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Direito Empresarial II:

Títulos de Crédito.
1. TÍTULOS DE CRÉDITO:
Delimitações.
 É documento representativo de obrigação literal e
autônoma que diz respeito a um crédito, ou seja, um
direito a uma prestação futura (Vivante) Recepcionado
pelo art. 887 CC.
 Crédito  Latim - Credere – confiança.
 O Código Civil define o título de crédito como o
documento necessário para o exercício literal e autônomo
nele contido (art. 887, CC).
 Código Civil (somente usado na omissão das leis
especiais), vide:
 Art. 903, CC: Salvo disposição diversa em lei especial,
regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.
1.1. Características:
Princípios dos Títulos de Crédito.
A) Cartularidade:
Papel, o documento que representa o título
deve ser original. O direito de crédito só
existe com apresentação do respectivo
documento;
B) Literalidade:
Significa que limita-se o crédito, ao conteúdo
expresso no título. Só pode ser cobrado o que
se encontra expressamente nele consignado;
 Obs: Exceções ao Princípio da Cartularidade: Lei das
Duplicatas e a evolução da informática com a criação
de títulos de créditos não-cartularizados.
 Art. 889, § 3º do CC caracteres criados em computador.
 Lei 5474/68 - Dispõe sobre as Duplicatas e dá outras
Providências:
 ART.15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicada
será efetuada de conformidade com o processo
aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que
cogita o Livro II do Código de Processo Civil, quando
se tratar:
 I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
 II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que,
cumulativamente:
 a) haja sido protestada;
 b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório
da entrega e recebimento da mercadoria;
 c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o
aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos
nos artigos 7 e 8 desta Lei.
 § 1º Contra o sacador, os endossantes e respectivos
avalistas caberá o processo de execução referido neste
artigo, quaisquer que sejam a forma e as condições do
protesto.
 § 2º Processar-se-á também da mesma maneira a execução
de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida,
desde que haja sido protestada mediante indicações do
credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14,
preenchidas as condições do inciso II deste artigo.
C) Autonomia: as obrigações representadas por um
mesmo título de crédito são independentes entre si.
Ver Art. 888 CC.
 Do princípio da autonomia decorrem três
subprincípios:
 c1) a abstração: O próprio título é desvinculado da
causa Circulação.
 c2) inoponibilidade das exceções pessoais aos
terceiros de boa fé.
 c3) Independência: desvinculação dos coobrigados
uns em relação aos outros. É uma extensão da
autonomia.
c1) subprincípio da abstração determina
que o título de crédito, quando colocado em
circulação, desvincula-se da relação
fundamental que lhe originou.
A abstração ocorre tão somente quando o
título circula, isto é, quando é transferido
para terceiro (que não participou da relação
jurídica fundamental que deu origem à
emissão do título) de boa-fé, momento em
que ocorre o desligamento entre o título de
crédito e a relação que lhe deu origem.
Como conseqüência dessa desvinculação
entre o título e o negócio jurídico que lhe
deu origem temos a impossibilidade do
devedor exonerar-se de suas obrigações
cambiárias, perante terceiros de boa-fé, em
razão de irregularidades, nulidades ou
vícios de qualquer ordem que contaminem
a relação jurídica fundamental (COELHO,
Fábio Ulhoa, p. 337).
 c2)Inoponibilidade das exceções pessoais aos
terceiros de boa fé.

o obrigado(devedor) de um título de crédito não


pode recusar o pagamento ao seu portador
alegando suas relações pessoais com o sacador ou
outros obrigados anteriores do título. Tais
exceções ou defesas são inoponíveis ao portador
do título, que fica sempre assegurado quanto ao
cumprimento da obrigação pelo obrigado
(emitente do título). (MARTINS, Fran. Título de
Crédito).
 Exemplifiquemos: um negócio jurídico de venda e
compra feito entre “A” e “B” dá origem à emissão
de um determinado título de crédito. “B”,
comprador, emitiu referido título a “A” como forma
de pagamento. “A”, por sua vez, transferiu referido
título a “C”. O negócio jurídico de venda e compra
possui um vício que leva à sua nulidade absoluta.
 Na data do vencimento do título, “C” dirige-se a
“A” para recebimento do valor constante do título,
sendo que, com base no subprincípio da
inoponibilidade de exceções pessoais a terceiro de
boa-fé, “A” não poderá negar-se a pagar o título a
“C” sob o fundamento de que o negócio jurídico
que originou o título é nulo.
Destaque-se a importância, para a aplicação
do subprincípio em exame, da “boa-fé” do
terceiro adquirente do título.
O simples conhecimento, pelo terceiro, no
momento da aquisição do título, da existência
de fato oponível ao credor anterior do título já
é suficiente para caracterizar a má-fé. Assim,
no exemplo acima, se “C”, quando recebeu o
título de “B”, já sabia da nulidade do negócio
jurídico que deu origem ao título, então é
“terceiro de má-fé”, não sendo aplicável a
inoponibilidade de exceções pessoais.
Quando é possível a oposição de defesa
pessoal?

Se houver relação direta ou imediata.


Se o portador adquirir o título
conscientemente em detrimento do devedor
(portador de má-fé).
Quando o título circular pelas regras do
Direito Civil: cessão
Se o título for causal.
Então, destes princípios foi criado um
aparato jurídico que garante ao credor:

a) a pessoa que transfere o título não poderá


cobrá-lo mais;
b) somente podem interferir no crédito as
relações dispostas e transcritas na cártula;
c) nenhuma exceção pertinente a relação que
ele não tenha participado terá eficácia
jurídica quando da cobrança do título.
Nos termos do art. 324 do CC e ante o princípio
da cartularidade, a entrega/devolução do título
de crédito ao devedor serve como quitação e
firma a presunção do pagamento, salvo se o
credor provar, em 60 dias, a falta do pagamento.

Diante do princípio da cartularidade, não se


aplica aos títulos de crédito o art. 309 do CC,
referente ao pagamento feito, de boa-fé, a
credor putativo.
1.2. Classificação

Os títulos podem ser classificados quanto:

a) ao modelo;
b) à estrutura;
c) ao conteúdo e natureza e;
d) ao modo de circulação.
a) Quanto ao modelo:
Forma padronizada: se prescrito em lei ou não.
Livre:
Ex: Nota promissória e letra de câmbio. Qualquer papel,
independente da forma adotada, será nota promissória,
desde que atendidos os requisitos da lei. São inteiramente
dispensáveis, portanto, os formulários impressos que se
costumam vender em papelarias (COELHO, p. 391).
Vinculada:
Ex: Cheque (necessariamente o emitente deve fazer o uso
do papel fornecido pelo banco sacado fornecido em talões)
e Duplicata (obedece às normas de padronização formal
definidos pelo Conselho Monetário Nacional (LD, art. 27).
 b) Quanto à estrutura:
 b1) por “ordem de pagamento” entendem-se os
títulos que, quando de sua emissão, envolvem,
3(três) sujeitos (sacador, sacado e beneficiário).
 O sacador ordena que o sacado pague ao
beneficiário determinada importância em
determinada data. Atentemo-nos para o fato de que
não é o sacador (que emite o título) que entrega o
valor ao beneficiário, mas sim o sacado.
 Um exemplo de título que se classifica como “ordem
de pagamento” é o cheque, em que o emitente do
cheque determina ao banco sacado que pague ao
beneficiário do cheque determinada quantia.
b2) por “promessa de pagamento” entendem-
se os títulos que, quando de sua emissão,
envolvem 2(dois) sujeitos:
o promitente e
o beneficiário.
O promitente promete entregar ao
beneficiário, em certa data, determinada
importância. Veja que, nessa classe de títulos
de crédito, quem entrega a importância ao
beneficiário é o próprio promitente (que
emitiu o título).
c) Quanto ao conteúdo e natureza (hipóteses de
emissão):

 Não causais ou Abstratos: São aqueles TC dos


quais não indaga-se a origem, podendo servir
p/qualquer fim. Podem ser emitidos em qualquer
hipótese. Ex: Letra de Câmbio.

 Causais: Vinculados a sua origem. Se referem a


causas determinadas pela lei. Somente podem ser
emitidos na hipóteses restritas autorizadas em lei.
Ex.: Duplicata.
Autonomia em relação à causa.
 NÃO CAUSAIS (regra):
 Os títulos são abstratos. Significa que o título não está
vinculado à sua origem.
 Ex.: cheque, nota promissória, letra de câmbio.
 Exceções - CAUSAIS:
 São títulos que só podem ser emitidos mediante a
existência de uma origem específica, definida por lei, para a
criação do título.
 Exemplos:
 Duplicata, só pode ser emitida a partir de uma nota fiscal
de compra e venda, ou prestação de serviços (não pode ser
emitida de contrato, nem de arrendamento mercantil).
 *Duplicata fria: emitida sem causa.
 Nota promissória vinculada a um contrato: título causal
por decisão do STJ, surgiu dos contratos bancários.
d) Quanto ao modo de circulação:
d1) Ao portador:
Títulos que não identificam seu destinatário e
permitem sua circulação por mera tradição.
Extinto pela Lei 8021/90, com exceção do cheque
de pequeno valor (até R$ 100,00 Lei 9.069/95
(plano Real). O STF, contudo por intermédio da
Súmula nº387 os permite desde que corretamente
preenchidos no momento da exigência da
obrigação. Permitido o endosso em branco deste.
Súmula 387 do STF: “a cambial emitida ou aceita
com omissões, ou em branco, pode ser completada
pelo credor de boa-fé, antes da cobrança ou do
protesto”.
d2) Nominativo:
Circulados por meio de registro específico. São
TC emitidos em favor de pessoa cujo nome
conste do registro do emitente. A sua circulação
se processa mediante endosso em preto ou
contrato de cessão de crédito.
Nominativo à ordem:
Circuláveis por endosso. São títulos emitidos em
favor de pessoa determinada, circulando através
do endosso sem exigência de outras formalidades.
Nominativo não à ordem:
Circuláveis por cessão civil de crédito.
 OBS: Endosso é o ato pelo qual a pessoa,
proprietária de um título de crédito, o transfere para
outrem, conferindo-lhe os direitos que lhe
competiam.
 É justamente porque esta operação é promovida nas
costas do título (atentemo-nos para o fato de que o
CC/02, no seu artigo 910, permite que o endosso
seja procedido no anverso do título), ou seja, no
verso, pela assinatura do endossante aí posta, que
referido ato recebeu a denominação endosso (que
significa “no dorso” ou “nas costas” - PLÁCIDO E
SILVA. Vocabulário Jurídico, p. 557).
1.3. Títulos de Crédito: Características
(resumo).
é um documento. Valendo esclarecer que
“documento é todo objeto do qual se extraem
fatos em virtude da existência de símbolos, ou
sinais gráficos, mecânicos, eletromagnéticos etc.
 É documento, portanto uma pedra sobre a qual
estejam impressos caracteres, símbolos ou letras;
é documento a fita magnética para reprodução
por meio do aparelho próprio, o filme fotográfico
etc”. (GRECCO FILHO, Vicente. Direito
Processual Civil Brasileiro).
o direito subjetivo do credor de receber o
seu crédito está diretamente relacionado à
apresentação do documento (cartularidade).

