Você está na página 1de 4

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Direito
Disciplina: Direito Comercial II
Professor Doutor Marcelo Barbosa Sacramone

SEMINÁRIO AULA III (23/08/2023)


BEATRIZ ROHR MARTINS - RA:00319383
VICTÓRIA Mª CAVALHEIRO DEKER - RA:00328918

monitoresmf@gmail.com
felipe.sene.tamburus@gmail.com
cezar.najjarian@gmail.com

Tema: “Duplicata Mercantil: Natureza, Requisitos e Circulação. Remessa e

Devolução. Duplicata: Vencimento, Pagamento e Protesto. Duplicata Escritural.

Nota promissória.”

1. A duplicata mercantil, assim como a nota promissória, continuam sendo


institutos de larga utilização no direito empresarial brasileiro. Conceitue
ambas, expondo os requisitos essenciais para sua constituição e
apresentando suas principais diferenças.
Ao que tange os conceitos acima, duplicata mercantil e nota provisória,
sabe-se que ambas são institutos de extrema relevância ao direito empresarial, uma
vez que tratam de títulos de crédito.
A priori, a duplicata equivale a um título de crédito casual, obtida por meio de
um contrato de compra e venda mercantil ou prestação de serviços em função de
um crédito. Nesse sentido, a duplicata é emitida pelo credor em razão de formalizar
a dívida, garantindo, por conseguinte, o recebimento do valor referente às
mercadorias e serviços entregues ou prestados. Logo, a duplicata será emitida em
face do sacado, isto é, o adquirente do produto e/ou serviço, sendo o vendedor o
titular desse crédito.
Nesse viés, considera-se como requisitos essenciais para a constituição
válida da duplicata, tal como demonstra a Lei 5.474/1968, os seguintes:
Art . 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída
uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo
admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar
o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.
§ 1º A duplicata conterá:
I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o
número de ordem;
II - o número da fatura;
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a
duplicata à vista;
IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador;
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso;
VI - a praça de pagamento;
VII - a cláusula à ordem;
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da
obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite,
cambial;
IX - a assinatura do emitente.
Torna-se relevante, portanto, pontuar que tais requisitos devem ser cumpridos
à proporção que a duplicata é um título de crédito vinculado, devendo apresentar as
informações da nota fiscal ou fatura da venda, estando sujeita a aceite, pagamento,
devolução, aval e endosso e protesto; além de poder instigar ação cambial e
prescrição.
Por seu turno, a nota promissória é uma promessa feita pelo sacador de
pagamento de uma certa quantia ao beneficiário do título ou à pessoa à sua ordem.
Nesse sentido, entende-se que a nota promissória é uma promessa de pagamento,
no qual o devedor principal se caracteriza como emitente do título, fazendo a
promessa de pagamento ao beneficiário e se vincula após a emissão da nota
promissória.
Ademais, é válido apontar os requisitos essenciais da nota promissória, são
eles:
Art. 75 da Lei de Uniforme de Genebra . A nota promissória
contém:
I - denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título
e expressa na língua empregada para a redação desse título;
II - a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
III - a época do pagamento;
IV - a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento;
V - o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
VI - a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é
passada;
VII - a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).

Tais requisitos são os pilares fundamentais da nota provisória e sem os


mesmos a nota não produziria efeito como título de crédito. Além desses, é
importante constar na nota o local de emissão, época do pagamento e local que tal
pagamento deve ser efetuado, porém tais requisitos não são essenciais, uma vez
que, a omissão de qualquer um dos itens não torna sem efeito como título de crédito
de nota promissória.
Outrossim, percebe-se que ao comparar a nota promissória com a duplicata
tem-se que os títulos se diferenciam à medida que a duplicata requer aceite do
devedor; envolve três partes em sua relação, isto é, o credor (prestador de serviço),
o devedor (comprador) e o sacado (quem aceita a duplicata) e é vinculada a
operações comerciais. Por outro lado, a nota promissória não requer aceite do
devedor; envolve duas partes em sua relação, o emitente (devedor) e o beneficiário
(credor); além de poder ser utilizada em diversos contextos.
Destarte, demonstra-se a relevância dos institutos supramencionados como
títulos de crédito. Assim, a duplicata pode ser compreendida como um instituto mais
formal voltado à operações comerciais, enquanto a nota promissória é mais genérica
podendo ser utilizada em diversos contextos como uma promessa de pagamento de
dívidas.

