Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS
EXTRAJUDICIAIS
AULA 2
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
CONVERSA INICIAL
Estudaremos a diferença que há entre os tipos de serviços extrajudiciais, falaremos sobre como
Também faremos uma incursão na história da atividade notarial e registral, visando conhecer suas
origens, bem como analisaremos o direito comparado para conhecer como os serviços notariais e
são considerados relevantes para o direito, assim devem ser controlados por meio do sistema de
registros públicos e da atuação do registrador. Também, para a eficácia de certos atos, fatos ou
negócios jurídicos, devem se submeter previamente ao crivo do Poder Público, pela atuação do
serviço notarial por meio do trabalho do tabelião de notas.
Exemplo disso é a transferência da propriedade imóvel, visto que, uma vez estabelecido o acordo
de vontades entre os contratantes, para que o negócio seja plenamente eficaz e possa produzir os
efeitos jurídicos que se esperam, qual seja, a efetiva transferência da propriedade imóvel, é preciso
que tal manifestação seja feita perante o notário. Este avaliará as condições e os requisitos da
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
negociação, conferindo se estão presentes todos os elementos necessários e exigidos na lei, como a
capacidade das partes e a ausência de direitos de terceiros que estejam sendo violados, se o negócio
é lícito e se não há vícios do consentimento. A partir do momento em que verifica que as condições e
os requisitos do negócio estão presentes, o notário formaliza a vontade das partes por meio da
O serviço notarial também tem a atribuição de “autenticar fatos”, cabendo ao notário atestar a
veracidade de uma assinatura colocada em um documento ou, ainda, atestar que a cópia de um
documento está em conformidade com o original. É importante salientar que o notário não está
adstrito a atestar a veracidade apenas de uma assinatura ou autenticação de uma cópia, mas pode
atestar a veracidade de qualquer fato que se coloque à sua apreciação. Tal atestado de veracidade é
formalizado por meio de um documento chamado ata notarial.
Insere-se, ainda, como serviço notarial o protesto de títulos de crédito (cheques, notas
apresentadas adiante.
1994. Ao titular de um serviço notarial é atribuído o título de tabelião de notas ou, simplesmente,
Com relação ao serviço registral, é formado por uma série de ofícios ou serventias, cabendo a
cada uma delas o registro de determinados atos e fatos da vida em sociedade. Os registros públicos
detêm uma legislação específica, qual seja, a Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e são os
seguintes os serviços concernentes aos registros previstos na referida norma: a. registro civil das
pessoas naturais; b. registro civil das pessoas jurídicas; c. registro de títulos e documentos; e d.
registro de imóveis. Há, também, o serviço de registro de distribuição previsto na Lei n. 8.935/1994.
Conforme vimos, o serviço notarial tem por finalidade principal a formalização e materialização
da vontade das partes envolvidas em um negócio, bem como tem, ainda, a função de atestar fatos,
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
firma ou na autenticação de uma cópia de documento). Por sua vez, o serviço de registro tem como
tarefa primordial controlar atos e fatos considerados relevantes em uma sociedade e, portanto,
Com vistas à garantia dessa perpetuidade e continuidade das informações, cabe ao serviço
registral a manutenção de arquivos completos e fidedignos de todos os atos e fatos registrados ou
averbados, por meio do lançamento das informações, de modo definitivo, em livros especialmente
preparados para esse fim. Por óbvio, em virtude das novas tecnologias decorrentes da informatização,
houve uma modernização na forma e nos métodos registrais, visto que na atualidade há os registros
eletrônicos, os quais estão substituindo os registros manuais em livros, embora não se tenham ainda
Dessa forma, para que haja esse controle eficaz dos atos e fatos relevantes da vida social, a lei
estabelece que determinados acontecimentos da vida sejam levados a registro perante o serviço
registral. Assim ocorre em relação ao nascimento de uma pessoa, à sua morte, ao casamento ou à
aquisição de um imóvel, por exemplo. Nesse sentido, vejamos Loureiro (2016, p. 48):
[…] o registrador é o agente de um órgão ou instituição pensada e criada para tornar cognoscível de
progresso do tráfico jurídico e econômico, tais situações subjetivas devem ser acessíveis ao
conhecimento de todos os cidadãos.
