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ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA – DEC.-LEI nº 911/1969.

MATERIAL COM QUESTÕES DE CONCURSO e ALGUMAS REFERÊNCIAS À SÚMULAS E


JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.

Última atualização legislativa: nenhuma

Última atualização jurisprudencial: 10/02/2022 - Info 599 (art. 3º, §3º); Info 673 (art. 3º, §2º)

Última atualização questões de concurso: 22/08/2023.

Observações quanto à compreensão do material:


1) Cores utilizadas:
 EM VERDE: destaque aos títulos, capítulos, bem como outras informações relevantes, etc.
 EM ROXO: artigos que já foram cobrados em provas de concurso.
 EM AZUL: Parte importante do dispositivo (ex.: questão cobrou exatamente a informação,
especialmente quando a afirmação da questão dizia respeito à situação contrária ao que dispõe
no Dec.-Lei 911/69).
 EM AMARELO: destaques importantes (ex.: critério pessoal)

2) Siglas utilizadas:
 MP (concursos do Ministério Público); M ou TJMG (concursos da Magistratura); BL (base
legal, etc.

DECRETO-LEI Nº 911, DE 1º DE OUTUBRO DE 1969.

Altera a redação do art. 66, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, estabelece normas
de processo sôbre alienação fiduciária e dá outras providências.

         OS MINISTROS DA MARINHA DE GUERRA, DO EXÉRCITO E DA AERONÁUTICA


MILITAR , usando das atribuições que lhes confere o artigo 1º do Ato Institucional nº 12, de 31 de
agôsto de 1969, combinado com o § 1º do arti go 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de
1968,

        DECRETAM:

        Art 1º O artigo 66, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, passa a ter a seguinte redação:

"Art. 66. A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta
da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou
devedor em possuidor direto e depositário com tôdas as responsabilidades e encargos que lhe
incumbem de acordo com a lei civil e penal.

(MPPB-2018-FCC): Em relação aos contratos empresariais seguintes, no contrato de alienação


fiduciária em garantia, o credor fiduciário tem o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa
alienada, ficando o devedor fiduciante como depositário e possuidor direto do bem, que nada
impede já pertencesse ao devedor por ocasião da celebração do contrato. BL: art. 1º, DL 911 (vide
art. 66, caput, da Lei 4.728/65, revogado pela Lei 10.931/04) e Súmula 28, STJ.

#Atenção: No Direito Brasileiro, a criação do instituto alienação fiduciária em garantia ocorreu


com o art. 66 da Lei nº 4.728/65, diploma legal que disciplina o mercado de capitais e estabelece
medidas para o seu desenvolvimento. O DL 911/69, por sua vez, introduziu determinadas
modificações no âmbito do direito material e processual, visando corrigir as falhas que constavam
na redação original do art. 66 da Lei 4.728/65, de modo a tornar explícita, a transferência ao credor
do domínio resolúvel e da posse indireta da coisa alienada, independentemente de tradição
efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas
as responsabilidades e encargos que lhe incumbem, segundo a lei civil e penal. Entretanto, os arts.
66 e 66-A da Lei 4.728/65 foram revogados pela Lei 10.931/04. A alienação fiduciária em garantia
compreende um contrato instrumental em que uma das partes, em confiança, aliena a outra a
propriedade resolúvel de determinado bem, móvel ou imóvel, ficando esta parte (instituição
financeira, em regra) obrigada a devolver àquela o bem que lhe foi alienado quando verificada a
ocorrência do pagamento do empréstimo.
§ 1º A alienação fiduciária sòmente se prova por escrito e seu instrumento, público ou particular,
qualquer que seja o seu valor, será obrigatòriamente arquivado, por cópia ou microfilme, no Registro
de Títulos e Documentos do domicílio do credor, sob pena de não valer contra terceiros, e conterá,
além de outros dados, os seguintes:

a) o total da divida ou sua estimativa;

b) o local e a data do pagamento;

c) a taxa de juros, os comissões cuja cobrança fôr permitida e, eventualmente, a cláusula penal e a
estipulação de correção monetária, com indicação dos índices aplicáveis;

d) a descrição do bem objeto da alienação fiduciária e os elementos indispensáveis à sua


identificação.

