500 do STJ.

Súmula 95: A REDUÇÃO DA ALÍQUOTA DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS


INDUSTRIALIZADOS OU DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NÃO IMPLICA REDUÇÃO DO
ICMS. (PGEAP-2018)

Súmula 94: A PARCELA RELATIVA AO ICMS INCLUI-SE NA BASE DE CALCULO DO


FINSOCIAL. (CANCELADA)

OBS: Segundo decidiu o STF, o valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de
cálculo do PIS/PASEP e COFINS:
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de
cálculo para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017
(repercussão geral) (Info 857).

Súmula 93: A LEGISLAÇÃO SOBRE CÉDULAS DE CRÉDITO RURAL, COMERCIAL E


INDUSTRIAL ADMITE O PACTO DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. (TJRO-2011) (MPRR-2012)
(PGEPA-2015) (TJPR-2019)

(PGERS-2015-Fundatec): Cabe a capitalização de juros em contratos de financiamento rural. BL: S.


93, STJ.

(Cartórios/TJDFT-2014-CESPE): Assinale a opção correta relativamente aos títulos de crédito: A


jurisprudência do STJ admite que, nas cédulas de crédito rural, comercial e industrial, seja
pactuada a capitalização de juros. BL: S. 93, STJ.

(TJSP-2011-VUNESP): Emitida cédula de crédito comercial representativa de uma dívida, sua


inadimplência poderá redundar, caso mencionada a circunstância no documento, na aplicação de
juros capitalizados mensalmente. BL: S. 93, STJ.

#Atenção:
• Nas cédulas de crédito rural, industrial e comercial, a legislação autoriza a capitalização
semestral dos juros (autorização ex lege), não dependendo de pactuação expressa.
• O art. 5º do DL 167/67 autoriza que a capitalização seja inferior à semestral, sendo, nesse caso,
necessária a pactuação expressa.
• A capitalização dos juros nas cédulas de crédito rural pode ser, inclusive, em periodicidade
mensal, desde que pactuada no contrato.
• A capitalização dos juros nas cédulas de crédito rural é regida pelo DL 167/67, não sendo a ela
aplicável o art. 4º do Decreto 22.626/1933 (Lei de Usura) nem a MP 1.963-17/2000 (2.170-36/2001).
STJ. 2ª Seção. REsp 1333977-MT, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 26/2/14 (recurso repetitivo)
(Info 537).

Súmula 92: A TERCEIRO DE BOA-FÉ NÃO É OPONÍVEL A ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA NÃO


ANOTADA NO CERTIFICADO DE REGISTRO DO VEICULO AUTOMOTOR. (MPSP-2006)
(Cartórios/TJDFT-2014) (TRT1-2014) (TJDFT-2015) (TRF5-2017) (PGM-Recife/PE-2022)
Súmula 91: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR OS CRIMES PRATICADOS
CONTRA A FAUNA. CANCELADA (OBS: atualmente, tais delitos, em regra, são de competência
da Justiça Estadual).

Súmula 90: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL MILITAR PROCESSAR E JULGAR O POLICIAL


MILITAR PELA PRÁTICA DO CRIME MILITAR, E A COMUM PELA PRÁTICA DO CRIME
COMUM SIMULTANEO AQUELE. (SUPERADA)

OBS: Superada.

Prevalece que a súmula foi superada pela Lei 13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM.
Código Penal Militar
Redação original Redação dada pela Lei nº 13.491/2017
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em Art. 9º Consideram-se crimes militares, em
tempo de paz: tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código, embora II - os crimes previstos neste Código e os
também o sejam com igual definição na lei penal previstos na legislação penal, quando praticados:
comum, quando praticados:

O que significa essa mudança?


• Antes da Lei: para se enquadrar como crime militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta
praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar.
• Agora: a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º,
pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.

Assim, antes da alteração, se o policial, em serviço, cometesse violação de domicílio e abuso de


autoridade, o primeiro delito seria julgado pela Justiça Militar (porque a violação de domicílio está
prevista no CPM) e o segundo crime seria julgado pela Justiça Comum (considerando que o abuso
de autoridade não está tipificado no CPM). Isso, contudo, mudou com a nova redação dada pela
Lei nº 13.491/2017 ao art. 9º, II, do CPM.

Com a mudança, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do
art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.

Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não estando previsto no CPM, mas sim na Lei nº
4.898/65, pode agora ser crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM
(com a nova redação dada pela Lei nº 13.491/2017). Logo, não há mais necessidade de
desmembramento, tal qual preconizava a súmula 90 do STJ.

Súmula 89: A AÇÃO ACIDENTÁRIA PRESCINDE DO EXAURIMENTO DA VIA


ADMINISTRATIVA. (TRF3-2011) (PCAC-2017) (Proc.-São Bernardo do Campo/SP-2018)

Súmula 88: SÃO ADMISSIVEIS EMBARGOS INFRINGENTES EM PROCESSO FALIMENTAR.


(SUPERADA)

Súmula 87: A ISENÇÃO DO ICMS RELATIVA A RAÇÕES BALANCEADAS PARA ANIMAIS


ABRANGE O CONCENTRADO E O SUPLEMENTO. (SUPERADA)

Súmula 86: CABE RECURSO ESPECIAL CONTRA ACÓRDÃO PROFERIDO NO


JULGAMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. (PGEAC-2012) (Cartórios/TJPE-2013) (DPEPE-2015)
(TRT2-2016)

Súmula 85: NAS RELAÇÕES JURÍDICAS DE TRATO SUCESSIVO EM QUE A FAZENDA


PÚBLICA FIGURE COMO DEVEDORA, QUANDO NÃO TIVER SIDO NEGADO O PRÓPRIO
DIREITO RECLAMADO, A PRESCRIÇÃO ATINGE APENAS AS PRESTAÇÕES VENCIDAS
ANTES DO QUINQUÊNIO ANTERIOR A PROPOSITURA DA AÇÃO. (TJMT-2009) (MPDFT-2009)
(MPRO-2010) (TRF2-2013) (PGERN-2014) (DPU-2007/2015) (PGEPR-2015) (PGESE-2017) (TJPA-2019) (TJMG-
2008/2022)

(TRF2-2013-CESPE): Com relação às regras de prescrição em favor da fazenda pública, assinale a


opção correta à luz do Código Civil e da jurisprudência do STJ: Nas relações de trato sucessivo em
que a fazenda pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito
reclamado, a prescrição atingirá apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à
propositura da ação. Segundo o STJ, todavia, esse entendimento não é aplicável na hipótese de lei
de efeitos concretos cuja vigência acarrete lesão ou modificação do status do suposto titular do
direito, haja vista que, nesse caso, o prazo prescricional é contado da data da publicação da lei. BL:
S. 85, STJ e Entend. Jurisprud.

#Atenção: #STJ: #TRF2-2013: #CESPE: Nas relações de trato sucessivo em que a fazenda pública
figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição
atingirá apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.
Segundo o STJ, todavia, esse entendimento não é aplicável na hipótese de lei de efeitos concretos
cuja vigência acarrete lesão ou modificação do status do suposto titular do direito, haja vista que,
nesse caso, o prazo prescricional é contado da data da publicação da lei. Portanto, se a suposta
violação de um direito derivar de um ato único de efeitos concretos - e. g. a lei - o prazo
prescrional é contado da sua publicação, assim considerada como momento do surgimento da
pretensão jurídica, em razão da teoria da "actio nata". Nesse sentido: “ADMINISTRATIVO.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. REAJUSTE PREVISTO EM LEI MUNICIPAL.
ATO DE EFEITOS CONCRETOS. PRESCRIÇÃO.OCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA ACTIO NATA.
INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 85/STJ. 1. É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça no sentido de que, segundo o princípio da actio nata, em se tratando de ação proposta
contra ato único de efeitos concretos (Lei Municipal 11.722/1995) que estabeleceu que não seria
concedido reajustes aos servidores caso as despesas com pessoal e respectivos encargos
ultrapassassem 40% da média das receitas correntes, importando na negativa do direito pleiteado
pelas partes recorrentes. 2. Não há falar em relação de trato sucessivo que se renova mês a mês, de
forma que, ultrapassados mais de 5 (cinco) anos do ato impugnado, ocorre a prescrição do próprio fundo de
direito. 3. Agravo regimental não provido”. STJ. 1ª T., AgRg no REsp 1237607/SP, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, j. 10/05/11. (...) “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDORA PÚBLICA
MUNICIPAL APOSENTADA. MAGISTÉRIO. AUMENTO CONCEDIDO PELA LEI MUNICIPAL
Nº 1.681/90 E EXTINTO PELA LEI MUNICIPAL Nº 2.778/97. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO FUNDAMENTADA. PRESCRIÇÃO. ANÁLISE DE DIREITO
LOCAL. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 62 E 67, I, DA LEI 9.394/96 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO - FALTA DE PREQUESTIONAMENTO EMBORA OPOSTOS EMBARGOS
DECLARATÓRIOS. SÚMULA 211/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. (...) A
jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça orienta no sentido de que a ocorrência de
supressão de vantagem remuneratória por ato normativo de efeitos concretos, a contagem do
prazo prescricional inicia-se a partir da sua publicação. Em casos que tais, não incide, portanto, o
disposto na Súmula 85/STJ vez que não há que se falar em relação de trato sucessivo na espécie.
(...) 3. No caso em concreto, consignou o Tribunal a quo que houve a supressão de vantagem pecuniária com
a revogação do art. 10 da Lei municipal nº 1681/90 pelo art. 11 da Lei local 2.778/97, sendo que a demanda
somente foi proposta aproximadamente dez anos após o referido ato de efeito concreto (...)”. STJ. 2ª T., AgRg
no AREsp 174.685/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell, j. 26/06/12.

(TJMG-2008): Quando se está diante de relações jurídicas de trato sucessivo, as prestações devidas
pela Fazenda Pública, omissa na apreciação do requerimento administrativo, prescrevem no
quinquênio anterior à propositura da ação. BL: S. 85, STJ.

#Atenção: #STJ: #TJPA-2019: #CESPE: De acordo com o STJ, Em se tratando de relação de trato
sucessivo e de natureza alimentar, a prescrição atinge apenas as parcelas vencidas antes do
quinquênio anterior à propositura da ação, nos termos de sua Súmula 85: “Nas relações jurídicas de
trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio
direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à
propositura da ação” (REsp nº 1.589.867/SE, DJe 04/07/2017).

Súmula 84: É ADMISSÍVEL A OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO FUNDADOS EM


ALEGAÇÃO DE POSSE ADVINDA DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE
IMOVEL, AINDA QUE DESPROVIDO DO REGISTRO. (TJDFT-2011) (MPMS-2011) (TJAC-2012) (TJMS-
2012) (TJPI-2012) (DPEPR-2012) (PGESP-2012) (DPESP-2013) (TJSP-2014) (TRT23-2014) (TRF5-2015) (DPEAL-2017)
(Cartórios/TJAL-2019) (PGEMS-2021)
OBS: Importante.

“O celebrante de promessa de compra e venda tem legitimidade para proteger a posse contra
penhora incidente sobre o imóvel objeto do negócio jurídico, ainda que desprovido de registro,
desde que afastadas a má-fé e a hipótese de fraude à execução”. (STJ AgRg no AREsp 172.704/DF,
julgado em 19/11/2013).

Vale ressaltar que os órgãos da advocacia pública federal não oferecem impugnação nem recorrem
em tais casos, desde que não caracterizada a má-fé dos contratantes e o intuito de fraude à
execução (IN AGU 05/2007).