Assim, o serviço registral objetiva propiciar a publicidade e o controle estatal de fatos jurídicos
relevantes, fatos esses que são reconhecidamente importantes para a vida social, dos quais decorrem
consequências jurídicas relevantes. Com efeito, há fatos que, embora digam respeito precipuamente
aos particulares envolvidos, necessitam ser publicizados, pois deles decorrem posições ou situações
jurídicas pessoais que precisam ser de conhecimento público, objetivando com isso a proteção a
possíveis violações a bens jurídicos tutelados pelo direito, como os direitos de personalidade (nome,
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
Cumpre esclarecer que o titular de um serviço registral, que é o registrador, tem designação na
lei de oficial registrador, sendo esta, portanto, a terminologia adequada para designar o detentor da
Logo que a esquadra de Pedro Álvares Cabral aportou, ocorreu o primeiro registro público no
Brasil, visto que daqui o então escrivão da Coroa portuguesa redigiu o relato acerca das novas terras
Conforme relata Aquino, Santos e Oliveira (2014), “Com a descoberta das novas terras e segundo
o Tratado de Tordesilhas, o rei de Portugal, adquiriu o título originário da posse sobre todo o
Território”.
franceses, holandeses e espanhóis, a Coroa portuguesa decidiu assegurar sua posse por meio da
concessão do território a particulares, que haveriam de cuidar e defender suas faixas de terra da
ameaça da invasão.
Assim, tem-se que foram divididas as faixas de terras, iniciando as sesmarias, por meio das
A Coroa portuguesa optou, então, em 1534, por dividir a faixa portuguesa do território americano
demarcado pelo Tratado de Tordesilhas em 15 lotes – capitanias hereditárias –, que foram entregues
a 12 donatários escolhidos entre altos funcionários e membros da pequena nobreza com condição
de bancarem eles mesmos a ocupação da terra (Mesgravis, 2015, p. 19-21, grifo da autora)
A concessão das terras ocorria por meio das cartas de sesmarias, e a partir daí iniciou-se,
propriamente dita, a disseminação dos registros públicos no Brasil, conforme salienta Aquino, Santos
e Oliveira (2014):
Os documentos mais antigos das capitanias datam de 1534. Esses registros de terras apresentam
informações, sobre o local onde as pessoas viviam e, frequentemente, revelam dados pessoais e
familiares, se a propriedade foi herdada, doada ou ocupada, quais os seus limites, se havia
trabalhadores e como era constituída a mão de obra, em que região ficava tal propriedade, entre
outras informações.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
A partir de então, surge no país o sistema de registros públicos e notariais, o qual passa a ser
exercido pela igreja católica, considerando que, à época, era a religião oficial do Império, havendo
uma estreita e intensa cumplicidade na relação Estado-igreja, podendo esta ser até mesmo
Todas as posses e sesmarias formadas foram legitimadas em registros públicos realizados nas
paróquias locais. A Igreja nesse período da Colônia encontrava-se unida oficialmente ao Estado.
Dessa forma, eram os vigários ou párocos das Igrejas que faziam os registros das terras ou de
Nessa esteira, as paróquias e freguesias, embora instituídas pela Igreja, tornaram-se locais para a
organização das instituições de poder ao longo da Colônia e do Império. Dessa maneira, a freguesia
como circunscrição eclesiástica que forma a paróquia, sede de uma igreja paroquial, auxiliou
também para a administração civil. Ser freguesia, era ganhar status, tornar-se importante no
contexto político, usufruindo, os fregueses e seu vigário, de prerrogativas e atribuições que lhes
certificavam prestígio e determinada margem de autonomia, atributos anteriormente pertencentes
Note-se que esse sistema de registros públicos e atividade notarial manteve-se por muito tempo
no país, decorrente do sistema que já era empregado em Portugal desde idos da Idade Média. Com
efeito, desde o século XIII, é possível a identificação clara de uma atividade notarial em território
português baseada em múltiplas fontes de legitimação da atividade, seja de ordem real (régia) ou de
Para outros historiadores, o sistema notarial de Portugal foi um dos primeiros a surgirem na
Europa medieval, já com indicações de sua existência organizada desde o século XII. Nesse sentido,
“[...] o tabelionado público português, cuja data de origem permanece incerta – situando a
historiografia atual entre as últimas décadas do século XII e as primeiras do século seguinte, – foi o
mais precoce dos restantes reinos peninsulares e de muitos outros reinos europeus” (Gonçalves, 2011,
p. 143).
Observando os documentos históricos, Gomes salienta que a origem propriamente dita dos
serviços notariais esteve ligada sim à Igreja: “Os primeiros tabeliães parece terem exercido o seu
officium dentro de uma organização curial, a qual lembra, não como cópia exacta [sic] ou muito
perfeita, mas por imitação aproximada, os esquemas orgânicos do notariado italiano nos séculos
pleno-medievos” (Gomes, 2000, p. 256).
