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INTRODUÇÃO
Não só bastassem essas dúvidas que pairam sobre os sujeitos da relação de trabalho,
também são muito comuns os advogados não conseguirem orientar de forma sólida
os seus clientes - seja empregado, seja empregador - sobre eventuais controvérsias
que advenham da relação de trabalho no âmbito notarial e registral, uma vez que a
jurisprudência ainda se revela extremamente dividida e a doutrina apresenta
orientações antagônicas sobre as controvérsias mais comuns, além de haver pouca
elaboração teórica sobre o tema.
O assunto em questão foi escolhido pela sua relevância como um dos principais
atributos da administração, para o bom funcionamento dos estabelecimentos, e em
razão das grandes cizânias doutrinárias e jurisprudenciais acerca da matéria, as
quais conduzem os profissionais do Direito e os sujeitos da relação de trabalho a
desordens práticas e, por conseguinte, a uma insegurança jurídica, uma vez que não
há entendimento uníssono sobre as questões que envolvem tais atividades e
tampouco amparo legal, o que gera dúvidas a todos os envolvidos em tais serviços
sobre como proceder nesta relação de trabalho.
Enfim, esse é o desafio e, desde já, é lançado a todos, não somente aos notários e
registradores, mas também aos que militam nas lides forenses da área árdua do
trabalho, sobretudo, à sociedade. Por isso mesmo é que se pretende utilizar
linguagem acessível a qualquer segmento social, renunciando, por ora, o formalismo
técnico-jurídico.
1 SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS
As serventias notariais e de registro não são Pessoa Jurídica – não são Empresas. A
afirmação torna-se inequívoca pela análise da relação jurídica existente entre o
titular da Serventia e o Estado ou mesmo porque a organização é regulada por lei e
os serviços prestados ficam sujeitos ao controle e fiscalização do Poder Judiciário. O
cartório não possui personalidade jurídica, a qual só se adquire com o registro dos
atos constitutivos na Junta Comercial ou no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
No entanto, é importante frisar que grande parte, quiçá a maioria, dessas ações são
propostas com irregularidades processuais que podem auxiliar a um deslinde
favorável do processo para o titular da serventia. Ocorre que nessas ações, os
requerentes, por desconhecerem a natureza jurídica dos cartórios,
equivocadamente, teimam em nominar como parte no pólo passivo da demanda os
nomes “fictícios” das serventias. Destarte, cumpre frisar que tanto o “cartório”
quanto a função de “titular de cartório”, carecem de ilegitimidade passiva “ad
processum”, não detendo capacidade de ser parte em juízo.
1.3 Ingresso
Está a Lei 8.935/94 em conformidade com o art. 2º da CLT, a qual define que
empregador é aquele que assume os riscos do negócio, admite, assalaria e dirige a
prestação dos serviços – embora exista, no âmbito das atividades notarial e registral,
submissão às normas da Corregedoria que tem o único papel de fiscalizar. Isto não
descaracteriza a figura do empregador, pessoa física, tampouco, a relação de
trabalho existente nas referidas atividades, cabendo, assim, ao tabelião titular
assinar a CTPS, assalariar, etc.
3 SUCESSÃO TRABALHISTA
No mesmo sentido, entende Valentin Carrion que, como a CLT define expressamente
que empregador é a empresa, ou seja, é a atividade economicamente organizada e,
por ser tal diploma legal totalmente aplicável aos empregados dos titulares de
cartórios extrajudiciais, haverá sucessão das obrigações trabalhistas quando ocorrer
a mudança de titularidade, uma vez que a atividade empresarial se manteve,
havendo apenas uma alteração da pessoa física.
Ver-se que é a pessoa física do titular que responde pelos ilícitos que praticar
durante o exercício da função pública delegada. A responsabilidade é pessoal, não
alcançando o oficial delegado que não ostentava esta qualidade à época em que
ocorreu o ato danoso. É importante frisar que não se pode responsabilizar o titular-
sucessor que não participara do ilícito, e, muito menos, responsabilizar a figura do
“cartório” como se fosse uma empresa, dotada de personalidade jurídica. Certo é
que o titular investido, originariamente, na função pública, não pode ser
responsabilizado pelos atos praticados anteriormente à sua delegação.
5 OBRIGAÇÕES
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado em 1967 pelo Governo
Federal para proteger o trabalhador demitido sem justa causa, mediante a abertura
de uma conta vinclulada ao contrato de trabalho. No início de cada mês, os
empregadores depositam, em contas abertas na CAIXA em nome dos seus
empregados, o valor correspondente a 8% do salário de cada funcionário.
O imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) é a forma de o Governo Federal receber dos
contribuintes sua contribuição pelo trabalho e rendimento. Cabe salientar que os
haveres auferidos pelo titular da serventia, a título de emolumentos, são
contabilizados como receita da pessoa física do titular, recolhendo este o IRPF.
O imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, com exceção dos impostos
compreendidos em Circulação de Mercadorias (ICMS), conf art. 155, II da CF/88
(ISSQN ou ISS), é um imposto brasileiro. É um imposto municipal, ou seja, somente
os municípios têm competência para instituí-lo (Art.156, III, da Constituição
Federal). A Lei Complementar nº 116 trouxe anexa uma nova lista, procurando
deslindar algumas dúvidas acerca da base de incidência deste imposto. A lista anexa
aponta como tributáveis, em seu item 21 e subitem 21.1., os serviços de registros
públicos, cartorários e notariais.
CONCLUSÃO
As mudanças sociais e econômicas no tempo não têm feito senão reafirmar a razão
de ser do notariado e dos registros públicos, mas ainda hoje, em que a idéia de troca
parece ser característica determinante de toda sociedade, estão eles intimamente
ligados ao progresso e à intercomunicação dos homens, continuando a oferecer
perspectivas de atuações eficientes, contribuindo decisivamente ao equilíbrio, à
solidariedade e à paz social. É uma realidade histórica, concreta, conseqüência de
um consenso social, tanto no tempo como no espaço, porque no fundo as figuras dos
notários e dos registradores são uniformes, não obstante a variedade dos distintos
ordenamentos.
REFERÊNCIAS
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