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REGISTRO DE

IMÓVEIS E
GESTÃO
PATRIMONIAL

Anna Carolina Gomes dos Reis


Delegação de serviços
de registro
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Classificar a natureza jurídica dos serviços de registro.


 Estabelecer a competência territorial das serventias registrais.
 Explicar a forma de acesso à atividade registral.

Introdução
Entender os fundamentos jurídicos da delegação de serviço extrajudicial
permite compreender a dinâmica que envolve os atos praticados no
âmbito das serventias registrais brasileiras, conhecidas também como
cartórios. O principal instrumento normativo a ser trabalhado é a Lei nº.
8.935, de 18 de novembro de 1994, norma que regulamenta os serviços
notariais e de registros.
Neste capítulo, você vai ler sobre os aspectos jurídicos da delegação
dos serviços registrais, entre eles a sua natureza jurídica e os princípios
vinculados a esse instituto, especialmente o princípio da territorialidade,
que auxilia a definição da competência das serventias registrais e as
limitações impostas pelo legislador no exercício da delegação. Você vai
ler também sobre o funcionamento dos cartórios e algumas vedações
impostas pela lei. Por fim, você verá como ocorre a entrada na atividade
registral, quais são os requisitos de ingresso na carreira, a forma de remu-
neração, as incompatibilidades, os impedimentos e alguns dos principais
direitos e deveres dos oficiais registradores.
2 Delegação de serviços de registro

1 Princípios e natureza jurídica dos serviços


registrais
Os serviços registrais fazem parte do rol de serviços notariais e registrais,
definidos no art. 1º da Lei nº. 8.935/1994, como aqueles de “[...] organização
técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos” (BRASIL, 1994, documento on-line).
Sobre a natureza jurídica dos serviços registrais e notariais, o Supremo Tri-
bunal Federal (STF) decidiu conforme ementa em sede da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) nº. 1.378-MC:

A atividade notarial e registral, ainda que executada no âmbito de serventias


extrajudiciais não oficializadas, constitui, em decorrência de sua própria
natureza, função revestida de estatalidade, sujeitando-se, por isso mesmo,
a um regime estrito de direito público. A possibilidade constitucional de a
execução dos serviços notariais e de registro ser efetivada “em caráter pri-
vado, por delegação do poder público” (CF, art. 236), não descaracteriza a
natureza essencialmente estatal dessas atividades de índole administrativa.
As serventias extrajudiciais, instituídas pelo poder público para o desempenho
de funções técnico-administrativas destinadas “a garantir a publicidade, a
autenticidade, a segurança e a eficácia dos atos jurídicos” (Lei nº. 8.935/1994,
art. 1º), [...]. [ADI 1.378 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 30/11/1995, P, DJ de
30/5/1997] (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, [20--?], documento on-line)

Nesse sentido, nos termos do art. 236 da Constituição Federal, que deter-
mina: “Art. 236 Os serviços notariais e registrais são exercidos em caráter
privado, por delegação do Poder Público” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Assim, a titularidade da atividade registral e notarial é do Estado (Poder
Público), que não a exerce diretamente, mas por meio de delegação ao par-
ticular (privado). Em outra oportunidade, mais uma vez, o STF reafirmou
interpretação sobre a natureza jurídica dos serviços extrajudiciais, ao julgar
a ADI nº. 1.800.

Atividade notarial. Natureza. Lei 9.534/1997. [...] A atividade desenvolvida


pelos titulares das serventias de notas e registros, embora seja análoga à ati-
vidade empresarial, sujeita-se a um regime de direito público. Não ofende o
princípio da proporcionalidade lei que isenta os “reconhecidamente pobres”
do pagamento dos emolumentos devidos pela expedição de registro civil de
nascimento e de óbito, bem como a primeira certidão respectiva. [ADI 1.800,
rel. p/ o ac. min. Ricardo Lewandowski, j. 11/6/2007, P, DJ de 28/9/2007.]
(SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, [20--?], documento on-line).
Delegação de serviços de registro 3

Por ter caráter privado, as pessoas contratadas para auxiliar registradores na execução
da delegação de serviços registrais serão admitidas com vínculo celetista (Consolidação
das Leis do Trabalho [CLT]) e pelo regime geral da Previdência Social (Instituto Nacional
do Seguro Social [INSS]).