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
Mas é no ano de 1305, mais precisamente no dia 15 de janeiro, que há o surgimento expresso de
uma regulamentação régia para a atividade notarial e de registros públicos, consistente no regimento
dos tabeliães de 1305. Nesse sentido, conforme Gonçalves (2011, p. 145): “O Regimento de 1305 é, de
fato, a compilação, como parece disso tratar-se, legislativa portuguesa mais antiga que se conhece
relativamente ao tabelionado”.
No Brasil, a primeira legislação que pode ser considerada um marco para a atividade notarial e de
registros públicos foi a Lei n. 601, de 18 de setembro de 1850, e o seu regulamento por meio do
Decreto n. 1.318, de 30 de janeiro de 1854, em que D. Pedro I trata pela primeira vez de regular o
registro imobiliário no Brasil. Por meio dessa legislação, “a Igreja Católica passou a obrigar a
legitimação da aquisição pela posse, através do registro próprio, passando a diferenciar as terras
No referido Decreto n. 1.318/1854, houve a expressa regulamentação da forma dos registros dos
imóveis. Vejamos:
Art. 91. Todos os possuidores de terras, qualquer que seja o titulo de sua propriedade, ou possessão,
são obrigados a fazer registrar as terras, que possuirem, dentro dos prazos marcados pelo presente
Regulamento, os quaes se começarão a contar, na Côrte, e Provincia do Rio de Janeiro, da data
fixada pelo Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios do Imperio, e nas Provincias, da fixada pelo
respectivo Presidente.
[…]
Art. 97. Os Vigarios de cada huma das Freguezias do Imperio são os encarregados de receber as
declarações para o registro das terras, e os incumbidos de proceder á esse registro dentro de suas
Freguezias, fazendo-o por si, ou por escreventes, que poderão nomear, e ter sob sua
responsabilidade.
[…]
Art. 103. Os Vigarios terão livros de registro por elles abertos, numerados, rubricados e encerrados.
Nesses livros lançarão por si, ou por seus escreventes, textualmente, as declarações, que lhes forem
de letras, que contiver hum exemplar, a razão de dois reaes por letra, e do que receberem farão
notar em ambos os exemplares (Brasil, 1854)
Por meio da Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916, instituiu-se o Código Civil dos Estados Unidos
do Brasil, o qual tratou, ainda que não detalhadamente, dos registros públicos, sendo que mais tarde
houve a reorganização dos registros públicos por meio do Decreto do Poder Legislativo n. 4.827, de 7
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
de fevereiro de 1924, o qual foi substituído pela Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, em vigor
Em muitos países, o serviço notarial e de registros públicos não encontra uma regulação tão
rígida e detalhada como verificamos no Brasil, a qual busca uniformização em todo o vastíssimo
Nos Estados Unidos, por exemplo, bem como em grande número dos países de tradição anglo-
saxônica, não se exige, por exemplo, que sejam prestados concursos públicos e que haja a titularidade
de serventias com exclusividade, sendo que, em muitos casos, sequer se exige que haja formação
jurídica do notário ou registrador, ficando a cargo de particulares com autorização do governo essas
Em muitas localidades nos Estados Unidos, os registros públicos são realizados pela
administração das divisões administrativas chamadas counties, que tratam de promover os registros e
emitir as certidões de nascimento e óbito (birth & death certificates) ou casamento (marriage
certificates), por exemplo.
No Estado da Flórida, há uma prova para ingressar no serviço notarial a ser elaborada pelo
Secretário de Estado, sem nenhuma limitação territorial para que o profissional atue. Ao que parece,
há uma aproximação maior do sistema adotado naquele estado norte-americano com o sistema
conhecido por nós no Brasil, tanto que para ser notário lá também se exige que o candidato conclua
um curso específico em notariado, tenha idade a partir de 18 anos e bons antecedentes, podendo a
função ser ocupada por residentes legais, independentemente da nacionalidade.
O Sistema de Notariado Americano, baseado no Sistema Anglo-saxão, é composto por dois atores
sociais chamadas de Civil Law Notaries ou Latin Notaries e o Notary Public . São figuras com
atribuições diversas que não se confundem nem interferem uma na outra, podendo o trabalho de
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
Esta função, que lembra o tabelliones romano, típico dos países de Civil Law é exercida por
exercendo na sua função de rascunhar, redigir e arquivar a versão final de instrumentos jurídicos
para as entidades privadas ou pessoas físicas, prestando-lhe, também, o aconselhamento jurídico.
