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Direito Civil – Conselheiro Araújo Barros 31.01.

2005

OS TÍTULOS DE CRÉDITO

NOÇÃO
Segundo Ferrer Correia1, o título de crédito é um documento que
se encontra numa posição especial face ao direito a que se reporta;
trata-se de um documento constitutivo de carácter permanente, que
constitui prova do direito e é, ele próprio, fundamento desse direito
porque incorpora a relação cartular2 ou fundamental.
Toda a sua disciplina está mais ou menos enformada por um
preocupação de defesa dos portadores do título de crédito, de boa fé,
que são terceiros face à relação cartular, e pelo propósito de facilitar e
encorajar a circulação dos próprios títulos de crédito.

TIPOS DE TÍTULOS DE CRÉDITO


Podemos distinguir diferentes títulos de crédito:
1. Quanto ao conteúdo do direito cartular (direito que consta do
título), os títulos de crédito podem ser:
 títulos corporativos ou de participação: atribuem ao seu
titular um status ou qualidade de membro de certa
corporatividade; por exemplo, serão títulos de participação
as acções das sociedades anónimas, pois só com esse título
o sócio demonstra essa sua qualidade:
 títulos de mercadorias: utilizados no âmbito dos
transportes, investem o seu titular não só num direito de
crédito (à entrega das mercadorias) mas também num
direito real sobre as mercadorias (é também dono delas). É
o caso das guias de transporte (nos transportes terrestres),
do conhecimento de embarque ou do conhecimento de
depósito.
1
Lições de Direito Comercial, 3.º Volume. Veja-se também a LULL Anotada do Dr. Abel
Delgado.
2
Esta expressão tem a sua origem já na Roma Antiga, onde o título era a cártula.

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 títulos que incorporam uma prestação em dinheiro: os


que, pela sua existência, incorporam uma dívida em
dinheiro, o que significa que, em princípio, o seu titular é o
credor. Aqui se incluem as letras, as livranças e os cheques.
2. Quanto ao modo de circulação:
circulação
a) Títulos Nominativos: só são transmissíveis a uma pessoa
identificada pelo seu nome; a sua circulação exige, sob pena
de ineficácia, que haja uma inscrição do nome do titular
pelo transmitente averbada em título próprio. Como
exemplo, podemos indicar as acções de sociedades
nominativas, em que o seu titular está perfeitamente
identificado mas, para que possa transmitir o título de
crédito, a própria sociedade terá que fazer a devida
inscrição ou averbamento nos livros próprios;
b) Títulos à ordem: são endereçados a uma pessoa
determinada, mas esta transmite-os pela simples indicação
do nome do transmissário no título (endosso);
c) Títulos ao portador: nestes nem sequer é necessário
fazer-se menção da pessoa autorizada a exercer o direito
cartular, pelo que estes títulos de crédito circulam por mera
tradição. O seu titular é quem se encontra na posse do
título.

Dada a matéria indicada no aviso do concurso para o CEJ vamos


restringir-nos às letras, livranças e cheques.

AS LETRAS3
A letra é um título de crédito:

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Iniciaremos a exposição pelas letras porque o seu regime é aplicável aos restantes
títulos de crédito. Quando haja especialidades, a referência a elas será feita no local
próprio.

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1) À ordem: é-o necessariamente à partida, mas pode deixar de o


ser por força dos subsequentes negócios cambiários (p.ex., o seu
endosso pode ser ao portador);
2) Formal: têm que estar verificadas determinadas formalidades,
sendo que a falta de algumas delas gera nulidade do título.
3) Pelo qual uma pessoa (o sacador) ordena a outra (o sacado) que
pague, a si ou a um terceiro (o tomador), uma determinada quantia em
dinheiro. No fundo, a letra é uma ordem de pagamento.
O tomador da letra pode ser o próprio sacador, o que até é muito
vulgar no nosso comércio jurídico, pois facilita que o tomador faça
circular a letra e, assim, obtenha o seu pagamento antecipado (antes da
data que nela consta).
Nessa medida, a letra distingue-se da LIVRANÇA, que apenas
enuncia uma promessa de pagamento (o subscritor promete pagar ao
tomador uma determinada quantia, num determinado prazo) e do
CHEQUE (que enuncia, tal como a letra, uma ordem de pagamento, mas
exige, da parte do sacador, um depósito de fundos naquele a quem a
ordem é dada  normalmente um banco –, pois se não houver fundos o
sacado não é obrigado a pagar)4.
Como já referimos, quer a letra, quer a livrança, quer o cheque,
incorporam uma prestação em dinheiro, a que se costuma chamar
obrigação cambiária; esta obrigação cambiária é a que consta do título
e que incorpora a prestação que está por trás do título, mas de que a
relação cambiária prescinde.

