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IMÓVEIS E
GESTÃO
PATRIMONIAL
Introdução
Entender os fundamentos jurídicos da delegação de serviço extrajudicial
permite compreender a dinâmica que envolve os atos praticados no
âmbito das serventias registrais brasileiras, conhecidas também como
cartórios. O principal instrumento normativo a ser trabalhado é a Lei nº.
8.935, de 18 de novembro de 1994, norma que regulamenta os serviços
notariais e de registros.
Neste capítulo, você vai ler sobre os aspectos jurídicos da delegação
dos serviços registrais, entre eles a sua natureza jurídica e os princípios
vinculados a esse instituto, especialmente o princípio da territorialidade,
que auxilia a definição da competência das serventias registrais e as
limitações impostas pelo legislador no exercício da delegação. Você vai
ler também sobre o funcionamento dos cartórios e algumas vedações
impostas pela lei. Por fim, você verá como ocorre a entrada na atividade
registral, quais são os requisitos de ingresso na carreira, a forma de remu-
neração, as incompatibilidades, os impedimentos e alguns dos principais
direitos e deveres dos oficiais registradores.
2 Delegação de serviços de registro
Nesse sentido, nos termos do art. 236 da Constituição Federal, que deter-
mina: “Art. 236 Os serviços notariais e registrais são exercidos em caráter
privado, por delegação do Poder Público” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Assim, a titularidade da atividade registral e notarial é do Estado (Poder
Público), que não a exerce diretamente, mas por meio de delegação ao par-
ticular (privado). Em outra oportunidade, mais uma vez, o STF reafirmou
interpretação sobre a natureza jurídica dos serviços extrajudiciais, ao julgar
a ADI nº. 1.800.
Por ter caráter privado, as pessoas contratadas para auxiliar registradores na execução
da delegação de serviços registrais serão admitidas com vínculo celetista (Consolidação
das Leis do Trabalho [CLT]) e pelo regime geral da Previdência Social (Instituto Nacional
do Seguro Social [INSS]).
O notário não está vinculado ao princípio da territorialidade, posto que não existe
limitação geográfica para sua função; ou seja, pode realizar atos em que as partes ou
os bens estejam domiciliados ou situados em comarca diferente daquela em que o
notário exerce sua delegação. O fato de o notário poder realizar tais atos não significa
que ele possa promover atos de ofício fora de sua comarca de atuação. Ele apenas pode
realizar atos para interessados que se dirigem até a sua serventia para assim realizá-los.
Assim, uma pessoa pode autenticar um documento em Porto Alegre, mesmo tendo
domicílio em Belo Horizonte, mas um tabelião que exerce a atividade notarial em
Porto Alegre não pode sair desta cidade para ir a Belo Horizonte fazer tal autenticação.
[...] este dispositivo está em total consonância com a unidade das serventias e
a pessoalidade da delegação, do qual decorre necessidade de supervisão direta
das atividades delegadas pelo Oficial. A expressão em um só local não deve
ser ampliada para um só município, comarca ou circunscrição. A legislação
é clara que a serventia deve possuir uma única sede.
Nos termos da Súmula nº. 266 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (SUPE-
RIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2011), a apresentação do diploma de bacharel
em Direito ou a comprovação dos anos de atividade profissional, para exercício
do cargo, deverá ser exigida na posse e não no ato da inscrição no concurso.
Segundo o art. 2º, § 1º, da Resolução nº. 81/2009 do CNJ, o concurso para
provimento de serventias extrajudiciais deve ter duração máxima de 12 meses,
exceto se ocorrerem eventos extraordinários durante a realização do certame.
Ademais, o concurso pode ser realizado tanto para ingresso quanto para
remoção de registradores ou tabeliães, e sua execução é feita pelo Judiciário
(CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2009).
Após tomar posse como registrador ou notário, este só perderá o cargo por:
O Estado não remunera os oficiais registradores e notários (um dos motivos para
não serem considerados servidores públicos em sentido estrito). Sua remuneração
advém do pagamento de emolumentos pagos diretamente pelos interessados. Os
emolumentos têm natureza tributária e são classificados como taxas.
Os valores dos emolumentos são fixados em lei estadual e devem ser
rigorosamente cumpridos pelos oficiais. Ressaltamos que, quando uma pes-
soa paga um emolumento ao oficial, estão incluídas todas as despesas para
realização do ato jurídico requerido, assim, não pode o oficial cobrar valores
extras para prestar consultorias especiais, assessoramento ou mesmo adiantar
a feitura do ato.
Os oficiais de registros e notariais, como regra, não podem cobrar valores aquém ou
além daqueles estipulados na tabela de emolumentos. Contudo, caso haja necessidade
de custear despesas extraordinárias, como, por exemplo, despesas de locomoção,
então poderão ser cobrados valores extras, além daqueles previstos pela lei.
10 Delegação de serviços de registro
Atualmente, existe o Projeto de Lei nº. 7.161/2017, que pretende alterar a Lei nº.
8.935/1994, autorizando expressamente a cumulação do cargo de professor aos
notários e registradores (até março de 2020, esse projeto ainda não tinha sido
aprovado). Digite “Projeto de Lei nº. 7.161/2017” no seu mecanismo de busca para
acompanhar seu andamento.
Delegação de serviços de registro 11
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de lei de nº. 7161 de 2017. Altera a Lei Federal
nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, autorizando expressamente a cumulação do
cargo de professor aos notários e registradores. 2017. Disponível em: https://www.
camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1535900&filename
=PL+7161/2017. Acesso em: 3 abr. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, 5 abr. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 3 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da Constitui-
ção Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios). Diário
Oficial da União, 21 nov. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L8935.htm. Acesso em: 3 abr. 2020.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução de nº. 81, de 09 de junho de 2009. Dispõe
sobre os concursos públicos de provas e títulos, para a outorga das Delegações de
Notas e de Registro, e minuta de edital. 2009. Disponível em https://atos.cnj.jus.br/files/
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DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 10. ed. Salvador: Juspodvim, 2018
SERRA. M. S. Registro de imóveis I: parte geral. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Súmula nº. 266. O diploma ou habilitação legal para
o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso
público. 2011. Disponível em: http://www.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/
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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Ação direta de inconstitucionalidade 1.531 Distrito
Federal. Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Artigo 25, § 2º, da Lei 8.935, de
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asp?id=15342701309&ext=.pdf. Acesso em: 3 abr. 2020.
12 Delegação de serviços de registro
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