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MATÉRIA: Direito Comercial

PROFESSOR: Marcelo T. Cometti


AULA E DATA: Aula 05 – 26.02.2010

TÍTULOS DE CRÉDITO - Princípios

C-) Autonomia das obrigações cambiais (continuação)

Este princípio se desdobra em outros 02 subprincípios:

 Abstração - o título de crédito, quando posto em circulação, se desvincula da relação


jurídica fundamental, isto é, do negócio que lhe deu causa.

 Inoponibilidade de exceções pessoais ao terceiro de boa fé – por este princípio, o


devedor principal de um título de crédito não poderá se opor ao seu pagamento
alegando, como defesa, ao endossatário de boa fé, fatos que não decorram de vícios
constantes do próprio título de crédito, ou seja, exceções pessoais.

- Classificação dos títulos de crédito

I-) Quanto ao modelo

a. Livre – título livre é aquele que para a sua válida emissão deverá conter todos os
requisitos previstos em lei, não sendo, no entanto, exigida a observância de uma forma
ou de um padrão específico. Exemplo: Nota promissória e letra de câmbio (os arts. 1º e
75 do Decreto nº. 57.663/66 – Anexo I, traz o requisitos da letra de câmbio e da nota
promissória, respectivamente).

“Art. 1° A letra contém:

1 - A palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a
redação desse título;
2 - O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
3 - O nome daquele que deve pagar (sacado);
4 - A época do pagamento;
5 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
6 - O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
7 - A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
8 - A assinatura de quem passa a letra (sacador).”

“Art. 75 A nota promissória contém:

1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua


empregada para a redação desse título;

1
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
3 - A época do pagamento;
4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;
6 - A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada;
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).”

b. Vinculado – é aquele que deverá conter, para a sua valide emissão, além da
observância de uma forma própria, os requisitos prescritos em lei. Exemplo: Cheque e
duplicata.

II-) Quanto à circulação

a. Ao portador – é aquele que não possui, expresso na cártula, o nome do beneficiário do


crédito, razão pela qual qualquer pessoa que esteja portando o título será considerada
seu legítimo possuidor. Dessa forma, circula pela simples tradição.

b. Nominativo – é aquele que possui, expresso na cártula, o nome do beneficiário do


crédito, acrescido da cláusula “à ordem” (título nominativo à ordem), hipótese em que
circula por endosso; ou da cláusula “não à ordem” (título nominativo não à ordem),
hipótese em que circulará pela cessão.

- Principais diferenças entre endosso e cessão

O endosso, por ser um ato cambial, submete todas as relações jurídicas que dele decorram aos
princípios cambiais, razão pela qual o devedor principal de um título de crédito não poderá se
opor ao seu pagamento alegando ao endossatário de boa fé exceções pessoais.

Todavia, tais princípios cambiais não terão plena aplicação quando as relações jurídicas
documentadas em um título de crédito decorrerem de uma cessão (civil), razão pela qual, o
devedor principal, nessa hipótese, poderá se opor ao pagamento do título, alegando como
defesa, exceções pessoais, ainda que esteja o cessionário de boa fé.

Ademais, enquanto o endossante se vincula ao pagamento do título como co-devedor,


garantindo, não apenas a existência do crédito, mas também, a solvência do devedor principal,
o cedente responderá, tão somente, pela existência do crédito, não se vinculando, portanto, ao
pagamento do título como co-obrigado.

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