Vejamos as Características Gerais da Obrigação Cambiária,


Cambiária que é
a resulta do título.
A) Função de incorporação da obrigação no próprio título  a
obrigação e o título constituem uma unidade.

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Tirando este requisito da disponibilidade de fundos, tudo o resto se passa como na
letra.

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B) Literalidade da obrigação  como vimos, a obrigação é


incorporada no título; a literalidade da obrigação significa que a sua
reconstituição se faz pela simples inspecção ou análise do título; basta
atentar no título para determinar qual é a obrigação que existe, naquele
momento.
C) Abstracção da obrigação  o título é totalmente independente
da relação causal que lhe está na base; a causa que determinou a
emissão do título não faz parte dele, o que implica que a obrigação que
consta do título seja abstracta. Aliás, há títulos em que nem sequer
existe razão causal na sua emissão (causa debendi), como é o caso das
letras de favor. Porém, este facto não retira qualquer validade ao título.
D) Independência recíproca das várias obrigações incorporadas no
título (p.ex., obrigação principal, aval, etc.). No caso das livranças, o
emitente enuncia uma promessa de pagamento; mas se houver um
avalista, este assume o pagamento se aquele o não fizer; tal como, pelo
endosso, o portador assume o pagamento independentemente dos
outros. A independência das obrigações umas das outras significa que a
nulidade de uma das prestações não se comunica às demais, desde que
conformes ao regime cambiário.
E) Autonomia do direito do portador  desde que seja portador
legítimo (justifique a sua posse por actos que a legitimem), o portador
tem direito a ser pago pelo valor que consta do título. Quer isto dizer
que, desde que a posse seja legítima, qualquer situação de aquisição
derivada confere ao titular a posição de portador originário, sendo-lhe
inoponíveis quaisquer excepções de não propriedade do crédito que lhe
foi transmitido.
F) Tutela dos interesses dos terceiros de boa fé  o portador do
título que seja terceiro em relação ao emitente está protegido em relação
a quaisquer excepções que sejam oponíveis ao emitente5.

Requisitos de Forma
5
Depois veremos melhor esta questão. Cfr. artigos 16.º e 17.º LULL.

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Começamos por dizer que os títulos de crédito, e, neste caso, as


letras6, são títulos formais e, portanto, sujeitos a determinadas
formalidades, que estão previstas no artigo 1.º da LULL. Qualquer letra
que não contenha um elemento essencial dos ali referidos não vale
como letra.
No entanto, é de referir que neste artigo há exigências
essencialíssimas, outras simplesmente essenciais e outras ainda
relativamente essenciais. Isto é, umas (as essencialíssimas) se não
existirem, implicam a absoluta invalidade do título; outras (as
essenciais), se faltarem, vêem essa falta ser suprida pela LULL, não
implicando tal invalidade; outras ainda (as relativamente essenciais) são
eventualmente dispensáveis na situação específica da letra em branco 7.

Artigo 1º
Requisitos da letra
A letra contém:
1 - A palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua
empregada para a redacção desse título;
2 - O mandato puro é simples de pagar uma quantia determinada;
3 - O nome daquele que deve pagar (sacado);
4 - A época do pagamento;
5 - A indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento;
6 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;
7 - A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
8 - A assinatura de quem passa a letra (sacador).

O artigo 1.º, n.º 1 exige a inserção da palavra LETRA. A sua


falta, no título, implica desde logo, que a letra é nula; isto é, não pode
valer como letra, embora possa valer como documento confessório da
relação subjacente. Note-se que a palavra LETRA tem que constar do
texto e na língua utilizada na sua redacção.
Este é um elemento essencialíssimo pois, mesmo as chamadas
letras em branco ou incompletas, a que o artigo 10º faz referência, têm
que ter sempre inscrita a palavra LETRA, sob pena de nulidade.

6
Daqui em diante, iremos apenas referirmo-nos às letras, apenas chamando a atenção
para o que for diferente.
7
Aquela letra a que, precisamente, faltam elementos formais; não está totalmente
preenchida quando é entregue ao portador.