#Atenção: #STJ: #DOD: É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação


de posse advinda do compromisso de compra e venda, ainda que desprovido de registro, de imóvel
adquirido na planta que se encontra em fase de construção: O STJ possui enunciado afirmando
que: “é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do
compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro” (Súmula 84-STJ).
Esse entendimento se aplica mesmo que o imóvel, adquirido na planta, ainda esteja em fase de
construção. Assim, a Súmula 84 do STJ pode ser aplicada mesmo quando ainda não houve a
entrega das chaves ao promitente comprador. STJ. 3ª T. REsp 1861025/DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 12/05/20 (Info 672).

(DPEAL-2017-CESPE): De acordo com o que dispõe o CPC sobre os procedimentos especiais, é


admissível a oposição de embargos de terceiro quando tais embargos forem fundados em alegação
de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de
registro. BL: S. 84, STJ.

(TRF5-2015-CESPE): O STJ entende ser admissível a oposição de embargos de terceiros fundados


em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que sem
registro. BL: S. 84, STJ.

Súmula 83: NÃO SE CONHECE DO RECURSO ESPECIAL PELA DIVERGÊNCIA, QUANDO A


ORIENTAÇÃO DO TRIBUNAL SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO DA DECISÃO RECORRIDA .
(DPEPR-2012) (TRF3-2013) (PGEPR-2015)

Súmula 82: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL, EXCLUÍDAS AS RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS,


PROCESSAR E JULGAR OS FEITOS RELATIVOS A MOVIMENTAÇÃO DO FGTS.

OBS: Cuidado para não confundir com a orientação dada pela Súmula 161, STJ: “É da competência
da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência
do falecimento do titular da conta”.

Súmula 81: NÃO SE CONCEDE FIANÇA QUANDO, EM CONCURSO MATERIAL, A SOMA DAS
PENAS MINIMAS COMINADAS FOR SUPERIOR A DOIS ANOS DE RECLUSÃO. (SUPERADA,
por força da Lei 12.403/2001, que alterou os arts. 323 e 324 do CPP).

Súmula 80: A TAXA DE MELHORAMENTO DOS PORTOS NÃO SE INCLUI NA BASE DE


CALCULO DO ICMS. (SUPERADA)

Súmula 79: OS BANCOS COMERCIAIS NÃO ESTÃO SUJEITOS AO REGISTRO NOS


CONSELHOS REGIONAIS DE ECONOMIA.

Súmula 78: COMPETE A JUSTIÇA MILITAR PROCESSAR E JULGAR POLICIAL DE


CORPORAÇÃO ESTADUAL, AINDA QUE O DELITO TENHA SIDO PRATICADO EM OUTRA
UNIDADE FEDERATIVA. (TJMG-2022)

#Atenção: #TJMG-2022: #FGV: De acordo com a Súmula 78 do STJ, que, apesar de antiga, ainda
está válida, compete à Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que
o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa. Desta feita, a competência de
julgamento é da unidade da federação de origem do autor do crime, ainda que o lugar da infração
tenha sido diverso, excepcionando o que dispõe o art. 85, inciso I, a, do Código de Processo Penal
Militar, que determina que a competência é firmada pelo lugar da infração. Acerca do tema,
Vejamos o seguinte julgado do STJ: “EMENTA. Competência. Crime militar. Policial militar.
Competente para o processo e julgamento é a Justiça Militar do Estado a que pertence a corporação do
policial militar, mesmo que o crime haja sido cometido no território de outra unidade federativa. STJ. 3ª S.,
CC 1.215/MG, Min. Rel. Paulo Costa Leite, j. 7/6/1999.”

Súmula 77: A CAIXA ECONOMICA FEDERAL E PARTE ILEGÍTIMA PARA FIGURAR NO POLO
PASSIVO DAS AÇÕES RELATIVAS AS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUNDO PIS/PASEP.

Súmula 76: A FALTA DE REGISTRO DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMOVEL


NÃO DISPENSA A PRÉVIA INTERPELAÇÃO PARA CONSTITUIR EM MORA O DEVEDOR .
(Cartórios/TJBA-2013)

Súmula 75: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR O POLICIAL


MILITAR POR CRIME DE PROMOVER OU FACILITAR A FUGA DE PRESO DE
ESTABELECIMENTO PENAL. (SUPERADA)

OBS: Superada.

Se o policial militar promove ou facilita a fuga de preso por qual crime ele responde? Depende:
 Se o preso estava recolhido em quartel da corporação ou outro local sujeito à
administração militar: trata-se do crime previsto no art. 178 do CPM. Neste caso, a
competência é da Justiça Militar.
 Se o preso estava recolhido em estabelecimento penal comum: a conduta amolda-se ao
art. 351 do CP. Neste caso, a Súmula 75 dizia que a competência era da Justiça Comum
Estadual.

A súmula 75 do STJ continua válida? NÃO. A súmula foi superada pela Lei 13.491/17, que
alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração, para se enquadrar como crime militar com base
no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como
crime no Código Penal Militar. Como o art. 351 estava previsto no Código Penal comum,
entendia-se que a competência para julgá-lo era da Justiça Comum.

O que fez a Lei nº 13.491/2017: disse que a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar
com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação
penal “comum”. Dessa forma, a conduta descrita no art. 351, mesmo estando prevista no Código
Penal comum, pode agora ser considerado crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base
no art. 9º, II, do CPM.

Súmula 74: PARA EFEITOS PENAIS, O RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO RÉU


REQUER PROVA POR DOCUMENTO HÁBIL. (MPSP-2005) (DPEMS-2008) (DPEPI-2009) (MPGO-2012)
(TJPR-2013) (DPESP-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (TJAP-2014) (TJDFT-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (PCCE-2015)
(DPEAM-2018) (DPEGO-2021)

OBS: Válida. O documento hábil ao qual a súmula faz referência não se restringe â certidão de
nascimento. Outros documentos, dotados de fé pública e, portanto, igualmente hábeis para
comprovar a menoridade, também podem atestar a referida situação jurídica, como, por exemplo,
a identificação realizada pela polícia civil (HC 134.640/DF, j. 06/08/2013).

(PCCE-2015-VUNESP): Em matéria de prova, vige no processo penal o livre convencimento


motivado. Todavia, o STJ fixou entendimento (súmula 74) estabelecendo que o reconhecimento da
menoridade do acusado requer prova por documento hábil. BL: S. 74, STJ.

Súmula 73: A UTILIZAÇÃO DE PAPEL MOEDA GROSSEIRAMENTE FALSIFICADO


CONFIGURA, EM TESE, O CRIME DE ESTELIONATO, DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
ESTADUAL. (MPSP-2005) (TJTO-2007) (TJPA-2009) (PCRN-2009) (AGU-2009) (TRF4-2012) (Anal. Judic./TRF5-
2012) (TJPE-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (MPMT-2008/2014) (Cartórios/TJMT-2014) (MPF-2015) (TRT6-2015) (MPMS-
2018) (TCEMG-2018) (TCERO-2019)

OBS: Importante. Para a configuração do crime de moeda falsa, previsto no art. 289, caput e § 1°,
da CP, é necessário que se evidencie a chamada imitatio veri, ou seja, é preciso que a falsidade seja
apta a enganar terceiros, dada a semelhança da cédula falsa com a verdadeira. Se ficar constatada
pela perícia que a falsificação das cédulas contrafeitas poderia iludir o homem comum, como de
fato ocorreu, verifica-se, em princípio, a configuração do referido crime, cuja competência é da
Justiça Federal (CC 117-751/PR, j. em 28/03/2012).

 Se a falsificação não é grosseira: o crime é de moeda falsa (art. 289 do CP), de


competência da Justiça Federal.

 Se a falsificação é grosseira: o crime pode ser o de estelionato (art. 171 do CP), de


competência, em regra, da Justiça Estadual.

(TRF2-2017): João falsificou cédulas de R$100,00, para o fim de utilizá-las na aquisição de


computador pertencente a Fritz, alemão que passava férias no Brasil. Após vender o bem, Fritz foi
preso em flagrante quando, sem perceber o engodo de que fora vitima, tentou pagar conta de
restaurante com uma das cédulas recebidas. A falsificação era grosseira (fato depois atestado por
laudo pericial) e foi facilmente detectada. Assinale a opção correta: João deve responder pelo
delito de estelionato. BL: S. 73, STJ.

(TJPB-2015-CESPE): Gustavo, funcionário público estadual, com o objetivo de obter vantagem


patrimonial ilícita para si, utilizou papel-moeda grosseiramente falsificado para efetuar
pagamento de compras de alto valor em um supermercado. Em face dessa situação hipotética,
assinale a opção correspondente à figura típica do delito praticado por Gustavo: estelionato. BL: S.
73, STJ.

(MPAL-2012-FCC): Segundo entendimento sumulado do STJ, a utilização de papel moeda


grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça
Estadual. BL: S. 73, STJ.

Súmula 72: A COMPROVAÇÃO DA MORA É IMPRESCINDÍVEL À BUSCA E APREENSÃO DO


BEM ALIENADO FIDUCIARIAMENTE. (Cartórios/TJSP-2012) (TJRN-2013) (TJCE-2014) (DPEPE-2015)
(TJSP-2017) (Cartórios/TJDFT-2019) (TJGO-2021)

OBS: O credor pode demonstrar a mora do devedor por meio de carta registrada com aviso de
recebimento. Não mais se exige que a carta registrada seja expedida pelo Cartório de Título e
Documentos. É dispensável que haja o protesto do título.

(TJSP-2017-VUNESP): Na alienação fiduciária em garantia, regida pelo Decreto-lei n° 911/1969, a


mora se configura com o vencimento da obrigação, mas a busca e apreensão do bem está
condicionada à prévia notificação do devedor. BL: art. 2º, §2º, Dec.-Lei 911/69 e S. 72, STJ e
julgado do STJ.

#Atenção: Conforme entendimento do STJ, para a busca e apreensão nos contratos de alienação
fiduciária, imperiosa a comprovação da mora por meio da notificação extrajudicial do devedor,
realizada por intermédio de carta registrada, enviada por Cartório de Títulos e Documentos, e
entregue no domicílio do devedor, dispensando-se a notificação pessoal. Precedentes. Para a
comprovação da mora é imprescindível que a notificação extrajudicial seja encaminhada ao
endereço do devedor, ainda que seja dispensável a notificação pessoal. Precedentes. (STJ, 3ª
Turma, AgInt no AREsp 894433-MS, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, j. 06/06/17).

#Atenção: #Comentário site Qconcursos: #Parêntese: Alienção Fiduciária: #DL 911/69: É uma
situação curiosa: a mora é ex re (aplicando-se a regra do dies interpellat pro homine - art. 397, CC),
mas exige-se a interpelação do devedor, algo que é típico de mora ex persona (art. 397, parágrafo
único, CC). A Súmula 72 do STJ deu solução eclética: afirma que a mora é ex re, mas, por outro
lado, exige a interpelação do devedor como requisito documental probatório para a ação de busca
e apreensão. Havendo o inadimplemento (decorrente do simples vencimento do prazo para
pagamento), HÁ MORA (mora ex re). Mas é necessário que ela seja comprovada para que seja
concedida a liminar na ação de busca e apreensão (súmula 72), o que pode ser feito por carta AR
(inovação da lei 13.043/14).

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. nº 16: Tese 03: Na ação de busca e apreensão a
comprovação da mora pode ser analisada de ofício. STJ. 4ª T., EDcl no REsp 1203163/RS, Rel. Min.
Raul Araújo, j. 15/08/13.