A delegação, em linhas gerais, pode ser definida como uma forma de


transferência temporária da titularidade de serviço público a particulares.
Não tem natureza de contrato administrativo, portanto, não se enquadram
nas modalidades de contrato de concessão e permissão de serviço públicos
(DI PIETRO, 2019). Assim, tanto os registradores quanto os notários exercem
função pública mediante delegação, mas esses oficiais não integram o quadro
de servidores em sentido estrito ou empregados diretos dos Estados em que
exercem a delegação. Nesse sentido, explica Guilherme Loureiro (2018, p. 39):

Os notários e registradores são agentes públicos, mas não são considerados


funcionários públicos em sentido estrito. São particulares em colaboração
com a Administração, pessoas alheias ao aparelho estatal, mas que com-
põe a terceira categoria de agentes públicos, ao lado dos agentes políticos
e dos funcionários públicos. Para fins de Direito Penal, por outro lado,
os tabeliães e registradores são considerados funcionários públicos em
sentido amplo.

Sobre as atribuições e competências específicas dos oficiais de registros,


encontramos tal previsão nos arts. 12 e 13 da Lei nº. 8.935/1994:

Art. 12 Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e civis das


pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas compete
a prática dos atos relacionados na legislação pertinente aos registros públicos,
de que são incumbidos, independentemente de prévia distribuição […]
Art. 13 Aos oficiais de registro de distribuição compete privativamente:
I — quando previamente exigida, proceder à distribuição equitativa pelos
serviços da mesma natureza, registrando os atos praticados; em caso contrá-
rio, registrar as comunicações recebidas dos órgãos e serviços competentes;
II — efetuar as averbações e os cancelamentos de sua competência;
III — expedir certidões de atos e documentos que constem de seus registros
e papéis (BRASIL, 1994, documento on-line).
4 Delegação de serviços de registro

Os serviços de registros são norteados por vários princípios, como a publi-


cidade, um dos princípios basilares do serviço registrais, pois ele é fundamento
na imposição de que os registros públicos devem gozar de notoriedade e amplo
conhecimento para a sociedade, independentemente da cientificação direta. O
princípio da fé pública garante que os atos jurídicos registrados e averbados,
até que se prove o contrário, gozem de presunção de veracidade, validade e
eficácia. O princípio da instância significa dizer que o registro de imóvel
deve ser buscado por quem tem interesse.
Não pode o registrador, de modo geral, interferir na vontade privada.
O princípio da prioridade permite que aquele que primeiro requerer o
registro de um imóvel terá preferência sobre os demais que vierem requerer
depois. O princípio da qualificação conceitua-se como a necessidade
de que os interessados, na efetuação de um registro ou averbação, tenha
plena capacidade, legitimidade e cumpra todas os requisitos legais para
prática do ato.
Por fim, temos o princípio da territorialidade, mas, dada sua relevância,
reservamos o próximo tópico exclusivamente para o estudo desse tema, acom-
panhado de importantes apontamentos sobre o funcionamento das serventias
registrais.

2 Princípio da territorialidade e funcionamento


das serventias registrais
O princípio da territorialidade impõe a limitação territorial do exercício das
atividades do registrador e define a competência das serventias extrajudi-
ciais, o que implica dizer que os registradores só podem praticar os atos para
qual foi delegado, relativo aos bens localizados/pessoas domiciliadas na sua
circunscrição. Vamos recorrer às palavras de Márcio Serra (2016, p. 54) para
definir o que é circunscrição:

Poderia ser definida como determinada base territorial ligada diretamente


a uma serventia de Registro de Imóveis, dentro do qual os atos atribuídos
por lei como competência do Registro de imóvel devem ser praticados
por Registrador de imóveis que recebeu a delegação para prática de atos
naquele território.

O princípio da territorialidade impõe que a serventia registral pertence a


uma circunscrição cartorária, conforme a localização territorial. Trata-se de
Delegação de serviços de registro 5

um princípio de caráter absoluto, uma vez que não é permitida a alteração


territorial por mera vontade das partes, ou seja, apenas a lei pode alterar os
limites territoriais de uma serventia registral.

A definição da circunscrição geográfica abrangida pela serventia é feita por lei de


iniciativa do Poder Judiciário.