5
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O artigo 1.º, n.º 2 refere, erradamente, a obrigatoriedade de


menção do “mandato”. Dizemos erradamente porque, aqui, mandato
significa ordem de pagamento.
Note-se que terminologicamente iremos deparar-nos com noções
menos correctas, dado o facto de a LULL ter sido originariamente
redigida em francês e só depois traduzida, não sendo a tradução muito
precisa.
Assim, o que terá que existir é uma ordem pura e simples de
pagar uma quantia determinada. Com ordem pura e simples quer-se
significar que a letra sujeita a condições é nula; não se pode
condicionar o pagamento. Por outro lado, aquilo que se manda pagar
tem que ser uma quantia expressa em numerário, que tem que ser
certa.
Sucede que, por vezes, por qualquer lapso, ou até
intencionalmente, existe divergência entre os vários locais onde tal
montante deve ser expresso. Tal como nos cheques, há um local para
indicação numérica do montante e outro para indicação do montante
por extenso. O artigo 6.º supre estas divergências.

Artigo 6º
Divergências na indicação do montante
Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso
e em algarismos, e houver divergência entre uma e outra, prevalece a
que estiver feita por extenso.
Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de
uma vez, quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergências
entre as diversas indicações, prevalecerá a que se achar feita pela
quantia inferior.

Quando há apenas duas indicações, ou seja, divergência entre a


indicação por algarismos e a indicação por extenso, prevalecerá esta
última. Se tivermos três indicações (uma por extenso e duas por
algarismos, ou vice-versa), prevalecerá a indicação da menor quantia;
se, contudo, essa divergência for de tal ordem que não permita
identificar a menor quantia, a letra será nula.

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Outra questão que coloca este n.º 2, quando diz puro e simples, é
a de saber se é possível uma convenção de juros no título cambiário. O
artigo 5.º resolve esta questão, permitindo que se convencionem juros
na letra à vista (a que se vence com a simples apresentação a
pagamento, ou seja, não tem prazo) e na letra a um certo termo de vista
(que tem um prazo, mas este só começa a correr a partir da
apresentação a pagamento). No fundo, estas são letras que traduzem
obrigações puras.

Artigo 5º
Estipulação de juros
Numa letra pagável à vista ou a um certo termo de vista, pode o sacador
estipular que a sua importância vencerá juros. Em qualquer outra
espécie de letra a estipulação de juros será considerada como não
escrita.
A taxa de juro deve ser indicada na letra; na falta de indicação, a
cláusula de juros é considerada como não escrita.
Os juros contam-se da data da letra, se outra data não for indicada.

Só nestes dois casos é que a lei admite a estipulação de juros; nas


demais letras, a estipulação não acarreta a nulidade da letra, mas
apenas a nulidade da própria estipulação, que se considera como não
escrita.
Note-se que esta estipulação de juros nada tem que ver com os
juros moratórios, que são devidos e terão que ser pagos no caso de
atraso no pagamento do devedor, que não são os convencionados, mas
os legais. O artigo 5.º refere-se, quiçá, aos juros remuneratórios ou
compensatórios do capital, pois é a própria LULL que prevê os juros
moratórios (que adiante veremos mais em pormenor).

O artigo 1.º, n.º 3 exige a inscrição do nome do sacado, ou seja,


do sujeito a quem é dada a ordem de pagamento e que é quem deve, em
princípio, pagar a letra. Este é um elemento essencial da letra.
No entanto, a LULL é bastante permissiva quanto a quem seja o
sacado. Desde logo, o sacador pode ser simultaneamente o sacado, pois

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na LULL permite-se que alguém ordene a si próprio que pague a letra


(artigo 3.º).

Artigo 3º
Modalidades do saque
A letra pode ser à ordem do próprio sacador.
Pode ser sacada sobre o próprio sacador.
Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro.

Isto que parece um artifício que permite a circulação dos títulos


de crédito e possibilita que alguém consiga crédito para certos negócios,
nos quais não lhe interessa pagar em dinheiro. Esta situação, de saque
sobre si próprio, é muito vulgar nos chamados descontos de efeitos, em
que alguém que precisa de dinheiro, num dado momento, emite uma
letra e faz-se pagar por ela, entregando-a ao Banco, que lhe adianta o
dinheiro; normalmente, apõe uma data de pagamento na letra para
mais tarde, permitindo a circulação da mesma e que só mais tarde
venha a pagá-la.
O próprio artigo 7.º permite a utilização do chamado “saque
fictício”, pelo qual se escreve o nome de um sacado que não existe.

Artigo 7º
Independência das assinaturas válidas
Se a letra contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem
por letras, assinaturas falsas, assinaturas de pessoas fictícias, ou
assinaturas que por qualquer outra razão não poderiam obrigar as
pessoas que assinaram a letra, ou em nome das quais ela foi assinada,
as obrigações dos outros signatários nem por isso deixam de ser
válidas.

