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ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS
EXTRAJUDICIAIS
AULA 4

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06/02/24, 20:21 UNINTER

Prof. Ronny Carvalho da Silva

CONVERSA INICIAL

1.1 ATRIBUIÇÕES DOS TABELIONATOS DE PROTESTOS E DE NOTAS

Nesta aula, iremos tratar especificamente dos tabelionatos de notas e tabelionatos de protestos.

Vamos conhecer o que compete especificamente ao serviço notarial bem como ao de protesto de

títulos, objetivando compreender as especificidades de cada um e, com isso, identificar as suas


respectivas atribuições conforme previstas na Lei n. 8.935/1994 e na Lei n. 9.492/1997 (Brasil, 1994,

1997).

Você sabe o que faz um serviço notarial? Quais documentos são produzidos nesse serviço? Você

saberia dizer especificamente que atividades são realizadas pelo serviço de tabelionato de protestos

de títulos? No que se refere ao tabelionato de protestos, iremos identificar cada um dos títulos e

documentos passíveis do procedimento de protesto. Já em relação às notas, veremos os principais

documentos produzidos pelo serviço notarial.

TEMA 1 – CONCEITO E OBJETIVO JURÍDICO DO PROTESTO DE


TÍTULOS

A Lei n. 9.492/1997, conhecida como Lei dos Protestos, é a lei que trata especificamente dos
serviços de protesto de títulos, definindo competências e regulamentando todos os serviços que lhes

correspondam, apontando os títulos e outros documentos representativos de dívidas passíveis de


protesto.

Mas, o que é protesto? Define-se protesto como “[...] ato formal e solene pelo qual se prova a
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de

dívida” (Brasil, 1997). Conforme nos lembra Debs (2018, p. 1.460), “a própria lei nos dá o conceito

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legal de protesto, preconizando que o protesto prova o inadimplemento e descumprimento de

determinada obrigação, gerada em um título ou em documento de dívida”.

A legislação brasileira exige a comprovação da inadimplência em determinados casos, para que

haja a chamada constituição em mora, a partir do que surgem efeitos jurídicos decorrentes. Segundo
Luz (2014, p. 253), a mora pode ser conceituada como “[...] impontualidade no cumprimento de uma

dívida ou obrigação por parte do devedor ou credor. Consideram-se em mora o devedor que não
efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, no lugar e na forma que a lei ou

convenção estabelecer”.

Assim, o protesto tem por função provar o inadimplemento da dívida e fixar o termo inicial da

incidência dos juros e atualização monetária. Além disso, outras funções também são verificadas,

como:

a. possibilitar ao credor ingressar com pedido de falência do devedor pessoa jurídica e fixar o

termo legal da falência que é a data em que o título foi protestado, conforme Lei n. 11.101/2005

(Brasil, 2005);

b. interromper a prescrição do fato, conforme art. 202, inciso II, do Código Civil (Brasil, 2002);

c. possibilitar ao portador da duplicata exercer seus direitos creditícios em relação aos

coobrigados e seus avalistas.

Em resumo, são atividades a serem desenvolvidas pelos serviços de protestos: protocolar os

documentos de dívida para prova do descumprimento da obrigação; intimar os devedores dos títulos

para aceitá-los, devolvê-los ou pagá-los, sob pena de protesto; receber o pagamento dos títulos

protocolados, dando quitação deles; fazer o protesto, registrando o ato em livro próprio ou mediante
outra forma de documentação; acatar o pedido de desistência do protesto formulado pelo

apresentante; averbar o cancelamento do protesto, bem como as alterações necessárias para


atualização dos registros efetuados; e expedir certidões de atos e documentos que constem de seus

arquivos (Brasil, 1997).

TEMA 2 – APRESENTAÇÃO E PROTOCOLO DE TÍTULOS PARA


PROTESTO

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Conforme se verifica no art. 1º da Lei n. 9.492/1997, são passíveis de protesto os “[...] títulos e

outros documentos de dívida” (Brasil, 1997), logo, existe uma diferenciação entre o que seriam os

títulos e esses “outros documentos de dívida”. Vejamos.