§ 2º Se, na data do instrumento de alienação fiduciária, o devedor ainda não fôr proprietário da coisa
objeto do contrato, o domínio fiduciário desta se transferirá ao credor no momento da aquisição da
propriedade pelo devedor, independentemente de qualquer formalidade posterior.

§ 3º Se a coisa alienada em garantia não se identifica por números, marcas e sinais indicados no
instrumento de alienação fiduciária, cabe ao proprietário fiduciário o ônus da prova, contra terceiros,
da identidade dos bens do seu domínio que se encontram em poder do devedor.

§ 4º No caso de inadimplemento da obrigação garantida, o proprietário fiduciário pode vender a


coisa a terceiros e aplicar preço da venda no pagamento do seu crédito e das despesas decorrentes da
cobrança, entregando ao devedor o saldo porventura apurado, se houver.

§ 5º Se o preço da venda da coisa não bastar para pagar o crédito do proprietário fiduciário e
despesas, na forma do parágrafo anterior, o devedor continuará pessoalmente obrigado a pagar o
saldo devedor apurado.

§ 6º É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia,
se a dívida não fôr paga no seu vencimento.

§ 7º Aplica-se à alienação fiduciária em garantia o disposto nos artigos 758, 762, 763 e 802 do Código
Civil, no que couber.

§ 8º O devedor que alienar, ou der em garantia a terceiros, coisa que já alienara fiduciàriamente em
garantia, ficará sujeito à pena prevista no art. 171, § 2º, inciso I, do Código Penal.

§ 9º Não se aplica à alienação fiduciária o disposto no artigo 1279 do Código Civil.

§ 10. A alienação fiduciária em garantia do veículo automotor, deverá, para fins probatóros, constar
do certificado de Registro, a que se refere o artigo 52 do Código Nacional de Trânsito."

        Art. 2o  No caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante
alienação fiduciária, o proprietário fiduciário ou credor PODERÁ VENDER A COISA a terceiros,
INDEPENDENTEMENTE de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida
judicial ou extrajudicial, SALVO disposição expressa em contrário prevista no contrato, devendo
aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes e entregar ao
devedor o saldo apurado, se houver, com a devida prestação de contas . (Redação dada pela Lei nº 13.043,
de 2014) (TJCE-2012/2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (DPEPE-2015) (Cartórios/TJMG-2016) (TRF4-2016)
(Cartórios/TJRO-2017) (MPPB-2018) (TJSP-2021) (TJDFT-2023)

#Atenção: #Jurisprud. Teses/STJ - Ed. nº 16: #TJDFT-2023: #CESPE: Tese 08: O credor fiduciário
responde pelas despesas de guarda e conservação em pátio privado de veículo alienado
fiduciariamente em virtude de cumprimento de liminar de busca e apreensão.
#Comentários sobre o julgado acima: #DOD: Quem deverá pagar as despesas com a remoção e
estadia do carro apreendido?
-ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA:
1) Veículo apreendido em ação de busca e apreensão por inadimplemento contratual: o credor-
fiduciário (ex: banco) (REsp 1657752/SP)
2) Veículo apreendido por infração de trânsito: o credor-fiduciário (AgInt no AREsp 1.210.496/SP).
-ARRENDAMENTO MERCANTIL:
1) Veículo apreendido em ação de reintegração de posse por inadimplemento contratual: o
arrendante (ex: banco) (REsp 1.828.147/SP)
2) Veículo apreendido por infração de trânsito: o arrendatário. Fundamento: art. 4º da Resolução nº
149/2003 do Contran (REsp 1.114.406/SP)

        § 1º O crédito a que se refere o presente artigo abrange o principal, juros e comissões, além das
taxas, cláusula penal e correção monetária, quando expressamente convencionados pelas partes.