Veremos que o sacador é responsável pelo pagamento da letra, se


o sacado não pagar. Portanto, neste caso, o sacador assume logo, ele
próprio, a dívida. Não é pelo facto de o sacado ser uma pessoa fictícia
que a obrigação do sacador deixa de ser válida. Simplesmente, a
existência do nome do sacado é um elemento essencial da letra, sem o
qual esta será nula (por isso se admite que se inscreva um nome
qualquer).

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O artigo 1.º, n.º 4 impõe a menção da época do pagamento, isto


é, a data em que a letra se vence.
Este requisito não é verdadeiramente essencial. De facto, o artigo
2.º supre determinadas ausências.

Artigo 2º
Falta de algum dos requisitos
O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo
anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados
nas alíneas seguintes:
A letra em que não se indique a época do pagamento entende-se
pagável a vista.
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do
sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo
tempo, o lugar do domicílio do sacado.
A letra sem indicação de lugar onde foi passada considera-se como
tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador.

Começando por dizer que a letra que não indique os requisitos


exigidos pelo artigo 1º não produz efeito como letra, supre nos
parágrafos seguintes determinadas ausências. Logo no § 2, temos a
presunção8 de que, na falta daquela indicação, se entende que a letra é
pagável à vista. Ainda assim este é um elemento essencial porque, se a
sua falta não puder ser suprida, a letra é nula.
Por exemplo, se constar que a letra se vence no dia 31/09/2005,
não funciona o artigo 2.º; como é uma data impossível, a letra é pura e
simplesmente nula (não se considera pagável à vista).
Esta época de pagamento tem que ver com o momento de
vencimento. Importa então referir que há apenas quatro tipos de
vencimento das letras, previstos no artigo 33.º.

Artigo 33º
Modalidades do vencimento
Uma letra pode ser sacada:
-À vista;
-A um certo termo de vista;
-A um certo termo de data;
-Pagável no dia fixado.
As letras, quer com vencimentos diferentes,
quer com vencimentos sucessivos, são nulas.
8
Atenção que estas normas são imperativas e não é por haver aqui uma presunção
que passam a ser supletivas. Com isto quer-se dizer que, na falta de indicação, o que
vale é o artigo 2º.

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Isto significa que as letras, ao indicarem a época de pagamento,


têm que usar uma destas modalidades. Portanto, as letras que
indiquem datas de vencimento em modalidades diferentes destas são
nulas; só se nada indicarem é que o artigo 2º supre a falta.
O artigo 33.º, § 6 refere-se às letras com vencimentos sucessivos,
cominando a sua nulidade. Trata-se de letras que têm várias épocas de
vencimento diferentes indicadas na mesma letra. Estas letras não se
confundem, com a situação de diversas letras, com prazos de
vencimento sucessivos: p.ex., numa compra e venda de um automóvel,
alguém subscreve várias letras, uma a vencer a 1/Janeiro, outra a
1/Fevereiro, e assim sucessivamente. Aqui, não temos letras com
vencimentos sucessivos mas, antes, letras perfeitamente válidas em que
cada uma tem o seu prazo de vencimento. A questão que normalmente
se coloca nestas situações é a de saber se se pode aplicar o artigo 781.º
CC; isto é, vencendo-se uma, vencerem-se as demais. Considerando-se
que as letras são autónomas não se poderá aplicar-lhes esta disposição;
ou seja, vencida uma não se pode exigir o pagamento das demais, por
força do princípio da autonomia das obrigações cambiárias.

O artigo 1.º, n.º 5 obriga à indicação do lugar de pagamento,


tendo esta indicação que existir sob pena de não valer como letra (artigo
2º, § 1).
Tal como a data de pagamento, também a falta deste elemento
essencial é suprida pelo artigo 2.º, § 3, pelo que não gera nulidade. O
lugar será o que consta ao lado do nome do sacado (residência do
sacado). Claro que o artigo 2.º também não supre a impossibilidade do
lugar de pagamento (como, por exemplo, indicar-se como local de
pagamento a capital de Marte).
A indicação do lugar é muito importante no âmbito da
determinação da competência territorial dos Tribunais. Quando estão
em causa obrigações, a regra é a de que o Tribunal competente é o do

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local de cumprimento da obrigação (artigos 74º/1 e 94º/1 do CPC). Ora,


o Código Civil diz que o lugar de pagamento das obrigações pecuniárias
é o do domicílio do credor (artigo 774º); no entanto, nas obrigações
pecuniárias que constam de título de crédito, não se aplica o regime
geral do artigo 794.º CC, porque este artigo 2.º/LULL é imperativo  e,
então, o tribunal competente é o do domicílio do sacado (devedor), no
caso de não ser mencionado o local de pagamento. E isto aplica-se tanto
nas acções declarativas, como nas executivas, pois os artigos 74.º e o
94.º do CPC estabelecem a mesma regra.