é formal, isto é, precisa conter forma


determinada pela lei, sendo que a afronta à
forma imposta por lei é capaz de levar à
invalidade do título.

 Desde que sejam simples, meros erros de


ortografia ou concordância NÃO maculam
a validade do título de crédito.
tem rol taxativo determinado por lei.
Conforme o princípio da legalidade ou
tipicidade, aplicado aos títulos de
crédito, o artigo 887 do Código Civil,
impossibilita a emissão de títulos de
crédito que não estejam previamente
definidos e disciplinados por lei. Não
há, assim, como se cogitar da invenção
de título de crédito não previsto
legalmente.
é literal, isto é, valem exatamente a medida
neles declarada.
Por literalidade entende-se o fato de só
valer no título o que nele está escrito. Nem
mais nem menos do mencionado no título
constitui direito a ser exigido pelo portador.
São considerados bens móveis, razão pela
qual podem ser objeto de penhor (art. 1.451
e ss. do CC) e, ademais, a sua posse de boa-
fé equivale à propriedade (art. 16, inc. II, da
LUG e art. 24 da Lei 7.357/85).
tem natureza jurídica de título executivo
extrajudicial, conforme artigo 585, I, do CPC,
dando ao credor o direito de promover a execução
judicial do seu direito.

referem-se unicamente a relações creditícias. Não


se documenta num título de crédito nenhuma outra
obrigação, de dar, fazer ou não fazer, à exceção
dos títulos executivos impróprios (warrant e
conhecimento de transporte).
o título de crédito ostenta o atributo da
negociabilidade, ou seja, está sujeito a certa
disciplina jurídica, que torna mais fácil a
circulação do crédito, a negociação do direito nele
mencionado.
Possui autonomia em relação ao negócio jurídico
que lhe deu origem.
A Autonomia é requisito fundamental para a
circulação dos títulos de crédito. Por ele, o seu
adquirente passa a ser titular de direito autônomo,
independente da relação anterior entre os
possuidores.
Não havendo ajuste em contrário, a emissão
de título de crédito equivale a pagamento pro
solvendo (art. 315 do CC), não implicando
novação no que tange à relação causal.

Em cumprimento ao art. 318 do CC, a emissão


de títulos de crédito em ouro ou moeda
estrangeira só é admitida excepcionalmente
nos casos relacionadas no art. 2º do Decreto-
Lei 857/69 e no art. 6º da Lei 8.880/94.
1.4. Fontes das normas referentes aos
Títulos.
Fontes imediatas: Lei.
Normas gerais  apresentadas no Código
Civil, no capítulo referente aos títulos de
crédito em seus artigos 887 a 903.
Lei n° 2.044/08, Operações Cambiais –
princípios gerais próprios para interpretação
(importante sempre que algum texto de Direito
cambiário necessite interpretação) – referente a
título comercial, não civil (ver art. 585 CPC –
contrato de locação não é Direito cambiário).
Importante!

Ver também:

Lei 9.492/97 Lei de Protestos de Títulos.

Lei Uniforme de Genebra - Decreto 57663/66


(relativa às Letras de Câmbio e Notas
Promissórias).
 Com relação aos títulos cambiais e cambiariformes,
podemos apresentar dezenas de cártulas, todas
reguladas por leis especiais como, por exemplo, além
dos títulos já citados:
 a cédula de crédito e a nota de crédito industrial
(Decreto-Lei n. 413/69),
 a cédula de crédito e a nota de crédito comercial (Lei
6.840/80),
 a cédula de crédito e a nota de crédito à exportação
(Lei 6.313/75),
 a cédula de produto rural (Lei 8.929/94), a cédula de
crédito,
 a nota de crédito rural (Decreto-Lei 167/67)
 e a Warrant (Decreto 1.102/1903).
A letra de câmbio e a nota promissória têm sua
regulamentação acerca do protesto no Decreto
2.044/1908 e na Lei Uniforme de Genebra.
 O protesto do cheque está previsto na Lei
7.357/85,.
 Quanto a duplicata, Lei 6.458/77.
 Outros exemplos poderiam ser citados, mas
todos estes tipos de títulos têm sua normatização
em relação ao protesto preconizados na Lei
9.492/97, bem como em Instruções Normativas
das Corregedorias-Gerais de Justiça dos Estados
que regulam a procedimentalização do instituto.
 Mediata: outras fontes.
 b) Costume – linhas duras e precisas do
Direito cambiário dificultam interpretação
pelo costume – mas existe.
 Geralmente, normas consuetudinárias têm
pouco valor – admitidas praeter legem, nunca
contra legem – são práticas comerciais aceitas.
 Ex.: cheque pré-datado (ordem de pagamento
à vista).
 c) Jurisprudência: Ex: Súmula 387. Cheque
de pequeno valor – título ao portador.
1.5. Regime jurídico dos Títulos.

Próprios, impróprios e inominados.


a) Títulos de crédito “próprios”: títulos como
previsão legal sujeitos aos princípios do direito
cambial e representativos de obrigações pecuniárias.
São aqueles em que se atesta uma operação de
crédito, como um título extrajudicial.
O TC próprio materializa o próprio crédito (ao
passo que os TC impróprios materializam outros
direitos, como veremos adiante).
Ex: letra de câmbio, nota promissória, cheque e
duplicata.
Cheque
a1) Cheque:
Ordem de pagamento à vista ex lege, emitida
(sacada) contra banco ou instituição financeira que
lhe seja equiparada (sacado), onde o emitente
tenha fundos disponíveis.
O cheque sempre será à vista, ainda que lhe tenha
sido “pós-datado” (comumente chamado de “pré-
datado”), razão pela qual muitos contestavam,
antigamente, sua qualidade de título de crédito.
Duplicata
a2) Duplicata Mercantil:
É um título de crédito à ordem, sacado pelo
sacador e em seu próprio benefício, para ser
honrado pelo sacado.
Contrato de compra e venda superior a 30 dias.
É um título de crédito de emissão nas vendas
mercantis à prazo, realizadas entre vendedor e
comprador domiciliados no Brasil – pressupõe
uma compra e venda mercantil – Art. 1º.
Em outras palavras, na duplicata o sacador
e o tomador se confundem na mesma
pessoa. Destaque-se, ainda, que o aceite na
duplicata é obrigatório por parte do sacado,
e não facultativo como na letra de câmbio.
Trata-se a duplicata de título de crédito de
modelo vinculado, nos termos dos padrões
traçados pela Res. 102/68 do BACEN.
Realizada a venda emite-se a nota fiscal
(comprovante obrigatório da saída de mercadoria),
após a entrega da mercadoria, extrai-se a Fatura
(descrição da mercadoria vendida, com
discriminação da quantidade, marca e qualidade,
apontando o respectivo preço, art. 1º) e a
Duplicata (cópia da fatura, que é extraída com
base na nota fiscal de compra e venda de
mercadoria – gêmea da fatura – Art. 2º).
OBS: Nota Fiscal e fatura – não são títulos de
crédito!
Triplicata – emitida em decorrência da perda ou
extravio da Duplicata – Art. 23
Nota Promissória
a3) Nota promissória:
É uma pura e simples promessa de pagamento
feita pelo emitente (promitente) em prol do
tomador (beneficiário).
À exceção da menção ao nome do sacado (figura
que não existe na nota promissória), os requisitos
são os mesmos da letra de câmbio.
Letra de Câmbio
a4) Letra de câmbio:
É uma ordem de pagamento sacada (emitida) pelo
“sacador” direcionada ao “sacado” que deverá
honrá-la em prol do “tomador” (beneficiário).
Contudo, o “sacado” somente se obriga in casu,
caso der o seu aceite na cártula, após lhe ter sido
apresentada pelo “tomador”.

Exemplo: A credor de B e devedor de C. A


(sacador) emite uma ordem de pagamento em favor
de C (beneficiário), a ser paga por B (sacado).
b) Títulos de crédito “impróprios”.
Títulos com previsão legal, mas sujeitos apenas
parcialmente ao regime jurídico cambial.
São aqueles que não representam uma operação de
crédito representativo de valor pecuniário, apesar
de possuírem “literalidade”e “autonomia”.
Referem-se a direitos transferíveis e a cessão se
opera em relação ao devedor independentemente
de notificação.
Ex: conhecimento de transporte e de depósito,
certificados bancários, cédulas rurais etc.
 Impróprios: Contém alguns dos requisitos dos
TC. Às vezes sequer representam uma operação
creditícia, representando bens, documentando
financiamento ou legitimando seu portador ao
exercício de determinados direitos. São títulos
representativos ou de tradição que representam
mercadorias ou bens.
 Ex: os que permitem a livre disponibilidade de
certas mercadorias tais como o conhecimento de
depósitos emitidos por armazéns gerais e os
conhecimentos de carga;
 Ex2: os títulos atributivos do complexo de direitos
conexos à qualidade de sócio (direitos societários e
tais são as ações das sociedades anônimas e das em
comandita por ações).
Esses títulos impróprios dividem-se em quatro
categorias:

b1) títulos de legitimação;


b2) títulos representativos;
b3) títulos de financiamento;
b4) títulos de investimentos.

Obs.: estudaremos cada um desses títulos,


oportunamente.
b1) títulos de legitimação: títulos que
asseguram ao seu portador a prestação de um
serviço ou acesso a prêmios em certame
promocional ou oficial.
Ex.: bilhete de metrô, passe do ônibus,
volante da loteria premiado.

A estes se aplicam os princípios cambiários


(cartularidade, literalidade e autonomia),
mas, não são considerados títulos
executivos.
b2) títulos representativos: são títulos que representam
mercadorias ou bens; seus titulares podem transferí-los
mediante a transferência do título ou, ainda, constituir
direitos reais sobre aqueles bens. Ex: conhecimento de
depósito, o warrant, o conhecimento de frete, e o
debênture.
 o primeiro comprova a propriedade das mercadorias e sua
transferência significa a transferência daquelas;
 o segundo serve para se constituir penhor sobre as
mesmas mercadorias;
 o terceiro é emitido pela empresa de transporte e serve
para provar o recebimento da mercadoria e a obrigação de
entregá-la no lugar de destino.
 O quarto é emitido pela S/A em favor de terceiro,
representando suas ações, constando data de resgate de
seus valores mobiliários.
 Exemplo: Warrant - CDA - CERTIFICADO DE DEPÓSITO
AGROPECUÁRIO
 PRAZO DE DEPÓSITO: ATÉ ___ DE ____________________ DE
200__
 Para uso Interno
 (Identificação do emitente do título / armazém e endereço (timbre)
 CNPJ: XX.XXX.XXX/XXXX-XX - Inscr. Est: XXX.XXX-X
 Endereço completo: XXXX
 Entregamos contra a apresentação deste Certificado de Depósito
Agropecuário e do respectivo warrant Agropecuário a
________________ (nome, CNPJ ou CPF, endereço), ou à sua ordem, o
produto descrito e declarado neste título, armazenado em nossa Unidade
de Armazenagem localizada à (endereço completo) ______________,
denominada armazém nº ________ Certificada sob nº__

 Descrição / Especificações do produto depositado:


 Produto: 1.000 (hum mil) sacas de café beneficiado padrão BMF
 Descrição e
especificação:__________________________________________
 Peso bruto:_______________ Peso Líquido:____________
 Declaramos estar o produto depositado a que se refere este título
e correspondente warrant Agropecuário, segurado contra
incêndio, raio, explosão de qualquer natureza, danos elétricos,
vendaval, furacão, ciclone, tornado, granizo, queda de aeronaves
ou quaisquer outros engenhos aéreos ou espaciais, impacto de
veículos terrestres e fumaça, alagamento, inundação e quaisquer
intempéries que os destruam ou deteriorem o produto depositado
e/ou do seu acondicionamento, conforme Apólice(s) nº(s)
__________ da Seguradora __________________ .