Súmula 71: O BACALHAU IMPORTADO DE PAIS SIGNATARIO DO GATT E ISENTO DO ICM .


(SUPERADA)

Súmula 70: OS JUROS MORATÓRIOS, NA DESAPROPRIAÇÃO DIRETA OU INDIRETA,


CONTAM-SE DESDE O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. (SUPERADA, EM PARTE)
(MPRO-2008) (Cartórios/TJBA-2013) (DPERS-2014) (PGERN-2014)

#Atenção: Se a ação de desapropriação for proposta por uma pessoa jurídica de direito público :
não se aplica a Súmula 70 do STJ. Isso porque após o trânsito em julgado o valor fixado na
sentença será inscrito como precatório e o art. 100 da CF confere um prazo mínimo para ele ser
pago. A CF afirma que, uma vez inscrito até 1º de julho de um ano, o precatório deverá ser pago
até o final do ano seguinte. Logo, enquanto estiver dentro deste prazo conferido pela CF, não há
que se falar em mora (não sendo devidos os juros de mora). Assim, se a ação foi proposta por
pessoa jurídica de direito público, os juros moratórios serão contados a partir de 1º de janeiro do
exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser efetuado, nos termos do art. 100 da CF.
Aplica-se aqui a regra prevista no art. 15-B do Dec-lei 3.365/41 (incluído pela MP 1577/97).

#Atenção: Se a ação de desapropriação for proposta por pessoa jurídica de direito privado
(empresas públicas, sociedades de economia mista, concessionárias, etc): aplica-se a Súmula 70
do STJ e o termo inicial dos juros moratórios será o trânsito em julgado da sentença. Isso porque as
entidades privadas não gozam dessa regra especial de pagamento por meio de precatórios.

Súmula 69: NA DESAPROPRIAÇÃO DIRETA, OS JUROS COMPENSATÓRIOS SÃO DEVIDOS


DESDE A ANTECIPADA IMISSÃO NA POSSE E, NA DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA, A
PARTIR DA EFETIVA OCUPAÇÃO DO IMOVEL. (PFN-2007) (PGEPI-2008) (TRF5-2009) (MPF-2011)
(MPRR-2012) (TRF2-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (DPERS-2014) (PGERN-2014) (AGU-2010/2015) (MPAM-2015)
(DPU-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (TJAC-2019)

(TJAC-2019-VUNESP): Assinale a alternativa correta a respeito do processo judicial de


desapropriação: Os juros compensatórios são devidos, na desapropriação direta, desde a imissão
antecipada na posse e, na indireta, da efetiva ocupação do imóvel. BL: S 69, STJ.

#Atenção: No mesmo sentido, vejamos o teor das Súmula 113 e 114 do STJ: ” 113 - Os juros
compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da
indenização, corrigido monetariamente.” (...) “114 - Os juros compensatórios, na desapropriação indireta,
incidem a partir da ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.”

Súmula 68: A PARCELA RELATIVA AO ICM INCLUI-SE NA BASE DE CALCULO DO PIS.


(CANCELADA)

OBS: Segundo decidiu o STF, o valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de
cálculo do PIS/PASEP e COFINS:
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de
cálculo para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 15/3/17 (repercussão geral)
(Info 857).

Súmula 67: NA DESAPROPRIAÇÃO, CABE A ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA, AINDA QUE


POR MAIS DE UMA VEZ, INDEPENDENTE DO DECURSO DE PRAZO SUPERIOR A UM
ANO ENTRE O CÁLCULO E O EFETIVO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO. (TJMS-2015)
Súmula 66: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR EXECUÇÃO FISCAL
PROMOVIDA POR CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. (TRF1-2011/2015) (Proc.-São
Bernardo do Campo/SP-2018) (PGEPB-2008/2021)

OBS: Os Conselhos de Fiscalização Profissional (exs: CREA, CRM, COREN, CRO, CRC etc.) são
classificados juridicamente corno "autarquias federais”. Em virtude disso, as demandas que os
envolvam são de competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF.

Súmula 65: O CANCELAMENTO, PREVISTO NO ART. 29 DO DECRETO-LEI 2.303, DE 21.11.86,


NÃO ALCANÇA OS DÉBITOS PREVIDENCIÁRIOS.

Súmula 64: NÃO CONSTITUI CONSTRANGIMENTO ILEGAL O EXCESSO DE PRAZO NA


INSTRUÇÃO, PROVOCADO PELA DEFESA. (PCES-2011) (TJAM-2013) (TJDFT-2014) (TRF1-2015) (TJRS-
2018)

OBS: Alguns autores criticam esse enunciado, como é o caso de Gustavo Badaró e Aury Lopes
Júnior. Isso poderá ser alegado em uma prova da Defensoria Pública, por exemplo. Vale ressaltar,
no entanto, que, apesar da crítica doutrinária, o STJ continua aplicando constantemente a súmula.

OBS: O enunciado é concretização do brocardo nemo turpitudinem suam audire potest (ninguém será
ouvido alegando a própria torpeza). Se a própria defesa deu causa ao excesso de prazo, não pode
ela própria se voltar contra as consequências de seus atos.

(TJDFT-2014-CESPE): Eduardo, reincidente e perigoso, foi preso preventivamente denunciado,


com outras pessoas, por associação para o tráfico, porque mantinha, em depósito, 252,61 g de
cocaína, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar e, ainda,
fornecia a droga a terceiros. Seu defensor pediu a instauração do incidente de insanidade, o que
gerou excesso de prazo para a conclusão da instrução criminal. Com base nessa situação
hipotética, assinale a opção correta de acordo com o entendimento do STJ acerca da matéria: Pelo
princípio da razoabilidade, justifica-se eventual dilação de prazo para a conclusão da instrução
processual quando a demora não é provocada pelo juízo ou pelo MP. BL: S 64, STJ.

Súmula 63: SÃO DEVIDOS DIREITOS AUTORAIS PELA RETRANSMISSÃO RADIOFÔNICA DE


MÚSICAS EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS.

OBS: São devidos direitos autorais pela instalação de televisores dentro de quartos de hotéis ou
motéis (STJ AgRg nos EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1145185/RS, j. em 13/11/2012).

São devidos direitos autorais pela instalação de televisores em quartos de clínicas de saúde ou
hospitais (STJ AgRg no AgRg no Ag 1061962/MT, j em 23/08/2011).

Súmula 62: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR O CRIME DE FALSA


ANOTAÇÃO NA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL, ATRIBUIDO À
EMPRESA PRIVADA. (PCSC-2008) (AGU-2010) (TRT3-2013) (MPMT-2014) (MPF-2015) (TRT21-2015) (TJPR-
2017) (Cartórios/TJMG-2017) (Anal. Judic./TRF5-2017) (PCSP-2018)

OBS: O enunciado não foi formalmente cancelado, mas a tendência é que seja superado já que no
julgamento do CC 135.200-SP, Rel. originário Min Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min Sebastião
Reis Júnior, j. 22/10/14 (lnfo 554), o STJ decidiu que compete à Justiça Federal (e não à Justiça
Estadual) processar e julgar o crime caracterizado pela omissão de anotação de vínculo
empregatício na CTPS (art. 297 § 4º, do CP). Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado para a falsa
anotação na CTPS (art. 297. § 3º do CP).

Súmula 61: O SEGURO DE VIDA COBRE O SUICIDIO NÃO PREMEDITADO. (CANCELADA)

OBS: CANCELADA. A Segunda Seção, na sessão de 25 de abril de 2018, ao apreciar o Projeto de


Súmula n. 1.154, determinou o CANCELAMENTO da Súmula n. 61-STJ.
Súmula 60: É NULA A OBRIGAÇÃO CAMBIAL ASSUMIDA POR PROCURADOR DO
MUTUÁRIO VINCULADO AO MUTUANTE, NO EXCLUSIVO INTERESSE DESTE. (TRF1-2013)
(TJSP-2015) (TJPR-2019)

(Cartórios/TJRS-2013): Quanto à representação: É nula a obrigação cambial assumida por


procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste. BL: S. 60, STJ.

Súmula 59: NÃO HÁ CONFLITO DE COMPETÊNCIA SE JÁ EXISTE SENTENÇA COM


TRÂNSITO EM JULGADO, PROFERIDA POR UM DOS JUÍZOS CONFLITANTES . (TJDFT-2008)
(MPAL-2012) (DPERR-2013)

Súmula 58: PROPOSTA A EXECUÇÃO FISCAL, A POSTERIOR MUDANÇA DE DOMICILIO


DO EXECUTADO NÃO DESLOCA A COMPETÊNCIA JÁ FIXADA . (MPF-2008) (DPERO-2012) (PFN-
2012) (PGEPI-2014) (Aud. Fiscal-SEFAZ/SC-2018)

(Aud. Fiscal-SEFAZ/SC-2018-FCC): Em relação à competência, é correto afirmar: Proposta a


execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já
fixada. BL: S. 58, STJ.

(PGEPI-2014-CESPE): Acerca da competência no direito processual civil, assinale a opção correta:


Depois de proposta a execução fiscal, a mudança de domicílio do executado não é suficiente para
mudar a competência originalmente fixada. BL: S. 58, STJ.

Súmula 57: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AÇÃO DE


CUMPRIMENTO FUNDADA EM ACORDO OU CONVENÇÃO COLETIVA NÃO
HOMOLOGADOS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. (SUPERADA)

OBS: Superada. Trata-se de competência da Justiça do Trabalho por força da Lei 8984/95 e do art.
114, IX da CF.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Súmula 56: NA DESAPROPRIAÇÃO PARA INSTITUIR SERVIDÃO ADMINISTRATIVA SÃO


DEVIDOS OS JUROS COMPENSATÓRIOS PELA LIMITAÇÃO DE USO DA PROPRIEDADE.
(TJDFT-2007) (MPSC-2010) (TRF1-2011) (MPGO-2016)

(MPGO-2016): Tocante às limitações legais e constitucionais ao direito de propriedade, segundo a


jurisprudência do STJ, é correto afirmar que: Na desapropriação para instituir servidão
administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade.

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ – Ed. nº 46: Tese 08: Na desapropriação para instituir servidão
administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade.
(Súmula n. 56/STJ)

Súmula 55: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL NÃO É COMPETENTE PARA JULGAR


RECURSO DE DECISÃO PROFERIDA POR JUIZ ESTADUAL NÃO INVESTIDO DE
JURISDIÇÃO FEDERAL. (TJRS-2009)

Súmula 54: OS JUROS MORATÓRIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO, EM CASO


DE RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. (TJMG-2009) (PGEGO-2010) (TRF1-2009/2011) (TJSP-
2011) (TRF4-2012) (PGEAC-2012) (DPERR-2013) (TRF5-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (AGU-2013) (TJDFT-2014) (TJPA-
2014) (DPERN-2015) (PGEPA-2015) (PGEPR-2015) (TRT21-2015) (PGM-POA/RS-2016) (TJSC-2017) (DPEAL-2017)
(TRF2-2017) (MPMS-2018) (DPEAP-2018) (DPEDF-2019) (TJMS-2020) (TJPR-2021) (PGEGO-2021) (TCERJ-2021)
(MPF-2017/2022) (PGM-Recife/PE-2022)

OBS: Importante. Em caso de responsabilidade extracontratual, aplica-se o art. 398 do CC (e não o


art. 405).
OBS: Art. 398: “Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou”.