O artigo 1.º, n.º 6, refere que tem que se mencionar o nome da


pessoa a quem, ou à ordem de quem a letra deve ser paga, ou seja, o
nome do tomador. O tomador pode ser o próprio sacador, mas ainda
que a letra possa ser paga a ele próprio terá ainda assim que se indicar
o seu nome (neste caso, o nome do sacador e tomador é o mesmo).
A letra com tomador indeterminado, isto é, não identificado ou ao
portador, é nula. Diferentemente do que sucede com o cheque, que é
perfeitamente válido, porque é um título ao portador e não um título à
ordem (como é a letra, pelo menos à partida); no cheque, quem se
apresenta no banco sacado a receber o dinheiro é que é titular do
cheque.
Esta exigência já não é feita nas transmissões seguintes da letra
por endosso; o endosso já não tem que indicar este elemento, podendo a
letra ser endossada ao portador. A partir do momento em que é
transmitida, a partir do endosso, a letra perde esta sua característica de
título à ordem.

Exige-se ainda a referência à data e lugar da emissão (artigo 1.º,


n.º 7).
Numa parte, a falta de indicação é suprida pelo artigo 2.º, mas na
outra parte não: quanto ao lugar de emissão, o artigo 2.º supre a não
menção, indicando o domicílio do sacador; mas se a data da emissão

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não for indicada, tal implica a nulidade da letra, ou seja, aquele


documento não vale como letra.

Por fim, da letra deve constar a assinatura da pessoa que a emite,


isto é, do sacador (artigo 1.º, n.º 8). Este é um elemento que terá
sempre que existir sob pena de nulidade, sem susceptibilidade de ser
suprido.

Conclusão:
São estes os requisitos essenciais cuja falta, em princípio, produz
a invalidade do título, que implica que o título não é considerado letra,
excepto nos casos que já vimos e noutros que passamos a enunciar.
Elementos relativamente essenciais são aqueles que o artigo 2.º
supre  época e lugar de pagamento e lugar de emissão (artigo 1.º, n. os
4, 5 e 7, 2ª parte). Ainda assim, estes elementos são essenciais (ainda
que relativamente) porque há situações em que o suprimento não é
possível, como será o caso da data e lugar de pagamento impossíveis.
Os outros elementos são essenciais; mas há dois que são
essencialíssimos; e são-no porque, mesmo na figura da letra em branco
(aquela a que falta algum dos requisitos essenciais), que é admitida pela
LULL, são dois elementos que nunca podem faltar: a indicação da
palavra LETRA (artigo 1.º, § 1) e a assinatura do sacador (artigo 1.º, §
8). Os outros são apenas essenciais porque, não existindo, a letra é uma
letra em branco, que segue o regime previsto na LULL.

Para que exista uma letra em branco é necessário que se


verifiquem alguns requisitos próprios:
1. É preciso que lhe falte algum dos requisitos essenciais, ou
seja, que não esteja completa (com excepção da palavra LETRA
e da assinatura do sacador);
2. Que esta assinatura da letra tenha sido feita com intenção de
contrair uma obrigação cambiária.

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Em princípio, esta letra será nula, no sentido de que não pode


circular como letra. No entanto, se os elementos em falta forem serão
depois devidamente preenchidos, a letra pode circular.
Quando alguém assina uma letra em branco, existe um acordo
entre este e aquele sobre quem a letra é sacada (portanto, entre sacador
e sacado), sobre a forma como esta letra há-de ser preenchida – Acordo
ou Pacto de Preenchimento.
Esta situação é muito frequente nos contratos de abertura de
crédito, quanto à quantia em débito. De facto, muitas vezes este
contrato é garantido por uma letra que o Banco há-de preencher com a
quantia em dívida, à data em que o contrato cessar. Também se verifica
no caso de empresas que têm dívidas recíprocas e que estão à espera da
quantia efectivamente devida.
No fundo há sempre um pacto de preenchimento que tem que se
concretizar, sob pena de a letra não poder circular sem os elementos
essenciais.
Costumava então discutir-se qual era o valor da letra em branco.
Pinto Coelho (da Escola de Lisboa) defende que tal documento só é letra
depois do preenchimento sendo que, até aí, não vale como letra.
Contrariamente, Ferrer Correia9 (Escola de Coimbra) defende que, se a
letra em branco não fosse letra, a lei não previa a sua existência;
simplesmente, o preenchimento é condição de eficácia, sem o qual ela
não pode circular.
Significa isto que a letra terá que ser preenchida, mas de acordo
com o que foi estipulado entre sacador e sacado. Se tal pacto for violado,
temos abuso de preenchimento, que pode ser invocado em certos casos.
Temos aqui uma situação de protecção de terceiros de boa fé, face
aos intervenientes da relação cambiária. Então, há que distinguir as
relações mediatas das relações imediatas: os titulares das relações
mediatas na relação cambiária não têm, entre si, relações de
continuidade (estão separados por outros obrigados pelo meio); já as
9
Com o qual o Conselheiro concorda.