 Data do recebimento do produto: ________________


 Local e data da emissão: _____ de ____________ de 200__

 Fiel Depositário: Nome / CNPJ ou


CPF:______________________________________

 Avalista (s):______________________________________
b3) Títulos de Financiamento: são os
representativos de crédito oriundo de
financiamento; podem ser rurais, comerciais ou
industriais; sua característica é a constituição da
garantia no próprio título; esses títulos seguem o
princípio da cedularidade, pelo qual a
constituição dos direitos reais de garantia se faz
no próprio instrumento de crédito, na própria
cédula.
 Exemplos de títulos de financiamento: são TFR
as cédulas (pignoratícia ou hipotecária), a nota de
crédito rural, a nota promissória rural e a duplicata
rural (Dec.-lei n. 167/67);
 são TFI a cédula de crédito industrial (promessa
de pagamento com garantia real) e a nota de crédito
industrial (promessa de pagamento sem garantia
real), criadas pelo Dec.-lei n. 413/69;
 são TFC a cédula de crédito comercial e a nota de
crédito comercial, criadas pela Lei n. 6.313/75;
 e a CCI cédula de crédito imobiliário destinada a
representar créditos derivados de operações com
imóveis (Lei n. 10.931/04).
b4) títulos de investimento: destinam-se a captação
de recursos pelo emitente;
 Representam a parcela de um contrato de mútuo que
o sacador do título celebra com os seus portadores;
 Para esses portadores, o negócio tem o sentido de
um investimento (aplicação financeira), com o
intuito lucrativo;
 Ex: Certificados de Depósito Bancário (CDB),
emitidos pelos bancos de investimento de natureza
privada, para os depósitos com prazo superior a 18
meses; a Letra de Crédito Imobiliário (LCI), emitida
por bancos com lastro em créditos imobiliários;
 C) Títulos Inominados: títulos sem previsão legal,
fruto de convenções contratuais entre as partes.
Alguns autores os aceitam em decorrência da
possibilidade de contratos inominados.
 São resultantes da criatividade da praxe empresarial
e com base no princípio da livre iniciativa, visando a
atender às necessidades econômicas e jurídicas do
futuro aprimoradas pelas técnicas de informática,
reconhecendo-o no § 3º, do art. 889, permitindo a
sua emissão a partir dos caracteres criados em
computador ou meio técnico equivalente e que
constem da escrituração do emitente, observados os
requisitos mínimos previstos neste artigo.
 Ex: vale-refeição, títulos eletrônicos etc.
 Obs: Para alguns, o cheque não é título de crédito
próprio. Argumentam que não tem data de vencimento; é
pagável no ato de apresentação, à vista, ainda que não o
declare”, concluindo que o concurso do crédito é
meramente acidental.
 Admite, quando muito, a natureza de título de crédito
impróprio, assim não é título de crédito em sentido
estrito é mesmo instrumento de pagamento que se exaure
com o recebimento do seu valor, mas contém diversos
elementos peculiares aos títulos de crédito tradicionais,
como, por exemplo, a literalidade e a abstratividade.
 De outra parte, é inegável que o sacado não tem nenhuma
obrigação cambial, não garante o pagamento, não aceita
(art. 6º), não endossa (art. 18, § 1º) e não avaliza (art. 29)
o título. Também é discutível sua circulabilidade.
1.6. Requisitos básicos.
Existem cinco requisitos que são essenciais a quase
todos os TC:
 Denominação do título, para saber a legislação
aplicável;
 Assinatura de seu criador, para saber quem é o
emitente, garantidor, endossante.
 Indicação precisa do direito que confere.
 Identificação completa de quem deve pagar.
 Data de emissão, para saber se o emitente estava
vivo na época da emissão e para saber se o
emitente na época da emissão era capaz.
Caso falte algum requisito:
Ação monitória.
Art. 1.102.a CPC - A ação monitória compete a
quem pretender, com base em prova escrita sem
eficácia de título executivo, pagamento de soma
em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de
determinado bem móvel.
Ela é usada para cobrar cheques ou outros títulos
(nota promissória, duplicata, etc), quando faltam-
lhes algum requisito formal, Ex: Prescritos.
 Existem requisitos que não são essenciais aos TC,
ou seja, são requisitos supríveis.
 A falta de um requisito não essencial não
descaracteriza aquele documento como sendo um
TC.
 Em outras palavras, o documento não deixa de ser
um TC caso falte um requisito não essencial. E isto
se dá porque a própria lei supre a falta destes
requisitos não essenciais.
 OBS: Data de vencimento é um requisito dos TC.
Entretanto a data de vencimento é um requisito não
essencial à NP. Faltando a data de vencimento, a lei
diz que a NP passará a ser à vista.
Para saber quais são os requisitos não essenciais, é
preciso ler a lei.
Normalmente os requisitos essenciais dos TC, via
de regra, estão logo nos primeiros artigos da sua
respectiva lei. E no artigo subseqüente a lei dirá
quais são os requisitos supríveis.
Ou seja, a própria lei dirá que a falta de alguns
requisitos será suprida de acordo com o que estiver
estabelecido na própria lei.
Por exemplo, a Lei do Cheque – Lei 7357/85,
art.1, caput diz:
“O cheque contém:” e os incisos deste artigo
1º enumeram todos os requisitos do cheque.
Ocorre que com a simples leitura do art. 1º
não saberemos quais os requisitos essenciais e
quais os requisitos não essenciais. Para
sabermos isto precisaremos olhar para o
artigo subseqüente.
O art. 2 da lei do cheque nos diz quais são os
requisitos supríveis pela lei.
 Vejam o art. 1, inciso I exige a denominação
“cheque”, que é o nome do título.
 O inciso II diz que é requisito do cheque a ordem
incondicional de pagar uma quantia. Não é
admissível que o cheque contenha qualquer
condição para que se realize o pagamento.
 O inciso III exige que o cheque contenha o nome do
banco ou da instituição financeira que deva pagar o
cheque - onde está a palavra instituição financeira,
façam uma remissão ao art. 17 da lei 4595/64.
 O inciso IV exige que o cheque contenha a
indicação do lugar do pagamento. O inciso V exige
a data e lugar da emissão. E o inciso VI exige a
assinatura do emitente.
O art. 2º supre a falta de alguns destes
requisitos elencados no art. 1º.
O inciso I do art. 2 supre a falta da indicação
do lugar do pagamento, logo, este é um
requisito não essencial.
O inciso II do art. 2o supre a falta da
indicação do lugar do pagamento, previsto
no art.1, V da lei 7357/85, logo, este é outro
requisito não essencial.
Em que momento os requisitos essenciais devem constar na cártula do TC?

 A súmula 387 do STF diz que os requisitos essenciais


devem constar na cártula, no documento. Mas, se
faltar algum requisito, a falta deve ser suprida antes
do protesto ou antes da cobrança.
 Ao combinarmos a súmula 387 do STF com o art.
891 do CC e com o art. 1 do Decreto 2044/08,
poderemos saber que mesmo faltando um
requisito essencial, o TC pode circular e o TC terá
eficácia cambiária desde que os requisitos sejam
preenchidos antes da cobrança ou do protesto.
2. Atos Jurídicos Cambiais.

 Os títulos de crédito ficam sujeitos a vários tipos de atos


específicos.
 Outros Atos:
 Saque: ordem de pagamento expedida contra alguém ou
contra um banco. Saque coberto: sacado dispõe de
fundos. Saque descoberto: sacado não dispõe de fundos.
 Ação cambial: modo judicial de cobrança do crédito
constante de um título. É ação de execução de título
extrajudicial (art. 585, I, CPC). Verificando-se a
prescrição cambiária, caberá ação causal de natureza
cognitiva.
2.1. Endosso.

a) Conceito: Ato de transferir a propriedade de um


título de crédito.
Segundo Ulhoa, endosso "é o meio pelo qual se
processa a transferência do título de crédito de um
credor para outro, redundando em sua circulação.
É um instituto típico do direito cambiário".
O endossante o faz com sua assinatura no verso do
documento, ficando geralmente coobrigado ao
pagamento do título.
Com o endosso o endossante deixa de ser credor do
título, posição jurídica que passa a ser ocupada pelo
endossatário.
 Somente o credor pode alienar o crédito, e,
portanto, somente o credor pode ser endossador.
 Assim, o primeiro endossante de qualquer letra
de câmbio, por exemplo, será, sempre, o
tomador; o segundo endossante,
necessariamente, o endossatário do tomador; o
terceiro, o endossatário do segundo endossante e
assim sucessivamente.
 Não há qualquer limite para o número de
endossos de um título de crédito (com exceção
do cheque, que admite apenas um único
endosso); ele pode ser endossado diversas vezes,
como pode, simplesmente, não ser endossado.
Inicialmente, lembre-se que, com exceção dos
cheques até R$ 100,00, todo título de crédito deve
ser nominativo, ou seja, deve identificar seu
portador.
Os títulos de crédito nominativos podem ser:
À ORDEM: circulam por endosso.
NÃO À ORDEM: circulam por meio de cessão
civil de créditos.
A clausula "à ordem" pode ser expressa ou tácita.
Ex: basta que não tenha sido inserida a cláusula
NÃO À ORDEM na letra de câmbio para que ela
seja transferível por endosso. (LU, art. 11).
 OBS: Diferenças entre endosso e cessão civil.
 (a) endosso é ato unilateral formalizado no próprio
título de crédito, já a cessão civil é um contrato
formalizado à parte do instrumento;
 (b) regra geral, no endosso é imposto ao endossante
a co-responsabilidade pelo adimplemento (salvo se
estiver com clausula ‘sem garantia’), já na cessão
civil, o cedente somente se responsabiliza pela
existência do crédito e não pelo seu adimplemento;
 (c), o endosso transfere o crédito sem nenhum vício
anterior (princípio da autonomia), já a cessão civil
transfere com os vícios que eventualmente possua.
b) Formalização: basta uma mera assinatura do
endossante. Contudo, se o for no anverso, é
necessário que a assinatura esteja acompanhada de
alguma expressão que indique inequivocamente que
se trata de endosso.
Ex.: pague-se a “fulano de tal”, transfere-se a
“ciclano de tal”, endossado a “beltrano de tal”.
c) Admissão: O endosso somente é admitido nos
títulos de crédito com “cláusula à ordem”,
entretanto, se for realizado endosso em título de
crédito com “cláusula não à ordem”, haverá a
conversão de tal endosso em cessão civil, conforme
a melhor doutrina.
d) Efeitos – Endosso: Regra geral, o endosso
produz dois efeitos:

a)Transfere a titularidade do crédito representado


no título do endossante para o endossatário;

b) Vincula o endossante ao pagamento do título,


na qualidade de coobrigado. (LU, art. 15)
e) Indicação facultativa do endossatário:
Se houver indicação do nome do endossatário
trata-se de endosso “em preto”, mas se não houver
menção, trata-se de endosso “em branco”.