(TJPR-2021-FGV): Em março de 2015, Cristiano causou acidente de trânsito em razão de sua


direção negligente, gerando lesões em Daniela. Em dezembro de 2015, Daniela ajuizou ação
indenizatória em face de Cristiano, pleiteando a reparação dos danos sofridos. Citado em março
de 2016, Cristiano foi condenado ao pagamento de vinte mil reais, com juros e atualização
monetária, por sentença prolatada em outubro de 2019 e transitada em julgado em dezembro de
2019. No que tange à obrigação de indenizar, Cristiano encontra-se em mora desde: março de
2015. BL: art. 398, CC e S. 54, STJ.

#Atenção: #TJMG-2009: #TJPR-2021: #PGEGO-2021: #MPF-2022: #FCC: #FGV: Cuida-se da


mora irregular ou presumida (conceito de Orlando Gomes) – está prevista no art. 398 do CC, pelo
qual: “nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou”.
Cite-se, que no acidente de trânsito o agente é considerado em mora desde a prática do ato.
(PGEGO-2021-FCC): Joaquim, depois de beber algumas garrafas de cerveja, saiu para passear com a
sua motocicleta, quando, ao se distrair com o aparelho celular, perdeu o controle do seu veículo,
vindo com ele a colidir contra o muro de uma escola estadual, que acabou danificado. Alguns meses
depois, Joaquim foi citado para uma ação movida pelo Estado de Goiás, proprietário do imóvel
atingido, que pleiteou a condenação dele ao pagamento de indenização do valor necessário para o
conserto do muro, corrigido monetariamente e com acréscimo de juros legais de mora. De acordo
com o Código Civil, esse caso encerra hipótese de responsabilidade subjetiva, considerando-se
Joaquim em mora desde a data da colisão. BL: art. 186 c/c art. 398, CC e S. 54, STJ (citada acima).

(TCERJ-2021-CESPE): De acordo com a jurisprudência do STJ acerca da responsabilidade civil,


julgue o item subsequente: Na hipótese de condenação judicial em ação de danos morais
decorrentes de responsabilidade extracontratual, a contagem dos juros da mora se inicia da data
do evento danoso. BL: S. 54, STJ.

(MPMS-2018): Os juros moratórios fluem do evento danoso tão somente nos casos de
responsabilidade aquiliana. BL: art. 398, CC e S. 54, STJ.

(TRF2-2017): Mévio ingressa com ação em face da Empresa de Correios e Telégrafos -ECT. Postula
indenização, já que foi atropelado por veículo da ré. Marque a opção correta: Julgado procedente o
pedido, o evento danoso será, no caso, o termo inicial do fluxo dos juros de mora. BL: S. 54, STJ.
[adaptada]

(MPF-2017): Assinale a alternativa correta: Os juros moratórios, incidentes sobre a indenização por
danos morais coletivos, decorrentes de reparação de ato ilícito, atraem a aplicação da Súmula 54
do Superior Tribunal de Justiça. BL: S. 54, STJ.

#Atenção: #STJ: #MPF-2017: (...) Os juros moratórios incidentes sobre indenização por danos
morais coletivos - devidos pela condenação do recorrente diante da venda de combustível
adulterado - são decorrentes de reparação por ato ilícito, razão por que deve ser aplicada a
Súmula 54/STJ. STJ. 2ª T., AgInt no AREsp 552906/SP, j. 16/08/16.

(TJPA-2014-VUNESP): Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em


mora desde a data da prática do ato. BL: art. 398, CC e Súmula 54 do STJ.

(TRF1-2009-CESPE): De acordo com o que dispõe o CC/02 a respeito das obrigações, assinale a
opção correta: Nas obrigações decorrentes de ato ilícito, o qual acarreta responsabilidade
extracontratual subjetiva, os juros moratórios deverão ser contados desde o instante em que se
praticou o ilícito. BL: BL: art. 398, CC e Súmula 54 do STJ.

Súmula 53: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR CIVIL


ACUSADO DE PRATICA DE CRIME CONTRA INSTITUIÇÕES MILITARES ESTADUAIS .
(TJAP-2009) (PCRN-2009) (MPGO-2010) (MPPB-2011) (MPRR-2012) (MPGO-2013) (TJPR-2017) (Cartórios/TJMG-
2019) (MPDFT-2021)

OBS: Válida. A Justiça Militar estadual não tem competência para processar e julgar civis. Nos
termos do art. 125, §4º da CF, a Justiça Militar Estadual é competente para processar e julgar os
crimes militares praticados apenas pelos militares estaduais.
(MPPB-2010): MANUEL, agente penitenciário federal, ao tentar invadir um quartel da polícia
militar do Estado da Paraíba, causou ferimentos de natureza grave em um policial militar que
fazia a vigilância do prédio. Nesse caso, mesmo considerando que o miliciano estava em serviço, a
competência para o processamento e julgamento da ação penal será da Justiça Comum. BL: S. 53,
STJ.

Súmula 52: ENCERRADA A INSTRUÇÃO CRIMINAL, FICA SUPERADA A ALEGAÇÃO DE


CONSTRANGIMENTO POR EXCESSO DE PRAZO. (DPEAL-2009) (TJES-2011) (PCES-2011) (TJRS-2012)
(TJAM-2013) (DPEPE-2018) (MPMT-2019)

OBS: As súmulas 21 e 52 do STJ continuam válidas e esse entendimento é aplicado tanto pelo STJ
como pelo STF. Logo, se constarem em uma prova tais afirmações estão corretas.

No entanto, é importante esclarecer que esses enunciados, em alguns casos excepcionais, são
relativizados pelo STF e STJ quando, mesmo após a instrução ter se encerrado, o réu permanece
preso durante um longo período sem que tal demora possa ser atribuída à defesa.

Assim, em regra, encerrada a instrução criminal ou pronunciado o réu, fica superada a alegação
de constrangimento por excesso de prazo. No entanto, de forma excepcionalíssima, é possível
reconhecer esse excesso caso a demora para o término do julgamento seja muito elevada, sem que
isso possa ser atribuído à defesa.

Súmula 51: A PUNIÇÃO DO INTERMEDIADOR, NO JOGO DO BICHO, INDEPENDE DA


IDENTIFICAÇÃO DO "APOSTADOR" OU DO "BANQUEIRO ". (MPMT-2008) (MPSP-2008)
(Cartórios/TJMG-2012) (PCSE-2018)

Súmula 50: O ADICIONAL DE TARIFA PORTUARIA INCIDE APENAS NAS OPERAÇÕES


REALIZADAS COM MERCADORIAS IMPORTADAS OU EXPORTADAS, OBJETO DO
COMERCIO DE NAVEGAÇÃO DE LONGO CURSO. (SUPERADA)

Súmula 49: NA EXPORTAÇÃO DE CAFE EM GRÃO, NÃO SE INCLUI NA BASE DE CALCULO


DO ICM A QUOTA DE CONTRIBUIÇÃO, A QUE E REFERE O ART. 2. DO DECRETO-LEI 2.295,
DE 21.11.86. (SUPERADA)

Súmula 48: COMPETE AO JUIZO DO LOCAL DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM ILICITA


PROCESSAR E JULGAR CRIME DE ESTELIONATO COMETIDO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO
DE CHEQUE. (PCSC-2008) (MPCE-2009) (MPMG-2010) (MPMT-2012) (TJSC-2013) (TJPR-2017) (Cartórios/TJMG-
2018) (MPGO-2010/2019) (PCMS-2021)

OBS:

Não confundir:
• estelionato que ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque clonado,
adulterado ou falsificado: a competência é do local onde a vítima possui a conta bancária.
Isso porque, nesta hipótese, o local da obtenção da vantagem ilícita é aquele em que
se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, ou seja, onde a
vítima possui conta bancária.

• estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos ou
transferências bancárias para a conta de terceiro (estelionatário): a competência é do local
onde o estelionatário possui a conta bancária.
Isso porque, neste caso, a obtenção da vantagem ilícita ocorre quando o
estelionatário efetivamente se apossa do dinheiro, ou seja, no momento em que ele é
depositado em sua conta.

(...) 2. Deve prevalecer a orientação que estabelece diferenciação entre a hipótese em que o
estelionato se dá mediante cheque adulterado ou falsificado (consumação no banco sacado,
onde a vítima mantém a conta bancária), do caso no qual o crime ocorre mediante depósito
ou transferência bancária (consumação na agência beneficiária do depósito ou transferência
bancária).
3. Se o crime de estelionato só se consuma com a efetiva obtenção da vantagem indevida
pelo agente ativo, é certo que só há falar em consumação, nas hipóteses de transferência e
depósito, quando o valor efetivamente ingressa na conta bancária do beneficiário do crime.
4. No caso, considerando que a vantagem indevida foi auferida mediante o depósito em
contas bancárias situadas em São Paulo/SP, a competência deverá ser declarada em favor
daquele Juízo (suscitado). (...) STJ. 3ª S. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j.
11/12/19.

(MPMG-2010): Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime
de estelionato mediante falsificação de cheque. BL: S. 48 do STJ.

Súmula 47: COMPETE A JUSTIÇA MILITAR PROCESSAR E JULGAR CRIME COMETIDO POR
MILITAR CONTRA CIVIL, COM EMPREGO DE ARMA PERTENCENTE A CORPORAÇÃO,
MESMO NÃO ESTANDO EM SERVIÇO. (SUPERADA)

OBS: Superada em razão de o art. 9°, II, “f”' do Código Penal Militar, ter sido revogado pela Lei n°
9299/96. Nesse sentido: FOUREAUX, Rodrigo (Justiça Militar: aspectos gerais e controversos. São
Paulo: Fiuza, 2012).

A circunstância de ter o corréu, policial militar, utilizado revólver de propriedade da corporação


militar para matar a vítima e, assim, assegurar o sucesso do delito de roubo, tornou-se irrelevante
em razão da vigência da Lei n° 9.299/96, que revogou o disposto no art. 9º, inc. II, alínea “f” do
Código Penal Militar (STJ. 5ª Turma. HC 59.489/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
22/08/2006.

O policial militar que, embora de folga, age em razão da função, valendo-se de sua condição e
utilizando os armamentos da corporação pratica crime militar nos termos expressos do art. 9º, II, c,
do Código Militar, estando sujeito à competência da Justiça Militar. Verifica-se, in casu, que,
embora de folga, os policiais militares puseram-se em serviço e agiram em razão da função e em
nome da instituição, utilizando-se dos armamentos da corporação, tanto que efetuaram a prisão
em flagrante dos civis que supostamente praticavam o delito de tráfico de drogas.

Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Auditor da 1ª Auditoria de Justiça


Militar de Porto Alegre, o suscitado (STJ. 3ª Seção. CC 131.306/RS, Rel. Min. Marilza Maynard
(Desembargadora Convocada do TJ/SE), julgado em 26/02/2014.

Súmula 46: NA EXECUÇÃO POR CARTA, OS EMBARGOS DO DEVEDOR SERÃO DECIDIDOS


NO JUIZO DEPRECANTE, SALVO SE VERSAREM UNICAMENTE VICIOS OU DEFEITOS DA
PENHORA, AVALIAÇÃO OU ALIENAÇÃO DOS BENS . (PGEES-2008) (TRF3-2013) (TJMS-2015) (TJAM-
2016)

OBS: Vejamos o teor do art. 914, §2º do CPC/2015:


Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor
à execução por meio de embargos. (...)
§ 2o Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo
deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem
unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens
efetuadas no juízo deprecado.