É um funcionário nomeado pelo governo estadual, com investidura por tempo determinado
(geralmente de quatro a sete anos) cuja função é servir ao público em geral como uma testemunha
imparcial dos documentos importantes que são assinados em sua presença. Seus poderes e
qualificações são diversos do Civil Law Notary e mais limitados. Eles não necessitam ter formação
jurídica, não podem preparar os documentos e instrumentos nem auxiliar com conselhos legais as
partes. A fé pública de seus atos se restringe a autenticação da assinatura e da data. (Stancati, 2016,
p. 104)
É interessante notar que nos Estados Unidos há um esforço para a busca da unidade e da
uniformidade dos serviços notariais. Lá, existe a American Society of Notaries, uma associação privada
que promove cursos e treinamentos para a classe notarial em todo o território nacional. Acesse a
página da referida entidade na aba How to become a notary[1], na qual há uma explicação detalhada
Os notários correspondem a uma categoria de profissionais liberais que atuam sob a delegação do
Poder Público. No ano de 2004, houve a privatização da atividade notarial, a qual passou a ser
desenvolvida em caráter privado. Os notários possuem um órgão de classe, a Ordem dos Notários,
cuja criação veio com a privatização da atividade. Assim, na atualidade, o referido órgão de classe
atua como agente de fiscalização do exercício profissional e representa os notários portugueses. Para
ser notário em Portugal, é preciso ser formado em direito; frequentar um estágio notarial com
duração de 18 meses, no qual o candidato atua junto a um notário; e ser aprovado em concurso
público. Interessante para conhecimento o acesso à página da Ordem dos Notários em Portugal,
Já com relação aos registros públicos, a atividade é desenvolvida nos chamados Conservatórios, e
há uma entidade da Administração Indireta que é responsável pelos registros públicos em Portugal, o
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
Instituto dos Registos [sic] e do Notariado, cuja sigla é IRN,IP, que significa Instituto dos Registos e do
Notariado, Instituto Público. Sua por atribuição, nos termos da lei portuguesa, é:
[…] executar e acompanhar as políticas relativas aos serviços de registo, tendo em vista assegurar a
prestação de serviços aos cidadãos e às empresas no âmbito da identificação civil e do registo civil,
de nacionalidade, predial, comercial, de bens móveis e de pessoas coletivas, bem como assegurar a
Assim, o IRN, IP tem a função de execução das atividades de registros públicos, por meio das
conservatórias com funcionários públicos, além de regular e fiscalizar a atividade notarial, que, como
visto, foi privatizada naquele país no ano de 2004. Sobre o referido instituto, indicamos a consulta de
sua página na internet, disponível em: <https://www.irn.mj.pt/sections/inicio/>.
legislação de regência um tanto quanto anacrônica ao determinar que a escrituração seja toda feita
por meio de papéis e livros. A legislação atual já permite que seja adotada na serventia uma
escrituração por meio do chamado registro eletrônico, abolindo a utilização dos papéis e livros na sua
atividade registral. Contudo, o que se tem hoje é que esta opção ainda não pode ser exercida na sua
autorizam que se adote uma escrituração totalmente digital, pelo chamado registro eletrônico.
Contudo, a tendência é a transformação da atividade em 100% digital.
É importante tecermos aqui algumas considerações sobre conceitos básicos, mas necessários à
correta referência aos serviços prestados pelas serventias, no que se refere ao tipo de escrituração
adotada. Conforme lembra Debs (2018, p. 43), a escrituração adotada poderá ser o “registro
eletrônico”, a “escrituração eletrônica” e a “escrituração mecânica”.
O registro eletrônico é a escrituração 100% digital, ou seja, sem a impressão dos atos em fichas
ou em livros físicos. Por sua vez, a escrituração eletrônica utiliza-se de ferramentas da tecnologia,
contudo os atos são impressos em fichas que, posteriormente, são encadernadas em livros físicos. Já a
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
escrituração mecânica é aquela em que não se utilizam ferramentas informatizadas. Conforme nos
lembra Debs (2018), a mera utilização de editor de texto não descaracteriza a modalidade de
escrituração como mecânica.
Assim, na escrituração sob a modalidade de registro eletrônico, há abolição completa do uso dos
recursos físicos do livro e do papel, sendo que os atos registrais e notariais passam a ser praticados
medida em que, nos termos do art. 37 da Lei n. 11.977, de 7 de julho de 2009, foi determinada a
instituição de um sistema de registro eletrônico. A referida lei incluiu o parágrafo único ao art. 17 da
Lei de Registros Públicos para o fim específico de permitir o registro eletrônico quando da emissão e
envio de certidões que tramitarão por meio da internet, devendo o documento receber uma
Por sua vez, a Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015, que instituiu o Novo Código de Processo
Civil, prevê expressamente em seu art. 193, parágrafo único, que os atos notariais e de registro
podem ser totalmente digitais, abrangendo, portanto, sua produção, comunicação, armazenamento e
validação.
