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Títulos de Crédito.
1. TÍTULOS DE CRÉDITO:
Delimitações.
É documento representativo de obrigação literal e
autônoma que diz respeito a um crédito, ou seja, um
direito a uma prestação futura (Vivante) Recepcionado
pelo art. 887 CC.
Crédito Latim - Credere – confiança.
O Código Civil define o título de crédito como o
documento necessário para o exercício literal e autônomo
nele contido (art. 887, CC).
Código Civil (somente usado na omissão das leis
especiais), vide:
Art. 903, CC: Salvo disposição diversa em lei especial,
regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.
1.1. Características:
Princípios dos Títulos de Crédito.
A) Cartularidade:
Papel, o documento que representa o título
deve ser original. O direito de crédito só
existe com apresentação do respectivo
documento;
B) Literalidade:
Significa que limita-se o crédito, ao conteúdo
expresso no título. Só pode ser cobrado o que
se encontra expressamente nele consignado;
Obs: Exceções ao Princípio da Cartularidade: Lei das
Duplicatas e a evolução da informática com a criação
de títulos de créditos não-cartularizados.
Art. 889, § 3º do CC caracteres criados em computador.
Lei 5474/68 - Dispõe sobre as Duplicatas e dá outras
Providências:
ART.15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicada
será efetuada de conformidade com o processo
aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que
cogita o Livro II do Código de Processo Civil, quando
se tratar:
I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que,
cumulativamente:
a) haja sido protestada;
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório
da entrega e recebimento da mercadoria;
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o
aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos
nos artigos 7 e 8 desta Lei.
§ 1º Contra o sacador, os endossantes e respectivos
avalistas caberá o processo de execução referido neste
artigo, quaisquer que sejam a forma e as condições do
protesto.
§ 2º Processar-se-á também da mesma maneira a execução
de duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida,
desde que haja sido protestada mediante indicações do
credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14,
preenchidas as condições do inciso II deste artigo.
C) Autonomia: as obrigações representadas por um
mesmo título de crédito são independentes entre si.
Ver Art. 888 CC.
Do princípio da autonomia decorrem três
subprincípios:
c1) a abstração: O próprio título é desvinculado da
causa Circulação.
c2) inoponibilidade das exceções pessoais aos
terceiros de boa fé.
c3) Independência: desvinculação dos coobrigados
uns em relação aos outros. É uma extensão da
autonomia.
c1) subprincípio da abstração determina
que o título de crédito, quando colocado em
circulação, desvincula-se da relação
fundamental que lhe originou.
A abstração ocorre tão somente quando o
título circula, isto é, quando é transferido
para terceiro (que não participou da relação
jurídica fundamental que deu origem à
emissão do título) de boa-fé, momento em
que ocorre o desligamento entre o título de
crédito e a relação que lhe deu origem.
Como conseqüência dessa desvinculação
entre o título e o negócio jurídico que lhe
deu origem temos a impossibilidade do
devedor exonerar-se de suas obrigações
cambiárias, perante terceiros de boa-fé, em
razão de irregularidades, nulidades ou
vícios de qualquer ordem que contaminem
a relação jurídica fundamental (COELHO,
Fábio Ulhoa, p. 337).
c2)Inoponibilidade das exceções pessoais aos
terceiros de boa fé.
a) ao modelo;
b) à estrutura;
c) ao conteúdo e natureza e;
d) ao modo de circulação.
a) Quanto ao modelo:
Forma padronizada: se prescrito em lei ou não.
Livre:
Ex: Nota promissória e letra de câmbio. Qualquer papel,
independente da forma adotada, será nota promissória,
desde que atendidos os requisitos da lei. São inteiramente
dispensáveis, portanto, os formulários impressos que se
costumam vender em papelarias (COELHO, p. 391).