Súmula 45: NO REEXAME NECESSARIO, É DEFESO, AO TRIBUNAL, AGRAVAR A


CONDENAÇÃO IMPOSTA A FAZENDA PUBLICA. (MPRO-2008) (MPSE-2010) (TRF3-2011) (TJSP-2014)
(PGM-São Paulo/SP-2014) (TJPB-2015) (MPMS-2015) (TRT2-2016) (Cartórios/TJMG-2018) (TJMMG-2022)

(TJPB-2015-CESPE): Na sentença de um processo de indenização por danos materiais contra a


fazenda pública, o juiz condenou a ré a pagar quantia inferior à pleiteada pelo autor, justificando a
minoração pela falta de provas em relação a alguns dos danos alegados na inicial. Ainda assim, a
ré foi condenada a pagar também os juros legais, a correção monetária, os honorários advocatícios
e despesas e as custas legais. A fazenda pública apelou da sentença e, nas razões da apelação,
alegou que o juiz somente poderia condená-la nos valores decorrentes dos danos, uma vez que
não havia pedido expresso de outros pagamentos na petição inicial. No acórdão que julgou a
apelação, o tribunal manteve parcialmente a sentença e majorou o valor da indenização porque
revisou o termo a quo da incidência da correção monetária e porque considerou que as provas
haviam sido suficientes para mostrar que o valor de indenização pleiteado pelo autor era
adequado. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta: A sentença não
apresentou vícios quanto a sua correlação com os pedidos, mas o tribunal realizou reformatio in
pejus ao majorar a indenização para o valor pleiteado pelo autor. BL: S. 45, STJ.

Súmula 44: A DEFINIÇÃO, EM ATO REGULAMENTAR, DE GRAU MINIMO DE DISACUSIA,


NÃO EXCLUI, POR SI SÓ, A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.

#Atenção: Válida. Vale ressaltar, no entanto, que a Súmula 44/STJ não torna prescindível a
redução da capacidade laboral para a concessão do auxílio-acidente, ainda que seja constatada
disacusia em grau mínimo (REsp 1337206/SP, j. em 18/10/2012)

Súmula 43: INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE DÍVIDA POR ATO ILICITO A PARTIR
DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO . (PGEGO-2010) (DPERR-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (TRF3-2016) (TJSP-
2015) (MPMG-2017) (DPEAP-2018) (MPGO-2022)

(MPMG-2017): No caso de dano ambiental, é correto afirmar: Incide a correção monetária a partir
do ato ilícito. BL: S. 43, STJ e Jurisprud. do STJ.

#Atenção: #STJ: #MPMG-2017: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. INDENIZAÇÃO POR DANO
AMBIENTAL. TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA 43 DO STJ. 1. A
indenização por dano material oriunda de responsabilidade civil objetiva extracontratual, tem,
como termo inicial da correção monetária, a data do evento danoso, nos termos da Súmula 43 do
STJ. Precedentes. 2. Agravo interno não provido. STJ. Corte Especial. AgInt nos EDcl nos EREsp
1312355/MS. Rel. Min. Luis Felipe Salomão. j. 05/10/16.

(TJSP-2015-VUNESP): O termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito é a data
do efetivo prejuízo, enquanto que na indenização por dano moral é a data do seu arbitramento.
BL: Súmulas 43 e 362, STJ.

#Atenção: Súmula 362-STJ: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide
desde a data do arbitramento.

#Atenção:
 Correção monetária e danos materiais: EFETIVO PREJUÍZO.
 Correção monetária e danos morais: ARBITRAMENTO.

Súmula 42: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS


CÍVEIS EM QUE É PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E OS CRIMES PRATICADOS
EM SEU DETRIMENTO. (TJGO-2009) (DPEES-2009) (DPERS-2011) (Cartórios/TJSP-2011) (AGU-2004/2013)
(Cartórios/TJPI-2013) (MPF-2013) (PF-2013) (TRF2-2009/2014) (MPSC-2014) (PCMT-2017) (Anal. Judic./TRF2-2017)
(TJPA-2019) (Anal. Judic./TRF4-2019) (PGERS-2021) (TJPE-2022)

OBS: Válida. Vide Súmulas 508, 517 e 556 do STF:


Súmula 508-STF: Compete a justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as
causas em que for parte o Banco do Brasil, S.A..
Súmula 517-STF: As sociedades de economia mista só tem foro na justiça federal, quando a
união intervém como assistente ou opoente.
Súmula 556-STF: É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte
sociedade de economia mista.

As sociedades de economia mista, ainda que mantidas pela União, não são julgadas pela Justiça
Federal. Houve uma opção do constituinte de não incluir tais empresas estatais no rol do art. 109
da CF. Quando o enunciado 556 fala em “justiça comum”, deve-se fazer uma correção e
interpretar essa locução como sendo “justiça estadual”. Isso porque antes da CF, “justiça comum”
era sinônimo de “justiça estadual”. Atualmente, contudo, existe justiça comum estadual e justiça
comum federal. As “justiças especializadas” são a justiça eleitoral, do trabalho e militar. Estas três
são “justiças federais especializadas”.
O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista que conta com a participação majoritária
da União. Mesmo assim, as causas em que participa são julgadas, em regra, pela justiça estadual.
Isso porque, como vimos acima, as sociedades de economia mista não possuem foro na Justiça
Federal.

Súmula 41: O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NÃO TEM COMPÊTENCIA PARA


PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO
DE OUTROS TRIBUNAIS OU DOS RESPECTIVOS ORGÃOS. (TJAL-2008) (TJRJ-2011) (DPEAM-2011)
(PGEPA-2012) (DPERR-2013) (MPDFT-2015) (PGEPE-2018) (TJSP-2021) (DPEBA-2021) (DPERO-2023)

OBS: Válida. MS contra ato do TJ é julgado pelo próprio TJ.

(DPEBA-2021-FCC): Em uma apelação cível interposta ao Tribunal de Justiça do Estado da Bahia,


a 3ª Câmara Cível, por decisão unânime, negou provimento ao apelo interposto pelo autor da
demanda, representado pela Defensoria Pública da Bahia. Irresignado, o autor interpôs recurso
especial ao STJ, sustentando a violação à lei federal. O Presidente do Tribunal de Justiça do Estado
da Bahia negou seguimento ao recurso especial, por entender que a irresignação contraria
precedente do STJ em regime de recursos repetitivos. Diante dessa decisão, o defensor público
interpõe Agravo Interno, sustentando a distinção entre o caso em análise em relação àqueles que
ensejaram o julgamento em Incidente de Recursos Repetitivos, mas o Tribunal local negou
provimento ao agravo interno, em decisão reputada ilegal e teratológica. Diante da situação
narrada e levando em consideração o disposto no CPC/2015 e a jurisprudência do STJ, a decisão
proferida pelo Tribunal local, nessas circunstâncias, é irrecorrível, razão pela qual é cabível a
impetração de mandado de segurança ao próprio Tribunal local. BL: S. 41, STJ.

#Atenção: No caso, como a decisão do presidente foi respalda por suposto entendimento firmado
em recursos repetitivos, só haveria a possibilidade agravo interno (art. 1042, NCPC). Assim,
mantida a decisão mesmo com o argumento de distinguishing, e observando que a questão afirma
a teratologia, chega-se à conclusão que caberia o MS. Tratando-se de TJ não cabe aos tribunais
superiores apreciarem originariamente o mandamus, sendo de competência do próprio tribunal
coator (Súmula 41 STJ). A título de complementação, vejamos recente julgado do STJ: “1. Segundo
pacífica orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, "o mandado de segurança contra ato
judicial é medida excepcional, cabível somente em situações nas quais se pode verificar, de plano, ato
judicial eivado de ilegalidade, teratologia ou abuso de poder, que importem ao paciente
irreparável lesão ao seu direito líquido e certo" (AgInt no MS 24.788/DF, Rel. Min. FRANCISCO
FALCÃO, Corte Especial, j. 05/06/19). 2. Hipótese em que foi impetrado mandado de segurança contra
acórdão da Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que desproveu agravo
regimental e manteve a negativa de seguimento do apelo raro, nos termos do art. 534-C, §7º, I, do CPC/73,
por entender que o aresto recorrido espelhava tese firmada no STJ em recurso repetitivo. (...) 5. A
parte recorrente, ora agravada, diante da negativa de seguimento do seu apelo especial com fulcro no art.
543-C, § 7º, I, do CPC/73, agitou o recurso cabível, qual seja, o agravo interno/regimental questionando a
conformidade do acórdão recorrido com a tese recursal julgada sob o rito dos recursos repetitivos, mas não
teve êxito na pretensão. (...) 8. O julgado atacado no writ manifesta teratologia no emprego da tese repetitiva
firmada no REsp 1.105.442/RJ. 9. Do confronto entre o acórdão recorrido e o recurso especial obstado,
constata-se que a lide não discutia "a extensão do prazo prescricional da pretensão executória da multa
administrativa, mas qual seria o seu termo inicial, se a data do ajuizamento da ação anulatória, caso em que
a opção pela via judicial antes do exaurimento da esfera administrativa denotaria que o contribuinte abdicou
da via administrativa, possível interpretação do parágrafo único do art. 38 da Lei 6.830/80, ou o efetivo
término do processo administrativo, uma vez que nele foi interposto recurso pela Petrobras", como bem
consignado pelo Ministério Público Federal no parecer lançado aos presentes autos. 10. Caracterizadas a
irrecorribilidade e a teratologia do decisum atacado, exsurge cabível o uso excepcional da via mandamental.
STJ. 1ª T., AgInt no RMS nº 53790 / RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 17/05/21.”

Súmula 40: PARA OBTENÇÃO DOS BENEFÍCIOS DE SAÍDA TEMPORÁRIA E TRABALHO


EXTERNO, CONSIDERA-SE O TEMPO DE CUMPRIMENTO DA PENA NO REGIME
FECHADO. (MPMT-2008) (TJMA-2013) (MPDFT-2013) (MPSC-2013) (Cartórios/TJSE-2014) (DPERO-2017) (TJRS-
2018) (TJSP-2018) (DPEAP-2018) (MPPR-2019) (MPMG-2021)

Súmula 39: PRESCREVE EM VINTE ANOS A AÇÃO PARA HAVER INDENIZAÇÃO, POR
RESPONSABILIDADE CIVIL, DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. (SUPERADA)
OBS: Aplica-se o prazo de 3 anos previsto no art. 206, §3º, V do CC-02.

OBS: O STJ é firme no sentido de que o prazo de prescrição quinquenal previsto no Dec. 20910/32
não se aplica às pessoas jurídicas de Direito Privado (sociedades de economia mista, empresas
públicas e fundações), mas apenas às pessoas jurídicas de Direito Público (União, Estados e
Municípios, DF, autarquias e fundações públicas) (REsp 1247370, j 06/09/2011).

Súmula 38: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL COMUM, NA VIGENCIA DA CONSTITUIÇÃO


DE 1988, O PROCESSO POR CONTRAVENÇÃO PENAL, AINDA QUE PRATICADA EM
DETRIMENTO DE BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO OU DE SUAS ENTIDADES.
(TJPI-2007) (TJSE-2008) (TJDFT-2008) (MPRR-2008) (TJSC-2009) (MPGO-2010) (MPRO-2010) (MPMT-2012) (MPRJ-
2012) (TRF4-2012) (TRF1-2011/2013) (DPESP-2013) (Cartórios/TJES-2013) (PCES-2013) (TRF2-2009/2014) (PCDF-
2009/2015) (MPF-2015) (PCPE-2016) (PCGO-2012/2013/2017) (PGESE-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (Anal. Judic./TRF2-
2017) (Anal./MPU-2018) (TJBA-2019) (TJPA-2019) (Anal. Judic./TRF4-2019) (PGERR-2023)

OBS: Como se vê pela redação do art. 109, a Justiça Federal NÃO julga contravenções penais, uma
vez que esse dispositivo fala apenas em crimes.