Títulos são os títulos de crédito, sendo estes os documentos que “[...] representam uma
verdadeira operação de crédito, possibilitando a circulação de direitos de crédito através da

negociabilidade” (Debs, 2018, p. 1.467). Eles estão definidos no art. 887 do Código Civil, segundo o
qual: “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele

contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei” (Brasil, 2002).

Conforme lição de Diniz (2003, p. 559), são exemplos de títulos de crédito:

a. cédula de crédito bancário;

b. conhecimento de transporte;

c. cheque;

d. cédula hipotecária;

e. conhecimento de depósito e warrant;

f. cédula de crédito à exportação;

g. cédula de crédito industrial;

h. cédula de produto rural;

i. certificado de depósito bancário;

j. nota promissória;

k. duplicata;
l. letra de câmbio.

Com relação aos requisitos formais dos títulos, o art. 889 do Código Civil estabelece que o

documento – título – deve conter a sua data de emissão, a indicação precisa dos direitos que confere
e a assinatura do emitente (Brasil, 2002), considerando que a omissão de qualquer requisito legal

retirará do título sua validade, no entanto, não significará, por si só, a invalidade do negócio jurídico.
Isso quer dizer que, ao recepcionar o título para protesto, caberá ao tabelião analisar os requisitos
formais do título apenas, não cabendo adentrar os aspectos do negócio jurídico, em si, celebrado

entre as partes.

Já com relação aos chamados outros documentos de dívida, a doutrina entende tratar-se de “[...]
todo título executivo, seja judicial ou extrajudicial, dotados de liquidez, certeza e exigibilidade” ou

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ainda “[...] qualquer documento representativo de obrigação com conteúdo econômico” (Debs, 2018,

p. 1.467-1468). São exemplos de outros documentos de dívida, também, os contratos assinados por

duas testemunhas, a escritura pública assinada pelo devedor, a certidão de dívida ativa expedida pela

União, estados, Distrito Federal (DF) e municípios, as decisões judiciais (sentenças e acórdãos) e as
decisões homologatórias da autocomposição judicial ou extrajudicial.

2.1 PROTOCOLO DOS TÍTULOS E DOCUMENTOS

Os documentos e títulos, quando forem apresentados para protesto, serão analisados pelo
tabelião de modo que este verificará o preenchimento dos requisitos formais para seu acolhimento;

dessa forma, não pode o tabelião adentrar o mérito do negócio jurídico, mas tão somente realizar

uma análise extrínseca, ou seja, uma análise de se o documento ou título apresentado possui todos os

elementos necessários e requisitos exigidos na lei, como data de emissão, assinatura, valor declarado,
entre outros. Esse procedimento recebe o nome de qualificação, que é a análise, pelo tabelião, dos

elementos formais do título ou do documento.

Importante observação diz respeito ao fato de que sequer poderá obstar o protesto o fato de a

dívida estar prescrita ou ter havido sua caducidade, uma vez que o tabelião de protestos não poderá

fazer essa análise. Nesse sentido, Debs (2018, p. 1.540, grifo do original) salienta que:

não cabe qualquer discussão sobre a causa dos títulos ou dos documentos de dívida – que deve ser

estabelecida, se for o caso, perante o judiciário, assim não compete ao tabelião investigar a
ocorrência de prescrição ou decadência do título. No serviço de protesto a análise resumir-se-á aos

caracteres formais que devem estar presentes como estabelece o dispositivo em comento.

Poderão ser apresentados para protesto os documentos e títulos emitidos fora do Brasil e em
moeda estrangeira, devendo, nesse caso, virem acompanhados da tradução feita por tradutor

juramentado, sendo este o profissional que detenha a delegação do Poder Público e registro na Junta
Comercial do estado. É importante, ainda, lembrar que os documentos e títulos estrangeiros que

forem apresentados para protesto devem primeiramente ser registrados no Registro de Títulos de
Documentos, conforme exigem o art. 129, parágrafo 6º, e o art. 148 da Lei de Registros Públicos – Lei

n. 6.015/1973, segundo os quais:

Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em
relação a terceiros:

[...]

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6º) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados das respectivas traduções,

para produzirem efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal; [...].