        § 2o A MORA DECORRERÁ do simples vencimento do prazo para pagamento e PODERÁ


SER COMPROVADA por carta registrada com aviso de recebimento, NÃO SE EXIGINDO que a
assinatura constante do referido aviso seja a do próprio destinatário. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de
2014) (TJMG-2014) (TJAP-2014) (TJSE-2015) (DPEPE-2015) (TRF4-2016) (Cartórios/TJMG-2016/2017) (TJSP-2017)
(MPPB-2018) (Cartórios/TJAM-2018) (Cartórios/TJDFT-2019) (Cartórios/TJSC-2019) (TJGO-2021) (TJRS-2022)

(TJSP-2017-VUNEP): Na alienação fiduciária em garantia, regida pelo Decreto-lei n° 911/1969, a


mora se configura com o vencimento da obrigação, mas a busca e apreensão do bem está
condicionada à prévia notificação do devedor. BL: art. 2º, §2º do Dec.-Lei 911/69 e Súmula 72 do
STJ e julgado do STJ.

#Atenção: #TJSP-2017: #Cartórios/TJDFT-2019: #CESPE: #VUNESP: Conforme entendimento


do STJ, para a busca e apreensão nos contratos de alienação fiduciária, imperiosa a
comprovação da mora por meio da notificação extrajudicial do devedor, realizada por
intermédio de carta registrada, enviada por Cartório de Títulos e Documentos, e entregue no
domicílio do devedor, dispensando-se a notificação pessoal. Precedentes. Para a comprovação
da mora é imprescindível que a notificação extrajudicial seja encaminhada ao endereço do
devedor, ainda que seja dispensável a notificação pessoal. Precedentes. (STJ, 3ª T, AgInt no AREsp
894433-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 06/06/2017, DJe 16/06/2017).

#Atenção: Vejamos o teor da Súmula 72 do STJ: “A comprovação da mora é imprescindível à busca e


apreensão do bem alienado fiduciariamente.”

#Atenção: A natureza da mora nos contratos de alienação fiduciária é EX RE, ou seja, independe
de interpelação do devedor. Todavia, os atos materiais decorrentes da mora, como, por exemplo,
busca e apreensão do bem, dependem, sim, de comprovação da mora. Desse modo, a mora nasce
com o simples inadimplemento por parte do devedor, entretanto, eventual satisfação do direito
pleiteado, com ações matérias, a exemplo, a busca e apreensão do bem em questão, depende de
comprovação da mora - por intermédio de competente notificação do devedor (que pode se dar
por AR, sem maiores formalidades.

(TJSE-2015-FCC): A notificação extrajudicial realizada e entregue no endereço do devedor, por via


postal e com aviso de recebimento, é válida quando realizada por Cartório de Títulos e
Documentos de outra Comarca, mesmo que não seja aquele do domicílio do devedor. BL: art. 2º,
§2º, DL 911/69.

        § 3º A MORA e o INADIMPLEMENTO de obrigações contratuais GARANTIDAS por


alienação fiduciária, ou a ocorrência legal ou convencional de algum dos casos de antecipação de
vencimento da dívida FACULTARÃO ao credor CONSIDERAR, DE PLENO DIREITO,
VENCIDAS todas as obrigações contratuais, INDEPENDENTEMENTE de aviso ou notificação
judicial ou extrajudicial. (TJAP-2008) (TJMG-2008) (DPEPE-2015) (MPPB-2018)

(DPEPE-2015-CESPE): Determinada sociedade empresária resolveu recorrer ao instituto da


alienação fiduciária em garantia, para aquisição de alguns bens móveis e imóveis. Com referência
a essa situação hipotética, julgue o item que se segue: No contrato de alienação fiduciária de bem
móvel, a mora de qualquer das obrigações contratuais por parte do fiduciante facultará ao
fiduciário o vencimento antecipado da dívida, independentemente de aviso ou notificação. BL:
art. 2º, §3º, DL 911/69.