E se a contravenção penal for conexa com crime federal? Haverá a cisão dos processos, de forma
que o crime será julgado pela Justiça Federal e a contravenção pela Justiça Estadual (STJ. CC
20454/RO. j. 3.12.1999).
(Anal./MPU-2018-CESPE): Em relação a competência, julgue o próximo item, de acordo com o
entendimento da doutrina majoritária e dos tribunais superiores: Havendo a prática de contravenção
penal contra bens e serviços da União em conexão probatória com crime de competência da justiça
federal, opera-se a separação dos processos, cabendo à justiça estadual processar e julgar a
contravenção penal. BL: art. 109, IV, CF e S 38, STJ e Entend. Jurisprud.
(MPF-2013): Não obstante evidente conexão entre crimes de competência da Justiça Federal e
contravenções penais, compete à Justiça Estadual julgar acusado da contravenção penal, devendo
haver desmembramento da persecução penal. BL: art. 109, IV, CF e S 38, STJ e Entend. Jurisprud.

A doutrina afirma que existe uma exceção na qual a Justiça Federal julgaria contravenção penal.
Trata-se da hipótese de contravenção penal praticada por pessoa com foro privativo no Tribunal
Regional Federal. Seria o caso, por exemplo, de contravenção penal cometida por Juiz Federal ou
Procurador da República. Em tais situações, o julgamento ocorreria no TRF (e não na Justiça
Estadual). É a posição, dentre outros, de Renato Brasileiro de Lima.

(PGERR-2023-CESPE): Acerca da justiça eleitoral, da justiça estadual e da advocacia pública,


julgue o item subsequente: Contravenções penais devem ser julgadas pela justiça estadual, mesmo
que atinjam interesse da União. BL: art. 109, IV, CF e S. 38, STJ.

(TRF3-2018): Relativamente aos crimes de menor potencial ofensivo (Lei 9.099/95 e Lei
10.259/01), é correto afirmar que: Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, no
âmbito da Justiça Federal, aquelas a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos,
cumuladas ou não com multa, exceto as contravenções penais. BL: art. 1º Lei 10.259/0164 c/c art. 61,
Lei 9.099/9565 c/c art. 109, IV, CF66 e S 38, STJ.

#Atenção: O art. 1º da Lei 10.259/01 determina a aplicação da Lei 9.099/95 naquilo em que não for
incompatível. Por ausência de previsão legal na Lei dos Juizados Federais, aplica-se a definição de
infrações de menor potencial ofensivo constante da Lei 9.099/95, art. 61: crimes ou contravenções
com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa. Como a Justiça Federal
não julga contravenções (art. 109, IV, da CF; Súmula 38 do STJ), a competência recai
exclusivamente sobre crimes. Em resumo, a Lei 10.259/01 (Lei dos Juizados Federais), não traz a
definição de crimes de menor potencial ofensivo, aplicando-se, pois, neste ponto, a Lei 9099/95,
nos termos do art. 1º da Lei 10.259/01.

64
Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no
que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
65
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
ou não com multa.
66
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais
praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral; (...)
(TJES-2011-CESPE): Assinale a opção correta com referência ao Poder Judiciário: São da
competência da justiça comum estadual o processo e o julgamento de todas as contravenções
penais, ainda que tenham sido praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União.
BL: art. 109, IV, CF e S. 38, STJ.

Súmula 37: SÃO CUMULÁVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E DANO


MORAL ORIUNDOS DO MESMO FATO. (MPPR-2008) (PGEGO-2010) (TJDFT-2011) (TJAC-2012) (TJCE-
2014) (TRT14-2014) (TRT24-2014) (TJPB-2015) (MPMS-2015) (TRT/Unificado-2017) (PGESC-2018) (DPESC-2021)

(TJAC-2012-CESPE): Em matéria de responsabilidade civil do Estado, é possível a cumulação de


indenizações por dano material e dano moral que decorram de um só fato. BL: S. 37, STJ.

Súmula 36: A CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRA O VALOR DA RESTITUIÇÃO, EM CASO DE


ADIANTAMENTO DE CÂMBIO, REQUERIDA EM CONCORDATA OU FALÉNCIA.

Súmula 35: INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES PAGAS, QUANDO DE


SUA RESTITUIÇÃO, EM VIRTUDE DA RETIRADA OU EXCLUSÃO DO PARTICIPANTE DE
PLANO DE CONSÓRCIO.

Súmula 34: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR CAUSA RELATIVA A


MENSALIDADE ESCOLAR, COBRADA POR ESTABELECIMENTO PARTICULAR DE ENSINO.

Súmula 33: A INCOMPETÊNCIA RELATIVA NÃO PODE SER DECLARADA DE OFÍCIO . (TJSC-
2009) (MPDFT-2009) (TRF4-2012) (TJAM-2013)

OBS: Superada, em parte. O NCPC prevê uma exceção a essa súmula no §3º do art. 63, que tem a
seguinte redação: “Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada
ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do
réu”. Em regra, a incompetência relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, ou seja, a
própria parte prejudicada é quem deverá alegar. Exceção: O foro de eleição é uma regra de
incompetência relativa. Mesmo assim, ela pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado.

Súmula 32: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR JUSTIFICAÇÕES JUDICIAIS


DESTINADAS A INSTRUIR PEDIDOS PERANTE ENTIDADES QUE NELA TEM EXCLUSIVIDADE
DE FORO, RESSALVADA A APLICAÇÃO DO ART. 15, II DA LEI 5010/66.

Súmula 31: A AQUISIÇÃO, PELO SEGURADO, DE MAIS DE UM IMÓVEL FINANCIADO PELO


SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO, SITUADOS NA MESMA LOCALIDADE, NÃO EXIME
A SEGURADORA DA OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO DOS SEGUROS.

Súmula 30: A COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E A CORREÇÃO MONETÁRIA SÃO


INACUMULÁVEIS. (SUPERADA)

#Atenção: Superada. Vale ressaltar que, com a edição da Resolução 4.558/2017, acabou a
possibilidade de cobrança da comissão de permanência.

Súmula 29: NO PAGAMENTO EM JUÍZO PARA ELIDIR FALÊNCIA, SÃO DEVIDOS CORREÇÃO
MONETÁRIA, JUROS E HONORÁRIOS DE ADVOGADO.

Súmula 28: O CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIARIA EM GARANTIA PODE TER POR


OBJETO BEM QUE JA INTEGRAVA O PATRIMONIO DO DEVEDOR . (MPSP-2006) (MPDFT-2009)
(TRF1-2009) (Cartórios/TJSP-2012) (TRF4-2012) (TJRN-2013) (TJRJ-2014) (TRT24-2014) (TJAM-2016) (TRF5-2017)
(MPPB-2018) (Aud. Cont. Interno-CGE/CE-2019) (TJRS-2022)

(Aud. Cont. Interno-CGE/CE-2019-CESPE): A respeito de contratos bancários, é correto afirmar


que a alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem imóvel que já integre o patrimônio
do devedor. BL: S. 28, STJ.

(MPPB-2018-FCC): Em relação aos contratos empresariais seguintes, no contrato de alienação


fiduciária em garantia, o credor fiduciário tem o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa
alienada, ficando o devedor fiduciante como depositário e possuidor direto do bem, que nada
impede já pertencesse ao devedor por ocasião da celebração do contrato. BL: art. 1º, DL 911 (vide
art. 66, caput, da Lei 4.728/65,67 revogado pela Lei 10.931/04) e Súmula 28, STJ.

#Atenção: No Direito Brasileiro, a criação do instituto alienação fiduciária em garantia ocorreu


com o art. 66 da Lei nº 4.728/65, diploma legal que disciplina o mercado de capitais e estabelece
medidas para o seu desenvolvimento. O DL 911/69, por sua vez, introduziu determinadas
modificações no âmbito do direito material e processual, visando corrigir as falhas que constavam
na redação original do art. 66 da Lei 4.728/65, de modo a tornar explícita, a transferência ao credor
do domínio resolúvel e da posse indireta da coisa alienada, independentemente de tradição
efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas
as responsabilidades e encargos que lhe incumbem, segundo a lei civil e penal. Entretanto, os arts.
66 e 66-A da Lei 4.728/65 foram revogados pela Lei 10.931/04. A alienação fiduciária em garantia
compreende um contrato instrumental em que uma das partes, em confiança, aliena a outra a
propriedade resolúvel de determinado bem, móvel ou imóvel, ficando esta parte (instituição
financeira, em regra) obrigada a devolver àquela o bem que lhe foi alienado quando verificada a
ocorrência do pagamento do empréstimo.

(TJRJ-2014-VUNESP): Na propriedade fiduciária, o contrato de alienação fiduciária em garantia


pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do devedor. BL: S. 28, STJ.

Súmula 27: PODE A EXECUÇÃO FUNDAR-SE EM MAIS DE UM TITULO EXTRAJUDICIAL


RELATIVOS AO MESMO NEGÓCIO. (MPCE-2011) (MPMS-2011) (MPRO-2013) (Cartórios/TJMG-2019)

Súmula 26: O AVALISTA DO TITULO DE CREDITO VINCULADO A CONTRATO DE MÚTUO


TAMBÉM RESPONDE PELAS OBRIGAÇÕES PACTUADAS, QUANDO NO CONTRATO
FIGURAR COMO DEVEDOR SOLIDÁRIO. (MPSP-2006) (TJMG-2008) (TRF4-2010) (TJRS-2012)
(Cartórios/TJDFT-2014) (TJDFT-2016) (TRF3-2016) (DPEAM-2018) (Cartórios/TJGO-2021) (Cartórios/TJMS-2021)

(TRF3-2016): Marque a alternativa correta, observando-se a legislação e a jurisprudência


dominante do STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mutuo também
responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. BL: S.
26, STJ.

(TRF4-2010): Os títulos de crédito são documentos que representam obrigação pecuniária. Um dos
mais conhecidos é a nota promissória, que constitui uma promessa de pagamento que uma pessoa
faz a outra. Dadas as assertivas abaixo sobre nota promissória, assinale a alternativa correta: O
avalista de nota promissória vinculada a contrato de mútuo, quando figurar no contrato como
devedor solidário, também responde pelas obrigações pactuadas. BL: S. 26, STJ.

Súmula 25: NAS AÇÕES DA LEI DE FALÊNCIAS O PRAZO PARA A INTERPOSIÇÃO DE


RECURSO CONTA-SE DA INTIMAÇÃO DA PARTE.

Súmula 24: APLICA-SE AO CRIME DE ESTELIONATO, EM QUE FIGURE COMO VÍTIMA


ENTIDADE AUTÁRQUICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, A QUALIFICADORA DO § 3º, DO
ART. 171 DO CODIGO PENAL. (MPMT-2008) (Anal. Judic./TRF3-2014) (TRT6-2015) (TJSP-2018)

67
Art 1º O artigo 66, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, passa a ter a seguinte redação: " Art. 66. A
alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada,
independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário
com tôdas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal.”
OBS: Válida.