[...] Art. 148. Os títulos, documentos e papéis escritos em língua estrangeira, uma vez adotados os
caracteres comuns, poderão ser registrados no original, para o efeito da sua conservação ou

perpetuidade. Para produzirem efeitos legais no País e para valerem contra terceiros, deverão,

entretanto, ser vertidos em vernáculo e registrada a tradução, o que, também, se observará em


relação às procurações lavradas em língua estrangeira (Brasil, 1973).

Embora o título ou documento estipule o valor em moeda estrangeira, o pagamento do título

deverá ser sempre feito em moeda nacional, devendo a conversão ser feita pelo apresentante do

título na data de apresentação ao tabelionato de protesto, conforme o câmbio do dia.

Conforme salientado, somente podem ser protestados títulos ou documentos em moeda

estrangeira desde que emitidos fora do Brasil. No caso dos documentos e títulos emitidos em

território nacional, nestes não poderá constar valor em moeda estrangeira ou pagamento em ouro;

contudo, há algumas exceções que devem ser observadas pelo tabelião. Assim, ao contrário da regra,

podem prever o pagamento em moeda estrangeira ou em ouro os documentos que se refiram aos

seguintes contratos e negócios jurídicos:

[...] I - aos contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias; II - aos


contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de

bens e serviços vendidos a crédito para o exterior; III - aos contratos de compra e venda de câmbio

em geral;IV - aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa
residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no

território nacional; V - aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação,
assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes

contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país. Parágrafo único. Os contratos de

locação de bens móveis que estipulem pagamento em moeda estrangeira ficam sujeitos, para sua
validade a registro prévio no Banco Central do Brasil. (Brasil, 1969)

Fora essas hipóteses, portanto, a previsão em moeda estrangeira somente é possível em

documentos redigidos em país estrangeiro, os quais poderão ser protocolados para protesto, desde
que, como visto, sejam previamente registrados no Registro de Títulos e Documentos e apresentados

juntamente com a sua tradução por tradutor juramentado e acompanhados pela conversão pelo
câmbio do dia da apresentação.

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TEMA 3 – ESPÉCIES DE TÍTULOS E LOCAL DO PROTESTO

O protesto pode ser feito em qualquer tabelionato de protestos, a critério e na conveniência do


apresentante do título? Há regras de competência territorial aplicáveis aos tabelionatos de protestos?

Estudaremos cada um dos títulos passíveis de protesto.

Acerca do local do protesto, em geral, conforme leciona Debs (2018, p. 1.516), “o registro do

protesto deve ser lavrado na comarca onde se situa a praça de pagamento indicada no próprio título”;

assim, a regra é que o pedido de protesto deve ser feito no tabelionato situado no local indicado para

pagamento do título. Importam, contudo, algumas observações em relação às diversas espécies de

títulos passíveis de protesto.

3.1 NOTA PROMISSÓRIA

A nota promissória, segundo Teixeira (2013, p. 184), “[...] é o título de crédito consistente em
uma promessa de pagamento, de determinado valor, emitida pelo devedor ao credor”. Portanto,

trata-se de um título de crédito em que um emitente (devedor) promete pagar certa quantia a um

beneficiário, que é o credor. Sua regulamentação está basicamente na chamada Lei Uniforme –

Decreto n. 57.663/1966, mas há dispositivos a serem observados do Decreto n. 2.044/1908, os quais

se referem à letra de câmbio, que também se aplicam à nota promissória.

A nota promissória deve ser apresentada no lugar definido para seu pagamento; caso não haja

essa indicação, deve então ser apresentada no local onde foi emitida. Ainda assim, caso não haja,
também, essa indicação, por fim, a nota promissória deve ser apresentada para protesto no lugar do

domicílio do emitente. Portanto, a apresentação da nota promissória para pagamento será feita por
exclusão, justamente nessa ordem de possibilidades, conforme apresentada.

3.2 LETRA DE CÂMBIO

Com relação à letra de câmbio, que é um título cambial previsto no Decreto n. 2.044/1908, trata-
se de um título que envolve três partes, sendo elas sacador, sacado e tomador. Sacador é quem

emite o título, dando uma ordem de pagamento ao sacado para que este pague certa quantia ao
tomador. O sacado precisa aceitar a ordem de pagamento, pelo que deve, na letra de câmbio, haver

esse aceite. Trata-se de um antecedente do cheque, o qual veremos a seguir.

