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Introdução
Para que haja uma execução para cobrança de crédito, o credor deve
portar um título executivo. Este pode ser um título executivo judicial
ou extrajudicial. Além do título executivo, a obrigação deverá ser certa,
líquida e exigível. Os títulos judiciais são aqueles constituídos com a par-
ticipação do Poder Judiciário, por meio de decisões judiciais, sentenças,
entre outros atos jurídicos.
Já o título executivo extrajudicial se estabelece com a vontade das
partes. O art. 784 do Código de Processo Civil (CPC) de 2015 é o respon-
sável pela previsão desses títulos, lembrando que se trata de um rol
taxativo; ou seja, só é título executivo se estiver previsto na legislação.
Neste capítulo, você vai ler sobre os títulos executivos extrajudiciais.
Em um primeiro momento, serão descritos a letra de câmbio, a nota
promissória, a duplicata, a debênture, a escritura pública e o documento
particular. Em seguida, serão analisados os instrumentos de transação
e contratos que caracterizem títulos executivos extrajudiciais. Por fim,
serão explicadas as situações em que créditos e certidões de dívida ativa
podem constituir títulos executivos extrajudiciais.
2 Título executivo extrajudicial
Conceitos fundamentais
Os títulos executivos extrajudiciais estão previstos nos incisos I ao III do art.
784 do CPC de 2015:
a letra de câmbio;
a nota promissória;
a duplicata;
a debênture;
o cheque.
Os títulos de créditos são títulos executivos, uma vez que uma das suas principais ca-
racterísticas é exatamente a tutela executiva. Essa executoriedade permite que o credor
possa executar o devedor caso este não cumpra com a obrigação voluntariamente.
Assim, a letra de câmbio é um título de crédito, mas que, para que possa
ser executado, necessita do aceite do sacado. Caso não haja esse aceite, não
é considerado nem um título executivo extrajudicial, motivo pelo qual não é
possível o ajuizamento do processo executivo.
A nota promissória, por sua vez, também se submete aos mesmos requisitos
da letra de câmbio, tanto é que são regulamentadas pela mesma lei. De acordo
com Didier Júnior et al. (2017, p. 291), “[...] é um título de crédito, por meio do
qual o emitente promete pagar certa quantia a favor de outrem ou a sua ordem. O
documento somente será nota promissória e, consequentemente, título executivo, se
preencher todos os requisitos legais, essenciais e extrínsecos”. Assim, a execução
será possível tão somente se a nota promissória preencher todos os requisitos.
Já a duplicata, de acordo com Didier Júnior et al. (2017), é um título de crédito
originalmente brasileiro. A lei que regulamenta a duplicata é a Lei nº. 5.474, de
18 de julho de 1968. Trata-se de um título cambial, autônomo e transmissível
por endosso. O autor afirma que “[...] emitida a fatura e aceita a duplicata, existe
título executivo extrajudicial. A duplicata aceita é título executivo extrajudicial,
independentemente de protesto. Se houve aceitação, não é necessário o protesto
cambial; já se tem o título executivo” (DIDIER JÚNIOR et al., 2017, p. 291).
4 Título executivo extrajudicial
A dívida ativa é a dívida que um indivíduo possui com a Fazenda Pública. O documento
que comprova essa dívida é considerado um título executivo extrajudicial. A Lei nº.
6.830, de 22 de setembro de 1980, dispõe sobre a cobrança judicial da dívida ativa da
Fazenda Pública, além de outras providências.
Ou seja, os títulos executivos podem estar previstos em outras leis que não
o CPC de 2015, mas em alguma legislação deve estar previsto. Do contrário,
não poderá ser considerado um título executivo. Como exemplo de um título
executivo que não consta nesse artigo, mas é um título extrajudicial, Neves
(2017) cita os créditos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra os
seus inscritos (art. 46 da Lei nº. 8.906, de 4 de julho de 1994).
Título executivo extrajudicial 9
BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por
Ações. Diário Oficial da União, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 11 dez. 2019.
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial
da União, 17 mar. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 11 dez. 2019.
CÂMARA, A. F. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Editora Atlas, 2015.
DIDIER JÚNIOR, F. et al. Curso de Direito Processual Civil: execução. 7. ed. Salvador: Editora
JusPODIVM, 2017.
NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil: volume único. 9. ed. Salvador: Editora
JusPODIVM, 2017.
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