Vinculada:
Ex: Cheque (necessariamente o emitente deve fazer o uso
do papel fornecido pelo banco sacado fornecido em talões)
e Duplicata (obedece às normas de padronização formal
definidos pelo Conselho Monetário Nacional (LD, art. 27).
b) Quanto à estrutura:
b1) por “ordem de pagamento” entendem-se os
títulos que, quando de sua emissão, envolvem,
3(três) sujeitos (sacador, sacado e beneficiário).
O sacador ordena que o sacado pague ao
beneficiário determinada importância em
determinada data. Atentemo-nos para o fato de que
não é o sacador (que emite o título) que entrega o
valor ao beneficiário, mas sim o sacado.
Um exemplo de título que se classifica como “ordem
de pagamento” é o cheque, em que o emitente do
cheque determina ao banco sacado que pague ao
beneficiário do cheque determinada quantia.
b2) por “promessa de pagamento” entendem-
se os títulos que, quando de sua emissão,
envolvem 2(dois) sujeitos:
o promitente e
o beneficiário.
O promitente promete entregar ao
beneficiário, em certa data, determinada
importância. Veja que, nessa classe de títulos
de crédito, quem entrega a importância ao
beneficiário é o próprio promitente (que
emitiu o título).
c) Quanto ao conteúdo e natureza (hipóteses de
emissão):
Ver também:
Avalista (s):______________________________________
b3) Títulos de Financiamento: são os
representativos de crédito oriundo de
financiamento; podem ser rurais, comerciais ou
industriais; sua característica é a constituição da
garantia no próprio título; esses títulos seguem o
princípio da cedularidade, pelo qual a
constituição dos direitos reais de garantia se faz
no próprio instrumento de crédito, na própria
cédula.
Exemplos de títulos de financiamento: são TFR
as cédulas (pignoratícia ou hipotecária), a nota de
crédito rural, a nota promissória rural e a duplicata
rural (Dec.-lei n. 167/67);
são TFI a cédula de crédito industrial (promessa
de pagamento com garantia real) e a nota de crédito
industrial (promessa de pagamento sem garantia
real), criadas pelo Dec.-lei n. 413/69;
são TFC a cédula de crédito comercial e a nota de
crédito comercial, criadas pela Lei n. 6.313/75;
e a CCI cédula de crédito imobiliário destinada a
representar créditos derivados de operações com
imóveis (Lei n. 10.931/04).
b4) títulos de investimento: destinam-se a captação
de recursos pelo emitente;
Representam a parcela de um contrato de mútuo que
o sacador do título celebra com os seus portadores;
Para esses portadores, o negócio tem o sentido de
um investimento (aplicação financeira), com o
intuito lucrativo;
Ex: Certificados de Depósito Bancário (CDB),
emitidos pelos bancos de investimento de natureza
privada, para os depósitos com prazo superior a 18
meses; a Letra de Crédito Imobiliário (LCI), emitida
por bancos com lastro em créditos imobiliários;
C) Títulos Inominados: títulos sem previsão legal,
fruto de convenções contratuais entre as partes.
Alguns autores os aceitam em decorrência da
possibilidade de contratos inominados.
São resultantes da criatividade da praxe empresarial
e com base no princípio da livre iniciativa, visando a
atender às necessidades econômicas e jurídicas do
futuro aprimoradas pelas técnicas de informática,
reconhecendo-o no § 3º, do art. 889, permitindo a
sua emissão a partir dos caracteres criados em
computador ou meio técnico equivalente e que
constem da escrituração do emitente, observados os
requisitos mínimos previstos neste artigo.
Ex: vale-refeição, títulos eletrônicos etc.
Obs: Para alguns, o cheque não é título de crédito
próprio. Argumentam que não tem data de vencimento; é
pagável no ato de apresentação, à vista, ainda que não o
declare”, concluindo que o concurso do crédito é
meramente acidental.