OBS.: na prática, o endosso “em branco” acaba


por permitir que o título circule pela mera
tradição, como se fosse título ao portador.
F) Espécies de endosso:
f1) Endosso em branco: é aquele que se faz com a
simples assinatura do endossante (aquele que
transferiu o título), não constando indicação do
nome do endossatário (aquele a quem foi
transferido o título);
f2) Endosso em preto ou completo: é aquele em
que consta a assinatura do endossante e a indicação
do seu beneficiário, isto é, do endossatário;
f3) Endosso condicional: condiciona a
transferência à ocorrência de algum fato. Se não
escrita a condição, transfere-se o título ignorando a
condição.
f4) Endosso impróprio: não importam na
transferência do crédito representado na cártula e
têm a função de apenas legitimar a posse de
alguém sobre o título, permitindo-lhe exercer os
direitos representados na cártula. Podem ser:
(I) endosso-caução ou endosso-penhor:
representado pelas expressões “valor em garantia”,
“valor em penhor” ou outra equivalente). Coloca o
próprio título em garantia.
(II) endosso-mandato ou endosso-procuração:
representado pelas expressões “para cobrança”,
“valor a cobrar”, “por procuração” ou outra
equivalente. Permite cobrança por procurador.
f4) Outras modalidades de endosso:
Endosso póstumo ou tardio: O endosso realizado
após o protesto ou o prazo para protesto tem forma
de endosso, mas efeitos de uma cessão civil de
crédito, razão pela qual é chamado
doutrinariamente de endosso póstumo ou tardio.
Endosso parcial: É o endosso que visa a
transferência ao endossatário tão somente de parte
dos direitos inerentes ao título endossado. Essa
espécie de endosso não é admitida seja pelo C. C.
art. 912, par. único e LUG art. 12, II).
 De acordo com o art. 914 do NCC, em regra o
endossante (aquele que transfere o Titulo de Credito )
não garante o pagamento, salvo se houver cláusula
expressa no TC dispondo em contrário.
 Exemplo: A é o emitente de uma NP que promete
pagar à B o valor descrito na NP. B é o credor de A.
Ocorre que o B está devendo exatamente aquela
quantia ao C. Para pagar a sua dívida com C, o B
endossa aquela NP para o C (endossatário que recebe o
TC). O devedor propriamente dito é o A (devedor
principal).
 O art. 914 do NCC diz que em regra, quando o B
endossa o TC para o C ele não garante o pagamento,
ele garante apenas a existência da obrigação, tal como
disposto no art.295 do NCC. Para que B fosse devedor
cambiário ele teria que assinar aquele TC e escrever ao
2.2. Aval.
a) Conceito: é o ato cambiário, mediante o qual um
terceiro (avalista) ingressa na relação jurídica como
garantidor do cumprimento da obrigação. Pode ser
efetuado em todos os TC.
Efeito: tornar o avalista co-obrigado ao pagamento
do título.
b) Formalização: simples assinatura do avalista na
face do título de crédito, bem como mediante a
assinatura no verso do título de crédito, desde
identificado (ex.: “por aval”, “por garantia” etc).
Pode ser: em preto – quando identifica o avalizado.
Em branco – sem identificação ao avalizado.
Principais diferenças entre o aval e a fiança:

 (a) o aval é autônomo, enquanto a fiança é


acessória;
 (b) no aval não há que se falar em benefício de
ordem, já na fiança, regra geral, há benefício de
ordem;
 (c) o aval deve ser formalizado no próprio
instrumento da obrigação principal (título de
crédito), enquanto a fiança pode ser conferida em
instrumento separado;
 (d) a fiança não é garantia cambial.
 (e) o aval pode não exigir outorga uxória.
c) Aval e outorga conjugal (uxória):
 Segundo interpretação literal do art. 1.647, inc. III,
do Código Civil, é necessária vênia conjugal para a
eficácia da fiança e do aval. “o aval não pode ser
anulado por falta de vênia conjugal”.
 STJ editou a Súmula 332: “A fiança prestada sem
autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia
total da garantia”.
 Salvo no regime de separação absoluta de bens.
 Assim podemos entender que, a ausência de tal vênia
conjugal no aval implica apenas nulidade parcial do
aval, de modo a não alcançar o patrimônio do
cônjuge do avalista, visando preservar os terceiros de
boa-fé, credores do título de crédito.
d) Modalidades de Aval:
Havendo pluralidade de avalistas, os respectivos
avais poderão ser sucessivos ou simultâneos.
d1) Simultâneos, como o nome indica, são avais
dados (em tese) a um só tempo e, portanto, em
favor de um mesmo sujeito obrigado. Se os
sujeitos A, B e C forem avalistas simultâneos, não
poderão ser avalistas uns dos outros mas, apenas,
de um mesmo obrigado.
d2) Sucessivos, por sua vez, são avais dados (em
tese) em ordem cronológica, de modo que cada
avalista seja tido como avalista do anterior. Se os
sujeitos A, B e C forem avalistas sucessivos, C
será avalista de B que será avalista de A.
d3) Aval Parcial.
Quanto ao conteúdo:
O art. 897 CC fala em aval como garantia do
pagamento do valor constante no TC. E o
parágrafo único diz expressamente que é vedado o
aval parcial, mas nós devemos observar o art. 907
CC que diz que o CC só será aplicado
subsidiariamente, quando não houver lei especial.
 Ou seja, só é vedado quando não houver lei
especial sobre o tema. Não se aplica à LC nem à
NP, nem ao Cheque, porque estes títulos possuem
lei especial.
2.3. Aceite: ato expresso pelo qual a pessoa se
obriga a pagar o título cambial. Seu efeito é a
vinculação do sacado ao pagamento do título.
a) Forma: assinatura do sacado no título no
anverso ou no verso, desde que indicado.
b) Modalidades - pode ser:
b1) Total (valor total da dívida).
b2) Parcial:
P. Limitativo – aceitação de parte do valor.
P. Modificativo – aceita-se, alterando condições,
como data de pagamento, local etc).
c) Aceite - regras específicas:

Na duplicata mercantil, é obrigatório na medida


em que somente poderá ser recusado nos casos
elencados pela lei (causas justificadoras da
recusa).
No cheque, o aceite é proibido por lei, já que o
banco nunca é devedor do título.
Na nota promissória o aceite é inexistente por
causa de sua estrutura.
Na letra de câmbio, o mesmo é facultativo, de
modo que o sacado pode se negar a praticá-lo.
2.4. Protesto:
a) Conceito: Ato formal e solene pelo qual se
prova a inadimplência e/ou o descumprimento da
obrigação materializada em títulos e outros
documentos de dívida (art. 1° da Lei n° 9.492/97).
Prova, ainda, qualquer outro fato relevante para a
relação jurídica cambial, como: falta de aceite em
letra de câmbio.
É normatizado pela Lei 9.492/97, art. 1º.
Efeito: garantia de cobrar co-obrigados do título
(endossantes e seus avalistas), se realizando no
prazo legal.
 b) Serviço de protesto: deve ser lavrado pelo
Cartório de Protestos, cabe ao Tabelião de Protestos
de Títulos a quem, na forma do artigo 3º da Lei
9.492/97, cabe:
 “a protocolização, a intimação, o acolhimento da
devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento
do título e de outros documentos de dívida, bem como
lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência
do credor em relação ao mesmo, proceder às
averbações, prestar informações e fornecer certidões
relativas a todos os atos praticados”.
 Pode haver desistência e sustação do protesto.
 Respeitado o prazo definido pela legislação:
Do Prazo – Protesto.
Art. 12. O protesto será registrado dentro de três
dias úteis contados da protocolização do título ou
documento de dívida.
§ 1º Na contagem do prazo a que se refere o caput
exclui-se o dia da protocolização e inclui-se o do
vencimento.
§ 2º Considera-se não útil o dia em que não
houver expediente bancário para o público ou
aquele em que este não obedecer ao horário
normal.
Art. 13. Quando a intimação for efetivada
excepcionalmente no último dia do prazo ou além
dele, por motivo de força maior, o protesto será
 3 dias úteis é o prazo dado ao tabelião, o prazo para o devedor
é de 1 dia útil, após sua intimação.
 Art. 14. Protocolizado o título ou documento de dívida, o
Tabelião de Protesto expedirá a intimação ao devedor, no
endereço fornecido pelo apresentante do título ou documento,
considerando-se cumprida quando comprovada a sua entrega
no mesmo endereço.
 § 1º A remessa da intimação poderá ser feita por portador do
próprio tabelião, ou por qualquer outro meio, desde que o
recebimento fique assegurado e comprovado através de
protocolo, aviso de recepção (AR) ou documento equivalente.
 § 2º A intimação deverá conter nome e endereço do devedor,
elementos de identificação do título ou documento de dívida,
e prazo limite para cumprimento da obrigação no
Tabelionato, bem como número do protocolo e valor a ser
pago.
 OBS: Poderá haver intimação por edital (art.15).
C) Hipóteses de protesto.
Na forma do artigo 21 da Lei 9.492/97, há 3(três)
hipóteses em que o protesto pode ser tirado
(efetuado):

c1) Protesto por falta de pagamento: Após o


vencimento, o protesto sempre será efetuado por
falta de pagamento, vedada a recusa da lavratura e
registro do protesto por motivo não previsto na lei
cambial (art. 21, § 2º).
c2) Protesto por falta de aceite: somente poderá
ser efetuado antes do vencimento da obrigação e
após o decurso do prazo legal para o aceite ou a
devolução (art. 21, § 1º).