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A letra de câmbio pode ser protestada tanto por falta de pagamento quanto pela falta do aceite

pelo sacador e deve ser apresentada para protesto no lugar que constar como o do pagamento (a

praça do pagamento) ou o do aceite (a praça do aceite). Caso não haja essas informações, deve ser

apresentada para pagamento no local do domicílio do sacado (devedor) e, por última hipótese, não

sendo possível identificar ou não sendo indicado no título o domicílio do devedor (sacado), deverá ser

apresentada para protesto no domicílio do sacador (emitente).

3.3 DUPLICATA

A duplicata é título de crédito previsto na Lei n. 5.474/1968 – Lei da Duplicata – e que é


representativa de um negócio jurídico de compra e venda mercantil. O título é emitido pelo vendedor

em face do devedor, que é o comprador.

Conforme Teixeira (2013, p. 176) nos lembra:

Compra e venda mercantil, para fins de emissão de duplicata, é aquela celebrada entre empresários

ou entre empresário e consumidor (não sendo cabível, portanto, a emissão de duplicata em razão
de uma compra e venda civil). Assim, é irrelevante a distinção entre a compra e venda empresarial e

de consumo [...].

Conforme determina a legislação, a duplicata deve ser precedida de um documento obrigatório

chamado fatura. Considerando a evolução das práticas comerciais, a partir de 1970 houve uma

unificação desse documento com a nota fiscal, haja vista que, até então, o comerciante deveria emitir
esses dois documentos separadamente, um para fins cambiários, visando à emissão da duplicata, e
outro para fins tributários (nota fiscal). Assim, unificaram-se os documentos, passando a existir apenas

a chamada nota fiscal-fatura (Teixeira, 2013).

Na duplicata, o devedor é o sacado, que é o mesmo comprador na relação de compra e venda

mercantil, sendo que o sacador e o beneficiário podem ser a mesma pessoa, ou seja, o vendedor que
é o emissor e ao mesmo tempo o credor da importância devida e representada na duplicata. Por

vezes, o beneficiário pode ser uma instituição financeira que adianta o valor da venda ao emissor
(vendedor), ficando com os direitos creditórios para ele.

A duplicata deverá ser protestada no local de pagamento indicado no título (praça de

pagamento), sendo que, caso esse dado nela não conste, ela deverá ser protestada no local do
domicílio do sacado (devedor/comprador), conforme aponta Debs (2018).

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3.4 CHEQUE

O cheque trata-se de uma evolução da letra de câmbio, visto que, assim como esta, é uma ordem

de pagamento à vista, sendo emitido por um sacador em favor de um beneficiário que é o seu
portador (credor ou tomador) e tendo por sacado o banco, o qual recebe a ordem de pagamento em

favor do portador. Conforme salienta Teixeira (2013), a diferença entre o cheque e a letra de câmbio é
que o cheque não admite o aceite e sempre terá como sacado o banco.

A legislação de regência do cheque é a Lei n. 7.357/1985 – Lei do Cheque, a qual prevê que o

cheque é ordem de pagamento à vista. Portanto, ainda que haja nele inscrição para pagamento futuro

(o cheque pós-datado), considera-se a prática uma cláusula não escrita, a teor do art. 32 da referida

lei (Brasil, 1985a). Assim, o banco pagará o cheque apresentado mesmo que conste no documento a

indicação de data futura para pagamento. Contudo, conforme lembra Teixeira (2013, p. 170), existe a

Súmula n. 370 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo a qual é caracterizado o dano moral caso

haja desconto antecipado do cheque pelo credor que descumprir acordo de desconto a prazo (pós-

datamento) (Brasil, 2009).

O cheque deverá ser apresentado para protesto no local do pagamento, sendo este o do local do

banco sacado, onde se acha a conta bancária do emissor, mas também o poderá ser no local do

domicílio do emitente, sendo alternativa do credor escolher entre um e outro. Vale ressaltar que é

condição prévia ao protesto que ele seja apresentado ao banco sacado, o qual o devolverá, sendo o

caso, com a indicação, no verso do cheque, do motivo do não pagamento. Não será feito o protesto

caso os cheques sejam devolvidos por motivo de fraude, roubo, extravio ou cancelamento de
talonário pelo banco sacado (Debs, 2018, p. 1.520).