#Atenção: O contrato de alienação fiduciária em garantia é aquele em que se utiliza de instituição


financeira para conseguir empréstimo para aquisição de um bem específico, móvel ou imóvel,
sendo que este bem é dado em garantia. É um contrato instrumental para o contrato de
empréstimo bancário. No caso de bem móvel, o tratamento está no DL 911/69, que foi alterado em
2014, quanto à comprovação da mora, busca e apreensão, tentando acelerar o procedimento do
credor em caso de inadimplemento. A propriedade fica sob condição resolutiva. Antes da
alteração, era possível a purga da mora, pagando apenas as prestações atrasadas. Atualmente,
recebido o mandado de busca e apreensão, a única coisa que o credor poderá fazer é pagar
integralmente o valor do bem.

(TJAP-2008-FGV): A respeito da alienação fiduciária em garantia, assinale a afirmativa correta: A


mora do devedor fiduciante é considerada ex re, ou seja, caracteriza-se pelo simples
inadimplemento da obrigação pactuada no prazo avençado. BL: art. 2º, §3º, DL 911/69.

(TJMG-2008): A mora e o inadimplemento de obrigações contratuais garantidas por alienação


fiduciária, ou a ocorrência legal ou convencional de algum dos casos de antecipação de
vencimento da dívida, facultarão ao credor considerar, de pleno direito, vencidas todas as
obrigações contratuais, independentemente de aviso ou notificação judicial ou extrajudicial. BL:
art. 2º, §3º, DL 911/69.

§ 4o Os procedimentos previstos no caput e no seu § 2 o APLICAM-SE às operações de


arrendamento mercantil previstas na forma da Lei no 6.099, de 12 de setembro de 1974. (Incluído pela
Lei nº 13.043, de 2014) (Cartórios/TJAM-2018) (Cartórios/TJSC-2019)

(Cartórios/TJSC-2019-IESES): Segundo o Decreto-Lei 911/69: A disciplina quanto à aplicação do


valor obtido com a venda da coisa alienada fiduciariamente, e bem assim a sistemática para
constituição em mora do devedor fiduciário, aplicam-se às operações de arrendamento mercantil.
BL: art. 2º, §§ 2º e 4º do Dec.

       Art. 3o O proprietário fiduciário ou credor PODERÁ, desde que comprovada A MORA, na


forma estabelecida pelo § 2o do art. 2o, ou o INADIMPLEMENTO, REQUERER CONTRA o
devedor ou terceiro a BUSCA E APREENSÃO do bem alienado fiduciariamente, a qual SERÁ
CONCEDIDA LIMINARMENTE, PODENDO SER APRECIADA em plantão judiciário. (Redação
dada pela Lei nº 13.043, de 2014) (TJDFT-2008) (TRF3-2013) (TJAP-2014) (TRF4-2016) (Cartórios/TJMG-2017) (MPPB-
2018) (TJGO-2021)

#Atenção: #STJ: #TRF3-2013: #CESPE: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ART. 3º DO DECRETO


911/69. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. ILEGALIDADE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS.
DISCUSSÃO NO ÂMBITO DA DEFESA. POSSIBILIDADE. MATÉRIA RELACIONADA
DIRETAMENTE COM A MORA. Possível a discussão sobre a legalidade de cláusulas
contratuais como matéria de defesa na ação de busca e apreensão decorrente de arrendamento
mercantil. (...) (STJ. 2ª S., REsp 267.758/MG, Rel. Min. Ari Pargendler, Rel. p/ Ac. Min. Aldir
Passarinho Júnior, j. 27/04/05).