c3) Protesto por falta de devolução: devido


quando o sacado retiver a letra de câmbio ou a
duplicada enviada para aceite e não proceder à
devolução dentro do prazo legal.
 D) Prazo para protesto:

 d1) Letra de Câmbio e Nota Promissória: 2 dias úteis


após o vencimento;
 d2) Cheque: prazo de apresentação (30 ou 60 dias).
 d3) Duplicata: 30 dias após o vencimento.
 OBS: o título encaminhado para protesto após este
prazo será protestado, mas o credor terá perdido o
direito de cobrar os co-obrigados pelo mesmo, salvo
previsão expressa em sentido contrário (cláusula “sem
despesas” ou “sem protesto”).
 OBS2: Não é permitido o protesto contra endossante
ou avalista, conforme entendimento da Egrégia
Corregedoria Geral da Justiça (Proc. 123/81)
E) Requisitos – Protesto.
Art. 22. O registro do protesto e seu instrumento
deverão conter:
I - data e número de protocolização;
II - nome do apresentante e endereço;
III - reprodução ou transcrição do documento ou
das indicações feitas pelo apresentante e
declarações nele inseridas;
IV - certidão das intimações feitas e das respostas
eventualmente oferecidas;
V - indicação dos intervenientes voluntários e das
firmas por eles honradas;
 VI - a aquiescência do portador ao aceite por honra;
 VII - nome, número do documento de identificação do
devedor e endereço;
 VIII - data e assinatura do Tabelião de Protesto, de
seus substitutos ou de Escrevente autorizado.
 Parágrafo único. Quando o Tabelião de Protesto
conservar em seus arquivos gravação eletrônica da
imagem, cópia reprográfica ou micrográfica do título
ou documento de dívida, dispensa-se, no registro e no
instrumento, a sua transcrição literal, bem como das
demais declarações nele inseridas.
 OBS: Aceite por honra é ato, pela qual pessoa
indicada aceita ou paga a letra em nome de outra.
 Art. 19. O pagamento do título ou do documento
de dívida apresentado para protesto será feito
diretamente no Tabelionato competente, no
valor igual ao declarado pelo apresentante,
acrescido dos emolumentos e demais despesas.
 § 1º Não poderá ser recusado pagamento
oferecido dentro do prazo legal, desde que feito
no Tabelionato de Protesto competente e no
horário de funcionamento dos serviços.
 § 2º No ato do pagamento, o Tabelionato de
Protesto dará a respectiva quitação, e o valor
devido será colocado à disposição do
apresentante no primeiro dia útil subseqüente
OBS: As duplicatas, mercantis ou de prestação
de serviços, não aceitas, somente poderão ser
recepcionadas, apontadas e protestadas,
mediante a apresentação de documento que
comprove a venda e compra mercantil, ou a
efetiva prestação do serviço e o vínculo
contratual que a autorizou, respectivamente,
bem como, no caso da duplicata mercantil, do
comprovante da efetiva entrega e do
recebimento da mercadoria que deu origem ao
saque da duplicata.
3. Dos títulos de crédito, em espécie.

 Nesta seção, trataremos dos títulos de crédito


próprios em espécie.
 Veremos num primeiro momento, aqueles que
são regidos pela Lei Uniforme de Genebra, ora
chamados de cambiais, como a letra de câmbio
e a nota promissória. Logo após, serão vistos
os que são regulamentados por legislação
própria, chamados de cambiariformes, como o
cheque e a duplicata e os demais títulos.
Atenção! Prazo Prescricional, Regra.
 Antes de nos atermos a temas específicos, observemos que
em regra, obedece-se a legislação comum, ou seja o Código
Civil, por exemplo em relação à contagem do tempo
prescricional:

 Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em


contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do
começo, e incluído o do vencimento.
 § 1° Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á
prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
 § 2° Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo
quinto dia.
 § 3° Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual
número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência.
 § 4° Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a
3.1. Letra de Câmbio.
Legislação básica: Lei Uniforme (Decreto
n° 57.663/66) e Decreto n° 2.044/1908
3.1.1. Conceito.
É ordem de pagamento. É um TC próprio
que documenta uma ordem de pagamento, à
vista ou a prazo, feita pelo Sacador (Pessoa
Jurídica ou Pessoa Natural) contra o Sacado
(Pessoa Jurídica ou Pessoa Natural), em
favor de si próprio (em favor do próprio
Sacador) ou em favor de terceiro
denominado Credor, Tomador ou
Beneficiário.
3.1.2. Sujeitos da Letra de Câmbio.

Geralmente, é composta por três pessoas.


Quem dá a ordem de pagamento (Pessoa
Natural ou Jurídica) é o SACADOR.
Quem recebe a ordem de pagamento
(Pessoa Natural ou Jurídica) é o SACADO.
Quem se beneficia com a ordem de
pagamento é o BENEFICIÁRIO (ou
CREDOR ou TOMADOR).
Por exemplo, uma pessoa, A, possui duas
relações jurídicas. Ou seja, o A é credor de B
e ao mesmo tempo A é devedor de C.
Nada impede que o A unifique estas duas
relações jurídicas em um Título de Crédito.
Sendo assim, A pode dizer a B que aquele
valor que B deve a A deverá ser pago a C.
Ao fazer isso, A estará dando uma ordem de
pagamento a B. Pela lei esta ordem de
pagamento pode ser à vista ou a prazo.
A dará uma ordem de pagamento a B para
que B pague a C.
 Atenção! A Letra de Câmbio não envolve
necessariamente três pessoas.

 Ela pode ser sacada em benefício do próprio


sacador, que então será também o beneficiário,
bem como ser sacada contra o próprio sacador,
que, neste caso, será ao mesmo tempo emitente e
sacado.
 O endossante e o avalista são intervenientes
acidentais ou não essenciais porque não é
necessária sua presença para existência da letra de
câmbio.
 Sem o aceite do sacado, o sacador é devedor da
letra.
Saque.
Saque é o ato de criação, de emissão da
letra de câmbio.
Após este ato cambial, o tomador estará
autorizado a procurar o sacado para, dadas
certas condições, poder receber dele a
quantia referida no título.
O saque também tem como efeito vincular
o sacador ao pagamento da L.C.(LUG
art.9º).
 IMPORTANTE:
O Sacado é uma figura jurídica, sendo um mero
recebedor da ordem de pagamento, mas não é
devedor cambiário. O Sacado só se transformará em
devedor cambiário quando ele aceitar a ordem de
pagamento. Antes do aceite, o Sacado não é
devedor cambiário. Após o aceite o Sacado passa a
ser Aceitante.
 O art. 47 da LUG diz quais são os devedores
cambiários na L.C. Vejam que este artigo não
menciona o Sacado. O art. 47 se refere ao
ACEITANTE. E aceitante não é o sacado. Uma vez
que o Sacado aceita a ordem de pagamento, ele
deixa de ser o Sacado e passa a ser o aceitante. O
Sacado não é devedor cambiário porque ele ainda
O sacado pode ser executado?
 Não, pois o sacado não é devedor cambiário. O
Sacado que não assina a cártula, não se vincula
na relação cambiária. Pode ser que o sacado seja
devedor do Sacador em alguma outra relação
jurídica. Neste caso, o Sacador poderá cobrar a
sua dívida do sacado, mas em uma ação não
cambiária.
 O fato do sacado não ter assinado a cártula, não
significa que a LC não exista.
 Pode acontecer do sacado não aceitar a LC e
neste caso o credor deverá demonstrar ao
Sacador que não houve o aceite. A demonstração
de que não houve o aceite será feita através do
O art. 9 da LUG diz que o Sacador é devedor
cambiário e garante o pagamento em duas
hipóteses:

1) O Sacador garante o pagamento se não


ocorrer o aceite;
II) O Sacador garante o pagamento se ocorrer o
aceite, mas se não ocorrer o pagamento por
parte do aceitante.
3.1.3. Requisitos de Validade - Letra de Câmbio.
Além dos requisitos inerentes a todos os T.C. a
L.C. deve conter a:

a) a expressão letra de câmbio inserta no título


(LUG art. 1º, n.1);
b) mandato puro e simples (LUG art.1º, n.2);
c) nome do sacado (LUG art.1º, n.3) e sua
documentação;
d) nome do tomador, o que quer dizer que não se
admite L.C. sacada ao portador.
e) assinatura do sacador (LUG art.1n.8).
Art. 2º LUG - Não são essenciais, porque
supríveis:
Data e lugar da emissão;
Época do vencimento;
Lugar do pagamento.
Quanto à falta da primeira, pode ser
inserida até o ajuizamento da execução;
quanto à falta do segundo item, que será à
vista; quanto ao último, será no domicílio
do sacado.
 3.1.4. Aceite - Letra de Câmbio.
 Incumbe ao sacado aceitar a ordem de efetuar o
pagamento. O mesmo é facultativo, pois nada
obriga o sacado a assumir a obrigação cambial, pelo
aceite da ordem contida na letra.
 A recusa do aceite autoriza o tomador a cobrar o
título imediatamente, do sacador, posto que, nos
termos do art. 43 da LUG, nesse caso ocorre o
vencimento antecipado do título.
 Pode haver aceite parcial.
 É irretratável. Seu cancelamento antes da
restituição da letra equivale à recusa.
 No aceite por intervenção, um terceiro (estranho ao
título ou já coobrigado) aceita pelo sacado.

3.1.4.1. Modalidades de Aceite – L.C.
a) Cláusula não-aceitável: Prevista no art. 22 da
LUG, indica que o tomador ou beneficiário somente
poderá procurar o sacado para o aceite na data do
vencimento do título, ou seja, tal cláusula evita o
vencimento antecipado caso o sacado se recuse a dar
o aceite na L.C.
 OBS.: Não é admissível nas letras de câmbio
vencíveis a certo tempo da vista, pois nestas é
necessário o aceite para que comece a correr o prazo
de vencimento. Outrossim, o aceite nas letras de
câmbio a certo tempo da vista deve ser datado, para
que seja possível aferir a partir de quando inicia o
prazo para o vencimento.
3.1.4.2. Prazo de apresentação para aceite.
 Na ausência de disposição em contrário na cártula, a
letra de câmbio com vencimento a certo termo da vista
deve ser apresentada para aceite no prazo de 1 (um) ano
a contar de sua emissão (art. 23 da LUG). “Se o
portador perder o prazo para a apresentação para o
aceite do título na modalidade em que ele é obrigatório
– vencimento a certo termo da vista –, perderá o direito
de regresso contra todos os coobrigados ao título,
salvo se comprovar a existência de motivo suficiente à
prorrogação (ver LUG, arts. 53 e 54)”.
 Obs: na L.C. com vencimento à vista a apresentação é
para aceite e pagamento ao mesmo tempo, também no
prazo de 1 (um) ano a contar do seu saque (art. 34 da
LUG).
3.1.4.3. Aceite – Prazo de respiro.
Apresentado o título ao sacado, o sacado tem
direito de requerer prazo para avaliar se aceita
ou não a letra de câmbio, hipótese em que o
sacador deverá reapresentar a cártula em 24
horas (art. 24 LUG).
É o chamado prazo de respiro, que se destina a
possibilitar ao sacado a realização de consultas
ou a mediação acerca da conveniência de aceitar
ou recusar o aceite.
O sacado deve devolvê-la imediatamente, sob
pena de cometer crime de apropriação indébita
caso retenha a cártula (art. 168 do CP).
 Segundo Coelho “o sacado que retém,
indevidamente, a letra de câmbio, que lhe foi
apresentada para aceite - ou o devedor, em caso de
entrega para pagamento – está sujeito a prisão
administrativa, que deverá ser requerida ao juiz,
nos termos do art. 885 do CPC.