TEMA 4 – PRAZOS, INTIMAÇÕES, REGISTRO E SUSTAÇÃO DE


PROTESTOS

Estabelece a Lei n. 9.492/1997 que o protesto será registrado em três dias úteis a contar do
protocolo do título (Brasil, 1997). Conforme nos lembra Loureiro (2011, p. 627), “[...] para contagem do

prazo será desprezado o dia da protocolização e incluído o dia do vencimento”. É importante lembrar
que, conforme Debs (2018), em alguns estados da federação existem regras que preveem que o

protesto será feito no terceiro dia após a intimação do devedor e não do protocolo, o que se mostra
mais benéfico ao devedor.

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Para tanto, será expedida a intimação, ao devedor, imediatamente após o protocolo do título, a

fim de que tenha tempo para pagar a dívida e evitar o protesto. Caso a intimação seja feita apenas no

último dia do prazo ou mesmo após os três dias úteis contados do protocolo, o protesto não será

lavrado, mas somente o será no primeiro dia subsequente ao da intimação.

A intimação poderá ser feita pelo serviço próprio do tabelionato mediante entregador próprio,

devendo ser registrada em protocolo a entrega da intimação. Caso seja enviada por correio, deverá
sê-lo com aviso de recebimento (AR). Não se exige que haja o recebimento pessoal da intimação,

bastando que a entrega seja no endereço fornecido pelo apresentante do título (Debs, 2018), o qual

responderá em caso de má-fé, caso forneça endereço que sabe ser incorreto, apenas para frustrar a
efetiva intimação do devedor.

Importante é a regra inserida no art. 15 da Lei n. 9.492/1997:

Art. 15. A intimação será feita por edital se a pessoa indicada para aceitar ou pagar for

desconhecida, sua localização incerta ou ignorada, for residente ou domiciliada fora da competência
territorial do Tabelionato, ou, ainda, ninguém se dispuser a receber a intimação no endereço

fornecido pelo apresentante (Brasil, 1997).

Logo, ocorrendo uma dessas hipóteses, haverá a publicação de um edital, para fins de ser suprida

a exigência da intimação, a qual será considerada feita; mas, vale lembrar que, antes de fazer a

intimação por edital, o tabelião deve tentar por todos os meios localizar o devedor (Debs, 2018).

Uma vez promovida a intimação do devedor para pagamento do título ou aceite do protesto,
podem ocorrer as seguintes situações:

a) devolução do título por irregularidade;

b) suscitação de dúvida: procedimento administrativo competente para dirimir dissenso entre o


usuário do serviço e o registrador/tabelião;

c) retirada ou desistência (o apresentante pode requerer, por diversos motivos e antes de efetivado
o protesto, a retirada do título sem protesto, pagando as devidas custas);

d) sustação judicial do protesto (o protesto fica suspenso até decisão posterior do juiz competente);
e

e) pagamento do título ou aceite, ficando assim, prejudicado o protesto. (Debs, 2018, p. 1.558)

É importante salientar que o protesto por falta de seu aceite somente poderá se dar antes do
vencimento da dívida, pois, uma vez ela vencida, o protesto somente se dará em face do
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inadimplemento da obrigação. Com relação à letra de câmbio, considerando-se a necessidade de

aceite dela pelo sacado, não se admitirá o protesto por inadimplemento caso o sacado não tenha
dado seu aceite na referida letra de câmbio, a teor do art. 21, parágrafo 5º da Lei n. 9.492/1997 (Brasil,

1997).

Com relação especificamente à sustação do protesto, trata-se de processo judicial por meio do

qual o devedor pede ao juiz que determine ao tabelionato que se abstenha de promover o registro
do protesto após o prazo legal de três dias, uma vez que estará discutindo judicialmente a dívida

representada no título e levada a protesto.

TEMA 5 – PRINCIPAIS ATOS PRATICADOS NO TABELIONATO DE


NOTAS

Tivemos já a oportunidade de falar sobre os serviços notariais em uma aula anterior, quando

pudemos diferenciar essa atividade da atividade registral. Ficou claro que a função primordial dos

serviços notariais é a formalização jurídica da vontade humana, bem como atestar fatos, sendo que,

para isso, há instrumentos jurídicos adequados. Vejamos quais sejam esses instrumentos.