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relações imediatas existem entre os dois obrigados cambiários que têm,


entre si, uma relação subjacente (intervieram na mesma relação).
A LULL protege os terceiros que estão, nas relações mediatas, de
boa fé. Nas relações imediatas já não há protecção e, portanto, podem aí
ser discutidas as razões e causas que levaram à assinatura da letra, isto
é, pode ser discutida a relação material subjacente.
Se quem reclama o pagamento da letra é o aceitante, que
preenche contra o acordado, o obrigado pode opor-lhe o abuso de
preenchimento; se quem reclama o pagamento é um terceiro, ou seja, se
já estamos no âmbito das relações mediatas, não pode o obrigado opor-
lhe este abuso de preenchimento se este terceiro estiver de boa fé. A
LULL, mesmo nas relações mediatas, vem dizer que se este terceiro
estiver de má fé já o obrigado pode opor-lhe o abuso de preenchimento.
Outra hipótese de abuso da letra em branco é o do preenchimento
por um terceiro, na medida em que a letra em branco pode ser
endossada e é o terceiro quem vai preenchê-la. Esta situação depende
da forma como o terceiro adquiriu a letra: a) se a adquiriu por endosso,
estamos no âmbito das relações mediatas, e, então, das duas, uma  se
estiver de boa fé, não lhe pode ser oposto esta violação do pacto de
preenchimento; mas, se estiver de má fé, já não há tutela dos seus
interesses e o obrigado cambiário pode opor-lhe o pacto; b) se a letra foi
transmitida por tradição, o terceiro está na mesma posição de quem lha
transmitiu e, portanto, estamos ainda no âmbito das relações imediatas,
pelo que aqui o obrigado pode sempre opor-lhe o pacto de
preenchimento.

Questão que, durante muito tempo, se discutiu, mas que hoje


está assente, era a do ónus da prova do abuso de preenchimento.
Invocado o abuso, quem teria que o provar? Quem invoca o mau
preenchimento? Ou terá a outra parte que provar que preencheu bem?
O n.º 2 do artigo 342.º do CC permite-nos concluir que o abuso é
uma excepção peremptória, cabendo a sua prova a quem o invoca.

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Concluindo, a letra em branco é uma letra como outra qualquer


(seguindo o entendimento do Prof. Ferrer Correia), mas não pode
circular em branco; só pode circular depois de devidamente preenchida.
Da mesma forma, o seu pagamento só pode ser exigido depois de
preenchida a letra, e este preenchimento deve ser feito de acordo com o
pacto de preenchimento.

NEGÓCIOS CAMBIÁRIOS
Vejamos os negócios cambiários passíveis de existir no âmbito
dos títulos de crédito.
1) Saque
2) Endosso
3) Aceite
4) Aval
Pode haver simultaneamente, a existência destes quatro negócios
cambiários ou de alguns deles. Vejamos cada um, isoladamente.

O Saque
É a declaração cambiária que cria a letra. Quem emite a letra é o
sacador que, através do saque, enuncia uma ordem de pagamento ao
sacado. Mas o saque não é apenas a ordem de pagamento; também
significa uma garantia de pagamento, na medida em que o sacador
ordena o pagamento, mas também o garante ao tomador no caso de
este não ser feito, ou seja, se o sacado não pagar. O artigo 9.º refere,
expressamente, que o sacador é garante da obrigação e do pagamento.

Artigo 9º
Responsabilidade do sacador
O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra.
O sacador pode exonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer
cláusula pela qual ele se exonere da garantia do pagamento
considera-se como não escrita.