 Trata-se de medida coercitiva, de natureza civil,


destinada a forçar a restituição da letra ao seu
portador legitimado. Não é sanção penal e, por
isso, deve a prisão ser imediatamente revogada na
hipótese de devolução ou pagamento do título ou,
ainda, se não for proferido em 90 dias a contar da
execução do mandado de prisão”, CPC, art. 886
(COELHO, 2012, p. 293).
3.1.4. 4. Vencimento – Letra de Câmbio.
Opera-se com o fato jurídico predeterminado.
Duas espécies:
a)ordinário: decurso do tempo ou apresentação
ao sacado de letra à vista;
à vista.
a dia certo.
a termo certo de data (da data do saque)
a termo certo de vista (da data da apresentação
para aceite)
b)extraordinário: recusa do aceite,
impossibilidade ou pela falência do aceitante -
recusa antecipa vencimento.
3.1.4. 5. Pagamento – Letra de Câmbio.
Normalmente, extingue-se a obrigação cambiária
pelo pagamento do valor contido no título, quer
dizer, pelo resgate da cambial. De acordo com
Fazzio Jr. (p.128) cabe elencar as seguintes
regras:
Contendo dívida querable (quesível), a cambial
é título de apresentação pelo credor ao devedor
para o pagamento;
Se o portador não apresentar a cambial para
pagamento, no vencimento, perde o direito de
regresso contra os coobrigados;
Por meio de protesto prova-se a apresentação e
falta ou recusa de pagamento;

Na exigência do pagamento, o portador deve


apresentar o título no original;

A posse do título, pelo devedor, induz presunção


relativa de pagamento;

Se o sacado (aceitante) paga a letra de câmbio,


desonera todos os coobrigados;

Se o avalista do sacado paga o título, libera os


 Pagamento parcial – L.C.
 Segundo Coelho (2012, p.308), tem-se admitido
pagamento parcial na letra de câmbio, desde que
observadas algumas cautelas:
 a) somente o aceitante poderá optar pelo pagamento
parcial, que não poderá ser recusado pelo credor;
 b) o título permanece em posse do credor, que nele
deve lançar quitação parcial;
 c) os coobrigados e o avalista do aceitante podem
ser cobrados pelo saldo não pago, sendo necessário
o protesto para a responsabilização do sacador,
endossantes e seus avalistas.
Prazo de apresentação para pagamento da
Letra de Câmbio.

A letra de câmbio deve ser apresentada para


pagamento no:
dia do vencimento ou,
nos 2 (dois) dias seguintes (art. 38 da LUG).
3.1.4.6. Prescrição – Letra de câmbio.

Para fins de Ação Cambial, prescrevem em:


3 anos, as ações contra o aceitante (sacado) e
o avalista;
1 ano, as ações do portador contra os
endossantes e sacador;
6 meses, as ações dos endossantes, uns contra
os outros.
Obs: a interrupção da prescrição só produz
efeito em relação à pessoa para quem a
interrupção foi feita (art. 71 LUG).
Prescrita a execução, resta ao portador ação
3.1.4.7. Ressaque.

Com o fito de substituir a ação regressiva, o


portador de letra à vista protestada pode
ressacar nova letra de câmbio contra qualquer
dos coobrigados, desde que o título não esteja
prescrito.
Obs: Ação de Anulação.
Inscrita no art. 36 do 2.044/1908, a ação de
anulação tem por finalidade um provimento
jurisdicional que declare anulado o título
extraviado ou destruído e determine sua
substituição.
Também caso for dele injustamente
desapossado.
O pagamento efetuado antes de ter ciência da
ação exonera o devedor, a menos que se prove
que ele estava ciente do fato. São as regras
estabelecidas no art. 909 e par. único do CC.
3.1.4.8. Protesto – Letra de Câmbio.
 Protesto por falta de aceite:
 Somente é obrigatório nas letras de câmbio com
vencimento a certo termo da vista (art. 44 da
LUG), sob pena de perda do direito de cobrar
dos endossantes e seus respectivos avalistas (art.
53 da LUG). Com esse protesto, haverá o
vencimento antecipado da letra de câmbio (art.
43 da LUG).
 Protesto por falta da data no aceite (art. 25 da
LUG):
 Segue a mesma regra do protesto por falta de
aceite e, dessa forma, é obrigatório nas letras de
câmbio com vencimento a certo termo da vista.
Protesto por falta de pagamento:
Deve ser realizado nos 2 (dois) dias
posteriores ao vencimento, sendo que
especificamente
no caso da letra de câmbio “à vista”, o
referido prazo de protesto por falta de
pagamento somente tem início após a
fluência do prazo de apresentação para
aceite, que é de 1 (um) ano (art. 34 da
LUG).
Efeitos da ausência de protesto:
Nos termos do art. 53 da LUG, não realizado
quaisquer das modalidades de protestos no
prazo legal para tanto, serão exonerados de
qualquer responsabilidade todos os devedores
do título (endossantes, avalistas e sacador),
exceto o aceitante (se existir), que continuará
responsável, pois é o devedor principal do
título.
 OBS.: Nas letras com a cláusula ‘sem despesas’,
‘sem protesto’ ou ‘protesto desnecessário’ o
portador se vê desobrigado de promover o ato
em cartório, mantendo inalterado seu direito de
ação, tornando imprescindível, em contrapartida,
a apresentação da letra para aceite ou pagamento
e a expedição de avisos correspondentes ao
endossante e ao sacador do título (LUG, arts. 45
e 46), o que torna mais custoso para o portador
que o simples protesto em cartório.
 “Apesar da terminologia tal cláusula não impede
a realização do protesto, mas apenas torna a
realização do protesto uma faculdade”.
3.2. Nota promissória.
 Legislação básica: Lei Uniforme (Decreto n° 57.663/66)
e Decreto n° 2.044/1908.
 art. 75 e seguintes da LUG.
 Mesmas regras da letra de câmbio, com algumas
exceções  arts. 77 e 78.
 3.2.1. Conceito.
 É uma promessa de pagamento.
 É título de modelo livre.
 Configura um documento formal, que representa uma
promessa de pagamento à vista ou a prazo, feita pelo
emitente (PN ou PJ) em favor de outra pessoa, credor,
favorecido ou tomador, (PN ou PJ).
 Em regra é título abstrato, não causal.
 Exceção: NP vinculada a um contrato.
3.2.2. Requisitos – Nota Promissória.

 Os requisitos da NP estão no art. 75 da LUG. Vejamos cada


um destes requisitos:
 a) promessa pura e simples do pagamento. É pura e
simples porque esta promessa não pode ser condicionada,
(por exemplo, eu prometo pagar se ela passar no concurso
da Magistratura), neste caso a condição impede a circulação
do título, e por isso não poderá ter qualquer condição.
 b) deve ter quantia determinada.
 c) assinatura do emitente (devedor principal).
 d) nome do título, expressão ‘Nota Promissória’.
 e) data de emissão. Para saber se o promitente era capaz,
vivo ou morto etc.

 Obs: a falta destes requisitos não pode ser suprida.


3.2.3. Requisitos não essenciais – Nota promissória.

 a) Época do pagamento, ou seja, quando ocorrerá o


pagamento, o vencimento. Este requisito é não essencial,
porque se não estiver escrita a data do pagamento, o
vencimento será considerado à vista, na forma do art. 76 da
LUG.
 b) Lugar em que se efetuará o pagamento. Na falta de
indicação do lugar do pagamento, o art. 76 da LUG diz que
considerar-se-á o lugar em que a NP foi passada (emitida).
 c) O nome da pessoa a quem, ou a ordem de quem, se deve
efetuar o pagamento, que é o beneficiário, isto significa que
necessariamente a nota promissória será nominal, podendo
ser a ordem ou não a ordem (não poderá ser ao portador).
O nome em favor de quem se passa a Nota
Promissória, seria um requisito essencial.

Pode ser nominal à ordem (em que circulará por


endosso) ou não a ordem (em que circulará com
efeito de cessão de crédito). Esta é comum quando
a NP é vinculada a um contrato.

SÚMULA 387 STF e art. 891 NCC – Mitigam esta


característica, porque determina que o nome em
favor de quem se passa, deve estar somente no
momento em que for cobrar ou protestar.
3.2.4. Vencimento – Nota Promissória.
 O vencimento da NP pode ser:
 à Vista;
 a dia Certo;
 a Tempo Certo da Data (ao período a contar da
emissão, ex: prometo pagar por esta Nota
Promissória no prazo de 20 dias a contar da vista –
ver art. 78, 2ª alínea da LUG) A nota promissória
desta espécie pode ser protestada por falta de data;
 Vencimento antecipado  caso de declaração de
falência do devedor empresário ou de declaração
civil de insolvência do obrigado (art. 751, inciso I,
do CPC)
 Obs: Se não tiver a data do vencimento, o título será
3.2.5. Prescrição – Nota Promissória.

A execução da NP prescreve nos seguintes


prazos:

3 (três) anos, do portador contra emitente ou


avalista;
1 (hum) ano, do portador contra endossantes.
6 (seis) meses, do(s) endossante(s) um contra
o(s) outro(s).
3.2.6. Nota Promissória vinculada a contrato.

Exemplo: A vai comprar um imóvel que custa


200 mil reais. Mas, A só tem 150 mil reais.
Então A celebra um contrato de promessa de
compra e venda onde ela entrega ao vendedor
150 mil reais e emite 10 NP ao vendedor (cada
uma no valor de 5 mil), a fim de que o valor
destas NP complemente o valor do imóvel.
Enquanto A não quitar este pagamento não será
realizada a escritura definitiva.
 Nota Promissória vinculada a um contrato.
 Há uma flexibilização do princípio da abstração.
 Em regra, os T.C. traduzem uma relação jurídica pro
solvendo (duas relações jurídicas independentes).
 Quando a NP contém em sua cártula a menção ao
negócio que lhe deu origem, a NP deixa de ser pró
solvendo e passa a ser pró soluto, eis que ela
extinguirá a obrigação que lhe deu causa. É uma
exceção!
 A NP vinculada ao negócio jurídico significa que o
emitente devedor, na própria cártula, demonstra
expressamente que aquele TC está relacionado
(vinculado) com uma determinada causa debendi ou
negocio subjacente, o que faz com que terceiros ao
receberem esta NP tenham ciência da vinculação.
Ainda que a NP seja à ordem (transferida por
endosso), se o terceiro de boa-fé, ora endossatário e
credor for executar o emitente da NP, poderá este (o
executado) em embargos à execução, invocar em sua
defesa vício na causa debendi, exceção do contrato
não cumprido, apesar de o endossatário (exeqüente)
não ter participado da relação jurídica causal, porém
o TC está vinculado à causa.
Desta forma, a NP passa a ser pró soluto implicando
em novação da dívida, o que significa que o credor
originário (vendedor) não pode desfazer o negócio
jurídico, mas tão somente executar o título.
Esta situação é corriqueira nos instrumentos de
compra e venda de bens imóveis.
Nota Promissória Comum
 Está regulada na LUG e no Dec. 2044/08.
 Título Abstrato, sem causa específica prevista em lei.
 Figuras Originárias: Qualquer Pessoa (Natural ou Jurídica).
 Para cobrança dos devedores cambiários Indiretos é necessário o
Protesto.
 Credor na Nota Promissória no quadro geral de credores da falência é
quirografário (sem garantia e sem privilégio).
Nota Promissória Rural – TC. Impróprio (financiamento).
 Está regulada no Dec. 167/67 (art. 42 ao 45).
 Título Causal, as causas estão previstas no Art. 42, estabelece a causa
debendi que é a venda direta de produtos de natureza agrícola, pastoril
ou extrativa feita por cooperativa ou produtor.
 Figuras Originárias: Necessariamente tem que ter Produtor Rural ou
Cooperativa.
 Para cobrança dos devedores cambiários Indiretos não é necessário o
Protesto (art. 44).
 Credor com Privilégio Especial, porque a lei determina isso (art. 45) –
Privilégio é conferido por lei, então receberá na frente dos
3.3. Cheque.
 Lei 7.357/85 (Lei do Cheque), bem como
diversos atos normativos infra-legais, editados
pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), por
força da previsão contida no art. 69 da Lei.
3.3.1. Definição: Ordem de pagamento à vista ex
lege, emitida (sacada) contra banco ou instituição
financeira que lhe seja equiparada (sacado), onde
o emitente tenha fundos disponíveis. O cheque
sempre será à vista, ainda que lhe tenha sido “pós-
datado” (comumente chamado de “pré-datado”),
razão pela qual muitos contestavam, antigamente,
sua qualidade de título de crédito do Cheque.
O cheque não é título de crédito em sentido
estrito, é instrumento de pagamento que se
exaure com o recebimento de seu valor
(FAZZIO Jr., 2006, 131).