        § 1o Cinco dias APÓS EXECUTADA a LIMINAR mencionada no caput, CONSOLIDAR-SE-


ÃO a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo
às repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro de propriedade
em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária.
(Redação dada pela Lei 10.931, de 2004) (TJDFT-2012/2015) (Cartórios/TJMG-2017) (TJGO-2021) (TJRS-2022)

        § 2o No prazo do § 1o, o devedor fiduciante PODERÁ PAGAR a INTEGRALIDADE DA


DÍVIDA PENDENTE, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese
na qual o bem LHE SERÁ RESTITUÍDO LIVRE DO ÔNUS. (Redação dada pela Lei 10.931, de 2004)
(TRF2-2009) (TJDFT-2012/2015) (PGEPA-2015) (TRF4-2016) (TJGO-2021) (TJRS-2022)

#Atenção: #STJ: #DOD: O prazo de 5 dias para pagamento da integralidade da dívida é de


direito material e, portanto, contado em dias corridos: O prazo de cinco dias para pagamento da
integralidade da dívida, previsto no art. 3º, § 2º, do Decreto-Lei 911/69, deve ser considerado de
direito material, não se sujeitando, assim, à contagem em dias úteis, prevista no art. 219, caput,
do CPC/15. STJ. 3ª T. REsp 1770863-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 09/06/20 (Info 673).

#Atenção: #STJ: #DOD: #PGEPA-2015: #TJGO-2021: #TJRS-2022: #Faurgs: #FCC: Possibilidade


de pagamento integral da dívida: No prazo de 5 dias após o cumprimento da liminar (apreensão
do bem), o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da dívida pendente, segundo os
valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído
livre do ônus (§ 2º do art. 3º do DL 911/69). O que se entende por “integralidade da dívida
pendente”? Todo o débito. Segundo decidiu o STJ, a Lei 10.931/04, que alterou o DL 911/69, não
mais faculta ao devedor a possibilidade de purgação de mora, ou seja, não mais permite que ele
pague somente as prestações vencidas. Para que o devedor fiduciante consiga ter o bem de volta,
ele terá que pagar a integralidade da dívida, ou seja, tanto as parcelas vencidas quanto as
vincendas (mais os encargos), no prazo de 5 dias após a execução da liminar. Assim, o devedor
fiduciante terá que pagar, em 5 dias, as parcelas restantes, sendo que, na alienação fiduciária em
garantia, a Lei 10.931/04 passou a não mais permitir a purgação da mora. Vale ressaltar que o
tema acima foi decidido em sede de recurso repetitivo, tendo o STJ firmado a seguinte conclusão,
que será aplicada em todos os processos semelhantes: “Nos contratos firmados na vigência da Lei
10.931/04, compete ao devedor, no prazo de 5 (cinco) dias após a execução da liminar na ação de
busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida - entendida esta como os valores
apresentados e comprovados pelo credor na inicial -, sob pena de consolidação da propriedade do
bem móvel objeto de alienação fiduciária”. STJ. 2ª S. REsp 1.418.593-MS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 14/5/14 (recurso repetitivo) (Info 540)

(TJGO-2021-FCC): No caso de inadimplemento de obrigação garantida por alienação fiduciária


em garantia, no regime do Decreto-lei n° 911, de 1° de outubro de 1969, o credor fiduciário,
comprovando previamente a mora, por meio de carta registrada com aviso de recebimento,
assinado ou não pelo próprio destinatário, requererá busca e apreensão do bem contra o devedor
fiduciante, que, para se ver restituído do bem, livre de ônus, deverá pagar a integralidade da
dívida em até cinco dias da execução da liminar. BL: art. 2º, §2º c/c art. 3º, caput e §1º e 2º, DL
911/69.

(Cartórios/TJMG-2017-Consulplan): Pelo Decreto-Lei 911/69, que rege a Alienação Fiduciária em


Garantia, após deferida e cumprida a medida liminar de busca e apreensão, é correto afirmar: No
prazo de cinco dias, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da dívida pendente,
segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será
restituído livre do ônus. BL: art. 3º, §2º do Dec.