Por fim, a Lei n. 13.465, de 11 de julho de 2017 (conversão da Medida Provisória n. 759/2016),
trouxe a instituição da figura do Operador Nacional do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis
(ONR). A respeito da regulamentação do registro eletrônico, o CNJ já emitiu diversos regulamentos de
Resolução n. 228 de 22 de junho de 2016 (alterada pela Resolução n. 247/2018 e pela Resolução
n. 302/2019) e provimento n. 62, de 14 de novembro de 2017, que tratam dos procedimentos
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
Por sua vez, as Corregedorias do Foro Extrajudicial dos respectivos Tribunais de Justiça
Estado do Paraná, o qual regulamenta no âmbito do Estado do Paraná a sua Central Eletrônica de
Registro Imobiliário, bem como o Sistema de Registro Eletrônico de Títulos e Documentos e Civil de
Pessoas Jurídicas. A respeito, destacamos a anotação da regra inserta no art. 24 do referido código de
normas, o qual estabelece que os arquivos das serventias “poderão ser mantidos digitalizados e
gravados eletronicamente” (Paraná, 2013).
Contudo, a regulamentação proposta pelos Tribunais de Justiça dos estados e pelo CNJ contraria
o espírito da lei, pois, como visto, a própria legislação autoriza a utilização do registro eletrônico, de
modo a se abandonar em definitivo a impressão de papéis e seu arquivo em livros físicos. No entanto,
conforme verificamos dos regulamentos expedidos pelo CNJ, ainda que a serventia adote o registro
eletrônico, devem ser impressos e arquivados em livros, conforme, por exemplo, vemos nos arts. 6º
eletrônica, então não pode ser falado, ainda, que já há efetivado no país o sistema de registro
eletrônico.
p://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2142105>.
NA PRÁTICA
Conforme visto, a atualidade exige que a atividade notarial e registral seja desenvolvida cada vez
mais com uso das ferramentas da tecnologia da informação, com integração dos serviços por meio de
Certo tempo atrás, para obtenção de certidões, que são os documentos essenciais emitidos pelos
notários e registradores acerca dos atos praticados e registrados em suas serventias, o interessado
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
deveria se dirigir ao balcão da unidade onde se achasse o registro. Tal situação gerava um grave
problema, pois nem sempre era possível saber onde determinado fato ou ato da vida civil foi
praticado ou registrado. Imaginemos como saber o local de nascimento de uma pessoa apenas tendo
Na atualidade, a realidade é outra. No caso dos registros civis, por exemplo, foi instituída a
Central de Informações de Registro Civil das Pessoas Naturais – CRC, um sistema que interligou todas
as serventias registrais no país, bem como os consulados, que, no estrangeiro, praticam atos de
registro civil. Hoje, portanto, para obtenção de uma certidão acerca de um nascimento ou casamento,
por exemplo, é possível que a solicitação ocorra perante qualquer serventia no território nacional ou
perante os consulados no exterior, e a certidão extraída o será por meio eletrônico com o mesmo
FINALIZANDO
Nesta aula, pudemos compreender a diferença entre os serviços notarial e registral. Fizemos uma
ligada à igreja católica. Também estudamos um pouco sobre o direito comparado norte-americano e
português e os principais aspectos das atividades notarial e registral naqueles países. Por fim, restou
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
______. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
______. Decreto n. 1.318, de 30 de janeiro de 1854. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Rio
_____. Lei n. 13.465, de 11 de julho de 2017. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
13 jul. 2017.
_____. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
_____. Lei n. 11.977, de 7 de julho de 2009. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 8
jul. 2009.
2018.
Provimento n. 249, de 15 de outubro de 2013. Diário da Justiça Eletrônico, Curitiba, PR, 15 out.
2013. Disponível em: <https://www.tjpr.jus.br/codigo-de-normas-foro-extrajudicial>. Acesso em: 17
abr. 2020.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15
06/02/24, 20:19 UNINTER
atividades/decreto-lei-n-148-2012/downloadFile/file/DL_148-2012_12-07.pdf?
Revista Juris Poiesis. Rio de Janeiro, v. 19, n.19, p. 97-113, jan./mai. 2016. Disponível em:
<http://periodicos.estacio.br/index.php/jurispoiesis/article/viewFile/1967/1034>. Acesso em: 17 abr.
2020.
abr. 2020.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/15