Já vimos que, nos termos do artigo 3º, o saque pode ser feito:

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a) À ordem do próprio sacador;


b) Sobre o próprio sacador;
c) Por ordem e conta de terceiro

Quando temos uma letra, normalmente temos uma relação


jurídica anterior que deu origem à sua emissão (não obstante a
possibilidade das letras sem causa debendi). A questão que se levanta é
a de saber se a emissão da letra implica a novação ou extinção da
relação causal?
Já vimos que a letra é independente da relação fundamental que
lhe está na base, o que implica que a sua emissão não pode acarretar a
novação dessa relação fundamental. O que a letra é, é uma datio pro
solvendo em que, se for paga, a relação subjacente extingue-se; mas, se
a letra não for paga, mantêm-se as duas obrigações – a resultante, por
exemplo, do mútuo, e a da letra. Claro que o credor não pode receber
duas vezes, mas pode usar qualquer uma das obrigações (a cambiária
ou a da relação subjacente) para exigir o pagamento.
Contudo, poderá, evidentemente, importar a novação da relação
causal, se as partes nisso acordarem.

Diferente é a situação de reforma da letra, que é o negócio em


que o devedor cambiário, pagando parte de uma letra, emite outra no
valor que ficou em dívida. Aqui dá-se uma novação objectiva, ou seja, a
substituição de uma letra por outra de valor correspondente ao
montante em falta. O problema surge quando o credor não destrói a
letra originária e depois vem executar as duas (o que sucede não raras
vezes). Como, normalmente, estamos perante relações mediatas, o
devedor pode invocar este negócio de reforma da letra.

Outra questão que se levanta, ainda quanto ao saque, é a da


veracidade da assinatura. Acontece, com alguma frequência, que a
assinatura do sacador aposta na letra não é a dele; é falsa. A questão
que se levanta é a de saber qual a responsabilidade deste sacador que

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Direito Civil – Conselheiro Araújo Barros 31.01.2005

não se obrigou. Trata-se sobretudo do problema da prova e


possibilidade de invocação desta invalidade para além das relações
imediatas.
Tratar-se-á de uma nulidade absoluta porque esta falsidade
equivale à não assinatura da letra e, portanto, entende-se que será
invocável mesmo nas relações mediatas. Não há, aqui, qualquer
protecção de terceiros de boa fé.
Esta situação surge, normalmente, em embargos de executado e
levanta duas dúvidas: uma, de ordem processual, que tem que ver com
o facto de a letra ser um documento particular e, portanto, não era
passível de ser objecto do incidente de falsidade 10  o que significa que,
se o Réu for accionado para pagar a letra apenas pode invocar a
falsidade da assinatura (dizendo que a assinatura não é sua) mas não
pode lançar mão deste incidente; outra, de cariz substantivo, que tem
que ver com o ónus da prova desta falsidade  em princípio, seria o Réu
quem tinha que provar que a assinatura não é a dele; porém, é o
próprio Direito Substantivo (artigo 347º/2 CC) que inverte este ónus da
prova, sendo ao exequente que cabe a prova da veracidade da
assinatura do Réu.
Atenta esta situação já houve nos tribunais por parte dos juízes o
uso de fazer dois quesitos: “a assinatura é do punho do embargante?” e
“a assinatura não é do punho do embargante?”. Mas isto não se pode
fazer, o quesito tem que ser sempre pela positiva e cabe ao exequente
fazer a sua prova.

Uma outra questão que se levanta a propósito do saque é a da


representação sem poderes ou com excesso de mandato. É o caso de
alguém que, não tendo poderes, ou tendo-os, mas excedendo-os, se
arroga poderes para assinar a letra em nome de outrem.
Esta é uma situação diferente da falsidade porque, aqui, quem
assina não assina por si mas em nome de outrem.

10
Só se pode invocar a falsidade de documentos autênticos ou autenticados.

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Direito Civil – Conselheiro Araújo Barros 31.01.2005

O artigo 8º diz claramente que quem fica obrigado como devedor


cambiário é quem assina a letra pelo seu punho.

Artigo 8º
Representação sem poderes ou com excesso de poder
Todo aquele que apuser a sua assinatura numa letra, como
representante de uma pessoa, para representar a qual não tinha, de
facto, poderes, fica obrigado em virtude da letra e, se a pagar, tem os
mesmos direitos que o pretendido representado. A mesma regra se
aplica ao representante que tenha excedido os seus poderes.

Situação paralela, que já foi resolvida por um Acórdão


Uniformizador de Jurisprudência, é o problema da representação
pelos gerentes das sociedades (artigo 260º/4/CSC). Na antiga lei das
SQ’s entendia-se que o gerente só obrigava a sociedade se assinasse
indicando a firma da sociedade; no entanto, hoje em dia, as sociedades
não têm firma. Sucedia, muitas vezes, que o gerente assinava
unicamente com o seu nome. Havia quem defendesse que tal assinatura
obrigava a sociedade se ele fosse mesmo o gerente. O Acórdão
Uniformizador de Jurisprudência não foi, contudo, neste sentido, tendo
entendido que tal assinatura só obrigaria a sociedade se do acto se
extraísse a sua qualidade de gerente (se, p.ex., apusesse o carimbo da
sociedade). Portanto, se a assinatura for aposta apenas com indicação
do nome do gerente e do acto se não retirar essa sua qualidade, temos a
aplicação plena do artigo 8º/LULL e quem fica vinculado é o que assina
e não o que ele diz representar.