(TJSE-2015-FCC): Compete ao devedor, no prazo de 5 dias após a execução da liminar na ação de


busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida − entendida esta como os valores apresentados
e comprovados pelo credor na inicial −, sob pena de consolidação da propriedade do bem móvel
objeto de alienação fiduciária. BL: art. 3º, §§ 1º e 2º do Dec.

        § 3o O devedor fiduciante APRESENTARÁ RESPOSTA no prazo de quinze dias da execução


da LIMINAR. (Redação dada pela Lei 10.931, de 2004) (TJMG-2014) (Cartórios/TJMG-2017) (TJGO-2021)

#Atenção: #DOD: #STJ: #DPEPR-2017: #TRF2-2018: #TRF3-2018: #MPGO-2019: #DPEMG-2019:


#MPM-2021: #TJSP-2023: #FCC: #VUNESP: Não se aplica a teoria do adimplemento substancial
aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69. STJ. 2ª S. REsp
1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 22/2/17
(Info 599).
#Comentários sobre o julgado acima: #DOD: Assim, devidamente comprovada a mora ou o
inadimplemento, o DL 911/69 autoriza que o credor fiduciário possa se valer da ação de busca e
apreensão, sendo irrelevante examinar quantas parcelas já foram pagas ou estão em aberto. Além
disso, o art. 3º, § 2º do DL 911/69 prevê que o bem somente poderá ser restituído ao devedor se ele
pagar, no prazo de 5 dias, a integralidade da dívida pendente. Dessa forma, a lei foi muito clara ao
exigir a quitação integral do débito como condição imprescindível para que o bem alienado
fiduciariamente seja remancipado. Ou seja, nos termos da lei, para que o bem possa ser restituído
ao devedor livre de ônus, é necessário que ele quite integralmente a dívida pendente. Assim,
mostra-se incongruente impedir a utilização da ação de busca e apreensão pelo simples fato de
faltarem poucas prestações a serem pagas, considerando que a lei de regência do instituto
expressamente exigiu o pagamento integral da dívida pendente.
#Questões de concurso:
(MPGO-2019): De acordo com o clássico conceito de Clóvis do Couto e Silva, adimplemento
substancial “constitui um adimplemento tão próximo ao resultado final, que, tendo-se em vista a conduta das
partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-lhe tão somente o pedido de indenização e/ou adimplemento,
de vez que a primeira pretensão viria a ferir o princípio da boa-fé (objetiva) ”. (O Princípio da Boa-Fé no
Direito Brasileiro e Português in Estudos de Direito Civil Brasileiro e Português. São Paulo: RT, 1980,
p. 56). De acordo com o conceito doutrinário acima, assinale a alternativa correta: Segundo
jurisprudência dominante no STJ, não é possível aplicar a teoria do adimplemento substancial aos
contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei n. 911/69. BL: Info 599, STJ.
(TRF2-2018): Consoante orientação contemporânea adotada pelo STJ, à luz dos contratos de
alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei n. 911/69, a teoria do adimplemento
substancial: é descabida devido à exigência do pagamento da integralidade da dívida para o bem ser
restituído ao devedor livre de ônus. BL: Info 599, STJ.

        § 4o A RESPOSTA PODERÁ SER APRESENTADA ainda que o devedor TENHA SE


UTILIZADO da faculdade do § 2o, caso ENTENDA TER HAVIDO pagamento a maior e desejar
restituição. (Redação dada pela Lei 10.931, de 2004) (TJMG-2014) (TJAP-2014) (TJSE-2015) (Cartórios/TJMG-2017)

#Atenção: #Cartórios/TJMG-2017: #Consulplan: Mesmo que o devedor tenha optado por pagar a
integralidade da dívida, poderá apresentar resposta.

        § 5o Da sentença CABE APELAÇÃO APENAS no efeito devolutivo. (Redação dada pela Lei 10.931,
de 2004) (TJAP-2014) (Cartórios/TJAM-2018) (Cartórios/TJSC-2019)

(Cartórios/TJSC-2019-IESES): Segundo o Decreto-Lei 911/69: Da sentença proferida no respectivo


procedimento cabe apelação apenas no efeito devolutivo. BL: art. 3º, § 5º do Dec.