Estelionato praticado em detrimento do INSS: configura, em tese, o delito do art. 171, § 3° do CP


(competência da Justiça Federal).
Art. 171. (...)
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de
direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

#Atenção: Entidade autárquica enquadra-se dentro do conceito de entidade de direito público,


conforme o art. 44, IV do Código Civil Brasileiro.

(TRF3-2018): José da Silva, réu primário e com condenações criminais anteriores, porém sem
trânsito em julgado, confesso, cometeu crime de estelionato contra a Previdência Social, causando
prejuízos significativos à autarquia, sendo condenado à pena de 1 ano e 4 meses de reclusão e 13
dias-multa, em regime inicial aberto. Com base nessas informações, é correto afirmar: A causa de
aumento prevista no art. 171, § 3º, do CP é aplicável ao caso por se tratar o ofendido de entidade
de direito público, sendo a fração de aumento sempre fixa, em 1/3 (um terço). BL: art. 171, §3º, CP
e Súmula 24 do STJ.

Súmula 23: O BANCO CENTRAL DO BRASIL É PARTE LEGÍTIMA NAS AÇÕES FUNDADAS NA
RESOLUÇÃO 1154, DE 1986.

Súmula 22: NÃO HA CONFLITO DE COMPETENCIA ENTRE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA E


TRIBUNAL DE ALÇADA DO MESMO ESTADO-MEMBRO. (SUPERADA)

Súmula 21: PRONUNCIADO O REU, FICA SUPERADA A ALEGAÇÃO DO


CONSTRANGIMENTO ILEGAL DA PRISÃO POR EXCESSO DE PRAZO NA INSTRUÇÃO.
(TJAP-2009) (TJSC-2009) (TJAM-2013) (DPEPE-2018) (PCPI-2018)

OBS: As súmulas 21 e 51 do STJ continuam válidas e esse entendimento é aplicado tanto pelo STJ
como pelo STF. Logo, se constarem em uma prova tais afirmações estão corretas. No entanto, é
importante esclarecer que esses enunciados, em alguns casos excepcionais, são relativizados pelo
STF e STJ quando, mesmo após a instrução ter se encerrado, o réu permanece preso durante um
longo período sem que tal demora possa ser atribuída à defesa. Assim, em regra, encerrada a
instrução criminal ou pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo. No entanto, de forma excepcionalíssima, é possível reconhecer esse excesso caso a
demora para o término do julgamento seja muito elevada, sem que isso possa ser atribuído à
defesa.

#Atenção: #STJ: A teor da Súmula n.º 21 desta Corte, “Pronunciado o réu, fica superada a alegação do
constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.” Somente se cogita da existência de
constrangimento ilegal quando o excesso de prazo for motivado pelo descaso injustificado do
juízo, o que não ocorreu na presente hipótese. STJ. 5ª T., HC 139723/PR. Min. Rel. Laurita Vaz, j.
15/03/11.

(MPGO-2016): Em um processo afeto ao Tribunal do Júri, durante a instrução processual,


tratando-se de réu preso a 220 dias, o defensor constituído demonstrou perante o Tribunal de
Justiça, por meio de impetração de Habeas Corpus liberatório, que há evidente excesso de prazo,
por culpa única e exclusiva do Estado. O Desembargador Relator negou a liminar e solicitou
informações ao Juízo a quo. Este prestou informações, aonde demonstrou que foi prolatada
Decisão de Pronúncia que manteve o acusado preso de forma fundamentada. Os autos vieram
com vista ao MP de 2º Grau, que neste caso, de forma escorreita se manifestará no sentido de que:
O réu deverá permanecer preso, pois com a Decisão de Pronúncia fica superada a alegação do
constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução. BL: S. 21, STJ.

Súmula 20: A MERCADORIA IMPORTADA DE PAIS SIGNATARIO DO GATT É ISENTA DO


ICM, QUANDO CONTEMPLADO COM ESSE FAVOR O SIMILAR NACIONAL. (MPF-2012)
Súmula 19: A FIXAÇÃO DO HORÁRIO BANCÁRIO, PARA ATENDIMENTO AO PÚBLICO, É
DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO. (MPGO-2012) (MPDFT-2013) (TRF5-2013) (TJDFT-2007/2014) (PGERN-2014)
(TRT18-2014) (TJPB-2015) (PGEPR-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (PGM-São Luís/MA-2016) (PCRS-2018) (PGM-
Manaus/AM-2018) (MPMG-2011/2019) (MPPR-2012/2019) (PCPR-2021) (PGM-Teresina/PI-2022)

OBS: Válida. Vale ressaltar, no entanto, que os Municípios podem legislar sobre medidas que
propiciem segurança, conforto e rapidez aos usuários de serviços bancários (STF, ARE 691591
AgR/RS, j. 18/12/12). Ex: tempo máximo de espera na fila (“lei das filas”), instalação de banheiros
e bebedouros nas agências, colocação de cadeiras de espera para idosos, disponibilização de
cadeiras de rodas, medidas para segurança dos clientes, etc.

#Atenção: #STF: #TRF5-2013: #TJDFT-2014: #PGEPR-2015: #PCRS-2018: #CESPE: #PUCPR:


#Fundatec: Já o horário de funcionamento bancário não é de competência dos Municípios, mas
sim da União, porque se trata de assunto que, devido à sua abrangência, transcende o interesse
local (STF RE 118363/PR).

Súmula 18: A SENTENÇA CONCESSIVA DO PERDÃO JUDICIAL É DECLARATORIA DA


EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, NÃO SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO
CONDENATORIO. (MPF-2005) (AGU-2007) (TJSC-2009) (PCRN-2009) (TJPA-2012) (MPPI-2012) (PCSP-2012)
(PCGO-2012/2013) (MPSC-2013) (TRT1-2013) (MPMT-2008/2012/2014) (TJDFT-2012/2014) (MPDFT-2015)
(Cartórios/TJMG-2015) (MPPR-2011/2013/2016) (MPGO-2016) (TJCE-2018) (PCPI-2018) (MPMG-2019) (DPEDF-2019)
(MPCE-2020) (PCPA-2016/2021) (TJPR-2021) (PCMG-2021)

OBS: Importante. O perdão judicial é um instituto do direito penal, segundo o qual mesmo
constatando que o fato praticado é típico, antijurídico e culpável, o juiz, com base em hipóteses
previstas na lei, deixa de punir o agente por entender que, naquele caso concreto, a punição seria
desnecessária ou ilegítima. O perdão judicial consiste em uma causa de extinção da punibilidade
(art. 107, IX, CP). A sentença que concede o perdão judicial não é considerada condenatória nem
absolutória, mas sim declaratória da extinção da punibilidade (S. 18 do STJ).

OBS: Ressalte-se que, reconhecido o perdão judicial, não subsiste nenhum efeito negativo para o
réu. Nesse sentido, veja o que diz o art. 120 do CP: “Art. 120. A sentença que conceder perdão judicial
não será considerada para efeitos de reincidência.”

(MPGO-2016): A sentença autofágica ou de efeito autofágico, como podemos observar em uma


das Súmulas do STJ é: Aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu, mas julga
extinta a punibilidade concreta. BL: S. 18, STJ.

#Atenção: #PCSP-2012: #MPGO-2016: #DPEDF-2019: #CESPE: Fala-se em sentença autofágica


porque ela admite ter havido crime mas ao mesmo tempo extingue a punibilidade do Estado. Para
fins penais é como se o agente nunca tivesse sido processado. Dito de outro modo, essa sentença
não vale para antecedentes criminais, reincidência etc. Exemplificativamente, tomemos o instituto
jurídico do perdão judicial. Como pressuposto lógico, o magistrado deve analisar o mérito da
causa e reconhecer, a princípio, a culpabilidade do agente, para, apenas depois, conceder-lhe o
perdão judicial.68

(TJSC-2009): Conforme entendimento pacificado no STJ, assinale a alternativa correta: Não


subsiste qualquer efeito condenatório, uma vez extinta a punibilidade pela concessão do perdão
judicial. BL: S. 18, STJ.

Súmula 17: QUANDO O FALSO SE EXAURE NO ESTELIONATO, SEM MAIS


POTENCIALIDADE LESIVA, E POR ESTE ABSORVIDO. (MPRR-2008) (MPMT-2008) (TJPA-2009)
(DPEMA-2009) (DPEGO-2010) (TJPR-2012) (PCMA-2012) (PCRJ-2012) (TJMA-2013) (DPEAM-2013) (Cartórios/TJPI-
2013) (TRF1-2013) (PCGO-2013) (PCPA-2013) (Cartórios/TJMT-2014) (PGEBA-2014) (TJDFT-2015) (DPEPA-2015)
(TRF5-2015) (TRT6-2015) (TRT23-2015) (TRF3-2011/2016) (TRF2-2017) (Cartórios/TJMG-2018) (TJAL-2019) (DPERR-
2021) (Cartórios/TJSC-2021) (PCMS-2021) (TJRS-2022)

OBS: Importante. Essa súmula baseia-se no princípio da consunção e exige, para ser aplicada,
que o crime de falsidade (crime meio) fique completamente exaurido (sem potencialidade lesiva),
após ter sido empregado para a prática do estelionato (delito-fim).

Exemplo típico da súmula: João falsifica um cheque e saca o dinheiro da conta; esse falso se
68
Fonte: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/457522/o-que-se-entende-por-sentenca-autofagica.
esgotou (não poderá mais ser usado para nada) e o agente responderá apenas pelo crime-fim
(estelionato).

(DPEMA-2009-FCC): Na consideração de que o crime de falso se exaure no estelionato,


responsabilizando-se o agente apenas por este crime, o princípio aplicado para o aparente conflito
de normas é o da consunção. BL: S. 17, STJ.

Súmula 16: A LEGISLAÇÃO ORDINARIA SOBRE CREDITO RURAL NÃO VEDA A INCIDÊNCIA
DA CORREÇÃO MONETARIA.

Súmula 15: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR OS LITIGIOS


DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO. (PFN-2007) (TJRS-2009) (DPERO-2012) (PGEAC-2012)
(MPPR-2017) (DPERS-2018) (TJPR-2021)

OBS: Válida, mas apenas nos casos de ação proposta contra o INSS pleiteando benefício
decorrente de acidente de trabalho. Vide SV 22, STF: “A Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.”

Segundo a jurisprudência do STF e STJ, causas decorrentes de acidente do trabalho não são apenas
aquelas em que figuram como partes o empregado acidentado e o órgão da Previdência Social,
mas também as que são promovidas pelo cônjuge, ou por herdeiros ou dependentes do
acidentado, para haver indenização por dano moral (da competência da Justiça do Trabalho - CF,
art. 114, VI), ou para haver benefício previdenciário, pensão por morte, ou sua revisão (da
competência da Justiça Estadual) (CC 121.352/SP, j. em 11/04/2012).

(Proc.-São Bernardo do Campo/SP-2018-VUNESP): Com relação às Súmulas do STJ, assinale a


alternativa que representa o entendimento sumulado por tal Corte: Compete à Justiça Estadual
processar e julgar litígios decorrentes de acidente de trabalho. BL: S. 15, STJ.

Súmula 14: ARBITRADOS OS HONORARIOS ADVOCATICIOS EM PERCENTUAL SOBRE O


VALOR DA CAUSA, A CORREÇÃO MONETARIA INCIDE A PARTIR DO RESPECTIVO
AJUIZAMENTO. (TJSP-2015)

(TRF4-2012): Em se tratando de sentença cível condenatória, arbitrados os honorários advocatícios


em percentual sobre o valor da causa, a correção monetária incide a partir do respectivo
ajuizamento. BL: S. 14, STJ.