O sacado não tem nenhuma obrigação


cambial, não garante o pagamento, não
aceita (art. 6º), não endossa (art. 18, §1º) e
não avaliza (art. 29) o título.
 Abstração: O cheque é documento literal e
abstrato. Por isso, exceções pessoais, ligadas ao
negócio jurídico subjacente, somente podem ser
opostas a quem tenha participado do negócio.
Endossado o cheque a terceiro de boa-fé, questões
ligadas à causa debendi originária não podem ser
manifestadas contra terceiro legítimo portador do
título.
 Em caso de má-fé, a solução é diferente. Contra
aquele que sabe de eventual vício que pode
invalidar a declaração cambiária, quaisquer
defesas podem ser suscitadas. Só a boa-fé
“imuniza” o portador.
 A abstração do cheque não é absoluta (FAZZIO,
3.3.2. Requisitos:
 O cheque é um título de crédito de modelo
vinculado, pois o Banco Central fixa o padrão a ser
seguido obrigatoriamente em sua confecção.
Outrossim, todo cheque deve conter:
a) denominação “cheque” (cláusula cambiária);
b) uma ordem incondicional de pagamento de
quantia determinada (art.1º, II);
c) nome do sacado (banco ou instituição financeira,
art. 1º, III e art.3º);
d) data do saque (importante para aferir a
prescrição);
e) lugar do saque (importante para aferir qual será o
prazo de apresentação);
 Art . 1º O cheque contêm:
 I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do
título e expressa na língua em que este é redigido;
 II - a ordem incondicional de pagar quantia
determinada;
 III - o nome do banco ou da instituição financeira que
deve pagar (sacado);
 IV - a indicação do lugar de pagamento;
 V - a indicação da data e do lugar de emissão;
 VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu
mandatário com poderes especiais.
 Art. 3º da Lei 7.357/85, in verbis: “O cheque é emitido
contra banco, ou instituição financeira que lhe seja
equiparada, sob pena de não valer como cheque”.
 Teoria dos equivalentes e cheque: Ausente o lugar
do pagamento ou do saque (emissão), tal requisito
pode ser suprido de acordo com as diretrizes traçadas
pelo art. 2º da Lei do Cheque.
 Todavia, pela intervenção normativa do Banco
Central, optou-se por criar um modelo padronizado
de cheque, com todos os requisitos definidos por
normas do CMN, especialmente pela Resolução nº
885/93 e pelo Manual de Normas e Instruções (MNI
02-01-18).
 Assim, não há mais que se falar em requisitos
supríveis no cheque. Quando a lei assegurava uma
opção (exemplo: local de pagamento ou local próximo
ao nome do sacado), as normas do Banco Central
afastaram a opção.
 Conseqüência da falta de qualquer dos requisitos
essenciais.
 O artigo 2º da Lei do Cheque (Lei 7.357/85) impõe
que “o título a que falte qualquer dos requisitos
enumerados no artigo 1º não vale como cheque...”,
salvo alguns casos, constantes dos incisos I e II do
próprio artigo 2º, quais sejam:
 A) na falta de indicação específica, é considerado lugar
do pagamento o lugar designado junto ao nome do
sacado (Banco); se designados vários lugares, o cheque
é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer
indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão;
 B) não indicando o cheque o lugar de emissão,
considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto
ao nome do emitente;
3.3.3. Pagamento - cheques:
O pagamento do cheque deve ser precedido
da verificação:
a) do preenchimento formal;
b) do prazo de apresentação ou prescrição;
c) da autenticidade da assinatura ou chancela;
d) do saldo disponível;
e) de oposição ao pagamento; ou contra-
ordem;
f) da legitimidade do favorecido;
g) integridade física do cheque.
Local de pagamento.
Cheque da praça, quando a cidade de
emissão do cheque for a mesma do banco
sacado.
Cheque fora da praça, quando a cidade de
emissão do cheque divergir da cidade do
banco sacado.
OBS: O cheque sem indicação do lugar da
sua emissão considera-se passado no lugar
designado ao lado do nome do sacador.(Lei
7.357)
 Prazo para Apresentação – cheque.
 SE EMITIDO
 NA PRAÇA: 30 dias, correspondência entre o lugar da
emissão e o local da agência do sacado.
 FORA DA PRAÇA: 60 dias.
 Se o cheque for apresentado ao banco fora do prazo de
apresentação, tem algumas consequências:
1. A oposição ao pagamento não é cabível após o prazo de
apresentação. Perda do direito creditício contra emitente,
se havia fundos nesse prazo e deixaram de existir por
culpa não imputável aquele;
2. O portador perderá o direito à execução do endossante e
seu avalistas (coobrigados).
3. O protesto, ou declaração equivalente, deve ser feito
antes de expirar o prazo para a apresentação.
Saque contra o Banco.

Quanto ao “saque contra o banco”, o artigo


3º da Lei 7.357/85 é taxativo ao impor que
somente banco ou instituição financeira
pode sacado do cheque.
É exatamente nesse “saque” que se origina a
“ordem incondicional de pagamento de
determinada quantia”.
Provisão de fundos.
 O segundo pressuposto é a necessidade de existência
de provisão de fundos. Deve, portanto, o emitente
(sacador) ter fundos disponíveis em poder do
banqueiro, no momento da apresentação do cheque
para pagamento, como determina o artigo 4º, da Lei
7.357/85, abaixo transcrito: Lei 7.357/85.
 Art. 4º. “O emitente deve ter fundos disponíveis em
poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir
cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A
infração desses preceitos não prejudica a validade do
título como cheque.
 §1º. A existência de fundos disponíveis é verificada no
momento da apresentação do cheque para pagamento
(...)”
Consideram-se, para esse fim, “fundos
disponíveis” como:

os créditos constantes de conta corrente


bancária não subordinados a termo;
o saldo exigível de conta corrente contratual;
a soma proveniente de abertura de crédito
(conforme art. 4, §2º, Lei 7.357/85).
 Apresentado o cheque seu pagamento pode ser
recusado pelo banco sacado:

 por insuficiência ou falta de fundos;


 por defeito e requisito essencial;
 por desconformidade da assinatura com o padrão
gráfico registrado no cartão de autógrafo;
 em virtude de contra-ordem do emitente;
 por falta de legitimidade do beneficiário;
 por falta de capacidade do emitente.
 Obs: Mesmo após o prazo de apresentação, desde
que não prescrito o cheque é pago se houver
fundos na conta e não possua ordem em contrário.
3.3.4. Prescrição – cheque.
 O cheque prescreve, para fins de ação de cobrança
contra o emitente, os endossantes ou coobrigados:
 6 meses após o término do prazo de apresentação;
 do portador contra os endossantes, contra o
sacador ou contra os demais obrigados;
 de um dos coobrigados no pagamento de um
cheque contra os demais, no prazo de 6 meses
contados do dia em que ele tenha pago o cheque
ou do dia em que ele próprio foi acionado.
 Obs: A interrupção da prescrição produz efeito
somente contra o obrigado em relação ao qual foi
promovido o ato interruptivo.
3.3.5. Espécies de cheque quanto à circulação.

 Tendo em vista sua circulação, o cheque pode ser


emitido:

a) Nominativo à ordem;
b) Nominativo não à ordem;
c) Ao portador.

A) CHEQUE AO PORTADOR: quando não indica o


nome do beneficiário ou neste campo consta a
expressão ao portador, valor máximo de R$ 100,00.
 Lei 7.357/85. Art. 8º. Pode-se estipular no cheque que
seu pagamento seja feito: (...) III- ao portador.
A Lei 9.069/95 impõe a proibição, tanto da
emissão, quanto do pagamento, quanto de
compensação, de cheque ao portador se
superior a R$ 100,00 (cem reais), conforme
dispõe o seu artigo 69, in verbis:
“Art. 69. A partir de 1º de julho de 1994, fica
vedada a emissão, pagamento e compensação
de cheque de valor superior a R$ 100,00 (cem
REAIS), sem identificação do beneficiário.
Parágrafo único. O Conselho Monetário
Nacional regulamentará o disposto neste
artigo.”
B) Cheque com cláusula NÃO À ORDEM ou
outra equivalente;
1. Não poderá o título ser transferido via
endosso, só podendo ocorrer a cessão civil
prevista no artigo 286 do Código Civil;
II. São obrigatoriamente nominativos, isto é,
tem de ser indicado o destinatário - nome
completo e não abreviado do cheque;
III. Só podem ser levantados ou depositados
pelo destinatário original. Assim, por não
permitirem a transmissão do cheque a
terceiros, os cheques não à ordem são mais
seguros.
C) CHEQUE NOMINATIVO À ORDEM
quando consta o Destinatário. O cheque deve
ser nominativo quando emitido por:
a) órgãos públicos - todos, de qualquer valor;
b) demais clientes - os acima de RS 100,00.