        § 6o Na sentença que decretar a IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO, o


juiz CONDENARÁ o credor fiduciário ao pagamento de multa, em favor do devedor fiduciante,
equivalente a cinqüenta por cento do valor originalmente financiado, devidamente atualizado, caso
o bem já tenha sido alienado. (Redação dada pela Lei 10.931, de 2004) (DPESP-2012) (TJAP-2008/2014)

        § 7o A multa mencionada no § 6 o NÃO EXCLUI a responsabilidade do credor fiduciário POR


PERDAS E DANOS. (Incluído pela Lei 10.931, de 2004) (DPESP-2012)

(DPESP-2012-FCC): Em ação de busca e apreensão de veículo objeto de alienação fiduciária, após


a execução da liminar concedida, caso ocorra a purgação da mora pelo réu no prazo legal e o autor
já tenha vendido o bem em leilão, sendo a ação improcedente, a sentença condenará o credor
fiduciário ao pagamento de multa, em favor do devedor fiduciante, equivalente a cinquenta por
cento do valor originalmente financiado, devidamente atualizado, sem prejuízo da reparação por
eventuais perdas e danos. BL: art. 2º, §§6º e 7º, Dec.-Lei 911.

        § 8o A BUSCA E APREENSÃO prevista no presente artigo CONSTITUI processo autônomo e


independente de qualquer procedimento posterior. (Incluído pela Lei 10.931, de 2004) (TJDFT-2015)

§ 9o Ao decretar a busca e apreensão de veículo, o juiz, caso tenha acesso à base de dados do
Registro Nacional de Veículos Automotores - RENAVAM, inserirá diretamente a restrição judicial na
base de dados do Renavam, bem como retirará tal restrição após a apreensão . (Incluído pela Lei nº 13.043,
de 2014)

§ 10.  Caso o juiz não tenha acesso à base de dados prevista no § 9 o, deverá oficiar ao
departamento de trânsito competente para que: (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)

I - registre o gravame referente à decretação da busca e apreensão do veículo; e (Incluído pela Lei
nº 13.043, de 2014)

II - retire o gravame após a apreensão do veículo . (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)

§ 11.  O juiz também determinará a inserção do mandado a que se refere o § 9 o em banco


próprio de mandados. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)

§ 12.  A parte interessada poderá requerer diretamente ao juízo da comarca onde foi localizado
o veículo com vistas à sua apreensão, sempre que o bem estiver em comarca distinta daquela da
tramitação da ação, bastando que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e,
quando for o caso, a cópia do despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo . (Incluído pela Lei
nº 13.043, de 2014)

§ 13.  A apreensão do veículo será imediatamente comunicada ao juízo, que intimará a


instituição financeira para retirar o veículo do local depositado no prazo máximo de 48 (quarenta e
oito) horas. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)
§ 14.  O devedor, por ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão, deverá
entregar o bem e seus respectivos documentos . (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)

§ 15.  As disposições deste artigo aplicam-se no caso de reintegração de posse de veículos
referente às operações de arrendamento mercantil previstas na Lei n o 6.099, de 12 de setembro de
1974. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)

        Art. 4o Se o bem alienado fiduciariamente NÃO FOR ENCONTRADO ou NÃO SE ACHAR
na posse do devedor, FICA FACULTADO ao credor requerer, nos mesmos autos, a conversão do
pedido de busca e apreensão EM AÇÃO EXECUTIVA, na forma prevista no Capítulo II do Livro
II da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil . (Redação dada pela Lei nº 13.043,
de 2014) (TJMG-2014) (TJAP-2014) (TJDFT-2015/2023)