O Aceite
O aceite é o negócio cambiário que, à partida, não tem que existir
numa letra (pois, caso o sacado não a aceite, o sacador é responsável
pelo seu pagamento). Mas pode existir e, nessa medida, é a declaração
cambiária pela qual o sacado se obriga a pagar a letra ao seu sacador.
Só pelo aceite é que o sacado se torna obrigado cambiário, se obriga a
pagar a letra. Quer isto dizer que a ordem de pagamento dada pela letra
só vale em relação ao sacado quando este aceita a letra. E isto é assim

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Direito Civil – Conselheiro Araújo Barros 31.01.2005

porque, como já dissemos, o sacador é o obrigado principal na letra. Já


quando aceita a letra o sacado torna-se aceitante e principal obrigado
da letra.11
A forma pela qual a letra pode ser aceite é pela apresentação a
pagamento, sendo que é ao sacador que incumbe apresentar a letra
para ser aceite. Nesta situação, temos duas hipóteses: ou o sacado
cumpre o que estava acordado e aceita a letra, tornando-se obrigado
principal; ou não a aceita.
A questão é que, mesmo sem ter sido aceite, a letra pode circular.
Só que, não o tendo sido, o obrigado não é o sacado mas o sacador,
porque é este quem, atenta a função de garantia do saque, garante o
pagamento. Então, a não aceitação não é obstáculo à circulação da
letra, simplesmente o obrigado principal é o sacador porque é o garante
da letra.
O artigo 25º/LULL refere-se à forma e local onde o aceite deve ser
expresso.
Artigo 25º
Forma do aceite
O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou
qualquer outra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale
como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior
da letra.
Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de vista, ou que
deva ser apresentada ao aceite dentro de um prazo determinado por
estipulação especial, o aceite deve ser datado do dia em que foi dado,
salvo se o portador exigir que a data seja a da apresentação.
A falta de data, o portador, para conservar os seus direitos de recurso
contra os endossantes é contra o sacador, deve fazer constatar essa
omissão por um protesto, feito em tempo útil.

O aceite é escrito na própria letra e exprime-se pela palavra aceite


ou equivalente e é assinado pelo sacado. A simples assinatura na face
anterior da letra vale como aceite, sendo que, normalmente, se faz no
sentido transversal, na face da letra.
Isto é importante porque vai colidir com a assinatura do avalista
(também há presunções sobre o local em que o aval é aposto).

11
A questão que decorre do cumprimento ou incumprimento desta obrigação do
sacado aceitar a letra que é a apresentação ao aceite não iremos ver porque é
demasiado complexa.

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Se o sacado não assinar no lugar onde devia fazê-lo, o artigo 25º


presume absolutamente (sem possibilidade de prova em contrário) que
qualquer sítio onde esteja a assinatura deste (e parte anterior não é o
verso), ela é manifestação do aceite.
O aceite também não é condicionável; o que o aceitante pode fazer
é aceitar a letra apenas parcialmente. Imaginemos uma letra de 2000 €
que o banco aceita apenas pelo montante de 1000 € (aceite parcial).

Artigo 26º
Modalidades do aceite
O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limita-lo a uma parte da
importância sacada.
Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da
letra equivale a uma recusa do aceite. O aceitante fica, todavia,
obrigado nos termos do seu aceite.

E, embora o aceite não possa estar sujeito a condições, o


aceitante pode ainda modificá-lo, sendo que, se o fizer, fica obrigado nos
termos em que aceitou (ali, obriga-se a pagar 1000 €).
É através do aceite que o sacado se torna obrigado principal da
relação cambiária. Logo, na data de vencimento, o aceitante é o
principal devedor e estará obrigado a pagar a qualquer portador da letra
(mesmo que o portador seja o próprio sacador), nos termos do artigo
28º/LULL, que tenha accionado o aceitante quanto àquele valor.

Artigo 28º
Obrigações do aceitante
O sacado obriga-se pelo aceite a pagar a letra à data do vencimento.
Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de ser ele o
sacador, tem contra o aceitante um direito de acção resultante da letra,
em relação a tudo o que pode ser exigido nos termos do artigo 48º e
artigo 49º.

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