É consenso que o princípio da territorialidade só é aplicável aos regis-


tradores, isso porque a parte final do art. 12 da Lei nº. 8.935/1994 estabelece
que como “[...] sujeitos os oficiais de registro de imóveis e civis das pessoas
naturais às normas que definirem as circunscrições geográficas” (BRASIL,
1994, documento on-line).

O notário não está vinculado ao princípio da territorialidade, posto que não existe
limitação geográfica para sua função; ou seja, pode realizar atos em que as partes ou
os bens estejam domiciliados ou situados em comarca diferente daquela em que o
notário exerce sua delegação. O fato de o notário poder realizar tais atos não significa
que ele possa promover atos de ofício fora de sua comarca de atuação. Ele apenas pode
realizar atos para interessados que se dirigem até a sua serventia para assim realizá-los.
Assim, uma pessoa pode autenticar um documento em Porto Alegre, mesmo tendo
domicílio em Belo Horizonte, mas um tabelião que exerce a atividade notarial em
Porto Alegre não pode sair desta cidade para ir a Belo Horizonte fazer tal autenticação.

As serventias, popularmente conhecidas como cartórios, são os locais


onde os registradores ou notários exercerão as atividades delegadas. Devem
ser criadas apenas por força de lei e antes da realização de concurso para
provimento de oficiais registradores e notários. Qualquer forma de alteração
ou desmembramento de serventias também deverá ser precedida de lei.
Como regra, em uma serventia, não se acumulam serviços de registros.
A exceção será para municípios muito pequenos, portanto, com baixíssimas
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demandas. Nesse caso, será permitida a cumulação de serviços de registro de


imóveis, por exemplo, com registros de pessoas naturais. Adiante, segundo
o art. 43 da Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994, documento on-line): “Art.
43 Cada serviço notarial ou de registros funcionará em um só local, vedada
instituição de sucursal”.
Analisando esse dispositivo legal, Márcio Guerra Serra (2016, p. 40) afirma
que:

[...] este dispositivo está em total consonância com a unidade das serventias e
a pessoalidade da delegação, do qual decorre necessidade de supervisão direta
das atividades delegadas pelo Oficial. A expressão em um só local não deve
ser ampliada para um só município, comarca ou circunscrição. A legislação
é clara que a serventia deve possuir uma única sede.

As serventias, segundo o art. 4º da Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994,


documento on-line, acréscimo nosso), funcionarão “[...] em dias e horários
estabelecidos pelo juízo competente, atendidas as peculiaridades locais, em
local de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento
de livros e documentos [e] [...] o atendimento ao público será, no mínimo, de
seis horas diárias”.

Serão considerados nulos os atos praticados fora do horário de funcionamento do


ofício de registros ou tabelionatos. Quem der causa à nulidade poderá responder civil
e criminalmente. A nulidade só será afastada se a realização do ato fora do expediente
for decorrente de força maior.

3 Ingresso nos serviços registrais e exercício da


atividade registral e notarial
Conforme o art. 3º da Lei nº. 8.935/1994: “Art. 3º Notário, ou tabelião, e oficial
de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública,
a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro (BRASIL,
1994, documento on-line)”.
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Para ingressar na atividade notarial ou registral, segundo a Resolução nº.


81, de 9 de junho de 2009 (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2009),
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o candidato necessita possuir os
seguintes requisitos:

 ser brasileiro nato ou naturalizado;


 ser maior de 18 anos plenamente capaz;
 ser bacharel em Direito com diploma registrado ou ter exercido, por 10
anos, completados antes da publicação do primeiro edital, função em
serviços notariais ou de registros;
 ter conduta condigna com o exercício da profissão;
 estar quite com as obrigações eleitorais e militares.

Nos termos da Súmula nº. 266 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (SUPE-
RIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2011), a apresentação do diploma de bacharel
em Direito ou a comprovação dos anos de atividade profissional, para exercício
do cargo, deverá ser exigida na posse e não no ato da inscrição no concurso.
Segundo o art. 2º, § 1º, da Resolução nº. 81/2009 do CNJ, o concurso para
provimento de serventias extrajudiciais deve ter duração máxima de 12 meses,
exceto se ocorrerem eventos extraordinários durante a realização do certame.
Ademais, o concurso pode ser realizado tanto para ingresso quanto para
remoção de registradores ou tabeliães, e sua execução é feita pelo Judiciário
(CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2009).
Após tomar posse como registrador ou notário, este só perderá o cargo por:

 sentença judicial transitada em julgado;


 decisão decorrente de processo administrativo;
 morte ou invalidez;
 renúncia;
 aposentadoria.