Admite, quando muito, a natureza de título de crédito
impróprio, assim não é título de crédito em sentido
estrito é mesmo instrumento de pagamento que se exaure
com o recebimento do seu valor, mas contém diversos
elementos peculiares aos títulos de crédito tradicionais,
como, por exemplo, a literalidade e a abstratividade.
De outra parte, é inegável que o sacado não tem nenhuma
obrigação cambial, não garante o pagamento, não aceita
(art. 6º), não endossa (art. 18, § 1º) e não avaliza (art. 29)
o título. Também é discutível sua circulabilidade.
1.6. Requisitos básicos.
Existem cinco requisitos que são essenciais a quase
todos os TC:
Denominação do título, para saber a legislação
aplicável;
Assinatura de seu criador, para saber quem é o
emitente, garantidor, endossante.
Indicação precisa do direito que confere.
Identificação completa de quem deve pagar.
Data de emissão, para saber se o emitente estava
vivo na época da emissão e para saber se o
emitente na época da emissão era capaz.
Caso falte algum requisito:
Ação monitória.
Art. 1.102.a CPC - A ação monitória compete a
quem pretender, com base em prova escrita sem
eficácia de título executivo, pagamento de soma
em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de
determinado bem móvel.
Ela é usada para cobrar cheques ou outros títulos
(nota promissória, duplicata, etc), quando faltam-
lhes algum requisito formal, Ex: Prescritos.
Existem requisitos que não são essenciais aos TC,
ou seja, são requisitos supríveis.
A falta de um requisito não essencial não
descaracteriza aquele documento como sendo um
TC.
Em outras palavras, o documento não deixa de ser
um TC caso falte um requisito não essencial. E isto
se dá porque a própria lei supre a falta destes
requisitos não essenciais.
OBS: Data de vencimento é um requisito dos TC.
Entretanto a data de vencimento é um requisito não
essencial à NP. Faltando a data de vencimento, a lei
diz que a NP passará a ser à vista.
Para saber quais são os requisitos não essenciais, é
preciso ler a lei.
Normalmente os requisitos essenciais dos TC, via
de regra, estão logo nos primeiros artigos da sua
respectiva lei. E no artigo subseqüente a lei dirá
quais são os requisitos supríveis.
Ou seja, a própria lei dirá que a falta de alguns
requisitos será suprida de acordo com o que estiver
estabelecido na própria lei.
Por exemplo, a Lei do Cheque – Lei 7357/85,
art.1, caput diz:
“O cheque contém:” e os incisos deste artigo
1º enumeram todos os requisitos do cheque.
Ocorre que com a simples leitura do art. 1º
não saberemos quais os requisitos essenciais e
quais os requisitos não essenciais. Para
sabermos isto precisaremos olhar para o
artigo subseqüente.
O art. 2 da lei do cheque nos diz quais são os
requisitos supríveis pela lei.
Vejam o art. 1, inciso I exige a denominação
“cheque”, que é o nome do título.
O inciso II diz que é requisito do cheque a ordem
incondicional de pagar uma quantia. Não é
admissível que o cheque contenha qualquer
condição para que se realize o pagamento.
O inciso III exige que o cheque contenha o nome do
banco ou da instituição financeira que deva pagar o
cheque - onde está a palavra instituição financeira,
façam uma remissão ao art. 17 da lei 4595/64.
O inciso IV exige que o cheque contenha a
indicação do lugar do pagamento. O inciso V exige
a data e lugar da emissão. E o inciso VI exige a
assinatura do emitente.
O art. 2º supre a falta de alguns destes
requisitos elencados no art. 1º.
O inciso I do art. 2 supre a falta da indicação
do lugar do pagamento, logo, este é um
requisito não essencial.
O inciso II do art. 2o supre a falta da
indicação do lugar do pagamento, previsto
no art.1, V da lei 7357/85, logo, este é outro
requisito não essencial.
Em que momento os requisitos essenciais devem constar na cártula do TC?
a) Nominativo à ordem;
b) Nominativo não à ordem;
c) Ao portador.