O cheque pode ser nominativo:


a) a um ou mais beneficiários, solidários ou
não;
b) ao próprio emitente, apondo-se a
expressão ao emitente no campo destinado ao
nome do favorecido.
3.3.6. Outras espécies de cheque.
A) Cheque por conta de terceiro
 O artigo 9º, II, da Lei do Cheque, aceita a possibilidade do
sacador emitir a ordem de pagamento por conta de um
terceiro, isto é, determinando que o pagamento seja feito
utilizando-se os fundos disponíveis na conta de um terceiro;
expressa-se pela fórmula pague por este cheque, por conta de
Fulano de Tal, a quantia de tantos reais, ou expressão
equivalente.
 Lei 7.357/85. Art. 9º. “O cheque pode ser emitido: (...) II-
por conta de terceiro; (...)”
 No saque por conta de terceiro, não estando o sacado
autorizado a fazê-lo, tem-se um ilícito civil, pelo qual
responderá apenas aquele que, sem poderes para tanto,
ordenou o pagamento sobre conta alheia, havendo, também,
em tese, ilícito penal, na forma do artigo 171 do Código
Penal (crime de estelionato).
B) Cheque administrativo (cheque bancário).
 O cheque administrativo é o emitido pelo banco sacado,
para liquidação por uma de suas agências. Nele, emitente e
sacado são a mesma pessoa, conforme artigo 9º, III, da Lei
do Cheque. Ou seja, a instituição financeira ocupa,
simultaneamente, a situação jurídica de quem dá ordem de
pagamento e a de seu destinatário.
 O cheque administrativo é também chamado de cheque
bancário, cheque comprado, cheque de caixa e cheque de
direção.
 É pressuposto do cheque administrativo a nominatividade,
isto é, o cheque administrativo deve necessariamente
constar da explicitação do nome do seu beneficiário. É o
que consta do artigo 9º, III, da Lei do Cheque:
 “O cheque pode ser emitido: (...) III- contra o próprio
banco sacador, desde que não ao portador;”
C) Cheque visado.
 Conceito: O cheque visado é aquele em que o banco sacado, a
pedido do emitente ou do portador legítimo, lança e assina, no
verso, declaração confirmando a existência de fundos
suficientes para a liquidação do título.
 O cheque visado é tratado pelo artigo 7º da Lei do Cheque:
 “Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador
legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao
portador, e ainda não endossado, visto, certificação ou outra
declaração equivalente, datada e por quantia igual à
indicada no título.
 §1º. A aposição de visto, certificação ou outra declaração
equivalente obriga o sacado a debitar à conta do emitente a
quantia indicada no cheque e reservá-la em benefício do
portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem
que fiquem exonerados o emitente, endossantes e demais
coobrigados.
D) Cheque visado - características.
 deve sempre constar o nome do beneficiário, isto é, não
pode ser ao portador;
 visar significa lançar e declarar no verso do cheque
declaração confirmando a existência de fundos suficientes
para a liquidação do cheque’
 no momento de “visar”, o cheque não pode se encontrar
endossado;
 o ato do Banco-Sacado de “visar” pode ser requerido tanto
pelo emitente quanto pelo legítimo portador do título;
 no momento em que “visa” o cheque, o Banco-Sacado
deve debitar a quantia da conta do emitente e reserva-la
em benefício do legítimo portador do título;
 a garantia acima indicada somente ocorre durante o prazo
para a apresentação do cheque.
E) Cheque cruzado.
 Conceito: o cheque cruzado é aquele em que se
cria uma situação específica para o cumprimento
da ordem de pagar a quantia certa, essa situação
específica é a obrigação do cheque apresentado
somente poder ser pago pelo sacado a um banco ou
a um cliente do sacado, mediante crédito em conta.
Isto é, o portador do cheque cruzado não poderá
apresentá-lo no caixa do banco e exigir a entrega
de papel-moeda em valor correspondente à quantia
sacada.
 LEI 7.357/85. Artigo 44. O emitente ou o portador
podem cruzar o cheque, mediante a aposição de
dois traços paralelos no anverso do título.
Cheque cruzado - espécies.

A Lei do Cheque prevê 2(duas) espécies de


“cruzamento”: o cruzamento geral e o cruzamento
especial:
Cruzamento geral: O cheque com cruzamento geral
somente pode ser pago a um banco. Desse modo, se
o tomador concordou em receber cheque cruzado,
ou ele próprio o cruzou, deverá encaminhá-lo ao
banco no qual mantém conta de depósito. Está
previsto no §1º do artigo 44 da Lei do cheque;
 Cruzamento especial: O cruzamento especial é
feito através da menção, no interior das linhas
paralelas de cruzamento, de um banco, de forma
que o beneficiário do cheque deverá procurar
exatamente a instituição financeira designada no
cruzamento e contratar dela os serviços de
recebimento do valor. Está previsto na parte
final do §1º do artigo 44 da Lei do Cheque.
 Obs: Conforme artigo 44, §2º, da Lei do cheque,
o cruzamento geral pode ser convertido em
especial, mas o cruzamento especial não pode
ser convertido em geral.
F) Cheque de Viagem(Traveller's Check).

É o cheque de quantia prefixada emitido contra


instituição internacional especializada e pagável em
qualquer país em diversos locais como em hotéis,
casas de câmbio, agências de turismo e em
instituições financeiras credenciadas.
A transmissão do cheque de viagem requer, por
segurança, duas assinaturas do emitente (uma na
compra do cheque e outra quando de sua utilização).
G) Cheque Especial.

É o cheque que tem seu pagamento garantido até


determinado limite especificado pelo banco sacado.

O emitente deste tipo de cheque tem um contrato


firmado com o banco, que lhe fornece um limite de
saque a descoberto, mesmo que o emitente não
tenha saldo disponível em sua conta.
 AÇÃO ANULATÓRIA - CHEQUE FURTADO -
INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS -
ESTABELECIMENTO COMERCIAL -
NEGLIGÊNCIA - ESTABELECIMENTO
BANCÁRIO - CULPA - Assume os riscos decorrentes
do negócio o estabelecimento comercial que recebe
cheque furtado se, por ocasião da venda, não procedeu
com a devida cautela, exigindo identificação do
portador do suposto título de crédito. Sujeita-se à
nulidade o cheque objeto de furto e de grosseira
falsificação, devolvido por insuficiência de fundos pelo
banco sacado, ao qual competia verificar a autenticação
da assinatura aposta no documento, indicando o motivo
da devolução. (TAMG - AC 225.426-4 - 5ª C - Rel.
Juiz Eduardo Andrade - DJMG 03.04.97).
 AÇÃO DE ANULAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULO
AO PORTADOR (CHEQUE EXTRAVIADO) -
INTIMAÇÃO PARA O DEPÓSITO - JUROS DE MORA
INDEVIDOS - I. Na ação de substituição de títulos ao
portador (cheque extraviado), inexigível é a cobrança de
juros moratórios, quando o devedor, intimado a depositar o
valor, o faz incontinenti, adimplindo obrigação de natureza
"quérable". Inteligência do art. 908, II, do CPC. (STJ - REsp
56.668-1 - PR - 3ª T. - Rel. Min. Waldemar Zveiter - DJU
16.10.95)

 AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS POR ATO ILÍCITO


- LEGITIMIDADE - O beneficiário de cheque tem
legitimidade ativa para propor ação de indenização contra o
Banco sacado por eventuais ilícitos que praticar, vindo a
frustar o pagamento do cheque e causando prejuízos àquele.
(STJ - REsp 49.672-1 - SP - 3ª T. - Rel. Min. Cláudio Santos
 CHEQUE EMITIDO COM A DATA EM BRANCO. CONTRA-
ORDEM. EXECUÇÃO. EMBARGOS. Embargos do devedor,
alegando ter sido emitido, com a data em branco, preenchida após
pelo exequente, em garantia de dívida. Declaração dele, por escrito,
neste sentido. Prova todavia, de ter o cheque sido emitido para
exoneração de saldo devedor resultante de encontro de cotas de
aplicações financeiras do executado realizadas pelo exequente.
Contra-ordem a seu pagamento sob motivo de negocio desfeito, não
comprovada quanto ao fato nem relativamente à sua caracterização
como relevante razão de direito (par. 2. do art. 37 da Lei n.
7357/85) Desinfluente, para qualificar-se como título de dívida
líquida e certa, cobravel em execução. A alegação de ter sido a data
nele aposta posteriormente e ter sido emitido em garantia de dívida.
A data, no cheque, é relevante para fixar-se o prazo para sua
apresentação ao sacado, incumbindo ser pago quando apresentado,
mesmo antes do dia indicado como da emissão (art. 32 da Lei
7357/85) DIREITO COMERCIAL -CHEQUE - APELAÇÃO
CÍVEL 16/96 - Reg. 1921-3 - Cod. 96.001.00016 QUINTA
CÂMARA - Unânime - Juiz: LUIZ ROLDÃO DE F. GOMES -
Julg: 15/05/96.
 CHEQUE PÓS-DATADO - EXECUTIVIDADE - O cheque
pós-datado, emitido em garantia de dívida, não se desnatura
como título cambiariforme, nem tampouco como título
executivo extrajudicial. Precedentes do STJ. (STJ - REsp
67.206-6 - RS - 4ª T. - Rel. Min. Barros Monteiro - DJU
23.10.95)

 CHEQUE PRÉ-DATADO - SUSTAÇÃO PELO EMITENTE.


Compra e venda de veiculo com chassi adulterado e objeto de
furto perpetrado ao verdadeiro dono. Prova. Decisão de
improcedência dos embargos ao argumento da NECESSÁRIA
rescisão do negócio em campo próprio. Apelo provido.
Decisão reformada. EXECUÇÃO POR TITULO
EXTRAJUDICIAL - EMBARGOS DO DEVEDOR -
APELAÇÃO CÍVEL - 9167/93 - Reg. 3505-2 - Cód.
93.001.09167 SÉTIMA CÂMARA - Unânime - Juiz:
MARCUS TULLIUS ALVES - Julg: 03/08/94.
 Ementa: PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO
DE CRÉDITO. CHEQUE. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.
CARACTERIZAÇÃO. ASSINATURA NO VERSO DA CÁRTULA.
AVAL. 1 - Consignado pelas instâncias ordinárias haver o recorrente
assinado no verso do cheque, sem indicação alguma, não se trata de
reexame de provas, mas de, partindo dessa premissa fática, dar à espécie
a qualificação jurídica que o caso requer. 2 - Denotado que o cheque, na
hipótese vertente não é ao portador, mas nominal, e a assinatura constante
do seu verso é de outra pessoa, que não o seu beneficiário, a conclusão é
de que somente pode ter sido efetivada como aval, ainda que não
especificada a sua finalidade (por aval), pois, do contrário, estar-se-ia
admitindo quebra na cadeia creditícia. 3 - Somente poderia ser endosso se
a assinatura constante no verso da cártula coincidisse com quem dela seja
o beneficiário, o que não ocorre na espécie, pois o beneficiário é pessoa
diversa daquela que apôs a assinatura no dorso do cheque em apreço. 4 -
A assinatura, que não se pode ter por inútil no título, faz atribuir à pessoa
que a apôs coobrigação e responsabilidade pelo crédito por ele
representado. 5 - Legitimidade passiva ad causam que se impõe àquele
tido por avalista. 6 - Recurso especial não conhecido. (STJ, REsp
493861 / MG, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, Rel. p/ Acórdão Min.
Fernando Gonçalves, Quarta Turma, DJe 01/12/2008)

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