Durante o exercício da delegação, os notários e registradores deverão


efetuar a gestão administrativa e financeira das serventias, abrangendo todas
as despesas decorrentes do estabelecimento e a contratação de substitutos e
prepostos. Além disso, responderão administrativa, civil ou criminalmente
por todos os atos praticados na atividade profissional.
A Lei nº. 8.935/1994 elenca, nos arts. 29 e 30, alguns dos direitos e deveres
dos registradores e também notários (Quadro 1).
8 Delegação de serviços de registro

Quadro 1. Direitos e deveres dos registradores e notários

 Exercer opção nos casos de desmembramento ou


Direitos desdobramento de sua serventia.
 Organizar associações ou sindicatos de classe e deles participar.

 Manter em ordem os livros, papéis e documentos de sua


serventia, guardando-os em locais seguros.
 Atender as partes com eficiência, urbanidade e presteza.
 Atender prioritariamente às requisições de papéis, documentos,
informações ou providências que lhes forem solicitadas pelas
autoridades judiciárias ou administrativas para a defesa das
pessoas jurídicas de direito público em juízo.
 Manter em arquivo as leis, regulamentos, resoluções,
provimentos, regimentos, ordens de serviço e quaisquer outros
atos que digam respeito à sua atividade.
 Proceder de forma a dignificar a função exercida, tanto nas
atividades profissionais como na vida privada.
 Guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de natureza
reservada de que tenham conhecimento em razão do exercício
de sua profissão.
Deveres  Afixar em local visível, de fácil leitura e acesso ao público, as
tabelas de emolumentos em vigor.
 Observar os emolumentos fixados para a prática dos atos do
seu ofício.
 Dar recibo dos emolumentos percebidos.
 Observar os prazos legais fixados para a prática dos atos do seu
ofício.
 Fiscalizar o recolhimento dos impostos incidentes sobre os atos
que devem praticar.
 Facilitar, por todos os meios, o acesso à documentação existente
às pessoas legalmente habilitadas.
 Encaminhar ao juízo competente as dúvidas levantadas pelos
interessados, obedecida a sistemática processual fixada pela
legislação respectiva.
 Observar as normas técnicas estabelecidas pelo juízo
competente.

Fonte: Adaptado de Brasil (1994).

É impedimento dos oficiais registradores e notário a realização de atos


jurídicos de interesse de cônjuges, companheiros, ascendentes, descendentes e
parentes colaterais de até terceiro grau, no âmbito das serventias que exercem
as atividades notariais e registrais. Nesse caso, deve ser nomeado substituto
para realização de tais atos (art. 27 da Lei nº. 8.935/1994).
Delegação de serviços de registro 9

Os notários e registradores são independentes na atuação de suas atividades


profissionais, conforme dispõe o art. 28 da Lei nº. 8.935/1994: “Os notários e
oficiais de registro gozam de independência no exercício de suas atribuições,
têm direito à percepção dos emolumentos integrais pelos atos praticados na
serventia e só perderão a delegação nas hipóteses previstas em le” (BRASIL,
1994, documento on-line).
Dessa forma, esses profissionais têm o compromisso de cumprir seus
deveres e atribuições, a legislação e as determinações do Poder Judiciário.
Assim, não estão submetidos a interesses administrativos, econômicos ou
políticos.

Os registradores e notários não são subordinados do Poder Judiciário. O Judiciário


tem apenas a função de fiscalizar e regulamentar as atividades cartoriais no Brasil e
não pode interferir diretamente nas atividades próprias dos oficiais.