5.1 ESCRITURAS PÚBLICAS

A formalização da vontade das partes pelo notário se dá pela confecção das chamadas escrituras
públicas. Luz e Souza (2015, p. 391) explicam o termo escritura pública em sua acepção técnica:

Documento escrito, lavrado por tabelião, que formaliza a celebração de um contrato por

instrumento público. A escritura pública é um documento dotado de fé pública e faz prova plena.
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos

que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de

valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país. Exigem escritura, entre outros,
os seguintes atos: criar uma fundação; doação; constituição de renda; transação; pacto antenupcial;

cessão de direitos hereditários; instituir bem de família; inventário; se todos os herdeiros forem
capazes; separação consensual e divórcio consensual, não havendo filhos menores e incapazes.

Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a

cargo do vendedor as da tradição (arts. 108, 215 e 490, CC; art. 585, II, CPC/73).

Conforme citado pelos autores, há certos atos e negócios que só terão validade jurídica para

produção dos efeitos esperados caso sejam instrumentalizados por meio da escritura pública (Luz;

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Souza, 2015). Assim, dispõe o art. 108 do Código Civil: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura

pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,

modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior

salário mínimo vigente no País” (Brasil, 2002). Outros tantos negócios e atos devem ser formalizados

mediante escritura pública. Podemos citar como exemplo o pacto antenupcial.

E o que deve constar da escritura pública? Precisam ser incluídos nela, obrigatoriamente, o que
determina o art. 215, parágrafo 1º, do Código Civil (Brasil, 2002). As legislações estaduais e as normas

emanadas dos respectivos tribunais de justiça a que estejam vinculadas as serventias podem, ainda,

prescrever outras exigências a constarem das escrituras públicas.

Com relação às escrituras que tratem de negócios envolvendo bens imóveis, o Decreto n.

93.240/1986, que regulamenta a Lei n. 7.433/1985, estabelece que deverão ainda constar da escritura,

bem como ser apresentados, os seguintes documentos: certidões negativas em relação aos tributos

incidentes sobre os imóveis (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial UrbanaI –IPTU, Imposto

sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR), comprovantes do pagamento do imposto sobre a

transmissão de bens e direitos (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a Eles

Relativos – ITBI, municipal, ou Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCMD, estadual),

Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) no Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária (Incra), bem como certidão de ações reais relativas ao imóvel expedida pelo serviço de
registro, para fins de verificação de se há algum processo judicial em que ele esteja em litígio (Brasil,

1985b, 1986).

É importante salientar que as certidões fiscais de tributos relativos e incidentes sobre o imóvel

podem ser dispensadas caso assim deseje aquele que o esteja comprando. No entanto, ele assume o
risco de ter de pagar por eventuais tributos devidos sobre aquele imóvel, ainda que vencidos antes da

aquisição da propriedade.

5.2 PROCURAÇÕES

A procuração é o instrumento que formaliza uma espécie de contrato chamada contrato de

mandato. Nesse sentido, podemos assim defini-la: “Procuração é o instrumento por meio do qual
uma pessoa confere poderes à outra, para que aja em seu nome na prática de atos ou administração

de interesse. É o instrumento pelo qual se formaliza o mandato” (Roquetto, 2016, p. 27). No mandato,

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uma pessoa, tecnicamente chamada outorgante mandante, autoriza e dá poderes para que outra,

tecnicamente chamada outorgado mandatário, pratique atos em nome dela como se fosse o próprio

outorgante. Trata-se de um contrato, que implica direitos e deveres para ambas as partes (outorgante

e outorgado), como o dever de indenizar o outorgante mandante caso o outorgado mandatário


pratique atos que ultrapassem os poderes que lhe foram conferidos ou, por culpa sua, o bem ou

negócio do mandante perecer.

A procuração é instrumento do mandato. No tabelionato de notas, pode ser reconhecida firma

de uma procuração particular ou, então, ser lavrada uma procuração pública, podendo esta também

ser chamada de escritura pública de procuração.