Súmula 13: A DIVERGÊNCIA ENTRE JULGADOS DO MESMO TRIBUNAL NÃO ENSEJA


RECURSO ESPECIAL. (PGEGO-2010) (MPPR-2012) (PFN-2012) (TJRS-2022)

Súmula 12: EM DESAPROPRIAÇÃO, SÃO CUMULÁVEIS JUROS COMPENSATÓRIOS E


MORATÓRIOS. (TRF2-2013)

Súmula 11: A PRESENÇA DA UNIÃO OU DE QUALQUER DE SEUS ENTES, NA AÇÃO DE


USUCAPIÃO ESPECIAL, NÃO AFASTA A COMPETENCIA DO FORO DA SITUAÇÃO DO
IMOVEL. (SUPERADA).

OBS: Superada.

O que queria dizer essa súmula? Em regra, as causas envolvendo a União, entidades autárquicas
ou empresas públicas federais são julgadas pela Justiça Federal (art. 109, I, da CF). A ação de
usucapião especial é uma exceção a essa regra. Isso porque a ação de usucapião especial é julgada
pelo foro da situação do imóvel, ou seja, pelo juízo do local onde estiver situado o imóvel, mesmo
que ali não tenha Justiça Federal. Em outras palavras, essa ação de usucapião especial, mesmo
tendo a presença da União, de entidade autárquica ou empresa pública federal, seria julgada pela
Justiça Estadual.

Qual era o fundamento legal desta súmula? O art. 4º, § 1º, da Lei 6.969/81 (Lei de usucapião
especial de imóveis rurais), que dizia o seguinte:
Art. 4º A ação de usucapião especial será processada e julgada na comarca da situação do
imóvel.
§ 1º Observado o disposto no art. 126 da Constituição Federal, no caso de usucapião
especial em terras devolutas federais, a ação será promovida na comarca da situação do
imóvel, perante a Justiça do Estado, com recurso para o Tribunal Federal de Recursos,
cabendo ao Ministério Público local, na primeira instância, a representação judicial da
União. (...)

Essa lei tinha fundamento na Constituição Federal? SIM. Ela tinha fundamento no art. 126 da
CF/69, vigente na época em que foi editada, que autorizava que a lei delegasse para a Justiça
Estadual o julgamento de algumas causas envolvendo a União, suas entidades autárquicas e
empresas públicas:
Art. 126. A lei poderá permitir que a ação fiscal e outras sejam promovidas no fôro de
Estado ou Território e atribuir ao Ministério Público respectivo a representação judicial da
União.

Essa previsão do art. 4º, § 1º da Lei 6.969/81 foi recepcionada pelo texto original da CF/88? SIM. O
texto original da CF/88 também previa essa possibilidade de haver a competência delegada, ou
seja, de a lei delegar para a Justiça estadual o julgamento de algumas causas que seriam
originalmente de competência da Justiça Federal:
Art. 109 (...)
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados
ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição,
a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela
justiça estadual.

EC 103/2019: Ocorre que a EC 103/2019 (Reforma da Previdência) alterou esse § 3º do art. 109:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Antes da Reforma (EC 103/2019) ATUALMENTE
Art. 109. (...) Art. 109. (...)
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça § 3º Lei poderá autorizar que as causas de
estadual, no foro do domicílio dos segurados ou competência da Justiça Federal em que forem
beneficiários, as causas em que forem parte parte instituição de previdência social e
instituição de previdência social e segurado, segurado possam ser processadas e julgadas na
sempre que a comarca não seja sede de vara do justiça estadual quando a comarca do domicílio
juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei do segurado não for sede de vara federal.
poderá permitir que outras causas sejam
também processadas e julgadas pela justiça
estadual.

Há, no caso, duas mudanças muito importantes:


1) A Justiça Estadual tinha competência delegada “automática” para julgar ações envolvendo
segurado ou beneficiário contra INSS. Essa competência delegada depende agora de lei.

2) A Lei poderia permitir outras hipóteses de competência delegada para a Justiça Estadual, além
dos casos envolvendo o INSS. Isso deixou de existir.

• Antes da EC 103/2019: além das causas envolvendo os segurados/beneficiários e INSS, o


legislador tinha autorização para criar outras hipóteses de competência delegada. Ex: o art. 4º, § 1º,
da Lei nº 6.969/81.

• Depois da EC 103/2019: o legislador infraconstitucional somente pode prever uma hipótese de


competência delegada, qual seja, as causas em que forem parte instituição de previdência social e
segurado quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal. Somente neste
caso, o legislador poderá autorizar que a ação contra o INSS seja proposta na Justiça Estadual.

Art. 4º, § 1º da Lei 6.969/81 não foi recepcionado pela EC 103/19: Com isso, percebe-se que o art. 4º,
§ 1º da Lei 6.969/81 era compatível com a redação originária do art. 109, § 3º da CF, no entanto,
com a mudança operada pela EC 103/19, essa previsão legal perdeu fundamento constitucional. O
art. 4º, § 1º da Lei 6.969/81 não foi recepcionado pela EC 103/19. Logo, podemos concluir que, se a
União, entidade autárquica ou empresa pública federal intervir na ação de usucapião especial,
essa demanda terá que ser julgada pela Justiça Federal, considerando que não mais existe
competência delegada da Justiça Estadual para o julgamento desta causa. A Súmula 11 do STJ
encontra-se, portanto, superada. A presença da União, de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, na ação de usucapião especial, atrai a competência para a Justiça Federal, ainda que este
o foro da situação do imóvel (local onde está situado o imóvel) não seja sede de Justiça Federal.

Súmula 10: INSTALADA A JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO (VARA DO


TRABALHO), CESSA A COMPETENCIA DO JUIZ DE DIREITO EM MATERIA TRABALHISTA,
INCLUSIVE PARA A EXECUÇÃO DAS SENTENÇAS POR ELE PROFERIDAS.

OBS: Válida, mas deve-se esclarecer que não mais existem as juntas de conciliação e julgamento.
Assim, em seu lugar deve-se ler “juiz do trabalho”.

Súmula 9: A EXIGENCIA DA PRISÃO PROVISORIA, PARA APELAR, NÃO OFENDE A


GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCENCIA. (SUPERADA – vide Súmula
347 do STJ).

OBS: Súmula 347 do STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

Súmula 8: APLICA-SE A CORREÇÃO MONETARIA AOS CREDITOS HABILITADOS EM


CONCORDATA PREVENTIVA, SALVO DURANTE O PERIODO COMPREENDIDO ENTRE AS
DATAS DE VIGENCIA DA LEI 7.274, DE 10-12-84, E DO DECRETO-LEI 2.283, DE 27-02-86 .
(SUPERADA)

Súmula 7: A PRETENSÃO DE SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO ENSEJA RECURSO


ESPECIAL. (MPF-2005) (PGEES-2008) (MPRO-2008) (TJCE-2012) (MPPR-2012) (Anal. Judic./STJ-2012) (DPESP-
2013) (Cartórios/TJES-2013) (TRT6-2013) (TRF2-2014) (TCEGO-2014) (PGEPA-2015) (MPM-2021) (TJRS-2022)

Súmula 6: COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR DELITO


DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRANSITO ENVOLVENDO VIATURA DE POLICIA
MILITAR, SALVO SE AUTOR E VITIMA FOREM POLICIAIS MILITARES EM SITUAÇÃO DE
ATIVIDADE. (SUPERADA)

OBS: Superada.

O Dizer o Direito entende que o presente enunciado foi superado com a edição da Lei nº
13.491/17, que alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração, para se enquadrar como crime
militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo agente deveria ser
obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar.

O que fez a Lei nº 13.491/17: disse que a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com
base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal
“comum”. Dessa forma, as condutas previstas no Código de Trânsito Brasileiro podem agora ser
consideradas crimes militares (julgados pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM.

Em suma, se o policial militar estiver em situação de atividade e cometer crime de trânsito


previsto no CTB, esta conduta será considerada crime militar e deverá ser julgada pela Justiça
Militar, mesmo que a vítima seja civil.

Súmula 5: A SIMPLES INTERPRETAÇÃO DE CLAUSULA CONTRATUAL NÃO ENSEJA


RECURSO ESPECIAL. (TJDFT-2011)
Súmula 4: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL JULGAR CAUSA DECORRENTE DO PROCESSO
ELEITORAL SINDICAL. (SUPERADA)

Súmula 3: COMPETE AO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DIRIMIR CONFLITO DE


COMPETENCIA VERIFICADO, NA RESPECTIVA REGIÃO, ENTRE JUIZ FEDERAL E JUIZ
ESTADUAL INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL. (TRF2-2013) (TRF3-2016)

Súmula 2: NÃO CABE O HABEAS DATA (CF, ART. 5º, LXXII, LETRA "A") SE NÃO HOUVE
RECUSA DE INFORMAÇÕES POR PARTE DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. (TJPA-2012)
(DPESC-2012) (TRF2-2013) (DPERS-2014) (PGM-Recife/PE-2014) (TRF3-2016) (Cartórios/TJMG-2016) (MPRO-2017)
(DPEAL-2017) (MPF-2017) (TJCE-2018) (PGEPE-2018) (DPEGO-2021) (MPRJ-2022) (MPSP-2022)

OBS: Se não houve recusa administrativa, não tem motivo para o autor propor a ação. Falta
interesse de agir (interesse processual).
Art. 5º. (...). LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;

Súmula 1: O FORO DO DOMICILIO OU DA RESIDÊNCIA DO ALIMENTANDO É O


COMPETENTE PARA A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE, QUANDO
CUMULADA COM A DE ALIMENTOS. (MPBA-2010) (MPMS-2013/2015) (DPEBA-2021) (DPEGO-2021)

(DPEGO-2021-FCC): De acordo com as regras estabelecidas pelo CPC/2015, a competência


territorial para a ação declaratória de paternidade é do foro do domicílio do réu, salvo se a
demanda for cumulada com pedido de alimentos. BL: arts. 46 e 53, II, NCPC e Súmula 1, STJ.

#Atenção: De início, cumpre ressaltar que a ação declaratória de paternidade compreende uma
demanda envolvendo direito pessoal. Nessa situação, caso a demanda trate apenas de pedido de
declaração de paternidade, em regra, o foro competente será o do domicílio do réu, nos termos do
art. 46 do NCPC. Por outro lado, se houver, cumulativamente o pedido de alimentos, nesse caso o
foro competente será do domicílio ou residência do alimentante (art. 53, II, NCPC e Súmula 1,
STJ). Perceba, portanto, que prevalecerá o foro privilegiado ao alimentando, nas ações em que se
pedem alimentos, visando buscar a melhor tutela a interesses da parte envolvida. Nesse ponto,
havendo cumulação de pedido de alimentos com investigação de paternidade, prevalecerá o foro
especial do alimentando (Súmula 1, STJ). Acerca do tema, vejamos o seguinte julgado do STJ: “(...)
Não cumulada a ação de investigação de paternidade com o pedido alimentar, a competência é do foro do
domicílio do réu (art. 94 do CPC). A Súmula 01/STJ aplica-se para os casos de cumulação do pedido
investigatório com o de alimentos. STJ, 4ª T., REsp 108.683/MG, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j.
04/10/01”. Para não esquecer, basta lembrar da seguinte dica: “Se a pessoa está pedindo alimentos, é
porque, em teoria, ela não tem condição de ir para longe e participar dos atos do processo. Por isso, o foro é
domicilio de quem pede alimentos.”

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