O Estado não remunera os oficiais registradores e notários (um dos motivos para
não serem considerados servidores públicos em sentido estrito). Sua remuneração
advém do pagamento de emolumentos pagos diretamente pelos interessados. Os
emolumentos têm natureza tributária e são classificados como taxas.
Os valores dos emolumentos são fixados em lei estadual e devem ser
rigorosamente cumpridos pelos oficiais. Ressaltamos que, quando uma pes-
soa paga um emolumento ao oficial, estão incluídas todas as despesas para
realização do ato jurídico requerido, assim, não pode o oficial cobrar valores
extras para prestar consultorias especiais, assessoramento ou mesmo adiantar
a feitura do ato.

Os oficiais de registros e notariais, como regra, não podem cobrar valores aquém ou
além daqueles estipulados na tabela de emolumentos. Contudo, caso haja necessidade
de custear despesas extraordinárias, como, por exemplo, despesas de locomoção,
então poderão ser cobrados valores extras, além daqueles previstos pela lei.
10 Delegação de serviços de registro

Em face da natureza tributária dos emolumentos, estes só podem ser criados


ou aumentados mediante edição de lei, cumprindo as exigências dos princípios
da anterioridade e da noventena, exceto para fins de atualização monetária,
do qual não se exige lei para tanto (LOUREIRO, p. 35, 2018).
A tabela de emolumentos deve ser colocada à disposição de qualquer
pessoa para consulta, e o oficial de registro tem o dever de fornecer os recibos
contendo indicação dos valores e, ainda, fazer constar esses valores no bojo
dos documentos entregues ao requerente/interessado.
Os oficiais das serventias registrais e notariais, a partir da posse de seus
respectivos cargos, não poderão exercer a advocacia, em qualquer local que
seja, nem poderão exercer cargo, emprego ou função pública, ainda que em
comissão.
Contudo, apesar de não existir autorização legal, as Corregedorias Gerais
de Justiça têm autorizado aos oficiais de cartórios o exercício do magistério,
desde que os horários sejam compatíveis.
No julgamento da ADI nº. 1.531-1, o STF aplicou a interpretação conforme
a Constituição Federal ao art. 25, § 2º, da Lei nº. 8.935/1994, permitindo que
os oficiais exerçam mandato eletivo, desde que se afastem das atividades
cartorárias. No caso especial de cumprimento de mandato de vereador, o
oficial eleito poderá prosseguir atuando na serventia desde que seja em
horário compatível com o exercício da vereança (SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, 2019).

Atualmente, existe o Projeto de Lei nº. 7.161/2017, que pretende alterar a Lei nº.
8.935/1994, autorizando expressamente a cumulação do cargo de professor aos
notários e registradores (até março de 2020, esse projeto ainda não tinha sido
aprovado). Digite “Projeto de Lei nº. 7.161/2017” no seu mecanismo de busca para
acompanhar seu andamento.
Delegação de serviços de registro 11

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de lei de nº. 7161 de 2017. Altera a Lei Federal
nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, autorizando expressamente a cumulação do
cargo de professor aos notários e registradores. 2017. Disponível em: https://www.
camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1535900&filename
=PL+7161/2017. Acesso em: 3 abr. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, 5 abr. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 3 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da Constitui-
ção Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios). Diário
Oficial da União, 21 nov. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L8935.htm. Acesso em: 3 abr. 2020.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução de nº. 81, de 09 de junho de 2009. Dispõe
sobre os concursos públicos de provas e títulos, para a outorga das Delegações de
Notas e de Registro, e minuta de edital. 2009. Disponível em https://atos.cnj.jus.br/files/
resolucao_81_09062009_05042019155052.pdf. Acesso em: 3 abr. 2020.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 10. ed. Salvador: Juspodvim, 2018
SERRA. M. S. Registro de imóveis I: parte geral. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Súmula nº. 266. O diploma ou habilitação legal para
o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso
público. 2011. Disponível em: http://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/
stj-revista-sumulas-2011_20_capSumula266.pdf. Acesso em: 3 abr. 2020.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Súmulas anotadas. [20--?]. Disponível em: https://
scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp. Acesso em: 3 abr. 2020.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A constituição e o supremo. [20--?]. Disponível em: http://
www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=2079. Acesso em: 3 abr. 2020.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Ação direta de inconstitucionalidade 1.531 Distrito
Federal. Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Artigo 25, § 2º, da Lei 8.935, de
18.11.1994. 2019. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.
asp?id=15342701309&ext=.pdf. Acesso em: 3 abr. 2020.
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