5.3 RECONHECIMENTO DE FIRMAS E AUTENTICAÇÃO DE CÓPIAS

O termo firma se refere à assinatura de determinada pessoa aposta (colocada) em um

documento. Assim, visando a dar maior segurança jurídica às partes, o notário poderá analisar a firma

que lhe é apresentada a fim de confirmar se é realmente a assinatura da pessoa que diz ser.

Há duas formas de reconhecimento de firma: por semelhança ou por autenticidade. Conforme

ensina Roquetto (2016), o reconhecimento de firma por semelhança é feito pelo notário mediante a

comparação da assinatura que lhe é apresentada com aquela constante da ficha arquivada na

serventia. Já o reconhecimento por autenticidade (ou por verdade) é aquele em que a assinatura é

feita na presença do notário e este então atesta a veracidade dela.

A forma de reconhecimento de firma por autenticidade confere maior segurança jurídica às

partes, de modo que ela é exigida em alguns casos, como para a transferência de propriedade de
veículos, quando então se exige que as partes (comprador e vendedor) compareçam perante o

notário para assinar na presença dele o recibo de compra e venda do bem, o qual é o documento
hábil para transferência do veículo no Detran.

Por fim, o notário também terá por atribuição a autenticação de cópias, com vistas a conferir-lhes
autenticidade para que elas produzam efeitos jurídicos, na medida em que valham, em face da

substituição dos documentos originais, para prática de certos atos da vida civil. A respeito da
autenticação de cópias, nos lembra Roquetto (2016, p. 36): “É proibida a autenticação de cópia de

cópia, de documento que contenha rasura, escrito a lápis, emendas, borrões ou com espaços em

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branco, em papéis térmicos (utilizados em aparelho de fax), bem como de documentos que

apresentem sinais de falsificação”.

5.4 ATA NOTARIAL

A ata notarial nada mais é que uma escritura pública feita pelo notário, na qual ele retrata algo

que lhe é solicitado que seja relatado com base na apresentação de fatos, fotos, vídeos, imagens,

conteúdos ou qualquer outro acontecimento apreensível pelos sentidos humanos.

Conforme ensina Roquetto (2016, p. 34), a ata notarial “[...] é o documento lavrado pelo notário

no qual ele narra fatos e circunstâncias que presencia, vê, ouve ou sente com seus próprios sentidos”.

Esse documento é extremamente relevante para a comprovação de fatos que precisam ser provados,

mas que, em virtude do transcorrer do tempo, podem ter tido apagadas suas evidências. Conforme

estabelece a Lei n. 13.105/2015, em seu art. 384: “A existência e o modo de existir de algum fato

podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por

tabelião. Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos

eletrônicos poderão constar da ata notarial” (Brasil, 2015).

NA PRÁTICA

Conforme já estudamos, o tabelião não deve fazer análise do negócio jurídico subjacente ao
título apresentado para protesto, pois a sua análise será apenas sobre os elementos do título.
Portanto, ao recepcionar o título para protesto ele verificará, por exemplo, no título, se há assinatura,

data de vencimento ou valor da dívida de modo legível. Uma vez verificado que algum desses
elementos faltou, o título pode ser considerado inválido para protesto, mas a invalidade do título não

corresponde à invalidade do negócio jurídico que ele representa, que permanecerá válido, cabendo
ao credor buscar outras vias para recebimento de seu crédito, como uma ação judicial. Por isso é que

o tabelião de protestos deve avaliar o título formalmente, mas não inquirir acerca da validade do
negócio jurídico, prescrição ou decadência, conforme art. 9º da Lei n. 9.492/1997 (Brasil, 1997).

FINALIZANDO

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Estudamos, nesta aula, o serviço prestado pelo tabelionato de protestos de títulos, conhecendo

especificidades de cada um dos títulos protestáveis e demais documentos de dívida. Compreendemos

a regra da territorialidade, aplicada aos protestos de títulos para o fim de verificação da competência

territorial para a lavratura do protesto.

Por fim, pudemos estudar os principais instrumentos de formalização dos serviços notariais,

sejam os destinados a dar forma jurídica à vontade das partes, sejam os atos de autenticação de fatos.

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_____. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, p. 17.500, 21 nov.

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