#Atenção: #STJ: #TRF3-2013: #CESPE: A jurisprudência do STJ traçou orientação no sentido de


que, em ação de busca e apreensão processada sob o rito do Decreto-Lei 911/69, o credor tem a
faculdade de requerer a conversão do pedido de busca e apreensão em ação executiva se o bem
não for encontrado ou não se achar na posse do devedor (art. 4º). A Lei 13.043/14, que trouxe
modificações no Decreto-Lei 911/69, autoriza a aplicação das normas procedimentais previstas
para a alienação fiduciária aos casos de reintegração de posse de veículos referentes às
operações de arrendamento mercantil (Lei 6.099/74). STJ. 3ª T., REsp 1.785.544/RJ, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21/6/22.
(TJDFT-2023-CESPE): Assinale a opção correta conforme o entendimento do STJ acerca da alienação
fiduciária em garantia de coisa móvel: Caso o bem não seja encontrado em ação de busca e apreensão
processada sob o rito do Decreto-lei 911/69, o credor poderá requerer a conversão do pedido de
busca e apreensão em ação executiva. BL: art. 4º, DL 911/69 e Entend. Jurisprud.

        Art. 5o Se o credor preferir recorrer à ação executiva, direta ou a convertida na forma do art. 4 o,
ou, se for o caso ao executivo fiscal, serão penhorados, a critério do autor da ação, bens do devedor
quantos bastem para assegurar a execução. (Redação dada pela Lei nº 13.043, de 2014)

        Parágrafo único. Não se aplica à alienação fiduciária o disposto nos  incisos VI e VIII do Art. 649
do Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 1974)

        Art 6º O avalista, fiador ou terceiro interessado que pagar a dívida do alienante ou devedor, se
sub-rogará, de pleno direito no crédito e na garantia constituída pela alienação fiduciária.

Art. 6o-A.  O PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ou EXTRAJUDICIAL pelo devedor


nos termos da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, NÃO IMPEDE a distribuição e a busca e
apreensão do bem. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014) (Cartórios/TJAM-2018) (Cartórios/TJSC-2019)

(Cartórios/TJSC-2019-IESES): Segundo o Decreto-Lei 911/69: O pedido de recuperação judicial


ou extrajudicial pelo devedor nos termos da Lei 11.101/05 não impede a busca e apreensão do
bem. BL: art. 6º-A do Dec.

        Art. 7º. Na falência do devedor alienante, fica assegurado ao credor ou proprietário fiduciário
o direito de pedir, na forma prevista na lei, a restituição do bem alienado fiduciariamente .
(Cartórios/TJSP-2011) (TRF1-2013)

        Parágrafo único. Efetivada a restituição o proprietário fiduciário agirá na forma prevista neste
Decreto-lei.

Art. 7o-A.  Não será aceito bloqueio judicial de bens constituídos por alienação fiduciária nos
termos deste Decreto-Lei, sendo que, qualquer discussão sobre concursos de preferências deverá ser
resolvida pelo valor da venda do bem, nos termos do art. 2 o. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014)

        Art 8º O Conselho Nacional de Trânsito, no prazo máximo de 60 dias, a contar da vigência do
presente Decreto lei, expedirá normas regulamentares relativas à alienação fiduciária de veículos
automotores.

       Art. 8o-A. O procedimento judicial disposto neste Decreto-Lei aplica-se exclusivamente às
hipóteses da Seção XIV da Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965, ou quando o ônus da propriedade
fiduciária tiver sido constituído para fins de garantia de débito fiscal ou previdenciário . (Incluído pela
Lei 10.931, de 2004)

        Art 9º O presente Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação, aplicando-se desde
logo, aos processos em curso, revogadas as disposições em contrário.

        Brasília, 1 de outubro de 1969; 148º Independência e 81º da República.

AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD


AURÉLIO DE LYRA TAVARES
MÁRCIO DE SOUZA E MELLO
Luís Antônio da Gama e Silva
Antônio Delfim Netto

Este texto não substitui o publicado no DOU de 3.10.1969

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