2. Explique o objeto do julgamento do Recurso Especial nº 1.024.691, bem


como o que decidiu o Superior Tribunal de Justiça. Fundamente.
Ao tomar como base o Recurso Especial de Especial nº1.024.691 decidido
pelo Superior Tribunal de Justiça, sabe-se que este trata de um ação ajuizada pela
PAWLOWSKI E PAWLOWSKI LTDA (e outros) contra a PETROBRÁS
DISTRIBUIDORA S.A, em razão de da venda de produtos lubrificantes entregues à
primeira empresa.
Nesse sentido, ao analisar o acórdão entende-se que o objeto de julgamento
equivale a tutela jurisdicional que está sendo buscada através da ação, isto é, o
objeto do Recurso Especial é a validade da utilização de boletos bancários
vinculados a duplicatas virtuais como títulos executivos extrajudiciais.
Desse modo, entende-se que o Superior Tribunal de Justiça decidiu o
seguinte perante o caso apresentado, tal como demonstra a ementa seguinte:

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA


VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO
ACOMPANHADO DO COMPROVANTE DE RECEBIMENTO DAS
MERCADORIAS. DESNECESSIDADE DE EXIBIÇÃO JUDICIAL
DO TÍTULO DE CRÉDITO ORIGINAL.

Por conseguinte, torna-se evidente que após o julgamento inicial, assim como
o de segunda instância, o processo foi julgado pela terceira vez no STJ como
Recurso Especial com a disciplina de avaliar apenas matérias de direito e não prova.
Finalmente, a sentença que entrará em trânsito em julgado será aquela que nega o
provimento do recurso especial, uma vez que a duplicata virtual é perfeitamente
executável desde anexados os demais documentos.

3. Para honrar o empréstimo concedido, o empresário João Medeiros


subscreveu nota promissória na quantia de R$15.000,00 em 01.01.2022,
em favor de Marcus Silva, com data de vencimento para o dia 30.03.2023.
O primeiro endossante transferiu o título em preto para Wagner
Alexandre e proibiu novo endosso. Em 05.05.2023, o título foi levado a
protesto e o sacado, intimado de sua apresentação no dia seguinte, com
o pagamento integral realizado por Marcus. Neste sentido, questiona-se:

a. Poderá Wagner transferir o título para terceiro? Fundamente.


Ao considerar a situação apresentada em que João Medeiros (sacador, isto é,
emitente do título, tal como sacado, visto que é quem deve realizar o pagamento) dá
uma nota promissória em favor de Marcus Silva (tomador), o qual endossa a nota à
Wagner, tornando-o o novo beneficiário, entende-se que o título pode ser endossado
até que haja o seu vencimento ou a proibição expressa mediante endosso.
Nesse sentido, Marcus ao endossar o título para Wagner, explicitou a
transferência da nota em preto, indicando o beneficiário que deverá receber o valor
expresso da obrigação, além de proibir novo endosso. Desse modo, sabe-se que
Wagner deve ser o tomador final do valor de R$15.000,00 não podendo, portanto,
vender o título e transferi-lo a ninguém.

b. Poderá Marcus realizar a cobrança do valor pago integralmente contra


João Medeiros? Fundamente.
Sim, Marcus poderá realizar a cobrança do valor pago integralmente contra
João Medeiros, uma vez que o pagamento da nota promissória não se configura
como um adimplemento antecipado da obrigação, mas sim como um pagamento
efetuado para honrar a dívida na data de vencimento após o protesto do título. Logo,
a quitação da nota promissória por Marcus não implica a extinção da dívida
subjacente, e João Medeiros continua sendo o devedor principal conforme
estabelecido no título, permitindo que Marcus busque a cobrança do valor
integralmente pago mediante meios legais e adequados.

Você também pode gostar